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Ana e João

Era uma vez uma senhora muito bondosa, que morava na


beira do rio. Seu nome era Ana. João, seu marido, havia
sido escravo. Era o grande amor de sua vida. Não havia
tido filhos de sangue, mas cuidou e continuava a cuidar de
muitas crianças. E todos os dias, antes de dormir, as
crianças se reuniam com ela em volta do fogo para ouvir
histórias.

Certa vez, ela resolveu contar sua própria história, de como


veio parar naquele lugar que moravam e as aventuras que
passou durante a vida.

Tudo começou numa linda tarde, na hora do pôr do sol…


Na fazenda onde ela nasceu e trabalhava, não havia
escravos, os trabalhadores eram bem tratados. Davam
duro o dia inteiro, mas não eram castigados, nem tratados
como “coisas” como eram tratados os escravos da fazenda
ao lado.

Há muito tempo que ela observava João, que era bem mais
velho que ela, mas era muito forte, trabalhava mais que
muito jovem. Quando chegava a hora do pôr do sol, João,
todos os dias, se ajoelhava, na direção do sol e agradecia
por ter vencido mais um dia de trabalho e luta.
Ana ficava observado com admiração João e ele a olhava
com muito carinho, mas como João era escravo, nunca
teve oportunidade de trocar uma palavra com Ana. Eles
apenas trocavam olhares, de longe, e nada mais…

Certo dia, na hora do pôr do sol, Ana foi para perto da


cerca a fim de olhar João fazer seu ritual de
agradecimento, mas não o viu. Ela ficou muito preocupada
com isso, pensando no que poderia ter acontecido com ele.

Durante o resto da noite, Ana não tirou João da cabeça. E


ao adormecer, Ana sonhou com ele. Sonhou que adentrava
seu barracão e encontrava João deitado, doente. Ela lhe
oferecia um pouco de água, ele bebia, agradecia e sorria
para ela.

No dia seguinte, Ana, logo pela manhã, arrumou um jeito


de se aproximar da cerca que dividia as duas fazendas
para ver se o via e não passou muito tempo, João,
escondido, veio ao seu encontro.

Ele lhe disse:


- Olha menina Ana, a tempo que vejo vosmecê me
olhando e há muito mais tempo eu olho vosmecê.
Quero te agradecer porque essa noite, eu sonhei que
vosmecê foi no meu barracão, me deu uma água pra
bebê e eu acordei muito melhor, estou me sentindo
bem de novo pra trabalhar.

Ana ficou tão feliz que trabalhou o dia todo com um sorriso
no rosto.
E, novamente, eles trocavam olhares de muito amor, um
pelo outro, na hora do pôr do sol…

Até que uma noite, Ana se sentia muito inquieta, não


conseguia dormir, se virava de um lado para o outro,
estava angustiada, seu coração estava apertado, parecia
que João precisava lhe falar alguma coisa…

Então, de madrugada, Ana decidiu sair de seu barracão e


quando se aproximou da cerca, João, estava à sua espera,
ele lhe chamou e lhe disse baixinho:

- Ana, essa noite os negros todos vão fugir, não


aguentam mais serem maltratados por aqui. Nós vai
se encontrar com Sissi que vai levar nós prum
quilombo.
Ana perguntou:
- O que é um quilombo?
- É um lugar onde os negros vivem livre, em
comunidade, onde se vive do que se planta, bem
longe do chicote da escravidão dos brancos.
Ela perguntou:
- Você também vai?
- Eu estou partindo essa noite. Olha, eu sei que aqui
você é livre, que não precisa sair fugida, que é
arriscado, mas meu coração pede para eu te
perguntar antes de partir: você quer morar com nós?
Ana respondeu:
- De um certo modo, também me sinto prisioneira aqui
deste lado porque existe uma cerca que nos separa.
Sendo assim, também quero me libertar e ser livre
para te amar!

Assim, Ana fez uma trouxinha e partiu com o grupo, que


era muito grande. Nele, havia mulheres, crianças e até
idosos.

A caminhada era muito longa, e eles tinham que ir em total


silêncio para não levantar suspeitas da fuga.

Com muita dificuldade, depois de passarem bastante


sufoco, eles chegaram no local tão sonhado já
amanhecendo. Caminharam a noite inteirinha, mas graças
a Deus, chegaram bem. Foram recebidos com muito
carinho pelos outros que ali já moravam. Eles se
alimentaram com a sopa que o grupo tinha preparado e
descansaram.

No dia seguinte, eles puderam respirar pela primeira vez a


liberdade! Trabalhar pelo bem comum, para que todos
pudessem se alimentar e viver felizes!

Ana e João, pela primeira vez puderam se dar as mãos, se


abraçar e viver o amor junto daqueles que amavam!

Todas as noites, em volta do fogo, o grupo orava pelos


irmãos que ainda estavam presos nas fazendas, oprimidos
pela escravidão. E, assim como foram ajudados a escapar,
também se sentiam na obrigação de colaborar na
libertação dos irmãos em cativeiro.
E assim, de tanto em tanto tempo, eles se organizavam
para ajudar um grupo de escravos a fugir. E cada vez que
a empreitada dava certo, era uma festa no quilombo!

Acontece que de uma certa vez, foram ajudar na libertação


de uns irmãos numa certa fazenda, mas o capataz
percebeu o movimento e começou uma perseguição ao
grupo que tentava fugir. João, que ia por último, escoltando
o grupo, acabou sendo ferido pelas costas.

Com muita dificuldade, conseguiram chegar até o quilombo


e João teve que ser arrastado para seu barracão. Ana
cuidou de João, limpava sua ferida e passavam muito
tempo se olhando, orando, de mãos dadas…

Foram os dias mais felizes de Ana e João. Os dois nunca


tinham sido tão felizes quanto aqueles dias que passaram
juntos. João foi voltando à saúde, e os dois passaram a
viver juntos! Um só coração!

E assim se amaram e trabalharam duro pela comunidade,


que cada vez se tornava mais livre!

Depois de muitos anos, João já estava bem cansado de


tantos anos de trabalho, seu corpo já estava esgotado, sem
forças e chegava a hora dele partir.

Ana estava muito triste, pois temia a partida de João até


que, numa noite, ele falou para ela:
- Ana, não precisa chorar. Nada vai acabar! Pelo
contrário, nosso amor vai aumentar…
Ana perguntou:
- Mas como eu vou ficar aqui sem você?
- Para o verdadeiro amor não há tempo, nem distância.
Não estarei um só minuto longe de nosso amor! Para
sentir esse amor, basta que você também esteja
amando. A cada senhora que você ajudar, a cada
criança que você ninar, a cada flor que você plantar…
Todas as vezes que agradecer, nas suas orações,
você sentirá nosso amor mais forte do que nunca!
- Eu também sinto essa certeza dentro de mim.
Essa noite, os dois dormiram bem abraçados e João
partiu em paz, dormindo!

E essa foi a história de como vim parar aqui no quilombo.


Sinto João todos os dias, não me sinto sozinha! Trabalho,
cuido, planto, me alimento, agradeço em comunhão com
esse amor!
E é alegria desse amor que busco distribuir!

E todas as crianças vieram abraçar e beijar Ana, que


agradeceu, olhou para o céu e sentiu as estrelas também
sorrindo.

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