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Escola Estadual de Ensino Médio Ruy Barbosa

Gisele Meneghini
Júlia Glowacki
Lucas Ketzer dos Reis

GUERRA FRIA E O DILEMA POLÍTICO DO ESPECTRO DIREITA


ESQUERDA

Ijuí
2018
Gisele Meneghini
Júlia Glowacki
Lucas Ketzer dos Reis

COMUNISMO E CAPITALISMO: O LEGADO DA GUERRA FRIA

Trabalho solicitado pela disciplina de


pesquisa, sob orientação da professora:
Marlene Sagave.

Ijuí
2018
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4
2. AS ORIGENS POLÍTICAS DAS GRANDES POTÊNCIAS DA GUERRAFRIA ............. 5
2.1. Estados Unidos da América .......................................................................................... 5
2.2. União das Repúblicas Socialistas Soviéticas................................................................. 7
2.3. República Popular da China ........................................................................................ 10
3. A GUERRA FRIA .............................................................................................................. 12
3.1. Crise Pós-Guerra ......................................................................................................... 12
3.2. Cenário Geopolítico .................................................................................................... 14
3.3. Conflito Político-Ideológico ........................................................................................ 15
3.4. Corrida Espacial e Armamentista ................................................................................ 20
3.5. A Distensão ................................................................................................................. 22
3.6. Era Gorbachev e o fim da Guerra Fria ........................................................................ 23
4. O DILEMA POLÍTICO DO ESPECTRO DIREITA ESQUERDA ................................... 25
4.1. Comunismo ................................................................................................................. 25
4.2. Capitalismo ................................................................................................................. 26
4.3. Espectros políticos: pesquisas influentes .................................................................... 26
4.4. Espectro político clássico – unidimensional – e divisão entre direita e esquerda ....... 30
4.5. Espectros unidimensionais .......................................................................................... 32
4.6. Espectros bidimensionais ............................................................................................ 34
4.7. Espectros tridimensionais ............................................................................................ 40
4.8. Outros modelos ........................................................................................................... 42
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 45
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 46
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1. INTRODUÇÃO

A Guerra Fria foi um conflito não-armado que definiu, por muitos anos, a política, a
economia e a cultura ao redor do globo durante muitos anos, através das inúmeras corridas
bélico-tecnológicas, financiamentos de movimentos revolucionários, guerras e do
investimento massivo em propaganda, o que levou, consequentemente, a um mundo
bipolarizado, dividido entre os blocos ideológicos de duas grandes potências: o bloco
capitalista, dos Estados Unidos da América, e o bloco comunista, da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas. O legado da Guerra Fria permanece até hoje, através das inúmeras
tecnologias – desde os terríveis armamentos nucleares e diversos tipos de armas de destruição
em massa até as inovações necessárias para viagens espaciais e a internet – e das
consequências politico-ideológicas do tamanho conflito ideológico entre duas grandes
potências mundiais.
O objetivo deste trabalho, além de esclarecer de modo imparcial e apolítico do que se
tratou o conflito e do que se tratam ambas as ideologias envolvidas – tanto o capitalismo
quanto o comunismo – é mostrar como as consequências políticas deste se aplicam até os dias
atuais, através da bipolarização apresentada no espectro político direita-esquerda, e, por fim,
apresentar alternativas viáveis ao espectro clássico, que para o mundo atual serão muito mais
benéficos e levarão ao constante progresso do debate político – o que, com o espectro político
clássico, é inviável, devido a herança inegável da Guerra Fria que leva aos extremos de cada
ideologia não dialogarem entre si.
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2. AS ORIGENS POLÍTICAS DAS GRANDES POTÊNCIAS DA


GUERRA FRIA

Para que se entenda a Guerra Fria plenamente, antes faz-se necessário que se entenda as
origens históricas de cada uma das grandes potências envolvidas no conflito, já que tais
origens influenciaram diretamente nas bases ideológicas desenvolvidas ao longo da história
desses países – se mostrando proeminentes durante o conflito. Se as origens históricas não
forem estudadas e compreendidas a fundo, não se pode, de todo, compreender a Guerra Fria,
devido a grande – mesmo que não evidente – influência que estas exerceram no bloco
comunista e capitalista.

2.1. Estados Unidos da América


Com a união das Trezes Colônias, foi assinado no dia 4 de julho de 1776 a
independência dos Estados Unidos da América. A partir desse período encerrou-se a Guerra
da Independência, que durou quase 5 anos. Em 1781, as tropas britânicas reconheceram a
derrota e se renderam ao coronel George Washington – entretanto, somente dois anos depois,
em 1783, que a Inglaterra reconheceu a independência das colônias americanas. Elegeu-se
então George Washington como primeiro presidente da nova república.
A nova constituição norte-americana era composta por 12 emendas, sendo que uma
delas constituía o federalismo – sistema de governo em que vários estados se reúnem para
formar uma nação, cada um conservando sua autonomia – contudo, a questão econômica,
geográfica e social acabaria por causar uma instabilidade interna nos Estados Unidos.
Enquanto o Sul cultivava a mão de obra escrava – mais barata – , o Norte adotou um sistema
igualitário e assalariado, visando sustentar o mercado, levando o Norte dos Estados Unidos a
se desenvolverem mais rápida e eficientemente que o Sul. Por inúmeros motivos o Norte
apoiava a abolição da escravidão, em dissonância com o Sul, e com tantas diferenças uma
guerra era apenas uma questão de tempo.
Naquela época, o partido democrata era predominante. Nas eleições de 1860, um novo
partido surge, chamado Partido Republicano, e lança como seu candidato à presidência dos
Estados Unidos Abraham Lincoln, que defendia ideias capitalistas, o protecionismo e o
desenvolvimento industrial – dizendo que os Estados Unidos teriam de escolher entre o
desenvolvimento industrial ou o retrocesso agrícola. Defendia também a abolição da
escravidão – antagonizando o Sul. No dia 4 de março de 1861, Abraham Lincoln foi eleito
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presidente dos Estados Unidos da América – momento esse que foi o estopim para a Guerra
Civil Americana.
 Guerra Civil Americana
Os 11 estados do Sul, após Lincoln ser eleito, declaram secessão – separação dos
demais estados norte-americanos – e formam um novo país, nomeado Estados Confederados
da América. Elegeu-se um novo presidente para os Estados Confederados, Jefferson Davis.
Lincoln, com o apoio do Norte e Oeste, declarou guerra ao Sul.
A guerra que esperava-se ser curta, durou quatro longos anos e matou mais de meio
milhão de pessoas. A Guerra Civil Americana foi a primeira guerra que teve grande
participação civil, e causou mais mortes que a guerra do Paraguai – que foi um conflito
continental. A derrota do Sul era inevitável – sem apoio externo e enfrentando um inimigo
mais desenvolvido, o Sul não tinha como aguentar mais. Em 1865 a Câmara dos
Representantes aprovou a décima terceira emenda, que aboliu a escravidão nos Estados
Unidos.

 Primeira Guerra Mundial

Em 1927, os Estados Unidos abandonam o isolacionismo e entram na Primeira Guerra


Mundial, ao lado de Inglaterra e França. Em primera instância, a justificativa foi o Telegrama
Zimmermann – que instruía o embaixador alemão, Heinrich von Eckardt, a se aproximar do
governo mexicano com o propósito de formar uma aliança militar contra os Estados Unidos.
Outro motivo teria sido o ataque contra navios americanos por alemães, o que enfim teria
levado os Estados Unidos a entrarem nessa guerra. Outra causa seria a possível derrota da
Inglaterra e da França frente a Alemanha – que ocasionaria uma crise econômica, visto que os
americanos vendiam armamentos para esses países.
A entrada dos americanos na guerra provoca a derrota da Tríplice Aliança – acordo
econômico, político e militar entre Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália. O Império Alemão é
derrotado e ocorre a proclamação da República Alemã, que negocia o fim da guerra.
 Crise de 1929
Tambem conhecida como Grande Depressão, teve início em 1927, quando os norte-
americanos que operavam em Wall Street concentraram-se no mercado interno. Quanto mais
subiam os preços, mais investimentos eram atraídos. Em 24 de outubro de 1929, conhecido
como Quinta-feira Negra, iniciou-se uma enorme quantidade de vendas, o que produziu o
colapso das cotações na bolsa americana. Embora muitos analistas pensassem, no princípio,
que se tratava de um ajuste passageiro do mercado, o crack de Wall Street marcou o início da
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Grande Depressão, assentando as bases para a criação do New Deal por Franklin D.
Roosevelt.

2.2. União das Repúblicas Socialistas Soviéticas


A URSS surgiu após a queda do Império Russo – o maior império e maior Estado
Nacional de todos os tempos em área – que foi fundado no século XIV, com a derrota dos
tártaros na batalha do Rio Ugra. Sua raíz foi o principado de Moscou, que encabeçou o
processo de formação do futuro Estado russo. Ele se expandiu até o Oceano Pacífico entre os
séculos XVII e XIX, até que se iniciassem as revoluções de 1917. Tratava-se de um império
caracterizado pela grande centralização de poder em relação ao imperador – também chamado
de Czar ou Tsar – o que se caracteriza politicamente como um regime autocrático.
A Revolução Russa de 1917 desencadeou-se após uma série de ensaios e eventos
revolucionários que ocorreram durante o governo do último Czar, Nicolau II. O primeiro
desses eventos foi a Revolução Russa de 1905, que ocorreu após o fracasso do Império em
relação a Guerra Russo-Japonesa, o que levou a um movimento espontâneo sem liderança e
sem objetivos claros que se espalhou por toda a Rússia, onde os habitantes saíram em passeata
exigindo melhoras nas condições de vida e a instalação de um parlamento – o que levou
Nicolau II a ordenar suas tropas a massacrar a população, evento conhecido como Domingo
Sangrento, aumentando ainda mais a insatisfação contra o regime czarista. Após a contenção
da Revolução de 1905 – em 1906 – o Czar foi obrigado a conceder a população a liberdade
de expressão e de reunião, a legalização dos partidos políticos – o que levou ao fortalecimento
do Partido Operário Social-Democrata Russo, que se dividia em duas frações principais, os
mencheviques (propunham a implantação do socialismo através de reformas) e os
bolcheviques (propunham a implantação do socialismo através da força, liderados por Lênin)
– e a criação de um órgão legislativo eleito, conhecido como a Duma. As medidas não
surtiram grande efeito, já que os partidos eram fortmente vigiados e a Duma era controlada
pela aristocracia e pelo Czar, podendo ser dissolvida a qualquer momento. Esta série de
eventos ficou conhecida como o ensaio para revolução de 1917.
Em 1914, o Império Russo tomou parte da Primira Guerra Mundial, unindo-se a
Tríplice Entente – formada pelo Reino Unido, França, e a partir daquele momento, o Império
Russo – em resposta à declaração de guerra do Império Austro-Húngaro contra a Sérvia,
aliada do Império Russo, e lutou em várias frentes ao mesmo tempo, isolada de seus aliados, o
que levou a algumas derrotas. Apesar de em 1916 a Ofensiva Brusilov – do exército russo –
ter quase aniquilado as forças austro-húngaras, as constantes derrotas em outros frontes, a
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desorganização da economia, a fome, a pobreza, o racionamento, a deserção em massa dos


soldados russos, as suspeitas de corrupção e traição levaram a inevitável Revolução Russa de
1917, realizada em dois atos principais:
 Fevereiro e Março 1de 1917
Nos dias finais de fevereiro de 1917, uma manifestação pelo Dia Internacional da
Mulher em São Petesburgo transformou-se rapidamente em uma manifestação contra a fome
vivenciada pela população russa, ganhando apoio dos soldados insatisfeitos com a guerra,
levando a um substancial aumento da insatisfação e da força das manifestações. Em 27 de
fevereiro de 1917, soldados e trabalhadores invadiram o Palácio Tauride, após o czar ordenar
que os militares disparassem sobre a multidão e contivessem a revolta, causando a formação
de um Governo Provisório constituído por deputados moderados de Duma, ao mesmo tempo
que operários e soldados constituíam novamente os sovietes. Tal situação ficou conhecida
como duplo poder, com a burguesia e aristocracia organizando-se em Duma e os
trabalhadores, soldados e camponeses organizando-se no Soviete de Petrogrado.
No dia 2 de março, o Czar Nicolau II assinou sua abdicação, e após esse evento, ele e
sua família foram todos executados. Assim estabeleceu-se o Governo Provisório, liderado
pelo príncipe Gerorgy Lvov – um latifundiário – e tendo como Ministro da Guerra Alexander
Kerenski, formando assim um governo com caráter liberal burguês, com a intenção de manter
a propriedade privada e a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial. O Soviete de
Petrogrado reinvindicava para si a legimitdade para governar, e em 1 de março ordenou ao
exército que lhe obedecesse. Ainda nesse mês, patrões abandonaram suas fábricas, e
operários, por sua vez, começaram a ocupar as instalações das empresas e a organizar comitês
de trabalhadores responsáveis pelo controle de produção.
No mês de abril, com a ajuda da Alemanha, Lênin volta à Rússia, pregando a formação
de uma república dos sovietes, a nacionalização dos bancos e da propriedade privada, além da
saída da Rússia da Primeira Guerra.
 Revolução de Outubro ou Revolução Vermelha
A segunda fase da Revolução de 1917 teve início em Outubro e tinha como
exigências a saída da guerra, o fim da carestia e a refoma agrária, com 200 mil pessoas
participando de protestos contra o czarismo. Em sua passagem pela Alemanha, retornando de
seu exílio na Suíça, Lênin negociou com o governo alemão o financiamento de sua revolta – o
que lhe foi concedido devido ao desejo do Exército Imperial Alemão de concentrar suas

