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EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL: UM ESTUDO NA PENITENCIÁRIA


REGIONAL DE ROLIM DE MOURA¹

Diego Freitas Tassi²


Vanderlei Casprechen³

1-Trabalho apresentado à Faculdade Rolim de Moura – FAROL, como requisito final de avaliação para a
conclusão do curso de graduação, Direito, 30 de setembro de 2018.
2-Acadêmico concluinte: E-mail: tassipower@hotmail.com.
3-Professor orientador. Especialista em Direito XXXXX

Resumo:A educação no Sistema Prisional surgiu com o objetivo de reintegrar os privados de liberdade, por
vezes, com pouca ou nenhuma perspectiva de vida, a oportunidade de acesso à aprendizagem que contribua com
a reconstrução de um projeto de vida e possa efetivamente, ser reintegrado à sociedade. No Brasil, o direito à
educação do encarcerado está disciplinado na Constituição Federal, no Código Penal, na Lei de Execuções
Penais e na Resolução nº. 14 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, que fixam regras
mínimas para o tratamento com vista a descentralização da execução penal por força da competência concorrente
entre União e Estados para legislar em matéria de direito penitenciário. Deste modo, a pesquisa realizada na
Penitenciária Regional de Rolim de Moura, em uma perspectiva que apresenta estudos exploratórios com um
olhar crítico e ao mesmo tempo reflexivo por haver necessariedades de reformas no sistema prisional, uma vez
que o Estado tem o dever da prestação de serviços em favor dos reeducados internos das unidades prisionais.
Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizado questionários aplicados acerca da vida pessoal dos reeducados
e de posse dos resultados pode ser traçado um perfil das atividades educacionais que são ofertadas no
estabelecimento prisional, a fim de obter um diagnóstico das dificuldades encontradas para o acesso, a dinâmica
das aulas e o interesse do reeducando na participação nas aulas.

Palavras-chave: Educação no Sistema Prisional.

EDUCATION IN THE PRISON SYSTEM

Abstract: Education in the Prison System came with the objective of reintegrating the deprived of liberty and
without any perspective of life, the opportunity of access to learning that contributes to the reconstruction of a
life project. In Brazil, the right to education of the incarcerated is disciplined in the Federal Constitution, in the
Penal Code, Law of Penal Executions, in Resolution no. 14 of the National Council of Criminal and Penitentiary
Policy, which establish minimum rules for the treatment with a view to decentralization of criminal enforcement
by virtue of the concurrent jurisdiction between the Union and States to legislate on penitentiary law. In this
way, the present article deals with Education in the System, in a perspective that presents exploratory studies
with a critical and at the same time reflective look because there are necessary reforms in the prison system,
since the State has the legacy of providing services, and responds in emissive acts still exists if there is fraud or
guilt, and in the co missive acts there is nothing to discuss, since the State has an obligation to repair the
damages caused by its agents. For the development of the research were applied questionnaires about the
personal life of the re-educated in the Rolim de Moura Regional Penitentiary. Thus, the results can be traced a
profile of those to the educational system that is offered in the prison, in order to obtain a diagnosis of the
difficulties encountered for access, the dynamics of classes and the interest of re-educating in participation in
classes.

Keywords: Education in the prison system.

1 INTRODUÇÃO

Com o advento da Constituição Federal e o reconhecimento formal expresso da


cidadania e da dignidade da pessoa, a Educação Carcerária passou a ter previsão
constitucional, envolvendo a oferta de estudos dentro dos presídios e a percepção do
reconhecimento da sociedade pela educação dada dentro deles, o que representa uma
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oportunidade para os apenados com vistas à mudança de comportamento e reconhecimento de


seus erros com o desejo de ingressar em uma nova vida (BRASIL. 1988).
Nesse prisma, importante avaliar como têm sido ofertados programas educacionais
dentro dos presídios para desenvolvimento cultural e intelectual de seus internos, conhecendo
de que forma esse estudo é implantado e ofertado, verificando se realmente o detento tem
interesse quanto ao estudo dentro dos presídios.
Há um esforço do Estado na implantação de medidas tendentes a diminuir os índices
de criminalidade. Dentro do sistema carcerário, as instituições governamentais buscam criar e
fomentar a efetiva reintegração para os internos, sendo que, na educação que encontraram
alternativas para o alcance desse objetivo.
Desde a edição da Lei de Execução Penal (LEP), Lei 7.210/1984, várias propostas
foram criadas para que as unidades prisionais estivessem em seu interior salas de aula para
que os detentos tivessem acesso à educação, constituindo a responsabilidade de cada estado
junto com as secretarias de educação a instrumentalização desta oferta em cada unidade
prisional.
A análise realizada nas leituras, jurisprudência e doutrina mostraram que a população
carcerária no Brasil é maior que a população de muitas cidades brasileiras, e os números é
cada vez crescente. Entretanto, cabe ao Estado o dever de prestação educacional entre outros
tantos direitos conferidos aos encarcerados, pois o fato de estarem privados de liberdade não
requer a perda de condição humana, nem tão pouco representa perca de seus direitos já que
Código Penal legisla que ao preso são garantidos todos os direitos não atingidos pela perda da
liberdade, e a competência de oferta é do Estado tanto na efetiva aplicação do cumprimento
da pena quanto da oferta de educação prisional, com a mesma dignidade e respeito que os
demais seres humanos.
A questão da educação prisional é relevante na medida em que contempla a estreita
relação educação/ressocialização, e contribui para a compreensão de que a educação pode
adequar à conduta dos reeducando possibilitando uma reflexão sobre a volta para sociedade.
Com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de estudos sobre a educação prisional, foi
verificado na pesquisa por meio de questionário aplicado aos reeducados da Penitenciária
Regional de Rolim de Moura o atendimento que é ofertado, percorrendo o processo histórico
da educação prisional no Brasil, sua conceituação na doutrina e perante o Código Penal, na
Lei de Execução Penal, descrevendo políticas públicas de ressocialização inserida no sistema
penitenciário brasileiro.
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2 METODOLOGIA

