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Análise Econômico-

Financeira dos
Clubes de Futebol
Brasileiros | 2018

Dados Financeiros de 2017


Introdução

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2017 | Nada de novo debaixo do Sol

O ano de 2017 no futebol brasileiro nos remete ao Rei Salomão.

Assim como o Sol se levanta e se põe, se levantando novamente no mesmo lugar; assim como o vento que sopra de um lado a
outro, dá voltas mas segue sempre seu curso, o futebol brasileiro não trouxe nada de novo em 2017. Mas esta falta de novidade
vem coberta por um manto de ilusionismo, que tenta nos fazer crer que há algo de bom. Mas não há nada de novo debaixo do Sol.
Tudo que vemos já existiu há muito tempo e vemos a cada ciclo.

Em 2016 vimos que o comportamento dos dirigentes de futebol é conhecido e se repete: mais dinheiro, mais gastos, nenhuma
preocupação com o futuro, o que vale é hoje. Em 2017 seguimos esta jornada, nos repetindo e andando em círculos.

Apesar das receitas crescerem, mesmo as recorrentes, ainda assim a origem desse crescimento veio de forma concentrada. Não
houve melhor desempenho da indústria do futebol mas sim de alguns players deste jogo. Seja na Venda de Atletas, na Publicidade
ou na Bilheteria, apenas alguns poucos foram responsáveis pelo crescimento. Estratégias individuais, objetivos específicos
catapultando os dados consolidados e trazendo uma ideia equivocada de que houve evolução. Palmeiras, Flamengo, São Paulo e
Grêmio se destacam.

Enquanto isso os custos e despesas continuaram crescendo e ocupando o salto de receitas. Investimentos gerais não mudaram
muito, nem as Dívidas. Mais receitas usadas para pagar as contas correntes, mas deixando as dívidas de lado, sem fazer reservas
para os dias mais difíceis que virão. Afinal, o Profut começará a vencer, as regras de distribuição de Direitos de TV mudarão, e isso
vai pressionar o fluxo de caixa dos clubes em 2019.

Mas a sensação é de que analisar o futebol brasileiro, com algumas raras exceções – que também são as de sempre – parece
como correr atrás do vento. Como está estruturado, o que é torto não pode ser endireitado, o que está faltando não pode ser
contado.

Por mais que se faça um esforço na tentativa de encontrar novidades e ar fresco, percebemos analisando os dados de 2017 que o
que foi voltou a ser, o que aconteceu agora ocorrerá de novo em seguida. Ainda dependeremos de vender atletas para fechar
nossas contas, e isto significa perder potenciais estrelas e destaques para nos reforçar com incertezas. Sem contar que
desestruturamos nossos times, e isto se traduz na tradicional imprevisibilidade do nosso campeonato, que muitos enxergam como
competitividade.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
2017 | Nada de novo debaixo do Sol

São dois anos de crescimento de receitas, por motivos diferentes, e ainda assim a estrutura do futebol foi incapaz de se organizar
de maneira estrutural. Ninguém se lembra do que se viveu no passado, não há recordações do que já aconteceu, e então tudo se
repete.

Não se trata de uma avaliação alarmista. Da mesma forma que nos repetimos, ao menos não nos deterioramos. Apenas não
aproveitamos mais uma oportunidade em lapidar o que é bruto e transformar em joia.

Os desafios a partir de 2018 serão grandes, e em 2019 a realidade será outra. Os Direitos de TV, que hoje são pagos em grande
parte ao longo do ano terão 30% pagos apenas ao final do campeonato, de acordo com a classificação final. Ou seja, o fluxo de
caixa dos clubes vai apertar. O Profut começa a vencer e vemos que muitos não terão capacidade de pagá-lo sem pressionar ainda
mais as finanças.

