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ARTIGO ARTICLE 337

Violência contra crianças na cidade de Ribeirão


Preto, São Paulo, Brasil: a prevalência dos
maus-tratos calculada com base em
informações do setor educacional

Violence against children in the city of Ribeirão Preto,


São Paulo State, Brazil: child abuse prevalence
estimated from school system data

Juliana Martins Faleiros 1


Alessandra da Silva Araújo Matias 1

Marina Rezende Bazon 1

Abstract Introdução

1Faculdade de Filosofia The official statistics on child abuse fail to reflect A violência doméstica contra crianças é um im-
Ciências e Letras de Ribeirão
Preto, Universidade de São
reality, since many cases are not reported. The portante problema social e de saúde pública, em
Paulo, Ribeirão Preto, Brasil. current study aimed to estimate the real preva- virtude das graves conseqüências e de sua mag-
lence of child abuse in children 0 to 10 years of nitude, que estima-se significativa 1,2.
Correspondência
M. R. Bazon age enrolled in public and private daycare cen- O dimensionamento fidedigno dela é um de-
Faculdade de Filosofia ters and schools in the city, using information safio a ser enfrentado, pois se constitui em eta-
Ciências e Letras de Ribeirão
obtained from teachers and staff, based on the pa inicial para o desenvolvimento de programas
Preto, Universidade de
São Paulo. premise that they are well-positioned to identify para o seu enfrentamento 3. Nesse campo, co-
Av. Bandeirantes 3900, cases, and then to compare this estimated preva- locam-se questões relativas à identificação e à
Ribeirão Preto, SP
lence to the official rate. The instrument used was notificação dos casos.
14040-901, Brasil.
mbazon@ffclrp.usp.br the Epidemiological Manual, and the random, Acredita-se que uma parte das violências
representative sample consisted of 305 teach- contra a infância/adolescência nem seja reco-
ers, responsible for 6,907 children. The resulting nhecida como tal 4,5, e outra, mesmo que identi-
prevalence was 5.7%, compared to 0.3% as cal- ficada, não é notificada 1,6,7,8,9.
culated by data from the Tutorial Councils, thus As possibilidades de acesso aos casos de
corroborating the hypothesis that the official rate maus-tratos de crianças, de acordo com Laverg-
merely represents the tip of the iceberg. The most ne & Tourigny 4, podem ser concebidas segundo
frequent forms of abuse identified by both the um modelo cuja representação é uma pirâmide,
public and private schools were neglect and psy- composta por três níveis de acesso a informações.
chological abuse, generally considered less im- No topo da pirâmide, ou primeiro nível, situam-
portant, since they are viewed as less serious. The se os casos conhecidos dos serviços oficiais de
problems were also shown to become worse as the proteção (casos notificados), bem como os regis-
children grew older, indicating the importance of tros realizados em outras instituições com papel
network collaboration for detection, notification, de controle social como a polícia.
and early intervention in such situations, under De acordo com os autores, a maioria das pes-
the logic of secondary prevention. quisas lida com informações disponíveis nesse
nível, reportando uma taxa que tende a retratar
Domestic Violence; Child Abuse; Prevalence mais o funcionamento dos órgãos oficiais, que o fe-
nômeno em si, circunscrevendo especialmente os
casos de maus-tratos mais visíveis e/ou graves 1,4.

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No segundo nível estariam os casos conheci- O setor educacional é o de maior acesso e


