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Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria
http://www.geocities.com/Athens/Bridge/3039
Responsável: Dawson Campos de Lima
E-mail: dawson@samnet.com.br
Por essa razão, a definição que por toda parte se mostra a respeito da
unicidade de Deus reduz a nada tudo quanto os homens inventaram para si no
que diz respeito à Divindade, pois somente o próprio Deus é testemunha idônea
de si mesmo.
Por isso, pelo fato de esse embrutecimento degradante Ter-se apossado do
mundo inteiro, de maneira que os homens procurassem representar a Deus de
forma visível – forjando deuses de madeira, de pedra, de ouro, de prata ou de
outro material qualquer inanimado ou corruptível – temos de nos apegar ao
seguinte princípio: Todas as vezes que se atribui a Deus qualquer forma de
representação, a Sua glória é corrompida de ímpio engano. Na Lei, depois de
atribuir a Si mesmo a glória da Divindade, quando quer ensinar que tipo de
adoração aprova ou rejeita, Deus acrescenta imediatamente: “Não farás para ti
imagens esculpidas, nem semelhança qualquer” (Ex 20.45), palavras com as
quais nos proíbe o desenfreamento de tentar representá-lo por meio de qualquer
figura visível. E mostra, de maneira breve, todas as formas pelas quais, desde há
muito tempo, a superstição dos homens começou a transformar a sua verdade em
mentira.
Ora, sabemos que os persas adoravam o Sol e também sabemos que outros
povos estultos inventaram para si outros tantos deuses quantas são as estrelas
nos céus. Para os egípcios não houve nenhum animal que não representasse uma
divindade. Já os gregos, devemos reconhecer, parece, foram mais sábios do que
os demais povos, pois adoravam a Deus sob a forma humana. Deus, porém, não
compara essas imagens entre si, como se uma fosse mais apropriada do que
outras; ao contrário, repudia a todas as efígies esculpidas, sem exceção, incluindo
pinturas e representações por meio das quais os supersticiosos imaginaram que
Ele devia estar perto.
Página Textos da Reforma
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Ao mesmo tempo, o Profeta insiste neste ponto: Que os mortais são levados
por grande e louca temeridade quando, de maneira precária, conseguindo alento
fugaz de instante a instante, têm a ousadia de conferir aos ídolos a dignidade de
Deus. O homem se vê obrigado a confessar que é uma criatura efêmera e, não
obstante, quer que seja tido por Deus um metal que ele mesmo transformou em
deidade! Pois, como nasceram os ídolos senão da desvairada imaginação dos
homens?
Justíssima é a zombaria de Horácio, poeta profano, que disse:
“Eu era outrora um tronco de figueira, um inútil pedaço de lenho.
Quando um artesão, incerto se deveria fazer um banco, preferiu fazer de mim
um deus.”
Deste modo, um homenzinho terreno, cuja vida se extingue quase a cada
instante – graças à sua arte – transfere o nome e a dignidade de Deus a um
tronco sem vida!
Porém, uma vez que esse epicureu brincalhão a fazer, a fazer gracejo, não
deu importância a religião alguma, deixando de lado as suas brincadeiras e as de
outros, mais do que isso, traspasse-nos a censura do Profeta (Is 44.15-17),
quando afirma que são excessivamente insensatos os que, de um mesmo tronco
de árvore, aquecem-se, acendem o forno para assar pão, assam ou cozinham a
carne, e do resto fazem um deus, diante do qual se prostram suplicantes a orar.
Do mesmo modo, em outro lugar (Is 40.21), não só os acusa como réus perante a
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Lei, mas também os censura pelo fato de não terem aprendido, dos fundamentos
da terra, que, na verdade, nada é mais absurdo do que desejar reduzir Deus, que
é imensurável, à medida de cinco pés! Essa monstruosidade que provoca
repugnância à ordem da natureza, revela-se como natural nos costumes dos
homens.
Devemos Ter em mente que, com freqüência, as superstições são referidas
como obras das mãos dos homens, e carecem de autoridade divina (Is 2.8; 31.7;
37.19; Os 14.3; Mq 5.13), para que se estabeleça o seguinte: Que todas as formas
de culto que os homens inventam por si mesmos, são abomináveis diante de
Deus.
