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2ª AULA - 09/03/2011
1. INTRODUÇÃO
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1.1. Localização no Código e terminologia
Localização
• CÓDIGO CIVIL
• PARTE ESPECIAL
• LIVRO III
• ARTIGOS 1.196-1.510
Terminologia
É o poder que liga uma pessoa diretamente à coisa, poder esse que é exercido pelo titular
independente de quem quer que seja (Chalhub).
É o poder da pessoa sobre a coisa, de modo direto e imediato, que se exerce erga omnes
(Rizzardo).
É a teoria mais adequada à realidade, segundo Gonçalves e Washington.
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1.2.2. Teoria personalista
Surgiu no final do séc. XIX, exposta por Windscheid na Alemanha e Planiol na França.
É uma das teorias unitárias, a outra é a impersonalista.
O direito é uma relação entre pessoas, não entre pessoa e coisa.
O direito real é uma obrigação passiva universal ou obrigação negativa universal.
Em contraste, há a teoria impersonalista, também unitária. Para esta teoria, os direitos
pessoais são absorvidos pelos direitos reais. Toda a obrigação tem um valor patrimonial
que não depende do devedor. O direito incide sobre a prestação, ou melhor, sobre o
patrimônio. O direito é despersonalizado e patrimonializado. Tanto os direitos
obrigacionais quantos os direitos reais fazem parte de uma realidade mais ampla que é o
direito patrimonial.
“A corrente eclética vê no direito real duas faces: uma face interna, que consiste no
poder direto e imediato de uma pessoa sobre uma coisa, e uma face externa, que consiste
na oponibilidade desse poder erga omnes” (Chalhub).
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3ª AULA - 14/03/ 2011
- São constituídos pela lei. Art.1225 - Pela vontade das partes e pela lei.
- Têm somente sujeito ativo. - Têm sujeito ativo e passivo.
- Objeto consiste em coisas
corpóreas e incorpóreas. - O objeto é uma prestação.
- São limitados, criados pela lei. - São ilimitados, criados pelas partes.
- Exercido direto sobre a coisa. - Exige um intermediário, o devedor.
- Não se extingue pela falta de uso. - Extingue-se pela inércia.
- Tem como prerrogativas o aban-
dono, a seqüela, o usucapião,
a posse e a preferência. - Não têm essas prerrogativas.
Há direitos reais cujos titulares não têm poder imediato sobre a coisa, p. ex., no
penhor, na hipoteca e nas servidões negativas; há direitos pessoais, cujos titulares têm
poder imediato sobre a coisa, p. ex., o locatário e o comodatário.
1.4. Características
- Direito absoluto
- Direito de seqüela.
- Direito de preferência:
- Oponibilidade erga omnes
- Aderência imediata ao bem.
- Obedece a numerus clausus
- Admite o abandono
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É por serem absolutos que os direitos reais gozam dos direitos de seqüela e preferência e
são opostos erga omnes.
Não se admite direito algum estritamente absoluto, sob pena de se negar o próprio
direito” (Silvio de Salvo Venosa).
Atinge um grupo de direitos reais. O grupo de direito real de garantia. Ligado as dividas
assumidas.
Restrito aos direitos reais de garantia (Penhor, hipoteca, anticrese).
O credor, titular de direito real de garantia, concorrendo com um credor quirografário
(sem garantia real), recebe o pagamento em primeiro lugar o credor de garantia real.
Está disciplinado no artigo 1.419 do Código Civil: “Nas dívidas garantidas por penhor,
anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao
cumprimento da obrigação”.
*Penhor e Penhora:
Penhor- direito real de garantia, que recai apenas sobre bens MÓVEIS. O devedor
empenha um bem seu, em garantia de uma divida sua.
Penhora- é um ato judicial do processo de execução. O credor vai penhorar um
bem do devedor. Pode ser qualquer bem.
Pode ser oposto perante todos, perante quem quer que atente contra o seu direito.
Observa-se que, no direito real, diferentemente do direito obrigacional, o titular
não tem relação jurídica com outra pessoa.
Então, ele vai fazer valer o seu direito contra qualquer pessoa que o moleste.
Constituído o direito real, esse direito adere a coisa , se liga a ela e acompanha a coisa
por onde quer que ela ande.
O direito real:
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“liga-se ao objeto como se fosse mancha misturada à sua cor, como se fosse uma ferida ou
uma cicatriz calcada em sua face” (Silvio Rodrigues),
São criados por lei. A lei os enumera de forma taxativa, não admitindo
interpretação analógica.
Código Civil
Art. 1.225. São direitos reais:
I – a propriedade;
II – a superfície;
III – as servidões;
IV – o usufruto;
V – o uso;
VI – a habitação;
VII – o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;
X – a anticrese;
XI – a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII – a concessão de direito real de uso.
* Washington de Barros Monteiro destoa, dizendo que “as próprias partes podem
criar outros direitos reais, desde que não contrarie princípios de ordem pública .
Os direitos reais podem abandonar a coisa, nos obrigacionais não podem abandonar a
coisa.
O titular pode abandonar a coisa.
1.5. Evolução
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O direito das coisas, ensina Washington de Barros Monteiro, é a parte do Direito
Civil que mais tempo se manteve fiel aos princípios individualistas da tradição romana, que
traçaram a história da humanidade.
Contudo, o direito das coisas vem sofrendo profundas alterações. Vários são os
fatores, sendo o principal a preponderância, cada vez maior, do interesse público sobre o
interesse particular.
Antigamente, a propriedade era o centro de todo o direito das coisas (dos direitos
reais), caracterizado pelo princípio essencialmente individualista. A relação jurídica era
puramente privada e individual. A propriedade era sagrada e absoluta. O titular podia
usar, gozar e dispor da coisa que lhe pertencia do modo que melhor lhe interessasse, sem
sofrer qualquer restrição. Todas as legislações tornavam a propriedade intangível,
absoluta.
Porém, aos poucos, a concepção egoísta e individualista foi cedendo lugar ao interesse
social. Antes tempos a propriedade compreendia a superfície, o espaço aéreo e o subsolo.
No Brasil, por exemplo, sobreveio o Código de Minas (Dec. N. 24.642, de 10-7-1934),
que separou a jazida e o solo, restringindo o direito de propriedade.
Da mesma forma, o Código das Águas (Dec. nº 24.643, de 10-7-1934).
Também, a liberdade de construir em terrenos urbanos sofre restrições do poder
público municipal, que pode impor altura, recuo do alinhamento, etc..
Os progressos sociais, visando a distribuição de riquezas, introduziu a função social
da propriedade (CF, art. 170). A propriedade hoje tem a função de gerar novas riquezas,
mais trabalho e mais emprego, para o bem geral do povo. Aquele proprietário, referido por
Demogue e citado por José Antônio Nogueira, diz Washington, não poderia, em função do
Decreto-lei nº 7.917, de 30-8-1945, junto a um hangar traçar a sua propriedade de
altíssimas hastes de metal, destinadas a dificultar a aviação aérea sobre o que lhe
pertencia.
Outra significativa limitação ao direito de propriedade diz respeito à legislação sobre
o meio ambiente, que proíbe ao titular da coisa o uso de forma a causar impacto
ambiental negativo.
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4.ª AULA – 16/03/ 2011
1.6.1. Segundo a sua formação: direitos reais na coisa própria e direitos reais na coisa
alheia
Questão de prova: Uma pessoa tem usufruto, depois ele arruma uma
companheira, ele morre, a companheira tem direito de continuar no usufruto? NÃO,
porque o usufruto não se transfere, é um direito personalíssimo.
1.6.2.2.2. Incorpóreos. Direitos sobre direitos. Ex. usufruto e o penhor sobre créditos
(direitos pessoais). As produções do espírito como as literárias, artísticas, científicas e
industriais. Ex: direitos de determinado autor, pelas obras.
São formados a partir de fatos jurídicos lato sensu. Podem ser negócios jurídicos
( obrigações, direitos obrigacionais, contratos).
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Na aquisição de usufruto pelo testamento, o testamento é a relação causal do
usufruto.
A conexão entre o efeito e a causa é que norteia a eficácia do direito real.
Orientação tradicional.
Se o negócio jurídico que deu causa for nulo, nula será a aquisição do direito real. A
aquisição é condicionada à validade do título.
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5.ª AULA – 21/03/ 2011
2. POSSE – poder físico sobre alguma coisa, não precisa ser proprietário para ter posse.
Define a posse como sendo o poder direto ou imediato que tem a pessoa de dispor
fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e defendê-lo contra a intervenção
ou agressão de quem quer que seja.
Aquele que tem o corpus, mas não tem o animus, para essa teoria, possuidor não é,
mas sim mero detentor.
Essa teoria teve grande aceitação no século XIX,foi dominante mas não é mais
seguida pelo pensamento moderno.
No entanto, o Código Civil de 2.002, nos artigos 1.204 e 1.223, guarda resquícios
dessa concepção.
Basta o corpus, pois o animus está inserido no poder de fato exercido sobre a coisa.
“O animus nada mais é que o propósito de servir-se da coisa como proprietário”
(Silvio Rodrigues).
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“A posse vem a ser o exercício de um poder sobre a coisa correspondente ao da
propriedade ou de outro direito real” (Orlando Gomes).
A concretização da posse se dá com o poder físico e a utilização econômica,
traduzida no interesse juridicamente protegido (Arnaldo Rizzardo ).
Na posse há dois elementos que a integra: o poder físico sobre a coisa e o interesse
de utilizá-la economicamente (Rizzardo).
“O animus é tão-somente a vontade de proceder como procede habitualmente o
proprietário – affectio tenendi – independentemente de querer ser dono” (Chalub).
O locatário, o comodatário, o depositário, o usufrutuário, o depositário, o
mandatário, o transportador, o administrador etc., são considerados possuidores.
(Rizzardo).
Influenciou o Código Civil alemão (BGB) e foi seguida pelos Códigos da Suíça, China,
México, Peru (Orlando Gomes).
O Código Civil brasileiro adotou a teoria de Ihering, como se observa no artigo
1.196.
- Definições da posse
Podemos dizer que posse é o pleno exercício de fato de um ou alguns dos poderes
inerentes ao domínio.
Código Civil:
- Art. 1.196. Considera possuidor aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não,
de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Usar significa utilizar a coisa, aproveitar as utilidades que ela oferece. Ex.: utilizar
a casa para moradia.
Dispor é o poder que o possuidor tem de transmitir por venda, doação, permuta,
dação, etc., o bem; gravá-lo, modificá-lo, transformá-lo, destruí-lo. É próprio de quem
seja o proprietário.
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2.2. Origem.
Duas teorias:
Quando havia uma disputa sobre alguma coisa, essa disputa era sobre propriedade, as
partes iam ao credor e diziam que a coisa lhe pertencia, o credor recebia o processo e ia
instruir, e o credor julgasse e dissesse de quem era a coisa, essa coisa antes tinha que
ficar com alguém, só que ele não sabia ser era dono ou não. A situação jurídica em que ele
recebia a coisa era que ele era POSSUIDOR.
A posse é explicada a partir das medidas arbitrárias tomadas pelo pretor.
Na fase inicial da reivindicatória, era outorgada a uma das partes a guarda ou a detenção
da coisa.
Essa situação provisória acabava por se consolidar, ante a inércia das partes, pois aquele
que recebia o bem objeto do litígio perdia o interesse na ação. Com o tempo, passou-se a
usar um critério mais justo, beneficiando aquele litigante que apresentasse melhor prova.
Com mais razão, aumentava o desinteresse das partes, a beneficiada porque já estava com
o bem, a antagonista porque já antevia o malogro da pretensão. Esse procedimento
preliminar foi ganhando caráter de mérito, passando a um processo declaratório do
estado de fato existente, com o fito não só de garanti-lo, mas, também, de defendê-lo.
2.3. Detenção.
Ocorre quando alguém cuida da posse de outrem a quem ele esteja subordinado. A
detenção está ligada a SUBORDINAÇÃO.
Artigos 1.198 e 1.208, do Código Civil - Casos em que a posse não se configura.
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“São todos aqueles que estão unidos a um possuidor por um vínculo de subordinação,
oriundo de relação de direito privado, como de direito público, pouco
importando, ...”(Orlando Gomes).
Também, não induzem posse os atos de mera permissão, tolerância, indulgência, e, bem
como, não autorizam sua aquisição os atos violentos ou clandestinos, antes de cessadas a
violência e a clandestinidade (CC, art. 1.208).. Ex.: permissão para que o vizinho passe pelo
jardim da outra casa,; o fazendeiro que permite a outro limítrofe que passe por sua
propriedade, fazendo um atalho.
Vide:
Há três correntes:
- a posse é um fato.
- a posse é um direito.
- a posse é, simultaneamente, um fato e um direito.
A posse é um fato, “uma vez que não tem autonomia, não tem valor jurídico próprio. O fato
possessório não está subordinado aos princípios que regulam a relação jurídica no seu
nascimento” (Gonçalves). São partidários: Windscheid, Pacificci-Mazzoni, Bonfante,
Dernrburg, Trabucchi, Cujacius, Planiol, Arnoldo Wald, Silvio Rodrigues.
É defendida por Jhering. Para ele, direitos são interesses juridicamente protegidos, e a
posse, consistindo num interesse juridicamente protegido, é direito, no caso, um direito
real.
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São seguidores: Gans, Puchta e Beckker, na Alemanha; na França, Laurent; na Itália,
Chironi, Filomusi-Guelfi, Ferrara; na Argentina, Salvat, Ovejero, Lafaile; no Brasil,
Orlando Gomes, Caio Mário, Melhim Namem Chalhub, Serpa Lopes, Maria Helena Diniz).
A posse guardaria todas as características dos direitos reais: oponibilidade erga omnes,
indeterminação do sujeito passivo, incidência em objeto obrigatoriamente determinado.
* Clóvis Beviláqua, seguido por Carlos Roberto Gonçalves, afirma que a posse não é um
direito real, mas direito especial.
* Paulo Nader afirma que “a posse, à luz do Direito pátrio, não configura direito real, mas
pessoal, pois não incluída no elenco dos direitos reais, estabelecido no art. 1.225 .
O bem acessório, quando parte integrante da coisa principal, também, não pode ser objeto
de posse, diz Maria Helena Diniz.
Alguns autores aceitam a posse dos direitos reais de fruição: uso, usufruto, habitação e
servidões, discrepando quanto à enfiteuse, e dos direitos reais de garantia, penhor e
anticrese, com exceção da hipoteca.
Discute-se se pode haver posse de direitos pessoais. Aqueles que entendem ser a posse
um fato, repelem a idéia de que os direitos pessoais possam ser seu objeto.
No entanto, alerta Orlando Gomes, que não pode ser a posse de qualquer direito pessoal.
Exige-se que esse direito pessoal, para que seja objeto da posse, tenha conteúdo
patrimonial, pois o que Jhering afirmou “foi que a posse é a exterioridade da propriedade;
a condição de utilização econômica desse direito”.
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Nesse sentido, Orlando Gomes, que a razão está com Vicente Rao, quando ensina que os
únicos direitos suscetíveis de posse são: a) o domínio; b) os direitos reais que do domínio
se desmembram e subsistem como entidades distintas e independentes; c) os demais
direitos que, fazendo parte do patrimônio da pessoa, podem ser reduzidos a valor
pecuniário.
2.6.1. Quanto à extensão da garantia: posse direta e posse indireta ou posses parelalas –
CC/02, arts. 1.196, 1.197
1.6.1.1. Posse direta- o proprietário quando está com o bem, tem posse direta (sujeição da
coisa a uma pessoa). Ex: eu tenho posse direta sobre meus pertences. Ex: (locador que
cede o uso ao locatário, comodato quando se empresta um bem ao outrem transfere-se a
posse direta. O comodatário é um possuidor direto. este dono cede um dos poderes seus, o
uso.Quando ele cede o uso ele cede a posse.