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Até o ano de 1920, a Rússia fazia uso do calendário juliano, então podem haver discordâncias em relação a data
dos eventos quando comparados com o atual calendário gregoriano.
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forças no fronte Ocidental, já que a saída da Rússia da Guerra implicaria no fim de todas as
atividades na frente Oriental.
Na madrguada do dia 25 de outubro, os bolcheviques, liderados por Lênin, Zinoviev e
Radek, contando com elementos anarquistas e socialistas revolucionários, cercaram a capital
onde se localizavam o Soviete de Petrogrado e o Governo Provisório, prendendo muitas
pessoas – apesar disso, Kerenski foi capaz de fugir. O Soviete de Petrogrado, numa sessão
extraordinária, delegou o poder governamental ao Conselho dos Comissários do Povo –
dominado pelos bolcheviques – e dissolveu a antiga assembléia constituente. O Comitê
Executivo do Soviete de Petrogrado rejeitou a decisão, e convocou os sovietes e o exército a
defender a Revolução contra o golpe bolchevique. Todavia, os bolcheviques predominaram na
maior parte das províncias de etnia russa – o que não se deu em regiões como a Finlândia, a
Polônia e a Ucrânia.
Em 3 de novembro, um esboço do Decreto sobre o Controle Operário foi publicado –
documento que instituía a autogestão em todas as empresas com cinco ou mais empregados, o
que acelerou a tomada do controle de todas as esferas econômicas por parte dos conselhos
operários, provocando um caos generalizado e aumentando ainda mais a fuga de proprietários
para o exterior. Esse decreto foi fundamental para que a classe trabalhadora passasse a apoiar
o então impopular regime bolchevique. Durante os meses seguintes, os bolcheviques
procuraram submeter os conselhos operários ao controle estatal, através do Conselho Pan-
Russo de Gestão Operária.
Todos os partidos políticos russos concordaram que fazia-se necessária a existência de
uma assembléia constituente, e que somente esta deveria autoridade para decidir sobre a
forma de governo que surgiria após o fim do absolutismo. As eleições para tal assembléia
ocorreram em 12 de novembro de 1917, e com exceção do Partido Constitucional Democrata,
todos os outros partidos puderam participar. Os socialistas revolucionários tiveram uma
vitória esmagadora sobre os bolcheviques – levando Lênin a publicar as Teses sobre a
Assembléia Constituente, que defendiam a superioridade dos sovietes como instutição
democrática em relação a Assembléia Constituente. Isso era, sem sombra de dúvidas, o
anúncio da preparação para o fechamento da Assembléia Constituente.
Na manhã de 5 de janeiro de 1918, uma manifestação pacífica em favor da Assembléia
Constituente foi dispersada por meio da força pelas tropas bolcheviques, e naquela tarde, a
Assembléia Constituente se reunia pela primeira vez, apenas para ser dissolvida na madugada
seguinte. Durante esse período em que os bolcheviques assumiram o poder, eles tomaram
medidas como o pedido de paz imediata, que foi atingido através do Tratado de Brest-Litovski
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– onde a Rússia abria mão do controle da Finlândia, dos Países Bálticos, da Polônia,
Bielorrúsia, Ucrânia e alguns distritos turcos e georgianos – o confisco de propriedades
privadas – que foram logo redistribuídas entre o povo – , a declaração do direito nacional dos
povos – onde o novo governo se comprometia a acabar com a dominação russa sobre a
Finlândia, Geórgia e Armênia, entre outras regiões – e a estatização da economia.
Após este longo período da Revolução de 1917, ocorreu um período de guerra civil –
chamado de Guerra Civil Russa – que eclodiu em abril de 1918, com o assassinato do
embaixador alemão em Moscou, conde Willhelm von Mirbach – onde várias forças
antibolcheviques organizaram-se e armaram-se, não apenas para lutar contra os bolcheviques,
mas para também guerrear entre si. Dividiam-se em três grupos: os czaristas, os
liberais/eseristas – “SR’s”, socialistas revolucionários – e metade dos socialistas e os
anarquistas. Com a derrota do Império Alemão em 1919, as terras cedidas no Tratado de
Brest-Litovski tornaram-se novamente motivo de disputa, e também bases das forças que
pretendiam derrubar o governo bolchevique. Ao mesmo tempo que esses exércitos se
organizavam, Trotsky organizou o novo Exército Vermelho, que derrotou o exército polonês,
o Exército Branco – que se dividia entre os czaristas e os liberais – e o Exército Negro –
liderado pelo anarquista Nestor Makhno – e, por fim, o Exército Verde – dos camponeses
nacionalistas. O Partido Bolchevique – que em 1918 havia se tornado Partido Comunista –
consolidava sua posição no ano de 1921, com o fim da Guerra Civil. Em 1921 foi criada a
Comissão Estatal de Planificação Econômica – a GOSPLAN – e um conjunto de medidas
conhecidas como Nova Política Econômica – a NEP – ambas com o objetivo de recuperar a
então destruída economia russa. Finalmente, em dezembro de 1922, foi organizado um
congresso geral de todos os sovietes, o que culminou na fundação da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas, cujo órgão máximo era o Soviete Supremo – um órgão legislativo –
que elegia o Presidium – um comitê executivo – dirigido por um presidente que exercia a
função de chefe de estado.

2.3. República Popular da China


No século XIX a China era explorada por grande parte das nações Europeias
principalmente pelo Reino Unido – que interferiu na política, na economia e até a mesmo na
cultura- a maior frente disso aconteceu quando o Reino Unido começou a comercializar
ilegalmente na china uma substancia entorpecente, conhecida como ópio, que levou mais
tarde as Guerras do Ópio.
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 O movimento Republicano
Diante de toda essa situação fundou-se em 1912 o Kuomintang- Partido Nacional do
Povo - comandado por Sun Yat-sen, com propósito de acabar com a exploração europeia
sobre a china e derrubar a monarquia. Com a monarquia derrubada, é proclamada a república
da china com seu primeiro presidente.
Influenciado pela revolução russa surgiu em 1920 o Patido Comunista Chines (PCC)
que tinha como represente o ativista político Mao Tse-tung.
Mais tarde com a morte de Sun Yat-sem, o novo representante do Kuomintang, Chiang
Kai-shek, junta-se ao Mao Tse-tung para a ramificação da China, que possuía regiões
dominadas pele senhores da guerra
 Guerra Civil Chinesa
Em 1927 Chiang Kai-shek – juntamente com os EUA – entra em guerra com o PCC,
ordenando o fim dos comunistas.
Entretanto no mesmo ano, o Japão invade a China almejando dominá-la. Sem outra
escolha, o Kuomitang e o PCC se unem contra o Japão. Em 1945, os Estados Unidos lançam
bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, que fazem com que o Japão se renda e seja
expulso do território chinês
Em 1946, a guerra civil é retomada, e tem fim em 1949, com a vitória do PCC, sendo
assim proclamada a República Popular da China.
Chiang Kai-shek e o que restou de seu governo refugia-se em Ilha Formosa, onde foi
proclamada a República da China.

 Revolução Cultural Chinesa


Em 1966, o governo comunista chinês inicia a revolução cultural chinesa – uma
tentativa autoritária de doutrinar a população, procurando moldar a cultura chinesa em um
modelo de culto de personalidade ao líder. O governo escreveu e distribuiu um livro de
normas cuja leitora era obrigatória, chamado “Livro Vermelho”.
A China permaneceu fechada até a morte de Mao em 1967, quando Deng Xiaoping
chegou ao poder e construiu as Zonas Econômicas Especiais – ZELES – , que eram áreas
abertas ao investimento estrangeiro e próximas ao litoral – de modo a facilitar a exportação.
Ping também investiu em educação e criou a Política do Filho Único, devido a grande
população e alta taxa de natalidade.

.
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3. A GUERRA FRIA

É denominada Guerra Fria o período histórico marcado pela disputa econômica,


militar, tecnológica e particularmente ideológica entre os Estados Unidos e a União Soviética
pela conquista da hegemonia do mundo. A guerra iniciou-se em 1945, menos de 10 anos após
a grande Segunda Guerra Mundial, e foi conseqência de um tratado feito pelas duas potências
quando ainda lutavam juntos como países Aliados.
A guerra entre as duas nações acarretou a divisão do mundo em dois blocos, o
socialista – representado pela União Soviética, que dominava a porção oriental do mundo –, e
o capitalista – defendido pelos Estados Unidos, que influenciava a Europa ocidental e as
Américas.
A Guerra Fria caracteriza-se pela competição pelo poder sem o uso de confrontos
bélicos. O desenvolvimento tecnológico, crescimento econômico e conquistas territoriais
aspirados pelas potências realçavam ao mundo qual nação era mais capaz e digna de controlar
o cenário global. Assim, a designação “fria” diz respeito à guerra que nunca “esquentou”, ou
seja, que não chegou a acontecer de fato. Em seu livro “A era dos extremos”, Hobsbawn faz a
seguinte análise:
“Como observou o grande filósofo Thomas Hobbes, ‘a guerra consiste não só na
batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em que a vontade de disputar pela
batalha é suficientemente conhecida’. A Guerra Fria entre EUA e URSS, que dominou o
cenário internacional na segunda metade do breve século XX, foi sem dúvidas um desses
períodos”. (Hobsbawm, 1994)

As tensões políticas e militares transmitiam a população pânico constante, pois esta


temia que uma batalha ocorresse – já que ambas as nações dispunham de grande capacidade
bélica e nuclear. Porém a probabilidade de uma guerra transcorrer era muito pequena, levando
em consideração que a tecnologia militar era capaz de destruir o mundo. Frente ao contexto, o
sociólogo e filósofo francês Raymond Aron julgou o período com apenas uma frase: “Guerra
improvável paz impossível”.

