Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Regional de Jataí
Curvas e Aplicações
Jataí
2017
Kepler Alves Resende
Curvas e Aplicações
Jataí
2017
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.
CDU 514.77
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial deste trabalho
sem a autorização da universidade, do autor e do orientador(a).
Introdução 14
1 Preliminares 17
1.1 Curvas Planas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.1.1 Curva Parametrizada Diferenciável . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.1.2 Vetor Tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.1.3 Mudança de Parâmetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.1.4 Comprimento de Arco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.1.5 Fórmulas de Frenet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.1.6 Teorema Fundamental das Curvas Planas . . . . . . . . . . . . . 36
1.2 Curvas no Espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.2.1 Curva Parametrizada Diferenciável . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.2.2 Vetor Tangente, Curva Regular e Mudança de Parâmetro . . . . 40
1.2.3 Teoria Local das Curvas no Espaço: Fórmulas de Frenet . . . . 42
14
SUMÁRIO SUMÁRIO
15
SUMÁRIO SUMÁRIO
16
Capítulo 1
Preliminares
17
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
√
| α0 (t) | = a2 + b 2 , onde a2 + b2 6= 0,
18
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
então, α é uma curva parametrizada diferenciável cujo traço é uma reta passando pelo
ponto (x0 , y0 ), paralela ao vetor de coordenadas (a, b).
Exemplo 1.3. Considere a aplicação α(t) = (t, | t |), t ∈ R. Pela definição de função
modular temos que:
t, se t ≥ 0
| t |=
−t, se t < 0.
|t| −t
lim− = lim−
t→0 t t→0 t
= lim− −1
t→0
= −1.
|t| t
lim+ = lim+
t→0 t t→0 t
= lim+ 1
t→0
= 1.
|t| |t|
Como os lim− 6= lim+ , α(t) não é diferenciável no vértice.
t→0 t t→0 t
Portanto, α(t) não é uma curva parametrizada diferenciável, já que | t | não é diferen-
ciável em t = 0, conforme figura abaixo.
19
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
2r + 1 = t,
logo
2r = t − 1 (1.1)
4r + 2 = 2t
assim
2(t − 1) + 2 = 2t,
então
2t − 2 + 2 = 2t.
Portanto
2t = 2t.
Como podemos ver pela igualdade acima, α(t) e β(r) possuem o mesmo traço, conforme
a figura abaixo.
20
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
21
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
α(t + h) − α(t)
Observamos que lim é exatamente a definição da derivada da apli-
h→0 h
cação α em t, ou seja:
α(t + h) − α(t)
α0 (t) = lim .
h→0 h
Exemplo 1.6. A aplicação α(t) = (cos(t)(2 cos(t) − 1), sin(t)(2 cos(t) − 1)), com t ∈ R,
possui vetor tangente dado por:
α0 (t) = (− sin(t) · (2 cos(t) − 1) + cos(t) · (−2 sin(t)), cos(t) · (2 cos(t) − 1) + sin(t) · (−2 sin(t)))
= (−2 sin(t) · cos(t) + sin(t) − 2 cos(t) · sin(t), 2 cos2 (t) − cos(t) − 2sin2 (t))
Vale dizer que um vetor tangente a uma curva α é definido no parâmetro t, e não
22
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
π π π π π
α = cos (2 cos − 1), sin (2 cos − 1)
3 3 3 3 3!
√ !
1 1 3 1
= (2 · − 1), (2 · − 1)
2 2 2 2
= (0, 0),
π π π π π
α − = cos − (2 cos − − 1), sin − (2 cos − − 1)
3 3 3 3 ! 3
√ !
1 1 3 1
= (2 · − 1), − (2 · − 1) ,
2 2 2 2
= (0, 0).
π π
Portanto, α =α − = 0. Porém,
3 3
π π π π π
α0 = −2 sin 2 + sin , 2 cos 2 − cos
3 3 3 3 3
2π π 2π π
= −2 sin + sin , 2 cos − cos
3 3 3 3
√ ! √ ! !
3 3 −1 1
= −2 + ,2 −
2 2 2 2
√ !
3 −3
= − , ,
2 2
π π π π π
α0 − = −2 sin 2 − + sin − , 2 cos 2 − − cos −
3 3 3 3 3
2π π 2π π
= −2 sin − + sin − , 2 cos − − cos −
3 3 3 3
√ ! √ ! !
3 3 −1 1
= −2 − + − ,2 −
2 2 2 2
√ !
3 −3
= , .
2 2
23
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
0 π 0 −π
Então, α 6= α . Portanto, o vetor tangente ao traço da curva na origem
3 3
de R2 não está bem definido.
Para o desenvolvimento da teoria local das curvas, é preciso que exista uma reta
tangente a uma curva α para cada valor do parâmetro t. Para isso é suficiente que o
vetor tangente a α seja não nulo para todo t.
Definição 1.7. Uma curva parametrizada diferenciável α : I ⊂ R → R2 é dita regular
se α0 (t) 6= 0, para todo t ∈ I.
É importante definirmos uma curva regular quando queremos definir uma reta tan-
gente a uma curva num ponto dado.