Então, remetemos novamente ao Rei Salomão, ao dizer que “se esforçou ao máximo para compreender a sabedoria, bem como a
loucura e a insensatez; contudo, aprendeu que isto também é correr atrás do vento”. E percebemos que sem uma mudança real e
estruturada, o futebol brasileiro será sempre assim: idas-e-vindas, para tudo permanecer como sempre.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Disclaimer

Sempre importante lembrar

Este é um trabalho feito pelos profissionais da Área de Crédito do Itaú BBA, baseado exclusivamente em informações públicas e
sem que tivéssemos qualquer contato com os clubes para explorar eventuais dúvidas e aprofundar algumas questões.

O objetivo é meramente informativo e tentamos apresentar aos Torcedores a visão de uma equipe técnica e multiclubística
sobre a condição financeira do Futebol Brasileiro e seus Clubes.

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme
dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que
disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Por conta disso, podemos afirmar que o material reflete a realidade “pública” de cada clube, e nossas avaliações são feitas com
base em hipóteses técnicas, apenas. Por isso, quando falamos em “atrasos”, isto reflete uma avaliação técnica das
movimentações contábeis, baseado nos dados disponíveis. Trata-se de hipótese técnica e são suposições, apenas, e justificam o
fechamento do fluxo de caixa do período.

Não temos também qualquer contato com Patrocinadores, Federações, Parceiros, de forma que nossas avaliações consideram
informações publicadas pela Imprensa como única fonte externa aos Balanços, inclusive entrevistas e matérias feitas com
Dirigentes.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sumário
1. Introdução 2 2. Clubes | Análise Individual 49
1.1 | 2016 | Nada de novo debaixo do Sol 3 2.1 | Alguns Conceitos Básicos 50
1.2 | Disclaimer 5 2.2 | América MG 51
1.3 | Nossos Critérios 7 2.3 | Atlético MG 57
1.4 | Receitas 10 2.4 | Atlético PR 63
1.5 | Receitas Operacionais 11 2.5 | Avaí 69
1.6 | Receitas | Tratamento a Valor Presente 12 2.6 | Bahia 75
1.7 | Receitas | TV, sempre ela 13 2.7 | Botafogo 81
2,8 | Ceará 87
1.8 | Receitas | Crescimento 14
2.8 | Chapecoense 93
1,9 | Receitas | Recorrente 15
2.9 | Corinthians 99
1.10 | Receitas| Direitos de TV 16
2.10 | Coritiba 107
1.11 | Receitas | Direitos Federativos 17
2.11 | Criciúma 113
1.12 | Receitas | Direitos Federativos 18
2.12 | Cruzeiro 119
1.13 | Receitas | Publicidade 19
2.13 | Figueirense 125
1.14 | Publicidade | Concentração 20 2.14| Flamengo 131
1.15| Publicidade | Detalhe por Clube 21 2.15 | Fluminense 137
1.16 | Publicidade no Mundo 22 2.16 | Goiás 143
1.17 | Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor 23 2.17 | Grêmio 149
1.18 | Receita da Bilheteria | Por Clube 24 2.18 | Internacional 155
1.19 | Sócio Torcedor | Relevância 25 2.19 | Paraná Clube 161
1.20 | Receitas | Concentração 26 2.20| Palmeiras 168
1.21 | Concentração | Top 5 faz diferença 27 2.21| Ponte Preta 174
1.22 | Custos, Despesas e EBITDA 28 2.22 | Santos 180
1.23 | EBITDA | Efeito Palmeiras e Flamengo 30 2.23 | São Paulo 186
1.24 | Comportamento do EBITDA Recorrente 31 2.24 | Sport 193
1.25 | Investimentos 32 2.25 | Vasco da Gama 199
1.26 | Investimentos | Categorias de Base 33 2.26 | Vitória 205
1.27 | Investimentos | Origem do Dinheiro 35
1.28 | Dívidas 37
3. Avaliação de Desempenho | Gráfico 211
1.29 | Dívidas | So far. so good 38 4. Avaliação de Desempenho | Brasileirão 221
1.30 | Dívidas | Alavancagem 39
1,31 | Profut | É possível pagá-lo? 40 4. Correlações entre Títulos e Finanças 228
1.32 | Dívidas: resumindo 41
1.33 | Fluxo de Caixa Livre 42
5. Atualização: 2017 vs hoje 236
1.34 | Gastos Totais 43 6. Futebol no Brasil x Europa 242
1.35 | Geração de Caixa Livre 44 7. Conclusões 247
1.36 | Fluxo de Caixa Livre por Clube 45
1.37 | Fluxo de Caixa: a chave da análise 46 8. Escalação 249
9. Referência 251