dos dos profissionais de diferentes serviços/ins- mais freqüente contato com o universo infantil;
tituições que lidam com o segmento infanto-ju- logo deve buscar identificar e conhecer os maus-
venil, sobretudo dos setores saúde e educação. tratos contra a criança em nossa sociedade.
No terceiro nível, ou na base da pirâmide, esta- O presente estudo, apoiando-se nessa pre-
riam os casos conhecidos dos membros de uma missa, teve por objetivo estimar a prevalência
comunidade, incluindo as próprias crianças. dos maus-tratos domésticos contra crianças,
Nesses dois níveis, a busca por informações com idade variando de 0 a 10 anos, freqüentan-
referentes aos maus-tratos deve ser ativa, in- do estabelecimentos educacionais públicos e
cluindo-se na produção das cifras os casos iden- privados da cidade de Ribeirão Preto, São Paulo,
tificados como suspeitos ou confirmados, sejam Brasil, mediante informações coletadas junto a
eles notificados ou não. educadores/professores, caracterizando-o em
O número estimado para o terceiro nível se- modalidades como sexo, idade e tipo de estabe-
ria, provavelmente, o mais próximo da realidade. lecimento.
Considerando-se a natureza privada da violên- Adicionalmente, visou-se confrontar a taxa
cia doméstica e os aspectos socioculturais que a assim calculada com a estimada pelos dados dos
perpassam, o desafio metodológico e ético para Conselhos Tutelares do município, de modo a
a implementação de investigações é relevante. O caracterizar o comportamento do setor educa-
desafio tem sido contornado com a proposição cional em termos de notificação. A hipótese era
de pesquisas de vitimização, envolvendo as pró- de que a prevalência calculada a partir das infor-
prias crianças como informantes ou se adotando mações obtidas no setor educacional seria bem
uma abordagem retrospectiva 10. superior à oficial, denotando a subnotificação
No entanto, quando são as crianças os infor- nesse contexto.
mantes – normalmente maiores de 10 anos, fato
que implica deixar de investigar o segmento mais
vulnerável: o de crianças menores 11,12,13 – e o Métodos
estudo retrospectivo, fia-se na percepção e me-
mória que o adulto tem do fenômeno 14. Composição da amostra
Assim, apesar dos limites, as investigações
envolvendo as informações disponíveis no se- Devido ao tamanho da população, trabalhou-se
gundo nível, levantando dados junto aos profis- com uma amostra aleatória, na razão de 0,10 da
sionais dos serviços de atenção direta à infância, população total de crianças de 0 a 10 anos de Ri-
parece constituir-se até o momento na forma beirão Preto.
mais confiável para estimar a problemática, par- Para ter uma distribuição eqüitativa da amos-
ticularmente no que concerne a idades inferiores tra, por tipo de escola (pública e particular) e por
a 10 anos 4. região do município, para garantir sua represen-
No Brasil, a importância dos setores da saú- tatividade, optou-se pela estratificação. Como
de e da educação no tocante à proteção infantil não se tinha a informação do total de crianças
tem sido sublinhada 15. Todavia, as notificações por região da cidade, para compor a amostra, as
oriundas desses setores continuam inexpressivas, escolas foram sorteadas também numa razão de
em contraposição às feitas por não-profissionais 10%, distribuindo-as por tipo de escola (pública
(familiares, amigos e/ou vizinhos) 3,15,16,17. e particular) e por região da cidade.
No setor da saúde, especificamente, verifi- Assim, foram sorteadas 40 escolas públicas e
cam-se avanços 18,19,20. Considerando o papel particulares que tinham séries de educação in-
de destaque que ocupa frente à problemática, fantil até a quarta série, de um universo de 282.
visto que a maior parte da demanda por ajuda Nas escolas trabalhavam 305 educadores/
ali desemboca, com toda a sua complexidade 21, professores, que representaram 6.907 crianças,
os profissionais desse setor parecem mais sen- o que corresponde a 11% do montante matricu-
síveis, verificando-se motivação crescente para lado em estabelecimentos de educação infantil e
criar estruturas adequadas à detecção, notifi- no fundamental (1a a 4a série), considerando-se
cação e acompanhamento dos casos de maus- uma população de 58.267 crianças 27, e a aproxi-
tratos 3,15. madamente 8,7% do total de 0-10 anos residentes
No setor da educação, não se observam mui- no município, considerando-se uma população
tos avanços. Embora as investigações consta- de 79.101 na mesma faixa etária 28.
tem que seus profissionais têm capacidade para A Tabela 1 sintetiza os dados referentes ao
identificar casos de maus-tratos, omitem-se da universo amostral e à amostra selecionada.
responsabilidade de lidar com o problema por
diferentes razões 22,23,24,25,26.

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PREVALÊNCIA DE MAUS-TRATOS INFANTIS 339

Tabela 1

Distribuição da população e da amostra de escolas, professores e crianças participantes da pesquisa na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2005.

População (N) % Amostra (n) %

Número de estabelecimentos educacionais (até 4ª série) 282 100,0 40 14,0


Público 115 40,8 18 45,0
Creche e pré-escola 48 17,2 8 20,0
Ensino Fundamental 67 23,7 10 25,0
Privado 167 59,2 22 55,0
Pré-escola 113 40,0 13 32,5
Ensino Fundamental 54 19,0 9 22,5
Número de professores 2.590 100,0 305 9,6
Público 1.530 59,0 145 48,0
Creche e pré-escola 544 21,0 79 26,0
Ensino Fundamental 986 38,0 66 22,0
Privado 1.060 41,0 160 52,0
Pré-escola 600 23,2 75 24,0
Ensino Fundamental 460 17,8 85 28,0
Número de crianças 58.267 100,0 6.907 11,0
Público 43.576 74,8 4.452 64,4
Creche e pré-escola 13.996 24,0 1.934 28,0
Ensino Fundamental 29.580 50,8 2.518 36,5
Privado 14.691 25,2 2.455 35,5
Pré-escola 5.500 9,4 1.088 15,7
Ensino Fundamental 9.191 15,8 1.367 19,8

