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Gisele Meneghini
Júlia Glowacki
Lucas Ketzer dos Reis
Ijuí
2018
Gisele Meneghini
Júlia Glowacki
Lucas Ketzer dos Reis
Ijuí
2018
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4
2. AS ORIGENS POLÍTICAS DAS GRANDES POTÊNCIAS DA GUERRAFRIA ............. 5
2.1. Estados Unidos da América .......................................................................................... 5
2.2. União das Repúblicas Socialistas Soviéticas................................................................. 7
2.3. República Popular da China ........................................................................................ 10
3. A GUERRA FRIA .............................................................................................................. 12
3.1. Crise Pós-Guerra ......................................................................................................... 12
3.2. Cenário Geopolítico .................................................................................................... 14
3.3. Conflito Político-Ideológico ........................................................................................ 15
3.4. Corrida Espacial e Armamentista ................................................................................ 20
3.5. A Distensão ................................................................................................................. 22
3.6. Era Gorbachev e o fim da Guerra Fria ........................................................................ 23
4. O DILEMA POLÍTICO DO ESPECTRO DIREITA ESQUERDA ................................... 25
4.1. Comunismo ................................................................................................................. 25
4.2. Capitalismo ................................................................................................................. 26
4.3. Espectros políticos: pesquisas influentes .................................................................... 26
4.4. Espectro político clássico – unidimensional – e divisão entre direita e esquerda ....... 30
4.5. Espectros unidimensionais .......................................................................................... 32
4.6. Espectros bidimensionais ............................................................................................ 34
4.7. Espectros tridimensionais ............................................................................................ 40
4.8. Outros modelos ........................................................................................................... 42
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 45
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 46
4
1. INTRODUÇÃO
A Guerra Fria foi um conflito não-armado que definiu, por muitos anos, a política, a
economia e a cultura ao redor do globo durante muitos anos, através das inúmeras corridas
bélico-tecnológicas, financiamentos de movimentos revolucionários, guerras e do
investimento massivo em propaganda, o que levou, consequentemente, a um mundo
bipolarizado, dividido entre os blocos ideológicos de duas grandes potências: o bloco
capitalista, dos Estados Unidos da América, e o bloco comunista, da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas. O legado da Guerra Fria permanece até hoje, através das inúmeras
tecnologias – desde os terríveis armamentos nucleares e diversos tipos de armas de destruição
em massa até as inovações necessárias para viagens espaciais e a internet – e das
consequências politico-ideológicas do tamanho conflito ideológico entre duas grandes
potências mundiais.
O objetivo deste trabalho, além de esclarecer de modo imparcial e apolítico do que se
tratou o conflito e do que se tratam ambas as ideologias envolvidas – tanto o capitalismo
quanto o comunismo – é mostrar como as consequências políticas deste se aplicam até os dias
atuais, através da bipolarização apresentada no espectro político direita-esquerda, e, por fim,
apresentar alternativas viáveis ao espectro clássico, que para o mundo atual serão muito mais
benéficos e levarão ao constante progresso do debate político – o que, com o espectro político
clássico, é inviável, devido a herança inegável da Guerra Fria que leva aos extremos de cada
ideologia não dialogarem entre si.
5
Para que se entenda a Guerra Fria plenamente, antes faz-se necessário que se entenda as
origens históricas de cada uma das grandes potências envolvidas no conflito, já que tais
origens influenciaram diretamente nas bases ideológicas desenvolvidas ao longo da história
desses países – se mostrando proeminentes durante o conflito. Se as origens históricas não
forem estudadas e compreendidas a fundo, não se pode, de todo, compreender a Guerra Fria,
devido a grande – mesmo que não evidente – influência que estas exerceram no bloco
comunista e capitalista.
presidente dos Estados Unidos da América – momento esse que foi o estopim para a Guerra
Civil Americana.
Guerra Civil Americana
Os 11 estados do Sul, após Lincoln ser eleito, declaram secessão – separação dos
demais estados norte-americanos – e formam um novo país, nomeado Estados Confederados
da América. Elegeu-se um novo presidente para os Estados Confederados, Jefferson Davis.
Lincoln, com o apoio do Norte e Oeste, declarou guerra ao Sul.
A guerra que esperava-se ser curta, durou quatro longos anos e matou mais de meio
milhão de pessoas. A Guerra Civil Americana foi a primeira guerra que teve grande
participação civil, e causou mais mortes que a guerra do Paraguai – que foi um conflito
continental. A derrota do Sul era inevitável – sem apoio externo e enfrentando um inimigo
mais desenvolvido, o Sul não tinha como aguentar mais. Em 1865 a Câmara dos
Representantes aprovou a décima terceira emenda, que aboliu a escravidão nos Estados
Unidos.
Grande Depressão, assentando as bases para a criação do New Deal por Franklin D.
Roosevelt.
1
Até o ano de 1920, a Rússia fazia uso do calendário juliano, então podem haver discordâncias em relação a data
dos eventos quando comparados com o atual calendário gregoriano.
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forças no fronte Ocidental, já que a saída da Rússia da Guerra implicaria no fim de todas as
atividades na frente Oriental.
Na madrguada do dia 25 de outubro, os bolcheviques, liderados por Lênin, Zinoviev e
Radek, contando com elementos anarquistas e socialistas revolucionários, cercaram a capital
onde se localizavam o Soviete de Petrogrado e o Governo Provisório, prendendo muitas
pessoas – apesar disso, Kerenski foi capaz de fugir. O Soviete de Petrogrado, numa sessão
extraordinária, delegou o poder governamental ao Conselho dos Comissários do Povo –
dominado pelos bolcheviques – e dissolveu a antiga assembléia constituente. O Comitê
Executivo do Soviete de Petrogrado rejeitou a decisão, e convocou os sovietes e o exército a
defender a Revolução contra o golpe bolchevique. Todavia, os bolcheviques predominaram na
maior parte das províncias de etnia russa – o que não se deu em regiões como a Finlândia, a
Polônia e a Ucrânia.
