7 Segredos para Uma Vida Feliz 130709210710 Phpapp02

ROSANA BRAGA
10 passos
para um
AMOR DE VERDADE
Copyright© 2014 Rosana Braga
Todos os direitos reservados à Rosana Braga.

É proibida a duplicação ou a reprodução deste volume ou parte dele,
sob qualquer meio, sem autorização expressa da autora.
Capa Revisão Processo Editorial

Silvia Pereira Sidarta Preis Silvia Pereira
Braga, Rosana
10 passos para um amor de verdade – Florianópolis, 2014.
1. Amor 2. Relacionamento 3. Casamento 4. Homem-Mulher 5. Relações Interpessoais.
6. Psicologia I. Título
2014
Impresso no Brasil
Rosana Braga
rosanabraga.com.br
facebook.com/rosanabragapalestrante
Youtube – Rosana Braga
rosana@rosanabraga.com.br
ÍNDICE 5
Introdução
SE VOCÊ VEIO, É PORQUE ESTÁ PRONTO! 06
Passo 1
APAIXONE-SE POR SI MESMO 07
Passo 2
DESCUBRA PARA QUE SERVE SUA ANSIEDADE 15
Passo 3
TOME UMA DECISÃO. FAÇA UMA ESCOLHA! 22
Passo 4
SEJA QUEM VOCÊ É! 27
Passo 5
COLOQUE-SE NO LUGAR DA PESSOA AMADA 34
Passo 6
RECONHEÇA O ESPAÇO DE ‘UM’, DO ‘OUTRO’ E DO ‘NÓS’ 39
Passo 7
MOSTRE O QUE SENTE DO JEITO QUE SENTE 44
Passo 8
TENHAM METAS, PLANOS E SONHOS JUNTOS 49
Passo 9
TRANSFORME AS CRISES EM OPORTUNIDADES 55
Passo 10
NÃO PAREM DE TRANSAR! 60
INTRODUÇÃO 6
SE VOCÊ VEIO, É PORQUE ESTÁ PRONTO!
Se você abriu este livro, é porque está interessado no assunto.

Então, minha sugestão é para que você vá além. Abra não somente
o livro, mas a si mesmo. Abra a mente, o corpo e, principalmente,
o coração. Mas saiba que, embora abrir o coração seja o mais
importante, abrir a mente pode ser o mais difícil.
Em geral, estamos tão atolados por crenças e ideias sobre o
que seja amar, entregar-se e fazer dar certo que resistimos ao
que é diferente. Que temos medo de tentar algo inédito e dar
mais errado do que já tem dado. Ou de parar de dar mais ou
menos certo, como tem sido.
Bobagem! Compreendo o medo e a resistência, mas não vale a
pena ler um livro sem se abrir. Sem se comprometer a, pelo menos,
refletir sobre o que foi lido. Eu desejo não que você acredite em
tudo o que escrevi. Nem que concorde comigo de cabo a rabo.
Somos pessoas singulares e talvez nem todas as minhas sugestões
estejam em sintonia com o que você está buscando.
No entanto, estou certa de que podem ser adaptadas. E de que
você quer viver o melhor e maior amor que conseguir. De que você
quer ser feliz e parar de sofrer pelo que não vale a pena. Então, vá
em frente. Estamos juntos nesta jornada. Passo a passo...
Beijo carinhoso,
www.rosanabraga.com.br
Passo 1 Sim, eu sei, esse papo já
está batido. Todo mundo sabe
APAIXONE-SE que para ser capaz de amar
alguém de forma saudável
POR SI MESMO é preciso, antes, aprender a
amar a si mesmo. Mas por
que será que, para tantas e
tantas pessoas, saber não é
suficiente? Por que será que
saber não tem feito a dinâmica
funcionar?
Talvez a questão seja
anterior à ordem de se amar.
Talvez a grande dúvida seja:
como? Amar o que em mim
mesmo? Como posso gostar
de mim se tantas vezes me
sinto inseguro, com tantos
medos e como se não fosse tão
bom quanto algumas outras
pessoas? Há ainda quem se
perguntaria como amar a si
antes de amar o outro se já
ama o outro perdidamente
e é capaz de fazer qualquer
coisa para ficar com ele?
Penso que o problema é que
muitos de nós usamos dois
pesos e duas medidas. Veja,
é quase matemático. Se você
Rosana Braga
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10 passos para um amor de verdade
ama o outro, e se esse outro tem qualidades encantadoras, mas

também defeitos que são, algumas vezes, até bem irritantes,
por que resiste ao amor próprio justificando-se por não gostar
de algumas características suas?
Ou seja, é importante começar esclarecendo que amar a
si mesmo nada tem a ver com, antes, tornar-se perfeito. O
segredo, portanto, é tornar-se alguém de quem você gosta, a
quem você admira, apesar das limitações e das características
nem tão encantadoras.
O fato é que a convivência consigo mesmo é absolutamente
diferente da convivência que você pode ter com qualquer outra
pessoa no mundo. Por mais que você seja intimo de alguém e
até conheça todos os seus segredos, há instâncias dentro de
uma pessoa que ninguém pode conhecer, senão ela mesma. E
eu arriscaria dizer que, em alguns casos, nem mesmo a própria
pessoa aprende a conhecer todas essas instâncias.
Isso significa que você, e somente você, em todo o universo,
tem acesso aos seus pensamentos, sentimentos, percepções
e emoções. E isso tende a fazer com que você se torne muito
crítico em relação a si mesmo. Com que você julgue e censure
muitos desses pensamentos e sentimentos.
Além disso, é bastante provável que, por não existir um
manual de “Como viver de modo perfeito e fazer tudo dar certo
em sua vida”, você se pegue, em muitas e muitas situações,
amargando uma dúvida terrível sobre estar ou não pensando
de modo correto, sentindo o que deveria sentir e fazendo o
que é melhor para você ou não.
É isso mesmo! A vida não tem bula. Não existem certezas
nem garantias. Não podemos prever o futuro. E se você não
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tem controle nem sobre as consequências de suas escolhas e

ações, considerando que você é a pessoa que mais se conhece
em todo o universo, que dirá então sobre as escolhas e ações
das pessoas com quem se relaciona!
Ou seja, só tem um jeito de viver: arriscando. Isso mesmo! É
preciso tentar, arriscar, ver no que vai dar. Apostar suas fichas
naquilo que você deseja e pagar pra ver. Pode ser que dê certo.
Mas pode ser que não dê! E tudo bem. É assim mesmo. O
risco vale por si só, porque nos coloca num novo patamar de
experiência, aprendizado e segurança neste exercício incrível e
cheio de mistérios que é o de existir e, especialmente, de amar.
Mas tudo isso não precisa ser no breu, na escuridão total.
Temos recursos internos. Temos ferramentas, conhecimento
e até intuição. Somos seres inteligentes e, o melhor de tudo:
desejamos acertar. Então, a melhor maneira de fazer tudo isso
ficar um pouco mais claro e fácil é exatamente esse: usando
os recursos que você tem e desenvolvendo recursos que você
ainda não tem.
Sim, é possível aprender novas ferramentas. É sempre
possível descobrir algo que você ainda não conhecia. E essa
é uma das grandes maravilhas da vida. E é essa decisão que
vai possibilitar você a construir sua autoestima, a desenvolver
amor por si mesmo. É essa decisão de se colocar num lugar
de constante ‘vir a ser’ que vai fazer com que você possa se
admirar, se respeitar, confiar em sua capacidade de crescer e
de ir muito além do que você imaginava.
E assim, com as ferramentas que já tem e disposto a buscar
meios de desenvolver ferramentas que você ainda não tem,
você pode começar a ajustar o desenho de quem você é.
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Transformar sua arte, redesenhar-se como quer ser. E esta é a

pergunta principal: você já é exatamente quem deseja ser? Em
geral, somos e não somos. Explico: a maioria de nós, por mais
que se sinta insegura e com a autoestima abalada vezes ou
outra, consegue enxergar características em si mesmo de que
gosta bastante. E neste sentido, somos quem queremos ser.
Entretanto, também a maioria de nós enxerga, de tempos
em tempos, ou até todos os dias, características em si das quais
não gosta. E aí nasce o desejo de ser diferente. A boa notícia
é que isso pode ser muito bom! Desejar se rever, aprender e
melhorar é uma das características mais importantes de quem
se ama profundamente. E é totalmente possível mudar muitas
das características que não nos agradam. Mas é preciso querer
de verdade. Porque mudar dá trabalho. Porque rever velhos
hábitos e arriscar ser um você revisto gera ansiedade e, muitas
vezes, até angústia.
Vale lembrar ainda que somos seres eternamente insatisfeitos.
Não por manha ou infantilidade. Mas porque é essa insatisfação
que nos impulsiona, que nos dá ânimo e vontade de ir além,
de ser mais. Claro que insatisfação além da conta serve mais
para adoecer e paralisar uma pessoa do que para impulsioná-
la adiante. Assim como insatisfação nenhuma pode servir para
deixá-la tão apática que a vida pode perder o sentido.
O ideal é que a insatisfação seja saudável. Seja aquele desejo
de acordar de manhã e realizar, viver, fazer acontecer. E é neste
ritmo que gostaríamos de propor a sua jornada nesta conquista
de si mesmo. Está pronto? Quer chegar mais perto de quem
você deseja ser? Quer enxergar em si motivos para se apaixonar
perdidamente? Então, mãos à obra!
Rosana Braga
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Pegue uma folha de papel e divida em algumas colunas.

O número de colunas vai depender do número de áreas que
você deseja mudar ou melhorar. Veja! É importante que
você saiba por que quer mudar. A ideia é que você perceba
que está se sentindo inseguro ou tímido ou com medo de se
relacionar por conta dessas determinadas características. E
saiba que, ao longo do processo de conquista de si mesmo,
talvez você descubra que estava enganado. Talvez perceba
que as mudanças não alteraram seu nível de insegurança e
que “o buraco é mais embaixo”.
O fato é que, na maioria das vezes, nossa insegurança e
nossa falta de autoestima tem a ver com um conjunto de
características, de áreas diferentes, que nos faz construir
uma ideia bastante comprometida de nós mesmos. Mas, em
contrapartida, ajustando uma ou outra característica, é bem
comum que as outras passem a funcionar muito melhor, sem
que nada precise ser alterado.
E tem mais uma coisa que preciso lhe contar: quando a
gente decide se olhar e se tornar mais lapidado, descobre que
essa brincadeira não tem fim. É trabalho para a vida toda. A
cada patamar de conhecimento, descobrimos que podemos
mais. Que somos mais. E que apesar de nos sentirmos bem
mais felizes com quem somos, ainda assim vamos cometer
erros. A diferença é que agora temos mais recursos para lidar
com esses enganos.
Posso dar alguns exemplos de áreas, algumas mais
superficiais e fáceis de serem mudadas. Outras mais profundas
e que requerem um trabalho mais elaborado e, em geral
mais demorado também. Vamos chamar esse processo
Rosana Braga
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de PROGRAMA ‘APAIXONE-SE POR SI MESMO’. Então, seja

detalhista. Quanto mais específico você for naquilo que deseja
ser, mais fácil será atingir seus objetivos.
- FÍSICA
ROSTO Cabelo – conseguir determinado corte e
comprimento
Pele do rosto – fazer limpeza de pele ou
tratamento com dermatologista
Sobrancelhas – conseguir um novo formato
Dentes – ir ao dentista, retirar manchas,
usar aparelho
CORPO Peso desejado – 65 kg