Instrumento das temporal ou permanentemente por nenhum


membro do grupo com quem a criança vive;
Foi empregada uma versão da Cartilha Epide- • Mau-trato emocional: hostilidade verbal crô-
miológica proposta por Bringiotti 29, traduzida e nica, insultos, depreciação/desvalorização ou
adequada semanticamente à utilização em con- críticas excessivas, intimidação ou ameaças de
texto brasileiro 30,31, composta pela descrição dos abandono, condutas ambivalentes e imprevi-
objetivos, instruções para o preenchimento, as síveis ou situações ambíguas na comunicação,
definições dos maus-tratos e os quadros em que isolamento (impedindo a criança de participar
se assinalam as respostas. de atividades com os pares), bloqueio das inicia-
As definições empregadas formam um siste- tivas infantis de contato (rechaço das iniciativas
ma abrangente, com categorias representativas de apego e/ou exclusão das atividades familiares)
de situações recorrentes que compõem os quatro ou de autonomia, por parte de qualquer membro
principais tipos de maus-tratos: físicos, sexuais, adulto do grupo familiar;
psicológicos e a negligência 29: • Abandono emocional: falta persistente de res-
• Mau-trato físico: ação não acidental por parte postas às expressões emocionais e condutas de
dos pais/cuidadores que provoque dano físico proximidade/interação iniciadas pela criança,
ou enfermidade ou coloque a criança em risco de ausência de iniciativa de interação e contato por
vida por meio de golpes, queimaduras, mordidas parte de alguma figura adulta estável, renúncia
humanas, cortes ou asfixia, implicando, por ve- por parte dos adultos em assumir as responsabi-
zes, fraturas, inclusive de crânio, feridas, machu- lidades parentais em todos os aspectos.
cados ou hematomas, ou em lesões internas; • Abuso sexual: todo ato, jogo ou relação sexu-
• Abandono físico: situações em que as neces- al, hétero ou homossexual, com ou sem contato
sidades físicas básicas da criança (alimentação, físico, envolvendo uma ou mais crianças/ado-
higiene, vestimenta, proteção e vigilância em si- lescentes e um ou mais adultos – familiar ou tu-
tuações potencialmente perigosas ou em que há tor –, com a finalidade de estimular prazer no(s)
demanda de cuidados médicos) não são atendi- adulto(s);