2.6.1.2. Posse indireta -É uma criação jurídica, nasce quando se transfere a direta. O
proprietário quando cede o uso e gozo, passa a posse para outrem e passa a ser um
possuidor indireto. Por força da obrigação do contrato de locação quer dizer por força do
contrato.
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A posse indireta não subsiste sem a direta. A posse indireta só existe quando a direta é
retirada do dono. A posse direta nem sempre precisa da indireta.
Mas a posse direta nem sempre pressupõe a posse indireta, como ocorre com o
proprietário e o possuidor usucapiente, que têm posse direta sem que exista a posse
indireta.
O proprietário, quando reúne consigo todos os elementos constitutivos da propriedade,
exerce posse direta, sem que haja posse indireta.
O possuidor usucapiente também exerce posse direta sem que exista um proprietário
exercendo alguma dominação ou algum poder sobre o bem.
Código Civil
Art. 1.197 – A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Exercício simultâneo da posse: Composse (pro diviso e pro indiviso). É a posse simultânea,
existe com duas ou mais pessoas que exercem posse sobre a mesma coisa. Ex: (marido e
mulher sobre os bens do casal são compossuidores)
Código Civil:
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer
sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores”.
Exemplos de compossuidores:
A composse cessa pela divisão da coisa comum ou pela posse exclusiva de um dos sócios
que isole uma parte dela, sem oposição dos outros.
2.6.2.1. Composse pro diviso – existe de direito mas não existe de fato.
Não há uma divisão de direito, mas o bem de fato já foi repartido, já houve a divisão.
Não divisão de direito nem (de fato) – quando se faz as coisas fora das regulamentações
As pessoas possuem em conjunto um bem, tendo apenas uma parte ideal dele.
Ex.:Três pessoas têm a posse de um terreno, porém, ainda não foi determinada qual a
parcela que cabe a cada uma. Então, cada uma das três pessoas possui a terça parte ideal
do terreno.
2.6.3. Quanto aos vícios objetivos: posse justa e posse injusta - CC, art. 1.200
2.6.3.1. Posse justa- tem direito de defender a posse, inclusive contra o proprietário
porque ele adquiriu a posse de forma LEGAL.
A posse é justa quando não foi adquirida de forma violenta, clandestina ou precária.
A posse é violenta, quando adquirida por meio de força física ou coação moral.
A posse é clandestina, quando adquirida às ocultas de quem tenha direitos sobre o bem.
Ocorre, com mais freqüência, nas invasões, sem a presença do possuidor, e nas alterações
de divisas entre terrenos, sem que seja perceptível a alteração. (Rizzardo)
Forma precária- posse injusta= Num primeiro momento a posse é justa mas num segundo
ela se torna injusta, decorre do abuso de confiança. Ex: comodato- o proprietário
empresta um bem, e depois o proprietário precisa e pede. O cara não devolve ao
proprietário, logo o comodatário é avisado em 30 dias. Se ele sai antes a posse é justa se
ele sai depois a posse é injusta.
A posse é precária, quando o possuidor age com abuso de confiança, não devolvendo o bem,
a quem lhe cedera a posse, depois de vencido o prazo.
A injustiça da posse se caracteriza não no momento da aquisição, mas quando o possuidor
se recusa a devolver a coisa. (Rizzardo)
É originária do abuso de confiança daquele que recebeu a coisa com o dever de restituí-la.
O vício, aqui, não é contemporâneo da aquisição da posse.
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Vide:- AC N° 70000530352 – 19ª CC – TJRS – Rel. Desa. Elba Aparecida Nicolli
Bastos – J. 05/12/2000. Trata de um comodato, abordando a posse precária. Também,
afasta o pedido de usucapião dos comodatários.
2.6.3.2. Posse injusta –Art.1200 CC. É injusta porque adquiriu a posse mediante violência, a
posse pode ser injusta quando é adquirida as ocultas (sorrateiramente) ex: MST
A posse injusta é a que foi adquirida com algum dos vícios da violência, clandestinidade e
precariedade.
2.6.4.1. Posse de boa-fé – CC, art. 1.201, § único – quando não existe vicio ou se existe o
possuir desconhece-o. ex: locatório na vigência de um contrato está de boa fé,o
comodatário está de boa fé, se vence o contrato ele está de má fé.
É aquela em que o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo, que lhe impede a aquisição da
coisa ou do direito possuído.
2.6.4.2. Posse de má-fé – CC, art. 1.202 – quando vence o contrato e o bem não é
devolvido. Ele sabe que a posse é injusta, conhece o vicio.
2.6.5.1. Posse nova – quem perdeu a posse até um ano e um dia perdeu uma posse que é
nova, isso em relação a quem ganhou a posse
2.6.6. Quanto aos efeitos : posse “ad inderdicta” e posse “ad usucapionem”
2.6.6.1.“Ad interdicta”
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“Ad interdicta” é a posse que pode ser amparada nos interditos, se ameaçada, turbada ou
esbulhada.
É posse dita dos interditos (probir), se eu tenho posse eu tenho como efeito, direito de
defende-lo. Interdita é defesa da posse, quem tem posse tem direito de defesa.
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7.ª AULA – 28/03/ 2011
Código Civil
Art. 1.204 - Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício,
em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Independe de translatividade.
É pela apreensão da coisa que o possuidor passa a dispor livremente dela, exteriorizando o
seu domínio.
Essa apreensão é unilateral, pois recai sobre coisa abandonada (res delictae), por não ser
de ninguém (res nullius) ou sobre bens de outrem, sem seu consentimento, com vícios
(violência, clandestinidade), desde que cessados há mais de ano e dia. ( Maria Helena
Diniz)
b) Exercício do direito
Ter exercício do direito significa poder usá-lo, aproveitando suas vantagens. Exercer o
direito é tirar proveito de sua utilidade econômica, é manifestá-lo externamente.
O exemplo clássico, é a hipótese de quem constrói um aqueduto em terreno alheio,
utilizando-o, sem oposição do proprietário, circunstância que evidencia o exercício da
posse de uma servidão. Com o decurso do prazo legal, essa posse poderá ser defendida
pelos interditos possessórios. (Carlos Roberto Gonçalves e Maria Helena Diniz).
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c) Disposição da coisa ou do direito
a) Tradição
É a entrega material propriamente dita, como ocorre quando o vendedor passa às mãos do
comprador a coisa vendida.
a3) Consensual
É o caso de quem possui coisa que não lhe pertence e adquire a propriedade desta coisa,
como, por exemplo, o arrendatário e o comodatário que adquire a coisa arrendada ou
emprestada.
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Também, chamada cláusula constituti , tem significado contrário a tradictio brevi manu,
porque ocorre quando alguém que possui o bem na condição de proprietário, aliena-o, mas
continua na posse, agora, de um bem alheio.
Nenhum ato exterior se opera em relação à posse. É o caso daquele que, possuindo um
imóvel na qualidade de proprietário, vende-o passando a possui-lo como locatário.
Obs.: Alguns autores incluem, ainda, como forma consensual, a tradictio longa manu.
Nesta forma não é preciso que o adquirente ponha a mão na própria coisa, como é o caso
de uma fazenda, bastando, para adquirir a posse, que ela esteja à sua disposição
b) Acessão
b2) Mortis causa - CC, art. 1.784; CC, art. 1.206; CC, art. 1.207.
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Com a morte, a posse de logo se transfere aos herdeiros.
Não é necessário qualquer ato.
A transferência é instantânea.
Pode ser a título universal, como sempre ocorre na sucessão legítima, ou a título singular,
como pode ocorrer na sucessão testamentária, quando o testador deixa em benefício de
alguém um bem determinado, individualizado, denominado legado .
A acessão a título universal é chamada de sucessão.
A posse pode ser adquirida pela própria pessoa interessada; por seu
representante; por terceiro sem procuração – CC, art. 1.205, I e II.
Código Civil, art. 1.223 – “Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do
possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art.1.196)”.
2 a) Pelo abandono
b) Pela tradição
Ocorre quando a coisa é colocada fora do comércio por motivo de ordem pública,
moralidade, higiene, segurança. Torna-se impossível exercer os poderes inerentes ao
domínio.
O possuidor que possuía a coisa como sua propriedade continua a possuí-la, mas não
mais como sua. A situação, em relação ao corpus permanece inalterada, mas o affectio
tenendi se extingue.
b) Pela prescrição
c) Perda da posse para o ausente, ou para o possuidor que não presenciou o esbulho
(CC/02, art. 1.224).
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O ausente, tendo notícia da ocupação, abstém-se de retomar o bem,
abandonando seu direito. Ou tentando recuperá-lo é violentamente repelido. Nesta
hipótese, o ausente não estaria sendo usado no sentido técnico.
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8.ª AULA – 30/03/ 2011
Maria Helena Diniz, seguindo Clóvis Beviláqua, diz que são sete os efeitos da
posse.
Optamos pela seleção de Silvio Rodrigues, que afirma serem efeitos da posse:
I – Proteção possessória;
II – Percepção dos frutos;
III – Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa;
IV – Indenização por benfeitorias e o direito de retenção para garantir seu
pagamento;
V – Usucapião.
Conquanto a defesa do direito violado ou ameaçado deva ser feita pelo Estado, por
intermédio do Poder Judiciário, o legislador, por questão de celeridade, autorizou a vítima
a defender-se diretamente, com seus próprios meios, desde que o faça logo e com uso de
meios proporcionais à agressão.
Esse dispositivo prevê duas situações diferentes: a legítima defesa da posse, no caso
de turbação; e o desforço imediato, no caso de esbulho. (Washington)
É a autotutela da posse.
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Contrário a essa idéia, temos Orlando Gomes que, referindo-se as pessoas detentoras,
assevera: “A elas se reconhece, por exemplo, o direito ao desforço in continenti, na
hipótese de turbação da posse, o qual, embora em caráter de exceção, é um meio de
defesa da posse.
Arnaldo Rizzardo parece compartilhar da idéia de Orlando Gomes, à medida que o cita
e se refere a Guido Arzua, no mesmo sentido: “É deles também o direito de exercer a
defesa contra terceiros: eles podem exercê-la fora, porque têm a coisa para protege-la
sob as ordens do possuidor ou como auxiliares deles”.
b) Os interditos possessórios.
Interditos possessórios são ações processuais que o possuidor pode usar para defender
a sua posse.
Interditos (interdicere = proibir) era o nome usado pelo pretor romano para designar
as medidas que paralisavam a penetração do terceiro na esfera jurídica do possuidor,
hoje, chamadas ações possessórias. (Caio Mario)
É a ação deve intentar aquele que sofreu esbulho, ou seja, por violência,
clandestinidade ou precariedade, perdeu, contra a sua vontade, a posse da coisa.
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O esbulhado deve provar o esbulho pela violência ou clandestinidade, ocorrido a
menos de ano e dia, ou pela precariedade.
Código Civil, artigo 1.210 – O possuidor tem direito de ser mantido na posse, em caso
de turbação, restituído, no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo
receio de ser molestado .
Código de Processo Civil, artigo 926 – O possuidor tem direito a ser mantido na posse
em caso de turbação e reintegrado no de esbulho.
O possuidor deve provar a sua posse, a ameaça e o justo receio de ser molestado
ou esbulhado.
O Código Civil de 1.916, artigo 501, prescrevia – O possuidor, que tenha justo
receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da violência
iminente, cominando pena a quem lhe transgredir o preceito . Esta regra está no artigo
1.210, última parte do Código atual.
Código de Processo Civil, artigo 932 – O possuidor direto ou indireto, que tenha
justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da
turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu
determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito.”
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- A ocupação de bem público, ainda que dominical, não passa de mera detenção,
caso em que se afigura inadmissível o pleito de proteção possessória contra o órgão
público. Não induzem posse os atos de mera tolerância (art. 497 do CC/1916).
Recurso Especial não conhecido. (REsp N.º 146.367-DF – Rel. Min. Barros
Monteiro – J. 14/12/2004).
Antes, diz Sílvio Rodirgues (nrp,p.59), este dispositivo continha uma segunda parte,
assim: “Nada obsta, porém, à manutenção ou reintegração na posse a alegação de domínio
ou de outro direito sobre a coisa; caso em que a posse será julgada em favor daquele a
quem evidentemente pertencer o domínio.
Esta segunda parte foi suprimida pela Lei n.º 6.820, de 16 de setembro de 1980, o que
levou Theotônio Negrão informar, diz Sílvio Rodirgues, “em seu Código de Processo Civil e
legislação processual, que para uma corrente a exceptio proprietis não mais existe em
nosso direito, por ter sido suprimida por aquela lei de 1980”
Veja-se que o novo código suprimiu a segunda parte do artigo 505 do antigo.
Súmula 487 – “Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com
base neste for ela disputada”.
29
Ainda, Sílvio Rodrigues afirma que a jurisprudência limitou a possibilidade da exceção
do domínio a duas hipóteses:
“A segunda, quando o exame da prova produzida não tenha sido capaz de dissipar a
dúvida no que respeita ao verdadeiro possuidor”.
Visa a impedir que o domínio ou a posse de um imóvel seja prejudicada por obra nova do
prédio vizinho.
Ex.: Proibição de se construir janela a menos de metro e meio da divisa. Esta ação é
possível se a obra ainda está em construção.
É a medida preventiva que a lei coloca à disposição do possuidor que tenha fundado
receio de que a ruína ou a demolição ou vício de construção do prédio vizinho ao seu venha
causar-lhe prejuízos. O possuidor busca, na sentença, caução que lhe garanta eventual
prejuízo.
Código Civil, artigo 1.280 - “O proprietário ou possuidor tem direito a exigir do dono
do prédio vizinho a demolição, ou reparação deste, quando ameace ruína, bem como que
lhe preste caução pelo dano iminente”.
Busca a aquisição da posse via judicial. Não a contemplou o atual estatuto processual.
Previa-a o Código de Processo Civil de 1939, nos seguintes casos, diz Sílvio Rodrigues:
30
- Aos adquirentes de bens, para haverem a respectiva posse, contra os alienantes ou
terceiros, que os detenham;
- Aos mandatários, para receberem dos antecessores a posse dos bens dos mandantes.
É a ação de que se utiliza aquele que, não sendo parte num processo, sofre turbação ou
esbulho em sua posse, ou direito, pelo meio da apreensão judicial, como a penhora, o
depósito, o arresto, seqüestro, venda judicial, arrecadação, partilha, etc..
31
9.ª AULA - 04/04/ 2011
a) Definição de frutos:
São utilidades produzidas periodicamente pela coisa, que podem ser percebidas
sem perda da sua substância.
b3) Civis – advém de rendas de coisa frugífera. Ex.: juros, dividendos, aluguéis.
d) Conseqüências:
d1) O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos (CC, art. 1.214,
“caput”).
d2) O possuidor de boa-fé, explica Orlando Gomes, não tem direito aos frutos
pendentes, no momento em que cessa sua boa-fé.
a) Conceito de benfeitorias:
33
- ao levantamento das benfeitorias voluptuárias, se com a sua extração a coisa não
sofre dano, mas o proprietário pode se opor e impedir a retirada, se puderem ser
extraídas, pagando o preço delas; se não puderem ser extraídas, o proprietário da coisa,
também, não precisa indenizar (Orlando Gomes).
Contudo, Arnaldo Rizzardo, citando Renan Falcão de Azevedo, diz que a benfeitoria
voluptuária deve ser indenizada quando:
- existir boa-fé;
- a benfeitoria não puder ser levantada sem detrimento do bem principal ou dela
própria;
- houver considerável valorização do bem principal em razão da benfeitoria;
- a benfeitoria tenha sido realizada antes da reivindicação da coisa.
É o direito que tem o possuidor de boa-fé de reter a coisa enquanto não for
indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis realizadas na coisa.