Bumbum – aumentar e endurecer
Músculos – fazer academia para definir
Pernas – aumentar
Pés e mãos – cuidar semanalmente
- SAÚDE
Exercícios – yoga, alongamento, dança,
caminhada, andar de bike
Exames de rotina – cuidar do colesterol,
fazer checkup, resolver alguma doença
Rosana Braga
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Alimentação – rever alimentação diária,

escolher novo cardápio, comer uma fruta
por dia
- EMOCIONAL
Ler livros que ensinem sobre relacionamentos
Fazer terapia
Fazer algum tratamento para diminuir a
ansiedade
Meditar
- PROFISSIONAL
Investir em cursos de desenvolvimento
pessoal e profissional
Tornar-se extraordinário para conquistar o
cargo desejado
Mudar de emprego
Abrir um negócio próprio
- FINANCEIRO
Poupar ou investir determinada quantia
por mês
Pagar as dívidas
Organizar as contas para não gastar mais
do que pode
Rosana Braga
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Economizar para comprar um carro

Economizar para comprar uma casa
Determinar meta de vender determinada
quantia por mês
Essa lista é só um exemplo do que você pode determinar para
sua transformação. Melhor ainda se você conseguir focar em duas
ou três áreas no máximo, aquelas que considerar mais críticas no
momento, para não se perder com tantas tarefas e metas.
Alcançar o que você deseja é resultado de pequenas ações,
mas diárias, consistentes. Trata-se de um passo a passo. Um
dia de cada vez. Não caia na armadilha de achar que só porque
você escreveu o que deseja mudar, as mudanças começarão a
acontecer, como se fossem milagres. Não vão! Você vai precisar
agir e se lembrar de que o processo acontece pouco a pouco.
Boa sorte e lembre-se de que todo investimento feito em
si mesmo é, por conseguinte, um investimento na melhoria
de seus relacionamentos e na melhoria do mundo. Por isso,
o Universo certamente conspira a seu favor, apesar das
dificuldades que possam surgir.
Por fim, não espere até se tornar exatamente quem você
sonha ser. Mas ame-se desde agora por estar disposto a se olhar
e a trazer à tona o melhor que existe em você. Saiba que tomar
uma decisão como essa e fazer por onde torná-la real é uma das
maiores razões para você se dar conta de que já se ama muito.
Rosana Braga
Passo 2 Uma das maiores queixas
das pessoas que não conse-
DESCUBRA guem se relacionar ou que
têm muitos problemas em
PARA QUE seus relacionamentos é o
SERVE SUA excesso de ansiedade. É
verdade que passar a maior
ANSIEDADE parte do tempo se sentindo
ansioso é bem ruim. Provoca,
inclusive, muitas reações
físicas desagradáveis, como
dor de estômago, dor de
cabeça, palpitação, mal estar
e angústia.
A ansiedade é um desejo
de acelerar a vida e os acon-
tecimentos. É querer que tu-
do aconteça no momento em
que desejamos e do modo
como desejamos. É um medo
absurdo de que as coisas não
saiam como o esperado. Por
isso, gera uma pressa insana
de fazer acontecer. É não
saber esperar.
Parece óbvio que, então,
para resolver o problema da
ansiedade, a “receita” seria de-
sacelerar e aprender a esperar,
certo? Mais ou menos! Claro
Rosana Braga
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que essas seriam decisões inteligentes e eficientes, porém,

a maioria dos que sofrem terrivelmente com o excesso de
ansiedade já sabe disso. E, mesmo assim, continua se sentindo
excessivamente ansioso.
Sendo assim, a pergunta é: por que? Porque saber não é
suficiente. Porque não nos comportamos como nos comportamos
a partir do que sabemos, a partir do que pensamos. Mas a
partir do que elaboramos enquanto sentimentos, emoções e
percepções. É a sensação que temos de cada conhecimento que
vai nos impulsionar ao modo como reagimos às situações. Por
isso, ser excessivamente ansioso tem a ver com o modo como
lidamos com as situações e não exatamente com o que sabemos.
É um jeito de funcionar. Uma crença de que é assim que
sabemos fazer e, em última instância, a crença de que é assim
que dá certo. Afinal, a sensação que uma pessoa ansiosa
tem é de que, se abandonar esse seu desejo de tentar
controlar as circunstâncias, tudo vai desandar e aí, sim, ela
não vai conseguir o que quer. Como se a vida e as pessoas
funcionassem a partir do que ela faz... ou deixa de fazer. Isso é
uma ilusão. Uma baita de uma ilusão. E o pior: que faz muito
mal a quem acredita nela!
Por isso, se você realmente está pensando em viver um
amor de verdade, é hora de aprender a ajustar o seu nível
de ansiedade a um grau que seja saudável, empolgante e
motivador. A um nível que sirva como um aliado e não como
um inimigo.
Olha só, as técnicas são aparentemente simples, mas não
se deixe enganar. Embora sejam mesmo simples, a maioria
das pessoas têm dificuldade de inseri-las em sua rotina, em
Rosana Braga
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suas ações diárias. E quer saber? Apesar da simplicidade,

elas funcionam!
Você pode se questionar por que as pessoas resistem à
técnicas tão simples, embora realmente eficientes. Ótimo
questionamento! O problema é que temos, especialmente nas
últimas décadas, nos afastado demais da simplicidade, do que
é natural, do que faz parte intrínseca da natureza humana. Isso
se deve aos rápidos e muitos avanços tecnológicos, incluindo
comunicação, medicina e os milhares de aparelhos eletrônicos
a que estamos conectados o tempo todo.
Mas não é só por isso. Faz parte do desenvolvimento
da humanidade a mania de complicar. Você sabia que
nosso cérebro funciona no sentido de buscar e solucionar
problemas? Ou seja, parece que temos certa tendência a
interpretar algumas circunstâncias como problemas a serem
solucionados. Isso é bom, mas também pode ser ruim.
Depende do modo como você lida com problemas e do quanto
você se sente capaz de resolvê-los.
E esta é a grande questão: quanto menos capaz você se
sente ou quanto mais você duvida de sua competência, mais
ansioso se sente. Imagine, por exemplo, se conhece um homem
maravilhoso ou uma mulher incrível, por quem você sinta
bastante interesse, mas duvida de sua capacidade de conquistar
essa pessoa. Obviamente vai ficar ansioso não só até conseguir
conquistar essa pessoa, mas provavelmente depois também.
Sim, porque sua insegurança vai te perseguir dia após dia,
situação a situação, como se estivesse sendo constantemente
ameaçado. E sabe por quem? Por você mesmo! É isso que
quero dizer quando cito que sua ansiedade pode estar sendo
Rosana Braga
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sua inimiga e não sua aliada. Bem, mas vamos às técnicas para
reduzir essa sensação ao nível saudável.
- Inspire e expire a energia vital!

Respirar, para a grande maioria das pessoas, é um
ato automático, inconsciente. Para muitas outras, é
assim durante grande parte do tempo. Somente os que
já atingiram um nível altíssimo de consciência é que
conseguem se manter boa parte do tempo atentos ao seu
movimento de inspirar e expirar.
Sabe por quê? Porque este ato – respirar conscientemente
– é um dos maiores indicadores de sua presença. Quando
você está consciente do movimento de encher seus
pulmões de ar, sentindo seu abdome e seus pulmões se
expandindo da energia vital e, em seguida, consciente do
movimento de esvaziar pulmões e abdome, até senti-lo
contrair-se, você está conectado com o fluxo do Universo.
Você está atento ao que está, de fato, acontecendo em
sua vida.
Não está preso ao passado, às lembranças dolorosas e
de fracasso. Não está na culpa pelo que não aconteceu
como você gostaria. Não está patinando num tempo que
já acabou, que não pode se repetir. E também não está
inventando um tempo que ainda não existiu. Não está se
angustiando com medo do futuro. Não está desperdiçando
este momento com fantasias sobre o que pode ou não
acontecer. Apenas está! Aqui e agora! E neste lugar e neste
tempo não há espaço para a ansiedade. Tente e verá que
tenho razão. Respire...
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- Pule para o banco de trás!

Se nossa vida fosse um automóvel, certamente seríamos o
motorista. Ou, pelo menos, deveríamos ser. Sim, claro, somente
tendo sob controle a direção, a velocidade e a possibilidade de
frear é que podemos trilhar o caminho que desejamos e até
fazer algum retorno, se errarmos a direção. Porém, nenhum de
nós conhece toda a estrada. O que vem pela frente é, muitas
vezes (e para todos), imponderável, imprevisível. Isto é, está
fora do nosso controle, de nossa percepção.
Por isso, nesses momentos, teremos de usar a humildade. É hora
de pular para o banco de trás. De ser passageiro. De deixar a vida nos
conduzir e confiar que há um propósito para o momento de “não
saber o que fazer”. Podemos trocar a palavra “vida” por “Deus” ou
“Universo”. Trata-se de uma força superior, uma sabedoria que nos
escapa. Trata-se de apostar que há uma instância trabalhando para
que chegue o momento de retomar a direção.
Pessoas que nunca relaxam, que nunca se entregam ao
momento e simplesmente confiam, em geral entram em
depressão ou adoecem. O colapso acontece internamente e é
resultado, sem dúvida, de um nível altíssimo de ansiedade por
tempo prolongado. A mente, o corpo e as emoções não dão
conta de elaborar tal ansiedade e causam estragos consideráveis.
Portanto, não se considere um super-herói fracassado. Você
não é e nem precisa ser herói. E também não é fracassado
quando passa por uma crise ou quando abre mão da direção
de sua vida por algum tempo, até que se sinta pronto para
recomeçar, para retomar e para traçar uma nova rota.
Essa capacidade de deixar a vida fluir quando você não
sabe o que fazer é muito simples, mas também muito difícil
Rosana Braga
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para a maioria dos “cabeções” de plantão. Mas experimente

e depois me conte como se sentiu deixando Deus conduzir
sua vida enquanto você descansa e recarrega as baterias no
banco de trás.
- Diminua o fluxo de pensamentos!