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• Trabalho infantil: obrigação imposta às pedagógica dos professores. Em 31% das vezes, o
crianças para realizarem continuamente trabal- procedimento ocorreu num contexto individual
hos, domésticos ou não, com o objetivo de obter (com um respondente de cada vez), geralmen-
um benefício econômico para os adultos/pais ou te nos períodos destinados à recreação. Em 5%,
para a estrutura familiar, que poderiam/deve- o procedimento não pôde ser realizado direta-
riam ser realizados pelos adultos, que, sobretu- mente pelos pesquisadores devido a restrições
do, excedem o limite do habitual por interferirem colocadas pelo estabelecimento educacional (es-
diretamente nas atividades/necessidades sociais pecificamente, escolas privadas); nesses casos a
e escolares das crianças (brincadeiras e desem- coleta, embora também tenha se dado num con-
penho acadêmico); texto grupal, no âmbito da própria instituição, foi
• Mendicidade: utilização esporádica ou habi- realizada pela coordenadora pedagógica da es-
tual da criança para mendigar com o objetivo de cola, após ter sido treinada pelos pesquisadores.
contribuir com a economia familiar ou casos em Para a análise dos dados foram utilizados mé-
que, sem ser utilizada, a criança exerce a mendi- todos quantitativo-descritivos e testes estatísti-
cidade por iniciativa própria, não havendo su- cos (qui-quadrado e teste exato de Fisher), em-
pervisão/coibição desse comportamento; pregando-se o grau de significância de p ≤ 0,05).
• Corrupção: facilitação ou reforço de condu- A prevalência global dos maus-tratos foi obti-
tas anti-sociais como, por exemplo, premiando a da pelo cálculo de proporções.
criança por furtar/roubar, facilitando o seu con- Em relação à prevalência oficial, procedeu-se
sumo de drogas e/ou álcool, iniciando a criança ao levantamento, nos três Conselhos Tutelares da
em contatos sexuais com outras crianças e/ou cidade, nos livros de registros e prontuários, dos
adultos, ou na prostituição, impedindo uma in- números de casos de maus-tratos de crianças en-
tegração social convencional; tre 0 e 10 anos, para o mesmo ano de referência
• Participação da criança em ações delituosas: da pesquisa (2005). Os dados foram submetidos
utilização da criança para ajudar e/ou efetuar ao cálculo de proporções em relação à população
ações delituosas, como o transportar objetos na mesma faixa etária.
roubados ou drogas ou realizar pequenos furtos; Os parâmetros éticos para investigações en-
• Falta de controle parental: demonstração de volvendo seres humanos, especialmente a Reso-
incapacidade dos responsáveis, sem solicitação lução no.196/96, do Conselho Nacional de Saúde,
de ajuda, para controlar/manejar o comporta- foram rigorosamente respeitados.
mento da criança, não estabelecendo (ou não
conseguindo estabelecer) regras, ou não reagin-
do diante do desrespeito delas, passando a igno- Resultados
rar, com o passar do tempo, o lugar onde a crian-
ça está, com quem está e o que faz, considerando Foram assinalados 391 casos sobre 6.907 crian-
“não poder mais com o filho... tão difícil!”. ças, resultando numa prevalência de 5,7%. Esta,
Para o preenchimento, solicita-se ao respon- quando projetada para a população matriculada
dente que pense nas crianças com as quais tra- em estabelecimentos educacionais, num inter-
balha no ano corrente e assinale cada caso de valo de 95% de confiança, variou de 5,1% a 6,2%.
mau-trato que observa, conforme as categorias A prevalência para as creches e pré-escolas (0-6
apresentadas, discriminando se tem certeza ou anos) foi de 8% (IC95%: 7-9) e para a educação
somente suspeita, se já recebe atenção de algum fundamental (7-10 anos) foi de 3,9% (IC95%: 3,3-
órgão de proteção, além de apontar o sexo e a 4,6).
idade, entre outras características da criança. No que diz respeito às prevalências oficiais,
a taxa para as crianças de 0-6 anos foi de 0,2%, e
Procedimentos para as de 7-10 anos de 0,36%, sendo a geral de
0,3%. Estas são significantemente menores que
A coleta dos dados junto aos educadores/profes- as prevalências calculadas com base no setor
sores se deu entre os meses de maio e outubro educacional (p < 0,001).
de 2005. Dos 391 casos assinalados pelos educadores/
Primeiramente, oferecia-se um treinamento professores, 86% não recebiam atenção por par-
para esclarecer os objetivos da pesquisa, as cate- te de qualquer órgão, enquanto para outros 7%
gorias de maus-tratos e a forma de preenchimen- os educadores/professores não tinham conheci-
to da Cartilha. mento se eram ou não acompanhados. Somente
O treinamento e o preenchimento da Cartilha 7% dos 391 casos recebiam atenção.
em 64% das vezes ocorreram num contexto de Quanto à distribuição por categorias, as mais
grupo, trabalhando com, em média 8 responden- freqüentes foram “falta de controle parental”
tes, geralmente no horário destinado à reunião (32,7%), “abandono emocional” (31%) e “aban-

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PREVALÊNCIA DE MAUS-TRATOS INFANTIS 341

dono físico” (24,8%), que, juntas, compõem a (p = 0,018) e o “emocional” (p = 0,001). A Figura 2
“negligência”. ilustra essa distribuição.
Vale notar que havia a possibilidade dos res- Em relação à modalidade por grupos etários,
pondentes incluírem situações outras que jul- as crianças mais velhas (acima de 7 anos) sofre-
gassem ser expressões de maus-tratos. Assim, riam significativamente mais “maus-tratos físico”
surgiu a categoria “outros”, referente, na maioria (p = 0,04) e “emocional” (p < 0,001) que as crian-
das vezes, para o grupo de 0-6 anos, à exposi- ças de 0 a 6 anos. Seriam também as mais velhas
ção à violência conjugal e, para o de 7-10 anos, à a vivenciar mais situações de “trabalho infantil”
apresentação de um comportamento social pre- (p = 0,045), a se envolver em “ações delituosas”
ocupante, como atos de depredação da escola e (p = 0,045) e serem submetidas a “outras” formas
de evasão, em que o aluno deixa de freqüentar a (p = 0,023).
escola e passa a ficar na rua o dia todo. A Figura 1 A Figura 3 apresenta as proporções dos maus-
ilustra essa distribuição. tratos por faixa-etária.
Para o segmento 0-6 anos, em 18% dos casos, Considerando o tipo de estabelecimento, do
assinalou-se a ocorrência de mais de uma forma total de casos assinalados, 61% pertencem às
de mau-trato, em média 2 tipos, sendo a asso- escolas públicas. Entretanto, procedendo-se ao
ciação mais freqüente a de “abandono físico” e cálculo da prevalência, a taxa nas escolas públi-
“emocional”. cas foi 5,5% (IC95%: 4,9-6,3) e, nas particulares
Para os 7-10 anos, a co-ocorrência foi de 48%; foi 5,8% (IC95%: 5,0-6,9), não sendo significativa
em 28%, as crianças sofreriam duas formas; em a diferença (p = 0,63).
29%, três. A associação mais freqüente no caso da Quanto às modalidades por tipos de estabe-
dupla ocorrência foi “maus-tratos físico e emo- lecimento, as públicas teriam significantemente
cional” e, no de tripla, “abandono físico e emo- mais casos de “abandono físico” (p < 0,001) e “ou-
cional” e “maus-tratos emocionais”. tros” (p = 0,036), havendo tendência à associação
Quanto à distribuição por sexo, do total, 62% com “mau-trato físico” (p = 0,058) e “trabalho in-
são do sexo masculino. fantil” (p = 0,054).
Em relação às formas por sexo, os meninos Já nas particulares haveria significantemente
sofreriam significantemente mais a “falta de mais “falta de controle parental” (p < 0,001). Da-
controle parental” (p < 0,001), ao passo que as dos descritivos são apresentados na Figura 4.
meninas sofreriam mais o “abandono físico”