Definição 1.8. Seja α : I ⊂ R → R2 uma curva regular. A reta tangente a α em
t0 ∈ I é a reta que passa por α(t0 ) na direção de α0 (t0 ), isto é a reta da pela função
24
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
s
Seja h(s) = , s ∈ R. A reparametrização de α por h é a curva
a
s s
β(s) = α ◦ h(s) = a cos , a sin .
a a
Determinando β 0 (s):
s 1 s 1
0
β (s) = −a sin · , a cos ·
a a a a
s s
= − sin , cos .
a a
Portanto,
r s 2
s 2
0
| β (s) | = − sin + cos
a a
r s s
= sin2 + cos2
a a
= 1.
25
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
é uma reparametrização de
26
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
Se t ≤ t0 , então
Z t0
−s(t) = | α0 (t) | dt
t
= t0 − t.
27
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
= 2π − 0.
Portanto, o comprimento α(t) é igual a 2π. O vetor tangente é dado por α0 (t):
p
| α0 (t) | = (− sin(t))2 + (cos(t))2
q
= sin2 (t) + cos2 (t)
√
= 1
= 1.
28
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
s
A função inversa de s é dada por h(s) = √ , s ∈ R. Portanto, β = α ◦ h, que a
a2 + b2
cada s associa
s s
β(s) = a√ + c, b √ +d .
a2 + b 2 a2 + b 2
Consequentemente,
s 2 2
0 a b
| β (s) | = √ + √
a2 + b 2 a2 + b 2
s
a2 b2
= +
a2 + b 2 a2 + b 2
s
a2 + b 2
=
a2 + b 2
= 1.
29
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
| α0 (t) | =
p
((et (cos(t) − sin(t)))2 + (et (sin(t) + cos(t)))2
q
= (et )2 [(cos2 (t) − 2 cos(t) sin(t) + sin2 (t)) + (cos2 (t) + 2 cos(t) sin(t) + sin2 (t))]
√
= et 1 − 0 + 1
√
= et 2.
Então a curva α(t) não está parametrizada pelo comprimento de arco. Verificamos
√
que | α0 (t) |= et 2. Assim, a função comprimento de arco de α, a partir de t0 = 0, é:
Z t
s(t) = | α0 (t) | dt
Z0 t √
= et 2dt
√0 t √
= 2e − 2.
Portanto,
s s s s
β(s) = ( √ + 1) cos(log( √ + 1)), ( √ + 1) sin(log( √ + 1)) ,
2 2 2 2
30
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
Definição 1.16. Seja n(s) um vetor unitário ortogonal a t(s), tal que a base ortogonal
de R2 formada por t(s) e n(s) possua a mesma orientação que a base canônica e1 =
(1, 0), e2 = (0, 1) de R2 , isto é,
31
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
Por outro lado, dado que α(s) = (x(s), y(s)) temos que
Analogamente, como n(s) é unitário, temos que n0 (s) é ortogonal a n(s) e, portanto,
n0 (s) é proporcional a t(s). Como
32
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
concluímos que
n0 (s) = −k(s)t(s).
t0 (s) = k(s)n(s)
n0 (s) = −k(s)t(s), para todo s ∈ I,
A função k(s) =| α00 (s) | indica a velocidade com que as retas tangentes mudam de
direção.
Exemplo 1.18. Seja α(s) uma curva parametrizada pelo comprimento de arco cujo
traço é uma reta. Então, a curvatura é identicamente nula (veja [27], Exemplo 4.1).
Considere α(s) = (as + x0 , bs + y0 ), s ∈ I, onde a e b são constantes e a2 + b2 = 1.
Como t(s) = α0 (s) é constante, temos que t0 (s) = 0 e, portanto, k(s) = 0, para todo
s ∈ I.
Cujo traço é uma circunferência de centro (a, c) e raio b (veja [27], Exemplo 4.1). O
vetor tangente é dado por
s 1 s 1
t(s) = −b sin · , b cos ·
b b b b
s s
= − sin , cos .
b b
O vetor normal é
s s
n(s) = − cos , − sin .
b b
33
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
34
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
de arco s, isto é, β(s(r)) = α(r). Se t(s), n(s) é o referencial de Frenet de β(s) e k(s) é
a curvatura, então diremos que t(r) = t(s(r)), n(r) = n(s(r)) é o referencial de Frenet
de α, e k(r) = k(s(r)) é a curvatura. Portanto, se α(r) = (x(r), y(r)), temos que
(x0 , y 0 )
t(r) = p ,
(x0 )2 + (y 0 )2
(−y 0 , x0 )
n(r) = p ,
(x0 )2 + (y 0 )2
−x00 y 0 + x0 y 00
k(r) = 23 .
(x0 )2 + (y 0 )2
Agora vamos calcular a curvatura k(r). Primeiro iremos determinar | α0 (r) |. Assim
p
| α0 (r) | = (er )2 [(cos(r) − sin(r))2 + (sin(r) + cos(r))2 ]
p
= (er )2 [2]
√
= er 2.
35
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
Consequentemente
r
−x00 · y 0 + x0 · y 00 = 2 · e2r sin2 (r) + 2e2 sin(r) cos(r)
+ 2e2r cos2 (r) − 2e2r sin(r) cos(r))
= 2 · e2r sin2 (r) + 2e2r cos2 (r)
= 2 · e2r (sin2 (r) + cos2 (r))
= 2e2r .