3.1. Crise Pós-Guerra

A Segunda Guerra Mundial iniciou-se em 1939 pela Alemanha – quando o país


invadiu a Polônia – e deu-se por encerrada em 1945 – quando o Japão assinou sua capitulação
após ser bombardeado pelos Estados Unidos. A motivação da Alemanha surgiu da ideologia
nazista, do Partido Nacional-Socialista, que chegou ao poder em 1933 – em razão das
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condições do Tratado Versalhes 2e pela crise econômica provocada pelo Crash de 1929 3–
com ascensão de Adolf Hitler ao título de chanceler.
Hitler almejou conquistar a população alemã frente aos problemas políticos e sociais
da fase pós Primeira Guerra através de geração de empregos e garantia de direitos trabalhistas.
Conseguir a simpatia dos cidadãos era parte de seu plano para ter apoio ao concretizar suas
pretensões externas, que incluíam a conquista de territórios vizinhos, ricos em recursos
naturais (BRAICK, MOTA, 2016). Para isso, Hitler teve de armar e reforçar o Exército.
Inicialmente, os países da Liga das Nações4 ignoraram o descumprimento de algumas
cláusulas do Tratado de Versalhes, pois as intenções da Alemanha bloqueavam o avanço do
socialismo na Europa. O arrependimento manifestou-se quando, em 1939, a Alemanha
invadiu a Polônia, alvorecendo a Segunda Guerra Mundial.
A entrada da União Soviética e dos Estados Unidos mudou o rumo da guerra. Juntas
com a Grã-Bretanha, as potências formaram a aliança dos Aliados, testilhando contra países
do Eixo – aliança formada pela Alemanha, Itália e Japão. A partir de 1942, o confronto
passou a ser favorável aos Aliados, até que em 1945 foi efetivada a “corrida” para Berlim pela
União Soviética - vinda do leste – e da Grã-Bretanha e Estados Unidos – vindos do oeste. Os
soviéticos chegaram primeiro e cercaram a cidade, acometendo Hitler e sua esposa, Eva
Braun, a extinguirem suas perspectivas de vitória e se suicidarem.
Com o conflito ainda não consumado, o Japão persistia lutando sem a ajuda da
Alemanha e da Itália. O pequeno país do Pacífico finalmente ficou sem esperança após
Hiroshima e Nagasaki terem sido bombardeadas pelos Estados Unidos. Após alguns dias dos
ataques, o Japão assinou sua rendição em setembro de 1945.
Como consequência da guerra mais destrutiva da história, tem-se os dados de
aproximadamente 50 milhões de mortos – entre 5 milhões nos campos de concentração e 45
milhões nos campos de batalhas. Além da redução da população, a economia dos países
envolvidos ficou abalada, pois no transcorrer do conflito, os investimentos bélicos foram a
preocupação mais relevante dos Estados (PILETTI C, PILETTI N, 1991). As sequelas

2
Assinado em 1919, após o fim da Primeira Guerra Mundial, o tratado de paz contava com cláusulas que a
Alemanha tinha de cumprir, como abrir mão de colônias na África e Pacífico e de territórios na Europa, além da
redução de seu Exército. Além disso, teve de arcar com a responsabilidade de ter iniciado a guerra e de pagar
indenizações aos países vencedores.
3
Após a Primeira Guerra, os países envolvidos, com o intuito de estimular a economia, investiram em
indústrias, deixando de importar produtos dos Estados Unidos. O país americano, porém, não deixou de produzir
a mesma quantidade de produtos, diminuindo o preço dos produtos. Com a baixa oferta de procura, a Bolsa de
Nova Iorque acabou colapsando.
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Entidade criada ao findar da Primeira Guerra Mundial que tinha como objetivo evitar uma nova guerra. Era
falha, pois a Alemanha, União Soviética e os Estados Unidos - principais países beligerantes- não participavam.
14

também eram explícitas, a começar pela transformação das cidades em ruínas: as estradas, o
comércio, a indústria, a agricultura e a pecuária foram todos devastados. Ao deparar-se com o
cenário mundial, onde as nações estavam sem fundos, com território destruído, com a
população moribunda e desempregada, os Estados eram designados a grande missão de
recompor-se e reconstruir-se.
Em 1945, um pouco antes de o conflito ser dado como encerrado, os líderes Aliados
reuniram-se na Conferência de Yalta para discutir a criação da Organização das Nações
Unidas (ONU), que substituiria a Liga das Nações. “Por esse acordo começava a ser traçada
uma divisão do mundo em dois blocos que logo se tornariam antagônicos, sob a hegemonia
dos Estados Unidos e da União Soviética” (BRAICK, MOTA, 2016). Outra reunião sucedida
pouco tempo depois foi a Conferência de Potsdam, onde fizeram-se presentes o líder soviético
Joseph Stalin, o primeiro ministro britânico Clememnt Attlee e o quase presidente americano
Harry Truman. A conferência estabeleceu a divisão da cidade de Berlim em quatro zonas
administrativas: francesa, britânica, soviética e americana. Além disso, impôs a Alemanha a
indenização de 20 bilhões de dólares aos países vencedores e a transferência do território
conquistado à União Soviética.

3.2. Cenário Geopolítico

Ao tardar da guerra, as duas grandes potências econômicas, União Soviética e Estados


Unidos, passaram a defender e fortalecer suas ideologias. Uma forma de alcançar esses
propósitos era ajudando os países afetados a se recuperarem das complicações da guerra –
pois assim conseguiam aliados revigorados. Para isso, cada bloco lançou um plano econômico
e uma aliança para restaurarem o mercado e fortificarem o Exército.
O general George Marshall, secretário do país americano, formulou o Plano Marshall
no ano de 1947. O programa oferecia empréstimos e auxílios econômicos para a reconstrução
das cidades e reorganização da economia. Os resultados auferidos foram além do previsto,
com o fortalecimento da economia americana devido as exportações a Europa. No livro
“Conexões com a História”, o autor Alves de Oliveira aponta:
Estima-se que entre 1948 e 1952, por meio do Plano Marshall, os Estados Unidos forneceram
cerca de 13 bilhões de dólares para a reconstrução européia, o que, em valores atuais reajustados,
equivaleria a mais de 130 bilhões de dólares. (ALVES, DE OLIVEIRA, 2010)

O plano econômico soviético foi lançado em 1949 e recebeu o nome de Conselho de


Assistência Econômica Mútua, abreviado por COMECON. Os autor Braick Mota explica, no
livro “História das Cavernas ao Terceiro Milênio”, a situação da COMECON:
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Os recursos financeiros desse plano eram muito menores do que os do Plano Marshall. Mesmo
assim, o Comecon contribuiu para que os países atendidos por ele se tornassem cada vez mais
dependentes economicamente da União Soviética. (BRAICK, MOTA, 2016).

No processo de recuperação dos países, surgiu a preocupação de criar uma aliança


para proteção em caso de batalha bélica, em decorrência da Corrida Armamentista.
No ano de 1949 – mesmo ano que a União Soviética anunciou sua bomba atômica – ,
sob a inspiração dos Estados Unidos, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN). A aliança foi criada para que, se acontecesse um ataque bélico, os países – como
Estados Unidos, Canadá, Grécia, Bélgica, Itália, França, Alemanha Ocidental, Holanda,
Áustria, Dinamarca, Inglaterra, Suécia, Espanha – assegurassem proteção.
O mesmo foi feito pela União Soviética, somente em 1955, e recebeu o nome de Pacto
de Varsóvia. O Pacto reuniu os países socialistas - como Polônia, Cuba, Alemanha Oriental,
China, Coréia do Norte, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Albânia, Romênia.
No auge da guerra, principalmente durante a corrida espacial e tecnológica, a
preocupação com o sigilo e a busca por informações dos rivais era muito grande. A medida
tomada por ambos os blocos foi a criação de órgãos de serviço de inteligência.
Os Estados Unidos criaram em 1947 a Agencia Central de Inteligência (CIA). Já a
União Soviética fundou em 1954 o Comitê de Segurança do Estado (KGB). Sobre os serviços
secretos o autor Braick Mota explica:
A CIA e a KGB executavam, por exemplo, atividades de contra informação que consistiam na
divulgação de boatos nos meios de comunicação de massa a fim de influenciar a política de um país,
abalar as relações entre nações, deixar a população desconfiada e até mesmo criar uma imagem positiva
ou negativa dos sistemas capitalista e socialista. (BRAICK, MOTA, 2016).

Os órgãos secretos procuravam informações sobre o bloco adversário, tentando roubar


informações de seu desenvolvimento. Também manipulavam a mídia para que, ao tentar
buscar informações, encontrassem as erradas.

3.3. Conflito Político-Ideológico

Com o contraste entre o capitalismo e socialismo, deu-se a condição de bipolarização


do mundo. Essa classificação é dada para o cenário mundial que estava dividido por dois
sistemas que influenciavam o mundo nos aspectos da política, da economia e da sociedade.
Além da divisão política, o território foi fisicamente dividido. Inicialmente, a “Cortina
de Ferro” era apenas uma divisão político-econômica, contudo, com o avançar da guerra, as
16

decisões políticas – como, por exemplo, a preferência da Alemanha Ocidental pelo Plano
Marshall ao COMECON5 - acarretaram para que culminasse a separação física de Berlim.
A expressão “Cortina de Ferro” fora usada pela primeira vez pelo primeiro ministro do
Reino Unido da época em um discurso na universidade de Westminster em 1946. Em sua
célebre fala ele comenta:
De Stettin no Báltico a Trieste no Adriático, uma cortina de ferro desceu sobre o continente.
Por trás dessa linha estão todas as capitais dos antigos estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia,
Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia, todas estas famosas cidades e as
populações ao seu redor estão no que devo chamar de esfera soviética, e todas são sujeitas, de uma
forma ou de outra, não apenas à influência soviética, mas também a uma muito alta e, em alguns casos,
crescente medida de controle de Moscou. (Churchill, 1946).

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial a capital da Alemanha era divida em quatro
zonas – uma americana, uma francesa, uma britânica e outra soviética. Com a falha do
sistema administrativo, a divisão não durara muito tempo.
Em 1949 ocorreu uma nova separação de Berlim. A Alemanha se dividira em duas:
uma capitalista, denominada República Federal da Alemanha (RFA) – formada por países que
ocidentais controlavam as zonas –, e uma socialista, conhecida como República Democrática
da Alemanha (RDA) – constituída pela União Soviética.
Havia muitas peculiaridades entre as duas repúblicas. A República do Oriente fora
estabelecida na parte mais pobre do que antes era a Alemanha, com a predominância de
propriedades rurais, já a República Ocidental passou a ter um modelo de economia de
mercado, que teve como ponto alto a criação de novo marco alemão. O sistema, apesar de ser
capitalista, ainda garantia a educação e serviços médicos e previdenciários para a população,
era o “Estado de bem-estar social”. (BRAICK, MOTA, 2016).
O símbolo da repartição da Alemanha foi o Muro de Berlim, construído em 1961 por
iniciativa do governo da Alemanha Oriental. A obra - que dividiu bairros, praças, até mesmo
cemitérios - foi realizada para impedir a fuga da população do lado Oriental para Ocidental.
Os 156 km de construção foram destruídos em 1989 por cidadãos – com machados, marretas
e martelos –, após o fim da guerra.
As duas potências mundiais que buscavam a supremacia mundial representavam
ideologias opostas. Cada decisão feita pela União Soviética ou pelos Estados Unidos tinha
como objetivo, além do desenvolvimento do país, o crescimento de sua doutrina.