Figura 1

Distribuição, em porcentagem, dos casos segundo as categorias de maus-tratos.

35

30

25

20

15

10

% 0
Mau-trato Aban- Abuso Mau- Aban- Mendi- Trabalho Corru- Participa- Falta de Outros
físico dono sexual trato dono cidade infantil pção ção das controle
fisico emo- emo- crianças parenteral
cional cional em ações
delituosas

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Figura 2

Distribuição, em porcentagem, das categorias segundo o sexo da criança.

45
Meninos

40 Meninas

35

30

25

20

15

10

% 0
Mau-trato Aban- Abuso Mau-trato Abandono Mendi- Trabalho Corru- Participação Falta de Outros
físico dono sexual emocional emocional cidade infantil pção das crianças controle
fisico em ações parenteral
delituosas

Figura 3

Distribuição dos tipos de maus-tratos segundo as duas faixas-etárias estudadas.

40
0-6 anos

7-10 anos
35

30

25

20

15

10

% 0
Mau-trato Aban- Abuso Mau-trato Abandono Mendi- Trabalho Corru- Participação Falta de Outros
físico dono sexual emocional emocional cidade infantil pção das crianças controle
fisico em ações parenteral
delituosas

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PREVALÊNCIA DE MAUS-TRATOS INFANTIS 343

Figura 4

Distribuição dos tipos de maus-tratos segundo o tipo de estabelecimento educacional.

50
Particular

45 Pública

40

35

30

25

20

15

10

% 0
Mau-trato Aban- Abuso Mau-trato Abandono Mendi- Trabalho Corru- Participação Falta de Outros
físico dono sexual emocional emocional cidade infantil pção das crianças controle
fisico em ações parenteral
delituosas

Discussão na modalidade mais recorrentemente identifica-


da no setor educacional.
A prevalência de 5,7%, calculada no setor educa- Um levantamento de estudos nacionais re-
cional, confirma a hipótese de que a prevalência portando distribuição dos maus-tratos por mo-
oficial (0,3%) é bem menor, tendendo a repre- dalidade indica que somente seis vão na mesma
sentar tão somente a “ponta do iceberg”, e a di- direção 40. A maioria afirma ser a violência física
ferença parece tanto maior quanto mais jovens a mais recorrente, que em nosso levantamento
são as crianças, reforçando os indicativos sobre aparece em terceiro lugar (depois da negligência
sua maior vulnerabilidade 22,29,32. Isso permite – seus subtipos – e do mau-trato emocional).
dizer que há um número significativo de crian- Isso talvez possa ser explicado pelo fato de
ças vivendo situações adversas, ante as quais se o abuso físico de menor intensidade, com im-
tem certeza ou suspeita de maus-tratos, que não pacto imediato pouco visível, não ser concebido
é conhecido oficialmente, deixando de receber como violência, raciocínio que encontrou algum
atenção, inclusive no sentido de ser mais bem suporte na metodologia de coleta de dados, no
investigado para o devido acompanhamento. presente trabalho, pela qual se enfatiza eventos
Essa constatação é preocupante, justifican- de maior gravidade.
do ações para compreender esse panorama no Nessa linha, deve-se também considerar que
setor educacional, que remete à omissão de a punição corporal, mesmo causando pequenos
profissionais que legalmente não poderiam dei- agravos, é muito difundida e aceita pela popula-
xar de notificar 24,33,34,35. Fato é que os novos ção em geral, incluindo aí os próprios profissio-
marcos sociais e legais relativos à proteção in- nais da infância; por essa razão, situações que
fantil não estão totalmente integrados à prática a envolve nem sempre são vistas como abusi-
dos profissionais que atuam diretamente com vas 1,2,22.
as crianças 36. Em contrapartida, os maus-tratos físicos
Dentre os casos assinalados, as situações tenderiam a ocupar o primeiro posto entre as
mais freqüentes foram “falta de controle paren- modalidades de violência perpetradas quando
tal”, “abandono emocional” e “abandono físico”, a fonte de informações é da saúde ou pertence a
nessa ordem. Essas categorias compõem a “ne- serviços de encaminhamento de vítimas; nesses
gligência” 29,37,38,39, que se configura, portanto, contextos normalmente convergem os casos que