Por fim, as benfeitorias são ressarcidas se existirem ao tempo da evicção (CC, art.
1.221). E o reivindicante, para indenizar o possuidor de má-fé, pode optar entre o valor
atual e o custo da benfeitoria (CC, art. 1.222, 1.ª parte), para o possuidor de boa-fé, a
indenização vai ser sobre o valor atual da benfeitoria (CC, art. 1.222, 2.ª parte)
34
10.ª AULA – 06/04/ 2011
b) Propriedade individualista.
Nos seus primórdios, a propriedade era da cidade ou gens. Cada indivíduo possuía uma
restrita gleba, em torno de meio hectare.
Maria Helena Diniz, citando Hahneman Guimarães, faz referência às várias etapas
porque passou a propriedade:
4.º) propriedade individual nos moldes capitalistas, ou seja, podendo seu dono
explorá-la de modo absoluto.
c) Idade Média.
Entre nós, diz Caio Mário, que “a organização feudal compareceu no transitório regime
das capitanias hereditárias”, no início da colonização.
Houve, diz Orlando Gomes, na idade média, uma quebra do conceito individualista, ou
unitário, (cada coisa tem apenas um dono) dos romanos, com a dissociação entre domínio
eminente e domínio útil, pois o titular do domínio útil, tem a coisa de forma perpétua, o
que se constitui numa propriedade paralela.
d) Revolução francesa.
a) Teoria da ocupação
Fundamenta-se na ocupação de coisas ainda não apropriadas por quem quer que seja.
É muito criticada porque a propriedade só pode surgir sob o império da legislação,
que, pressupondo a propriedade individual, organize-a .
Ademais, a propriedade em muitas vezes é fruto da violência. E no nosso continente,
sabemos que o europeu tomou as terras dos índios, tornando-se propriedade pelo uso da
violência.
E, na atualidade, ante a dificuldade de se encontrar coisas sem dono, a teoria
dificilmente encontraria aplicação.
c. Teoria da especificação
36
A propriedade seria conseqüência do trabalho humano.
Essa teoria, conforme Marcel Planiol, é falsa, porque o trabalho é recompensado pelo
salário e não pela coisa por ele produzida. E não seria possível conviver-se com múltiplas
propriedades sobre uma mesma coisa produzida por várias pessoas, numa fábrica. Daria
azo à expoliação, em virtude das várias fases porque passa a transformação da matéria.
3.1.3. Características
Exceções:
Pacto de melhor comprador (CC/16, art. 1.158; sdc) – estipula-se que o desfazimento
do negócio, se dentro de determinado prazo aparecer quem ofereça maior vantagem.
Código Civil,
São elementos constitutivos: usar, gozar e dispor, que correspondem aos mesmos
atributos da propriedade romana, jus utendi, fruendi et abutendi.
Usar compreende o direito de exigir da coisa tudo o que ela pode produzir, sem que
se altere a sua substância.
Assim, por exemplo, usar uma casa quer dizer habitá-la; gozar dela significa alugá-la;
e dispor é o poder de demoli-la, vendê-la, etc..
3.1.6. Objeto
38
- Quando o objeto da propriedade é bem móvel, não há dificuldade de se
determinar sua extensão, já que ocupado espaço bem definido.
- Contudo, quando se trata de bem imóvel, determinar sua extensão, na direção
vertical, torna-se bem mais difícil. A propriedade, nesse caso, não se limita à superfície,
estende-se ao subsolo e ao espaço aéreo.
- Os romanos afirmavam que aquele que é dono do solo, dono é até o céu e até o
centro da terra. Esse princípio vigorou na Idade Média e penetrou no direito moderno por
força do Código de Napoleão, que o consagrou no artigo 552.
- O Código Civil alemão impôs limite à extensão vertical, orientando no sentido de
que o proprietário não pode se opor ao que se faça a certa altura ou certa profundidade
que não lhe interesse impedir.
- O Código Civil suíço foi mais claro, determinando, em seu artigo 667, a
propriedade do solo está acima e abaixo, na altura e na profundidade úteis ao seu
exercício.
- O nosso Novo Código Civil, em seu artigo 1.229, conjugou as orientações alemã e
suíça, estatuindo que “a propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo
correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o
proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou
profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las”.
- Espaço aéreo – CC/02, art. 1.229; CC/16. art. 526. Vide artigo 8º, do Decreto-lei
nº 271, de 28.02.67.
- Minas e jazidas – CF, art. 176; Cód. Mineração, art.84.
- Proteção específica. Ação de reivindicação.
- Frutos e produtos. CC/02, art. 1.232.
- Segurança do prédio contra dano iminente. CC/02, art. 1.281.
39
3.1.9. Da Descoberta – CC, arts. 1.233 – 1.237
No Código Civil/16, este tema era chamado de invenção e tratado como forma de
aquisição da propriedade (CC/16, art. 603).
Agora, passou para a seção II do capítulo I que trata da propriedade em geral.
No Código Civil/02:
40
11.ª AULA – 11/04/ 2011
Há dois atos jurídicos independentes, quais sejam, o ato que cria a obrigação de
transferir a propriedade e o ato jurídico que transfere a propriedade.
O ato de transmissão da propriedade abstrai-se da causa, desvincula-se do ato que
criou a obrigação de transferir.
O ato que cria a obrigação não é suficiente para transferir a propriedade,
necessitando de outro ato que é o da transferência.
O vício que houver no primeiro ato não atinge o segundo.
A propriedade tem presunção absoluta.
Rizzardo, citando Vilobaldo Bastos de Magalhães, diz: “Compreende-se assim que, na
transmissão do domínio, torna-se necessário que as partes, além do negócio causal
produtivo de obrigações, como a compra e venda regulamentada nos arts. 433 e seguintes
do Código Civil alemão, celebrem ainda negócio de cumprimento, que se constitui, quanto
aos móveis, da entrega da coisa e do acordo translativo prescrito no art. 929 e, quanto
41
aos imóveis, do convênio de transmissão e sua inscrição no registro competente,
consignados no art. 873. Trata-se do chamado princípio do consentimento, por força do
qual as partes firmam dois acordos, um sobre a obrigação de transferir o domínio (negócio
causal e obrigatório), e outro sobre a própria transmissão (negócio de disposição).
* Sistema brasileiro.
“Adotou o sistema germânico, mas sem afastar a natureza causal”, diz Arnaldo Rizzardo.
A transcrição gera apenas presunção da propriedade.
Se o título for nulo, o registro também o será.
O proprietário é proprietário até prova em contrário. (Vide CC/16, art. 859).
b) Modos de aquisição
b3.1) A título singular: todos os que não forem por sucessão hereditária. Por atos inter
vivos, exceto os legados que têm caráter singular.
42
Quando se trata de bens imóveis, a aquisição da propriedade se dá por meio do
registro ou transcrição, acessão, usucapião e sucessão hereditária.
a) Sistema alemão:
b) Sistema causal:
Jurisprudência:
43
CIVIL - PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL - ALIENAÇÃO JUDICIAL DE
BEM ADQUIRIDO POR MEIO DE CESSÃO DE DIREITOS - ARTS. 1112 E 117, DO
CPC - AUSÊNCIA DE REGISTRO DO TÍTULO - TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE
NÃO CONSUMADA - IMPOSSIBILIDADE.
1 - O novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002), no que tange à forma
de aquisição da propriedade imóvel, manteve a sistemática adotada
pelo diploma anterior, exigindo, para tanto, a transcrição do título
translativo em registro público apropriado (art. 1.245). Ademais,
conforme reza o art. 108, do mesmo diploma legal, “não dispondo a
lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos quem visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País”.
2 - No caso, observo que, além de não obedecer à forma prescrita em
lei, a cessão de direitos em questão não foi levada a registro,
deixando de produzir, portanto, o necessário efeito translativo da
propriedade, fato este que permitiria a recorrente que se utilizasse
do procedimento da alienação judicial, inserto na lei processual
civil, com vistas à vender o imóvel em apreço. Destarte, não
transmitida a propriedade, mas apenas cedidos os direitos em relação
ao bem em contenda, impossível a sua alienação judicial, nos termos
dos arts. 1.112, IV, e art. 1.117, II, ambos do Código de Processo
Civil.
3 - Recurso não conhecido.
(REsp N° 254875-SP. 4ª T. STJ. Rel. Min. Jorge Scatezzini. J. 5/8/2004)
Retificação de registro
O registro, se não conferir com a realidade dos fatos, pode ser retificado,
mediante pedido do prejudicado.
44
Na verdade a retificação presta-se para recolocar em termos corretos aquilo que não
está correto” (Rizzardo).
Ainda, o artigo 216, da Lei dos Registros Públicos, dispõe que o registro poderá
também ser retificado ou anulado por sentença em processo contencioso, ou por efeito do
julgado em ação de anulação ou de declaração de nulidade de ato jurídico, ou de julgado
sobre fraude à execução.
45
O nome advém de seu criador – Robert Richard Torrens, que o introduziu na
Austrália em 1853, difundindo-se daí, rapidamente, para as Colônias Inglesas e países
europeus.
No Brasil, foi implantado por Rui Barbosa, que elaborou o Decreto nº 452-B, de
31.05.1890.
Está previsto no artigo 277-288, da LRP.
Trata-se de um registro especial, destinado a imóveis rurais (LRP, art.277),
com o objetivo de dar total segurança ao portador, de modo que fica protegido contra
alegação de qualquer vício ou dúvida sobre “autenticidade e a legalidade do domínio”
(Rizzardo).
46
12.ª AULA – 13/04/ 2011
Concepção lata :
Em suma:
47
Natural: A união da coisa acessória à principal resulta de um acontecimento
natural. Ex.: aluvião, avulsão e formação de ilhas.
3.2.1.2.3. Fundamento.
a) Modo de adquirir:
Orlando Gomes sustenta que “a acessão há que ser entendida como um dos
modos de aquisição do domínio”.
48
3.2.1.2.5. Formas de acessão:
a) Definição
d) Ilha formada entre a linha que divide o álveo e uma das margens
A ilha que se forma entre a linha que divide o álveo e uma das margens,
pertence ao proprietário do terreno ribeirinho fronteiro do mesmo lado. Se for mais de
49
um proprietário: Windscheid: A divisão é feita por uma linha perpendicular que vai do
extremo das terras do proprietário até a linha central do rio. Denburg: a propriedade
pertence ao dono do terreno ribeirinho que estiver mais próximo da ilha que se formou.
a) Definição
“As partes descobertas pela retração das águas dormentes, como lagos e tanques, são chamadas de
aluvião impróprio. Não constituíam acessão, conforme dispunha o art. 539 do Código Civil de 1916,
motivo pelo qual os donos dos terrenos confinantes não as adquiriam, como não perdiam o que as águas
invadissem. O Código Civil de 2002 não reproduziu a aludida restrição, passando a admitir tacitamente
a aluvião imprópria como modo aquisitivo da propriedade.”
50
a) Definição
Se preferir indenizar, então, verifica-se a acessão por avulsão, caso contrário, não
há acessão.
- Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e
ordinariamente enxuto (artigo 9º do código das águas).
- Exige-se que a ação seja por forças naturais. Se a mudança for artificial, não
ocorre acessão, porque o álveo passa a pertencer a pessoa de direito público que provocou
o desvio.
- Quando, porém, o abandono for por força natural, o álveo pertencerá, por acessão,
aos proprietários ribeirinhos das duas margens, seja o rio público ou particular.
- Não têm direito à indenização os proprietários dos terrenos por onde as águas
abriram novo curso.
52
13.ª AULA - 18/04/2 011
a) Generalidades
Diz Orlando Gomes que, sendo o solo coisa principal, o que se lhe incorpora, passa
a pertencer ao seu dono.
Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio com sementes, plantas
ou materiais próprios, perde, em proveito do proprietário do solo, as sementes, plantas e
construções. Se agiu de boa-fé, tem direito à indenização; mas se de má-fé, não terá
direito algum e responde pelos prejuízos que causou, incumbindo-lhe a deixar as coisas no
estado em que antes se encontravam.
Ação cominatória. Construção que avança sobre imóvel lindeiro. Ação proposta
para compelir a retirada de galpão edificado há vinte anos. Área invadida muito
inferior à vigésima parte do imóvel. Pretensão demolitória rejeitada. Recurso
improvido. (Recurso Inominado Nº 71000762823, Terceira Turma Recursal
Cível, J. 21/03/2006).
b7) Cobrança do valor das sementes, plantas ou materiais, que outro emprega em
terreno alheio, pelo dono, do proprietário do terreno
“Se o construtor ou plantador nada tiver a receber, por estar de má-fé, não
pode também o dono das sementes ou materiais cobrar do proprietário do terreno coisa
alguma a título de indenização. Mas se é feita a demolição da obra, pode o dono dos
materiais reivindicá-los, por não haver recebido o preço”, assinala Carvalho Santos
(Rizzardo).
Antes do Código Civil de 2002, a jurisprudência já vinha admitindo que, se, por
erro, uma construção invadisse o terreno vizinho, em certas circunstâncias, o invasor se
tornasse proprietário da parte invadida, pagando uma indenização. Justificava-se essa
desapropriação privada, à medida que seria antieconômico certas demolições. Mas isso só
era possível se o construtor estivesse de boa-fé. Essa novel solução apresentava-se como
exceção ao princípio de que o acessório segue o principal, porque certas edificações são
economicamente mais importantes do que os próprios terrenos. Sacrificar o construtor de
boa-fé em prol de um terreno de menor valor não seria justo e implicaria em contrariar a
realidade.
56
14.ª AULA – 20/04/ 2011
3.2.1.3.2. Histórico
No direito romano, regulado pela Lei das XII Tábuas, o usucapião abrangia
tanto bens móveis quanto imóveis.
No início, o prazo era de um (1) ano, para bens móveis, e de dois (2) anos, para
bens imóveis.
Mais tarde, esse prazo foi aumentado para dez (10) anos entre presentes e
vinte (20) anos entre ausentes.
Era larga a abrangência dos bens que poderiam ser objeto de usucapião.
De início, o usucapião só poderia ser pleiteado por cidadão romano, mas depois
o direito foi estendido ao peregrino.
3
“Salientamos que a prescrição determina a extinção das relações jurídicas, mas autoriza a aquisição
dos direitos. Recordamos que para alguns juristas a matéria deve ser tratada como um só instituto,
enquanto para outros é notória a distinção entre a prescrição aquisitiva e a prescrição extintiva. Em pura
doutrina, se se apresentam bons e opinados defensores da unicidade, como Fadda e Bensa, Oertmann,
De Page, Planiol, Ripert e Boulanger, não faltam também os que propugnam pela separação conceitual,
não obstante reconhecerem a presença de pontos de contato ou de aproximação: Clóvis Bevilaqua,
Orosimbo Nonato, Pugliese.” E prossegue: “A nosso ver, e considerada cientificamente a matéria, a
posição correta do usucapião (ou da usucapião), como prefere o Código de 2002), denominado
impropriamente prescrição aquisitiva (como referem Lafayette, Ruggiero e Maroi), é entre as diversas
modalidades de aquisição da propriedade, ...”.
58
Contudo, não se deve olvidar que o não exercício da posse por um determinado
tempo, caracteriza o abandono, que é um dos fundamentos do usucapião, e a aquisição
prescinde do ato de transmissão.
-Usucapião extraordinário;
-Usucapião ordinário
-Usucapião especial rural
-Usucapião especial urbano
-Usucapião coletivo
* Há, ainda, o usucapião de coisas móveis que vai ser estudado no ponto “aquisição
de bens móveis”.
II - Requisitos:
b) prazos:
Aplica-se, ainda, por força do artigo 2.028 do novo Código, para os casos em que, na
data da entrada em vigor do novo Código, já houver decorrido mais da metade do
tempo de posse, ou seja, mais de 10 anos..