5
O fato motivou a União Soviética a bloquear todas as rotas terrestres que davam acesso a Berlim. Assim, os
Estados Unidos abasteciam a Alemanha por vias aéreas, provocando insatisfação soviética.
17

Durante a Guerra Fria, a propaganda foi um recurso sabiamente utilizado pelos


Estados Unidos e pela União Soviética para influenciar sua população e as demais nações do
mundo. Através de filmes, comerciais e programas de rádio e televisão, os governos
conseguiam manipular a opinião pública sobre a guerra. Ao invés de bombas, eram disparados
cartazes e mensagens, usando a estratégia de trazer a simpatia e a população mundial para o
lado do capitalismo ou do comunismo.
As propagandas soviéticas mostravam uma sociedade igualitária, sem a exploração do
homem, de forma que todos seriam iguais, sem hegemonia de classes sociais, e por isso
denegriam a imagem da burguesia. Além disso, o Estado seria o dono das terras, não haveria
mais indústrias privadas. Outra forma de propaganda era realizada por repúblicas comunistas
através de suas nomenclaturas, como o uso dos adjetivos “popular” ou “democrárica”,
exibindo a ideologia dominante no país.
Já as propagandas feitas pelos americanos afirmavam a liberdade da população para
fazer suas próprias escolhas, para terem autonomia em abrir seu próprio negócio,
representando o “Modo de Vida Americano” (tradução livre de “American Way Life”), além
de promover o “Sonho Americano” (tradução livre de “American Dream”), uma ideologia
definida por James Truslow Adams, historiador e escritor estadunidense: "a vida deveria ser
melhor e mais rica e mais completa para todos, com oportunidades para todos baseado em
suas habilidades ou conquistas".
Quando não se conseguia persuadir o público alvo, e os dissidentes não eram
controlados, uma decisão mais radical era tomada – a perseguição. Talvez possa se dizer que
os únicos ataques físicos que houveram durante a guerra – que foram provocados e
executados pelas potências – são os que envolvem as prisões e torturas da parte descontente
da população.
Nos Estados Unidos a perseguição sistemática a simpatizantes do sistema socialista
ficou conhecido como macartismo6, ou popularmente chamado de “caça as bruxas”. A União
Soviética também possuía programas de investigação e punição de cidadãos que defendiam o
capitalismo – como o Gulag.7
As perseguições feitas, tanto por socialistas como capitalistas, tinham como método
prender pessoas suspeitas. “Eram demitidas de seus empregos, proibidas de trabalhar, além de

6
Nome dado em alusão ao senador anticomunista Joseph McCarthy
7 Gulag era um sistema de campos de trabalhos forçados para criminosos, presos políticos e qualquer cidadão
em geral que se opusesse ao regime na União Soviética no geral, condição que também incluía simpatizantes do
capitalismo.
18

passar por interrogatórios, muitos deles transmitidos pela televisão a todo país” (BRAICK,
MOTA, 2016). Em casos extremos, em que pessoas apoiavam o sistema oposto
explicitamente, estas eram assassinadas.
Os outros conflitos físicos nos quais os dois blocos se envolveram foram indiretos.
Assim como nos outros casos, a postura tomada era essencialmente pensada em prol do
desfalque do sistema oposto, ou proliferação de sua doutrina.
Entre as principais interferências estão:
 Guerra da China
Em 1912 a China deixou de ser um império e foi proclamada República. O país,
porém, não conseguia encerrar a influência econômica européia e norte-americana sobre o
governo, os chefes militares e a burguesia. Com o intuito de livrar a nação da dominação
estrangeira, um grupo de militantes criou o Partido Comunista Chinês. Este aliou-se ao
Partido Popular Nacional, que, em 1927, a mandato do general Chiang Kai-shek massacrou
comunistas em Xangai por terem condutas que feriam a política do partido (PILETTI C,
PILETTI N, 1991).
O Partida Comunista Chinês, liderado por Mao Tsé-Tung, percorreu cerca de 10 mil
quilômetros para evitar que a chacina fosse maior. A caminhada ficou conhecida como Longa
Marcha, na qual cerca de 300 mil chineses participaram.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a perseguição aos comunistas foi interrompida,
pois o Japão invadira a China. Dada a grande guerra por encerrada, os chineses conseguiram
expulsar os japoneses e a guerra interna teve continuidade.
Com a divisão do mundo em dois blocos, a porção comunista, comanda por Mao Tsé-
Tung, fora apoiada pelos soviéticos, e a porção nacionalista, liderado por Chiang Kai-shek,
fora apoiada pelos americanos. A guerra civil durou até 1949 quando os comunistas venceram
e implantaram a República Popular da China. “Nessa nova fase inicial, o desenvolvimento
industrial contou com o apoio técnico e financeiro da União Soviética” (PILETTI C, PILETTI
N, 1991).
 Guerra da Coréia
Tendo feito parte do Japão desde 1910, a Coréia foi liberta pelas tropas dos Aliados
durante a Segunda Guerra Mundial. Com o final do conflito, o país foi dividido pelas duas
grandes potências, resultando na criação de dois Estados independentes e ideologicamente
opostos: a República Popular Democrática da Coréia do Norte, socialista – influenciada pela
União Soviética –, e a República da Coréia do Sul, capitalista – apoiada pelos Estados
Unidos.
19

No contexto da Guerra Fria, no ano de 1950, o Exército norte-coreano tentou unificar


os países em uma só nação, invadindo a Coréia do Sul. Assim iniciou-se a Guerra da Coréia
que duraria até 1953, com interferência dos Estados Unidos e União Soviética.
A ONU, em uma assembléia, decidiu como mediação enviar tropas militares, de
maioria americana. Esse exército lançou um contra-ataque e dessa forma ocupou rapidamente
toda a Coréia do Norte, chegando contíguo a China. Para defender-se, a Coréia socialista –
com auxilio da China – entrou em conflito com a Coréia capitalista. O resultado da guerra é
contado por Hobsbawm:
“Os Estados Unidos e seus aliados interviram na Coréia em 1950 para impedir que o regime
comunista do Norte daquele país se estendesse ao Sul. O resultado foi um empate.” (HOBSBAWM,
1994).

Com o final da Guerra da Coréia sucedeu a divisão do país em dois pólos, um


capitalista e um socialista. A separação e a rivalidade entre os países permanece até os dias
atuais, com o governo da Coréia do Sul investindo em seu exército para, em caso de ataque do
Norte, estarem melhor preparados.
A Coréia do Norte recebia suplementos – como produtos industrializados e
armamentos – da União Soviética, o que a fez ser dependente do bloco. O país também foi
muito incentivado a aumentar o exército e desenvolver a indústria bélica – até nuclear –, o que
fez com que as aplicações para a agricultura e bens de consumo reduzissem.
Por sua vez, a Coréia do Sul recebeu ajuda econômica do país americano para
reconstruir suas cidades acometidas pelo conflito. A política também foi influenciada de
modo a acabar com governos ditatoriais e corruptos para se tornar mais dinâmica.

 Guerra do Vietnã

No século XIX, o país pertencia a França. Durante a Segunda Guerra Mundial o exército
japonês expulsou os Franceses da região e dominaram-na. Porém, com o resultado da guerra,
na qual o Japão havia perdido, a França voltou a ocupar o Vietnã.
Na porção norte da Indochina – território que corresponde ao Vietnã, Laos e Camboja –,
existia um movimento, liderado por Ho Chi Minh, lutava pela independência do Vietnã. No
ano de 1954, o movimento conseguiu expulsar os soldados franceses, em uma batalha que
ficou conhecida como Guerra da Libertação.
Passado o final da guerra, uma conferência em Genebra estabeleceu a separação do
território em dois: Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. A divisão deveria durar de 1954 até 1956,
ano em que ocorreriam as eleições gerais para reunir os dois governos.
20

Durante esse período os Estados Unidos temeram que, quando unificado, o país tornar-se-
ia comunista. Por esse motivo, em 1957 o país americano interviu no governo do Vietnã do
Sul, sob a liderança de Ngo Dinh Diem. No governo do Vietnã do Sul estava Ho Chi Minh,
que era apoiado pela União Soviética.
Como não haviam ocorrido as eleições, patriotas do Vietnã do Sul fundaram a Frente
Nacional de Libertação que combatia o governo do sul. Os guerrilheiros da Frente eram um
grupo que ficou conhecido como Vietcongue8, e os militares que dele participava eram
chamados de Vietcongues. Estes eram apoiados pelo Vietnã do Norte.
Como o governo do Vietnã do Sul era fraco, com pouco poderio militar, os capitalistas
americanos o apoiaram. Inicialmente ajudavam com armamentos, ulteriormente enviaram
contingentes de forças militares auxiliares e mais tarde ainda mandaram tropas. “Em 1965, os
Estados Unidos chegaram ao nível máximo de envolvimento no Vietnã, em termos de tropa:
500.000 soldados”. (PILETTI C, PILETTI N, 1991).
Em 1975 com a invasão pelos Vietcongues à capital do Vietnã do Sul, os últimos
americanos deixaram o país. Marca-se assim o fim do conflito entre vietnamitas, com vitória
para os socialistas.
Como descrito, as interferências, tanto do país americano quanto da república
soviética, não foram provocados, mas influenciados pelas nações.

3.4. Corrida Espacial e Armamentista


Com o intuito de conquistar o poder, ambas as nações tentavam provar ao mundo
quem merecia ter sua hegemonia. As potências investiram na tecnologia bélica - como
bombas atômicas e bombas de hidrogênio –, tecnologia espacial – como satélites e viagens
espaciais.
 Corrida Espacial e Tecnológica
Em 1957 a União Soviética deu o primeiro passo para a Corrida ao lançar o primeiro
satélite artificial para o espaço, chamado Sputnik. No mesmo ano, foi lançado uma nave
espacial, denominada Sputnik 2, na qual estava a bordo uma cadela chamada Laika, que ficou
conehcida por ser o primeiro ser vivo mandado ao espaço. Infelizmente o animal morreu
poucas horas depois do lançamento por conta do stress e sobreaquecimento.

8
Tanto o nome Vietcongue como Vietcongues eram utilizado por seus inimigos, por isso são considerados
pejorativos
21

Apenas 4 meses depois da conquista soviética, em 1958, os Estados Unidos criaram a


Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA), e ainda lançaram o seu satélite
Explorer I.
No ano de 1961 a União Soviética lançou o primeiro homem ao espaço, Iuri Gagarin, que
deu a meia volta na Terra a bordo da nave Vostok 1. Em resposta aos soviéticos, os
americanos lançaram o plano de explorar a Lua. Depois de muitos testes e tentativas que
deram errado, em 1969 foi realizada a missão Apollo 11, que fez com que Neil Armastrong
pisasse na lua.
Em 1963, mais um marco foi realizado pela União Soviética. A astronauta Valentina
Vladimirovna Tereshkova viajou no espaço a bordo da nave Vostok VI, e foi considerada a
primeira mulher a ter ido ao espaço.
No total, foram lançados 12 satélites soviéticos da série Kosmos, e 16 satélites
americanos Explorers e mais 38 satélites de reconhecimento Discoverer. Entre os anos 1960 e
1970, as duas potências iniciaram projetos de exploração espacial enviando sondas para
outros satélites naturais e planetas do sistema solar. Os soviéticos criaram o programa Venera,
que enviou sondas para estudar Vênus. Já os americanos iniciaram o programa Voyager,
originalmente para estudar Júpiter e Saturno.
Um plano ambicioso foi lançado pelo país americano na década de 1980. O projeto que
buscava a militarização do espaço relacionava duas esferas, bélica e espacial, onde satélites
ativados por computadores lançariam raio laser para determinada área do planeta. O plano foi
desativado pelo presidente Barack Obama mais de 20 anos depois.
O recurso mais utilizado nos dias de hoje é a Rede Mundial de Computadores, a Internet,
que foi criada a partir da Rede de Agências de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPANET),
em 1969. O projeto pertencia ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, foi a primeira
rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes, criada só para fins
militares.
Outro projeto realizado pelos Estados Unidos foi a Operação Paperclip. Inicialemnte
chamada de Operação Overcast, a era uma operação realizada pelo Serviço de Inteligência
Militar dos Estados Unidos (CIA) para fazer aliança com cientistas nazistas e levá-los para o
país americano. Os cientistas, entre eles Wernher von Braun9, eram especializados
em foguetes, eletro-gravitação, armas químicas. Fizeram grandes colaborações para o
desenvolvimentos de armas e tecnocnologias bélicas para a Guerra Fria.

9
Foi uma das principais figuras no desenvolvimento do foguete V-2 na Alemanha Nazista, que foi o
considerado o primeiro míssil balístico.
22

 Corrida armamentista
As duas potências tinham grande destaque na esfera bélica, como já visto na Segunda
Guerra Mundial. Durante o período da Guerra Fria, a indústria que mais recebeu
investimentos foi a de produção armamentista.
Os norte-americanos já haviam mostrado seu poder no ataque ao Japão quando lançara
bombas atômicas. Tal fato teria influenciado a União Soviética a também criar sua própria
bomba nuclear. O marco soviético se deu no ano de 1943, com a criação de sua bomba
atômica.
Em 1952 os Estados Unidos inovaram lançando o projeto de uma bomba de hidrogênio,
mais potente que a atômica. Por sua vez, os soviéticos descobriram a tecnologia um ano mais
tarde.
Um experimento soviético famoso foi o Tsar Bomba, uma bomba RDS-220, considerada a
mais potente arma nuclear já detonada. A bomba foi testada em 1961, em Nova Zembla, uma
ilha no oceano Ártico. Devido ao seu enorme tamanho a bomba não era prática para ser
utilizada em guerras, e foi criada essencialmente para ser usada como propaganda na Guerra
Fria, com o intuito de amedontrar os Estado Unidos.
Assim, as duas potências desfrutavam de grande posse de armas nucleares fatais para os
países envolvidos e até mesmo para o planeta. Dessa forma, nenhuma das suas nações
arriscava começar uma batalha em campo. Como diz Hobsbawm, os resultados das decisões
eram “baseados sempre na implausível suposição”, pois, mesmo com a possibilidade de
acontecer uma guerra armada, ninguém acreditava.
A corrida armamentista teve um fim marcado com assinatura de dois Tratados de Redução
de Armas Estratégicas, conhecidos como Start I e II, nos anos de 1991 e 1993, além do
Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) em 1968. Este último foi assinado por cerca de
180 países para proibir a produção de tecnologias nucleares para guerra. Porém no ano de
2003 a A Coréia do Norte se retirou do tratado para produzir suas armas nucleares e hoje
representa risco para o mundo, principalmente para os Estados Unidos.