Poderia sugerir que você medite. Mas muitas pessoas
ainda acreditam que meditar se trata de uma técnica muito
sofisticada, difícil, que exige muito conhecimento e treino.
Não é bem assim! Claro que existem mestres e pessoas
que meditam com muito conhecimento e a qualidade desta
meditação é bastante grande.
Porém, qualquer ação sua que seja consciente, focada, onde
você coloca toda a sua atenção e intenção, é uma espécie de
meditação. E é bem possível. Basta querer e treinar. Faça isso
enquanto toma banho. Sinta a água cair sobre seu corpo, tocar
sua pele. Preste atenção à temperatura da água, aos aromas do
banho, aos sons e às cores. Esteja inteiramente presente neste
banho, neste momento.
Ou, se preferir, faça isso enquanto pratica qualquer outra
atividade diária. Pode ser enquanto lava louças, enquanto
escova os dentes, enquanto pratica qualquer ação espiritual,
enquanto ouve uma música, toca um instrumento, enquanto
se alimenta... Enfim, meditar é estar conectado inteiramente
com este momento, aqui e agora.
Saiba que, neste ritmo, não sobra espaço para pensamentos
que nos afastam de nossa essência, que nos rouba energia e
nos enche de medos, inseguranças e, sobretudo, ansiedade.
Observe: enquanto você consegue estar presente, você não se
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sentirá ansioso. Claro que, com o tempo e a prática constante,

ficará cada vez mais fácil e eficiente.
Quanto menos ansioso você se sentir, mais espontaneidade
haverá em seus encontros, mais o seu encantamento se
expandirá e mais fluidamente acontecerá o amor.
Rosana Braga
Passo 3 Sim, é verdade que deci-
dimos o tempo todo, até
TOME UMA mesmo quando nem nos damos
conta de que estamos fazendo
DECISÃO. isso. Mas é certo também que
FAÇA UMA quando escolhemos cons-
cientemente, sabendo aonde
ESCOLHA! queremos chegar, muito mais
eficiente serão todas as nossas
ações a partir desta escolha.
Não estou dizendo que a
vida tem de ser uma sequên-
cia de decisões programadas,
muito bem pensadas e cuida-
dosamente analisadas. Se fosse
assim, seríamos praticamente
robôs. Somos gente, e gente age
e escolhe e decide sem pensar,
muitas vezes. Aliás, acontece
até de algumas destas escolhas
feitas “sem pensar” renderem
muito bons resultados.
Então, a questão é manter
um mínimo razoável de pla-
nejamento e consciência, espe-
cialmente quando nos damos
conta de que em alguma área
específica temos cometidos en-
ganos repetidamente. E no amor,
não é raro nos depararmos com
Rosana Braga
23
dificuldades a serem superadas e lições a serem aprendidas, não é?

Este passo foi criado, sobretudo, para lembrar você de que
amar é uma decisão, é uma escolha. Não se trata de mágica ou de
um acaso. Claro que a sensação diante uma história de amor pode
ser a de que o início se deu com boa dose de magia e pode até
parecer um maravilhoso acaso. Certamente há alguma verdade
nisso! Mas o fato é que para que um encontro seja mantido e
sobreviva às diversas fases pelas quais certamente vai passar, será
necessária uma série de ações conscientes e consistentes.
Gosto de pensar em alguns fatos curiosos acerca de um
encontro de amor. Considerando que duas pessoas que nunca
se viram, que cresceram em casas diferentes, tiveram famílias
e histórias diferentes, em algum ponto da vida se encontram
e desejam ardentemente ficarem juntas, só pode mesmo ter
algo de magia aí. O que as sustentam neste desejo? O que as
une? O que provoca em uma e em outra algo tão especial e
diferente do que elas sentem por todas as outras pessoas que
fazem parte da vida delas?
Eu poderia desenvolver este tópico e abordar várias respostas
para estas perguntas. Mas o foco, neste caso, não é este! Quero
mostrar, na verdade, as diferenças mais simples e diretas entre
paixão e amor. Esta é a sequência mais repetida e mais comum
nos encontros: duas pessoas se apaixonam e, com o tempo,
esse sentimento avassalador perde espaço para algo mais real,
menos idealizado.
É isso: a paixão é um sentimento baseado no desenho que
um faz do outro. E esse desenho tem muito de ideal, costuma
revelar muito mais características de quem o desenhou do que
necessariamente de quem foi desenhado. O outro se torna,
Rosana Braga
24
para nós, tudo o que desejamos que ele seja. E é por isso
que, enquanto apaixonadas, muitas pessoas enxergam o que
querem e não o que é de verdade. E de nada adianta tentar
abrir os olhos dessas pessoas, porque elas estão como que
hipnotizadas por seus próprios ideais.
A paixão é um investimento muito alto que fazemos no outro
e termina servindo como uma dose cavalar de disponibilidade
para incluir essa pessoa, para compartilhar nossa vida, nossos
segredos, nossas dores, medos, inseguranças, sonhos, planos,
etc. com alguém que era, até ontem, um desconhecido ou
apenas um amigo. Diria que a paixão é uma semente, uma
intenção, uma quantidade enorme de energia investida no
sentindo de se abrir para que uma nova pessoa faça parte de
nossa história.
Porém, talvez esta seja uma das razões mais fortes para que
muitos, apesar do intenso desejo, não consigam sustentar essa
decisão inicial. Porque o tempo passa e é implacável. Revela, dia
após dia, atitude após atitude, quem é cada um dos envolvidos.
E o desenho ideal começa a amarelar. Em seu lugar, vai surgindo
uma pessoa real, com toda sua lindeza, mas também com
todas as suas limitações. E, sobretudo, vão se tornando cada
vez mais evidentes as diferenças entre essas duas pessoas que
investiram ideais e sonhos uma sobre a outra.
Os que superam essa fase e continuam juntos, presenciam
ganhar vida algo que a maioria dos mortais deseja experimentar
ao menos uma vez na vida: o amor! Pra você entender melhor
a diferença fundamental entre paixão e amor, podemos dizer
que você se apaixona por uma pessoa “por causa de...”, mas
aprende a amá-la “apesar de...”. O intuito aqui é mostrar que
Rosana Braga
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mais do que aprender, você precisa – nesta construção diária –

decidir amar essa pessoa.
Mais ou menos assim: você se apaixona por fulana ou sicrano
por causa de sua simpatia, de sua honestidade, de sua beleza,
de sua determinação, de seu olhar, de seu sorriso... e por aí vai.
Em geral, a gente se identifica com quem está apaixonada. Mais
do que isso, muitos se misturam e se perdem com quem estão
apaixonados. Com os anos e a convivência, se essa relação for
saudável e estiver em processo de amadurecimento, você vai
aprender a amar fulano ou sicrana apesar de ser bagunceiro, de
ser dorminhoco, de ser medroso, de ser indeciso, de ser tímido,
de ser caseiro ou baladeiro... e por aí vai. Em geral, a gente se
diferencia de quem a gente ama e compreende que somos dois
que decidiram compartilhar seus caminhos e ficarem juntos.
Dá pra perceber como é importante que esta vida em comum
seja uma decisão? Sim, porque vão surgir desafios, provavelmente
desavenças. Alguns dias serão de irritação e intolerância. E as
crises podem levar mais tempo para serem solucionadas do que
você esperava ou imaginava. Mas, ainda assim, o amor está aí,
sustentando esse encontro e essa decisão. Porque raramente
os problemas são consequências de “com quem você está”. Na
maioria das vezes, são consequências do fato de “você estar com
alguém”. Isto é, relacionar-se é se deparar com o que há demais
belo e também mais feio no outro e, principalmente, em si mesmo.
Sentimentos como ciúme, medo, insegurança, intolerância,
mau humor, egoísmo, indisponibilidade e imaturidade vêm à
tona quando temos de ceder, conversar, falar do que a gente
pensa e quer e quando a gente descobre que o outro não tem
o poder de adivinhar o que é certo para nós e fazer exatamente
o que esperávamos que ele fizesse.
Rosana Braga
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E, neste momento, será hora de se olhar e se questionar:

até onde eu consigo ir? Qual é o meu limite? Estou disposto a
ir além, a quebrar paradigmas e rever minhas crenças? O que
realmente é importante para mim? Consigo ser um pouco mais
paciente? Consigo ser um pouco menos exigente e crítico?
Quero mesmo superar essa dificuldade ou estou apenas
querendo brigar e culpar o outro? Quanto estou disposto a
praticar o amor que sinto?
Quando a gente decide estar com alguém, e renova essa
escolha de tempos em tempos, sem acreditar – ingenuamente
– que o jogo está ganho, a disponibilidade passa a ser outra.
Quando a gente se dá conta de que amor não é algo pronto
e sim em constante construção, considerando ainda que há
terremotos e acidentes, a gente descobre que é preciso, muitas
vezes, recomeçar. E recomeçar dá trabalho. Muitas vezes,
cansa. Dá vontade de desistir. Os pensamentos insistem em
nos atormentar e tentar nos convencer de que o melhor é ir
embora, trocar de par, mudar de história.
Em alguns casos, pode até ser. Mas em muitos, na maioria,
é possível apostar mais uma vez. O melhor mesmo, entretanto,
é se manter atento desde o início e não esperar a relação
adoecer para somente então decidir cuidar dela. Porque daí
se torna muito mais difícil. Então, o quanto antes, faça a sua
escolha. Decida-se! E lembre-se de que quanto mais vezes você
refizer essa escolha e, de novo, decidir estar com essa pessoa
de verdade, mais entrega haverá, mais amor renovado e cheio
de energia brotará e mais dias estarão acrescentando ao tempo
que há para se viver esse amor!
Rosana Braga
Passo 4 Por incrível que pareça,
podemos passar uma vida
SEJA QUEM inteira sem nos autorizar a
ser quem de fato somos. Não
VOCÊ É! porque não queremos. Mas
simplesmente porque não
sabemos quem somos. Ainda
nem nos tornamos nós mesmos.
Ficamos presos às ideias que
nos contaram sobre quem
somos ou, pior, sobre quem
devemos ser. E, assim, cheios de
regras e conceitos limitadores,
vamos nos engessando ou nos
expandindo em formas que
não são as nossas. Que não
refletem nossas escolhas, já
que nem conhecemos nossa
história e nem nos damos a
chance de fazer essas escolhas.
Talvez, muitos nem saibam que
podem escolher.
Imagino que, para alguns,
essa falação sobre ser quem se
é pode até parecer maluquice.
Podem pensar “claro que eu
sou eu”. De certa forma, sim,
você é quem você é. Simples
assim, porque é assim que
tem sido desde sempre e, de
Rosana Braga
28
algum jeito, isso funciona. Porém, a questão é: por que tantas

vezes parece tão difícil, tão complicado, tão pesado levar
essa vida adiante? Por que as relações, quanto mais íntimas
e profundas, mais confusas e paradoxais se mostram?
Você já deve ter se feito algumas dessas perguntas! Já
deve ter se questionado sobre por que desejamos tanto
encontrar alguém e ser feliz, e amar, e partilhar, e construir
e... muitas vezes tudo o que conseguirmos é dor, brigas,
mentiras e destruição. Penso que tem muito a ver com isso:
não saber sobre si. E nesta medida, menos ainda saber quem
é este ser que está ao nosso lado, com tantas intenções que
começam como maravilhosas e, em alguns casos, terminam
como tristeza e arrependimentos.
Considerando a história da humanidade e as culturas
que nos regem, penso ser praticamente impossível crescer
sem regras e crenças adquiridas. Portanto, a questão não
é se rebelar contra quem nos transmitiu essa ou aquela
crença e regra. A questão é: você cresceu, tornou-se adulto,
amadureceu e ganhou condições e recursos para conhecer
essas regras e crenças e decidir se você quer mantê-las como
parte de quem você é ou se você quer ser e fazer diferente.
Certamente, algumas são maravilhosas e foram, inclusive,
fundamentais para que você desenvolvesse características
das quais você gosta muito em si mesmo. Outras, embora
talvez não goste tanto, também foram muito importantes
em algum momento de sua história. Mas somente quando
você encara essas regras e crenças e torna-se disposto a
responsabilizar-se por elas, é que você pode decidir se quer
continuar com elas ou se já pode descartá-las.
Rosana Braga
29
Posso te garantir que a teoria é bem mais simples do que