Em 3 de novembro, um esboço do Decreto sobre o Controle Operário foi publicado –
documento que instituía a autogestão em todas as empresas com cinco ou mais empregados, o
que acelerou a tomada do controle de todas as esferas econômicas por parte dos conselhos
operários, provocando um caos generalizado e aumentando ainda mais a fuga de proprietários
para o exterior. Esse decreto foi fundamental para que a classe trabalhadora passasse a apoiar
o então impopular regime bolchevique. Durante os meses seguintes, os bolcheviques
procuraram submeter os conselhos operários ao controle estatal, através do Conselho Pan-
Russo de Gestão Operária.
Todos os partidos políticos russos concordaram que fazia-se necessária a existência de
uma assembléia constituente, e que somente esta deveria autoridade para decidir sobre a
forma de governo que surgiria após o fim do absolutismo. As eleições para tal assembléia
ocorreram em 12 de novembro de 1917, e com exceção do Partido Constitucional Democrata,
todos os outros partidos puderam participar. Os socialistas revolucionários tiveram uma
vitória esmagadora sobre os bolcheviques – levando Lênin a publicar as Teses sobre a
Assembléia Constituente, que defendiam a superioridade dos sovietes como instutição
democrática em relação a Assembléia Constituente. Isso era, sem sombra de dúvidas, o
anúncio da preparação para o fechamento da Assembléia Constituente.
Na manhã de 5 de janeiro de 1918, uma manifestação pacífica em favor da Assembléia
Constituente foi dispersada por meio da força pelas tropas bolcheviques, e naquela tarde, a
Assembléia Constituente se reunia pela primeira vez, apenas para ser dissolvida na madugada
seguinte. Durante esse período em que os bolcheviques assumiram o poder, eles tomaram
medidas como o pedido de paz imediata, que foi atingido através do Tratado de Brest-Litovski
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– onde a Rússia abria mão do controle da Finlândia, dos Países Bálticos, da Polônia,
Bielorrúsia, Ucrânia e alguns distritos turcos e georgianos – o confisco de propriedades
privadas – que foram logo redistribuídas entre o povo – , a declaração do direito nacional dos
povos – onde o novo governo se comprometia a acabar com a dominação russa sobre a
Finlândia, Geórgia e Armênia, entre outras regiões – e a estatização da economia.
Após este longo período da Revolução de 1917, ocorreu um período de guerra civil –
chamado de Guerra Civil Russa – que eclodiu em abril de 1918, com o assassinato do
embaixador alemão em Moscou, conde Willhelm von Mirbach – onde várias forças
antibolcheviques organizaram-se e armaram-se, não apenas para lutar contra os bolcheviques,
mas para também guerrear entre si. Dividiam-se em três grupos: os czaristas, os
liberais/eseristas – “SR’s”, socialistas revolucionários – e metade dos socialistas e os
anarquistas. Com a derrota do Império Alemão em 1919, as terras cedidas no Tratado de
Brest-Litovski tornaram-se novamente motivo de disputa, e também bases das forças que
pretendiam derrubar o governo bolchevique. Ao mesmo tempo que esses exércitos se
organizavam, Trotsky organizou o novo Exército Vermelho, que derrotou o exército polonês,
o Exército Branco – que se dividia entre os czaristas e os liberais – e o Exército Negro –
liderado pelo anarquista Nestor Makhno – e, por fim, o Exército Verde – dos camponeses
nacionalistas. O Partido Bolchevique – que em 1918 havia se tornado Partido Comunista –
consolidava sua posição no ano de 1921, com o fim da Guerra Civil. Em 1921 foi criada a
Comissão Estatal de Planificação Econômica – a GOSPLAN – e um conjunto de medidas
conhecidas como Nova Política Econômica – a NEP – ambas com o objetivo de recuperar a
então destruída economia russa. Finalmente, em dezembro de 1922, foi organizado um
congresso geral de todos os sovietes, o que culminou na fundação da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas, cujo órgão máximo era o Soviete Supremo – um órgão legislativo –
que elegia o Presidium – um comitê executivo – dirigido por um presidente que exercia a
função de chefe de estado.
O movimento Republicano
Diante de toda essa situação fundou-se em 1912 o Kuomintang- Partido Nacional do
Povo - comandado por Sun Yat-sen, com propósito de acabar com a exploração europeia
sobre a china e derrubar a monarquia. Com a monarquia derrubada, é proclamada a república
da china com seu primeiro presidente.
Influenciado pela revolução russa surgiu em 1920 o Patido Comunista Chines (PCC)
que tinha como represente o ativista político Mao Tse-tung.
Mais tarde com a morte de Sun Yat-sem, o novo representante do Kuomintang, Chiang
Kai-shek, junta-se ao Mao Tse-tung para a ramificação da China, que possuía regiões
dominadas pele senhores da guerra
Guerra Civil Chinesa
Em 1927 Chiang Kai-shek – juntamente com os EUA – entra em guerra com o PCC,
ordenando o fim dos comunistas.
Entretanto no mesmo ano, o Japão invade a China almejando dominá-la. Sem outra
escolha, o Kuomitang e o PCC se unem contra o Japão. Em 1945, os Estados Unidos lançam
bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, que fazem com que o Japão se renda e seja
expulso do território chinês
Em 1946, a guerra civil é retomada, e tem fim em 1949, com a vitória do PCC, sendo
assim proclamada a República Popular da China.
Chiang Kai-shek e o que restou de seu governo refugia-se em Ilha Formosa, onde foi
proclamada a República da China.
.
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3. A GUERRA FRIA
condições do Tratado Versalhes 2e pela crise econômica provocada pelo Crash de 1929 3–
com ascensão de Adolf Hitler ao título de chanceler.
Hitler almejou conquistar a população alemã frente aos problemas políticos e sociais
da fase pós Primeira Guerra através de geração de empregos e garantia de direitos trabalhistas.
Conseguir a simpatia dos cidadãos era parte de seu plano para ter apoio ao concretizar suas
pretensões externas, que incluíam a conquista de territórios vizinhos, ricos em recursos
naturais (BRAICK, MOTA, 2016). Para isso, Hitler teve de armar e reforçar o Exército.