Para a elaboração do artigo foram realizados procedimentos metodológicos de


abordagem qualitativa, com objetivo exploratório, de cunho descritivo, utilizando-se de
análise bibliográfica e documental, para definir conceitos, identificar e avaliar a interferências
geradas pela oferta da educação prisional na Penitenciária Regional de Município de Rolim de
Moura.
Para que o estudo fosse possível, houve o levantamento bibliográfico sobre a educação
no sistema prisional, das quais as informações obtidas, colhidas inicialmente por meio de
pesquisas bibliográficas, partindo de um conhecimento específico, utilizando se de fatos que
ocorreram no passado para compreender o presente, além de contribuir para a busca da
solução de problemas futuros (LAKATOS; MARCONI, 2017).
O método de investigação da pesquisa consistiu na aplicação de um questionário, com
questões abertas e fechadas, a 4 reeducados internos da Penitenciária Regional de Rolim de
Moura, com a finalidade de levantar dados sobre a oferta do ensino naquela unidade prisional.
Já a pesquisa exploratória teve como finalidade principal o desenvolvimento, a
formação ou o esclarecimento de conceitos e ideias, tendo em vista a formação de problemas
mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos futuros. De acordo com Gil (2017), esse
é o método que apresenta menor rigidez quanto ao planejamento, e que com habitualidade
envolve levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de
caso.
A questão da educação prisional é relevante na medida em que contempla a estreita
relação educação/ressocialização, e contribui para a compreensão de que a educação pode
adequar à conduta dos reeducando possibilitando uma reflexão sobre a volta para sociedade.
Com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de estudos sobre a educação prisional, foi
verificado na pesquisa por meio de questionário aplicado aos reeducandos da Penitenciária
Regional de Rolim de Moura o atendimento que é ofertado, percorrendo o processo histórico
da educação prisional no Brasil, sua conceituação na doutrina e perante o Código Penal, na
Lei de Execução Penal, descrevendo políticas públicas de ressocialização implementadas no
sistema penitenciário brasileiro.
Depois de realizadas as pesquisas, os resultados adquiridos foram tabulados e
analisados sistematicamente, para a formulação da conclusão das questões levantadas, sua
intencionalidade, de forma a compor as conclusões sobre o tema. Para a apresentação dos
critérios de interpretação dos fatos da oferta da educação prisional foram utilizados como
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embasamento da pesquisa de maneira a propor os resultados elencar critérios para obtenção,


elaboração, viabilidade e procedimento.
Ainda, para a elaboração deste trabalho monográfico foram efetuadas pesquisas
doutrinárias dentre os principais autores dos assuntos propostos (FOUCAULT, MELLO e
SANTOS, SILVA, STF), para que fosse possível discorrer sobre os principais institutos que
abordam a temática.

3 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL

A educação no Sistema Prisional surgiu com o objetivo de reintegrar as pessoas que se