59
Aplica-se para os casos em que a posse é exercida a partir de 2003
É de se indagar se esse prazo deve ser aplicado quando, na entrada em vigor do novo
Código, não tenha, ainda, transcorrido mais da metade do tempo estabelecido no Código
antigo, ou seja, mais de 10 anos.
O artigo 2.028, das disposições transitórias do novo Código, refere-se,
expressamente, aos casos em que, na entrada em vigor do novo Código, já houver
transcorrido mais da metade do prazo do Código antigo, mas nada fala se esse prazo, que
já fluiu, for menos da metade.
A doutrina até então vem se omitindo.
Poucos autores se arriscam ao enfrentamento da questão.
b3) 10 anos
Pelo Código Civil de 2002, o prazo de 15 anos é reduzido para 10 anos, “se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços
de caráter produtivo”.
* Sentença
Embora não seja a decisão judicial que confere o domínio, é ela que reconhece o
domínio existente. Esta sentença é meramente declaratória, porque não constitui o
domínio, que se constituiu com o implemento do tempo.
Não é aquisição, mas, como refere Natal Nader, tem várias finalidades (Rizzardo). A
mais importante, para mim, é a de tornar pública a aquisição do domínio.
61
15.ª AULA – 25/04/ 2011
II - Requisitos:
b1) 15 anos
O Código Civil de 1.916 previa 2 (dois) prazos: 10 anos entre presentes e 15 anos
entre ausentes. Reputava-se entre presentes, se o interessado fosse morador do mesmo
município da situação do imóvel; entre ausentes, se morador em município diverso.
Aplica-se, por força do artigo 2.028 do novo Código, o prazo do Código Civil de
1916, por ter sido reduzido pelo novo, para os casos em que, na data da entrada em vigor
do novo Código, já houver decorrido mais da metade do tempo de posse estabelecido no
Código antigo. Neste caso, a regra tem aplicação apenas na hipótese de o usucapião
ordinário for entre ausentes, pois, se for entre presentes, não houve redução. Assim, se,
em 10 de janeiro de 2003, alguém já tinha posse, com justo título e boa-fé, entre
ausentes, por mais de sete anos e meio, o prazo vai ser o previsto no Código Civil de 1916,
ou seja, de 15 anos.
b2) 10 anos
Neste caso, a regra tem aplicação apenas na hipótese de o usucapião ordinário for
entre ausentes, pois, se for entre presentes, não houve redução. Assim, se, em 10 de
janeiro de 2003, alguém, com justo título e boa-fé, entre ausentes, já tinha posse, mas
62
por tempo inferior a sete anos e meio, o prazo vai se o previsto no Código Civil de 2002,
ou seja, de 10 anos.
b3) 05 anos
c) Justo título
É aquele hábil para transferir o domínio: escritura pública de compra e venda, formal
de partilha, carta de arrematação, embora alguns autores considerem outros documentos.
Arnaldo Rizzardo, por exemplo, sustenta que “qualquer documento que retrate uma
transação efetiva e completa é considerado justo. Mesmo o compromisso de compra e
venda sem registro, e até aquele assinado a rogo, incluem-se no justo título, ...”.
Jurisprudência:
d) Boa-fé
Significa que o possuidor está convicto de que não ofendeu direito alheio; crê que a
coisa realmente lhe pertence.
* Sentença
* Registro (transcrição)
I - Generalidades
Em 1981, a Lei nº 6.969, de 10 de dezembro de 1981, reduziu para cinco anos o prazo
do usucapião especial, viabilizando o usucapião de bens públicos, ressalvados os
necessários à segurança nacional, as áreas de interesse ecológico e as reservas indígenas,
e admitindo a invocação do usucapião como defesa, valendo a sentença como título a ser
inscrito no Registro.
II - Regulação: CC/2002, art. 1.239; CF, art. 191 – Aquele que, não sendo proprietário de
imóvel rural ou urbano, possua como seu (sua – o artigo está “seu”), por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
III - Requisitos:
64
I - Regulação: Código Civil/2002, artigo 1.240; Constituição Federal, artigo 183 – Aquele
que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural. * Ver ainda artigo 9.º da Lei n.º 10.257, de 10/07/2001.
II - Requisitos:
II - Requisitos:
V - Usucapião invocado como defesa – art. 13. Quando o usucapião for invocado como
defesa (o dispositivo fala de usucapião especial de imóvel urbano), a sentença que o
reconhece serve como título para ser levado a registro.
VI - Fração ideal – art. 10, § 3.º. O Juiz atribuirá a cada condômino igual fração ideal de
terreno, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de
acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
3.2.1.3.7. Hipóteses em que não ocorre usucapião (CC, arts. 197, 198, 199, 202)
65
a) entre cônjuges, na constância do matrimônio;
b) entre ascendente e descendente, durante o pátrio poder;
c) entre tutor e tutelado;
d) entre interditado e curador;
e) em favor do credor pignoratício;
f) contra os ausentes do país em serviço público da União, Estados ou Municípios;
g) contra os que se acharem servindo na armada, em tempo de guerra.
O Código de Processo Civil, regula a ação de usucapião nos artigos 941 a 945,
com nova redação dada pela Lei nº 8.951, de 13 de dezembro de 1994.
O usucapião pode ser argüido como meio de defesa nas ações possessórias e
petitórias.
66
16.ª AULA - 27/04/ 2011 - DIA 02/05 SERÁ A ÚLTIMA DATA PARA ENTREGA
DOS TRABALHOS
Requisitos: Posse mansa, pacífica, contínua e sem oposição, por três anos, mais
justo título e boa-fé.
Jurisprudência:
Obs.: Pode ser acrescentada a posse do antecessor, desde que ambas sejam
contínuas e pacíficas.
É o modo pelo qual alguém se apropria da coisa que não tem dono.
É modo originário.
A coisa deve ter sido abandonada ou nunca ter sido apropriada.
67
Natureza jurídica: Para alguns é tradição; para outros, ato jurídico autônomo
(abandonar é um direito do proprietário).
Definição
É o depósito oculto de moedas ou coisas preciosas, de cujo dono não se guarda
memória (Washington de Barros Monteiro).
Aquele que acha o tesouro em propriedade alheia, reparte-o com o dono desta.
a) Definição.
Artigo 1.267 do Código Civil – A propriedade das coisas não se transfere pelos
negócios jurídicos antes da tradição.
Artigo 1.226 do Código Civil - “Os direitos reais sobre coisas móveis, quando
constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição” .
68
fiduciário dá-se sem que haja tradição, porque o devedor mantém a posse direta como
depositário da coisa alienada.
b) Requisitos:
c) Modalidades:
d1)O accipiens já estava com a coisa, que lhe fora emprestada. Basta o ato de
vontade;
d2) Casamento pelo regime de comunhão universal (CC, arts. 1.267 e 1.268);
d3) Transferência de ações nominativas (Lei nº 6.404, de 15-12-76, art. 31, §
1º), em que se dá por termo lavrado no livro de “Transferências de Ações Nominativas), ao
contrário das ações ao portador, que se transmite pela simples tradição;
d4) Compra e venda de títulos da dívida pública, em que basta a celebração do
contrato (Dec.-lei nº 3.545, de 22-8-41);
d5) Transferências de embarcações, bem como os conhecimentos de transporte
de mercadorias, diz Washington de Barros Monteiro;
d6) Pelo artigo 1.267, § ún., quando a cessão da posse indireta equivale-se à
tradição, como aquele que adquire a coisa que se encontra em poder de terceiro;
e) Convalidação da tradição.
O tradens deve ser proprietário, caso contrário, a tradição não tem significação
jurídica.
A alienação realizada por quem não seja proprietário é crime de estelionato (CP,
art. 171, § 2º, I). Todavia, a lei revalida a tradição, se o adquirente que estiver de boa-fé,
posteriormente, adquire o domínio, dando efeito ex tunc (CC, art. 1.268 e § 1.º).
a) Definição.
No direito pátrio:
b1.2) a matéria-prima for alheia, mas o especificador estiver de boa-fé (CC, art.
1.270), mas perde em favor do dono, se estiver de má-fé. Mas a espécie nova, em ambos
os casos, não pode voltar à forma primitiva.
70
- Coisas pertencentes a pessoas diversas misturam-se de modo que se torna
impossível a separação.
- No caso de ser involuntária, por vontade alheia dos donos ou por obra de
terceiro de boa-fé, determina a lei que:
.................................................................
DA CAÇA E DA PESCA
* Obs.: Os pontos Da Caça e Da Pesca constavam no Código Civil de 1916, mas não foram
incluídos no atua Código Civil.
71
- Pode ser interior (rios, lagos, lagoas e lagunas) ou marítima (litorânea, costeira
ou em alto-mar)
- Animais e vegetais que se encontram em águas dominiais são de domínio público.
- Em águas particulares, o pescador precisa de autorização, sob pena de perder a
pesca em favor do proprietário e responder pelos danos causados.
- Em águas particulares, cada proprietário ribeirinho tem direito a pescar até o
meio delas.
- É regulada pelo direito civil e pelo direito administrativo.
72
Aquisição por sucessão hereditária
O Código Civil de 1916, em seu artigo 530, inciso IV, previa expressamente a
aquisição da propriedade imóvel (esqueceu-se da móvel) pelo direito hereditário.
O artigo 1.572, ainda, do Código Civil de 1916, previa: “Aberta a sucessão, o domínio
e a posse da herança transmitem-se desde logo aos herdeiros legítimos e testamentários.
O Código Civil de 2002, em seu artigo 1.784, dispõe: “Aberta a sucessão, a herança
transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”.
73
3.3. PERDA DA PROPRIEDADE – CC, art. 1.275
I - Considerações gerais
O Código Civil anterior (1916) tratava a perda da propriedade imóvel e móvel em seções
diferentes. A imóvel, nos artigos 589-591, e a móvel, nos artigos 592-622).
O Código Civil de 2002 fez referências às formas de perda da propriedade, tanto para
bens móveis quanto para bens imóveis, num só capítulo, nos artigos 1.275 e 1.276. O elenco
é meramente exemplificativo.
a) Pela alienação:
Alienação é o ato de que se utiliza o titular do bem para transferir a sua propriedade a
outra pessoa.
Pode ser a título gratuito (doação) ou a título oneroso (compra e venda).
Pode ser voluntária (dação em pagamento) ou compulsória (arrematação,
desapropriação).
A alienação, para transferir o domínio, tratando-se de bens imóveis, subordina-se à
transcrição; se de bens móveis, à tradição.
b) Pela renúncia
Renúncia é ato unilateral, pelo qual o titular, expressamente, abre mão de seus
direitos. Mas, sendo o bem imóvel, necessita de transcrição no registro de imóveis (CC,
art. 1.275, § único).
O exemplo mais comum de renúncia é a herança (Rizzardo).
c) Pelo abandono
“O titular apenas larga o que é seu, com intenção de não o ter mais em seu
patrimônio”, diz Washington de Barros Monteiro.
Exige-se dois pressupostos: a derrelição (=abandono) e o propósito de não ter mais o
bem para si.
Se o imóvel abandonado for urbano, pode ser arrecadado, como bem vago
(CPC,art.1.170-1.176), e passar, 03 anos depois, à propriedade do Município, se não se
encontrar na posse de outrem (CC, art. 1.276, “caput””).
Se se tratar de imóvel rural abandonado, pode também ser arrecadado , como bem
vago, e passar, da mesma forma, 03 anos depois, à propriedade da União.
Pelo Código Civil de 1.916, o imóvel abandonado era arrecadado como bem vago e
passava para o domínio do Estado e dos Territórios, onde se situava. E, tratando-se de
imóvel localizado na zona urbana, o prazo era de 10 anos; em zona rural, três anos (CC,
art. 589, § 2º, modificado pela Lei nº 6.969, de 10.12.81).
74
* “Não se confunde abandono e renúncia. Nesta, o sujeito do direito manifesta
expressamente sua vontade; naquele, o titular apenas larga o que é seu, com intenção de
não o ter mais em seu patrimônio” (Washington).
d) Pelo perecimento
e) Pela desapropriação
f) Outras formas além das hipóteses do artigo do artigo 1.275 do Código Civil
Parágrafo 4.º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado
consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos de
considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
relevante.
75
17.ª AULA – 02/05/ 2011 -ÚLTIMA DATA PARA ENTREGAR OS TRABALHOS
3.4.1 Introdução
3.4.2. Definição
“Os direitos de vizinhança poderiam ser definidos como limitações impostas pela
lei às prerrogativas individuais e com o escopo de conciliar interesses de proprietários
vizinhos, reduzindo os poderes inerentes ao domínio e de modo a regular a convivência”
(Silvio Rodrigues)
São obrigações propter rem, ensina Sílvio Rodrigues. Logo, vinculam o vizinho,
nessa qualidade, podendo ser o dono ou possuidor.
77
Dispõe o artigo 1.277, do Código Civil, que o proprietário ou o possuidor de um
prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao
sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha”.
Vide Apelação Cível N° 70010014421 da 17ª Câmara Cível do TJRS, tendo como
relator o Des. Alexandre Mussoi Moreira, julgado em 22/2/2005, onde foi determinada a
demolição de um muro, que prejudicava o comércio vizinho. Este acórdão faz significativas
referências doutrinárias.
a) Segurança
b) Sossego
Jurisprudência:
78
c) Saúde
Por último são ofensas à saúde a emanação de gases tóxicos, exalações fétidas,
poluição de águas, etc..
Jurisprudência:
O mau uso, ou uso nocivo, é aquilo anormal, intolerável. Outros exemplos, como,
apiários perigosos ; queima de detritos com produção de fumaça que penetra nas outras
propriedades, exalando odores; o bimbalhar dos sinos de uma igreja.
Por fim, cabe salientar que muitos fatos considerados como uso nocivo da
propriedade também são caracterizados como contravenções penais. Ex.: Art. 30 do
Decreto-lei nº 3.688, de 03/10/1941, que trata do perigo de desabamento; art. 38,
emissão de fumaça, vapor ou gás; art. 42, perturbação do trabalho ou do sossego. Bom
lembrar que a improcedência da ação na contravenção penal não impede a propositura da
ação cominatória no cível.
Situações:
79
a) Árvore cujo tronco se acha na linha divisória
Conforme o artigo art. 1.282 do Código Civil, árvore, cujo tronco estiver na linha
divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes”.
d1) os frutos caídos no terreno vizinho, ao dono deste pertencem (CC, 1.284). A
solução é diversa da do direito romano, que atribuída o direito aos frutos, nessa hipótese,
ao dono da árvores. “Mas se os frutos caírem em terreno público, pertencem ao titular do
terreno onde se ergue a árvore”, diz Arnaldo Rizzardo, citando Carvalho Santos. Também,
no mesmo sentido, Silvio Venosa.
d2) não pode o vizinho, ao qual não pertence a árvore, colher os frutos que se
mantenham presos ao galho, mesmo que o galho deite-se sobre o terreno desse vizinho.
d3) com referência às raízes e aos ramos de árvores (CC, art. 1.283), que
ultrapassem a divisa, podem ser cortados, até a divisa. Washington lembra que Cunha
Gonçalves classifica essa possibilidade como justiça privada. Não se perquire de prejuízo.
O dono da árvore mutilada não tem direito a qualquer indenização, mesmo que ela venha a
morrer, afirma Washington.
80
3.4.4.3. Da passagem forçada. CC, arts. 1.285/1.287.
É o direito assegurado ao proprietário que não tem acesso à via pública. Não se
trata de servidão, mas de restrição ao direito de propriedade.
Funda-se na solidariedade que deve existir entre os vizinhos.
Serve tanto para prédios rústicos quanto para urbanos.
O encravamento deve ser absoluto (Washington).
O dono do prédio por onde se estabelece a passagem tem direito à indenização.