Inicialmente, os países da Liga das Nações4 ignoraram o descumprimento de algumas
cláusulas do Tratado de Versalhes, pois as intenções da Alemanha bloqueavam o avanço do
socialismo na Europa. O arrependimento manifestou-se quando, em 1939, a Alemanha
invadiu a Polônia, alvorecendo a Segunda Guerra Mundial.
A entrada da União Soviética e dos Estados Unidos mudou o rumo da guerra. Juntas
com a Grã-Bretanha, as potências formaram a aliança dos Aliados, testilhando contra países
do Eixo – aliança formada pela Alemanha, Itália e Japão. A partir de 1942, o confronto
passou a ser favorável aos Aliados, até que em 1945 foi efetivada a “corrida” para Berlim pela
União Soviética - vinda do leste – e da Grã-Bretanha e Estados Unidos – vindos do oeste. Os
soviéticos chegaram primeiro e cercaram a cidade, acometendo Hitler e sua esposa, Eva
Braun, a extinguirem suas perspectivas de vitória e se suicidarem.
Com o conflito ainda não consumado, o Japão persistia lutando sem a ajuda da
Alemanha e da Itália. O pequeno país do Pacífico finalmente ficou sem esperança após
Hiroshima e Nagasaki terem sido bombardeadas pelos Estados Unidos. Após alguns dias dos
ataques, o Japão assinou sua rendição em setembro de 1945.
Como consequência da guerra mais destrutiva da história, tem-se os dados de
aproximadamente 50 milhões de mortos – entre 5 milhões nos campos de concentração e 45
milhões nos campos de batalhas. Além da redução da população, a economia dos países
envolvidos ficou abalada, pois no transcorrer do conflito, os investimentos bélicos foram a
preocupação mais relevante dos Estados (PILETTI C, PILETTI N, 1991). As sequelas
2
Assinado em 1919, após o fim da Primeira Guerra Mundial, o tratado de paz contava com cláusulas que a
Alemanha tinha de cumprir, como abrir mão de colônias na África e Pacífico e de territórios na Europa, além da
redução de seu Exército. Além disso, teve de arcar com a responsabilidade de ter iniciado a guerra e de pagar
indenizações aos países vencedores.
3
Após a Primeira Guerra, os países envolvidos, com o intuito de estimular a economia, investiram em
indústrias, deixando de importar produtos dos Estados Unidos. O país americano, porém, não deixou de produzir
a mesma quantidade de produtos, diminuindo o preço dos produtos. Com a baixa oferta de procura, a Bolsa de
Nova Iorque acabou colapsando.
4
Entidade criada ao findar da Primeira Guerra Mundial que tinha como objetivo evitar uma nova guerra. Era
falha, pois a Alemanha, União Soviética e os Estados Unidos - principais países beligerantes- não participavam.
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também eram explícitas, a começar pela transformação das cidades em ruínas: as estradas, o
comércio, a indústria, a agricultura e a pecuária foram todos devastados. Ao deparar-se com o
cenário mundial, onde as nações estavam sem fundos, com território destruído, com a
população moribunda e desempregada, os Estados eram designados a grande missão de
recompor-se e reconstruir-se.
Em 1945, um pouco antes de o conflito ser dado como encerrado, os líderes Aliados
reuniram-se na Conferência de Yalta para discutir a criação da Organização das Nações
Unidas (ONU), que substituiria a Liga das Nações. “Por esse acordo começava a ser traçada
uma divisão do mundo em dois blocos que logo se tornariam antagônicos, sob a hegemonia
dos Estados Unidos e da União Soviética” (BRAICK, MOTA, 2016). Outra reunião sucedida
pouco tempo depois foi a Conferência de Potsdam, onde fizeram-se presentes o líder soviético
Joseph Stalin, o primeiro ministro britânico Clememnt Attlee e o quase presidente americano
Harry Truman. A conferência estabeleceu a divisão da cidade de Berlim em quatro zonas
administrativas: francesa, britânica, soviética e americana. Além disso, impôs a Alemanha a
indenização de 20 bilhões de dólares aos países vencedores e a transferência do território
conquistado à União Soviética.
Os recursos financeiros desse plano eram muito menores do que os do Plano Marshall. Mesmo
assim, o Comecon contribuiu para que os países atendidos por ele se tornassem cada vez mais
dependentes economicamente da União Soviética. (BRAICK, MOTA, 2016).
decisões políticas – como, por exemplo, a preferência da Alemanha Ocidental pelo Plano
Marshall ao COMECON5 - acarretaram para que culminasse a separação física de Berlim.
A expressão “Cortina de Ferro” fora usada pela primeira vez pelo primeiro ministro do
Reino Unido da época em um discurso na universidade de Westminster em 1946. Em sua
célebre fala ele comenta:
De Stettin no Báltico a Trieste no Adriático, uma cortina de ferro desceu sobre o continente.
Por trás dessa linha estão todas as capitais dos antigos estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia,
Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia, todas estas famosas cidades e as
populações ao seu redor estão no que devo chamar de esfera soviética, e todas são sujeitas, de uma
forma ou de outra, não apenas à influência soviética, mas também a uma muito alta e, em alguns casos,
crescente medida de controle de Moscou. (Churchill, 1946).
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial a capital da Alemanha era divida em quatro
zonas – uma americana, uma francesa, uma britânica e outra soviética. Com a falha do
sistema administrativo, a divisão não durara muito tempo.
Em 1949 ocorreu uma nova separação de Berlim. A Alemanha se dividira em duas:
uma capitalista, denominada República Federal da Alemanha (RFA) – formada por países que
ocidentais controlavam as zonas –, e uma socialista, conhecida como República Democrática
da Alemanha (RDA) – constituída pela União Soviética.
Havia muitas peculiaridades entre as duas repúblicas. A República do Oriente fora
estabelecida na parte mais pobre do que antes era a Alemanha, com a predominância de
propriedades rurais, já a República Ocidental passou a ter um modelo de economia de
mercado, que teve como ponto alto a criação de novo marco alemão. O sistema, apesar de ser
capitalista, ainda garantia a educação e serviços médicos e previdenciários para a população,
era o “Estado de bem-estar social”. (BRAICK, MOTA, 2016).