3.5. A Distensão
Distensão é o período ulterior a rivalidade entre os Estados Unidos e a União
Soviética, em que ambos restabelecem relações diplomáticas e culturais, apaziguando seu
relacionamento e diminuindo o risco de conflito declarado. O intervalo dado a Guerra Fria
iniciou-se após a Crise dos Mísseis, na década de 1960 até o inicio dos anos 1980.
23

A Crise dos Mísseis foi um momento de instabilidade durante a Revolução Cubana,


guerra que teve interferência das duas potências econômicas. Desde a Independência de Cuba,
os Estados Unidos teve uma intima relação com o país da América Central, investindo
recursos na economia, principalmente no turismo.
Com a ascensão do governo de Fulgêncio Batista na década de 1960, a corrupção
tornou-se explícita, fato que fez com que a população tentasse combatê-la. O Estado por sua
vez, repreendeu os militantes que eram contra ele, o que desencadeou a guerra civil. A massa
de cidadãos, descontentes com o governo, representados principalmente por Fidel Castro e
Che Guevara, foi apoiada pela União Soviética.
Fidel Castro conseguiu tornar-se primeiro ministro com o apoio de camponeses,
universitários e trabalhadores industriais depois de várias manifestações e ataques. Castro fez
várias reformas no país, tentando reparar os problemas deixados pelo antigo governo.
Além disso, a União Soviética instalou os mísseis R-12 Dvina e R-14 Chusovaya, na
ilha de Cuba – próxima do país americano – o que causou medo e pânico no mundo todo. A
base de mísseis foi descoberta pelas Forças Armadas dos Estados Unidos em 1962, o que fez
com que o presidente americano John Kennedy estabelecesse um bloqueio contra Cuba
enquanto tentava negociar com o país e com a União Soviética.
O período de negociações, que se estenderam por treze dias seguidos, foi crítico para o
mundo, chegando a ser denominado Crise dos Mísseis. A principal exigência para a retirada
dos mísseis de Cuba era a de que o país americano se comprometesse em não tentar invadir o
território cubano. O ápice da crise ocorreu quando um avião americano, U-2, fora atacado
pela artilharia antiaérea cubana. Esse foi o dia em que houve grande iminência da explosão de
uma guerra armada, o que poderia acarretar em uma Terceira Guerra Mundial.
A Crise só fora resolvida quando a União Soviética solicitou que os americanos
retirassem seus mísseis nucleares da Turquia – país próximo a Europa Oriental. O acordo foi
selado e a União Soviética desativou e retirou suas bombas do território cubano.
A partir do momento em que o tratado foi assinado, os Estados Unidos e a União
Soviética decidiram realizar outros acordos para evitar uma catástrofe mundial. Assim, as
pessoas que nasceram depois da Guerra Fria nunca haviam presenciado um momento de
tanta paz mundial.

3.6. Era Gorbachev e o fim da Guerra Fria


No contexto da história da União Soviética, o período em que a mesma passava por uma
crise interna, com deficiência no setor público, desperdícios de recursos e baixa
24

produtividade, um importante político é eleito. Mikhail Gorbachev fora denominado


secretário geral do Partido Comunista em 1985. Desde então iniciou uma série de reformas
para tentar reestruturar a União Soviética.
Entre as reformas se destacou a econômica, onde Gorbachev planejava instaurar a
perestroika e a glasnost. O primeiro plano consistia em incentivar a produção de bens de
consumo, concedia certa liberdade de comércio a pequenos negócios, entre outros. Já a
glasnost era um projeto de abertura política, no qual era garantida a liberdade de expressão e
permitia-se a quebra de sigilo sobre questões administrativas estatais.
Essas reformas eram essenciais para a modernização do Estado soviético, segundo
Gorbachev. Elas foram implantadas de modo lento e gradual para que os cargos de direção do
Estado pudessem ser ocupados por jovens. Porém, essa decisão teve de ser desconsiderada, já
que a população soviética exigia mais agilidade no processo de transição.
Segundo Braick Mota, o caos se instaurou ainda mais: “as reformas colocadas em prática
na União Soviética contribuíram para a eclosão de um movimento separatista e manifestações
por democracia nas repúblicas soviéticas.” Houve então o fim do Pacto da Varsóvia.
Com a Era Gorbachev – nome dado ao período que o secretário ocupou seu cargo no
Partido – a possibilidade de unificar Berlim novamente emergiu. Nos anos 80, a Alemanha
Oriental era governada por Erich Honecker, que se recusou a seguir a mesma política que
estava sendo aplicada pelas outras nações soviéticas. Em decorrência da sua resistência,
houve crescimento no número de fugas no sentido oriental-ocidental, além de manifestações
pró-democráticas.
O político foi substituído por Egon Krenz, porém isso não foi suficiente para frear a crise.
Não resistindo a pressão popular, o muro de Berlim foi derrubado em 1989. A reunião das
Alemanhas foi um processo paulatino, pois os dois lados não estavam na mesma fase de
desenvolvimento. A porção da Alemanha socialista era mais atrasada, apresentava maiores
taxas de desemprego, recessão, e problemas sociais. Hodiernamente, a Alemanha é uma das
maiores economias do mundo e as diferenças socioeconômicas são decorrentes de questões de
minorias dos imigrantes.
O fim da Guerra Fria deu-se efetivamente em 1991, quando houve a extinção do sistema
socialista no mundo. Assim, a competição pela soberania mundial foi encerrada, pois o
capitalismo tornou-se o único sistema significativo, tendo automaticamente o poder que tanto
aspirava.
25

4. O DILEMA POLÍTICO DO ESPECTRO DIREITA ESQUERDA

4.1. Comunismo
Comunismo, termo advindo do latim communis – comum universal – é um termo que
abrange uma série de ideologias políticas e socioeconômicas, que tem como objetivo
promover uma sociedade igualitarista, sem classes sociais e apátrida, com base num sistema
de produção comum, abolindo-se a propriedade privada. Um dos principais mentores
filosóficos do comunismo, Karl Marx – influenciado por Hegel e outros filósofos – define o
comunismo como estágio final da evolução social humana, quando o capitalismo e o
socialismo teriam satisfazido sua utilidade ao criar o excesso de produção necessário para
promover futuro desenvolvimento tecnológico que, consequentemente, levaria a um aumento
exponencial de produção, que poderia ser alcançado apenas da revolução proletária – ou seja,
uma revolução encabeçada por aqueles que vendem sua força de trabalho aos donos dos
meios de produção – um processo inevitável devido a resistência da burguesia em relação ao
estabelecimento de uma sociedade comunista. Tal processo é também definido como luta de
classes.
A principal corrente comunista é a corrente marxista-leninista, que une os princípios
ideológicos marxistas de uma sociedade sem classes, sem estado e livre de opressões – onde
as decisões em relação a produção e a política são tomadas democraticamentes – são unidos
com os princípios econômicos desenvolvidos por Lenin, que ditam que os meios de produção
seriam de propriedade comum, culminando no fim da propriedade privada e no fim do capital.
As doutrinas comunistas anteriores a Revolução Industrial possuíam caráter distributivista,
colocando a abolição das classes como objetivo supremo, enquanto o socialismo científico de
Marx e Friedrich Engels deu prioridade à plena satisfação das necessidades humanas através
do desenvolvimento tecnológico, já que com a mecanização do trabalho e consequente
aumento de produção, haveria ampla abundância de bens, cuja distribuição deixaria de ser
antagônica – o que faria com que o trabalho abandonasse seu caráter alienador e negativo para
tornar-se uma afirmação de prazer – para se tornar um meio através do qual se atingiria o
bem-estar da sociedade em geral.
O estado final buscado pelo comunismo – uma sociedade sem classes sociais com
coletivização dos meios de produção e ausência de Estado – também pode ser chamado de
estado natural – já que tal organização social remonta a Antiguidade e a Idade Média.
26

4.2. Capitalismo

O termo “capitalista’’ tem origem no conceito de “modo de produção capitalista”,


criado por Karl Marx, maior crítico desse sistema. O capitalismo caracteriza-se
principalmente pela propriedade privada, pelo lucro – resultado da acumulação de capital -,
pela economia de mercado e as divisões de classes sociais.
 Fases do Capitalismo
A primeira fase é chamada de Capitalismo Comercial, ocorreu do século XIV até o
século XVII, o lucro se obtinha através das trocas comerciais. O mercantilismo fortaleceu a
classe burguesa uma vez que as grandes navegações ocorriam e as grandes potências -
Portugal, Espanha, Holanda, Inglaterra e França – desbravavam as novas terras e
comercializavam escravos e metais preciosos com a intenção de enriquecer. O capitalismo
comercial teve seu enfraquecimento no século XXVIII com a revolução industrial.
Capitalismo Industrial foi desenvolvido o século XVIII até o XIX. O lucro se
estabelecia na exploração do trabalhador. Tinha-se um alto índice de desigualdade social
devido que os lucros ficavam praticamente integralmente com os donos de indústrias. Em
oposição ao capitalismo industrial surgiu o socialismo que teve como seu principal
representante Karl Marx.
Surgiu no século XX e está presente até os dias atuais o Capitalismo Financeiro.
Alguma característica do capitalismo financeiro estabelece-se pelo controle da economia
pelos bancos e grandes corporações, monopólio, oligopólio, bolsa de valores, expansão da
globalização, cartel – acordo entre empresas -, truste – fusão de empresas dos mesmos ramos -
, e o holding – empresa controla as ações -. Acredita-se que essa fase do capitalismo se
encerrou com a grande depressão – crise de 1929 – com a queda da bolsa de valores de Nova
York.
As bases do capitalismo são a propriedade privada e a liberdade de contrato, e isso se
estende até hoje. Segundo seus defensores o capitalismo é o meio mais eficiente de
eliminação de pobreza na sociedade.