a prática. Mas também posso te garantir que existem muitas
pessoas, caminhos, técnicas e recursos que servem para ajudar
você a praticar o autoconhecimento. E, sobretudo, posso
garantir que esse é um processo que vale muito a pena. Que não
tem fim, posto que somos seres em constante transformação
e, mais do que isso, que nossa história é densa, profunda e
cheia de enigmas a serem desvendados.
Quanto mais nos descobrimos, mais portas surgem, mais
janelas se abrem e mais compreendemos que entre nossa
ousadia e nossas defesas, construímos um mundo repleto de
encantos e emoções. Algumas não tão boas de se lembrar, mas
que igualmente contribuíram para que conseguíssemos dar
conta de tudo o que aconteceu, acontece e irá acontecer.
Quando venho aqui propor que você, no exercício do amor,
seja quem você é, estou sugerindo que você se busque, que
esteja disposto a se conhecer. E que, acima de tudo, aprenda
que tem esse direito, que tem esse lugar garantido. Você não
veio aqui sem pedir. Essa história de dizer aos nossos pais
que não pedimos para nascer é uma grande falta de noção da
grande conexão. Pedimos, sim! E pedimos para vir exatamente
para onde estamos, nesta família, com esse pai e com essa
mãe. E agora, resta-nos compreender qual é o nosso papel
neste contexto e quanto conseguimos ser, a cada situação,
autênticos e íntegros.
Fácil? Certamente, não. Mas possível e válido! Como?
Começando... dando o primeiro passo. E depois mais um e
mais um. Nada vai acontecer da noite para o dia, especialmente
se você não se engajar nesse processo. Mas uma vez iniciada
a jornada até o âmago de si mesmo, vai se deparar com um
Rosana Braga
30
sem fim de perguntas para as quais vai desejar – de forma até

desesperada – encontrar as respostas.
Não se engane! Por mais que existam pessoas e livros e técnicas
que possam ajudá-lo, as respostas são singulares, únicas e estão
dentro de você. O que existe fora são luzes, guias, mapas, sinais...
mas nunca as respostas prontas. Elas são consequências de uma
busca interna que, transformada em percepções, apontam para
o grande encontro. Para cada uma de suas infinitas respostas.
Não definitiva. Não estanque. Não válida para sempre. Mas
a sua resposta para agora, para este momento, para o nível de
compreensão que você atingiu até esse ponto do processo.
E digo mais: encontrar as respostas pode não ser muito fácil. Mas
fazer-se as perguntas certas talvez seja o maior desafio. Pessoas
que passam seus dias repetindo perguntas do tipo “por que
comigo?”, “o que eu fiz para merecer essa vida?” ou “quando será
que isso tudo vai acabar?” provavelmente estão se emaranhando
ainda mais em seus nós do que chegando mais perto do fio da
meada. Essas perguntas não ajudam em nada! Apenas colocam
você em um de dois extremos: ou no lugar de “menos que os
outros”, feito vítima, como se tudo de errado acontecesse com
você sem que nada você tenha a ver com isso... ou no lugar de
“mais que os outros”, já que com eles poderia acontecer situações
desagradáveis, mas não com você.
Penso que a melhor pergunta, ou ao menos a que abre as portas
para entrar em sua casa, em seu interior, é a seguinte: para que?
Para que está acontecendo isso com você agora? Para que serve
essa dor, essa perda, essa tristeza, essa situação, esse problema,
esse momento? Saindo do lugar de injustiçada, de vítima da
vida ou de quem quer que seja, você retoma seu tamanho. Veja
Rosana Braga
31
bem! Qualquer que seja a situação pela qual você venha a passar
durante toda a sua vida, e por mais que seja essa a impressão que
ela te dê, ela jamais é maior do que você! Jamais! Então, que ela te
sirva de mestre, de lição, de aprendizado e crescimento.
E que você possa, a cada passo dado para dentro, autorizar-
se a ser. Ser como você é. Nada de nota 10 em tudo. Nada de
perfeição. Nada de acertar sempre. Você tem o direito de ser
humano. De estar nesta dimensão, vivendo essa experiência,
que é de evolução. E isso significa que o amor admite falhas.
Que o amor, enquanto sentimento, é perfeito e soberano,
sim. Mas enquanto prática, pede exercício rumo a excelência.
Só aprendemos a amar, amando, vivendo e se dispondo a
recomeçar e a tentar mais uma vez.
Sobretudo, lembre-se de que não existem regras para amar e
ser amado. Às vezes, a gente desperdiça muito tempo acreditando
que precisa ser “assim” ou “assado” para somente então estar
digno de ser amado. Bobagem! Atraímos semelhantes, pessoas
que estejam numa sintonia muito parecida com a nossa. E é por
isso que cada encontro é tão importante. Porque nos mostra
onde estamos, quem somos, o que estamos buscando... e o que
estamos encontrando.
Se existissem regras para amar e ser amado, então só quem se
encaixasse num determinado perfil viveria um encontro de amor.
E isso não é verdade! Não é assim que acontece. Você mesmo já
deve ter visto casais que, aparentemente, não se encaixariam nas
regras que, equivocadamente, você adotou como imprescindíveis
para que o amor aconteça. Mas a vida nos mostra o quanto
podemos nos enganar e estar limitados por paradigmas, crenças
que são verdadeiras armadilhas.
Rosana Braga
32
O que é fato é que quanto mais engessado você viver, quanto

mais inseguro e tentando se encaixar em formas que não são as
suas, quanto mais “fake” você for, menos chances terá de atrair
e ser atraído pela pessoa que tem a ver com quem você é de
verdade. E de engano em engano, terminará acreditando que não
tem sorte no amor. Não é isso! Desapegue-se de ideias pequenas
como essas. Permita-se ser e verá o quanto a vida começa a
acontecer num outro ritmo, mais leve, mais fluido e mais coerente
com quem você é agora, neste momento de sua história.
Sim, porque além de tudo isso, você não é o mesmo desde
sempre. Você muda. Você se transforma. E isso é ótimo porque
permite olhar o mundo por novos ângulos, enxergar o que até
então você não havia conseguido, perceber o que parecia não
existir. E sendo assim, mais do que ser quem você é, permita-se
ser quem você ‘está’. Esteja você agora, como sente que é. Mais
do que seus pensamentos, você é o que você sente. Mas não um
sentimento impulsivo, infantil, cheio de exigências e manhas.
Estou falando de seu sentimento mais profundo. Do que
vem de sua essência, de seu silêncio. Do que está por baixo
de sua aparência, daquilo que você quer mostrar, da imagem
que você pensa que precisa sustentar. Estou falando não
daquela voz que te acusa, que te atormenta e te amedronta.
Nem daquela voz que infla seu ego de orgulho e soberba,
tentando te fazer acreditar que é melhor que o outro. Não!
Estou falando daquela voz que te acolhe, que te acaricia, te
perdoa e perdoa o mundo, e sussurra em seu coração qual o
caminho a ser seguido, qual a escolha a ser feita.
Acontece que, tantas vezes, você está barulhento demais,
ansioso demais buscando por todos os lados esse caminho. E
simplesmente não o enxerga, pois seus olhos, seus sentidos,
Rosana Braga
33
sua mente e seu coração estão entorpecidos por uma poluição

externa que não te deixa se conectar com quem você é. Ou
melhor, com quem você está. Experimente. Faça isso neste
momento. Feche os olhos, respire bem fundo e devagar.
Observe. Aquiete-se. Imagine-se pequenino, dentro de você,
sentado sobre seu coração, como quem observa de dentro
para fora. Como quem se vê pela primeira vez...
Rosana Braga
Passo 5 Você já deve ter ouvido ou lido
ou até estudado sobre empatia.
COLOQUE-SE Uma palavra refinada para dizer
NO LUGAR exatamente isso: colocar-se no

lugar do outro! Muitas vezes,
DA PESSOA num relacionamento, o maior
AMADA problema é a comunicação.

Um fala e o outro não escuta.
Se escuta, escuta como quer,
o quanto quer. E os casais não
fazem isso por mal. Trata-se
do desgaste que a convivência
pode causar quando os dois
não permanecem atentos e
cuidadores da relação.
E a comunicação – um dos
elos mais fortes entre duas pes-
soas – quando está distorci-
da, muito provavelmente
vai distorcer também os
sentimentos. A paciência fica
seriamente comprometida. A
disponibilidade diminui con-
sideravelmente. E a vontade
de resolver os desafios do dia
a dia é substituída por uma
sensação de intolerância, de
que não adianta falar, pois
nada muda.
Rosana Braga
35
Não deixe esse veneno contaminar seu relacionamento.

Se for preciso, faça isso literalmente: coloque-se no lugar de
quem você ama. Troque de lugar com ela. A posição geográfica,
muitas vezes, nos faz ter novas percepções! Sendo assim,
quando uma diferença estiver atravancando a harmonia
entre vocês, pare um instante, respire fundo e tome a decisão
de tentar compreender exatamente o que essa pessoa, bem
diante de você, está querendo dizer de verdade. O que ela
está sentindo? O que está pensando? O que a faz sentir e
pensar desta maneira? Tente assimilar a história dela. Tente
ser, por breves instantes, quem ela é. Somente assim você
poderá chegar perto do que ela sente, do que ela pensa, do
que ela acredita.
Para isso, faça perguntas e ouça, com o coração aberto, todas
as respostas. A pessoa que você ama e com quem você convive,
independentemente de há quanto tempo, pode ser nova para
você quando você se abre para vê-la de um nova maneira. E
mais do que vê-la, para ouvi-la com novos ouvidos. Sem tentar
encaixá-la em respostas que você já conhece. Ou que supõe
que conhece. Dê uma chance não a ela, mas a você mesmo de
se surpreender. Ainda que ela diga exatamente o que tem dito
há anos e anos, talvez você nunca tenha se disponibilizado a
ouvir como se fosse ela.
A ideia, aqui, não é que você perca sua identidade ou seja
alguém que você não é. A ideia não é que você se misture
tão completamente com o outro que já não se saiba mais.
Pelo contrário. O objetivo é que você se saiba tão bem que,
com consciência e respeito por quem você é e consciência e
respeito por que o outro é, disponha-se a estar, por alguns
instantes, como esse ser que você ama está. Só para sentir o
Rosana Braga
36
que ele sente. Só para compreender o que é que esta pessoa

está realmente querendo te dizer.
Dale Carnegie, autor de um dos livros mais vendidos de toda
a história – ‘Como fazer amigos e influenciar pessoas’ – atenta
exatamente para este ponto: cuidar do óbvio, do que é dito e como
é dito na convivência diária. Sim, porque muitas vezes o problema
nem está no que é dito, no conteúdo da conversa, mas na forma, no
tom de voz, na intenção. E, sem perceber, a maioria de nós enviesa
a forma e o tom a partir de um desejo de estar com a razão. Afinal,
somos movidos, a maior parte do tempo, por um ego. E costumamos
dar bem mais importância a ele do que deveríamos.
O fato é que não foram poucas as vezes em que presenciei
conversas entre casais onde tudo o que bastaria para um ‘final
feliz’ seria um outro modo de se dizerem o que havia para ser
dito. Sabemos que diferentes sentimentos e percepções podem
aflorar em cada um de nós dependendo da forma como cada
verdade nos é dita e, claro, com que maturidade cada um se
dispõe a interpretá-las!
Quanto ao conteúdo das conversas, penso que você pode,
antes, ponderar sobre duas questões. A primeira é o quanto
está, em cada fase do seu amadurecimento, preparado para
falar e ouvir – e isso significa que algumas vezes será melhor
esperar até que esteja preparado para abordar assuntos com os
quais ainda não saberia lidar. E a segunda é que seria inteligente
aprender a usar o conteúdo de suas conversas para crescer e se
tornar mais confiável ao outro e não para arquitetar acusações
deliberadas e inúteis.
Portanto, em vez de distorcer as palavras ou economizar
os sentimentos, o que serviria apenas para aumentar a
Rosana Braga
37
inconsistência da sua relação e colaborar para aprofundar os