O símbolo da repartição da Alemanha foi o Muro de Berlim, construído em 1961 por
iniciativa do governo da Alemanha Oriental. A obra - que dividiu bairros, praças, até mesmo
cemitérios - foi realizada para impedir a fuga da população do lado Oriental para Ocidental.
Os 156 km de construção foram destruídos em 1989 por cidadãos – com machados, marretas
e martelos –, após o fim da guerra.
As duas potências mundiais que buscavam a supremacia mundial representavam
ideologias opostas. Cada decisão feita pela União Soviética ou pelos Estados Unidos tinha
como objetivo, além do desenvolvimento do país, o crescimento de sua doutrina.
5
O fato motivou a União Soviética a bloquear todas as rotas terrestres que davam acesso a Berlim. Assim, os
Estados Unidos abasteciam a Alemanha por vias aéreas, provocando insatisfação soviética.
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Nome dado em alusão ao senador anticomunista Joseph McCarthy
7 Gulag era um sistema de campos de trabalhos forçados para criminosos, presos políticos e qualquer cidadão
em geral que se opusesse ao regime na União Soviética no geral, condição que também incluía simpatizantes do
capitalismo.
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passar por interrogatórios, muitos deles transmitidos pela televisão a todo país” (BRAICK,
MOTA, 2016). Em casos extremos, em que pessoas apoiavam o sistema oposto
explicitamente, estas eram assassinadas.
Os outros conflitos físicos nos quais os dois blocos se envolveram foram indiretos.
Assim como nos outros casos, a postura tomada era essencialmente pensada em prol do
desfalque do sistema oposto, ou proliferação de sua doutrina.
Entre as principais interferências estão:
Guerra da China
Em 1912 a China deixou de ser um império e foi proclamada República. O país,
porém, não conseguia encerrar a influência econômica européia e norte-americana sobre o
governo, os chefes militares e a burguesia. Com o intuito de livrar a nação da dominação
estrangeira, um grupo de militantes criou o Partido Comunista Chinês. Este aliou-se ao
Partido Popular Nacional, que, em 1927, a mandato do general Chiang Kai-shek massacrou
comunistas em Xangai por terem condutas que feriam a política do partido (PILETTI C,
PILETTI N, 1991).
O Partida Comunista Chinês, liderado por Mao Tsé-Tung, percorreu cerca de 10 mil
quilômetros para evitar que a chacina fosse maior. A caminhada ficou conhecida como Longa
Marcha, na qual cerca de 300 mil chineses participaram.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a perseguição aos comunistas foi interrompida,
pois o Japão invadira a China. Dada a grande guerra por encerrada, os chineses conseguiram
expulsar os japoneses e a guerra interna teve continuidade.
Com a divisão do mundo em dois blocos, a porção comunista, comanda por Mao Tsé-
Tung, fora apoiada pelos soviéticos, e a porção nacionalista, liderado por Chiang Kai-shek,
fora apoiada pelos americanos. A guerra civil durou até 1949 quando os comunistas venceram
e implantaram a República Popular da China. “Nessa nova fase inicial, o desenvolvimento
industrial contou com o apoio técnico e financeiro da União Soviética” (PILETTI C, PILETTI
N, 1991).
Guerra da Coréia
Tendo feito parte do Japão desde 1910, a Coréia foi liberta pelas tropas dos Aliados
durante a Segunda Guerra Mundial. Com o final do conflito, o país foi dividido pelas duas
grandes potências, resultando na criação de dois Estados independentes e ideologicamente
opostos: a República Popular Democrática da Coréia do Norte, socialista – influenciada pela
União Soviética –, e a República da Coréia do Sul, capitalista – apoiada pelos Estados
Unidos.
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Guerra do Vietnã
No século XIX, o país pertencia a França. Durante a Segunda Guerra Mundial o exército
japonês expulsou os Franceses da região e dominaram-na. Porém, com o resultado da guerra,
na qual o Japão havia perdido, a França voltou a ocupar o Vietnã.
Na porção norte da Indochina – território que corresponde ao Vietnã, Laos e Camboja –,
existia um movimento, liderado por Ho Chi Minh, lutava pela independência do Vietnã. No
ano de 1954, o movimento conseguiu expulsar os soldados franceses, em uma batalha que
ficou conhecida como Guerra da Libertação.
Passado o final da guerra, uma conferência em Genebra estabeleceu a separação do
território em dois: Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. A divisão deveria durar de 1954 até 1956,
ano em que ocorreriam as eleições gerais para reunir os dois governos.
20
Durante esse período os Estados Unidos temeram que, quando unificado, o país tornar-se-
ia comunista. Por esse motivo, em 1957 o país americano interviu no governo do Vietnã do
Sul, sob a liderança de Ngo Dinh Diem. No governo do Vietnã do Sul estava Ho Chi Minh,
que era apoiado pela União Soviética.
Como não haviam ocorrido as eleições, patriotas do Vietnã do Sul fundaram a Frente
Nacional de Libertação que combatia o governo do sul. Os guerrilheiros da Frente eram um
grupo que ficou conhecido como Vietcongue8, e os militares que dele participava eram
chamados de Vietcongues. Estes eram apoiados pelo Vietnã do Norte.
Como o governo do Vietnã do Sul era fraco, com pouco poderio militar, os capitalistas
americanos o apoiaram. Inicialmente ajudavam com armamentos, ulteriormente enviaram
contingentes de forças militares auxiliares e mais tarde ainda mandaram tropas. “Em 1965, os
Estados Unidos chegaram ao nível máximo de envolvimento no Vietnã, em termos de tropa:
500.000 soldados”. (PILETTI C, PILETTI N, 1991).
Em 1975 com a invasão pelos Vietcongues à capital do Vietnã do Sul, os últimos
americanos deixaram o país. Marca-se assim o fim do conflito entre vietnamitas, com vitória
para os socialistas.
Como descrito, as interferências, tanto do país americano quanto da república
soviética, não foram provocados, mas influenciados pelas nações.
8
Tanto o nome Vietcongue como Vietcongues eram utilizado por seus inimigos, por isso são considerados
pejorativos
21
9
Foi uma das principais figuras no desenvolvimento do foguete V-2 na Alemanha Nazista, que foi o
considerado o primeiro míssil balístico.
