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Página Textos da Reforma

Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria
http://www.geocities.com/Athens/Bridge/3039
Responsável: Dawson Campos de Lima
E-mail: dawson@samnet.com.br

É ABOMINAÇÃO ATRIBUIR FORMA VISÍVEL A DEUS. OS


QUE SE APARTAM DO DEUS VIVO CRIAM ÍDOLOS PARA SI.

1. REPRESENTAR A DEUS POR MEIO DE IMAGENS É CORROMPER A SUA


GLÓRIA
Como as Escrituras levam em cota o limitado e tacanho conhecimento
humano, costumam elas expressarem-se de modo acessível à mente popular,
quando seu objetivo é distinguir o Deus verdadeiro dos deuses falsos. Elas
contrastam o Deus verdadeiro com os ídolos, e, ao fazerem isso, não estão
aprovando o que de mais sutil e elegante os filósofos ensinaram, mas estão,
antes, desnudando a loucura do mundo – mais do que isso, a sua completa
loucura –, quando, ao buscar a Deus, cada um, a todo tempo se apega às suas
próprias especulações.

Por essa razão, a definição que por toda parte se mostra a respeito da
unicidade de Deus reduz a nada tudo quanto os homens inventaram para si no
que diz respeito à Divindade, pois somente o próprio Deus é testemunha idônea
de si mesmo.
Por isso, pelo fato de esse embrutecimento degradante Ter-se apossado do
mundo inteiro, de maneira que os homens procurassem representar a Deus de
forma visível – forjando deuses de madeira, de pedra, de ouro, de prata ou de
outro material qualquer inanimado ou corruptível – temos de nos apegar ao
seguinte princípio: Todas as vezes que se atribui a Deus qualquer forma de
representação, a Sua glória é corrompida de ímpio engano. Na Lei, depois de
atribuir a Si mesmo a glória da Divindade, quando quer ensinar que tipo de
adoração aprova ou rejeita, Deus acrescenta imediatamente: “Não farás para ti
imagens esculpidas, nem semelhança qualquer” (Ex 20.45), palavras com as
quais nos proíbe o desenfreamento de tentar representá-lo por meio de qualquer
figura visível. E mostra, de maneira breve, todas as formas pelas quais, desde há
muito tempo, a superstição dos homens começou a transformar a sua verdade em
mentira.
Ora, sabemos que os persas adoravam o Sol e também sabemos que outros
povos estultos inventaram para si outros tantos deuses quantas são as estrelas
nos céus. Para os egípcios não houve nenhum animal que não representasse uma
divindade. Já os gregos, devemos reconhecer, parece, foram mais sábios do que
os demais povos, pois adoravam a Deus sob a forma humana. Deus, porém, não
compara essas imagens entre si, como se uma fosse mais apropriada do que
outras; ao contrário, repudia a todas as efígies esculpidas, sem exceção, incluindo
pinturas e representações por meio das quais os supersticiosos imaginaram que
Ele devia estar perto.
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2. REPRESENTAR A DEUS POR MEIO DE IMAGENS É CONTRARIAR O SEU


SER
Das razões que Deus acrescenta às proibições é fácil concluir o seguinte:
Primeiro, em Moisés (Dt 4.15): “Lembra-te do que o Senhor te falou no vale de
Horebe: Ouviste uma voz, não viste corpo; guarda-te, portanto, a ti mesmo, para
que não aconteça que, porventura, enganado, faças para ti qualquer
representação”, etc. Aí vemos como Deus opõe sua voz abertamente a todas as
representações, a fim de sabermos que os que buscam representá-lo de forma
visível afastam-se dEle.