O proprietário que perde a passagem por culpa sua, pode exigir nova
comunicação, pagando o dobro do valor da primeira indenização. Ex.: O dono do prédio
encravado que deixa prescrever a servidão.
O encravamento deve ser natural, não provocado.
Se o encravamento decorreu de ato do proprietário, que, por exemplo, vendeu
parte do terreno que dava acesso à via pública, só tem direito de exigir passagem do
adquirente dessa parte.
81
3.4.4.4. Da passagem de cabos e tubulações – Arts. 1.286/1.287
82
3.4.4.5. Das águas. CC,arts. 1.288/1.296
Eis aqui um dos problemas mais difíceis de se solucionar. O tema adquire relevo,
principalmente, no meio rural e em tempos de estiagem.
Hipóteses:
A lei impõe ao dono do prédio inferior a obrigação de receber as águas que fluem
naturalmente do prédio superior (CC, art. 1.288).
Disposição semelhante, diz Washington, está no artigo 92, do Código das Águas.
Jurisprudência:
83
c) Das sobras das nascentes e das águas pluviais que caem. CC, art.1.290.
Código das Águas, arts. 90 e 103
As águas pluviais são “coisa sem dono, suscetíveis de apropriação por qualquer
pessoa”. Contudo, o uso dessas águas deve ser feito de maneira civilizada, não se
concebendo o desperdiço em prejuízo do prédio inferior.
Jurisprudência:
d) Aqueduto. CC, art. 1.293; CC/16, art. 567; Cód. Águas, art. 117
84
- drenagem do terreno.
85
Por fim, o Código Penal, artigo 161, § 1º, I, prevê pena de detenção de até 6
(seis) meses, e vinte dias-multa, para aquele que desvia ou represa, em proveito próprio ou
de outrem, águas alheias. É o delito de usurpação de águas.
86
18.ª AULA - 04/05/ 2011
Essa parte do direito de vizinhança, sob o título “Dos limites entre prédios e
do direito de tapagem”, cuida do direito do proprietário realizar obras divisórias do seu
terreno (tapagem) e da demarcação entre prédios lindeiros, como também da aviventação
dos rumos apagados e da renovação de marcos destruídos ou arruinados.
I – Da tapagem
Jurisprudência
87
Reflorestamento e criação de gado. Substituição de cerca antiga, que
imprescindia de recuperação, para impedir passagem do gado. Legalidade.
- São comuns os tapumes que impedem a passagem de animais de grande
porte, como o gado vacum, cavalar e muar (art. 588, § 2º, CC), sendo
obrigados a concorrer para sua construção e conservação os proprietários de
imóveis confinantes (art. 588, § 1º, CC), ainda que algum deles não se
destine a atividade pecuária, mas a reflorestamento.
- Apenas na obrigação de cercar imóveis, com a construção de tapumes
especiais – estes considerados como próprios para deter aves domésticas e
animais como cabritos, porcos e carneiros, em seus limites -, é que seria
indevida a meação do valor gasto com os reparos neles realizados (art. 588,
§ 3º, CC). (REsp Nº 238559-MS. Rel. Min. Nancy Andrighi. DJ:
20/04/2001).
Obs. : Não se pode permitir que o proprietário rico imponha ao vizinho pobre
feitura de tapume muito caro, fora de seus alcances econômicos (Washington).
II – Da demarcação
88
Jurisprudência: Apelação Cível n° 102043-5 – 2ª CC – TJPR – J.
24/4/2002;
a) Introdução
Proíbe a lei que se construa janela, faça eirado, terraço ou varanda, a menos de
metro e meio do prédio confinante.
Não está proibida a construção de frestas, seteiras ou óculos para luz, não
maiores de 10 cm de largura por 20 de comprimento.
89
de metro e meio da divisa, adquire o dono do prédio que construiu a janela servidão de luz,
impedindo que o outro construa, tirando-lhe a luz. No mesmo sentido, o artigo 1.302.
e) Águas e beirais
90
O Código de 2002 suprimiu o intervalo mínimo de 10 centímetro, que exigia o
Código de 1916.
Direito de vizinhança. Telhado que está escorado no muro que separa os terrenos
lindeiros e faz escorrer água em direção ao lote do autor.
Desnecessidade de prova pericial.
Admissão do fato pela recorrente que aliada à prova fotográfica torna
desnecessária a prova pericial. Preliminar afastada.
Alegação de demanda proposta com espírito emulativo. Argumento que se
evidencia como inovação no recurso, eis que não havia sido levantada por ocasião
da resposta, não podendo ser conhecido.
Mérito. Prova evidenciando que o telhado está escorado sobre o mudo e que
águas pluviais que dali escorrem se direcionam ao terreno do autor. Existência de
calha que não afasta a pretensão, até porque a dita calha invade o espaço do lote
do autor. (Recurso Inominado Nº 71000975904, Primeira Turma Recursal Cível,
Juizado Especial Cível. J. 19/10/2006).
O confinante que primeiro construir pode assentar a parede divisória até meia
espessura no terreno contíguo. Isso quer dizer que aquele que primeiro construir pode
invadir o terreno do vizinho. A construção, embora esteja utilizando o terreno do vizinho,
continua pertencendo àquele que construiu. Entretanto, pode o dono do terreno invadido
91
adquirir a meação, pagando a metade do valor da obra. Não obstante, se o dono do terreno
invadido travejar (meter trave) a parede divisória, o que construiu pode exigir o
pagamento da metade do valor da construção. Nessa hipótese, não só o uso, mas também a
propriedade passa a ser comum. No caso, Silvio Rodrigues, referindo-se a Clóvis Beviláqua,
afirma que é o invasor do terreno vizinho quem tem o arbítrio de marcar a largura e a
profundidade do alicerce cavado em terreno alheio.
Parede-meia é aquela que, separando dois prédios, pertence em comum aos donos
dos mesmos.
A parede-meia pode ser utilizada pelo confinante até meia espessura,
observando-se as seguintes condições:
- não por em risco a segurança e a separação dos prédios;
- fazer armários ou obras semelhantes, já existindo essas mesmas obras no lado
oposto;
- ser dado prévio aviso ao vizinho.
Ao ingresso no seu prédio não pode se opor o vizinho, mas o proprietário que
precisar nele ingressar dever dar aviso prévio e aceitar certas restrições, como horário,
etc. Fica ainda obrigado a reparar qualquer dano que venha causar.
92
segurança, deverá ser previamente fornecido ao vizinho obrigado. Inteligência do
artigo 1.313,do Código Civil.
Embargos Infringentes desacolhidos, por maioria. (Embargos Infringentes Nª
70021396684, Nono Grupo Cível, Rel. Dês. Alzir Felippe Schmitz, J.
19/10/2007).
93
19.ª AULA – 09/05/2011 – 1.ª P R O V A DO G1 (P1)
Dá-se quando a mesma coisa pertence a várias pessoas, cabendo a cada uma igual
direito sobre o todo, observada sua parte ideal.
A origem, em Roma, é obscura, diz Sílvio Venosa. O Direito Romano, por ser
excessivamente individualista, não admitia que mais de uma pessoa pudesse exercer
direito sobre a mesma coisa. Então, os romanos procuraram situar o condomínio na
comunidade familiar, como, por exemplo, na sucessão hereditária. Daí, “o Direito Romano
engendrou a teoria condominial dentro do aspecto paralelo do exercício da propriedade,
tal como demonstra a codificação de Justiniano” (Venosa). Não há mais de um direito de
propriedade, o qual é uno, mas “os co-titulares exercem-no ao mesmo tempo em quotas
ideais sobre a propriedade indivisa” (Venosa). “O condômino exerce a propriedade em sua
plenitude, respeitando o direito dos demais” (Venosa).
3.5.2. Teorias
3.5.3. Classificação.
I. Quanto a origem:
a) Convencional
b) Incidente ou eventual.
c) Legal ou forçado.
II - Quanto ao objeto.
a) Universal.
b) Particular.
a) Ordinário ou transitório.
b) Permanente.
a) Pro diviso.
A comunhão existe de direito, mas de fato cada condômino ocupa parte certa. Ex.:
condomínio de apartamentos.
b) Pro indiviso.
a) Usar a coisa;
b) Alhear a respectiva parte indivisa;
c) Gravar a parte indivisa;
d) Responder pelas dívidas assumidas em benefício da comunhão, mas com direito de ação
regressiva contra os demais condôminos (CC, art. 1.318);
b) Não pode, sem o consentimento dos demais, dar posse, uso e gozo da propriedade a
estranho (CC,art.1.314, § ún.);
c) Pode pedir a retomada do imóvel locado para uso próprio com base no artigo 1.323 do
Código Civil, que dá preferência da locação ao condômino. “A jurisprudência entende ser
livre o exercício do direito de retomada, mesmo sem prova da concordância dos demais
consortes” (Maria Helena Diniz), pois “a retomada decorre do próprio direito de
preferência a que faz jus o consorte”. Tal direito, no entanto, não se reconhece “se o
ocupando do imóvel for outro comproprietário”.
a) Pela divisão:
96
Se for condomínio ordinário, as partes podem estabelecer a qualquer tempo a
divisão (CC, art. 1.320).
A divisão pode ser amigável (por escritura pública), ou judicial, quando não
houver acordo ou existir condômino incapaz (CPC, art. 967 e segs.).
b) Pela venda: Amigável ou judicial (CC, arts. 1.322, 1.323; CPC, arts. 1.113 e
1.118).
Vide:
AC Nº 70016453169 – 19ª CC – TJRS – Rel. Des. Guinther Spode – J.
19/9/2006;
AC N° 70010432466 – 19ª CC – TJRS – Rel. Des. Guinther Spode – J.
14/6/2005. Admite a extinção do condomínio existente entre nus proprietários, sem
interferir no usufruto, que permanece íntegro.
a) Condomínio em paredes; cercas, muros e valas (CC, arts. 1.327, 1.297, 1.328,
1.329, 1.330).
“As obras de tapagem podem gerar condomínio, quando feitas nas linhas
divisórias dos imóveis” (Venosa), mas, “para que ocorra a meação, torna-se necessário que
o proprietário utilize a divisa dos imóveis. Se o marco, muro ou similar é lançado antes da
divisa, não se tipifica a possibilidade de meação” (Venosa).
Várias pessoas têm o direito de usar o mesmo pasto (CC/16, art. 646 e § único,
sdc).
97
“A utilização do mesmo terreno para pasto de animais de dois ou mais
proprietários pode decorrer de direito obrigacional, avença contratual, a qual no caso
regerá a questão. Pode tratar-se de locação de pasto ou contrato de meação. Na omissão,
aplicam-se os princípios do condomínio” (Venosa).
98
21.ª AULA – 16/05/ 2011
O Código Civil de 1916 foi omisso. A primeira regulamentação, no Brasil, veio com
o Decreto n.º 5.481/1928, modificado pelo Decreto-lei n.º 5.234/43 e pela Lei n. 285/48.
Posteriormente, sobreveio a Lei nº 4.591/64, com as alterações da Lei nº 4.864/65.
Agora, está regulada pelo Código Civil, artigos 1.331 a 1.358, revogando a lei
anterior, no que diz respeito ao condomínio edilício, mas mantendo-a em vigência com
relação às incorporações (Venosa).
Institui-se um condomínio edilício por ato inter vivos ou causa mortis, registrado
no Registro de Imóveis, que contém:
b) a forma de administração;
e) o regimento interno.
II – Usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não
exclua a utilização dos demais compossuidores;
100
III – Votar nas deliberações da assembléia e delas participar, estando quite.
a) Síndico
b) Administrador:
Pessoa, natural ou jurídica, a quem o síndico delega certas funções. A contratação deve
ser aprovada em assembléia (CC, art. 1.348, § 2.º; Lei, art. 22, § 2º);
c) Subsíndico:
d) Órgão consultivo
“A vaga de garagem não pode ser alienada ou cedida a qualquer título a estranho
do corpo condominial. Nesse sentido deve ser entendido o artigo 1.338 do novo Código”
(Venosa).
3.6.10 Indenização por furtos, roubos ou danos ocorridos nas garagens e partes
comuns do edifício
Neste sentido, vide: REsp Nº 651.060-SP – Rel. Min. Carlos Alberto Menezes
Direito
“Os condôminos das lojas do andar térreo, por exemplo, não devem pagar as
despesas com elevadores”, diz Sílvio Venosa (p.313).
104
§ 4.º O condômino que realizar obras ou reparos necessários será reembolsado
das despesas que efetuar, não tendo direito à restituição das que fizer com obras ou
reparos de outra natureza, embora de interesse comum.”
Cada vez mais freqüente a criação de bairros urbanizados na periferia das grandes
cidades para fins residenciais ou de lazer.
É um “fenômeno social que nasceu da procura da classe média por uma residência de
férias na praia ou na montanha. Os empresários optaram por um sistema que facilitasse o
acesso a essa segunda propriedade a grupo social que não pode manter vários imóveis ao
mesmo tempo.
Como no Brasil, a maioria dos Estados europeus também não possui legislação
específica para o fenômeno.
“A Grécia foi um dos primeiros países a regulamentar a multipropriedade por uma lei
de l986, tratando-a como modalidade de locação (Venosa).
106
Dessa forma, os multiusuários têm uma relação de direito obrigacional com o
proprietário da coisa.
Mesmo que essa modalidade não seja regida por lei condominial, em muitas
hipóteses, ela é aplicada analogicamente, como o rateio das despesas
Na multipropriedade, o titular tem direito de usar, gozar e dispor da coisa, mas com
limitação condominial e temporal.
107
22.ª AULA – 18/05/ 2011
3.10.1 Definição
Para Clóvis Beviláqua, propriedade resolúvel “é aquela que no próprio título de sua
constituição encerra o princípio que a tem de extinguir, realizada a condição resolutória
ou o termo extintivo, seja por força da declaração de vontade, seja por determinação da
lei”.
3.10.2.1 Casos em que o elemento que põe termo à relação consta no próprio título
constitutivo. Efeito ex tunc. CC, art. 1.359
O contrato estipula que, se o comprador não se agradar, o negócio pode ser desfeito.
A venda, aqui, é realizada sob condição suspensiva.
Diz Orlando Gomes que “a venda a contento pode ser feita, pois, sob condição
suspensiva ou resolutiva. Quando realizada no pressuposto de que não haverá venda se a
coisa não agradar ao comprador, subordina-se a condição suspensiva. Efetuada, porém, sob
a condição de que ficará desfeita se a coisa vendida não for do agrado do comprador, é
108
sujeita à condição resolutiva. Somente neste caso, há que cogitar de propriedade
resolúvel.”
“Pode o doador estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver
ao donatário. O evento determinante da revogação é a morte do doador. Não sobrevivendo
ao donatário, a propriedade dos bens doados consolida-se no seu patrimônio” (Orlando
Gomes).
d) Condômino de coisa indivisível que vende sua quota ideal a estranho, sem observar o
direito de preferência – CC, art. 504
O condômino que deseja vender sua quota ideal de coisa comum indivisível, deve
oferecer aos demais comunheiros. Não o fazendo, qualquer deles, no prazo de 180 dias,
pode requerer a quota vendida, resolvendo-se, assim, a propriedade de quem adquiriu a
coisa.
109
Tal revogação, no entanto, não prejudica direitos de terceiros (CC, art. 563). Assim,
“a pessoa, em cujo favor se opera a resolução, terá contra aquele cujo domínio se resolveu
para haver a coisa, se esta ainda continua em suas mãos. Mas terá apenas ação para
haver o seu valor se a coisa houver sido alienada. O que é certo, entretanto – repito -, é
que falta legitimidade àquele para reivindicar a coisa de adquirente de boa-fé” (Silvio
Rodrigues).