22
Corrida armamentista
As duas potências tinham grande destaque na esfera bélica, como já visto na Segunda
Guerra Mundial. Durante o período da Guerra Fria, a indústria que mais recebeu
investimentos foi a de produção armamentista.
Os norte-americanos já haviam mostrado seu poder no ataque ao Japão quando lançara
bombas atômicas. Tal fato teria influenciado a União Soviética a também criar sua própria
bomba nuclear. O marco soviético se deu no ano de 1943, com a criação de sua bomba
atômica.
Em 1952 os Estados Unidos inovaram lançando o projeto de uma bomba de hidrogênio,
mais potente que a atômica. Por sua vez, os soviéticos descobriram a tecnologia um ano mais
tarde.
Um experimento soviético famoso foi o Tsar Bomba, uma bomba RDS-220, considerada a
mais potente arma nuclear já detonada. A bomba foi testada em 1961, em Nova Zembla, uma
ilha no oceano Ártico. Devido ao seu enorme tamanho a bomba não era prática para ser
utilizada em guerras, e foi criada essencialmente para ser usada como propaganda na Guerra
Fria, com o intuito de amedontrar os Estado Unidos.
Assim, as duas potências desfrutavam de grande posse de armas nucleares fatais para os
países envolvidos e até mesmo para o planeta. Dessa forma, nenhuma das suas nações
arriscava começar uma batalha em campo. Como diz Hobsbawm, os resultados das decisões
eram “baseados sempre na implausível suposição”, pois, mesmo com a possibilidade de
acontecer uma guerra armada, ninguém acreditava.
A corrida armamentista teve um fim marcado com assinatura de dois Tratados de Redução
de Armas Estratégicas, conhecidos como Start I e II, nos anos de 1991 e 1993, além do
Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) em 1968. Este último foi assinado por cerca de
180 países para proibir a produção de tecnologias nucleares para guerra. Porém no ano de
2003 a A Coréia do Norte se retirou do tratado para produzir suas armas nucleares e hoje
representa risco para o mundo, principalmente para os Estados Unidos.
3.5. A Distensão
Distensão é o período ulterior a rivalidade entre os Estados Unidos e a União
Soviética, em que ambos restabelecem relações diplomáticas e culturais, apaziguando seu
relacionamento e diminuindo o risco de conflito declarado. O intervalo dado a Guerra Fria
iniciou-se após a Crise dos Mísseis, na década de 1960 até o inicio dos anos 1980.
23
4.1. Comunismo
Comunismo, termo advindo do latim communis – comum universal – é um termo que
abrange uma série de ideologias políticas e socioeconômicas, que tem como objetivo
promover uma sociedade igualitarista, sem classes sociais e apátrida, com base num sistema
de produção comum, abolindo-se a propriedade privada. Um dos principais mentores
filosóficos do comunismo, Karl Marx – influenciado por Hegel e outros filósofos – define o
comunismo como estágio final da evolução social humana, quando o capitalismo e o
socialismo teriam satisfazido sua utilidade ao criar o excesso de produção necessário para
promover futuro desenvolvimento tecnológico que, consequentemente, levaria a um aumento
exponencial de produção, que poderia ser alcançado apenas da revolução proletária – ou seja,
uma revolução encabeçada por aqueles que vendem sua força de trabalho aos donos dos
meios de produção – um processo inevitável devido a resistência da burguesia em relação ao
estabelecimento de uma sociedade comunista. Tal processo é também definido como luta de
classes.
A principal corrente comunista é a corrente marxista-leninista, que une os princípios
ideológicos marxistas de uma sociedade sem classes, sem estado e livre de opressões – onde
as decisões em relação a produção e a política são tomadas democraticamentes – são unidos
com os princípios econômicos desenvolvidos por Lenin, que ditam que os meios de produção
seriam de propriedade comum, culminando no fim da propriedade privada e no fim do capital.
As doutrinas comunistas anteriores a Revolução Industrial possuíam caráter distributivista,
colocando a abolição das classes como objetivo supremo, enquanto o socialismo científico de
Marx e Friedrich Engels deu prioridade à plena satisfação das necessidades humanas através
do desenvolvimento tecnológico, já que com a mecanização do trabalho e consequente
aumento de produção, haveria ampla abundância de bens, cuja distribuição deixaria de ser
antagônica – o que faria com que o trabalho abandonasse seu caráter alienador e negativo para
tornar-se uma afirmação de prazer – para se tornar um meio através do qual se atingiria o
bem-estar da sociedade em geral.
O estado final buscado pelo comunismo – uma sociedade sem classes sociais com
coletivização dos meios de produção e ausência de Estado – também pode ser chamado de
estado natural – já que tal organização social remonta a Antiguidade e a Idade Média.
26
4.2. Capitalismo
Por cerca de um século, a abordagem a ser tomada em relação a como melhor descrever
a posição política de um indivíduo tem sido debatida por cientistas sociais. Geralmente usa-se
o espectro clássico, baseado nos conceitos de esquerda e direita que surgiram durante o início
da Revolução Francesa (1789-1799), onde comunismo e socialismo estão a esquerda e
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Leonard W. Ferguson
dois fatores, que nomeou radicalismo (Fator R) e ternura (Fator T, que consiste basicamente
na intelectualidade, no idealismo, otimismo, dogmatismo, religiosidade e monismo). Ao
submeter os resultados ao mesmo método de análise fatorial utilizado por Ferguson, Hans
submeteu-se ao mesmo problema, onde tal analise produz um fator que corresponde ou não a
um fenômeno real, portanto, cuidado deve ser empregado ao analisar tais fatores. Enquanto o
fator R é facilmente identificado na dimensão clássica direita esquerda, o fator T –
representado desenhado em ângulos retos para o fator R – é menos intuitivo, com os melhores
pontuadores inclinando-se para o pacifismo, igualdade racial, educação religiosa e restrições
no aborto, enquanto aqueles com pontuações menores apresentaram inclinação ao
militarismo, a justiça punitiva, leis que facilitam o divórcio e no casamento de
companheirismo – baseado na teoria triangular do amor desenvolvida por Robert Sternberg,
que não deve ser confundido com conceito de triângulo amoroso.