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Nossos Critérios | Deixando as regras claras

Antes de iniciarmos a partida é importante deixarmos claro quais as regras do jogo. Se a regra é clara, não há discussão. Para isso
o primeiro passo é ajustar os balanços e torná-los comparáveis. lembrando sempre que os critérios de Contabilização e os Critérios
de Análise Econômico-Financeira não são e nem precisam ser os mesmos. Análise é justamente a maneira de interpretar os
conceitos contábeis. E esta explicação faz toda a diferença entre tabular dados e analisar.

RECEITAS | As Receitas Totais consideram tudo que é Operacional, ou seja, tudo que foi gerado no dia-a-dia do Clube e que tem
recorrência direta. Entretanto, fazemos uma segunda derivada, que é utilizar o conceito de Receita Recorrente, onde excluímos a
Venda de Atletas, pois apesar de ser operacional, é muito errática, e para fins de gestão deveria ser desconsiderada nos
orçamentos. Nas análises deste ano nos deparamos com algumas receitas que não são operacionais, como Perdão de Dívida e
Abatimento de Impostos. Estas e outras com mesma características foram deduzidas das Receitas Totais e Recorrentes. Outro
ajuste que fazemos nas receitas está relacionado à Venda de Atletas. Sempre que houver terceiro com parte do direito econômico
e comissão de negociação, deduzimos estes valores das Receitas com Venda de Atletas, justamente para apresentarmos o valor
que acaba no caixa do clube. Na prática a parte que pertence ao terceiro não é de propriedade do clube e só transita pelo
demonstrativo de resultados por determinação da FIFA. A as comissões também não são recursos do clube. Para fins de Geração
de Caixa esta alteração não tem impacto, mas para quem gosta de rankings isto mudo um tanto as relações.

LUVAS DE TV | São comuns, de certa forma Operacional, pois estão atreladas ao principal contrato dos clubes, mas não é
recorrente. Portanto, para fins de análise, consideramos como Não Operacional, o que as exclui do EBITDA.

AJUSTES DE MOVIMENTAÇÕES SEM EFEITO NO CAIXA | No balanço dos clubes há muitas movimentações que são
meramente contábeis, como o lançamento de Provisões para Contingências e correção de Impostos Parcelados/Profut. Fazemos
os ajustes e excluímos tanto das Despesas/Receitas Operacionais como das Receitas/Despesas Financeiras e lançamos para
Resultado Não Operacional.

GERAÇÃO DE CAIXA (EBITDA) | Usamos a expressão EBITDA (Earnings Before Interest, Depreciation and Amortization) par
definir o valor que sobra para o clube após pagar seus custos e despesas correntes. É o que se chama de Geração de Caixa, pois
após comprar matéria-prima, transformá-la e vendê-la, é quanto esta atividade de transformação gerou de valor. Na prática do
futebol, é quanto sobra de dinheiro para o clube pagar suas dívidas e fazer investimentos.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Nossos Critérios | Deixando as regras claras