buracos internos de ambos, creio que esta possa ser a hora
de aprender a usufruir melhor da comunicação. Note: quando
duas pessoas que se gostam estão em sintonia, interessadas
em realmente se entender, geralmente falam baixinho, muito
proximamente uma da outra; porque, afinal, o objetivo é ficar
bem. Entretanto, quando não estão em sintonia, ainda que se
gostem, alteram o tom, aumentam o volume e perdem a noção
do que estão dizendo. E pior do que isso: o que uma diz é, muito
recorrentemente, interpretado equivocadamente pela outra.
Suponho que mais produtivo do que se esconder atrás de
omissões ou vender uma imagem que não corresponde com a
sua essência, seria apostar mais no acolhimento das diferenças,
na percepção dos limites e na coerência entre o que você diz, o
que sente e o que faz - tanto em relação a si mesmo quanto em
relação ao outro e à própria relação.
Pode apostar: quando você fala com o intuito de resolver e
crescer, termina descobrindo que palavras são apenas palavras,
muitas vezes traiçoeiras ou limitadas, mas que as entrelinhas
estão sempre carregadas de desejos, sentimentos, intenções
e verdades que só podem ser ouvidos com o coração. Esta é a
ideia: uma troca íntima entre dois corações, para que todo o
resto possa fazer sentido e valer a pena!
E não há, de fato, melhor maneira obter os resultados que
você realmente deseja no seu relacionamento – prazer, paz,
alegria e realização – do que praticando simples atitudes que
facilitam demais a superação dos desafios inevitáveis, que
chegam com a convivência. Colocar-se no lugar do outro é
extremamente eficaz e chega a ser um exercício de compaixão.
Pois é sábio o dito popular que esclarece em forma de
Rosana Braga
38
metáfora: ‘as pessoas contam as pingas que a gente toma, mas

não os tombos que a gente leva’. Ou seja, somente quando
observamos atentamente o que uma pessoa ganha e também
o que ela perde é que podemos começar a compreender sua
dinâmica e a reconhecer que tudo na vida tem seu preço.
Amar e ser amado é um exercício diário e que pede
comprometimento. Mas não precisa tanta seriedade. Amor
combina mais com leveza, flexibilidade e diversão. Tudo
isso sem perder a noção de que o outro é sagrado, tanto
quanto você!
Rosana Braga
Passo 6 Um relacionamento ocupa
espaço, literalmente. Não é o
RECONHEÇA seu espaço. Não é o espaço
da pessoa amada. É o espaço
O ESPAÇO do ‘nós’. Isto é, um lugar onde
DE ‘UM’, DO as decisões são tomadas em
par. Os dois opinam. Os dois
‘OUTRO’ E se colocam e chegam a um
DO ‘NÓS’ consenso. Às vezes, você cede.
Às vezes, o outro cede. Mas
alguém tem de ceder e o ideal
é que cedam alternadamente,
com certo equilíbrio, para que a
relação não fique pesada, tensa
e desgastante.
O grande problema de mui-
tos casais é quando um, outro ou
os dois não reconhecem esse
espaço. E se não reconhecem,
além de não ocupá-lo, não o
respeitam. Nem o enxergam,
obviamente. Note que não
ocupar esse espaço significa
continuar agindo como se fosse
sozinho, como se fosse solteiro.
Não entrar no espaço do ‘nós’ é
acreditar que um relacionamento
é algo a parte de si. Que não
precisa ser incorporado nos há-
bitos e nas escolhas.
Rosana Braga
40
Assim, o casal começa, pouco a pouco, a encarar os aconte-

cimentos da relação como uma disputa. Como se só houvesse
espaço para um ou para o outro. E nas disputas, a regra é que
existe um vencedor e um perdedor. Entretanto, como amor não
combina com disputa, nesta brincadeira os dois vão perder. E não
vai ser bom para ninguém.
O espaço do ‘nós’ não precisa, é verdade, conter tudo o que
é de um e de outro. As pessoas não deixam de ser indivíduos
quando assumem um relacionamento. Podem, ou melhor, até
devem continuar tendo projetos pessoais, momentos que são
só seus, espaços onde o outro não precisa estar presente. Isso
é saudável para que a auteridade seja mantida e para que um
e outro consigam se reconhecer. Reconhecer seus sentimentos,
suas preferências e suas percepções sobre si mesmo e tudo o que
acontece ao seu redor.
Casais que se misturam sem consciência, deixando que o
espaço do ‘nós’ transborde e inunde todos os cantos de suas
individualidades, terminam se perdendo de si mesmos. É bastante
comum acontecer isso no início do relacionamento, quando estão
apaixonados e o desejo de estarem próximos é tão grande que
a vontade é essa mesmo: a de se fundirem um no outro. Mas,
com o tempo, é saudável que se retomem, que recuperem
suas singularidades, que tanto contribuem para enriquecer a
convivência e o próprio amor.
Note que algumas pessoas têm dificuldade de ocupar o seu
próprio espaço desde sempre. E a situação só piora quando iniciam
um relacionamento. São pessoas, em geral inconscientemente,
que fazem de tudo para agradar as pessoas acreditando que isso
é o que vai garantir serem aceitas e amadas. Desconectadas de
si mesmas, não se dão conta de que estão sendo “boazinhas
Rosana Braga
41
demais” porque querem atenção, querem ser queridas. Não se

questionam sobre o que querem, o que gostam e o que pensam.
Apenas dizem ‘sim’ ao outro na esperança de que isso lhes garanta
um lugar especial.
Claro que não há nada de errado em tratar bem as pessoas, mas
quando isso foge de sua essência, de quem você é, do que você
acredita, passa a ser manipulação, mesmo com as melhores das
intenções. E, mais cedo ou mais tarde, vai revelar essa dinâmica.
Sim, porque no momento em que essa pessoa, que faz tudo para
conseguir atenção e carinho dos outros, não conseguir o que
quer, ela vai se rebelar. Vai cobrar e vai dar um jeito de mostrar,
relatando tudo o que fez, que está sendo injustiçada e que o outro
é cruel por não reconhecer seus esforços e sua dedicação.
A médio ou longo prazo, num relacionamento, esse jeito de
funcionar pode terminar sufocando o outro. A pessoa tenta de
tudo para retribuir tamanha bondade, mas não dá conta. Porque
nunca vai ser suficiente. Pessoas boazinhas demais estão com
falta de si mesmas e não percebem. Tentam preencher seu buraco
interno com a atenção do outro, mas não funciona. E o resultado
é que a boazinha está sempre insatisfeita, com a sensação de que
faz, faz, faz, mas não recebe em troca o quanto merecia.
Ao contrário, também quem ocupa demais o lugar do ‘eu’ e
negligencia o lugar do ‘outro’ e do ‘nós’, tende a perder a noção
de seu espaço real e a entender que o mundo todo é seu. Que
pode fazer o que quiser, como quiser, na hora em que quiser, sem
ter de considerar quem está ao seu lado. Sem tem de respeitar
diferenças. Em geral, são pessoas que não aprenderam a esperar,
não aprenderam a ceder e a aceitar o fato de que nem tudo pode
ser controlado ou manipulado.
Rosana Braga
42
Veja que o espaço do ‘nós’ termina sendo uma consequência

do equilíbrio encontrado entre todos os espaços. Uma pessoa
que preserva o seu espaço e respeita o espaço do outro, muito
provavelmente não terá problemas em ocupar o espaço do ‘nós’.
Claro que, diante da imperfeição de todos nós, muito provavelmente
haverá momentos em que será preciso rever esses espaços,
delimitá-los novamente, conversar sobre eventuais mudanças.
Enfim, estamos falando de um encontro entre duas pessoas que
estão em constante transformação. Sendo assim, é natural que os
mapas de cada um mudem, ganhem novos contornos e divisões.
E isso pode ser ótimo à medida que acrescenta novidades ao
‘nós’ e permite que a relação se renove, amadureça, ganhe em
profundidade e trocas.
Por fim, no espaço do ‘nós’, creio ser imprescindível cultivar a
cumplicidade. Um casal cujo alinhamento de sonhos, objetivos
e valores esteja comprometido, dificilmente vai conseguir ser
cúmplice. Não se trata de acobertar o que se considera errado.
Não se trata de aceitar aquilo com o que não se concorda. Trata-
se de estar junto. De se verem e viverem como uma equipe. De
tomarem a decisão de permanecer unidos para o que der e vier.
Porque uma vez tomada essa decisão, haja o que houver e o
compromisso de conversarem, de tentarem se compreender e de
quererem encontrar uma solução que seja razoável para ambos
será mantido.
Penso que a cumplicidade seja uma das alianças mais
importantes numa relação. Casais cúmplices também discordam
entre si e enxergam as limitações de cada um. Mas se blindam
contra qualquer tentativa de invasão na integridade deste
encontro. Um exemplo cômico, mas muito claro deste tipo de
relação é mostrado no programa humorístico Zorra Total, com o
Rosana Braga
43
casal Ofélia e Fernandinho. Ele, no caso, chega a ser até intolerante

com as limitações dela, mas quando alguém de fora ousa ofendê-
la, ele é o primeiro a defender sua amada.
Claro que ali, no programa, a cena se desenrola com certos
extremismos, mas é disso que estou falando. De um poder contar
com o outro sempre, em qualquer circunstância, mesmo quando
houver erros, enganos e discordâncias. Que o espaço do ‘nós’ seja
sagrado e que ao perceberem tentativas de invasão ou ameaças
contra a integridade deste espaço, um e outro se unam e se
defendam, certos de que o exercício de amar não é perfeito, mas
é uma decisão que tem nome e endereço. Que tem identidade.
Que tem seu lugar garantido e defendido pelos dois.
Rosana Braga
Passo 7 Mostrar o que você está
sentindo pode parecer algo
MOSTRE O muito simples. Mas, na prática,
tende a não ser tão simples.
QUE SENTE Porque não basta mostrar. É
DO JEITO preciso saber se o outro está
vendo. Se está entendendo. E,
QUE SENTE além disso, tem muita gente,
muita gente mesmo, que
não mostra tal como sente.
Que usa caminhos indiretos,
meias palavras, joguinhos ou
máscaras. E não faz isso por mal.
Pelo menos não a maioria. Faz
isso porque aprendeu a fazer
assim. Porque não sabe fazer
diferente. E nem se deu conta
de que assim não funciona.
De que precisa aprender um
jeito novo, mais eficiente, de
mostrar o que sente.
Essa é a ideia. Que você
reconheça o modo como mostra
o que sente. O que sente de
verdade, sabe? Não o que acha
correto sentir. Não o que julga
melhor sentir. Mas o que está
sentindo de verdade. Um bom
começo para descobrir como
você mostra seus sentimentos,
Rosana Braga
45
é respondendo a algumas perguntas. Como era mostrado amor