Apesar da metodologia, local e teoria diferentes, os resultados de Eysenck e Ferguson
foram semelhantes – girar os fatores de Eysenck em 45 graus resulta nos fatores de
religionismo e humanitarismo identificados por Ferguson na América. Os fatores R e T de
Eysenck foram obtidos através da coleta de dados na Alemanha, Suécia, França e Japão.
Alguns resultados notados por Eysenck: na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos a variação
política era, basicamente, sumarizada pelo espectro direita esquerda, enquanto na França o
fator T era mais largo, e no Oriente Médio a única dimensão era a do fator T – entre os
habitantes dessa região, não pôde ser observada qualquer diferença que corresponda ao
contínuo radical-conservador. As visões políticas de Eysenck afetaram diretamente sua linha
de trabalho, considerando que o mesmo era totalmente contra o que ele julgava como
totalitário, estabelecendo uma relação de aversão ao nazismo e ao stalinismo – que, de acordo
com ele, configuravam regimes totalitaristas por serem agressivos e autoritários.
A comunidade científico-política fez algumas críticas ao trabalho de Eysenck - como o
fato de nenhum valor ter sido encontrado virtualmente para embasar o eixo dureza/ternura e o
fato de seu método de análise envolver encontrar uma dimensão abstrata – um fator – que
explique determinados dados coletados, e tal dimensão abstrata pode ou não representar a
realidade.
Alguns anos mais tardes, Eysenck refinou sua metodologia de modo a abranger mais
problemas econômicos, de modo a revelar uma divisão no eixo direita-esquerda entre política
social e política econômica, com uma dimensão antes desconhecida – a do socialismo-
capitalismo ou Fator S. Enquanto fatorialmente distinta do antigo Fator R, o Fator S se
correlacionou positivamente com o Fator R, indicando que um eixo básico de direita-esquerda
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ou esquerda-direita engloba tanto valores sociais e econômicos, apesar do Fator S estar mais
envolvido com a desigualdade econômica e grandes negócios, enquanto o R se relaciona com
criminosos, problemas sexuais e militares.
Milton Rokeach
Rokeach, em resposta à sua insatisfação com o trabalho de Eysenck, desenvolveu seu
próprio modelo político de dois eixos em 1973, baseando-o nas ideias de liberdade e
igualdade, que descreve em seu livro “A Natureza dos Valores Humanos”. Rokeach alegou
que a diferença entre esquerda e direita era que a esquerda valorizava mais a igualdade do que
a direita – porém, apesar de suas críticas ao trabalho de Eynseck – principalmente em relação
ao seu eixo de ternura-dureza - Milton também estabeleceu uma leve conexão entre o
comunismo e o nazismo, clamando que tais grupos não valorizavam a liberdade tal qual os
sociais democratas e os capitalistas – e além dele próprio ter escrito que o modelo de dois
valores apresentado assemelha-se a hipótese de Eysenck.
Diferentemente de Eysenck ou Ferguson, Rokeach voltou-se à análise de conteúdo –
método que consiste basicamente na análise de diversas formas de mídia para que se encontre
um comportamento sistemático ou repetitivo – para testar esse modelo, usando obras do
nazismo, capitalismo e socialismo – esse método também foi criticado por depender
profundamente da familiaridade do experimentador com o material a ser analisado, e também
por este poder ser enviesado pelas visões políticas particulares do pesquisador em questão. As
pesquisas de Rokeach classificaram o socialismo como focando em liberdade em primeiro
lugar e igualdade em segundo; com o nazismo ranqueando a liberdade em décimo sexto lugar
e a igualdade em décimo sétimo; com o capitalismo prezando a liberdade em primeiro lugar e
a igualdade em décimo sexto; e com o comunismo tomando a liberdade como décimo sétimo
lugar e a igualdade em primeiro, com base na comparação de frequência de sinônimos que se
referiam a tais conceitos entre as obras analisadas.
Ronald Inglehart
Os fatores R e S (socialismo capitalismo) – sendo o último encontrado mais tarde por
Eysenck quando este refinou sua metodologia de pesquisa - foram também replicados por
Inglehart quando este fez uma pesquisa sobre opiniões nacionais com base no World Values
Survey – organização sem fins lucrativos associado a Universidade de Michigan que realiza
pesquisas globais para explorar os valores e crenças de povos ao redor do mundo, como estes
mudam com o tempo e seu impacto político-social – chegando ao humanitarismo e
religionismo de Ferguson, que foram batizados por Inglehart de secularismo-tradicionalismo –
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Hannah Arendt
Em 1951, Hannah Arendt propôs em “Origens do Totalitarismo” a classificação do
espectro político tida como consenso entre historiadores atualmente, não utilizando os termos
direita e esquerda, mas as categórias clássicas de ditadura e tirania organizadas por Aristóteles
– que se encaixariam melhor ao referir-se ao conjunto de regimes totalitários, liberais e
autoritários.
O contraste político definido pelos termos “direita” e “esquerda” remontam sua origem
à Revolução Francesa – processo de mudança política iniciado por volta de 1789, cujo
objetivo era desmantelar a clássica aristocrática de cunho feudal que atualmente compunha a
França, tendo em mente o implemento dos ideias de Liberdade, Igualdade e Fraternidade –
durante a formação da recém-inaugurada Assembléia Nacional, onde os apoiadores do rei
sentavam-se à direita do presidente, enquanto os revolucionários e republicanos à esquerda
deste. A principal divisão entre direita e esquerda durante esse período na França foi entre a
de partidários republicanos e monarquistas. Tal divisão permaneceu intacta até o ano de 2 de
Junho de 1793 – quando um golpe de Estado realizado contra a então recém-formada
Convenção Nacional – órgão que procedeu a Assembléia Legislativa – e os Girondinos foram
presos, fazendo com que o lado direito ficasse deserto, e com o 9 Termidor, em 1794, os
membros da extrema esquerda foram também excluídos, e, com isso, o método de cadeiras
abolido. Apesar disso, com a Restauração em 1814-1815, tal formação se restabeleceu, com
os ultra-monarquistas à direita, os constitucionais ao centro e os independentes à esquerda.