4.3. Espectros políticos: pesquisas influentes

Por cerca de um século, a abordagem a ser tomada em relação a como melhor descrever
a posição política de um indivíduo tem sido debatida por cientistas sociais. Geralmente usa-se
o espectro clássico, baseado nos conceitos de esquerda e direita que surgiram durante o início
da Revolução Francesa (1789-1799), onde comunismo e socialismo estão a esquerda e
27

conservadorismo e capitalismo estão a direita, com liberalismo variando de posição a parti do


contexto que é usado – com o liberalismo clássico, teoria baseada na livre concorrência de
mercado, ficando a direita e com o liberalismo social estando a esquerda. Cientistas políticos
notaram, ao longo desse último século, que o modelo antigo baseado nessa divisão entre
direita e esquerda provou-se insuficientemente preciso para descrever a variação política entre
ideais econômicos e sociais – com a recusa em classificar-se tomando como base tais
conceitos sendo batizada de sincretismo político -, levando a uma extensa pesquisa sobre o
assunto. Alguns pesquisadores influentes no assunto:

 Leonard W. Ferguson

Em 1950, Ferguson analisou o posicionamento político tomando como base dez


escalas de medição de atitudes em relação a: controle de natalidade, pena capital ou pena de
morte, censura comunismo, evolução, lei, patriotismo, teísmo, tratamento de criminosos e
guerra. Colocando os resultados sob análise fatorial, ele foi capaz de identificar três fatores,
que ele batizou de religionismo, humanitarismo e nacionalismo, sendo religionismo a crença
em Deus e atitude negativa em relação a evolução e ao controle de natalidade; humanitarismo
sendo oposição a guerra, a pena capital e o favorecimento de uma justiça restaurativa ao invés
de uma justiça punitiva; e o nacionalismo como uma variação de opiniões em relação a
censura, a lei, ao patriotismo e ao comunismo. Tal sistema surgiu empiricamente – não sendo
submetido a bases puramente teóricas ou a testes – tratando-se, então, de uma pesquisa de
caráter exploratório. Devido a isso, é necessário cuidado ao interpretar os três fatores
propostos por Ferguson, já que submetê-los a análise fatorial pode fazer com que surja um
“fator” abstrato, quer este seja real, existente e objetivo ou não. A replicação do fator
nacionalismo foi inconsistente, porém os fatores humanismo e religionismo foram replicados
não apenas por Ferguson, mas por inúmeros outros cientistas.
 Hans Eysenck
Algum tempo depois das pesquisas de Ferguson, Eysenck começou a pesquisar sobre
os comportamentos políticos presentes na Grã-Bretanha, acreditando que existisse uma
similaridade essencial entre os Nacionais-Socialistas – os nazistas – e os comunistas, apesar
de sua total oposição no espectro direita-esquerda. Hans Eynseck descreveu em seu livro –
Sense and Nonsense in Psychology– o seu método, onde ele compilou uma lista de
declarações políticas encontradas em jornais e panfletos políticos e pediu aos participantes da
pesquisa para considerar sua concordância ou discordância com cada um destes. Submetendo
os resultados ao mesmo método de análise fatorial usado por Ferguson, Eysenck encontrou
28

dois fatores, que nomeou radicalismo (Fator R) e ternura (Fator T, que consiste basicamente
na intelectualidade, no idealismo, otimismo, dogmatismo, religiosidade e monismo). Ao
submeter os resultados ao mesmo método de análise fatorial utilizado por Ferguson, Hans
submeteu-se ao mesmo problema, onde tal analise produz um fator que corresponde ou não a
um fenômeno real, portanto, cuidado deve ser empregado ao analisar tais fatores. Enquanto o
fator R é facilmente identificado na dimensão clássica direita esquerda, o fator T –
representado desenhado em ângulos retos para o fator R – é menos intuitivo, com os melhores
pontuadores inclinando-se para o pacifismo, igualdade racial, educação religiosa e restrições
no aborto, enquanto aqueles com pontuações menores apresentaram inclinação ao
militarismo, a justiça punitiva, leis que facilitam o divórcio e no casamento de
companheirismo – baseado na teoria triangular do amor desenvolvida por Robert Sternberg,
que não deve ser confundido com conceito de triângulo amoroso.
Apesar da metodologia, local e teoria diferentes, os resultados de Eysenck e Ferguson
foram semelhantes – girar os fatores de Eysenck em 45 graus resulta nos fatores de
religionismo e humanitarismo identificados por Ferguson na América. Os fatores R e T de
Eysenck foram obtidos através da coleta de dados na Alemanha, Suécia, França e Japão.
Alguns resultados notados por Eysenck: na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos a variação
política era, basicamente, sumarizada pelo espectro direita esquerda, enquanto na França o
fator T era mais largo, e no Oriente Médio a única dimensão era a do fator T – entre os
habitantes dessa região, não pôde ser observada qualquer diferença que corresponda ao
contínuo radical-conservador. As visões políticas de Eysenck afetaram diretamente sua linha
de trabalho, considerando que o mesmo era totalmente contra o que ele julgava como
totalitário, estabelecendo uma relação de aversão ao nazismo e ao stalinismo – que, de acordo
com ele, configuravam regimes totalitaristas por serem agressivos e autoritários.
A comunidade científico-política fez algumas críticas ao trabalho de Eysenck - como o
fato de nenhum valor ter sido encontrado virtualmente para embasar o eixo dureza/ternura e o
fato de seu método de análise envolver encontrar uma dimensão abstrata – um fator – que
explique determinados dados coletados, e tal dimensão abstrata pode ou não representar a
realidade.
Alguns anos mais tardes, Eysenck refinou sua metodologia de modo a abranger mais
problemas econômicos, de modo a revelar uma divisão no eixo direita-esquerda entre política
social e política econômica, com uma dimensão antes desconhecida – a do socialismo-
capitalismo ou Fator S. Enquanto fatorialmente distinta do antigo Fator R, o Fator S se
correlacionou positivamente com o Fator R, indicando que um eixo básico de direita-esquerda
29

ou esquerda-direita engloba tanto valores sociais e econômicos, apesar do Fator S estar mais
envolvido com a desigualdade econômica e grandes negócios, enquanto o R se relaciona com
criminosos, problemas sexuais e militares.

 Milton Rokeach
Rokeach, em resposta à sua insatisfação com o trabalho de Eysenck, desenvolveu seu
próprio modelo político de dois eixos em 1973, baseando-o nas ideias de liberdade e
igualdade, que descreve em seu livro “A Natureza dos Valores Humanos”. Rokeach alegou
que a diferença entre esquerda e direita era que a esquerda valorizava mais a igualdade do que
a direita – porém, apesar de suas críticas ao trabalho de Eynseck – principalmente em relação
ao seu eixo de ternura-dureza - Milton também estabeleceu uma leve conexão entre o
comunismo e o nazismo, clamando que tais grupos não valorizavam a liberdade tal qual os
sociais democratas e os capitalistas – e além dele próprio ter escrito que o modelo de dois
valores apresentado assemelha-se a hipótese de Eysenck.
Diferentemente de Eysenck ou Ferguson, Rokeach voltou-se à análise de conteúdo –
método que consiste basicamente na análise de diversas formas de mídia para que se encontre
um comportamento sistemático ou repetitivo – para testar esse modelo, usando obras do
nazismo, capitalismo e socialismo – esse método também foi criticado por depender
profundamente da familiaridade do experimentador com o material a ser analisado, e também
por este poder ser enviesado pelas visões políticas particulares do pesquisador em questão. As
pesquisas de Rokeach classificaram o socialismo como focando em liberdade em primeiro
lugar e igualdade em segundo; com o nazismo ranqueando a liberdade em décimo sexto lugar
e a igualdade em décimo sétimo; com o capitalismo prezando a liberdade em primeiro lugar e
a igualdade em décimo sexto; e com o comunismo tomando a liberdade como décimo sétimo
lugar e a igualdade em primeiro, com base na comparação de frequência de sinônimos que se
referiam a tais conceitos entre as obras analisadas.

 Ronald Inglehart
Os fatores R e S (socialismo capitalismo) – sendo o último encontrado mais tarde por
Eysenck quando este refinou sua metodologia de pesquisa - foram também replicados por
Inglehart quando este fez uma pesquisa sobre opiniões nacionais com base no World Values
Survey – organização sem fins lucrativos associado a Universidade de Michigan que realiza
pesquisas globais para explorar os valores e crenças de povos ao redor do mundo, como estes
mudam com o tempo e seu impacto político-social – chegando ao humanitarismo e
religionismo de Ferguson, que foram batizados por Inglehart de secularismo-tradicionalismo –
30

abrangendo questões de tradição e religião – e sobrevivencialismo-auto-expressão –


abrangendo questões como conduta, vestimenta, aceitação da diversidade e inovação.

 Hannah Arendt
Em 1951, Hannah Arendt propôs em “Origens do Totalitarismo” a classificação do
espectro político tida como consenso entre historiadores atualmente, não utilizando os termos
direita e esquerda, mas as categórias clássicas de ditadura e tirania organizadas por Aristóteles
– que se encaixariam melhor ao referir-se ao conjunto de regimes totalitários, liberais e
autoritários.

4.4. Espectro político clássico – unidimensional – e divisão entre direita e esquerda

O contraste político definido pelos termos “direita” e “esquerda” remontam sua origem
à Revolução Francesa – processo de mudança política iniciado por volta de 1789, cujo
objetivo era desmantelar a clássica aristocrática de cunho feudal que atualmente compunha a
França, tendo em mente o implemento dos ideias de Liberdade, Igualdade e Fraternidade –
durante a formação da recém-inaugurada Assembléia Nacional, onde os apoiadores do rei
sentavam-se à direita do presidente, enquanto os revolucionários e republicanos à esquerda
deste. A principal divisão entre direita e esquerda durante esse período na França foi entre a
de partidários republicanos e monarquistas. Tal divisão permaneceu intacta até o ano de 2 de
Junho de 1793 – quando um golpe de Estado realizado contra a então recém-formada
Convenção Nacional – órgão que procedeu a Assembléia Legislativa – e os Girondinos foram
presos, fazendo com que o lado direito ficasse deserto, e com o 9 Termidor, em 1794, os
membros da extrema esquerda foram também excluídos, e, com isso, o método de cadeiras
abolido. Apesar disso, com a Restauração em 1814-1815, tal formação se restabeleceu, com
os ultra-monarquistas à direita, os constitucionais ao centro e os independentes à esquerda.
Essa divisão foi adotada futuramente na Terceira República em 1871, com partidos políticos
adotando os termos “direita” e “esquerda” em seus nomes, de modo que estes, vagarosamente,
passaram a ocupar os termos como “vermelho”, “reação”, “republicanos” e “conservadores” a
partir do início do século XX.
Os direitistas negavam a significância de tal divisão, alegando que esta seria artificial e
prejudicial à unidade política francesa, enquanto esquerdistas promoveram a distinção,
buscando mudar a sociedade. Tais termos foram aplicados também em outros lugares, como
para a polícia britânica nas Eleições Gerais de 1906 e no final de 1930, em debates sobre a
Guerra Civil Espanhola. Atualmente, o termo “direita” geralmente é usado para definir
31

ideologias que dão ênfase a autoridade, hierarquia, ordem, dever, tradição, reação e
nacionalismo, enquanto “esquerda” é usado para caracterizar ideologias cujas bandeiras são,
principalmente, a liberdade, igualdade, fraternidade, direitos, progresso, reforma e
internacionalismo. Apesar dessa classificação, muitos movimentos – como o feminismo,
regionalismo, o nacionalismo, o populismo e o ambientalismo – não se encaixam
precisamente no espectro unidimensional definido pelos termos direita e esquerda. Alguns dos
movimentos classificados como direita por cientistas políticos são: a democracia cristã, o
conservadorismo, o libertarianismo de direita, o neoconservadorismo, o imperialismo, a
monarquia, o fascismo, o reacionarismo e o tradicionalismo; enquanto alguns movimentos
que são classificados por cientistas políticos como de esquerda são o anarquismo, comunismo,
socialismo, socialismo democrático, social-libertarianismo, progressismo e libertarianismo de
esquerda.
Alguns dos eixos usados como base para a classificação entre direita e esquerda são o
igualitarismo-elitismo, o progressismo-conservadorismo, o internacionalismo-nacionalismo,
individualismo-comunitarismo, laicismo-religiosidade, entre muitas outras formas de divisão
política. Apesar de haver relativo consenso entre especialistas sobre o emprego de certos
termos, alguns termos podem ter significados ou conotações diferentes de acordo com o país
em que são usados, como o termo liberal – que nos Estados Unidos geralmente refere-se a
esquerda, enquanto no Brasil refere-se ao liberalismo econômico de direita.
A controvérsia em relação ao emprego do espectro direita-esquerda é amplamente
debatida por cientistas políticos ao redor do mundo todo, com alguns alegando que os termos
não mais refletem a complexidade do cenário político atual – como o Primeiro Ministro
britânico Tony Blair, que afirmou que o principal embate político moderno estava relacionado
a divisão entre abertos e fechados, onde os abertos seriam socialmente liberais,
multiculturalistas e a favor do globalismo, enquanto os fechados seriam culturalmente
conservadores, contra a imigração e pró-protecionismo – e com outros alegando que não só a
divisão permanece influente para a política atual, como também ainda é existente – como o
filósofo italiano Norberto Bobbio, que via a polarização da Câmara de Deputados Italiana nos
anos 90 como prova de que o espectro linear ainda permanecia válido, argumentando que o
desaparecimento de tal espectro ocorre apenas em cenários onde uma esquerda ou uma direita
se apresentassem de maneira fraca, com esquerda e direita não sendo temos absolutos, mas
como conceitos relativos, que variam com o tempo – de modo que o espectro direita-esquerda
poderia ser aplicado a qualquer época.
32