encontram fora do convívio social e sem nenhuma perspectiva de vida, a oportunidade de
acesso à aprendizagem significativa que contribua com a reconstrução de um projeto de vida
para quando o encarcerado recuperar sua liberdade. Pois é através de ações dos órgãos
governamentais junto com as Secretarias Estaduais de Educação, que essa iniciativa de
expandiu em muitos estados com a finalidade de ressocialização dos detentos através da
educação (BRASIL, 1984).
A precariedade encontrada no sistema carcerário brasileiro se evidencia na medida
que, em 2015, por meio da ADC 347, o Supremo Tribunal Federal reconhece que todo o
Sistema Penitenciário Nacional se encontra em situação de Estado de Coisas
Inconstitucionais, situação excepcional de inconstitucionalidade generalizada em face da
constante omissão estatal promovendo uma violação massiva e persistente de direitos
fundamentais, o que exige que medidas sejam adotadas para, no mínimo, minimizar as
consequências dessas omissões (BRASIL, 2015).
No Brasil, o direito à educação do preso está disciplinado de maneira direta de forma
paralela na Constituição Federal, no Código Penal, na Lei de Execuções Penais, na Resolução
nº. 14 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, que fixam regras mínimas
para o tratamento de prisioneiros no país no em vista a descentralização da execução penal no
país por força da competência concorrente entre União e Estados para legislar em matéria de
direito penitenciário (BRASIL, 1988). Juntos garantem que ao preso são reservados todos os
direitos não atingidos pela perda da liberdade, como o respeito à sua individualidade e
integridade física e dignidade pessoal.
De acordo com Foucault (2008) “a educação do detento é por parte do poder público,
ao mesmo tempo uma precaução indispensável no interesse da sociedade e uma obrigação
para com o detendo”. Para o autor a educação em espaços de privação de liberdade
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representava um fenômeno complexo, uma vez que no contexto prisional se cruzam visões de
mundo, de educação e de cultura, presentes na sociedade como um todo e se constituía como
ponto de partida para a construção de políticas públicas que contribuíam para a reconstrução
da dignidade do reeducando e pleno exercício da cidadania.
Todavia, para a consolidação da educação carcerária no Brasil dentro dos presídios
muitas dificuldades foram encontradas, pois nem todos os Estados aderiram de imediato a
educação no cárcere, isso se deveu pela falta de estrutura de algumas casas penais por não ter
um interesse maior do Estado em construção de unidades escolares adequadas dentro das
penitenciárias e nem servidores capacitados para segurança dos professores que ministram as
aulas, haja vista que muitos queriam estudar, mas eram ameaçados por outros internos que
não tinham os mesmos interesses, ou até mesmo pelos próprios funcionários das unidades
penais por acreditarem que eles estariam ali apenas para cumprir suas penas e não tinham o
direito a nada mais (NOVELI & LOUZADA, 2012).
Para Graciano (2010), a presença da sociedade civil no ambiente prisional é de
fundamental importância para exercer o controle social sobre a ação repressora do estado,
promovendo atividades educativas ou não, a organização tem a responsabilidade de tornar
pública a realidade construída no interior dos muros e celas, buscando contribuir para o
respeito aos direitos humanos.
Nesta perspectiva, com a Constituição Federal de 1988 o legislador contemplou em
seu artigo 205 o princípio da universalidade do direito à educação incluindo os indivíduos
encarcerados, e passou a estruturar sua oferta com a Lei de Execução Penal, com a qual
buscou disciplinar o direito à educação do preso no ordenamento jurídico brasileiro,
admitindo sua importância nas funções de prevenção do crime e orientação do retorno do
apenado à convivência em sociedade.
Percebe-se que a educação prisional no Brasil não é novidade, mas um tema
complexo, por apresentar problemas e passar por mudanças importantes, atualmente esse
cenário tem se alterado positivamente, e vive-se um novo quadro na política nacional.
Um ponto importante destacado por Silva (2011) para essas mudanças na política de
educação prisional nacional no Brasil foi o lançamento do Programa Nacional de Direitos
Humanos em 1996, da qual tinha por objetivos propostos de promover programas de
educação, treinamento profissional e trabalho para facilitar a reeducação e recuperação do
preso, combatendo a violência e a sensação de insegurança dos cidadãos, unindo políticas de
segurança com ações sociais, constituindo-se um dos elementos comuns nesse apontamento a
oferta à educação no processo de ressocialização do indivíduo privado da liberdade.
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E nesse contexto que a educação prisional aparece com ou um direito fundamental,


garantido constitucionalmente, Claude (2005) afirma que a educação é condição fundamental
para o indivíduo atuar plenamente como ser humano na sociedade moderna, por ser o
instrumento mais eficaz de que dispõe o homem para o seu crescimento pessoal no contexto
em sociedade, adquirindo o status de direito humano social, por ser parte integrante da
dignidade humana e contribuir para ampliá-la com conhecimento, saber e discernimento.
Assim constitui-se dever do Estado promover e incentivar o acesso à educação, sem
nenhuma discriminação, em consonância com as demais leis, sendo consagrado como direito
universal do homem e norteado pelos princípios da igualdade e dignidade da pessoa humana.
A metodologia de como a escola prisional pode ser trabalhada pode sofrer variações,
para Mello e Santos (2011) dependem da maneira como esta modalidade de escola deve ser
encarada, considerando que a mesma pode servir como um instrumento que visa adequar os
sujeitos introduzindo nestes os valores, bem como também as regras sugeridas pelo
estabelecimento prisional e também levar em consideração a visão social de como deve se
comportar um reeducando.
Mello e Santos (2011) complementam que outro papel da escola prisional tem a visão
educacional libertadora, metodologia de educação idealizada por Paulo Freire, que não se
prende apenas na alfabetização tradicional, nela o educador defende e incentiva o
posicionamento do adulto não alfabetizado no meio social e político em que ele vive, no seu
contexto real. Assim possibilitando ao condenado se libertar, podendo assim ter uma melhor
condição de vida e também ser aceito pela sociedade.