DÍVIDAS | Este é um item que costuma divergir do que outros analistas fazem. Conceitualmente restringimos a análise das Dívidas
aos 3 grupos que mais afetam o fluxo de caixa de um clube. Na prática, são as Dívidas que podem levar o Clube a dificuldades.
São elas: BANCÁRIAS: Dívidas com Bancos e Pessoas Físicas que cobram taxas similares; OPERACIONAIS: São os
Fornecedores, cujo maior parte vem de valores a pagar a Clubes pela aquisição de Atletas e Despesas Provisionadas, que são as
parcelas de salários e Encargos Sociais e Tributários a serem pagas no mês; IMPOSTOS: são os valores devidos de Impostos
tanto de curto prazo (parcelas que vencem no ano) como de longo prazo, equacionados ou não no Profut, e as Provisões para
Contingência de curto e longo prazos, visto que são potenciais problemas no futuro. Na conta de DÍVIDA TOTAL, excluímos
apenas a parcela de Disponibilidades (Caixa), pois os demais Ativos, por mais líquidos que possam ser, conceitualmente ainda
podem deixar de ser recebidos, enquanto a Dívida necessariamente deve ser paga. Mesmo a FIFA determinando sanções duras
contra clubes que não fazem seus pagamentos de aquisições de atletas de outros clubes, ainda assim optamos por não usar esta
conta deduzindo das Dívidas. Inclusive, o conceito mais comum de Dívida Líquida utilizado pelo mercado de capitais utiliza apenas
as contas de Bancos e Caixa, e varia conforme a indústria. O uso de todos os Ativos e Passivos, exceto Permanente traz para a
conta de dívida uma série de itens que nem sempre tem efeito caixa e são meros registros contábeis. Logo, a análise e segregação
entre o que impacta o caixa e o que não impacta nos dá uma visão mais realista de quanto os clubes devem.

INVESTIMENTOS | No balanço o Direito de Imagem está junto do valor dos Atletas o Direito de Imagem. Quando está informado,
excluímos do Permanente e lançamos no Realizável a Longo Prazo.

NCG (Necessidade de Capital de Giro) | São os financiamentos operacionais, e geralmente num clube de futebol eles “ajustam” as
receitas e os investimentos. Primeiro vamos pensar no impacto no caso das Receitas com Vendas de Atletas. Muitas vezes as
vendas são pagas à prazo. Pense no seguinte cenário: um atleta é vendido por 10, mas o valor será pago em 2 anos, sendo 5
agora e 5 no ano que vem. Nas receitas aparecerá 10 como venda de atletas, mas no fluxo de caixa aparecerá “-5”, que é uma
dedução da receita, pois o valor só entrará no caixa no próximo ano. No caso dos Investimentos em Compras de Atletas a ideia é a
mesma. O clube compra um atleta por 10 para ser pago em duas vezes, uma já e outra no ano seguinte. No fluxo de caixa
aparecerá “-10” como investimento (é uma saída de dinheiro do caixa do clube), mas na NCG aparecerá 5, que é a parcela a ser
paga no ano seguinte. Ou seja, o clube gastou efetivamente apenas 5 no ano, da mesma forma que entrou apenas 5 no caixa no
caso da venda. Isto é importante para ajustar e entender a dinâmica do fluxo de caixa dos clubes.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Nossos Critérios | Deixando as regras claras

BOA NOTÍCIA | Para 2018 os clubes deverão adotar um padrão único que foi desenvolvido pela APFUT – Autoridade Pública de
Governança do Futebol – em conjunto com especialistas contábeis e o Conselho federal de Contabilidade. Isto não reduzirá os
ajustes necessários para transformarmos um Demonstrativo Financeiro numa Análise Financeira, mas vai possibilitar melhor
compreensão dos números dos clubes.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 10
Receitas Operacionais
Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões

* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas

De maneira geral 2017 foi um bom ano em termos de Receitas. Tanto as Totais, que incluem Venda de Atletas como
as Recorrentes, que excluem essas vendas, tiveram crescimento relevante, de 17% e 11% respectivamente.

Considerando um ano em que o PIB cresceu 1% e a inflação (IPCA) foi de 2,95%, estes valores são realmente
positivos. A partir das próximas páginas vamos detalhar este número bruto e verificar como ele foi formado, o que nos
dará uma visão mais clara sobre a consistência dele.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Tratamento a Valor Presente
Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões

* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas

Como sempre ressaltamos, a análise de qualquer série histórica relacionada a finanças requer tratamento considerando impactos
inflacionários, especialmente num país como o Brasil, que a despeito da forte redução após o Plano Real ainda é suscetível a movimentos de
elevação de preços vez ou outra. Nesta página observamos a evolução das Receitas Totais e Recorrentes tanto em termos nominais como
em termos reais (corrigidas pelo IPCA).