−x00 · y 0 + x0 · y 00
k(r) =
(| α0 (r) |)3
2e2r
= √
(er 2)3
2e2r
= √
e3r 8
2e2r
= √
2e3r 2
1
= √ .
r
e 2
Teorema 1.22. [Teorema Fundamental das Curvas Planas]. Dada uma função dife-
renciável k(s), s ∈ I ⊂ R, existe uma única curva regular α(s), parametrizada pelo
comprimento de arco s, cuja curvatura é k(s). A curva α(s) é única quando fixamos
α(s0 ) = p0 e α0 (s0 ) = v0 , onde v0 é um vetor unitário de R2 . Mais ainda, se duas
36
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
curvas α(s) e β(s) têm a mesma curvatura, então elas diferem por sua posição no
plano.
Demonstração. Primeiramente,
Z s demonstraremos a existência e unicidade da curva α.
Consideremos θ(s) = k(s)ds, onde s0 ∈ I é fixo. Fixando o ponto p0 = (x0 , y0 ) de
s0
R2 e λ ∈ R. Definimos uma curva α(s) = (x(s), y(s)) por
Z s
x(s) = x0 + cos(θ(s) + λ)ds,
Z s0s
y(s) = y0 + sin(θ(s) + λ)ds.
s0
Vamos verificar que a curva α assim definida está parametrizada pelo comprimento de
arco s e sua curvatura é k(s). Como o referencial de Frenet é
temos que | α0 (s) |= 1 e a curvatura de α é dada por ht0 (s), n(s)i = θ0 (s) = k(s). ?
k(s)?n(s),n(s) ? k(s) n(s),n(s) ? k(s)
Seja α(s) = (x(s), y(s)) uma curva regular parametrizada pelo comprimento de arco
s, cuja curvatura é k(s). Segue das equações de Frenet que
(x00 , y 00 ) = k(−y 0 , x0 ),
x00 = −ky 0 ,
y 00 = −kx0 .
37
1.1. CURVAS PLANAS CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
T em R2 tal que
α(s) = (L ◦ T )(β(s)).
Sejam α e β duas curvas que têm a mesma curvatura. Fixado s0 , existe uma rotação
L e uma translação T de R2 tal que a curvatura α = L ◦ T ◦ β satisfaz α(s0 ) =
α(s0 ) e α0 (s0 ) = α0 (s0 ). Segue da demonstração anterior que α0 ≡ α. Portanto,
α = L ◦ T ◦ β.
Portanto, podemos concluir do Teorema 1.22 que toda curva diferenciável plana, a
menos de um movimento rígido, é determinada pela sua curvatura.
38
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
39
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
Logo,
√ !2 √ !2 √ !2
v
u
0
u t 2 t 2 2
| α (t) | = t − sin √ · + cos √ · +
2 2 2 2 2
s
2 t 1 t 1 1
= sin √ · + cos2 √ · +
2 2 2 2 2
s
1 2 t t 1
= · sin √ + cos2 √ +
2 2 2 2
r
1 1
= +
2 2
√
= 1
= 1.
Definição 1.26. Seja α(t) = (x(t), y(t), z(t)), t ∈ I ⊂ R, uma curva parametrizada
diferenciável. O vetor tangente a α em t ∈ I é o vetor α0 (t) = (x0 (t), y 0 (t), z 0 (t)). A
curva α é regular se para todo t ∈ I, α0 (t) 6= 0. A reta tangente à curva regular α em
t0 ∈ I é a reta que passa por α(t0 ) na direção de α0 (t0 ), isto é, a reta dada pela função
g(r) = α(t0 ) + rα0 (t0 ), r ∈ R.
40
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
β = α ◦ h : J −→ R3
s
pela mudança de parâmetro h(s) = √ , s ∈ R.
2
Definição 1.29. Seja α(t), t ∈ I ⊂ R,Z uma curva regular de R3 . O comprimento de
t1
arco da curva α de t0 a t1 é dado por: | α0 (t) | dt e a função comprimento de arco
t0
da curva α a partir de t0 é:
Z t1
s(t) = | α0 (t) | dt.
t0
41
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
p
| α0 (t) | = (− sin(t))2 + (cos(t))2 + 02
√
= 1
= 1.
42
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
43
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
Definição 1.38. O número real τ (s) definido por b0 (s) = τ (s)n(s) é denominado torção
da curvatura em s.
s
s ∈ R, onde a > 0 é uma constante, e h(s) = √ . O vetor tangente é dado por
a2 + b 2
1 s s
t(s) = √ −a sin √ , a cos √ ,b ,
a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2
Portanto,
α00 (s)
n(s) =
k(s)
−a s s
cos √ , sin √ ,0
a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2
= a
a + b2
2
s s
= − cos √ , − sin √ ,0 .
a2 + b 2 a2 + b 2
44
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
E satisfaz as equações:
t0 (s) = k(s)n(s),
n0 (s) = −k(s)t(s) − τ (s)b(s),
b0 (s) = τ (s)n(s).
45
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
hα0 (t), vi
| α0 (t) |
é constante.
0 = − sin θ(s)θ0 (s)t(s) + (k(s) cos θ(s) + τ (s) sin θ(s))n(s) + cos θ(s)θ0 (s)b(s).