Vide:
3.11.1. Introdução
3.11.2 Direitos autorais – Lei n.º 9.610/1998; CF, art. 5º, inc. XXVII
a) Introdução
110
A primeira lei que tratou do direito de autor surgiu na Inglaterra e se
denominava “Statute of Anne”. Esta lei transferiu dos livreiros para os autores o
privilégio de fazer cópias dos livros.
Alguns juristas, ante ao caráter social das idéias, chegam até negar a própria
natureza jurídica do direito autoral. Entre eles, Manzini, ao afirmar que: “o pensamento
manifestado pertence a todos: é propriedade social. A inspiração da alma humana não
pode ser objeto de monopólio”. Deboor, no mesmo seguimento, assevera que “as obras do
espírito não são propriedade dos autores. Por seu destino, devem pertencer ao povo. Se
um ser humano, tocado pela graça, fizesse atos de criador, este ser privilegiado não teria
podido jamais realizar sua obra se não tivesse por outro lado conseguido alimentar-se do
imenso tesouro representado pela cultura nacional. A obra protegida deveria pertence à
humanidade, mas como esta não tem órgão adequado para esta finalidade, o direito
corresponderia ao Estado”. (Maria Helena Diniz).
Outros dizem que a obra intelectual é mero produto do meio em que surgiu, no
que recebem a crítica de Malaplate, que não entende “como é possível falar em produto
do meio, num domínio que tem um caráter tão pessoal?” Justificando, diz que “nunca um
‘Gargântua’ teria sido criado sem um Tabelais, um ‘René’ sem um Chateaubriand, a ‘Nona
Sinfonia’ sem um Bethoven, ou o sorriso de ‘Gioconda’ sem um Leonardo da Vinci” (Maria
Helena Diniz ).
d) Co-autor- art. 15
São os direitos que o autor, por ser o criador da obra, tem de auferir os
proventos econômicos de seu trabalho. “Dizem respeito aos resultados econômicos da
obra, assegurados ao autor” (Rizzardo).
Podem ser transferidos como objeto de propriedade, porque obra feita é um bem
corpóreo.
A obra pode ser encomendada pelo editor. Neste caso, o editor contrata o autor
para realizá-la. Art. 54.
113
Não havendo disposição diversa, presume-se que o contrato é para apenas uma
edição. Art. 56.
Estão inseridos em diversos artigos, tais como: Artigos 30, § 2º; 60; 61; 62; ;
63; 63, §§ 1º e 2º ; 66.
Não havendo convenção, a obra deve ser editada no prazo de 2 (dois) anos,
contados da celebração do contrato.
n) Retribuição – ART. 57
A autorização para reproduzir obra de ate plástica deve ser por escrito.
Também caem no domínio público a obra cujo autor faleceu antes de decorrido o
prazo de proteção, mas sem deixar herdeiros. Vide art. 45.
A violação pode se dar pelo plágio, que é a apropriação da obra de outra pessoa
como sua. É a apropriação indevida, o furto, do trabalho intelectual. Não é a mesma coisa
que a contrafação. No plágio, não há referência à origem nem à autoria; na contrafação,
publica-se sem licença.
115
“Considera-se contrafação, sujeitando-se o editor ao pagamento de perdas e
danos, qualquer repetição de número, bem como exemplar não numerado, ou que apresente
número que exceda a edição contratada” (Antonio Chaves, citado por Rizzardo).
116
23.ª AULA – 23/05/2011
São as criações do espírito que produzem efeitos no mundo físico, novas coisas
surgem da criação intelectual
Está regulada pelo Constituição Federal, art. 5°, inc. XXIX, e pela Lei ° 9.279, de
14/5/1996.
117
O direito de propriedade industrial compõe:
- a invenção;
- o modelo de utilidade;
- o desenho industrial; e
- a marca.
b1) Invenção
Surge, como ensina Luiz Otávio Pimentel, pela manipulação do conhecimento, seja
modificando e compondo técnicas previamente disponíveis, seja pelo acaso”.
A novidade é absoluta.
O privilégio
A patente
118
O pedido de patente é feito junto ao INPI – Instituto Nacional de Propriedade
Industrial, autarquia vinculada ao Ministério da Indústria e Comércio, criada pela Lei n.º
5.648, de 11.12.1970, e a documentação exigida está relacionada no artigo 19 da Lei
9.279/96.
Vide:
- AC Nº 70011675337 – 14ª CC-TJRS – Rel. Dês. Dorval Bráulio Marques – J.
14/07/2005 – Discute-se a patente de uma invenção referente a um “processo de
extração de blocos de rocha”.
A lei, em seu artigo 40, prevê prazo de 20 (vinte) anos, para a patente de
invenção, e 15 (quinze) anos, para a patente de modelo de utilidade, contados da data de
depósito.
119
Nulidade da patente - Arts. 46-57
As hipóteses que levam à extinção da patente estão no artigo 78. São elas:
Jurisprudência:
121
Estado da técnica
Estado da técnica é tudo o que já foi revelado de forma escrita, oral ou por
qualquer outro meio. Está explicado no § 1º do artigo 11. Como esclarece Ruben Requião,
“estado da técnica é, pois, tudo aquilo que compõe o acervo da civilização técnica, que
oferece produtividade, conforto e bem-estar aos indivíduos. O que já compuser esse
acervo, no momento do depósito do pedido de patente, não constitui invenção nova e nem,
portanto, pode ser privilegiável. Assim, pois, tudo aquilo que a ciência e as artes revelaram
ao espírito humano, e que constitui acervo da civilização, com o fito prático e objetivo de
atender a satisfação das necessidades humanas, constitui obra da técnica” (apud, Ar,
737).
O estado da técnica, conforme o artigo 12, não se caracteriza nos 12 meses que
antecedem a data do depósito ou da prioridade do pedido de patente, se promovido pelo
inventor, pelo INPI ou por terceiros com base em informações obtidas do inventor ou em
decorrência de atos por ele realizados. Também, nos termos do artigo 16, é assegurada a
prioridade o pedido de patente depositado em país que mantenha acordo com o Brasil, ou
em organização internacional, com efeito de depósito no Brasil.
Prioridade
122
b3.2) Proteção dada pelo registro
Vide:
b4) Marca
Na definição de Fábio Ulhoa Coelho: “As marcas são sinais distintivos, direta ou
indiretamente, produtos ou serviços. A identificação se realiza através da aposição do
sinal no produto ou no resultado do serviço, na embalagem, nas notas fiscais expedidas,
nos anúncios, nos uniformes dos empregados, nos veículos etc. Dá-se uma identificação
direta se o sinal está relacionado especificamente ao produto ou serviço” (apud ,
Rizzardo).
Espécies de marcas
123
- marca coletiva, que serve para identificar produtos ou serviços oriundos de
uma certa entidade, grupo de pessoas ou de empresas.
Função da marca
Vide:
É permitida a licença da marca para que terceiro a use por determinado lapso de
tempo.
Nulidade do registro
Obviamente, como dispõe o artigo 165, “é nulo o registro que for concedido em
desacordo com as disposições desta lei.
125
24.ª AULA – 25/05/ 2011
a) Generalidades
Direito real, conforme Lafayette, é o que incide diretamente sobre a coisa e a segue
em poder de quem quer que a detenha.
O direito real mais completo é o domínio, porque confere ao seu titular o poder de
usar, gozar e dispor da coisa e de reivindicá-la de quem que injustamente a possua.
Contudo pode ocorrer que alguns dos poderes do domínio separem-se dele para se
agregar ao patrimônio de outrem. Essa pessoa, titular do patrimônio a que se agregaram
tais poderes, passa a ser titular de um direito sobre a coisa alheia.
Beviláqua afirma que o jura in re aliena “se constitui pela desagregação de uma
parcela do poder dominical, ou recaem sobre utilidades particulares da coisa”.
- fruição, em que o titular tem direito de usar e gozar da coisa (enfiteuse, superfície,
servidões, usufruto, uso, habitação, ((As rendas constituídas sobre imóveis, previstas no
artigo 674, VI, do Código Civil de 1916, não foram incluídas no Código Civil de 2003, como
direitos reais, constando apenas nos artigos 803-813, como espécie de contrato)
126
- sociais, em que a utilização da coisa, pertencente ao poder público, é transferida a
terceiro, atendendo ao interesse público ou social (concessão de uso especial para fins de
moradia, concessão de direito real de uso).
a) Histórico da enfiteuse.
É o mais amplo dos direitos reais na coisa alheia. É transferido ao enfiteuta o jus
utendi, fruendi e até o disponendi, pois o enfiteuta pode alienar seus direitos sem que
precise de anuência do senhorio. Diante desses poderes, alguns autores chegaram a
entender que o enfiteuta também seria proprietário. Contudo, no nosso sistema jurídico,
como reza o artigo 1.521 do Código Civil (artigo 527 do Código Civil de 1916), não se
admite a coexistência de dois direitos de propriedade sobre a mesma coisa.
A enfiteuse é, pois, um direito real limitado, um direito real sobre a coisa alheia.
c) Conceito de enfiteuse.
127
a outrem o domínio útil do imóvel, pagando a pessoa que o adquire, e assim se constitui
enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro anual, certo e invariável.
Noutras palavras, enfiteuse é relação jurídica por via da qual o senhorio
direto (proprietário) autoriza outra pessoa (enfiteuta) a usar, gozar e dispor da coisa,
com certas restrições, inclusive, pagamento de retribuição anual, chamada pensão
(Washington de Barros Monteiro).
Em síntese, enfiteuse, no dizer de Maria Helena Diniz, vem a ser o direito
real sobre coisa alheia que autoriza o enfiteuta a exercer, restritiva e perpetuamente,
sobre coisa imóvel, todos os poderes do domínio, mediante pagamento ao senhorio direto
de uma renda anual.
d) Objeto da enfiteuse.
e) Constituição da enfiteuse.
Podia ser constituída por ato inter vivos ou causa mortis (CC,art.678).
Orlando Gomes diz que a enfiteuse só era adquirida pela transcrição, usucapião ou
sucessão hereditária . Mas o título constitutivo podia ser: o contrato, o testamento ou a
sentença judicial.
Exigia-se que o contrato (escritura pública, se imóvel com valor acima do legal
(CC,art.134, II) fosse levado a registro no Registro de Imóveis (Lei nº 6.015, de 31.12.73,
artigo 167, I, nº 10). Lafayette, citado por Washington de Barros Monteiro, refere-se a
três casos de aquisição da enfiteuse por usucapião: a) quando estabelecida a enfiteuse por
quem não é dono, desde que verificado o prazo da prescrição aquisitiva; b) Alguém, na
posse do imóvel, embora não seja enfiteuta, paga foro ao dono; c) quando o dono do
imóvel, por ignorância, ou outro motivo, paga, como enfiteuta, pensão a outrem, que toma
como senhorio.
Os bens enfitêuticos, conforme artigo 681 do Código Civil de 1916, são transmissíveis
por herança da mesma forma como o são os alodiais (=livres e desembaraçados, sem ônus),
estabelecida nos artigos 1.829-1.844 (arts.1.603 a 1.619, do Código Civil/16) (CC,art.681)
Contudo, é proibida a sucessão de cônjuge estrangeiro, se os bens forem da União, da
mesma forma que se veda a concessão de aforamento ao alienígena (Dec.-lei nº 3.438,de
17.7.41, art. 18).
Pelo Código de 1916, os bens enfitêuticos podiam ser transmitidos por herança, mas
não podiam ser divididos em glebas sem a anuência do senhorio (CC,art.681).
Se houvesse anuência, e a coisa fosse dividida, cada gleba constituiria um prazo
distinto. Prazo aqui não significa lapso temporal, mas prédio. (Rizzardo).
Mas se não houvesse a divisão, os consortes deveriam, em 6 (seis) meses, eleger um
cabecel (=cabeça do prazo), contra quem era proposta toda e qualquer ação pelo senhorio,
resguardando ao cabecel o direito de regresso contra os demais.
Se os consortes não escolhessem o cabecel no prazo de seis meses, a escolha caberia
ao senhorio (CC,art.690).
Não pode mais haver divisão em glebas, porque está proibida a criação de
subenfiteuses.
i) Direitos do senhorio.
j) Obrigações do senhorio.
k) Direitos do enfiteuta.
l) Obrigações do enfiteuta.
n) Resgate (CC,art.693).
Existem as enfiteuses que têm por objeto terrenos de marinha, bens estes públicos,
pertencentes à União, conforme dispõe o artigo 20, VII, da Constituição Federal.
Esses bens são públicos por motivo de segurança nacional, “como a guerra ao
contrabando e a defesa do território (Arnaldo Wald).
É matéria de direito público, diz Silvio de Salvo Venosa, que observa princípios de
direito civil, mas subordina-se a princípios de direito administrativo.
131
Essas enfiteuses não podem ser resgatadas.
“aqueles que, banhados pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, se estendem até a
distância de 33m para a parte térrea, tomando-se como base o preamar médio do ano de
1831 (Dec.-lei n. 2.490/40), ou, como estatui o Decreto-lei n. 4.120/42, ‘a linha do
preamar máximo atual, determinada, normalmente, pela análise harmônica de longo
período’” (Maria Helena Diniz).
Diz Sílvio de Salvo Venosa (p.390) que o Projeto n.º 6.960/2003 acrescenta no
parágrafo 2.º do artigo 2.038 do novo Código Civil a proibição de se criar novas enfiteuses
e subenfiteuses em terrenos de marinha e acrescidos, subordinando as já existentes às
disposições da legislação específica, mas, sustenta o autor, “a alteração em lei ordinária é
inócua, pois essa enfiteuse subordina-se a princípios administrativos e cabe ao legislador
regulá-la, inclusive ampliando, se for oportuno e conveniente.”
p) Instituto em extinção
Ainda, para desestímulo, proibiu a cobrança de laudêmios (percentual pago pelo foreiro
ao senhorio, no caso de alienação do prédio enfiteuta).
132
I – cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre
o valor das construções ou plantações;
II – constituir subenfiteuses.
OBS.: Na AC N° 70013915178 – 19ª CC – RJRS – Rel. Dês. Carlos Rafael dos Santos
Júnior – J. 04/4/2006 – Admitiu-se o usucapião do domínio útil de uma área superior a 40
hectares, que tem por objeto um bem público, pertencente ao Município de Júlio de
Castilhos.
133
25.ª AULA – 30/05/ 2011
4.1.2. DA SUPERÍFICIE
a) Generalidades
O instituto é de origem romana, passando, só agora, a ser regido pelo Código Civil.
Hoje, esse direito real da concessão de uso de superfície está regulado pela Lei n.º
10.257/2001, arts. 21 a 24, e pelo Código Civil, arts. 1.225, II, 1.369 a 1.377.
O direito real de superfície, agora contemplado pelo Código Civil, veio substituir, com
vantagem, a Enfiteuse, afirmam Maria Helena Diniz e Sílvio de Salvo Venosa.
g) Abrangência
h) Extinção da superfície
Também, o Estatuto da Cidade não contém proibição contida no Código Civil, artigo
1.372, referente ao não pagamento de transferência a terceiros.
136
4.1.3. DA SERVIDÃO – arts. 1.378 - 1389
a) Generalidades.
Por isso, o Código Civil de 1916 usava a denominação “Servidões prediais”, mesmo que
não tivesse adotado as servidões pessoais.
b) Definição.
“É o direito real sobre a coisa imóvel, que lhe impõe um ônus em proveito de outra,
pertencente a diferente dono” (Orlando Gomes).
c) Finalidade
As servidões têm por objetivo dar mais utilidade ao prédio dominante, logo, tornando-o
mais agradável. Em conseqüência, valoriza-o, em prejuízo, todavia, do prédio serviente,
que se desvaloriza.
d) Características
- De regra, recai sobre prédio vizinho, embora isso não seja essencial, podendo gravar
prédio não contíguo, como é o caso da servidão de aqueduto, que pode passar por vários
outros, sendo confinante apenas um deles.