Essa divisão foi adotada futuramente na Terceira República em 1871, com partidos políticos
adotando os termos “direita” e “esquerda” em seus nomes, de modo que estes, vagarosamente,
passaram a ocupar os termos como “vermelho”, “reação”, “republicanos” e “conservadores” a
partir do início do século XX.
Os direitistas negavam a significância de tal divisão, alegando que esta seria artificial e
prejudicial à unidade política francesa, enquanto esquerdistas promoveram a distinção,
buscando mudar a sociedade. Tais termos foram aplicados também em outros lugares, como
para a polícia britânica nas Eleições Gerais de 1906 e no final de 1930, em debates sobre a
Guerra Civil Espanhola. Atualmente, o termo “direita” geralmente é usado para definir
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ideologias que dão ênfase a autoridade, hierarquia, ordem, dever, tradição, reação e
nacionalismo, enquanto “esquerda” é usado para caracterizar ideologias cujas bandeiras são,
principalmente, a liberdade, igualdade, fraternidade, direitos, progresso, reforma e
internacionalismo. Apesar dessa classificação, muitos movimentos – como o feminismo,
regionalismo, o nacionalismo, o populismo e o ambientalismo – não se encaixam
precisamente no espectro unidimensional definido pelos termos direita e esquerda. Alguns dos
movimentos classificados como direita por cientistas políticos são: a democracia cristã, o
conservadorismo, o libertarianismo de direita, o neoconservadorismo, o imperialismo, a
monarquia, o fascismo, o reacionarismo e o tradicionalismo; enquanto alguns movimentos
que são classificados por cientistas políticos como de esquerda são o anarquismo, comunismo,
socialismo, socialismo democrático, social-libertarianismo, progressismo e libertarianismo de
esquerda.
Alguns dos eixos usados como base para a classificação entre direita e esquerda são o
igualitarismo-elitismo, o progressismo-conservadorismo, o internacionalismo-nacionalismo,
individualismo-comunitarismo, laicismo-religiosidade, entre muitas outras formas de divisão
política. Apesar de haver relativo consenso entre especialistas sobre o emprego de certos
termos, alguns termos podem ter significados ou conotações diferentes de acordo com o país
em que são usados, como o termo liberal – que nos Estados Unidos geralmente refere-se a
esquerda, enquanto no Brasil refere-se ao liberalismo econômico de direita.
A controvérsia em relação ao emprego do espectro direita-esquerda é amplamente
debatida por cientistas políticos ao redor do mundo todo, com alguns alegando que os termos
não mais refletem a complexidade do cenário político atual – como o Primeiro Ministro
britânico Tony Blair, que afirmou que o principal embate político moderno estava relacionado
a divisão entre abertos e fechados, onde os abertos seriam socialmente liberais,
multiculturalistas e a favor do globalismo, enquanto os fechados seriam culturalmente
conservadores, contra a imigração e pró-protecionismo – e com outros alegando que não só a
divisão permanece influente para a política atual, como também ainda é existente – como o
filósofo italiano Norberto Bobbio, que via a polarização da Câmara de Deputados Italiana nos
anos 90 como prova de que o espectro linear ainda permanecia válido, argumentando que o
desaparecimento de tal espectro ocorre apenas em cenários onde uma esquerda ou uma direita
se apresentassem de maneira fraca, com esquerda e direita não sendo temos absolutos, mas
como conceitos relativos, que variam com o tempo – de modo que o espectro direita-esquerda
poderia ser aplicado a qualquer época.
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Estatistas-dinamistas
Proposto por Virginia Postrel em O Futuro e Seus Inimigos, no ano de 1998, propôs um
espectro unidimensional que mede a visão que um indivíduo ou instituição tem do futuro,
colocando estatistas em um extremo – que temem o futuro e desejam controlá-lo – e
dinamistas no outro extremo – que querem que o futuro se desdobre naturalmente, sem
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Consiste basicamente nos extremos livre comércio – onde empresas deveriam ser
capazes de negociar internacionalmente sem nenhum tipo de regulação – e comércio justo –
onde o comércio internacional é regulado em nome da justiça social.
Diversidade cultural
Dividida nos extremos multiculturalismo – que determina que um país deva representar
uma diversidade de ideias culturais – e assimilacionismo/nacionalismo – onde a nação deve
representar ou forjar uma cultura de maioria.
Liberdade
Divide o conceito de liberdade em dois: a liberdade positiva – que garante direitos que
impõem obrigações sobre os outros – e liberdade negativa – que garante direitos que proíbem
a interferência alheia.
Poder social
Analisa a interação política fundamental entre indivíduos e o ambiente em que vivem,
colocando como extremos o totalitarismo – controle total sobre o povo – e anarquia – domínio
do povo sobre o ambiente político. Geralmente coloca um sistema moderado como o meio
entre os dois extremos.
Abertura
Dividido em dois extremos principais: fechamento-abertura – aonde o fechamento
engloba ideologicamente ideias culturalmente conservadoras e protecionistas e a abertura
abrange o liberalismo social e o globalismo
Diagrama de Nolan
Criado pelo libertário David Nolan, e publicado pela primeira vez por Nolan em um
artigo chamado “Classificando e Analisando Sistemas Politico-Econômicos” na edição de
Janeiro de 1971 do O Individualista, a revista mensal da Sociedade pela Liberdade Individual
– SIL, na sigla em inglês. A motivação de Nolan foi sua frustração em relação a linha de
análise esquerda-diretira, que acabava por excluir outras ideologias – o que deu fruto ao
planejamento de um diagrama de dois eixos baseado no que Nolan diz ser o elemento que
realmente define o que uma pessoa acredita politicamente: a quantidade de controle
governamental exercida sobre a ação humana. Nolan mais tarde classificou que toda a ação
política humana pode ser dividida em duas amplas categorias: a econômica e a individual,
com a categoria econômica definindo o que as pessoas fazem como produtores e
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consumidores e com a categoria pessoal definindo o que pessoas fazem em suas relações,
como se expressam e o que fazem com suas mentes e corpos.