Primeiro aspecto positivo é que ambas as receitas cresceram acima da inflação pelo segundo ano consecutivo. Ou seja, de forma agregada a
indústria do futebol teve desempenho acima da média da economia como um todo.

Nas Receitas Totais o crescimento real foi de 13,3% enquanto nas Receitas Recorrentes este crescimento foi de 7,5%. Aqui já temos um
primeiro sinal: a venda de Atletas teve desempenho superior às demais linhas de receitas. Se tomarmos os anos de 2015 e 2016 vemos que
as duas formas de apurarmos receitas caminharam praticamente da mesma forma, o que mostra que o conjunto evoluiu de forma equivalente,
Em 2017, diferentemente, as Vendas de Atletas foram importante impulso ao crescimento. Mas é importante não perdermos de vista que a
despeito disso, as receitas se comportaram bem quando analisadas de forma agregada.

E como terá sido o desempenho isoladamente? Abre no lateral e segue a jogada.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | TV, sempre ela.
Breakdown das Receitas Totais por Origem

Analisando a evolução linha a linha percebemos claramente


o que foi comentado na página anterior: a Venda de Atletas
impulsionou consideravelmente as Receitas Totais,
R$ milhões

crescendo 55% em relação a 2016, passando a ser a


segunda maior receita da indústria no ano passado.

Enquanto isso, o carro-chefe das receitas, os Direitos de TV


ficou praticamente estável, com crescimento de 3%, que
representa praticamente a recomposição inflacionária.
Depois do grande salto de 2016 (+32%), era natural esta
estabilização.

Observamos também um bom desempenho em todas as


Comportamento das Receitas por Origem demais linhas de receitas. Em Publicidade e Patrocínio
tivemos crescimento de 31%, enquanto na Bilheteria/Sócio
Torcedor o aumento foi de 21%.
+3%
Quem desempenhou de maneira bastante inferior, ainda que
tivesse crescimento, foram as receitas com Estádio, que
+27%
evoluíram 9%.
R$ milhões

+55%
O detalhe da receita chamada de Outros é que sua
+21%
composição é bastante heterogênea, e vai de prêmios
recebidos por conquistas a receitas patrimoniais. Ou seja,
+9% muito difícil de avaliar sua estrutura, mas positivamente o
comportamento tem sido de crescimento contínuo.
+11%

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Crescimento em diversas frentes
Breakdown das Receitas Totais por Origem

Aprofundando um pouco mais o dado consolidado


vemos que a receita com Direitos de TV voltou aos
patamares históricos, ao retornar a 42% do total, depois
R$ milhões

de ter subido a metade das receitas em 2016. Como


esta receita praticamente não se alterou em 2017 e as
demais cresceram bastante como vimos na página
anterior, era natural que tivesse reduzido sua
relevância, a despeito de ainda se manter a mais
importante para os clubes brasileiros. Nesse sentido, e
antecipando temas, veremos como esta receita é
relevante não apenas no Brasil, mas na maioria dos
clubes europeus.
Comportamento das Receitas por Origem
E confirmando o destaque apontado anteriormente, a
Venda de Atletas representou 16% do total, enquanto as
demais pouco se alteraram proporcionalmente. Assim, é
possível dizer que a Venda de Atletas “roubou” espaço
da TV, o que não é exatamente positivo, à medida em
que esta receita é menos previsível e oscila muito de
R$ milhões

clube a clube, o que numa análise consolidada acaba


mascarado.