- A servidão, necessariamente, deve recair sobre imóvel alheio. Porém é possível que a
servidão recaia sobre um prédio do qual o proprietário do prédio dominante é condômino,
ou vice-versa, diz Sílvio Venosa.
e) Natureza jurídica
“É um direito (CC, art. 1.225, III) de gozo ou fruição sobre imóvel alheio, de caráter
acessório, perpétuo, indivisível e inalienável” (Maria Helena Diniz).
f) Classificação
138
f.1 Quanto à natureza dos prédios
- Rústicas
Exemplos:
- Urbanas
“São aquelas constituídas para a utilidade de prédios edificados” (Orlando Gomes), “...
e não porque localizadas na zona urbana” (Venosa).
Exemplos:
- Contínuas e descontínuas
- Contínuas:
Subsistem e são exercida independente de ato humano direto. Ex.: passagem de água,
energia elétrica, iluminação, ventilação.
- Descontínuas:
Requer ação humana. Ex.: servidão de trânsito; de tirar água do prédio alheio; de
pastagem.
- Positivas e negativas
139
- Positivas:
- Negativas:
- Ativas e passivas
- Ativas:
- Passivas:
- Aparentes
- Não-aparentes
São aquelas que não podem ser vistas. Ex.: Não construir.
Vide Apelação Cível n° 70001411552 – 20ª CC –TJRS – Rel. Dês. Rubem Durte – J.
03/4/2002.
- Legais
- Naturais
- Convencionais
140
Resultam da vontade das partes. Ex.: Contratos e testamentos.
g. Constituição
Exige capacidade genérica e específica. A genérica diz respeito aos atos da vida civil;
A específica está ligada à circunstância de não haver óbice, como o que existe em relação
ao condômino, que não pode contratar sem o consentimento dos demais, e em relação ao
nu-proprietário, que precisa de autorização do usufrutuário.
O testador institui a servidão sobre o prédio que deixa para alguém, em favor de outro
prédio. O legatário já recebe o bem gravado.
A jurisprudência tem entendido que a servidão, nesse caso, deve ser aparente, para
proteger a boa-fé do adquirente do imóvel dominante (Maria Helena Diniz ). Com isso, não
concorda Sílvio Venosa, pois entende que, “uma vez transcrito o título no registro
imobiliário, constando a servidão, acautelar-se-ão os direitos dos futuros adquirentes,
ainda que ela não seja aparente”.
O Projeto n.º 6.960/2002, diz Sílvio Venosa, descreve essa modalidade de instituição
de servidão, substituindo a redação do art. 1.379.
Está contemplada pelos artigos 979, II, e 980, § 2.º, III, do Código de Processo Civil,
referente às ações de divisão e de demarcação, quando necessária para a utilização dos
quinhões partilhados. Homologada a divisão do imóvel, a transcrição da sentença judicial
no registro imobiliário constitui a servidão (Maria Helena Diniz).
141
g5) Usucapião
Está previsto no artigo 1.379, parágrafo único, do Código Civil. Prescreve esse
dispositivo que o exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez
anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no
Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado o usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos,
O Código de Processo Civil, também, prevê o usucapião de servidão em seu artigo 941.
Observa Sílvio Rodrigues que se tem admitido haver posse de servidões de passagem,
que, embora descontínuas, revelam-se externamente, como, por exemplo, diz Maria
Helena Diniz, pontes, aterros, “pontilhões, viadutos, pavimentação em alguns trechos”.
Jurisprudência
142
h) Direitos do dono do prédio dominante
- Responder pelas obras feitas para uso e conservação da servidão, se não houver
estipulação em contrário (CC, art. 1.381);
- Exercer a servidão na medida da necessidade do prédio dominante, sem agravar os
prejuízos do prédio serviente (CC, art. 1.385). Ex.: Não tirar mais água do que foi
permitido;
- Indenizar o prédio serviente, se a servidão for usada, embora por necessidade, em
excesso (CC, art. 1.385, § 3.º).
143
l1) Ação confessória
É a que se utiliza o dono do prédio dominante, caso sua posse seja protestada pelo
dono do prédio serviente.
Usa-se para defender a servidão de risco iminente (CPC, art. 934, I).
l5) Usucapião
n.1) Confusão – reunião dos dois prédios no domínio de uma única pessoa (1.389, I);
n.2) Supressão das respectivas obras (não aparentes), em razão de contrato ou de outro
título (1.389, II);
Outras formas:
n.6) Resgate – Quando o proprietário do imóvel serviente resgatar a servidão (1.389, III)
n.8) Decurso do prazo – quando a servidão for constituída a termo ou sob condição;
n.9) Desapropriação;
145
26.ª AULA – 01/06/ 2011
a) Generalidades
O usufruto, segundo Girard, diz Sílvio Rodrigues, surgiu, no direito romano, em época
bem avançada da República.
b) Definição
O Código Civil de 1916 definiu o instituto em seu artigo 713, não reproduzido no novo
Código Civil, nestes termos:
c) Objeto
Recaindo sobre móveis, os bens não podem ser fungíveis nem consumíveis, porque,
neste caso, tem-se o quase usufruto ou usufruto impróprio.
146
Se o objeto do usufruto for bem imóvel, impõe-se o registro no Registro de Imóveis
(CC, art. 1.391).
Ainda, tem direito o usufrutuário ao preço pago pelo vizinho para obter a meação da
parede, cerca, muro ou vala (CC, art. 1.392, § 3.º).
Pode que o objeto do usufruto seja um patrimônio, no todo ou em parte. Isso ocorre
mais nos casos de sucessão hereditária. Nessa hipótese, o usufrutuário se obriga aos
juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele (CC, art. 1.405).
O usufruto pode recair sobre título de crédito (CC, art. 1.395), hipótese em que se
tem o quase-usufruto, porque se trata de bem consumível.
Também, o usufruto pode recair sobre um rebanho, como refere o artigo . 1.397 do
Código Civil. As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, mas, ao final, ele deve
devolver ao proprietário igual número de cabeças (Venosa).
d) Características
É um direito temporário, porque não poderá ir além da vida do usufrutuário (CC, art.
1.410, I), ou além de 30 anos, se o usufruto for instituído em favor de pessoa jurídica (CC,
art. 1410, III).
Pode ser constituído em caráter vitalício ou por tempo determinado (P.ex.: até que o
usufrutuário atinja determinada idade, consiga graduação universitária, case-se.
147
É intransmissível e inalienável, mas o seu exercício pode ser cedido a título gratuito
ou oneroso (CC, art. 1.393).
Nada impede que o usufrutuário alugue ou arrende o imóvel (CC, art. 1.399).
É impenhorável o usufruto, mas não o seu exercício, que pode ser objeto de penhora.
Todavia, tratando-se de usufruto legal, não poderá ser penhorado nem o direito nem
o exercício.
Vide AC N° 70014402648 – 14ª CC – TJRS – Rel. Desa. Judith dos Santos Montecy
– J. 25/5/2006, que admite a penhora do exercício do usufruto.
e) Espécies
e.1.1) Legal: Quando instituído pela lei. Ex.: o do pai ou da mãe sobre os bens dos
filhos menores (CC, art. 1.689, I); o do cônjuge sobre os bens do outro, quando lhe
competir tal direito (CC, art. 1.652, I).
e.1.2.1) Alienação, quando o proprietário concede, por ato inter vivos ou causa
mortis, o usufruto a outrem;
e.2.1) Próprio
e.2.2) Impróprio:
148
que consome o bem, salvaguardando ao nu proprietário o direito de receber o equivalente
ou seu valor correspondente.
- Universal: Recai sobre uma universalidade de bens. Ex.: Patrimônio (CC, art. 1.405);
herança, fundo de comércio (CC, arts. 1.390 e 1.392, § 3.º, 1.ª parte).
- Particular: Tem por objeto um ou mais bens individualmente determinados (CC, art.
1.390). Ex.: Um prédio; certo número de ações; um sítio.
- Vitalício: Perdura até a morte do usufrutuário ou enquanto não ocorrer causa legal
que extinga o usufruto (CC, art. 1.410).
Obs.1: O usufruto sucessivo, aquele instituído em favor de alguém, para que, após sua
morte, transmita a outrem, não é mais permitido no nosso ordenamento, assegurando,
assim, o nosso legislador a temporariedade do instituto.
Obs. 2: Admite-se o usufruto simultâneo (CC, art. 1.411), aquele que beneficia várias
pessoas, extinguindo-se, paulatinamente, com a morte de cada usufrutuário, até atingir a
sua plenitude com o passamento do último, a não ser que seja estipulado de que, com a
morte de um deles, o direito se reverta aos usufrutuários sobreviventes, acrescendo aos
seus quinhões. O artigo 1.411 do Código Civil só é aplicado em usufrutos instituídos por
149
atos inter vivos. Se forem estabelecidos por ato causa mortis, aplica-se o artigo 1.946 do
Código Civil (a parte da que faltar acresce-se a da outra).
f) Constituição
O usufruto é constituído:
Essa constituição voluntária do usufruto dá-se por alienação ou retenção. Dá-se por
alienação quando, por contrato ou testamento, o proprietário da coisa cede o seu uso a
outrem, conservando a nua propriedade. Na retenção, o proprietário transfere a alguém a
nua propriedade, reservando, para si, o uso e gozo da do bem constituído em usufruto.
Obs.: Se o usufruto recair sobre bens móveis, basta a tradição; se sobre bens imóveis
é necessário o registro.
Dá-se quando o bem objeto do usufruto é substituído por outro. Ex.: Usufruto de um
crédito é substituído por um usufruto de coisa, à medida que o devedor paga ao
usufrutuário a coisa devida, que passa a ser propriedade do credor.
Obs.: Maria Helena Diniz cita, ainda, a sentença, conforme dispõem os artigos 716-
729, do CPC, mas Silvio de Salvo Venosa afirma que “ não há possibilidade de instituir-se
usufruto por sentença”.
O usufruto é direito real, oponível erga omnes; a locação é direito pessoal, logo,
oponível apenas contra o locador.
- De receber meação em tesouro achado, paredes, cerca, muro, vala (CC, art. 1.392, §
3.º).
2) Deveres
- Inventariar, às suas custas, os bens móveis que receber, para determinar o estado
em que se encontram e estimar seus valores.
- Dar caução real ou fidejussória (CC, art. 1.400, 2.ª parte/ 1.402 e 1.401).
- Pagar certas contribuições (CC, art. 1.403, II; 1.407; 1.408 e 1.409).
1) Direitos
- Administrar o usufruto, caso o usufrutuário não possa ou não queira dar caução (CC,
art. 1.401).
- Aos frutos naturais pendentes ao tempo em que cessar o usufruto (CC, art. 1.396, §
ún.).
- Aos frutos civis vencidos antes de instituído o usufruto (CC, art. 1.398).
- Exigir do segurador direito do seguro feito pelo usufrutuário (CC, art. 1.407, § 1.º).
- Não restabelecer o usufruto, se o prédio for destruído, sem culpa sua, e reconstrui-
lo às suas expensas.
153
- Promover a extinção do usufruto, se o usufrutuário alienar, arruinar ou deteriorar a
coisa frutuária (CPC, arts. 1.112, VI, e 1.113).
2) Deveres
O usufruto se extingue:
Se o usufrutuário for pessoa jurídica (CC, art. 1.410, III), para que se assegure o
princípio da temporariedade, caso ela não seja dissolvida antes, o usufruto se extingue em
30 (trinta) anos.
j.2) Pelo advento do termo de sua duração (CC, art. 1.410, II), a não ser que o
usufrutuário faleça antes de se vencer o prazo.
154
j.4) Pela cessação da causa que se origina (CC, art. 1.410,IV).
j.5) Pela destruição da coisa não sendo fungível (CC, art. 1.410, V)
j.7) Pela renúncia expressa ou tácita CC, art. 1.410, I, 1.ª parte.
j.9) Pelo não uso ou não fruição (CC, art. 1.410, VIII).
A lei não diz qual o prazo. Sílvio de Salvo Venosa defende o prazo de 10 anos,
consoante artigo 205 do Novo Código Civil, embora reconheça seja sustentável o prazo do
usucapião extraordinário do art. 1.238.
Carlos Roberto Gonçalves defende a aplicação do artigo 205 do Código Civil,
admitindo o prazo de 10 anos.
155
27.ª AULA – 06/06/ 2011- DIA 8 SERÁ A ÚLTIMA DATA PARA ENTREGAR OS
TRABALHOS
a) Generalidades. Conceito.
“O usus, em seu significado originário, era o direito de usar uma coisa sem receber os
frutos. Era dirigido a coisas que não o produziam, não se levando em conta a possibilidade
de auferir qualquer fruto civil”.
Assim, o uso “é o direito real que, a título gratuito ou oneroso, autoriza uma
pessoa a retirar, temporariamente, de coisa alheia, todas as utilidades para atender
às suas próprias necessidades e às de sua família” (Maria Helena Diniz).
c) Modificação do uso
d) Sujeitos
156
Há dois sujeitos:
e) Distinção do usufruto
f) Caracteres
a) É um direito real sobre a coisa alheia (CC, art. 1.225,V), porque recai sobre um bem
alheio.
d) É intransmissível, porque tanto o seu direito quanto o seu exercício não podem ser
cedidos.
g) Objeto
Diz Sílvio Venosa que “é instituto inútil como direito real, se objetivar coisas
consumíveis, pois nesse caso se transferiria a propriedade”.
i) Modos de aquisição
i1) Por ato jurídico inter vivos (contrato), exigindo-se: tradição (se coisa móvel);
escritura pública registrada (se coisa imóvel);
157
i3) Por sentença judicial, quando determinadas circunstâncias impuser para partilhar,
dividir ou executar forçosamente, observando-se o artigo 2.017 do Código Civil;
j) Extinção
158
4.1.6 DA HABITAÇÃO – CC, art. 1.414-1.416 ; 1.225, VI
a) Definição
Destina-se à moradia gratuita, não podendo ser usado para fundo de comércio ou de
indústria.
O titular do direito real de habitação não pode alugar nem emprestar o imóvel.
O direito real de habitação pode ser instituído a mais de uma pessoa, mas não pode,
qualquer delas que não esteja habitando a casa, cobrar aluguel da que esteja (CC, art.
1.415).
b) Objeto
* Deve ser inscrito no Registro de Imóveis (Lei n.º 6.015/73, art. 167, I, n.
c) Direitos do habitador
c.1) Morar na casa com sua família, podendo hospedar parentes e amigos, desde que
não cobre hospedagem;
- A Lei n.º 4.121/62 instituiu direito real de habitação ao cônjuge sobrevivente com
nova redação inserida no § 2.º do art. 1.611 (do Código de 1916):
159
“Ao cônjuge sobrevivente, casado sob regime de comunhão universal, enquanto viver e
permanecer viúvo, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na
herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência
da família, desde que seja o único bem daquela natureza a inventariar”
“A Lei n.º 10.050/2000 estendeu esse direito real de habitação ao filho portador de
deficiência que o impossibilite para o trabalho, na falta do pai ou da mãe, acrescentando o
§ 3.º ao art. 1.611, em disposição um tanto deslocada.”(Venosa).
A regra deste parágrafo 3º não foi reproduzida no Código Civil de 2002. Venosa
continua fazendo referência a tal direito.
Casamento
“O Código Civil de 2002, no art. 1.831, estabelece esse direito real de habitação ao
cônjuge sobrevivente, “qualquer que seja o regime de bens”. Com isto injustiça, pois nem
sempre o cônjuge sob outro regime que não o da comunhão universal estaria protegido com
bens da herança, a ponto de ter um local para residir. Não havia razão para a manutenção
da redação anterior. No entanto já há tentativa legislativa de retornar-se ao sistema
anterior.”