na sua casa, quando você era pequeno? Com que palavras? Com
que gestos? Com que tom de voz? Com que frequência? Com que
intensidade? Com que objetos, com que sabores?
Existem milhares de formas de mostrar amor. Algumas mais
eficientes. Outras completamente desastrosas. Mas, ainda assim,
enquanto uma pessoa não para e olha para o seu jeito de mostrar
amor, para o seu jeito de entender amor e para o seu jeito de
gostar de se sentir amada, muitos enganos podem ser cometidos.
Por exemplo, tem muita gente que mostra amor como se
estivesse jogando. Outro dia, falando sobre essa mania que
algumas pessoas têm de fazer joguinho no amor com uma mulher
que eu havia acabado de conhecer, ri muito quando ela disse: “ai,
é mesmo, detesto gente fazida!”. Eu achei estranho e repeti, só pra
confirmar se era isso mesmo que ela queria dizer: “gente fazida?”.
“É, esse tipo de gente que fica perguntando ‘ai, será que ligo?,
‘será que aceito o convite para sair?’. Acho o seguinte: se quer,
vai lá e liga, vai lá e diz que sim, que quer sair, e pronto. Direto e
simples como tem de ser!”.
Adorei a postura dela. Também concordo plenamente que
‘gente fazida’ é muito cansativa! Joga com o que sente tentando
se fazer de difícil, ou tentando fingir que não tá tão a fim, que nem
liga, que não se importa. Poxa! Pra que isso? Como diz uma outra
amiga muito querida: “ser quer, quer; se não quer, quesse!”. Ou
seja, não quer?, diz logo e sai fora. Não fica enrolando, ocupando
a moita, em cima do muro, esquentando o lugar.
Mas se quer, então assume. Não precisa partir pra cima,
sufocar ou impor sentimentos ao outro, fazendo-o engolir seu
amor de qualquer jeito. Não é isso! Assumir o que sente e mostrar
Rosana Braga
46
sentimentos não tem a ver com tensão e imposição. Tem a ver

com fluidez e transparência. Sem contar, que o nível de ansiedade
costuma diminuir absurdamente quando o que se sente é o que
se mostra e o que se diz.
O problema é que o mundo dos relacionamentos parece,
para algumas pessoas, um verdadeiro cassino. Cheio de técnicas,
estratégias e trapaças. E o pior é que o maior prejudicado é
justamente quem faz isso, porque está perdendo a chance de
saber o que aconteceria se jogasse limpo, se fosse ele mesmo, se
lidasse com a situação a partir do que está sentindo de verdade.
Eu sei, eu sei que quem faz isso, em geral, faz porque morre de
medo de sofrer. Tudo bem, até entendo que dá medo de correr
esse risco. Mas não sejamos inocentes. Sofrer é um risco que se
corre mostrando ou não mostrando o que a gente sente. Sofrer é
uma possibilidade tão válida para quem mostra quanto para quem
trapaceia no amor. A diferença é que quem sofre por ter sido
sincero e mostrado exatamente o que sente é, pelo menos, real.
Muito pior é sofrer por ter mostrado um sentimento inventado.
Muito pior é, além de sofrer, dar-se conta de que desperdiçou
uma chance preciosa de mostrar o que realmente estava sentindo
e ter sido correspondido, e de ter dado certo.
Diferentemente do que pode acontecer numa mesa de jogo,
onde as regras são outras, no amor o que mais conta e só o que
importa é o que é de verdade. Afinal, se tem algo ‘em jogo’ nisso
tudo – se é que podemos chamar de jogo – é a sua vida, o seu
coração, a sua felicidade. Melhor não jogar com isso. Melhor
apostar no que é seu, no que é vivo e pulsante dentro de você, a
cada momento, e mostrar da forma mais inteligente e equilibrada
que souber. E para saber cada vez mais, basta abrir os olhos,
acordar e querer aprender.
Rosana Braga
47
Observe: tem gente que mostra camuflando. Ou camufla

porque quer mesmo, porque decidiu camuflar, disfarçar e
maquiar; camufla de propósito. Ou camufla sem querer, sem se
dar conta, inconscientemente. Esse segundo tipo é bem mais
comum, infelizmente. Sim, porque quando a gente faz algo
de propósito, é bem mais fácil fazer diferente. Mas quando a
gente faz sem querer, daí é uma ‘looonga’ história até se dar
conta, outra ‘looonga’ história até descobrir como quer fazer
de verdade, e mais outra até fazer diferente.
Bem, de todo modo, vale a pena o trabalho. É pra isso que
a gente ama. É pra isso que servem os relacionamentos. Pra
gente evoluir, amadurecer, aprender mais sobre a gente mesma
e sobre a arte do encontro. Atualmente, tem muita gente que
prefere não ter esse trabalho e, para isso, fica sozinho. Não se
entrega. Finca a bandeira do “sou solteiro até o fim” e se nega
a chance de entrar em contato com o que sente. Mas como
eu disse, a maioria faz isso sem perceber e, por isso, acredita
mesmo que sozinho é melhor. Acredita de verdade que não
vale a pena mostrar.
E sabe como age quem camufla o que sente? Maquiando antes
de mostrar. Sente ciúme e mostra raiva. Sente medo e mostra
indiferença. E, nesta medida, sente amor e simplesmente não
mostra. Você certamente já camuflou também. Aliás, quero
aproveitar pra deixar uma coisa bem clara aqui! Eu fico dividindo
as pessoas em tipos, como se elas fossem de um único jeito a
vida toda. Não são! Gente costuma fazer todas essas coisas. E
tudo bem. A questão aqui não é, nunca foi e nunca será falar de
perfeição. Mas de querer acertar. De querer fazer dar certo. De
estar comprometido com as escolhas, ciente dos sentimentos,
acordado para a vida, a própria vida.
Rosana Braga
48
Tem também quem mostra economizando. Já viu isso? Já viu

gente que economiza amor? Parece que se mostrar demais vai
acabar! Parece que se mostrar além da medida, vai gastar, vai
deixar o outro muito convencido, vai parecer coisa de gente
mole. Não sei exatamente o que pensa quem economiza na
hora de mostrar o que sente, mas o fato é que tal economia se
torna avareza. E avareza no amor dá azar, pode acreditar!
Aqui vale falar de novo do cuidado que precisamos ter com
os excessos e com os extremos. Mostrar de menos ou mostrar
demais, dá chabu. Economizar é tão ruim quanto exagerar na
dose da demonstração. Um provoca fome e anemia. O outro
provoca indigestão e mal estar. O bom mesmo é mostrar na
dosagem real. Mostrar o quanto sente, como sente. Conectado
com o coração e não com o medo de perder.
Veja – a consciência muda tudo! Sim, porque a medida é o
que menos importa. O que importa é a coerência entre o que
se sente (de verdade) e o que se mostra. O problema, portanto,
é quem sente muito e mostra pouco ou quem sente pouco e
mostra muito. Ou ainda – o que acontece muitas vezes – quem
sente muito e mostra de modo ansioso, inseguro, cobrando
reciprocidade a qualquer custo, querendo ser correspondido
de qualquer maneira ou querendo ser amado de qualquer jeito.
Aí não rola. Vira chatice, pieguice. Pode sufocar o outro, deixá-
lo sem vontade de participar da conquista. Sem motivação para
ser o seu melhor e brincar de trocar amor.
E quem sente pouco e faz questão de insistir que é pouco,
também é defesa. Está querendo machucar o outro e deixá-lo
frágil pra que? Com que intenção? Só para parecer mais forte?
Quem sente pouco e maltrata, desdenha, faz pouco caso,
termina sendo cruel. E crueldade tem a ver, essencialmente,
Rosana Braga
49
com insegurança. Se sente pouco, deixa rolar... até saber

melhor o que quer. E também deixe o outro decidir se esse
tanto é suficiente ou não.
Respeito ao outro é mostrar na medida certa. E a medida certa
é sempre a medida da sua verdade. Não a que se quer. Não a que
se acredita que merece. Não a que gostaria que fosse. A que é!
E tem mais: se você não sabe qual é a sua medida ainda, se está
confuso, tudo bem também. Desde que assuma isso. Não precisa
saber já, agora. Aliás, nem precisa saber. E se outro perguntar, diga
que não sabe, que está confuso, mas que quer continuar mesmo
assim, até saber. E que isso seja verdade, e não só um jeito de se
defender dos próprios sentimentos. Para saber se é verdade ou
defesa, voltamos ao autoconhecimento. Ao olhar para si e decidir
viver de propósito.
Rosana Braga
Passo 8 A maioria de nós, se en-
contrasse o Gênio da lâmpada,
TENHAM teria alguns pedidos a fazer.
Viagens, carro, promoção no
METAS emprego, mais harmonia em
PLANOS E casa, mais tempo, uma casa, um
projeto realizado, mais saúde e
SONHOS qualidade de vida. Talvez um
JUNTOS amor de verdade. Não sei quais
são seus sonhos e planos, mas
é bom que você tenha alguns.
Faz bem pra alma. Motiva.
Dá mais vontade de acordar
todas as manhãs. Dá sentido
pra vida, mesmo quando tudo
parece que vai desmoronar. E,
sobretudo, dá força e fé para
enfrentar as adversidades.
Sonhar faz muito bem, inclusive
para o amor.
Mas lembre-se de que ter
sonhos não significa ficar tão
presos a eles que, diante da
não realização do jeito e no
tempo que você gostaria, a
expectativa se torne revolta. A
ideia não é essa. Até porque é
bom saber que, muitas vezes,
a gente desenha um caminho
pra começar a trilhar até a
Rosana Braga
51
realização de um sonho e depois tem de revê-lo, fazer retornos,

esperar no acostamento, dar passagem, fazer ultrapassagens e
enfrentar chuvas e tempestades pelo trajeto. É assim: a vida tem
um jeitinho todo charmoso de fugir de nosso controle e, no final
das contas, dar tudo certo! Mesmo que o certo dela não seja
exatamente o certo que tínhamos imaginado...
É bom que a gente compreenda isso o quanto antes e, sobretudo
aprenda a aceitar. A seguir com o fluxo. A deixar a vida correr e se
ajustar, encaixando o nosso mapa com o mapa do mundo. Assim
fica mais fácil, mais leve, mais gostoso. E vale bem mais a pena.
Ainda mais quando podemos fazer isso juntos. Com a pessoa que
a gente ama. Sentar-se pra falar de sonhos e metas é sempre um
ótimo programa a dois. Abram um vinho, um champanhe ou um
suco. Mas brindem, porque celebrar é fundamental.
Você sabe fazer quadro da visão? No treinamento “Ultrapassando
Limites”, do meu marido e excelente treinador Rodrigo Cardoso,
você pode aprender a fazer isso. No livro e filme “O Segredo”
também é muito falado sobre o assunto. Se ficar interessado,
pesquise mais sobre como fazer seu quadro da visão e descubra
o poder que essa decisão – a de transformar seus sonhos e planos
num quadro para o qual você vai olhar diariamente – exerce
sobre suas ações. E é realmente empolgante. Temos o nosso.
Colocamos neste quadro as fotos dos lugares que queremos
conhecer e as imagens que ilustrem sonhos e metas. E cada vez
que alcançamos uma meta ou realizamos um sonho, fazemos
uma marcação especial. A sensação é muito boa! E a união que
gera no casal é impressionante, pois se sente que está junto
numa mesma missão.
É importante não endurecer ou ser pessimista no momento
de sonhar ou desejar. Muitas vezes, as pessoas ficam presas
Rosana Braga
52
em pensamentos limitantes, tentando descobrir de que