46
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
Portanto, ∀s ∈ I,
v = cos(θ)t(s) + sin(θ)b(s)
Exemplo 1.45. Seja a aplicação α(t) = (4 cos t, 5 − 5 sin t, −3 cos t), t ∈ R. Mostra-
remos nesse exemplo que as definições para uma curva parametrizada nos levam aos
mesmos resultados de uma curva não parametrizada pelo comprimento de arco.
47
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
| α0 (t) | =
p
(−4 sin t)2 + (−5 cos t)2 + (3 sin t)2 ,
p
= 16 sin2 t + 25 cos2 t + 9 sin2 t,
q
= 25(sin2 t + cos2 t),
√
= 25,
= 5.
O produto vetorial
de α0 (t) e α00 (t) é:
~
i ~j ~k
α0 (t) × α00 (t) = −4 sin t −5 cos t 3 sin t
−4 cos t
5 sin t 3 cos t
p
| α0 (t) × α00 (t) | = (−15)2 + 02 + (−20)2
√
= 625
= 25.
48
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
Para calcular a torção, calcularemos primeiramente o produto interno, uma vez que
τ (t) = hβ 0 (t) × β 000 (t), β 00 (t)i. Assim,
−4 sin t −5 cos t 3 sin t
τ (t) = 4 sin t 5 cos t −3 sin t
−4 cos t 5 sin t
3 cos t
τ (t) = −4 sin(t)(15 cos2 (t) + (15 sin2 (t)) + 5 cos(t)(12 sin(t) cos(t) − 12 sin(t) cos(t)) +
= 0,
= 5t.
49
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
50
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
O vetor normal é
β 00 (s)
n(s) =
| β 00 (s) |
4 s 1 s 3 s
− cos , sin , cos
25 5 5 5 25 5
=
1
5
4 s s 3 s
= − cos , sin , cos .
5 5 5 5 5
3
~i − cos s 3 s 12 s s 12 s s
= 2
− sin 2
− ~j − cos · sin + cos · sin
5 5 5 5 25 5 5 25 5 5
+ ~k − 4 sin2 s − 4 cos2 s
5 5 5 5
3 s s 4 s s
= ~i − cos 2
+ sin 2
+ ~k − sin 2
+ cos 2
5 5 5 5 5 5
= ~i − 3 + ~k − 4
5 5
3 4
= − , 0, − .
5 5
51
1.2. CURVAS NO ESPAÇO CAPÍTULO 1. PRELIMINARES
A torção é dada por τ (s) = hb0 (s), n(s)i. Como b0 (s) = (0, 0, 0), obtemos:
4 s s 3 s
τ (s) = (0, 0, 0), − cos , sin , cos
5 5 5 5 5
= 0.
52
Capítulo 2
2.1 Cicloide
A cicloide é a curva traçada por uma partícula qualquer, fixa numa circunferência
que rola sem deslizar, ao longo de uma reta. Esta curva ficou conhecida por “Helena
de geometria” uma vez que, tal como a “Helena de Tróia” foi cobiçada e disputada por
vários homens, também a cicloide gerou várias disputas na comunidade matemática.
Joahnn Bernoulli chegou mesmo a chamar-lhe “curva fatídica do século XV II” (veja
[28]).
A curva cicloide, segundo Medeiros [17], foi arduamente estudada durante o século
XV II e que, neste contexto, contribuiu para a construção do Cálculo Diferencial e
Integral hoje conhecido.
No início do estudo das equações diferenciais, os irmãos Bernoulli se depararam
com a cicloide quando se propuseram a resolver o problema da braquistócrona, que
fora proposta por Christiaan Huygens quando este estudou o pêndulo do relógio (ver
[28]).
53
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Figura 2.1: Relógio de pêndulo por Huygens em seu livro Horologium [28]
54
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
De acordo com Venceslau [28], o skate vertical é uma modalidade praticada em uma
pista que apresenta a forma de uma curva cicloide, de acordo com a figura abaixo.
Nas próximas seções iremos tratar das propriedades físicas importantes da cicloide
(braquistócrona e a Tautócrona). Também iremos determinar a parametrização, com-
primento de arco e à área abaixo da curva da cicloide.
55
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
O desafio proposto por Bernoulli tratava-se de encontrar, qual deveria ser a forma
de uma rampa, para que uma partícula, deslizando por ela a partir do repouso e sob
a ação da gravidade, faça o menor tempo possível para atingir outro ponto mais baixo
da trajetória [3]. O desafio foi encaminhado por carta aos matemáticos mais brilhantes
do mundo da época dando-lhes um prazo de seis meses, depois prorrogados por mais
quatro meses para que o problema fosse solucionado [3]. Além do próprio Johann
Bernoulli(1667 − 1748), outros cinco matemáticos apresentaram soluções originais para
o problema: Sir Isaac Newton (1643−1727); Jacques Bernoulli (1654−1705); Gottfried
56
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Figura 2.6: Johann Bernoulli, Sir Isaac Newton, Jacques Bernoulli, Gottfried Wilhelm
Leibniz, Ehrenfried Walther von Tschirnhaus e Guillaume de L’Hôpital [3]
57
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
58
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
De acordo com Reis e Silva [21], vamos desenvolver a parametrização de uma cir-
cunferência de raio r e centro C = (a, b).
59
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
x−a
cos(θ) =
r
y−b
sin(θ) =
r
60
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
portanto,
x − a = cos(θ)r
y − b = sin(θ)r,
Assim,
x = a + r cos(θ)
y = b + r sin(θ).
b(t) = r.