Entre os Profetas, será suficiente citar só Isaías, que é o mais enfático ao


demonstrar isso, pois ele ensina que a majestade de Deus é manchada de vil e
absurda invenção, quando o incorpóreo é feito semelhante à matéria corpórea,
quando o invisível é representado de forma visível ou quando o espírito é feito
semelhante à coisa inanimada ou, ainda, quando o imenso é reduzido a um
pedaço de madeira, de pedra ou de ouro (Is 40.18; 41.7,29; 45.9 e46.5). Paulo
também raciocina de modo idêntico: “Visto que somos geração de Deus, não
devemos pensar que o Divino é semelhante ao ouro, e à prata trabalhada pela
arte ou invenção do homem” (At 17.29). Disto fica claro que qualquer estátua que
se erige ou imagem que se pinta para representar a Deus simplesmente o ofende,
como também afronta a sua majestade.
E não devemos nos admirar do fato de o Espírito Santo, do céu, proclamar
esses oráculos, pois Ele compele até mesmo os cegos e idólatras da terra a
fazerem essa confissão. A queixa de Sêneca, que se lê em Agostinho, é muito
conhecida. Diz ele: “Dedicam os deuses sagrados, imortais e invioláveis em
matéria mui vil e desprezível, revestindo-os com a aparência de homem e de
feras; algumas até os representam como hermafroditas (= sexos misturados) e
corpos diversos, e os chamam de divindade, são figuras que, se recebessem vida,
seriam tidas por monstros, quando as víssemos!
Disto se evidencia novamente, mui às claras, que se apoiam em inútil sofisma
os que defendem imagens, dizendo que elas foram proibidas aos judeus, porque
eles eram inclinados à superstição. Como se pertencesse a um só povo aquilo que
Deus, na verdade, revela de sua eterna essência e da contínua ordem da
natureza! E Paulo, quando impugnou o erro em representar a Deus por meio de
imagem, não estava falando aos judeus, mas aos atenienses.

3. AS MANIFESTAÇÕES E SINAIS QUE MOSTRAM A PRESENÇA DE DEUS


NÃO SERVEM DE BASE PARA AS IMAGENS
O fato de, vez por outra, Deus Ter mostrado a presença de sua majestade
divina por meio de sinais definidos, os leva à conclusão de que se poderia dizer
que Ele foi visto face a face. Porém, todos os sinais com que Deus se manifestou
aos homens ajustavam-se mui adequadamente ao seu método de ensinar, ao
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mesmo tempo em que serviam de advertência aos homens, para dizer-lhes,


explicitamente, que a sua essência era incompreensível.

Ora, a nuvem, a fumaça e a chama – se bem que fossem símbolos da glória


celeste (Dt 4.11), como um freio interposto, impediam que as mentes de todos
tentassem penetrar mais fundo (no conhecimento de Deus). Por isso, nem mesmo
a Moisés, a quem Deus, contudo, se manifestou mais intimamente do que aos
outros, conseguiu com suas súplicas contemplar a face de Deus, mas recebeu
como resposta que o homem não é apto para receber o impacto de tão grande
esplendor (Ex 33.20).
O Espírito Santo apareceu em forma de pomba (Mt 3.16; Mc 1.10; e Lc 3.22),
mas pelo fato de Ter-se desvanecido rapidamente, quem não percebe que, pelo
símbolo de apenas um momento, os fiéis foram advertidos de que se deve crer no
Espírito como um ser invisível, de modo que, contentes com o seu poder e graça,
não evocassem para si nenhuma representação externa?
O Ter Deus aparecido, de quando em quando, em forma de homem foi na
verdade antecipação da futura manifestação em Cristo. Por isso, foi proibido aos
judeus, de forma absoluta, abusarem desse pretexto, fazendo para si
representação da Divindade sob figura humana.
O próprio propiciatório, onde, sob a Lei, Deus manifestou a presença do seu
poder, foi de tal modo construído, que indicava ser a seguinte a mais excelente
visão da Divindade: Ela ocorre quando as mentes são alcançadas acima de si
mesmas, em admiração uma vez que os Querubins, de asas estendidas,
ocultavam a Deus, o véu o cobria e o próprio lugar, tão escondido, de si mesmo o
ocultava (Ex 25.17,18,21). Portanto, salta aos olhos que os que tentam defender
uma imagem de Deus ou de santos, citando o exemplo desses Querubins, estão
enlouquecidos. Suplico, pois: Que significavam essas imagenzinhas senão que
não existem formas apropriadas pelas quais se possam representar os mistérios
de Deus? Elas foram feitas para, velando com as asas o propiciatório, impedir não
só que os olhos humanos vissem a Deus, mas também com quaisquer de todos
os outros sentidos e, dessa forma, pusessem um paradeiro à temeridade dos
homens.
Além disso, os Profetas, quando falam dos Serafins que lhes apareceram em
visão, mostram-nos com a face velada e, com isso, dão-nos a entender que o
fulgor da glória divina é tão grande, que os próprios anjos são impedidos de ser
vistos em direta contemplação, e as chispas de glória que refulgem são subtraídas
aos nossos olhos.
Todos os que julgam com acerto reconhecem, contudo, que os Querubins, de
que estamos tratando agora, pertencem à antiga tutela da Lei. Portanto, é absurdo
citá-los como exemplo que sirva à nossa época, uma vez que já passou a fase
infantil à qual esses rudimentos haviam sido destinados (Gl 4.3).
Certamente, é vergonhoso Ter de reconhecer que os escritores profanos são
intérpretes mais capazes da Lei do que os papistas. Juvenal, por exemplo,
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zombando, censura os judeus que adoravam as puras nuvens e o nume do céu.