Muitas críticas são expostas em relação ao espectro unidimensional – a principal delas


sendo a massiva simplificação de questões políticas, econômicas e sociais, sem levar em
consideração o nacionalismo e o autoritarismo que pode se apresentar tanto em ideologias de
esquerda como de direita, entre outras questões, como a liberdade em si – que pode ser
valorizada ou desprezada tanto por ideologias voltadas à esquerda quanto por ideologias
voltadas à direita. Alguns filósofos como Friedrich Hayek defendem a manutenção das bases
ideológicas do espectro, porém propõe a alteração em sua apresentação, como o mesmo
sugeriu em transformar o eixo com os revolucionários à esquerda, os conservadores à direita e
os liberais ao meio em um triângulo, posicionando cada grupo em um de seus cantos.
O espectro político unidimensional também ignora a correlação entre metas e métodos –
expressado através da aplicação desses atributos, que implica numa correlação positiva entre o
radicalismo de ideias e a veemência com que eles são representados – através da violência
latente ou aberta contra dissidentes ou o Estado. Apesar de tal correlação ser natural até certo
ponto, ela não é obrigatória. A grosso modo, existem grupos moderados com ideias radicais e
defensores agressivos de visões geralmente aceitas. Tem-se buscado explicar tal circunstância
presente na esquerda e na direita do passado recente através do termo extremismo do meio
para esclarecimentos.
Gráfico 1: Espectro político unidimensional baseado nos conceitos originados durante a
Revolução Francesa

Fonte: Google Imagens

4.5. Espectros unidimensionais

 Estatistas-dinamistas
Proposto por Virginia Postrel em O Futuro e Seus Inimigos, no ano de 1998, propôs um
espectro unidimensional que mede a visão que um indivíduo ou instituição tem do futuro,
colocando estatistas em um extremo – que temem o futuro e desejam controlá-lo – e
dinamistas no outro extremo – que querem que o futuro se desdobre naturalmente, sem
33

tentativas de planejamento ou controle. Tal espectro assemelha-se muito ao espectro utópico-


distópico usado em teorias libertárias.
 Foco de interesse político
Esse espectro basicamente substitui a nomenclatura supostamente carregada dos termos
“totalitarismo” – anti-liberdade – e libertarianismo – pró-liberdade –considerando que um
indivíduo ou instituição pode ter foco político na comunidade sem utilizar-se de métodos
totalitários e antidemocráticos, assim como um desses pode também ter foco político no
indivíduo utilizando-se de métodos totalitários e antidemocráticos.
 Resposta frente ao conflito
Proposto pelo filósofo político Charles Blattberg em sua dissertação Filosofias Políticas
e Ideologias Políticas, indica que aqueles que respondem ao conflito com conversação
estariam a esquerda, com negociação ao centro e com força a direita. Ele se baseia no
contraste entre quatro ideologias políticas contemporâneas: o neutralismo, pós-modernismo,
pluralismo e patriotismo, tendo como deixa inicial a afirmação de Gianni Vattimo de que a
não-violência é a característica central da esquerda.
 Papel da igreja
Um eixo que tem como extremos o clericalismo – que consiste na aplicação de liderança
oficial da igreja ou do clero em assuntos políticos ou socioculturais – e o anti-clericalismo –
que consiste basicamente no repúdio a liderança religiosa. Tal espectro torna-se mais ou
menos relevante de acordo com a região em que é aplicado, já que em alguns países, por
razões socioculturais, a religião tende a estar inserida em um conjunto de ideias, enquanto em
outras tal espectro é quase que totalmente dissociado de questões políticas.
 Urbanistas-ruralistas
Tal eixo tem como extremo urbanistas – que favorecem uma sociedade industrializada,
com foco no desenvolvimento das grandes metrópoles – e ruralistas – que favorecem uma
sociedade agropecuarista, com foco no desenvolvimento do campo. Apesar de ser mais
significativo em países que estão em processo de desenvolvimento, também é importante em
países já desenvolvidos.
 Violência política
É definido basicamente pelos extremos pacifismo – onde visões políticas não devem ser
impostas através da forma – e militância – onde a violência apresenta-se como um meio
legítimo ou necessário de expressão política.
 Liberdade comercial-equidade comercial
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Consiste basicamente nos extremos livre comércio – onde empresas deveriam ser
capazes de negociar internacionalmente sem nenhum tipo de regulação – e comércio justo –
onde o comércio internacional é regulado em nome da justiça social.
 Diversidade cultural
Dividida nos extremos multiculturalismo – que determina que um país deva representar
uma diversidade de ideias culturais – e assimilacionismo/nacionalismo – onde a nação deve
representar ou forjar uma cultura de maioria.
 Liberdade
Divide o conceito de liberdade em dois: a liberdade positiva – que garante direitos que
impõem obrigações sobre os outros – e liberdade negativa – que garante direitos que proíbem
a interferência alheia.
 Poder social
Analisa a interação política fundamental entre indivíduos e o ambiente em que vivem,
colocando como extremos o totalitarismo – controle total sobre o povo – e anarquia – domínio
do povo sobre o ambiente político. Geralmente coloca um sistema moderado como o meio
entre os dois extremos.
 Abertura
Dividido em dois extremos principais: fechamento-abertura – aonde o fechamento
engloba ideologicamente ideias culturalmente conservadoras e protecionistas e a abertura
abrange o liberalismo social e o globalismo

4.6. Espectros bidimensionais

 Diagrama de Nolan
Criado pelo libertário David Nolan, e publicado pela primeira vez por Nolan em um
artigo chamado “Classificando e Analisando Sistemas Politico-Econômicos” na edição de
Janeiro de 1971 do O Individualista, a revista mensal da Sociedade pela Liberdade Individual
– SIL, na sigla em inglês. A motivação de Nolan foi sua frustração em relação a linha de
análise esquerda-diretira, que acabava por excluir outras ideologias – o que deu fruto ao
planejamento de um diagrama de dois eixos baseado no que Nolan diz ser o elemento que
realmente define o que uma pessoa acredita politicamente: a quantidade de controle
governamental exercida sobre a ação humana. Nolan mais tarde classificou que toda a ação
política humana pode ser dividida em duas amplas categorias: a econômica e a individual,
com a categoria econômica definindo o que as pessoas fazem como produtores e
35

consumidores e com a categoria pessoal definindo o que pessoas fazem em suas relações,
como se expressam e o que fazem com suas mentes e corpos.
Nolan diz que como grande parte da atividade governamental ocorre nessas duas
grandes áreas, posições políticas podem ser definidas por quanto uma pessoa ou partido
político defende o controle governamental em ambas essas áreas. Os extremos são onde não
há governo algum em ambas as áreas – anarquismo – ou controle total/parcial do governo
sobre tudo – formas variadas de totalitarismo. Grande parte das filosofias políticas encontra-se
no meio desses extremos. A grosso modo: a direita tende a defender a liberdade econômica e
a intervenção nas liberdades pessoais; a esquerda tende a favorecer mais as liberdades
pessoais, mas mais controle do governo sobre atividades econômicas; libertários tendem a
favorecer liberdade tanto em aspectos pessoais tanto quanto em aspectos econômicos e
estatistas tendem a favorecer grande controle estatal em ambas as áreas. A nomenclatura da
área referente a essa corrente política tende a variar, tendo sido usados os temos como
totalitário, autoritário, comunitário ou populista.
Gráfico 2: Diagrama de Nolan

Fonte: Google Imagens

 Diagrama de Pournelle
O diagrama de Pournelle foi desenvolvido por Jerry Pournelle em sua dissertação de
pós-douturado em ciências políticas no ano de 1963. Trata-se de um plano cartesiano
bidimensional usado para distinguir ideologias políticas, similarmente ao Diagrama de Nolan
– diferindo apenas nos conceitos aplicados. O eixo x do Diagrama de Pournelle – Atitude em
relação ao Estado, ou simplesmente estatismo – refere-se a atitude de uma filosofia política
em relação ao Estado e ao governo centralizado, com a extrema direita sendo o “culto ao
Estado” e a extrema esquerda representando o Estado como “o mal supremo”, pendendo para
36

a liberdade individual. O eixo y – Atitude em relação ao progresso social planejado, ou


simplesmente racionalismo – refere-se a compatibilidade de uma filosofia política com a ideia
de que problemas sociais podem ser resolvidos com o uso da razão, com o topo indicando
confiança no progresso social planejado – geralmente acompanhado por uma tendência a
descartar costumes considerados antiquados caso estes não tenham um propósito – e com a
parte inferior indicando ceticismo em relação a tais métodos, considerando-os utópicos –
acompanhado por uma tendência a manuntenção de costumes, considerando-os testados pelo
tempo e com possível utilidade.
Pournelle agrupou ideologias de esquerda – como o liberalismo americano, o socialismo
e o comunismo – no quadrante superior direito, com alto racionalismo e estatismo; ideologias
de direita – incluindo conservadores, fascistas e nazistas – são agrupados no quadrante
inferior direito, com alto estatismo e baixo racionalismo. Anarquistas clássicos são colocados
no quadrante inferior esquerdo, com baixo racionalismo e estatismo; enquanto libertários –
incluindo anarco-capitalistas – e objetivistas são colocados no quadrante superior esquerdo,
com baixo estatismo e alto racionalismo.
Gráfico 3: Diagrama de Pournelle

Fonte: Pinterest

 Bússola Política
Trata-se de um modelo de espectro político bidimensional proposto pela Political
Compass Organisation, similar ao Diagrama de Nolan e ao Diagrama de Pournelle. O termo
“bússola política” é uma marca registrada reinvindicada pelo site britânico Pace News
Limited, que usa as respostas de um conjunto de 61 proposições para classificar uma
instituição ou pessoa ideologicamente com base em dois eixos: econômico – que varia de
direita para a esquerda, num plano cartesiano que vai de -10 até +10 – e social – que varia em
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autoritário e libertário, num plano cartesiano que vai de -10 até +10. O ponto essencial da
organização por trás da bússola política – de acordo com eles mesmos – é que a esquerda e a
direita são, essencialmente, uma medida econômica, de modo que a medida que organizações
políticas ou personalidades adotam entusiastica ou relutantemente a ortodoxia econômica que
prevalece atualmente, a divisão clássica entre esquerda e direita passa a se tornar embaçada,
de modo que as principais diferenças ideológicas residem em problemas de identidade – que
posicionam o indivíduo ou partido na escala social.
No eixo econômico, “esquerda” abrange indivíduos e organizações que defendem uma
economia gerida por uma agência coletiva cooperativa – que pode ser o Estado ou uma rede
de comunas – enquanto “direita” abrange indivíduos e organizações que defendem que a
economia deve ser deixada a cargo de empresas e cidadãos que competem entre si, ou seja,
uma economia autorregulada. No eixo social – que define o quanto uma organização ou
indivíduo acredita que os membros de uma sociedade devam ser livres – “libertarianismo” é
definido como a crença de que as liberdades pessoais devam ser maximizadas, enquanto
“autoritarismo” é definido como a crença de que a autoridade deve ser obedecida ao máximo.
Gráfico 4: Bússola Política