Já sua abscissa se deslocará 2πr após a circunferência completar uma volta em torno
do seu centro, sem deslizar, sobre o eixo Ox.
Observando a figura abaixo:
61
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
o ângulo move 2π, a circunferência ira se deslocar 2πr, conforme a proporção abaixo:
2π → 2πr
t → α(t),
x = a(t) + r cos − π − t
2
y = b(t) + r sin − π − t .
2
62
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
t ∈ R e r ∈ R∗+ , Assim,
x = r[t − sin(t)]
y = r[1 − cos(t)].
Logo, x
= t − sin(t)
r
y = 1 − cos(t).
r
Portanto, x
sin(t) = t −
r
cos(t) = 1 − y .
r
Daí obtemos que, rt − x
sin(t) =
r
cos(t) = r − y .
r
Elevando as igualdades ao quadrado e somando termo a termo, temos
2
2 rt − x
(sin(t)) =
r
2
r − y
(cos(t))2 =
,
r
logo
(x − rt)2 (y − r)2
1 = + ,
r2 r2
63
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
portanto
r2 = (x − rt)2 + (y − r)2 .
y y
Lembrando que cos(t) = 1 − , temos t = arccos 1 − . Substituindo na expressão
r r
acima, obtemos:
y 2
r2 = x − r · arccos 1 − + (y − r)2 .
r
64
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
p
| α0 (t) | = r2 [(1 − cos(t))2 + (sin(t))2 ]
q
= r 1 − 2 cos(t) + cos2 (t) + sin2 (t)
p
= r 1 − 2 cos(t) + 1
p
= r 2(1 − cos(t))
√ p
= r 2 1 − cos(t).
Das relações trigonométricas, sabemos que cos(2x) = cos2 (x) − sin2 (x). Fazendo
2x = t teremos:
t 2 2 t
cos(t) = cos − sin
2 2
2 t 2 t
= 1 − sin − sin
2 2
t
= 1 − 2 sin2 .
2
Como,
2t
2 sin = 1 − cos(t),
2
65
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
2t
temos que 1 − cos(t) = 2 sin , obtemos:
2
s
√ Z 2π
t 2
C = r 2 2 sin dt
0 2
√ Z 2π √
t
= r 2 2 sin dt
0 2
√ √ Z 2π
t
= r 2· 2 sin dt
0 2
Z 2π
t
= 2r sin dt.
0 2
t dk 1
Fazendo k = , segue que = .
2 dt 2
Z π
C = 2r sin(k)2dk
Z0 π
= 4r sin(k)dk
0
π
= −4r cos(k)
0
= [−4r cos(π)] − [−4r cos(0)]
= [−4r.(−1)] − [−4r.1]
= 8r.
Z b
A= f (x) dx
a
66
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
dx
Segue que dx = r(1 − cos(t))dt e, então y(t) = .
dt
De acordo com [8], temos pela definição de diferencial que
d
dx = (x(t)) dt,
dt
onde
d
(x(t)) = r(1 − cos(t)).
dt
67
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
1 + cos(2t)
cos2 (t) = .
2
Assim
Z 2π Z 2π
2 1 + cos(2t)
cos (t)dt = dt
0 0 2
Z 2π Z 2π
1 + cos(2t) 1
dt = (1 + cos(2t)dt
0 2 2 0
2π Z !
2π
1
= t + cos(2t)dt .
2 0 0
du
Fazendo u = 2t, teremos du = 2dt e dt = , então:
2
Z 2π Z 4π
du
cos(2t) dt = cos(u)
2
Z 04π 0
1 4π
Z
du
cos(u) = cos(u) du
0 2 2 0
4π
1 4π
Z
sin(u)
cos(u) du = .
2 0 2 0
Como
sin(u) sin(2t)
= ,
2 2
Z 2π 2π
1 sin(2t)
temos que cos(2t) dt = t+ .
0 2 2
0
68
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
= 3πr2 .
69
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Determinando | α0 (t) |:
α0 (t)
t(t) =
| α0 (t) |
r(1 − cos(t), sin(t))
= p
r · 2(1 − cos(t))
1
= p · (1 − cos(t), sin(t)).
2(1 − cos(t))
70
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
(−y 0 , x0 )
η(t) = p
(x0 )2 + (y 0 )2
r(− sin(t), 1 − cos(t))
= p
r · 2(1 − cos(t))
1
= p · (− sin(t), 1 − cos(t)).
2(1 − cos(t))
logo
71
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
−x00 · y 0 + x0 · y 00
k(t) = p
(r · 2(1 − cos(t)))3
r2 (cos(t) − 1)
= p
(r · 2(1 − cos(t)))3
r2 (cos(t) − 1)
= p p
r3 · ( 2(1 − cos(t)))2 · 2(1 − cos(t))
cos(t) − 1
= p
r · 2(1 − cos(t) · 2(1 − cos(t))
−1
= p
r · 2 · 2(1 − cos(t))
−1
= √ p .
2 2r · 1 − cos(t)
Logo
| α0 (2πk) | = 0.
t0 (t) = k(t)n(t)
n0 (t) = −k(t)t(t), ∀s ∈ I,
72
2.1. CICLOIDE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
t0 (t) = k(t)n(t)
−1 1
= √ p ·p · (− sin(t), 1 − cos(t))
2 2r · 1 − cos(t) 2(1 − cos(t))
−1
= · (− sin(t), 1 − cos(t))
4r(1 − cos(t))
sin(t) −1
= , .