Certamente, Juvenal fala de modo pervertido e ímpio. No entanto, quando nega
existir qualquer efígie divina, fala de modo mais verdadeiro que os papistas, que
dizem haver, entre os judeus, alguma representação visível de Deus.
Que os judeus, com entusiástica prontidão, se tenha atirado repetidas vezes, a
buscar ídolos para si, com a mesma forma de abundante manancial de águas
borbulhantes, aprendemos do fato de ser grande a propensão da nossa mente
para com a idolatria. Por isso, atirando contra os judeus a pecha de erro que é
comum a todos os homens, não durmamos o sono mortal, iludidos pelas vãs
seduções do pecado.

4. A BÍBLIA CONDENA IMAGENS E REPRESENTAÇÕES DE DEUS


Ao mesmo fim se detinha a seguinte afirmação: “Os ídolos dos povos são
prata e ouro, são obras das mãos dos homens” (Sl 115.4; 135.15), pois o Profeta
conclui que não são deuses não só por causa da sua materialidade – cuja imagem
é de ouro e prata – mas deixa claro ainda que é inútil produto da imaginação tudo
quanto concebemos a respeito de Deus, pelo nosso próprio sentir. Refere-se ao
ouro e à prata, antes que ao barro ou à pedra, para que nem o esplendor, nem o
valor nos levem a reverenciar os ídolos. Finalmente, conclui, dizendo que nada
existe que tenha menos aparência de verdade do que serem os deuses feitos de
qualquer espécie de matéria morta!

Ao mesmo tempo, o Profeta insiste neste ponto: Que os mortais são levados
por grande e louca temeridade quando, de maneira precária, conseguindo alento
fugaz de instante a instante, têm a ousadia de conferir aos ídolos a dignidade de
Deus. O homem se vê obrigado a confessar que é uma criatura efêmera e, não
obstante, quer que seja tido por Deus um metal que ele mesmo transformou em
deidade! Pois, como nasceram os ídolos senão da desvairada imaginação dos
homens?
Justíssima é a zombaria de Horácio, poeta profano, que disse:
“Eu era outrora um tronco de figueira, um inútil pedaço de lenho.
Quando um artesão, incerto se deveria fazer um banco, preferiu fazer de mim
um deus.”
Deste modo, um homenzinho terreno, cuja vida se extingue quase a cada
instante – graças à sua arte – transfere o nome e a dignidade de Deus a um
tronco sem vida!
Porém, uma vez que esse epicureu brincalhão a fazer, a fazer gracejo, não
deu importância a religião alguma, deixando de lado as suas brincadeiras e as de
outros, mais do que isso, traspasse-nos a censura do Profeta (Is 44.15-17),
quando afirma que são excessivamente insensatos os que, de um mesmo tronco
de árvore, aquecem-se, acendem o forno para assar pão, assam ou cozinham a
carne, e do resto fazem um deus, diante do qual se prostram suplicantes a orar.
Do mesmo modo, em outro lugar (Is 40.21), não só os acusa como réus perante a
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Lei, mas também os censura pelo fato de não terem aprendido, dos fundamentos
da terra, que, na verdade, nada é mais absurdo do que desejar reduzir Deus, que
é imensurável, à medida de cinco pés! Essa monstruosidade que provoca
repugnância à ordem da natureza, revela-se como natural nos costumes dos
homens.
Devemos Ter em mente que, com freqüência, as superstições são referidas
como obras das mãos dos homens, e carecem de autoridade divina (Is 2.8; 31.7;
37.19; Os 14.3; Mq 5.13), para que se estabeleça o seguinte: Que todas as formas
de culto que os homens inventam por si mesmos, são abomináveis diante de
Deus.
No Salmo 115, o Profeta dá ênfase à loucura que significa o fato de homens –
a tal ponto dotados de inteligência – saberem que todas as coisas são movidas só
pelo poder de Deus e, no entanto, implorarem auxílio de coisas inanimadas e
destituídas de sensibilidade. Mas, pelo fato de a corrupção da natureza conduzir a
demência tão grosseira, tanto os povos todos quanto cada indivíduo, em particular,
o Espírito Santo, finalmente, fulmina com a seguinte maldição: “Tornem-se
semelhantes a eles os que os fazem e todos os que neles põem a sua confiança”
(Sl 115.8). Notemos também que são proibidas não só gravuras mas também
imagens esculpidas e, com isso, refuta-se a improcedente exceção dos gregos,
pois pensam que se saem muito bem se não fazem imagem de escultura, que
representem a Deus, ao mesmo tempo que se divertem fazendo gravuras
desenfreadamente mais do que qualquer outra gente. Pois o Senhor proíbe não
apenas que se faça imagem dEle em forma de estátua, mas também que qualquer
representação dEle seja modelada por qualquer tipo de artista, visto que, desse
modo, Ele é representado de maneira inteiramente falsa e com grave ofensa à sua
majestade.