(...) a sala de aula não será mais do que uma “cela de estudo”, uma cela, digamos
onde encontramos lousa e carteiras. Por isso, usamos chamar a sala de aula no
interior de uma penitenciaria de “cela de aula”. Não queremos, com isso,
estigmatizar esse espaço. Acreditamos que se possa olhar a cela de aula em um
sentido positivo. Será nesse espaço que ocorrerá o aprendizado escolar de
maneira formal. Esse espaço terá para muitos presos um significado especial.
Para alguns, será a primeira oportunidade de aprender a ler e escrever; para
outros, a chance de concluir os estudos e esboçar, assim, um futuro diferente
(LEME, 2007, P. 145)

Dentro deste contexto, é questionável sobre qual a real função e objetivo da escola
prisional e quais os caminhos que podem ser percorridos pela educação em busca de uma
ampla formação do sujeito. Segundo Português (2001), a educação compõe a área de
reabilitação estando subordinada ao corpo administrativo da instituição prisional, sendo
assim, seria difícil imaginar uma Educação Libertadora, (MELLO & SANTOS, 2011).
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3.1 A dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana tem previsão legal na Constituição Federal


de 1988 fundamentada em seu artigo 1º, III, que ao prescrever que:

Art. 1° A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, formada pela união


indissolúvel dos estados e Municípios e do distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana. (BRASIL, 1988).

Tal princípio deve ser respeitado pelo Estado, Gomes e Molina (2012) define que respeito à
dignidade da pessoa humana implica para o Estado não só abster-se da prática de atos lesivos,
como também o cumprimento discussões positivas de inclusão do social do apenado a
sociedade.
Nesse sentido, Poppe (2012) muito bem se posiciona ao que:

O princípio da dignidade da pessoa humana, apesar de estar amplamente


disposto no ordenamento jurídico brasileiro, não tem encontrando uma
efetivação satisfatória no que diz respeito à pessoa e à integridade física e moral
dos apenados. Buscam-se muito mais a satisfação em ver o apenado “pagar pelo
que fez” do que a recuperação desde indivíduo para uma reinserção na
sociedade.

Deste modo, a questão seria como aplicá-la no Direito Penitenciário de modo a


garantir direitos constitucionais, como a dignidade da pessoa humana, aos privados de
liberdade, servindo para resguardo dos direitos individuais e coletivos.
Assim, seguindo a ideia de Rosa (2004), a responsabilidade do Estado alcança também
os atos decorrentes da omissão do Poder Público na preservação dos direitos e garantias
fundamentais, sem os quais o status de dignidade a todos assegurado perde o seu sentido.
Segundo Capez (2005):

Da dignidade humana, princípio genérico e reitor do Direito Penal, partem outros


princípios mais específicos, os quais são transportados dentro daquele princípio
maior. Desta forma, do Estado Democrático de Direito parte o princípio reitor de
todo o Direito Penal, que é a dignidade da pessoa humana, adequando-o ao perfil
constitucional do Brasil e erigindo-se à categoria de Direito Penal Democrático.

No entendimento de Capez o princípio da dignidade pessoa humana repercute de


modo profundo no direito penal. Assim, em nenhuma situação é admitida no ordenamento
jurídico brasileiro o tratamento desumano, cruel ou bárbaro, pois o Estado democrático de
direito prima pelas garantias fundamentais do ser humano.
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Nesse sentido, Moraes (2002) leciona que:

A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à pessoa,


que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da
própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais
pessoas, que se constituindo um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico
deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas
limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar
a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos. O
direito à vida privada, à intimidade, à honra, à imagem, dentre outros, aparecem
como consequência imediata da consagração da dignidade da pessoa humana
como fundamento.

Para o autor o princípio o dignidade da pessoa humana tem em sua essência um valor
indispensável para a vida de todo e qualquer cidadão, servindo para resguardo dos direitos
individuais e coletivos, além de ser um princípio maior para a interpretação dos demais
direitos e garantias conferidos aos cidadãos.
A partir desta interpretação, Gomes e Molina (2012) assevera que as penas não
condizem com o respeito à dignidade humana, seja pela sua péssima qualidade, seja pela sua
falta de atenção ao tempo fixado na pena e o que é realmente cumprido, e que a finalidade
precípua da pena que é ressocializar não está sendo efetivamente cumprida, em vez de
encontrarem condições dignas para se redimirem de seus crimes, encontram um ambiente
onde há propagação da criminalidade.
Nesta mesma concepção Ferrajoli (2000) afirma-se que:

É necessário, sobretudo, que as condições de vida dentro da prisão sejam para


todos os mais humanos e as menos aflitivas possíveis; que em todas as
instituições penitenciárias esteja previsto o trabalho – não obrigatório, senão
facultativo – juntamente com o maior número possível de atividades coletivas,
de tipo recreativo e cultural. Que na vida carcerária se abram e desenvolvam
espaços de liberdade e de sociabilidade mediante a mais ampla garantia de todos
os direitos fundamentais da pessoa; que, por fim, seja promovida abertura da
prisão – os colóquios, encontros conjugais, permissões, licenças, etc. – não
mediante a distribuição de prêmios e privilégios, senão com a previsão de
direitos iguais para todos. É provável que tudo isso, ainda que necessário, resulte
insuficiente para impedir a função perversa e criminógena do cárcere: e isto [...],
é um dos argumentos mais consistentes em favor da abolição da pena privativa
de liberdade.

Deste modo, para que haja condição de humanização da pena não basta
fundamentação constitucional, é preciso que na prática a dignidade do preso seja respeitada.
Assim, a concretização sobrevém com o reconhecimento dos direitos fundamentais, que
precisam ser respeitados e propiciados tanto pela sociedade quanto pelo Estado, assegurando-
lhe as bases necessárias para que seja valorizado como pessoas.
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3.2 Da Responsabilidade objetiva e subjetiva do Estado

O texto constitucional de 1988 leciona em seu artigo 24 que o direito Penitenciário é


de competência da União, concorrentemente com os Estados e o Distrito Federal, além de da
garantia constitucional de que ninguém será submetido a tratamento desumano, sendo
assegurado aos encarcerados o respeito à integridade física e moral, devendo o Estado zelar
pela dignidade da pessoa humana, mantendo os estabelecimentos prisionais dignos para que
possam cumprir suas penas.
Nesta perspectiva, a responsabilidade do Estado com a educação no cárcere surgiu no
sistema prisional no Brasileiro no intuito de ser mais um instrumento de ressocialização para
os apenados. De acordo com Santana e Amaral (2017), essa educação teve como incentivador
o estado de são Paulo, por perceber que deveria haver, mas uma forma que pudesse diminuir o
índice de criminalidade no Brasil.

Contudo, de acordo com o Ministério da Justiça e Departamento Penitenciário


Nacional (Depen), no relatório do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias
(Infopen), publicados pela Agência Brasil em 2017, o Brasil está entre os países com maior
população prisional do mundo (441.700 mil), ficando atrás dos Estados Unidos (2,2 milhões),
China (1,5 milhão) e Rússia (870 mil). Esse percentual concebe que dos 441.700 mil presos é
0,21% da população brasileira que dá um total de cada 100 mil habitantes 210 se encontram
presos, desse total de presos 280 mil são jovens com idade entre 18 e 29 anos, a maioria
desses presos é pobre ou estiveram excluídos da sociedade (SANTANA & AMARAL, 2017).
A população carcerária no Brasil é maior que a população de muitas cidades
brasileiras. Entretanto, o fato de estar privado de liberdade não lhes imputa a perda de
condição humana, nem a titularidade de seus direitos, é o que dispõe o artigo 38 do Código
Penal, “o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade” e educação é
um direito humano, e como tal, estendida a todas as pessoas, sem qualquer distinção, sendo de
competência do Estado tanto a efetiva aplicação do cumprimento da pena quanto da oferta de
educação prisional, com a mesma dignidade e respeito que os demais seres humanos.
Assim, em se tratando da responsabilidade do Estado com o indivíduo encarcerado, ela
pode ocorrer por uma atitude comissiva, assunto já pacificado pelos operadores do Direito e a
omissiva depende da comprovada culpa por parte de quem sofreu a injustiça agressão.
De acordo com o entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal leciona
em seu texto o seguinte trecho do Ministro Gilmar Mendes, in verbis:
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A jurisprudência desta corte que firmou o entendimento de que o Estado tem o


dever objetivo de zelar pela integridade física e moral do preso sob sua
custódia, atraindo, então, a responsabilidade civil objetiva, em razão de sua
conduta omissiva, motivo pelo qual é devida a indenização decorrente da morte
do detento, ainda que em caso de suicídio, (STF, 2012).

Este entendimento já é consolidado pela doutrina, aos danos provocados por ação do
Estado deve ser aplicada a teoria da responsabilidade objetiva, quem foi lesado está isento de
provar a culpa ou dolo do agente.
Quanto à responsabilidade do Estado a nossa Constituição Federal atribui a este a
responsabilidade objetiva pelos danos causados, em seu artigo 37, §6º:

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa, (BRASIL, 1988).