4r(1 − cos(t)) 4r
Além disso,
1 1
n0 (t) = √ p ·p · (1 − cos(t), sin(t))
2 2r · 1 − cos(t) 2(1 − cos(t))
1
= · (1 − cos(t), sin(t))
4r(1 − cos(t))
1 sin(t)
= , .
4r 4r(1 − cos(t))
73
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Em relação à disposição das sementes dos girassóis, Lívio [13] afirma que consiste
numa exibição espetacular de espirais cruzadas.
“Quando você olha para um girassol nota padrões espirais tanto horários
quanto anti-horários formados pelos flósculos. É evidente que os flósculos
crescem de modo a assegurar a mais eficiente divisão de espaço horizontal.
A quantidade dessas espirais em geral depende do tamanho do girassol”.
74
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
75
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Provavelmente nenhuma outra curva exerce fascínio maior do que a espiral. Ber-
noulli a chamava de “spira mirabilis” e a considerava notável pelas propriedades ma-
temáticas que a torna única entre as curvas planas. Ela é utilizada como modelo
decorativo favorito, por conta da graciosidade de sua forma. Na natureza ela ocorre
mais frequentemente do que qualquer outra curva (veja [24]).
76
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
As ranhuras espirais, são visivelmente mais uniformes que outros padrões gravados
em peças de jade antigas, como a figura acima. Os anéis estudados datam de 550 AC,
portanto, 300 anos antes de Arquimedes ter existido, conforme [19].
77
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
De acordo com Neto [19], as referências históricas mais antigas a máquinas compos-
tas que inter-convertem movimento linear e rotacional com precisão, veem dos escritos
atribuídos a Heron de Alexandria, datados do Primeiro Século DC. Logo, os chineses
estariam, aparentemente, meio milênio na frente da Europa nessa tecnologia.
Loxodromia é a linha que, à superfície da Terra, faz um ângulo constante com todos
os meridianos. Muito embora não constitua o caminho mais curto entre dois pontos, a
loxodromia é o tipo de trajeto mais simples e normalmente empregue em mapas rodo-
viários ou marítimos, desde que se avistem acidentes geográficos como referência(veja
[19]).
78
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Machado [15], alega que as galáxias espirais são sistemas estrelares constituídos
principalmente por um disco aproximadamente circular e bastante achatado que além
de estrelas, contém gás e poeira, e se encontra imerso em um halo de matéria escura.
79
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
80
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Estrela
Sol Terra
1 U.A.
tan(1”) = ,
d
1 U.A.
d = ,
tan(1”)
1 U.A.
1 P arsec =
tan(1”)
1 U.A.
1 P arsec = ◦
1
3600
1 P ersec = 206264, 8 U.A.
81
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
82
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
83
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
De acordo com Silva [26], por definição, a espiral de Arquimedes é o lugar geométrico
dos pontos P de uma reta que gira em torno do centro O com velocidade angular
constante e o ponto P se desloca sobre a reta r a partir de O com velocidade constante
sobre a reta.
A equação polar é dada por r(φ) = a.φ cuja dedução é simples, pois a cada giro
completo da reta a curva distancia de 2π.a, sendo “a” uma constante do centro(origem)
ao ponto P.
obtemos:
x(θ) = a(θ) cos(θ)
y(θ) = a(θ) sin(θ).
84
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
x2 + y 2
= θ2 . (2.1)
a2
y a(θ) sin(θ)
=
x a(θ) cos(θ)
sin(θ)
=
cos(θ)
= tan(θ),
85
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
y
implicando em θ = arctan .
x
Substituindo θ na equação 2.1, obtemos que:
x2 + y 2
y 2
= arctan .
a2 x
Portanto
y 2
2 2 2
x +y = a · arctan .
x
logo
p y
x2 + y 2 = a · arctan ,
x
assim
p
x2 + y 2 y
= arctan .
a x
Portanto
p !
x2 + y 2 y
tan = .
a x
Então
p !
x2 + y 2
y = x · tan .
a
86
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
dθ = sec2 (t)dt,
de modo que:
Z p
C = a 1 + (tan(t))2 sec2 (t)dt.
1 + (tan(t))2 = (sec(t))2 ,
consequentemente:
Z p
C = a sec2 (t) sec2 (t)dt
Z
= a sec(t) sec2 (t)dt
Z
= a sec3 (t)dt.
Temos que:
Z
1 1
sec3 (t)dt = sec(t) tan(t) + ln | sec(t) + tan(t) | +k, k ∈ R.
2 2
87
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
a a
C = sec(t) tan(t) + ln | sec(t) + tan(t) |
2 2
a √ a √
= θ 1 + θ + ln | 1 + θ2 + θ | .
2
2 2
a √ a √
C = 2π 1 + 4π 2 + ln | 1 + 4π 2 + 2π |
2 2
a √ √
= (2π 1 + 4π + ln | 1 + 4π 2 + 2π |)
2
2
∼
= 21, 26a.