5. A BÍBLIA NÃO DÁ OCASIÃO A NENHUM TIPO DE REPRESENTAÇÃO DE


DEUS
Sei, certamente, que é mais do que vulgarmente popularizado o refrão que
diz: As imagens sã os livros dos analfabetos, e isto foi dito por Gregório, o
Grande. Contudo, o Espírito de Deus fala de maneira muito diferente, e se
Gregório tivesse estudado esta matéria nessa escola, jamais teria dito o que
disse.

Portanto, quando Jeremias (10.34) declara que o lenho é o preceito do


orgulho, e Habacuque (2.18) ensina que a imagem fundida é a mestra da mentira,
certamente devemos deduzir dessas expressões a seguinte doutrina: Que é tolo e,
mais ainda, mentiroso tudo quanto os homens aprendem a respeito de Deus por
meio das imagens.
Se alguém objetar dizendo que os Profetas repreendiam os que abusavam
das imagens para ímpias superstições, sou obrigado a admiti-lo, sem dúvida.
Contudo, acrescento: O que é notório a todos é que os Profetas condenam o que
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os papistas sustentam como seguro axioma, ou seja, para os papistas as imagens


fazem as vezes de livros. Os Profetas, porém opõem o Deus verdadeiro às
imagens, como coisas contrárias e que jamais podem conciliar-se.
Nas poucas porções bíblicas que acabei de citar, impõe-se a seguinte
conclusão: Uma vez que o Deus verdadeiro, que os judeus adoravam, é um e
único, de maneira pervertida e enganosa se inventam figuras visíveis que
representam a Deus e, por isso, acabam miseravelmente iludidos todos os que
buscam conhecer a Deus por meio de imagens.
Se não fosse mentiroso e espúrio todo e qualquer conhecimento de Deus que
se busca nas imagens, os Profetas não o teriam condenado de modo tão
generalizado. Por isso, sustento o seguinte: Quando ensinamos que é vaidade e
enganoso os homens tentarem representar Deus por meio de imagens, não
fazemos outra coisa senão referir, palavra por palavra, o que os Profetas
disseram.

6. OPINIÃO DE CERTOS REPRESENTANTES DA PATRÍSTICA CONTRA AS


IMAGENS
Além disso deve-se ler o que Lactâncio e Eusébio escreveram a respeito
desse assunto, pois eles não têm a menor dúvida de que as imagens que se
vêem, são todas de seres mortais. Do mesmo modo se expressou Agostinho que,
taxativamente, declara como ato abominável não só o adorar imagens, mas
também levantá-las a Deus. E ele não está dizendo outra coisa senão repetindo o
que muito antes foi declarado no Concílio de Elvira, cujo cânon trinta e sei diz o
seguinte: “Resolveu-se que não se tenha nos templos representações pictóricas,
de modo que não se pinte nas paredes os que se cultua ou se adora.”