Nolan diz que como grande parte da atividade governamental ocorre nessas duas
grandes áreas, posições políticas podem ser definidas por quanto uma pessoa ou partido
político defende o controle governamental em ambas essas áreas. Os extremos são onde não
há governo algum em ambas as áreas – anarquismo – ou controle total/parcial do governo
sobre tudo – formas variadas de totalitarismo. Grande parte das filosofias políticas encontra-se
no meio desses extremos. A grosso modo: a direita tende a defender a liberdade econômica e
a intervenção nas liberdades pessoais; a esquerda tende a favorecer mais as liberdades
pessoais, mas mais controle do governo sobre atividades econômicas; libertários tendem a
favorecer liberdade tanto em aspectos pessoais tanto quanto em aspectos econômicos e
estatistas tendem a favorecer grande controle estatal em ambas as áreas. A nomenclatura da
área referente a essa corrente política tende a variar, tendo sido usados os temos como
totalitário, autoritário, comunitário ou populista.
Gráfico 2: Diagrama de Nolan
Diagrama de Pournelle
O diagrama de Pournelle foi desenvolvido por Jerry Pournelle em sua dissertação de
pós-douturado em ciências políticas no ano de 1963. Trata-se de um plano cartesiano
bidimensional usado para distinguir ideologias políticas, similarmente ao Diagrama de Nolan
– diferindo apenas nos conceitos aplicados. O eixo x do Diagrama de Pournelle – Atitude em
relação ao Estado, ou simplesmente estatismo – refere-se a atitude de uma filosofia política
em relação ao Estado e ao governo centralizado, com a extrema direita sendo o “culto ao
Estado” e a extrema esquerda representando o Estado como “o mal supremo”, pendendo para
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Fonte: Pinterest
Bússola Política
Trata-se de um modelo de espectro político bidimensional proposto pela Political
Compass Organisation, similar ao Diagrama de Nolan e ao Diagrama de Pournelle. O termo
“bússola política” é uma marca registrada reinvindicada pelo site britânico Pace News
Limited, que usa as respostas de um conjunto de 61 proposições para classificar uma
instituição ou pessoa ideologicamente com base em dois eixos: econômico – que varia de
direita para a esquerda, num plano cartesiano que vai de -10 até +10 – e social – que varia em
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autoritário e libertário, num plano cartesiano que vai de -10 até +10. O ponto essencial da
organização por trás da bússola política – de acordo com eles mesmos – é que a esquerda e a
direita são, essencialmente, uma medida econômica, de modo que a medida que organizações
políticas ou personalidades adotam entusiastica ou relutantemente a ortodoxia econômica que
prevalece atualmente, a divisão clássica entre esquerda e direita passa a se tornar embaçada,
de modo que as principais diferenças ideológicas residem em problemas de identidade – que
posicionam o indivíduo ou partido na escala social.
No eixo econômico, “esquerda” abrange indivíduos e organizações que defendem uma
economia gerida por uma agência coletiva cooperativa – que pode ser o Estado ou uma rede
de comunas – enquanto “direita” abrange indivíduos e organizações que defendem que a
economia deve ser deixada a cargo de empresas e cidadãos que competem entre si, ou seja,
uma economia autorregulada. No eixo social – que define o quanto uma organização ou
indivíduo acredita que os membros de uma sociedade devam ser livres – “libertarianismo” é
definido como a crença de que as liberdades pessoais devam ser maximizadas, enquanto
“autoritarismo” é definido como a crença de que a autoridade deve ser obedecida ao máximo.
Gráfico 4: Bússola Política
Diagrama de Vosem:
Fonte: Imgur
Participação política
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Triângulo Político
Proposto por Friedrich Hayek, nele não há espectro linear, mas um triângulo com os
valores segurança/conservadorismo – preservar o estabelecido, visando a permanência do
status quo –; igualdade/socialismo – redistribuir o dinheiro dos ricos para os pobres ou atingir
o equilíbrio econômico na sociedade –; e liberdade/liberalismo – aproveitamento das
oportunidades como forma de enriquecimento e fortalecimento das liberdades pessoais. Esse
espectro permite maior precisão, já que o extremo não se limita aos vértices, mas a toda a
borda de um dos lados do triângulo.
Gráfico 10: Triângulo Político
Teoria da Ferradura
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Política externa
Pode ser dividido em várias instâncias, como o intervencionismo-não-intervencionismo
– onde o intervencionismo define a crença de que nações deveriam exercer poder político,
militar ou econômico para implementar suas políticas; enquanto o não-intervencionismo é a
crença de que um país não deve se envolver com agendas de outros país –; o
multilateralismo-unilateralismo/isolacionismo – onde multilateralismo estabelece as crenças
de que diferentes Estados deveriam cooperar entre si e viver harmonicamente; enquanto o
unilateralismo/isolacionismo delibera a crença de que os países tem direito fundamental ou
até inviolável de tomar suas próprias decisões sem interferência internacional –; e
globalização-autarquia – onde globalização apresenta a crença de que os mercados
econômicos mundiais deveriam se integrar e tornar-se independentes; e autoarquia representa
a ideia de que um país deveria visar a automonia econômica.
Mudança
Define o quão rápido, de que maneira e qual direção a mudança política deve seguir.
Consiste basicamente em dois eixos: radicalismo-reformismo – onde radicalismo é a crença
na mudança rápida e radical, enquanto o reformismo é uma mudança gradual e incremental –
e conservadorismo-reacionarismo-revolucionismo – onde conservadorismo trata da
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5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho (2016). História das cavernas ao
terceiro milênio. São Paulo: Editora Moderna LTDA, 2017. 384 p. Consultado em:
16/05/2018
HOBSBAWN, Eric (1994). Era dos Extremos. São Paulo: Editora LTDA, 2009. 598 p.
Consultado em: 25/05/2018
PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson (1991). História e Vida. São Paulo: Editora Ática S.A,
1991. 152 p. Consultado em: 18/05/2018
SANTOS, Sales dos. História da Revolução Russa. História do Mundo. Disponível em:
<https://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/revolucao-russa.htm>. Acesso em:
15/05/2018