88
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Z β
1
A= r2 (θ)dθ
2 α
com θ ∈ [α, β]. Sabemos que a fórmula polar da espiral é r(θ) = aθ, onde a > 0 e
θ > 0. Assim a área da espiral de Arquimedes é dado por:
1 2π 2
Z
A = r (θ)dθ
2 0
1 2π
Z
= (aθ)2 dθ
2 0
a2 2π 2
Z
= θ dθ
2 0
2π
a2 θ3
= ·
2 3 0
2
a (2π)3
2 3
a 0
= · − ·
2 3 2 3
8a2 π 3
=
6
4a2 π 3
=
3
89
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Consequentemente | α0 (r) |:
| α0 (r) | =
p
(a(cos(r) − r · sin(r)))2 + (a(sin(r) + r · cos(r)))2
q
= a2 (cos2 (r) − 2 · cos(r) · r · sin(r) + r2 · sin2 )+
q
+ +a2 (sin2 (r) + 2 · sin(r) · r · cos(r) + r2 cos2 (r))
q
= a2 (cos2 (r) − 2r · cos(r) · sin(r) + r2 · sin2 )+
q
+ +a2 (sin2 (r) + 2r · sin(r) · cos(r) + r2 cos2 (r))
q
= a2 (cos2 (r) − r · sin(2r) + r2 · sin2 ) + a2 (sin2 (r) + r · sin(2r) + r2 cos2 (r))
q
= a2 (cos2 (r) − r · sin(2r) + r2 · sin2 + sin2 (r) + r · sin(2r) + r2 cos2 (r))
q
= a2 [(cos2 (r) + sin2 (r)) − r · sin(2r) + r · sin(2r) + r2 (sin2 + cos2 (r))]
q
= a2 [(cos2 (r) + sin2 (r)) − r · sin(2r) + r · sin(2r) + r2 (sin2 + cos2 (r))]
p
= a2 [1 + 0 + r2 (1)]
p
= a 1 + r2 .
90
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
α0 (r)
Portanto o vetor tangente t(r) = é dado por:
| α0 (r) |
(−y 0 , x0 )
E o vetor normal n(r) = é dado por:
| α0 (r) |
t0 (r)
Para calcular a curvatura k(r) = , vamos calcular primeiramente
| α0 |3
Portanto
91
2.2. ESPIRAL ARQUIMEDES CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
−x00 (r)y 0 (r) + y 00 (r)x0 (r) = a2 [(2 sin2 (r) + 3r sin(r) cos(r) + r2 cos2 (r))
= a2 (2 + r2 ).
a2 (2 + r2 )
k(r) = √
(a 1 + r2 )3
a2 (2 + r2 )
=
1 3
h i
3
a (1 + r ) 2 2
2 + r2
= 3 .
a(1 + r2 ) 2
1
t(r) = √ (cos(r) − r · sin(r), sin(r) + r · cos(r)).
1 + r2
- Vetor normal:
−1
η(r) = √ (r · cos(r) + sin(r), (r · sin(r) − cos(r))).
1 + r2
- Curvatura:
2 + r2
k(r) = 3 .
a(1 + r2 ) 2
- Torção é τ = 0.
A torção da curvas planas é nula, de acordo com Tenenblat [27].
92
2.3. HÉLICE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
2.3 Hélice
As hélices, são curvas espaciais de grande interesse no estudo da Geometria Dife-
rencial. Elas são curvas cujas retas tangentes fazem um ângulo constante com uma
direção fixa.
De acordo com Duval [6], molas são elementos mecânicos amplamente utilizados em
engenharia mecânica para exercer forças constantes, eliminar folgas em mecanismos,
armazenar e fornecer energia, isolar vibrações, absorver energia de impactos, medir
forças. Entre as molas, distinguem-se 3 grandes famílias: molas sujeitas a esforços
de torção, molas sujeitas a esforços de flexão e molas sujeitas a esforços de tração ou
compressão.
93
2.3. HÉLICE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
A hélice tem várias aplicações como: a parte metálica dos saca-rolhas, o acaba-
mento de engrenagens da engenharia automotiva, roscas de um modo geral, molas,os
parafusos, os belos e artesanais mensageiros do vento construídos a partir de palitos de
picolé, fios de nylon, agulhas e miçangas.
94
2.3. HÉLICE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Ou simplesmente: α(t) = (a cos(t), a sin(t), b.t), onde a, b, t ∈ R, com a > 0, que denota
o raio da hélice, e b 6= 0, que indica a velocidade que pode ser positiva ou negativa,
mas não nula.
95
2.3. HÉLICE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
z
Se z = b · t, então t = . Substituindo em x(t), temos:
b
z
x = a cos( ).
b
x2 = a2 cos2 (t)
y 2 = a2 sin2 (t).