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produzem seqüelas físicas aparentes, conside- De todo modo, é preciso tomar, seriamente,
rados mais graves e, por isso, mais prontamente a “falta de controle parental” em conta. Não se
associadas à violência, conforme o apontamento constatou diferenças significativas entre as faixas
feito por Bazon 40. etárias, o que denota que a “perda” de contro-
As negligências, em seu turno, seriam mais le sobre a conduta dos filhos perpassaria toda a
perceptíveis/valorizadas em contextos como os infância, impondo uma indagação sobre a evolu-
da educação dada à atenção diferenciada dos ção desta na adolescência.
educadores aos indicadores emocionais/com- Nessa direção, a categoria “outros”, referente
portamentais, que sobressaem na convivência a situações em que as crianças apresentam sé-
com as crianças 41. rios problemas de comportamento, associando
Verdade é que tanto os abusos físicos quanto evasão escolar e permanência na rua, sem super-
à negligência parecem constituir-se em situações visão dos responsáveis, é significantemente mais
muito recorrentes na comunidade e estão atre- freqüente nas mais velhas, como também o é a
lados a conseqüências muito sérias. No que se modalidade “ações delituosas”, dando indícios de
refere aos abusos físicos, essas já são mais bem que para um subgrupo haveria um agravamento
conhecidas 1. Quanto à negligência, há menos das conseqüências à medida que crescem.
dados. Investigações internacionais sublinham “Falta de controle parental” foi também sig-
a necessidade de intensificar investigações espe- nificantemente mais freqüente em meninos, tal-
cíficas considerando esse objeto 42,43, pois tudo vez, em razão de sua propensão em apresentar
indica que o seu impacto é particularmente pre- sintomas externalizados 45, que geralmente con-
judicial ao desenvolvimento e que muitos casos correm para desestruturar a prática educativa
de óbitos de crianças, explicados como “aciden- dos cuidadores, gerando um ciclo de dificulda-
tes domésticos”, a têm por detrás 44. des na socialização, para esse sexo 46,47.
Dentro disso, chama atenção a alta freqüên- Por outro lado, as meninas vivenciariam mais
cia de “falta de controle parental”, referindo-se as duas outras formas de negligência: o “aban-
aos casos em que os responsáveis não conse- dono físico” e o “emocional”. Enquanto o Físico
guem exercer controle sobre as condutas dos fi- estaria significantemente associado às escolas
lhos e reclamam que “não podem mais...tão di- públicas, o “emocional” aconteceria em propor-
fícil”. Segundo Bringiotti 29, esse tipo de atitude ção semelhante entre as meninas de ambos os
parental é cada vez mais comum, em todos os tipos de estabelecimentos.
setores sociais, associando-se, freqüentemente, A segunda modalidade de maus-tratos mais
ao aparecimento de comportamento de exces- freqüente, no presente levantamento, depois das
siva independência, agressões, fugas de casa e Negligências, é o “mau-trato emocional”, repre-
procura por pares conflitivos nas crianças. sentando o abuso psicológico, denotando nova-
Essa categoria foi significantemente mais mente que, no âmbito da educação, destaca-se
freqüente nas escolas particulares, remetendo numericamente uma modalidade que recebe
a um padrão de regulação do comportamento pouca atenção, sendo essa normalmente sub-
infantil, nas camadas médias, muito permissivo, detectada e subnotificada na comunidade em
que pode gerar muitas dificuldades para os edu- geral, até porque, com base no senso comum,
cadores, no sentido de colocar limites, num con- é considerada “leve” ou não tão grave, embora
texto relacional em que tais alunos/famílias são, cientificamente disponha-se de indicações sobre
muitas vezes, concebidos como clientes. Como seus efeitos deletérios 1,48.
implica conseqüências que têm repercussão di- Concernindo essa forma de abuso, não houve
reta para o trabalho do educador, é possível que diferença significativa entre meninos e meninas
a sensibilidade para reconhecer tal categoria se- e tipos de estabelecimento, na mesma direção
ja maior. de outros estudos 15,49. Com isso, pode-se afir-
Ademais, assinalar essa forma de mau-trato mar que as formas “emocionais” (“mau-trato
também pode ser mais fácil porque, na concep- emocional” e “abandono emocional”) incidem
ção dos professores, essa não seria fruto de uma igualmente em escolas públicas e particulares,
intenção negativa dos pais, aspecto que carac- sugerindo que variáveis sócio-econômicas pa-
terizaria mais facilmente outros tipos, como o recem não proteger as crianças de experimentar
abuso físico ou sexual: durante a coleta de dados, a falta de interações de qualidade com os cuida-
muitos expressavam a opinião de que a “falta de dores e terem suas necessidades emocionais não
controle parental” estaria relacionada à falta de atendidas.
tempo para estar com os filhos, que concorre- Considerando que o tipo de estabelecimento
ria para interações marcadas pela indulgência, seja uma aproximação do nível econômico das
permissividade e incoerência na aplicação de famílias, as formas que parecem ter maior rela-
regras. ção com a desvantagem sócio-econômica são o