Deve-se lembrar especialmente o que o mesmo Agostinho cite de Varrão e


confirma com a sua autoridade. Diz ele: “Os primeiros que introduziram imagens
dos deuses, de um lado, removeram o temor e de outro acrescentaram o erro.” Se
isso tivesse sido dito só por Varrão, talvez tivesse pouca importância. Porém,
ainda assim, devíamos sentir-nos envergonhados pelo fato de um pagão, como
que tateando no escuro, Ter alcançado esta luz, isto é, Ter chegado à conclusão
de que as imagens corpóreas são indignas da majestade de Deus, porque
diminuem o temor dos homens e aumentam o seu erro. Os próprios fatos atestam,
de maneira incontestável, que o dito de Varrão é sábio e verdadeiro. Por isso,
Agostinho, tomando-o de empréstimo, repete-o como seu. E, no começo,
Agostinho insiste em dizer que os primeiros erros a respeito de Deus, erros em
que os homens se enredaram, não começaram com as imagens, porém, que uma
vez introduzidas (na prática), aviltaram-se ainda mais. Em conseqüência, por esse
motivo, o temor de Deus não só diminuiu, mas, até mesmo, se extinguiu, visto que
na estupidez das imagens e na sua infeliz e absurda invenção, pode-se facilmente
desprezar a majestade divina. Oxalá não comprovássemos, pela experiência,
quão verdadeira é esta última afirmação!
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7. AS IMAGENS DO ROMANISMO SÃO INACEITÁVEIS


Por essa razão, se os papistas tiverem um pouco de pudor, não digam mais,
de agora em diante, que as imagens são os livros dos analfabetos, porque esta
afirmação está escancaradamente refutada por numerosos testemunhos da
Escritura. Na verdade, mesmo que eu lhes concedesse isso, nem ainda assim,
certamente, tirariam muito proveito em defender seus ídolos, pois é notória a
espécie de monstruosidade que eles obrigam o povo a aceitar em lugar de Deus!
De fato, que são as pinturas ou estátuas que dedicam aos santos, senão
corruptíveis exemplares de luxúria e obscenidade, a ponto de merecer castigo
alguém que quisesse imitá-los? De fato, os lupanares mostram as meretrizes
vestidas com mais decoro e pudor, do que os templos mostram aquelas santas
que querem ser aceitas por virgens! As vestes que inventam para os mártires em
nada são mais decentes. Portanto, vistam seus ídolos pelo menos de modesta
decência para, com um pouco mais de decoro, poderem sofismar dizendo que as
imagens são “livros” de alguma santidade.

Porém, diremos também que esta não é a maneira de ensinar o povo fiel nos
lugares sagrados, povo que Deus quer que seja instruído com outro tipo de
doutrina. Deus ordenou que aí, nos templos, se proponha uma doutrina comum a
todos, na proclamação de sua Palavra e nos sagrados mistério. Os que são
levados pelos olhos à contemplação de ídolos, em derredor – revelam que seu
espírito está voltado bem pouco diligentemente para esta doutrina!
A quem, no entanto, os papistas chamam de ignorantes e cuja obtusidade não
lhes permite ser ensinados senão só pelas imagens? Na verdade, chamam de
ignorantes àqueles a quem o Senhor reconhece como seus discípulos, aos quais
considera dignos da revelação de sua celeste sabedoria e que deseja sejam
instruídos os mistérios salvíficos do seu Reino. Certamente, admito que, na atual
situação, não poucos são os que não podem dispensar as imagens como “livros”.
Contudo, pergunto: De onde vem tal obtusidade senão do fato de serem roubados
desta doutrina que, sozinha, é apta para instruí-los? E não foi por outra razão que
os que presidiam às igrejas deixaram com os ídolos a função de ensinar, senão
pelo fato de os próprios ídolos serem mudos! Paulo afirma que, mediante a
pregação do Evangelho, Cristo é apresentado ao vivo e de certo modo é
crucificado aos nossos olhos (Gl 3.1).
Qual seria o objetivo de, nos templos, erguerem-se, por toda parte, tantas
cruzes de madeira, de pedra, de prata e de ouro, se fosse ensinado honesta e
fielmente que Cristo morreu na cruz para tomar sobre si a nossa maldição (Gl
3.13), sacrificando o próprio corpo para expiar nossos pecados (Hb 10.10) e lavá-
los com o seu sangue (Ap 1.5), enfim, para reconciliar-nos com Deus, o Pai? (Rm
5.10). Só desse fato poderiam aprender mais do que mil cruzes de madeira ou de
pedras (poderiam ensinar), visto que os avarentos, talvez, fixam os olhos e a
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mente nas cruzes de ouro ou de prata, mais do que em quaisquer palavras de


Deus.