No Salmo 115, o Profeta dá ênfase à loucura que significa o fato de homens –
a tal ponto dotados de inteligência – saberem que todas as coisas são movidas só
pelo poder de Deus e, no entanto, implorarem auxílio de coisas inanimadas e
destituídas de sensibilidade. Mas, pelo fato de a corrupção da natureza conduzir a
demência tão grosseira, tanto os povos todos quanto cada indivíduo, em particular,
o Espírito Santo, finalmente, fulmina com a seguinte maldição: “Tornem-se
semelhantes a eles os que os fazem e todos os que neles põem a sua confiança”
(Sl 115.8). Notemos também que são proibidas não só gravuras mas também
imagens esculpidas e, com isso, refuta-se a improcedente exceção dos gregos,
pois pensam que se saem muito bem se não fazem imagem de escultura, que
representem a Deus, ao mesmo tempo que se divertem fazendo gravuras
desenfreadamente mais do que qualquer outra gente. Pois o Senhor proíbe não
apenas que se faça imagem dEle em forma de estátua, mas também que qualquer
representação dEle seja modelada por qualquer tipo de artista, visto que, desse
modo, Ele é representado de maneira inteiramente falsa e com grave ofensa à sua
majestade.
Porém, diremos também que esta não é a maneira de ensinar o povo fiel nos
lugares sagrados, povo que Deus quer que seja instruído com outro tipo de
doutrina. Deus ordenou que aí, nos templos, se proponha uma doutrina comum a
todos, na proclamação de sua Palavra e nos sagrados mistério. Os que são
levados pelos olhos à contemplação de ídolos, em derredor – revelam que seu
espírito está voltado bem pouco diligentemente para esta doutrina!
A quem, no entanto, os papistas chamam de ignorantes e cuja obtusidade não
lhes permite ser ensinados senão só pelas imagens? Na verdade, chamam de
ignorantes àqueles a quem o Senhor reconhece como seus discípulos, aos quais
considera dignos da revelação de sua celeste sabedoria e que deseja sejam
instruídos os mistérios salvíficos do seu Reino. Certamente, admito que, na atual
situação, não poucos são os que não podem dispensar as imagens como “livros”.
Contudo, pergunto: De onde vem tal obtusidade senão do fato de serem roubados
desta doutrina que, sozinha, é apta para instruí-los? E não foi por outra razão que
os que presidiam às igrejas deixaram com os ídolos a função de ensinar, senão
pelo fato de os próprios ídolos serem mudos! Paulo afirma que, mediante a
pregação do Evangelho, Cristo é apresentado ao vivo e de certo modo é
crucificado aos nossos olhos (Gl 3.1).
Qual seria o objetivo de, nos templos, erguerem-se, por toda parte, tantas
cruzes de madeira, de pedra, de prata e de ouro, se fosse ensinado honesta e
fielmente que Cristo morreu na cruz para tomar sobre si a nossa maldição (Gl
3.13), sacrificando o próprio corpo para expiar nossos pecados (Hb 10.10) e lavá-
los com o seu sangue (Ap 1.5), enfim, para reconciliar-nos com Deus, o Pai? (Rm
5.10). Só desse fato poderiam aprender mais do que mil cruzes de madeira ou de
pedras (poderiam ensinar), visto que os avarentos, talvez, fixam os olhos e a
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perto deles, a menos que, com seus olhos, pudessem ver uma representação
corpórea de Deus, uma representação que atuasse como testemunho de um Deus
que os dirigia. Na verdade, os israelitas queriam reconhecer que Deus, através de
uma imagem, ia adiante deles, guiando-os pelo caminho.
A experiência de todos os dias nos ensina que a carne está sempre inquieta,
até conseguir uma representação fantasiosa semelhante a sim mesma,
representação com a qual se console de maneira vã, como se estivesse diante de
uma imagem real de Deus. Para obedecerem a esta cega obsessão, em quase
todos os séculos desde que o mundo foi criado, os homens ergueram
representações visíveis, por meio das quais acreditavam ver a Deus com os olhos
carnais.