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“mau-trato físico” e o “trabalho infantil”, verifica- problema, pela qual se vai das formas mais sutis
da a tendência à associação de suas ocorrências às mais contundentes, fazendo-se acompanhar,
às escolas públicas. Quanto ao “mau-trato físico”, inicialmente, de conseqüências pouco evidentes
ainda que a punição corporal seja generalizada ou pouco valorizadas – em termos de gravidade
conforme mencionado acima, sendo as práticas – até o aparecimento de outras mais exuberan-
educativas implementadas pelas classes mais tes que indicam pela sua natureza uma maior
abastadas mais protegidas pelo “muro de silên- estruturação do problema 57. Embora mereça
cio”, estando as agressões físicas menos visíveis investigações específicas, tal proposição corro-
nesse contexto, o resultado encontrado corro- bora os apontamentos de Peres et al. 58 quanto
bora estudos que demonstram uma associação à existência de uma trajetória de incremento do
mais forte entre baixo status sócio-econômico e problema da violência envolvendo jovens em
maior recorrência a métodos disciplinares base- nosso contexto.
ados em punição corporal 50,51. Para finalizar, cumpre considerar que as
O “trabalho infantil”, aparecendo com maior formas com menores freqüências de identifica-
freqüência nas escolas públicas, refere-se parti- ção no contexto educacional – o “abuso sexual”,
cularmente às crianças mais velhas, o que pode “corrupção”, “mendicidade”, “trabalho infantil” e
indicar que a imposição desse à criança, além “ações delituosas” – talvez sejam de fato menos
visar à contribuição material, muitas vezes im- prevalentes, mesmo que se deva cogitar a pos-
prescindível, denunciando a precariedade em sibilidade de as suas identificações dependerem
que vivem 52, pode estar sendo concebido como de um conhecimento mais apurado de indica-
uma forma legítima de educação em algumas dores pertinentes e do cotidiano das famílias 59.
famílias. Especificamente em relação ao “abuso sexual”,
O “mau-trato físico” e o “emocional” são o forte tabu que o envolve pode propiciar uma
também tanto mais freqüentes quanto mais ve- atitude de evitamento em relação ao tema que
lhas são as crianças. Pensa-se que as aquisições aumenta a dificuldade dos educadores/profes-
desenvolvimentistas das crianças, somadas às sores em percebê-lo/revelá-lo 22,29.
dificuldades comportamentais/emocionais, de-
correntes da própria vivência de maus-tratos,
aumentam consideravelmente o desafio posto Conclusões
aos cuidadores de manejarem adequadamente o
comportamento dos filhos, incrementando sua O uso de informantes secundários para estimar
propensão ao abuso da força física e/ou emocio- problemáticas humanas/sociais introduz vieses
nal 29,49,53,54. que concorrem para que elas sejam sub ou su-
Assim, verifica-se uma dupla dinâmica: com peravaliadas 14. No caso dos educadores/profes-
o crescimento/desenvolvimento da criança, e o sores e da problemática dos maus-tratos, a in-
incremento dos desafios colocados pelo seu com- formação de que dispõem sofre a influência de
portamento, os responsáveis passariam a exercer sua subjetividade (sensibilidade/conhecimento)
um controle mais coercitivo sobre sua conduta, e da política educacional, que promove maior ou
caracterizado por ameaças e/ou pela punição menor abertura/resistência ao tema, havendo
corporal, e/ou “abrindo mão” disso, desenga- elementos para acreditar que em nosso contex-
jando-se ainda mais da tarefa de cuidar/educar to atual prepondere o problema da subdetecção
(quando, então, verifica-se a “falta de controle 3,41,60,61,62, fato que torna patente a necessidade