forma vão conseguir realizar algo, e não se permitem arriscar,
tentar, dar o primeiro passo. Saiba que o universo conspira
com os sonhos e as intenções do bem. Quando você começa,
quando você acredita, parece que uma espécie de alquimia
acontece e as formas vão aparecendo. As oportunidades
surgem de lugares que você nunca havia imaginado e quando
você se dá conta, já está bem mais perto de realizar o que
planejou do que esperava.
Cuidado também para não barrar o sonho do outro.
Às vezes, acontece de um querer conhecer a Tailândia
e o outro, o Havaí. Tudo bem, coloquem os dois lugares
no quadro da visão. Sonhos são ilimitados e você pode
se surpreender com a realização do desejo do outro.
Meu sonho era conhecer Paris. Mas não era sonho do
meu marido. Terminou que fomos a Paris e Veneza e ele
simplesmente amou a viagem. Até hoje me agradece por
eu não ter desistido do meu sonho quando ele revelou que
não tinha vontade nenhuma de conhecer Paris. Do mesmo
modo, ele colocou no nosso quadro alguns lugares que eu
jamais imaginei conhecer. Não tinham, aparentemente,
nada de interessante para mim. Mas eu estava enganada. A
viagem que fizemos para o Equador, por exemplo, foi ótima
e nos divertimos demais.
Infelizmente, alguns casais, depois de certo tempo de
relacionamento e do acúmulo de responsabilidades, abrem
mão do prazer sem se darem conta. Dia após dia, vão
reservando espaço somente para a parte mais burocrática
da vida. Como se realmente não houvesse tempo para lazer,
alegria, carinho e felicidade. Veja: a vida é feita de escolhas.
Rosana Braga
53
E é você quem faz suas prioridades, na maioria das vezes.

Claro que os compromissos são muitos e que vivemos fases
mais complicadas que outras, mas é preciso estar atento
para quais escolhas você tem feito. Cada detalhe pode fazer
uma enorme diferença. E é o modo como você trilha um
caminho que o torna mais prazeroso ou mais penoso.
Observe se você não está confundindo seriedade com mau
humor, responsabilidade com tensão, trabalho com guerra, e assim
por diante. É possível ser uma pessoa séria, no sentido de honesta,
correta e comprometida, mas ainda assim ter senso de humor, ser
leve e encontrar formas de relaxar ao longo do dia. Existem muitas
técnicas para isso, mas se quiser algo bem simples e possível em
qualquer lugar, pratique alguns minutos de respiração lenta e
profunda, prestando atenção em si mesmo. De preferência, faça
isso de olhos fechados. Outra dica é alongar o corpo. Sinta seus
músculos se esticarem, como se fosse um gato. Funciona que é
uma beleza para mandar embora as tensões excessivas.
Assim, disposto a não levar a vida mais a sério que o
necessário, sem perder a noção de transitoriedade e finitude de
todas as coisas, vai ficar bem mais fácil e interessante investir
energia naquilo que realmente tem importância pra vocês.
Suponho que, em última análise, estamos falando de um casal
que decidiu ficar junto para construir uma história e ser feliz.
Então, atitudes coerentes é uma boa maneira de chegar lá, sem
abandonar os sonhos e as metas pelo caminho, como se não
fossem preciosidades.
Note que só o fato de você e a pessoa que você ama se
juntarem para falar de sonhos, planejar metas, revelar desejos e
vontades, já é uma ocasião mágica, incrível para se conhecerem
Rosana Braga
54
ainda mais, para saber um do outro e talvez descobrir detalhes

desta pessoa que você nem imaginava até então. Dificilmente
as pessoas se dão esta chance, de falarem sobre questões tão
sensíveis e profundas como seus sonhos. Muitas, inclusive,
nem se dão ouvidos. Consideram seus sonhos impossíveis de
serem realizados e preferem esquecê-los, deixando-os num
lugar de fantasias, num lugar de utopias.
Não caia nesta armadilha. Sonhos só são sonhados quando
podem ser realizados. Se você não pudesse realizar o que sonha,
nem haveria conteúdo em sua mente para sonhá-los. Não quero
dizer que seja fácil ou que você vai realizar absolutamente tudo
o que sonhar durante a vida. Mas vale a pena priorizar, colocar
datas, detalhar os passos até alcançá-los e dedicar atenção e
energia a eles. Ainda mais quando isso é feito em dupla. Uma
dupla que se ama e que quer experimentar a sensação de que,
juntos, podem ir muito mais longe e em lugares muito mais
lindos do que iriam sozinhos. Não importa quantos quilômetros
querem viajar, não importa o tamanho do que vocês desejam,
e muito menos o valor monetário envolvido. Mesmo que se
tratem de pequenos eventos, como aprender a nadar, tocar
violão ou dançar, saiba que metas são verdadeiras injeções de
motivação e entusiasmo no seu dia-a-dia.
Rosana Braga
Passo 9 Não seja inocente. Não caia
na ilusão de que é possível viver
TRANSFORME um relacionamento sem nunca
perder o fogo da paixão. Se isso
AS CRISES EM acontecer, certamente tem
OPORTUNIDADES algo maquiado nesta história.
Alguém não está se colocando.
Claro! Estamos falando de
duas pessoas diferentes
compartilhando opiniões,
decisões, ritmos, humores e
tudo o que faz parte da vida.
Alguns dias serão cheios de sol,
mas em outros, haverá nuvens,
chuva, frio. Não é à toa que, em
alguns rituais de casamento, os
casais são lembrados de que
a decisão de ficarem juntos
inclui alegria e tristeza, saúde
e doença, riqueza e pobreza,
entre outras situações boas e
não tão boas assim.
Isto é, as crises são pra-
ticamente inevitáveis. Fazem
parte da dinâmica da vida. E,
portanto, também de uma
relação, especialmente com
o nível de intimidade que um
casamento supõe. Algumas
maiores ou mais longas. Outras
Rosana Braga
56
menores ou mais breves. Algumas relativamente simples.

Outras bastante complexas e que parecem nos tirar do eixo.
Mas todas elas podem oferecer ao casal oportunidades de
aprendizados impagáveis. Se você e a pessoa que você ama
conseguirem, apesar da dor, abstrair o que a vida está tentando
ensinar, certamente se tornarão ainda mais fortes e mais
unidos. Especialmente se conseguirem se manter cúmplices e
conscientes de que se trata apenas de uma fase. Um obstáculo
a ser superado.
Pois é isso que são! Portas, chances, degraus. Há quem
aposte que não há crescimento sem crise. Particularmente,
acredito também no crescimento que acontece na alegria,
nas melhores fases de nossas vidas. Mas certamente somos
exigidos a ir além e a descobrir novas formas de agir quando
nos sentimos insatisfeitos com o que está acontecendo. Somos
impulsionados a sair do cômodo lugar conhecido até desbravar
um lugar onde doa menos e onde possamos recomeçar.
Quando a crise é no relacionamento, especialmente, aposto
alto no diálogo. Conversar sobre o que está acontecendo, expor
sentimentos, pensamentos e percepções, ouvir o outro e adotar
a posição de quem tem o objetivo de resolver e não de ganhar
a briga, são decisões que ajudam muito. É no exercício de falar
que podemos perceber não só o outro, mas muitas vezes a
nós mesmos. Quando nos ouvimos, não é raro acontecer de
nos darmos conta de que estamos exagerando, de que nossos
pensamentos foram tão intensamente alimentados e repetidos
que a situação terminou ganhando um tamanho maior do que
realmente tem.
E se não for possível, no momento, conversar um com o
outro, talvez possam esperar um pouco. E se essa espera se
Rosana Braga
57
tornar angústia em vez de alívio, talvez seja hora de pedir ajuda.

Terapia individual ou de casal pode ser um espaço fundamental
para que um e outro se olhem, para que consigam se entender.
Quando um casal entra em crise, o dito popular “será que estou
falando grego?” é bem comum de acontecer. Um fala e o outro
parece realmente não conseguir entender. As interpretações
ficam distorcidas. E, neste momento, um profissional pode
servir como que um tradutor, um intérprete dos diálogos, das
ideias e dos sentimentos.
Outro ponto muito interessante de uma crise é que ela é, na
maioria das vezes, provocada pelo casal. Sim, eles criam a crise
– geralmente de forma inconsciente – para que cheguem a um
ponto em que não reste outra maneira senão lidar com um
problema que vem sendo adiado e adiado, um sem número de
vezes. É assim mesmo! Muitas vezes, enquanto não chegamos
num limite que passa do suportável para o insuportável,
não olhamos para uma questão dolorosa, mas importante.
Adiamos porque realmente não é fácil. Só que adiar não só não
resolve como vai aumentando a gravidade e a profundidade da
questão. E diante da crise, não dá mais para fugir ou evitar. Será
inevitável tratá-la.
E já deve ter acontecido com você de ter chegado num
ponto tão crítico da relação que você já nem sabe mais o que
está sentindo pelo outro. O que era amor evidente parece ter
se tornado raiva, irritação, impaciência, decepção, frustração
e medo. Sim, medo de não conseguir resgatar o que havia de
bom neste encontro, nesta promessa de felicidade. E, assim,
deflagrado o estrago, fica a dúvida: será que eu ainda quero?
Será que ainda vale a pena? Será que eu realmente gosto desta
pessoa o quanto imaginei que gostava?
Rosana Braga
58
Em geral, a resposta é sim. Você ainda quer. Ainda vale a

pena. Você realmente gosta desta pessoa não só o quanto
imaginou, mas provavelmente bem mais. A questão é que está
tudo obscurecido dentro de você pelo que não foi esclarecido,
pelo que não foi conversado e negociado. Crises são ocasiões
perfeitas para aprendermos a negociar. Algumas pessoas
tendem a considerar essa prática – a da negociação – como
fria e calculista. Mas não é. Aliás, depende da forma como
a negociação é conduzida. Ainda mais quando o objetivo é
considerar os envolvidos, respeitá-los e chegar a um consenso.
Só é possível acabar com a crise quando os dois se dispõem
a conciliar. E conciliação nada mais é do que uma negociação
feita com amor.
Muitas vezes, uma crise é iniciada por algo até bastante
simples. Aparentemente banal. Pode ser uma cobrança por
mais organização. Ou um pedido por mais atenção. Faltas até
bastante comuns no cotidiano de um casal, mas que se não são
cuidadas e sanadas, tornam-se buracos imensos, desgastam o
que é bem mais complexo e vai deixando um rastro de tristeza
e uma enorme sensação de não importância, de falta de
zelo pelo amor. Daí para as conclusões precipitadas e para as
interpretações equivocadas, é só uma questão de tempo.
Por isso, embora você não deva criar a expectativa de viver
um relacionamento sem crises, até porque, como eu já disse,
elas têm sua importância, seria bastante prudente que você
se mantivesse atento a elas. Somente com consciência e com
vontade de tirar o melhor de cada sentimento desagradável é
que é possível transformá-las em aprendizados e crescimento
para ambos. Se compararmos o amor a um ser vivo, uma crise
poderia ser, na mesma medida, comparada a uma gripe, uma
Rosana Braga
59
alergia ou uma infecção ou algo mais grave. Tudo vai depender