Direito real de habitação. Ação possessória. Artigos 718, 748, 1.611, § 2°, e 1.572 do
Código Civil de 1916.
1. O titular do direito real de habitação tem legitimidade ativa para utilizar a defesa
possessória, pouco relevando que dirigida contra quem é compossuidor por força do
art. 1.572 do Código Civil de 1916. Fosse diferente, seria inútil a garantia assegurada
ao cônjuge sobrevivente de exercer o direito real de habitação.
2. Recurso especial conhecido e provido. (REsp N° 616.027 – SC. Rel. Min. Carlos
Alberto Menezes Direito. 3ª Turma – STJ. J. 14/6/2004).
União estável
Vide, ainda:
AC N° 70013330881 – 8ª CC - TJRS – Rel. Des. José S. Trindade – J. 22/12/2005.
AC N° 70015179294 – 8ª CC – TJRS – Rel. Des. Luiz Ari Azambuja Ramos – J.
14/9/2006.
161
EXERCIDA PELA COMPANHEIRA. INEXISTÊNCIA DE DIREIO REAL DE
HABITAÇÃO. ARTS. 739, i, DO CÓDIGO CIVIL (1916) E 1410 DO ATUAL.
O usufruto trata-se de direito personalíssimo, intuito personae, intransferível por
qualquer forma, a teor dos art. 739, I, do Código Civil (1916) e 1410 do atual. Caso em
que o de cujus, doador, exercia posse direta com fundamento em direito real sobre
coisa alheia, que integrava o patrimônio dos autores, com as quais a ré não mantém
nenhuma relação jurídica. E, se intransferível é, o falecido não poderia, por meio de
uma simples declaração, repassar o seu direito de usufrutuário. É primário que não se
pode contratar infringindo a lei, ainda mais quando pode prejudicar o interesse de
terceiros.
AELAÇÃO IMPROVIDA.
(AC N° 70016694168 – 17ª CC – TJRS – Rel. Desa. Elaine Harzheim Macedo – J.
28/9/2006).
e) Extinção
4.2 De Aquisição : Direito do promitente comprador do imóvel – CC, arts. 1225, VII, e
1.417-1.418; Decreto-lei n.º 58/37
a) Generalidades
162
com isso, a constituição do direito real. Inexistindo cláusula nesse sentido, prevalece a
irretratabilidade” (Gonçalves, 482).
O novo Código Civil de 2002 consagrou, em seus artigos 1.225, VII, 1.417 e 1.418, a
promessa irretratável de compra e venda, registrada no Registro de Imóveis, como um
direito real de aquisição.
b) Definição
c) Natureza jurídica
Sílvio Venosa, citando Darcy Bessone, que afirma ser uma garantia, assevera que, “se a
função de garantia com eficácia real não é sua característica principal, é elemento
marcante do instituto”.
Orlando Gomes, com Daibert, considera um direito real sobre coisa alheia sui generis,
um pouco direito real de gozo e um pouco direito real de garantia (apud, Maria Helena
Diniz). * Na edição de 2004, revistas e atualizada por Luiz Edson Fachin, afirma que
“Entre os direitos reais limitados não se incluem os de aquisição ,....”.
Maria Helena Diniz diz que, “na verdade o compromisso de compra e venda é um novo
direito real”, não sendo nem de gozo nem de garantia, mas um “direito real sobre coisa
alheia de aquisição.”
d) Requisitos
e) Constituição
Vide:
AC Nº 70017895459 – 20ªCC – TJRS- Rel. Des. José Aquino Flores de Camargo – J.
23/5/2007;
AC N° 70003933389 – 19ª CC – TJRS – Rel. Dra. Leila Vani Pandolfo Machado – J.
24/5/2005.
g) Extinção
164
28.ª AULA – 08/06/ 2011 *ÚLTIMA DATA PARA ENTREGAR OS TRABALHOS
4.3.1.1 - Espécies
a) Definição
É a entrega de uma coisa móvel, ou mobilizável, alienável, pelo devedor, ou por terceiro,
ao credor, para garantir um débito.
b) Sujeitos
b.1) Devedor pignoratício – pode ser tanto o próprio devedor como um terceiro.
c) Características
c.4) Em regra, recai sobre coisa móvel. * Exceção: Penhores rurais, industrial e sobre
direitos. Obs.: Em alguns casos, bens móveis são objeto de hipoteca, como, navios,
ferrovias e aeronaves.
165
c.9) É temporário.
d) Constituição
É feito por instrumento público ou particular e deve ser registrado no Registro de Títulos
e Documentos (Lei n.º 6.015/73, art. 127, II).
- Direitos
Deveres
- Direitos
166
- Não perder a propriedade;
- Conservar a posse indireta;
- Impedir que o credor faça uso da coisa;
- Exigir do credor o ressarcimento de prejuízos que a coisa sofrer por culpa do
credor;
- Receber o remanescente do preço da venda da coisa empenhada;
- Reaver o bem, uma vez paga a dívida.
- Deveres
- Pagar as despesas feitas pelo credor com a guarda e conservação do bem gravado;
- Indenizar o credor de todos os prejuízos causados por vícios da coisa empenhada;
- Reforçar o ônus real, quando necessário;
- Obter licença do credor para alienar o bem, sob pena de incorrer no delito do
artigo 171, § 2º, III, do Código Penal;
- Pagar a dívida e exibir todos os objetos gravados, na execução do penhor, sob pena
de prisão administrativa.
a) Definições
O penhor agrícola (CC, art. 1.442) recai sobre culturas; o penhor pecuário, sobre
animais.
Vide:
167
e) Bens imóveis por acessão
O penhor rural recai sobre bens imóveis por acessão física ou intelectual, porquanto,
segundo dispõe o artigo 79 do Código Civil, as culturas, frutos pendentes, máquinas e
animais empregados no serviço de uma propriedade rural são considerados como imóveis
(Maria Helena Diniz), pois não faria sentido, por um lado, conceder o empréstimo, por
outro, retirar do devedor os meios de produção.
CC/02, art. 79 – São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
O credor, então, recebe a posse indireta, ficando o devedor com a posse direta, na
qualidade de depositário.
No caso de excussão, o devedor deve entregar o bem gravado, sob pena de prisão (CC,
art. 652; CF, art. 5.º, LXVII; Lei n.º 492/37, art. 35; Cód. Com., art. 284; Cód. Penal, art.
168, § 1.º, I).
f) Dispensa da tradição
g) Registro – CC, art. 1.438; Lei n.º 6.015/77, art. 167, I, n.º 15.
Não requer outorga uxória (Lei n.º 492/37, art. 11. § ún).
168
Caso o devedor pretenda alienar o gado empenhado ou, de forma negligente, ameace
prejudicar o credor, este pode requerer que os animais fiquem depositados sob a guarda
de terceiro, ou exigir o pagamento imediato do débito (CC, art. 1445, § ún).
j) Prazo
Para o penhor agrícola, não pode ser superior a 03 anos, prorrogáveis por mais 03 anos
(CC, art. 1.439).
Para o penhor pecuário, o Decreto-lei n.º 167/67, arts. 61 e 62, e o Código Civil, art.
1.439, prevêem prazo de 04 anos, prorrogáveis por mais 04.
Esta cédula é transferível por endosso (Lei n.º 492/37, art. 16).
169
4.3.1.1.3 - Penhor industrial – CC, art. 1.447
Dispensa a tradição.
- recai sobre coisa móvel, logo, não pode recair sobre estabelecimento
comercial, que é imóvel, e marcas de fábrica, que são impenhoráveis, mas podendo sobre
mercadorias, produtos, máquinas, etc.;
- é acessório;
- é indivisível;
- deve ser registrado no Registro de Imóveis (CC, art. 1.448, Maria Helena
Diniz);
Vide:
170
REsp N° 20.002-0 – RJ – 4ª Turma – STJ – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo
Teixeira. Penhor sobre matéria prima – Leite em pó.
AI N° 70015313778 – 17ªCC – TJRS – Rel. Des. Alexandre Mussoi Moreira –
J. 14/9/2006.
Ao lado dos bens móveis corpóreos, podem ser gravados os bens incorpóreos.
- as patentes de invenções;
- direitos autorais
Exige-se que o veículo esteja segurado contra furto, danos, etc. (art. 1.463).
a) Definição
Como já dito, é a própria norma jurídica que constitui o penhor, objetivando proteger
determinados credores, dando-lhes o direito de tomar certos bens como garantia, até a
obtenção do pagamento.
b) Exemplos:
172
- Dos donos de prédios rústicos ou urbanos, sobre os móveis que os rendeiros ou
inquilinos tiverem no prédio, pelas rendas e alugueres (CC, arts. 1.467, I e II).
- A lei autoriza o credor a apreender as bagagens dos hóspedes que deixaram de pagar
a hospedagem, até o valor da dívida, antes de recorrer à autoridade judiciária, se houver
perigo na demora.
173
- CPC, arts. 874 a 876.
- A cobrança do débito deve ser feita no prazo de 1 (hum) ano, sob pena de prescrição
(CC, art. 206, § 1.º, I).
c) Renúncia do credor, já que, sendo capaz, pode abrir mão do seu direito real.
d) Adjudicação judicial ou a venda da coisa empenhada feita pelo credor ou por ele
autorizada (CC, art. 1.436, V; Lei de Falências, art. 22, III, m).
A adjudicação, prevista no artigo 714, e a remição, no artigo 787, ambos do CPC,
sofreram grandes modificações. Esses artigos foram revogados pela Lei n°
11.382/2006, que alterou o processo de execução. A remição, que dava ao cônjuge, aos
ascendentes e descendentes o direito de adquirir o bem penhorado, foi extinta. Também
o foi a adjudicação do artigo 714, instituto que recebeu profundas alterações. Agora, a
adjudicação está prevista no artigo 685-A, com redação nova dada pela Lei n°
11.382/2006. É feita depois da avaliação. Podem adjudicar o exeqüente, o credor com
garantia real, outros credores que também tenham penhora sobre o mesmo bem, o
cônjuge, descendente e ascendente. Estes três últimos são os antigos legitimados para a
remição, que foi revogada, sendo que agora eles participam, com preferência, da
adjudicação. A remissão (correto é remição) que consta no inciso V do artigo 1.436 do
Código Civil, está em desacordo com a nova execução, porque desapareceu. Os manuais
editados até 2007 não estão atualizados.
175
29.ª AULA – 13/06/ 2011 –
a) Definição
É um direito real na coisa alheia de natureza civil, que grava um bem imóvel (ou móvel
hipotecável por força de lei), pertencente ao devedor ou a terceiro, sem transferir a
posse, para garantir o pagamento do débito.
O direito incide sobre o valor do bem gravado, mas não sobre a sua substância.
b) Características
c) Requisitos
c.1.1) Incide sobre bens imóveis. Exceção: Em casos especiais, pode recair sobre
bens móveis.
c.1.2) O bem onerado deve pertencer ao devedor, mas se não o for, e o devedor
adquirir, posteriormente, a propriedade, a hipoteca fica revalidada.
176
Observação.: São inalienáveis, porque estão fora do comércio:
- os bens públicos de uso comum e especial (os dominiais podem ser alienados,
desde que haja autorização legislativa);
- os bens dotais;
- o bem de família;
- os bens de órfãos;
- os bens de menores (podem ser hipotecados com autorização judicial, desde que
se prove a necessidade);
- os bens gravados com cláusula de inalienabilidade;
- os direitos reais;
- os direitos hereditários;
- os bens futuros (mas tem-se admitido hipoteca de construção não realizada,
para facilitar o financiamento para a aquisição de imóvel, desde que determinado o valor
máximo do crédito a ser investido – CC, art. 1.487).
c.2.4) Em edifício coletivo, cada condômino pode dar em garantia real sua unidade
autônoma, sem depender da concordância dos demais.
c.2.5) Os menores sob poder familiar podem hipotecar, desde que representados
no ato constitutivo por seus pais, com prévia autorização judicial, e provada a necessidade
(CC, art. 1.691).
c.2.8) O falido não pode hipotecar, porque não tem a administração do bem.
177
c.3) Requisitos formais
A inscrição marca a data da constituição da hipoteca bem como o seu termo final,
pois sua vigência máxima é de 30 anos (CC, art. 1.485, com a nova redação, dada pela Lei
n° 10.931/2004).
d.1) Os imóveis;
d.2) Os acessórios dos imóveis;
d.3) O domínio direto (senhorio);
d.4) O domínio útil (enfiteuta);
d.5) As estradas de ferro;
d.6) Os recursos naturais;
d.7) Os navios;
d.8) As aeronaves;
d.9) O gasoduto.
e) Efeitos
178
- Tem direito à execução, caso a dívida não seja paga no vencimento. Obs.: O
Decreto-lei n.º 70/66 permite a execução de créditos hipotecários pela via extrajudicial;
- Pedir o reforço da garantia hipotecária;
- A hipoteca realizada no período da falência não tem efeito (Decreto-lei n.º 7.661,
art. 52, III; CC. Art. 163; CPC, arts. 748 e segs.)
f) Remição da hipoteca
g) Espécies de hipoteca
179
g.1) Hipoteca convencional
Especialização:
É originária da França.
O CC/16 previu em seu artigo 824.
O CC/2003 omitiu.
Mas vige no CPC, art. 466, § único (Vide CC/02, art. 2.043).
181
4.3.3 DA ANTICRESE – CC, art. 1.506 a 1.510
a) Definição
A expressão “anticrese” tem origem no vocábulo grego “antichresis”, que quer dizer
uso (chresis) contrário (anti). Assim, tem-se o débito do devedor contra o uso dos frutos
e dos rendimentos que tem o credor anticrético.
b) Características
c.1) Reter o imóvel do devedor por 15 anos, se prazo inferior não for estipulado (art.
1.423) ou até que o crédito seja satisfeito (art. 1.507, § 2.º). O credor anticrético não
pode excutir o imóvel.
c.2) Possuir o bem, gozando de seus frutos e percebendo seus rendimentos (arts.
1.506 e 1.507).
c.3) Invocar seus direitos contra o adquirente do imóvel, os credores quirografários e
hipotecário posteriores ao registro da anticrese (art. 1.509).
c.4) Administrar o imóvel, mas deve prestar contas (art. 1.507, § 1.º).
c.5) Preferência sobre qualquer outro crédito constituído depois, sendo que, a
hipoteca, registrada depois, não pode executar o imóvel, enquanto existir o gravame da
anticrese.
c.6) Falindo o devedor, o credor anticrético haverá do produto da venda do bem o
valor atual, à taxa de juros de 6% ao ano, dos rendimentos que puder obter em
compensação do débito (Decreto-lei n.º 7.661/45).
182
c.7) Adjudicar os bens penhorados, se vinda a praça sem lançadores.
c.8) Defender sua posse.
c.9) Liquidar o débito com a percepção da renda do imóvel.
g) Extinção da anticrese
h) Referências jurisprudenciais
AC N° 599437092 – 1ª Câm. FériasCível – TJRS – Rel. Dês. Genrao José Baroni Borges –
J. 4/12/1999.
183
AC N° 2002.022953-4 – 3ª Câm.Dir.Com. – TJSC – Rel. Dês. Marco Aurélio Gastaldi Buzzi
– J. 13/5/2004.
Agrvo N° 2002.07398-9 – Terceira Turma Cível - TJMS – Rel. Dês. Hamilton Carli – J.
0262003.
4.4.1. Da concessão de uso especial para fins de moradia – CC, art. 1.225, XI
(acrescentado pela Lei nº 11.481/2007)
a) Definição
b) Finalidade
c2) não ser possuidor de outro imóvel, quer como proprietário quer como
cessionário;
d) Procedimento
e) Extinção
184
4.4.2. Da concessão de direito real de uso – CC, art. 1.225, XII (acrescentado pela Lei
nº 11.481/2007)
.............................................................................................................................
185