parental”) 55. É certo que tanto a primeira quan- de investimento em políticas que dêem relevo à
to a segunda dinâmica, ou ambas, acontecendo problemática nesse setor a fim de que os profis-
concomitantemente, têm conseqüências nega- sionais sejam mais bem preparados para a detec-
tivas para o desenvolvimento físico e sócio-emo- ção dos casos 37.
cional da criança. Ainda assim, verificou-se que no setor se sus-
Ressalta-se que também são as crianças mais peita de um número de casos bastante superior
velhas que sofrem mais tipos de maus-tratos si- ao oficialmente conhecido, denotando que o
multaneamente, lembrando que algumas inves- problema maior é o da subnotificação 60; situa-
tigações científicas apontam que experienciar ção que é muito grave na medida em que a notifi-
vários tipos tem suas próprias conseqüências 56. cação é ação fundamental à proteção infantil 5.
No conjunto, as informações concernentes Ademais, constatou-se que nesse contexto
aos maus-tratos mais freqüentemente identifi- parece-se capaz de identificar situações de maus-
cados no contexto educacional, segundo as ob- tratos “latentes” ou em instalação, que tendem a
servações de seus profissionais – as Negligências, se agravar ao longo do tempo. Se esses se tornas-
o Abuso Psicológico e o Físico –, permitem vis- sem conhecidos e fossem avaliados para receber
lumbrar uma dinâmica desenvolvimentista do o devido acompanhamento, estar-se-ia consoli-

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dando uma importante ação relativa à prevenção diagnósticos que retratem a ocorrência do pro-
secundária, baseada na identificação precoce blema nesse âmbito 5.
dos problemas 5, com a minimização de oportu- Vale dizer que, estruturando-se para também
nidades perdidas no tocante às possibilidades de prestar uma intervenção precoce no/em parceria
intervenção em violência contra a criança 3. com o setor educacional, numa lógica de traba-
Para o estabelecimento desse quadro seria lho em rede, que é certamente a mais promissora
fundamental que houvesse a articulação entre forma de trabalho frente à tão complexa proble-
os setores da saúde e da educação, talvez sob o mática, o próprio setor da saúde se beneficiaria a
enfoque da saúde do escolar, para melhor iden- longo prazo com a provável redução das deman-
tificar as ocorrências de maus-tratos e aprimorar das em nível terciário 1,5,22,26,63,64.

Resumo Colaboradores

Os números oficiais dos maus-tratos infantis não cor- J. M. Faleiros contribuiu com a concepção e com a reda-
respondem à realidade, pois muitos casos não são no- ção do artigo, revisando a literatura, realizando as aná-
tificados. No presente estudo, buscou-se estimar a pre- lises e elaborando os gráficos, bem como participando
valência em crianças de 0 a 10 anos matriculadas em da discussão dos resultados. A. S. A. Matias contribuiu
estabelecimentos educacionais da rede pública e par- com a estruturação da metodologia empregada na pes-
ticular da cidade, com base em informações obtidas quisa, supervisionou a coleta de dados e auxiliou na
junto aos educadores/professores, partindo do pressu- revisão da literatura. M. R. Bazon concebeu a pesquisa e
posto de que eles estão bem posicionados para identi- o artigo apresentado, tendo realizado a revisão final.
ficá-los, e comparar essa prevalência com a oficial. O
instrumento utilizado foi a Cartilha Epidemiológica
e a amostra, aleatória e representativa, composta por
305 professores, responsáveis por 6.907 crianças. A pre-
valência obtida, de 5,7%, contra 0,3% calculada com
os dados dos Conselhos Tutelares, corroborou a hipó-
tese de que a oficial representa tão somente a ponta do
iceberg. As modalidades mais freqüentemente identifi-
cadas, tanto nos estabelecimentos públicos quanto nos
particulares, foram as negligências e os abusos psico-
lógicos, às quais geralmente se dá menor importância,
por serem consideradas menos graves. Denotou-se,
contudo, um agravamento das problemáticas ao longo
das idades, indicando a importância de um trabalho
em rede, para a detecção, notificação e intervenção
precoce nessas situações, na lógica da prevenção se-
cundária.

Violência Doméstica; Maus-Tratos Infantis; Prevalência

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