Fonte: Political Compass Organisation

 Mapa Cultural Mundial Inglehart-Welzel


Trata-se de um gráfico de dispersão onde os países são posicionados levando em conta
suas pontuações nos eixos x e y, com aglomerados de países representando proximidade
cultural, desenvolvido pelos cientistas políticos Ronald Inglehart e Christian Welzel – que
ganhou destaque na edição de 4 de Janeiro de 2003 da revista semanal The Economist – tendo
como base o World Values Survey. Representa valores culturais intimamente relacionados que
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variam entre sociedades em duas dimensões predominantes: tradicionalismo-


secularismo/racionalismo no eixo y e sobrevivência-autoexpressão no eixo x. De acordo com
os autores, essas duas dimensões explicam mais de 70% da variação transnacional em uma
análise fatorial de dez indicadores, e cada uma dessas dimensões está fortemente
correlacionada com pontuações de outros posicionamentos importantes. Os autores também
frisam que o status socio-econômico não é o único fator determinante no posicionamento
ideológico de um país, já que suas heranças religiosas e histórico-culturais também são
importantes.
A análise dos dados da World Values Survey feita por Inglehart e Welzel deu origem
aos dois fatores que determinam a variação cultural ao redor do mundo. A “sobrevivência”,
presente no eixo x, representa valores que dão ênfase à segurança física e econômica,
geralmente ligados a uma visão de mundo etnocêntrica e com baixas confiança e tolerância;
enquanto a autoexpressão se relaciona intimamente com valores que dão prioridade ao bem
estar subjetivo, a autoexpressão e a qualidade de vida, geralmente mais comum em sociedades
com altos níveis de tolerância, ambientalismo, desejo por autonomia e independência de
autoridades centrais, confiança interpessoal e moderação política. A mudança de
sobrevivência para autoexpressão representa a transição da sociedade industrial para a
sociedade pós-industrial, assim como a adoção de valores democráticos.
O tradicionalismo no eixo y dá ênfase a importância da religião, ligação entre criança e
pais, respeito a autoridade, padrões absolutos e valores familiares tradicionais, assim como
alta rejeição ao divórcio, aboto, eutanásia e suicídio, além de representar uma forte ligação
com uma visão de mundo nacionalista e patriótica; enquanto o secularismo/racionalismo
engloba valores que fazem oposição aos valores tradicionais, com as sociedades que abraçam
tais valores colocando o respeito a autoridade, a religiosidade e valores familiares tradicionais
em segundo plano, com o divórcio, o aborto, a eutanásia e o suicídio sendo vistos com
relativa aceitação. A mudança do tradicionalismo para o secularismo/racionalismo foram
descritos como a substituição da religião e superstição pela ciência e burocracia.
Os países presentes no gráfico podem ser divididos em 9 aglomerados: os que falam
inglês, América Latina, Europa Católica, Europa Protestane, Africano-Islâmicos, Bálticos, Sul
Asiáticos, Ortodoxos e Confucionistas.
Gráfico 5: Mapa cultural mundial Inglehart-Welzel
39

Fonte: Google Imagens

 Mitchell: Oito Maneiras de Governar o País


Um gráfico desenvolvido por Brian Patrick Mitchell em 2006, tendo como base quatro
tradições políticas principais que este identificou na história de sociedades anglo-americanas –
fundamentadas em seu apreço por kratos – definido como o uso de força – e archē/archy –
definido como o reconhecimento de sistemas hierárquicos. Mitchell alicerçou a distinção
entre kratos e archy na experiência histórica ocidental em relação a Igreja e ao Estado,
creditando o colapso do consenso cristão sobre a Igreja e o Estado à aparição de quatro
principais tradições divergentes no pensamento político ocidental: o constitucionalismo
republicano, pró-archy e anti-kratos; o libertarianismo individualista, anti-archy e anti-kratos;
o progressivismo democrático, anti-archy e pró-kratos; e o nacionalismo plutocrático, pró-
archy e pró-kratos. Mitchell mapeou essas tradições graficamente usando um eixo y como
escala de kratos/akrateia e um eixo x como escala de archy/anarquia. A esquerda política no
gráfico de Mitchell é distinguida por sua rejeição a “archy”, enquanto a direita política se
distingue por sua aceitação de “archy” – já que, para Mitchell, anarquia não é a ausência de
governo, mas a rejeição a hierarquia, de modo que pode haver anarquistas anti-governo – os
libertários individualistas de Mitchell – e anarquistas pró-governo – os progressivistas
democráticos de Mitchell.
A distinção entre ideologias que tenham como traço em comum o anarquismo ou o
arquismo no espectro de Mitchell é feita através do eixo y, que posiciona uma filosofia
política em relação ao seu favorecimento de kratos – não uso ou uso de força contra
hierarquias sociais ou dissidentes, nomenclaturadas, respectivamente, como akratismo ou
kratismo. Desse modo, os libertários individualistas encontram-se no canto superior esquerdo,
40

democratas progressivistas ao canto inferior esquerdo, constitucionalistas republicanos no


canto superior direito e plutocráticos nacionalistas no canto inferior direito.
Dessas quato tradições políticas principais, Mitchell identificou oito perspectivas
políticas distintas divergindo de um centro populista. Quatro dessas perspectivas –
progressista, individualista, paleoconservadora e neoconservadora – encaixam-se
perfeitamente dentro das quadro tradições previamente identificadas, enquanto as quatro
outras – paleolibertária, teoconservadora, comunitária e radical – encaixam entre as quatro
tradições previamente idntificadas, sendo dfinidas por seu foco singular em hierarquia ou
força.

Gráfico 6: As quatro tradições políticas identificadas por Mitchell

Fonte: Google Imagens

Gráfico 7: As Oito Maneiras de Governar um País, identificadas a partir das quatro


tradições políticas previamente identificadas

Fonte: Google Imagens

4.7. Espectros tridimensionais


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 Diagrama de Vosem:

Baseado no Diagrama de Nolan e conhecido também como Cubo de Vosem, acrescenta


um terceiro eixo para “foco governamental”, que consiste nos extremos indivíduo-
comunidade. É representado tridimensionalmente, com oito categorias distintas representando
oito ideologias políticas diferentes.
Gráfico 8: Diagrama de Vosem

Fonte: Imgur

 Bússola Política Vikaas-Dolittle


A bússola política Vikaas Dolittle orienta o espectro político através de três eixos
socioculturais: estético-linguístico; hierárquico-coletivismo; e baixo contexto/estoico – alto
contexto/dramático. O mapa prevê o comportamento social de um indivíduo a partir de sua
orientação cultural.
Gráfico 9: Mapa político Vikaas-Dolittle

Fonte: Google Imagens

 Participação política
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Determina o quanto um indivíduo ou instituição acredita na participação do povo na


construção do sistema político. Pode ser dividido em três extremos: a democracia – que é o
governo da maioria – a aristocracia – governo dos iluminados, ou seja, a elite – e a tirania –
definida como a degradação total da aristocracia por Platão e Aristóteles, que reconheceram a
tirania como um estado onde o tirano governa puramente através da paixão, e não através da
razão, fazendo com que este persiga seus próprios desejos ao invés do bem comum.

 Origem da autoridade estatal


Determina de onde um indivíduo ou instituição acredita que vem – ou de onde deveria
vir – o poder estatal, contando com a soberania popular – onde o Estado é uma criação do
povo, com poderes enumerados e delegados – o absolutismo/filosofia de estado orgânico –
que apresenta o Estado como autoridade original e essencial – e o anarco-primitivismo – que
apresenta a civilização originada da conquista exterior e repressão nacional.

4.8. Outros modelos

 Triângulo Político
Proposto por Friedrich Hayek, nele não há espectro linear, mas um triângulo com os
valores segurança/conservadorismo – preservar o estabelecido, visando a permanência do
status quo –; igualdade/socialismo – redistribuir o dinheiro dos ricos para os pobres ou atingir
o equilíbrio econômico na sociedade –; e liberdade/liberalismo – aproveitamento das
oportunidades como forma de enriquecimento e fortalecimento das liberdades pessoais. Esse
espectro permite maior precisão, já que o extremo não se limita aos vértices, mas a toda a
borda de um dos lados do triângulo.
Gráfico 10: Triângulo Político

Fonte: Google Imagens

 Teoria da Ferradura
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Uma abordagem alternativa – porém elaborada a partir dos mesmos conceitos do


espectro unidimensional – é apresentar o espectro direita-esquerda como uma meia
lua/ferradura, onde quanto mais ideologicamente extrema uma pessoa ou instituição se torna,
mais ela se aproxima do seu extremo oposto ideológico – de modo a ter métodos semelhantes
para atingir objetivos diferentes. O centro político encontra-se no meio desta ferradura. Tal
teoria é atribuída ao escritor francês Jean-Pierre Faye.
Gráfico 11: Ferradura política

Fonte: Google Imagens

 Política externa
Pode ser dividido em várias instâncias, como o intervencionismo-não-intervencionismo
– onde o intervencionismo define a crença de que nações deveriam exercer poder político,
militar ou econômico para implementar suas políticas; enquanto o não-intervencionismo é a
crença de que um país não deve se envolver com agendas de outros país –; o
multilateralismo-unilateralismo/isolacionismo – onde multilateralismo estabelece as crenças
de que diferentes Estados deveriam cooperar entre si e viver harmonicamente; enquanto o
unilateralismo/isolacionismo delibera a crença de que os países tem direito fundamental ou
até inviolável de tomar suas próprias decisões sem interferência internacional –; e
globalização-autarquia – onde globalização apresenta a crença de que os mercados
econômicos mundiais deveriam se integrar e tornar-se independentes; e autoarquia representa
a ideia de que um país deveria visar a automonia econômica.
 Mudança
Define o quão rápido, de que maneira e qual direção a mudança política deve seguir.
Consiste basicamente em dois eixos: radicalismo-reformismo – onde radicalismo é a crença
na mudança rápida e radical, enquanto o reformismo é uma mudança gradual e incremental –
e conservadorismo-reacionarismo-revolucionismo – onde conservadorismo trata da
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preservação do status quo, reacionarismo trata da mudança a um estado anterior de governo e


revolucionismo é a mudança para um modelo político novo.
 Nível de soberania
Determina o quanto o Estado é soberano sobre seus subordinados, podendo ser dividido
em unitarismo-federalismo-separatismo – onde unitarismo trata de um Estado onde o
governo central é, em última instância, o poder supremo, e quaisquer divisões
administrativas exercem apenas poderes que o governo central decide delegar; federalismo
propõe um Estado misto, com um poder central ou federal com governos regionais como
subunidades de governo; e o separatismo defende a secessão, total ou parcial, de um grupo
étnico, político, religioso, cultural ou sexual de seu estado de origem – ou dividido em
centralismo-regionalismo – com o centralismo sendo definido como um método de governo
onde divergências políticas do partido governante são decididas pela diretoria deste,
devendo todos os membros acatarem a decisão, sob pena de sofrerem algum tipo de punição
definida por este; e regionalismo é apresentado como o foco em interesses nacionais ou
normativos de uma região particular, um grupo de regiões ou outra entidade subnacional,
sendo semelhante ao descentralismo.
 Modelo Espacial
O modelo de voto espacial traça eleitores e candidatos em um espaço multidimensional
onde cada dimensão representa um único dilema político, ou ainda um subcomponente de um
dilema, de modo que votantes são posicionados como eleitores do candidato político mais
próximo em tal espaço ideológico. Essas dimensões também podem ser atribuídas a aspectos
não políticos do candidato, como índice de corrupção, saúde, etc. Grande parte dos espectros
anteriormente citados podem ser considerados projeções desse espaço multidimensional em
um número menor de dimensões.
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5. CONCLUSÃO

A fundação da URSS, dos EUA e da China definiram, em muitos aspectos,


características ideológicas da Guerra Fria – servindo de alicerce para o futuro
desenvolvimento e consolidação da ideologia capitalista contemporânea e do comunismo
leninista-marxista. Tal alicerce serviu de inspiração não apenas para alimentar a rivalidade
entre comunistas e capitalistas, mas como definição dos cursos e objetivos de cada potência
durante a guerra, como o desenvolvimento de tecnologia espacial e bélica, a redistribuição de
riquezas – ou a acumulação desta – e, acima de tudo, a expansão da esfera ideológica.
Tendo em mente os objetivos de cada potência e de suas atitudes para atingí-los, é
possível traçar suas origens históricas até diversos eventos ao longo da história –
principalmente à Revolução Francesa, que serviu, mais do que os processos de independência
e fundação dos respectivos países, como alicerçador ideológico – e também definir
similaridades e medidas entre tais ideologias, podendo-se até mesmo desconstruí-las em
esferas políticas menores – para que se tenha mais acurácia ao definir ideologicamente uma
pessoa ou instituição.
Não através da diferenciação extrema entre ideologias, mas sim com a identificação de
semelhanças entre estas e de visões de mundo que as compõem – de maneira separada, não
como um conjunto sólido e inflexível de ideias – que se torna possível classificar
verdadeiramente uma ideologia, sem recorrer a herança da Guerra Fria e de outros eventos
históricos que tendem a bipolarizar a ideologia e filosofia política – distorcendo seus
propósitos, e, muitas vezes, criando um espantalho ideológico de seus opostos, impedindo
análise verdadeira e factual do propósito verdadeiro de uma ideologia.
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REFERÊNCIAS

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