No que diz respeito a uma ação de seus agentes, Formulou (2016) afirma que não há
nenhuma discussão, já que o entendimento é de que o agente responde pelos danos causados a
terceiros.
Como se vê nos atos omissivos o dever de indenizar do Estado ainda existe caso haja
dolo ou culpa, já nos atos comissivos não há o que discutir, já que o Estado tem a obrigação
de reparar os danos causados por seus agentes, restando a ele entrar com ação de regresso
contra seus agentes quando for comprovado dolo ou culpa.
O cenário educacional brasileiro aponta a omissão do poder público em conflito com a
legislação nacional, já que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei nº
9.394/1996), que regulamenta a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 208, inciso I,
estabelece que toda a população brasileira tem direito ao ensino fundamental obrigatório e
gratuito, sendo assegurada, inclusive, sua oferta para todos os que a ele não tiverem acesso na
idade própria, (BRASIL, 1996).
Nesse mesmo entendimento a LEP também prevê a educação escolar no sistema
prisional, com fundamento no artigo 17, estabelecendo que a assistência educacional abranja a
instrução escolar e a formação profissional do preso, já no artigo 18 determina que o ensino
fundamental seja obrigatório e integrado ao sistema escolar da unidade federativa, exigindo
no artigo 21 a implantação de uma biblioteca por unidade prisional, para uso de todas as
categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos. Todavia, quando
se trata da população encarcerada, tal direito parece não ter o mesmo grau de reconhecimento.

3.3 Responsabilidades do Estado pelo sistema prisional


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O fato de um indivíduo estar preso não significa que seus direitos devem ser
negligenciados. O Estado, que é responsável pela efetiva aplicação da pena com o
cerceamento da liberdade, é o mesmo que deve ter a responsabilidade pelos que estão
cumprindo pena, devendo ser tratados com a mesma dignidade e respeito que os demais seres
humanos.
Recentemente, uma declaração feita pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
em São Paulo, provocou diversos comentários, onde disse que se fosse necessário cumprir
muitos anos numa prisão brasileira preferia morrer. Além disso, ele reconheceu ainda que haja
um sistema prisional medieval, que não só desrespeita os direitos humanos como também não
possibilita a reinserção dos condenados (JULIÃO, 2007).
O intuito da pena privativa de liberdade é preparar o preso para a ressocialização,
servindo como uma preparação do indivíduo para voltar ao convívio social. Deve haver o
incentivo ao trabalho e estudo, onde o Estado deve proporcionar as ferramentas.
A educação é considerada um grande desafio no sistema prisional. Deve-se
primeiramente entender que a educação é um direito e não um benefício. A ideia é inserir a
população carcerária nas políticas públicas existentes e a educação é uma delas. A questão da
educação é um direito universal que está previsto na declaração dos direitos humanos e
repetido no Art. 205 da Constituição Federal de 1988 e que também faz parte das assistências
previstas na Lei de Execuções Penais de 1984 que apesar de ser muito eficiente é vista
atualmente como uma lei progressista (JULIÃO, 2007).
Há uma grande demanda nos departamentos penitenciários que desejam o estudo. No
ano de 2011 teve-se um grande avanço com a possibilidade da redução da pena através do
estudo. As pessoas privadas de liberdade que estão envolvidas em atividades educacionais na
ordem de a cada 12 horas de ensino diminuem um dia no total de sua pena, além dos demais
benéficos que é, por exemplo, adquirir a cidadania e entender o papel dentro da sociedade
(CARREIRA & CARNEIRO, 2009).
É necessário que se faça uma mudança generalizada no método de gestão para que se
haja uma integração com a Secretaria de educação do estado. Com isso é possível discutir
diariamente sobre a questão da educação nas prisões e todos os documentos diplomas que
rezam sobre a educação nas prisões podem ser discutidos abertamente quando se tem uma
parceria da gestão do sistema prisional com a Secretaria de Educação do estado (OLIVEIRA,
2013).
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para o desenvolvimento deste tópico, utilizou-se das informações obtidas através dos
questionários aplicados acerca da vida pessoal dos reeducados da Penitenciária Regional de
Rolim de Moura. Assim, com os resultados pode ser traçado um perfil daqueles que ao
sistema educacional que é ofertado no estabelecimento prisional, a fim de obter um
diagnóstico das dificuldades encontrado para o acesso, a dinâmica das aulas e o interesse do
reeducando na participação nas aulas.
Neste intuito em contato com, a equipe da Penitenciária, a dinâmica da pesquisa foi
apresentada aos reeducados, e 4 responderam ao questionário proposto. Sendo 3 do sexo
masculino e 1 do sexo feminino. A pesquisa contou com questões fechadas, onde o
reeducando escolheria entre as opções a que melhor se enquadraria a sua realidade e também
questões abertas da qual poderiam usar argumentos próprios para respondê-las.
Foi questionado aos reeducados se o nível de escolaridade interfere nos índice de
criminalidade, cujas respostas foram afirmativas para a relação direta da criminalidade e da
ausência de condições e oportunidades de estudo adequadas. Realidade que está presente em
muitos estabelecimentos prisionais, cabendo ao Estado conforme determina os artigos 10 e
seguintes da LEP, organizar as formas pelas quais o encarcerado deverá ser assistido,
especialmente no que concerne a educação prisional.
Questionados sobre a baixa escolaridade dos reeducados e se ela está relacionada a
falta de oportunidade de estudo, condições econômicas precárias, condição familiar, contexto
social em que o reeducado está inserido, falta de interesse e vontade do reeducando, aptidão
para a criminalidade, inicio de práticas delitivas muito cedo, o cenário encontrado foi:

Gráfico 1: Razões da baixa escolaridade do reeducando

Gráfico 1 (Autor 2018)


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Ou seja, para os próprios reeducados internos entrevistados, a principal motivação


para a baixa escolaridade deles se dá justamente pela falta de interesse deles em manter uma
rotina regular de ensino. O contexto em que estavam inseridas, condições econômicas e
familiares precária, por este motivo foi unânime responder que julgam ser muito importante a
oferta de estudos dentro da unidade prisional.
Levantamento realizado junto à penitenciária regional identificou-se que dos 188
internos, 88 deles estavam envolvidos em alguma atividade educacional dentro da unidade
prisional, sendo que são ofertados aos reeducados 100 vagas, percebendo-se que 22% delas,
encontram-se ociosas pelo desinteresse da população carcerária.

Gráfico 2: Reeducados matriculados em atividades educacionais

Gráfico 2 (Autor 2018)

Verifica-se que na unidade local, pouco mais de 46% dos reeducados estão, de fato,
envolvidos em alguma atividade educacional oferecida. Confrontado com o questionário
acerca da principal motivação para o preso aderir ao estudo, cuja resposta a unanimidade
afirmou ser a possibilidade de remição da pena, vê-se que, mesmo tendo tempo disponível e
consciência da importância do ensino, a maioria dos internos prefere não aproveitar a oferta
educacional da unidade.
O interesse do reeducando pelo ensino quando ofertado, tem por motivo melhorar sua
escolarização, tendo novas oportunidades após deixar a unidade, promover sua reinserção
social, permitir a redução de dias de pena pela remição, os dados apresentaram que há o
interesse em promover sua reinserção social. Conforme afirma Claude (2005) que a educação
é condição fundamental para o indivíduo atuar plenamente como ser humano na sociedade
moderna, por ser o instrumento mais eficaz de que dispõe o homem para o seu crescimento
pessoal no contexto em sociedade. Percebe-se que os próprios reeducando têm essa
concepção, de que a educação pode mudar sua vida, dentro e for das prisões.
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Os resultados apontam 50% dos entrevistados dizer que a estrutura ofertada para
estudo dentro dos presídios é suficiente, já os outros 50 % dizem que a estrutura ofertada é
parcialmente suficiente. Quanto aos materiais e instrumentos didáticos, a oferta de materiais
escolares, disponibilidade de acervo de livros e outros materiais pedagógicos auxiliares,
apostilhas, revistas, jogos, a situação atual encontrada é 50 % parcialmente suficiente e 50 %
suficiente.
A pesquisa quis saber se há um controle interno sobre o aproveitamento da
escolaridade e o desenvolvimento do reeducando quanto ao ensino prisional, ou
independentemente de qualquer coisa, a mera participação deles nas aulas já levam eles ao
processo de remição de pena, alguns disseram que apesar de ser de grande relevância para sua
vida, dentro e fora da prisão, muitos só querem ter direitos aos dias remidos pela participação
nas aulas, mas que o controle só ocorre quando são feitas as leituras dos livros, que precisam
entregar as resenhas para serem corrigidas pelo professor.
Questionados se é preciso valorizar e incentivar a oferta de programas de
escolarização dentro das unidades prisionais, os reeducados responderam que sim, “para ter
um conhecimento melhor, uma vez que abre seus horizontes, amplia as oportunidades, além
de que acreditam que existe muita força de vontade para o professor da rede pública estar ali
para atendê-los” (E.1). Como dizia Mello e Santos (2011) a metodologia de como a escola
prisional pode ser trabalhada pode sofrer variações e dependem da maneira como esta
modalidade de escola deve ser encarada, a importância da escola com visão educacional
libertadora, onde educador defende e incentiva o posicionamento do adulto não alfabetizado
no meio social e político em que ele vive, no seu contexto real, neste caso a prisão.
Sobre as principais dificuldades para oferta e efetiva escolarização do reeducando
dentro do sistema prisional, foram apontadas a falta de oportunidades, de interesse da vontade
de estudar, o preconceito em relação ao apenado e agente, aqui reflete-se ao tratamento
desumano a que são submetidos, contrariando norma constitucional de que ninguém será
submetido a tratamento desumano, sendo assegurado aos encarcerados o respeito à
integridade física e moral, devendo o Estado zelar para manter os estabelecimentos prisionais
dignos para que possam cumprir suas penas.
Com relação ao currículo escolar, foi investigado se as disciplinas, metodologia e
carga horária de estudo que são tratadas no processo de ensino nas unidades prisionais são
adequadas, uns acreditam que sim, pelo fato de estar ali o pouco que lhes é ofertado é
suficiente para manter a mente ocupada, pois muitos passam com a cabeça vazia ouvindo
coisas erradas, e que tudo que aprendem servirá depois que cumprirem a pena.
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Há os que dizem que não é adequada, mas que já representa um início, e que a
adequação depende da melhor forma da relação dos agentes penitenciários e reeducando e
com relação ao professor não tem preconceito, pois todos são tratados com simplesmente
aluno.
Aqui presente a responsabilidade do Estado em ofertar educadores prisionais
qualificados, com uma formação específica, especializada, para melhor atuar e conviver com
os apenados, pois não podemos esquecer que são seres humanos fragilizados, contemplando o
disposto o artigo 38 do Código Penal, “o preso conserva todos os direitos não atingidos pela
perda da liberdade” e educação é um direito humano, e como tal, estendida a todas as pessoas,
sem qualquer distinção.
Evidenciaram os casos coletados que, embora haja um esforço do Estado na oferta do
ensino aos reeducados internos da Penitenciária Regional de Rolim de Moura, com destinação
de espaço, equipe profissional e material didático, e apesar da baixa escolaridade dos
reeducados, e do reconhecimento da importância da educação no processo de reinserção
social, parte das vagas ofertadas ficam ociosas pela falta de interesse dos próprios reeducados,
cuja principal motivação a participar das atividades, não é pela vantagem pessoal adquirida
com o conhecimento, mas apenas pela remição auferida com o estudo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é uma das principais ferramentas aptas a proporcionar o desenvolvimento