Somando x2 e y 2 , obtemos:
onde α está bem definida para todo t ∈ [t0 , t1 ] (veja [4, 8, 27]). A primeira derivada de
α0 (t) é:
96
2.3. HÉLICE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
p
| α0 (t) | = (−a sin(t))2 + (a cos(t))2 + b2
q
= (a2 sin2 (t) + (a2 cos2 (t) + b2
q
= a2 (cos2 (t) + sin2 (t)) + b2
√
= a2 + b 2 . (2.2)
√
C = ∆t a2 + b2 .
s s bs
β(s) = a cos √ , a sin √ ,√ .
a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2
Portanto:
0 s 1 s 1 b
β (s) = −a sin √ · √ , a cos √ · √ ,√ .
a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
1 s s
= √ · −a sin √ , a cos √ ,b ,
a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
97
2.3. HÉLICE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
e consequentemente
00 1
β (s) = √
a2 + b2
s 1 s 1
· −a cos √ · √ , −a sin √ · √ ,0
a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
1 −a s s
= √ · √ · cos √ , sin √ ,0
a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
−a s s
= √ 2 · cos √ , sin √ ,0
a2 + b2 a2 + b2
2
a +b 2
−a s s
= · cos √ , sin √ ,0 .
a2 + b2 a2 + b2 a2 + b2
Assim
s 2
00 −a s 2 s
| β (s) | = · cos √
2 + sin √ +0 2
a + b2
2
a2 + b 2 a2 + b 2
s
a2
= · (1)
(a2 + b2 )2
a
= .
(a + b2 )
2
a
k(s) = .
(a2 + b2 )
98
2.3. HÉLICE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
β 00 (s)
n(s) =
k(s)
−a s s
· cos √ , sin √ ,0
a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2
= a
(a2 + b2 )
s s
= (−1) cos √ , sin √ ,0
a2 + b 2 a2 + b 2
s s
= − cos √ , − sin √ ,0 .
a2 + b 2 a2 + b 2
Como o vetor binormal b(s) = t(s) × n(s), calculamos primeiramente t(s) e n|(s).
s
Por simplicidade denoto c = √ , então
a2 + b2
1
t(s) = √ · (−a sin(c), a cos(c), b)
a2 + b 2
n(s) = (− cos(c), − sin(c), 0).
Logo
~
i ~j ~k
1
b(s) = √ · −a sin(c)
a cos(c) b
a2 + b2
− cos(c) − sin(c) 0
1
~ ~ ~
= √ · b sin(c)i − b cos(c)j + ak
a + b2
2
1 s s
= √ · b sin( √ ), −b cos( √ ), a .
a + b2
2 a2 + b 2 a2 + b 2
1
b0 (s) = √ · (b cos(c) · c0 , b sin(c) · c0 , 0)
a + b2
2
1
= √ · c0 · (b cos(c), b sin(c), 0) .
2
a +b 2
99
2.3. HÉLICE CAPÍTULO 2. CURVAS E SUAS APLICAÇÕES
Além disso,
√
0 a2 + b 2 − s · 0
1·
c (s) = √
( a2 + b2 )2
√
a2 + b 2
= √
( a2 + b2 )2
1
= √ .
a + b2
2
Portanto b0 (s) é:
0 1 1 s s
b (s) = √ ·√ · b cos( √ ), b sin( √ ), 0
a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2
1 s s
= 2 · b cos( √ ), b sin( √ ), 0 .
a + b2 a2 + b 2 a2 + b 2
100
Capítulo 3
Considerações Finais
101
Referências Bibliográficas
[1] Almeida, M. F. S.: Análise temporal da relação entre o tremor fisiológico ciné-
tico e o envelhecimento com base em desenhos digitalizados da espiral de Arquime-
des, Tese de Doutorado: Pós-graduação em Engenharia Elétrica da Universidade
Federal de Uberlândia - Minas Gerais, 2011.
[5] dos Santos, F. F., Nascimento, R. M.: A Hélice: uma curva importante
no código da vida, Pôster, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB,
2006.
[6] Duval, M. N., Filho, M. F.: Software para o dimensionamento de molas heli-
coidais cilíndricas de tração e compressão, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Centro de Tecnologia, Departamento de Eng. Mecânica, 2014.
102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[9] Holanda, F. d’a.: Introdução à geometria diferencial das curvas planas, Uni-
versidade Federal do Ceara - Fortaleza, 2016. Dissertação de Mestrado.
[10] Junior, J. M. da C.: A matemática por trás de um número: razão áurea, Traba-
lho de Conclusão de Curso: Mestrado Profissional em Matemática - PROFMAT:
Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, 2014.
[12] kreyszig, E.: Matemática Superior 1. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1983.
[13] Livio, M.: Razão Áurea: a história de Fi, um número surpreendente, Rio de
Janeiro: Record, 2008.
[15] Machado, R. E. G.: Halos Triaxiais e a razão axial de galáxias espirais, Disser-
tação apresentada ao Departamento de Astronomia, Geofísica e ciências Atmos-
féricas para obtenção do título de Mestre em Astronomia: Universidade de São
Paulo, 2006.
103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[21] Reis, G. L. dos., Silva, V. V.: Geometria Analítica, Livros Tecnicos e Cienti-
ficos - LTC, 1996.
[22] Santos, W., Alencar, H.: Geometria diferencial das curvas planas, 24o Coló-
quio Brasileiro de Matemática. IMPA, 2003.
[24] Santos, F. F. P.: Algumas curvas notáveis: aplicações e construções com o uso
do software Winplot, Universidade Federal do Ceara - Fortaleza, 2016. Dissertação
de Mestrado.
[26] Silva, E. V., Leivas, J. C. P.; Dal Ri, M. L.: Explorando a espiral de Arqui-
medes com software de geometria dinâmica, RENOTE - Revista Novas Tecnologias
na Educação, volume 14, number 1, ISSN 1679-1916.
[27] Tenenblat, K.: Introdução à geometria diferencial, 2a Ed. revisada - São Paulo:
Blucher, 2008.
104