8. DO DESEJO QUE OS HOMENS TÊM DE VER A DEUS, DE MODO


TANGÍVEL, VEM A FEITURA DE IMAGENS
No que se refere à origem dos ídolos, o consenso público recebe virtualmente
o que está contido no livro de Sabedoria, de Salomão (14.15), ou seja, que os
primeiros autores dos ídolos são os que conferiram esta honra aos mortos, com o
propósito de cultivarem, de maneira supersticiosa, a memória deles. E, sem
reserva, admito que esse mui antigo costume tenha sido pervertido e não nego
Ter sido ele uma tocha pela qual se acendeu a inflamada paixão dos homens para
com a idolatria. Contudo, não concordo com a idéia de que tenha sido a primeira
fonte desse mal.

Ora, que os ídolos já estivessem em uso, quando veio a prevalecer este


anseio desmedido de consagrar imagens de mortos, prática da qual se faz
menção constante nos escritores profanos, evidencia-se do que diz Moisés.
Quando ele conta que Raquel havia furtado os ídolos de seu pai (Gn 31.19), não
fala de outra coisa senão de um vício generalizado. É lícito, pois, concluir desse
fato que a imaginação do homem é uma perpétua fábrica de ídolos.
Depois do dilúvio, houve como que um renascimento do mundo. Entretanto,
não se passaram muitos anos para que os homens, para seu prazer, inventassem
deuses para si. É de crer-se que, estando ainda vivo o santo patriarca, os seus
descendentes se tenham entregado à prática da idolatria, de maneira que ele, com
os próprios olhos, visse a terra ser poluída pelos ídolos, corrupção esta que Deus,
fazia pouco tempo, havia punido com juízo tão horrível! Ora, já antes de Abraão
nascer, Terá e Naor adoravam a deuses falsos, como o atesta Josué (24.2). Se a
descendência de Sem se degenerou tão cedo, que haveremos de dizer dos
descendentes de Cão, que haviam sido amaldiçoados, bem antes, na pessoa do
próprio pai?
É assim que acontece, na verdade. Como a mente do homem está abarrotada
de orgulho e de temeridade, ele ousa imaginar a Deus segundo o seu modo de
ser. Como a mente do homem é embotada, mais do que isso, como ele é levado
de cambulhada pela mais crassa ignorância, imagina ele, para o lugar de Deus, a
irrealidade e a aparência vazia.
A estes males, acrescenta-se nova iniqüidade: A de que o homem tenta exibir
a Deus na obra que faz, pois concebe a Deus do modo como o sente. Daí, sua
mente gera o ídolo e suas mãos o dão à luz. Portanto, a imagem do ídolo é a
seguinte: Os homens não crêem que Deus esteja com eles, se não virem a Deus
de forma concreta. Revela isso o exemplos dos israelitas: “Não sabemos”, dizem
eles, “o que aconteceu a esse Moisés. Faze para nós deuses que vão adiante de
nós” (Ex 32.1). Na verdade, ele sabiam que era Deus aquele cujo poder tinham
experimentado em tantos milagres; não confiavam, porém, que Deus estivesse
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perto deles, a menos que, com seus olhos, pudessem ver uma representação
corpórea de Deus, uma representação que atuasse como testemunho de um Deus
que os dirigia. Na verdade, os israelitas queriam reconhecer que Deus, através de
uma imagem, ia adiante deles, guiando-os pelo caminho.
A experiência de todos os dias nos ensina que a carne está sempre inquieta,
até conseguir uma representação fantasiosa semelhante a sim mesma,
representação com a qual se console de maneira vã, como se estivesse diante de
uma imagem real de Deus. Para obedecerem a esta cega obsessão, em quase
todos os séculos desde que o mundo foi criado, os homens ergueram
representações visíveis, por meio das quais acreditavam ver a Deus com os olhos
carnais.

Continua na Próxima Atualização.

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