do que a deflagrou e do modo como é tratada.
Acima de tudo, lembre-se de que qualquer escolha que
façamos na vida pede dedicação, constância e atitudes
coerentes. Com o amor não é diferente. Então, sintonize seu
coração com o coração da pessoa amada, siga os passos desta
proposta de viver um amor de verdade e acrescente, a esta
decisão, boa dose de leveza, flexibilidade e diversão. Rir um
do outro e, principalmente, de si mesmo, pode ser o melhor
remédio para aliviar tensões e evitar brigas desnecessárias.
Desnecessárias mesmo! Porque, afinal, se puderem evitar que
a crise comece, se puderem aprender antes de a crise ganhar
força, muito melhor, não?
Rosana Braga
Passo 10 Quando duas pessoas estão
apaixonadas uma pela outra,
NÃO PAREM especialmente enquanto na-
DE TRANSAR! moram, é quase impossível

acreditar que um dia o fogo entre
elas vai baixar. É praticamente
impossível aceitar a ideia de
que, estando na mesma cama,
venham a optar por dormir,
talvez até algumas boas noites
seguidas.
Acontece que, ao menos
com a maioria dos casais que
moram na mesma casa, é
exatamente isso o que costuma
acontecer. A convivência, a
rotina e as responsabilidades
– às vezes maiores, às vezes
menores – terminam in-
fluenciando diretamente na
disposição de transar. A libido
de muitas pessoas serve como
um bom termômetro para
avaliar estresse, cansaço e
desânimo.
Ok, somos humanos e não
máquinas. E sexo, na maioria
das vezes, é consequência e
não objetivo. Explico: um casal
Rosana Braga
61
que não alimenta situações de carinho, aproximação física,

intimidade e confiança durante o dia, pode ter dificuldade para
iniciar uma relação sexual realmente prazerosa quando vai
para a cama.
Já ao contrário, quando um casal se fala durante o dia sobre
diversos assuntos, sem que foque apenas nos problemas
e nas reclamações, brinca um com o outro, elogia e ressalta
qualidades mútuas, terá muito mais fluidez e facilidade de se
olhar nos olhos, se tocar e namorar. É, porque sexo bom tem
de incluir namoro, beijo na boca, carícias e troca de prazeres.
Claro que é verdade também que sexo é algo, sobretudo,
individual. Sim, porque o prazer, no final das contas, é
sempre individual. O outro termina sendo um instrumento,
um meio de se chegar a um fim. E não há nada de errado
nisso, desde que ambos estejam conscientes de que estão
se ‘usando’ com amor.
Talvez por isso o sexo seja uma das formas mais diretas de
se demonstrar o quanto se ama o outro. Porque quando você
se dispõe a oferecer prazer, e não a somente querer receber,
está se dando ao outro, para que ele se satisfaça, para que
relaxe e aproveite. Mas a questão é que tem muitos casais
que não sabem disso. Que se equivocam quando fazem amor.
Que interpretam o sexo como algo alheio a tudo o mais que
compartilham.
Sexo é como uma dança. Ir e vir. Dar e receber. Ser dois e
ser um. Agradar o outro e cuidar de seu próprio prazer. E, para
isso, é preciso espaço. Para falar, para se colocar, para contar
ao outro do que se gosta, como gosta, quanto gosta. Sem esse
espaço, fica um silêncio gigantesco, onde cabem interpretações
Rosana Braga
62
erradas, conclusões parciais ou totalmente distorcidas sobre

quem o outro é, sexualmente falando.
Muitas pessoas não se conhecem sexualmente, porque não
se permitem. Porque se deixaram tolher pela família, pela
religião ou pela sociedade sem nunca se darem a chance de
se olhar de verdade, de se tocar, se sentir e se descobrir. Essas,
em geral, também não se sentem à vontade ou nem saberiam
como se dispor a conhecer seu par. Não perguntam. Não tocam
no assunto. Apenas vão transando. Como se tudo se ajustasse
magicamente. Como se não fosse preciso conhecer o caminho
do prazer do outro ou o seu próprio.
Outras, ainda, sabem de si, têm fantasias, vontades e desejos,
mas não se permitem demonstrar. Têm medo de serem mal
interpretadas. Sentem vergonha de falar sobre o assunto, seja
por razões pessoais, seja porque o parceiro não dá espaço,
não quer falar sobre sexo. Assim, permanecem embotadas,
entregues parcialmente, sem serem elas mesmas.
Há também quem confunda fantasia com realidade. E
por medo do que aconteceria se fizessem o que fantasiam,
bloqueiam sua criatividade e sua libido. Bem, é importante
saber que fantasia é fantasia e realidade é realidade. E que uma
fantasia pode ser realizada, sim. Mas também pode jamais ser.
A escolha é sempre do dono da fantasia. E isso também exige
autoconhecimento, em primeiro lugar.
Quem se conhece bem, em geral, sabe reconhecer
facilmente qual fantasia daria conta de realizar e qual fantasia
fica muito melhor no mundo das fantasias, mesmo. Sem
nunca sair de lá. Ou sem sair de lá agora, neste momento,
nesta fase da vida. Mas isso não impede esta fantasia de
Rosana Braga
63
existir e até de cumprir sua função de excitar e tornar lúdica

a relação sexual com quem se ama.
Enfim, o que quero dizer é que relação sexual fica muito
melhor quando os envolvidos investem em autoconhecimento
e se abrem para viver este encontro de forma espontânea,
considerando a possibilidade de falarem sobre o que gostam
e o que não gostam e de que forma gostam. Assim, além de
conhecerem a si mesmos, vão também, aos poucos, conhecendo
o outro e se tornando tão íntimo que cria-se espaço para o
novo. Para o que tiver de ser.
No mais, sabemos que o tempo e esse conhecimento
pode se transformar numa espécie de armadilha também.
Dependendo da fase em que estamos vivendo, dependendo
da forma com que o casal lida com as outras áreas da vida a
dois, e dependendo de outra série de fatores, tanto individuais
como da vida em comum, o tesão pelo outro pode diminuir
consideravelmente.
Nestas ocasiões, nem sempre uma boa conversa resolve.
Talvez, seja até melhor não falar, caso não se saiba exatamente
o que está acontecendo. Mas existe algo que, em geral, é
realmente eficiente: a prática. Se você estiver vivendo uma fase
de baixa excitação, perceba-se. Observe quais tem sido seus
pensamentos. Apenas observe-se. Não se julgue. Não se cobre.
Apenas se observe.
Muitas vezes, pensamentos sobre questões passadas, que
já deveriam estar exatamente lá atrás, no passado, continuam
assombrando a vida de um casal. Sei que algumas questões são
difíceis de serem esquecidas. E ouso dizer que o objetivo nem
é esquecer. Mas sim compreender e assimilar e digerir. Até
Rosana Braga
64
que reste apenas o aprendizado. Até que fique somente o que

servirá de alerta e amadurecimento para momentos futuros.
Sendo assim, se sua intimidade anda obscurecida e fria por
conta de pensamentos que em nada ajudam o seu casamento e
o seu amor, tente se concentrar no que tem para agora. No que
você deseja viver neste momento. E aja. Namore mesmo que sem
vontade no início. A vontade vai chegar. Vai voltar. Faça um teste!
Nos próximos dez dias, comprometam-se a transar. Não pense!
Não dê justificativas. Não tente desistir. Apenas namorem. Transem
como for. Sem julgar. Sem dar nota. Apenas comprometam-se em
praticar. Porque isso nada mais é do que a prática do amor entre
um casal, em sua forma mais humana possível. E é exatamente
essa prática que diferencia essa relação de qualquer outra que
você tenha.
Depois, se quiser me contar o resultado, fique à vontade. Será
uma boa maneira de partilhar as consequências de simplesmente
querer, ir lá e fazer!
Um lindo amor de verdade pra vocês!
Contato com a autora:

rosana@rosanabraga.com.br
www.rosanabraga.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/rosanabragapalestrante
Rosana Braga

7 Segredos para Uma Vida Feliz 130709210710 Phpapp02

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ROSANA BRAGA

Todos os direitos reservados à Rosana Braga.

Capa Revisão Processo Editorial

SE VOCÊ VEIO, É PORQUE ESTÁ PRONTO!

Se você abriu este livro, é porque está interessado no assunto.

ama o outro, e se esse outro tem qualidades encantadoras, mas

tem controle nem sobre as consequências de suas escolhas e

Transformar sua arte, redesenhar-se como quer ser. E esta é a

Pegue uma folha de papel e divida em algumas colunas.

de PROGRAMA ‘APAIXONE-SE POR SI MESMO’. Então, seja

CORPO Peso desejado – 65 kg

Alimentação – rever alimentação diária,

Economizar para comprar um carro

que essas seriam decisões inteligentes e eficientes, porém,

suas ações diárias. E quer saber? Apesar da simplicidade,

- Inspire e expire a energia vital!

- Pule para o banco de trás!

para a maioria dos “cabeções” de plantão. Mas experimente

- Diminua o fluxo de pensamentos!

sentirá ansioso. Claro que, com o tempo e a prática constante,

dificuldades a serem superadas e lições a serem aprendidas, não é?

mais do que aprender, você precisa – nesta construção diária –

E, neste momento, será hora de se olhar e se questionar:

algum jeito, isso funciona. Porém, a questão é: por que tantas

Posso te garantir que a teoria é bem mais simples do que

sem fim de perguntas para as quais vai desejar – de forma até

O que é fato é que quanto mais engessado você viver, quanto

sua mente e seu coração estão entorpecidos por uma poluição

NO LUGAR exatamente isso: colocar-se no

AMADA problema é a comunicação.

Não deixe esse veneno contaminar seu relacionamento.

que ele sente. Só para compreender o que é que esta pessoa

inconsistência da sua relação e colaborar para aprofundar os

metáfora: ‘as pessoas contam as pingas que a gente toma, mas

Assim, o casal começa, pouco a pouco, a encarar os aconte-

demais” porque querem atenção, querem ser queridas. Não se

Veja que o espaço do ‘nós’ termina sendo uma consequência

casal Ofélia e Fernandinho. Ele, no caso, chega a ser até intolerante

é respondendo a algumas perguntas. Como era mostrado amor

sentimentos não tem a ver com tensão e imposição. Tem a ver

Observe: tem gente que mostra camuflando. Ou camufla

Tem também quem mostra economizando. Já viu isso? Já viu

com insegurança. Se sente pouco, deixa rolar... até saber

realização de um sonho e depois tem de revê-lo, fazer retornos,

em pensamentos limitantes, tentando descobrir de que

E é você quem faz suas prioridades, na maioria das vezes.

ainda mais, para saber um do outro e talvez descobrir detalhes

menores ou mais breves. Algumas relativamente simples.

tornar angústia em vez de alívio, talvez seja hora de pedir ajuda.

Em geral, a resposta é sim. Você ainda quer. Ainda vale a

alergia ou uma infecção ou algo mais grave. Tudo vai depender

DE TRANSAR! moram, é quase impossível

que não alimenta situações de carinho, aproximação física,

erradas, conclusões parciais ou totalmente distorcidas sobre

existir e até de cumprir sua função de excitar e tornar lúdica

que reste apenas o aprendizado. Até que fique somente o que

Contato com a autora:

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