humano e, dar ao indivíduo, melhores condições de vida, por vezes, auxiliando-o a afastar-se
da criminalidade ou impedindo que ele chegue ao mundo do crime. Da mesma forma, a
educação consiste em importante item de reinserção social, pois estimula a consciência
pessoal e oportuniza outras possibilidades ao deixar o cárcere.
A pesquisa apresentada demonstrou a importância da educação no sistema prisional
como forma de ressocialização dos reeducados como forma de reintegrá-los ao convívio
social de forma significativa, contribuindo com a reconstrução de um projeto de vida para
quando o encarcerado readquirir sua liberdade. Evidenciada a baixa escolaridade dos
reeducandos internos da Penitenciária Regional, restou apurado que a principal motivação a
essa baixa escolaridade seria a falta de interesse em estudar, o que se pode constatar também
com a existência de vagas ociosas para programas educacionais no sistema e, ainda, da
remição ser a principal motivação para aqueles que participam das atividades educacionais.
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Diante da análise do resultado buscado trouxe que, por mais dificultoso que seja a
oferta dessa modalidade nos estabelecimentos prisionais, no sentindo de incentivo de políticas
públicas voltadas para esta camada da sociedade, por apresentar problemas e passar por
mudanças importantes, a realidade tem se alterado positivamente, melhorando a qualidade e
modalidade da oferta educacional e principalmente, garantindo aos reeducados perspectivas
de melhoras na sua condição de vida fora do cárcere.
Desvelou também a pesquisa que nem todo reeducando tem interesse em participar das
aulas ofertadas, outros só querem ter direitos aos dias remidos pela participação nas aulas. No
entanto, reconhece aqueles que participam das atividades educacionais, a importância do
ensino para suas vidas e, reconhecem e valorizam o trabalho dos profissionais que se dedicam
a ofertar o ensino a eles, sendo os professores responsáveis em estimulá-los com palavras
otimistas de modo que possam sentir-se valorizados e crê em sua capacidade de regeneração,
é que se inicia o processo de autoconfiança.
Com os resultados da pesquisa foi possível responder às hipóteses de que a educação
prisional colabora com o processo de reintegração aos espaços de vida e de trabalho de seus
reeducandos, de modo que ao saírem do sistema penitenciário terão oportunidades de
reintegração na sociedade. Com relação às políticas públicas voltadas à educação prisional por
sua vez vem sendo ofertadas pelo Estado nos estabelecimentos prisionais, embora de forma
precária, demonstrar fragilidades e necessidades emergentes, de acordo com o Depen, no
relatório do Infopen. Sua institucionalização ocorre em nível estadual de modo que cada
governo apresenta autonomia relativa na introducação as políticas públicas de educação
escolar no contexto prisional, restando a aplicabilidade das normas em nível local, como
ocorre na Penitenciária Regioanal de Rolim de Moura, através de parcerias com as Secretárias
Estaduais de Educação.
Assim, o assunto em pauta é relevante, visto que a educação no sistema prisional ainda
é passível de várias mudanças para melhoramento de sua viabilização no momento da saída
do egresso do sistema prisional, e que é preciso desenvolver programas educacionais no
sistema penitenciário que visem alfabetizar e construir a cidadania dos presos.

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