Para melhorar o entendimento das Receitas vamos a


partir de agora analisá-las de maneira individual e
entender seus comportamentos.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Detalhes das Receitas Recorrentes
Evolução das Receitas Brutas Recorrentes | R$ milhões Breakdown das Receitas Recorrentes

* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas

Aqui vamos iniciar analisando o comportamento das Receitas que são mais facilmente administráveis, as chamadas
Recorrentes. Analisaremos as Vendas de Atletas em outro momento. Reforçando o que sempre comentamos, estas
são as receitas em cima das quais os clubes tem alguma gestão e podem ser usadas para montar orçamentos
factíveis. É um equívoco comum dos clubes incluir venda de atletas nos orçamentos, como se fosse previsível esta
realização. Sem contar que deixa os clubes em situação mais delicada de negociação, à medida em que os
compradores sabem da necessidade dos vendedores.

Nos gráficos acima temos a evolução das Receitas Recorrentes agregadas da amostra em termos nominais e reais
(ajustadas pela inflação). Note que após 3 anos de estabilidade (2013, 2014 e 2015) houve início de uma
recuperação, com crescimentos robustos em 2016 (13%) por conta do aumento na receita com Direitos de TV e em
2017 (7%) baseado fortemente em Publicidade e Propaganda e Bilheteria/Sócio Torcedor, conforme mostra o gráfico
de Breakdown das Receitas Recorrentes. Neste gráfico temos a variação anual das receitas por origem, onde é
possível observar a dimensão das variações. Note também que em 2017 todas as receitas foram positivas, conforme
já apontado, mas aqui a dimensão fica bastante clara.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Direitos de TV
Receita com Direitos de TV Evolução das Receitas | Nominal x Real
R$ milhões

A maior parte das receitas dos clubes brasileiros vem das vendas de Direitos de TV. Antes de avaliar a movimentação é importante salientar que estas receitas
são a soma das receitas de todos os campeonatos disputados ao longo do ano. Ou seja, é importante estar claro que não se trata apenas do Campeonato
Brasileiro. Aqui estão o Estadual, Copa do Brasil, Libertadores, Sulamericana e Brasileiro, que se divide entre TV Aberta, TV Paga e Pay-Per-View.

Naturalmente que a maior das receitas é a do Campeonato Brasileiro, estimada a partir de matérias divulgadas pela imprensa em algo como R$ 1,1 bilhão, o que
dá pouco mais da metade de todas as receitas com Direitos de TV. É só uma estimativa. Mas veja que as grandes variações são observadas justamente quando
os contratos do Campeonato Brasileiro são renovados, o que mostra a importância deste campeonato na divisão geral.

Entretanto, vemos dois picos claros, em 2012 e 2016, quando o novo modelo entrou em vigor e quando foi reajustado, ainda baseado no contrato original. Como
nos demais anos houve apenas correção inflacionária, isto significa que outros campeonatos e a maior adesão ao pay-per-view ajudaram a impulsionar esta
receita.

Mas a partir de 2019 haverá uma mudança importante na distribuição das receitas de TV Aberta. Se hoje elas são negociadas individualmente com cada clube, a
partir de 2019 serão distribuídas considerando o seguinte: 40%¨de forma igualitária entre os 20 clubes da Série A; 30% em função do desempenho no
campeonato (classificação, onde o campeão recebe mais); 30% pela presença ao vivo na TV (haverá equilíbrio de transmissões baseadas nas audiências
históricas e tamanho das torcidas) . Além de equilibrar as receitas, haverá uma mudança no fluxo de caixa. Hoje os clubes recebem o valor anual distribuído ao
longo do ano. A partir de 2019 os 30% de distribuição por desempenho serão pagos apenas ao final do campeonato, em Dezembro. Ou seja, os clubes perderão
parte do caixa que utilizam ao longo do campeonato, determinando que a gestão financeira seja ainda mais robusta e atenta.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Venda de Direitos Federativos
Evolução da Receita Anual | Reais x Dólares Efeito do Câmbio

A segunda maior fonte de receitas dos clubes Brasileiros em 2017 tem um


comportamento errático. Como qualquer produto de exportação, há forte
impacto do câmbio na conta, pois os negócios são feitos em Dólares e Euros
mas o que entra no caixa dos clubes são Reais. Logo, com a multa fixada em

R$ milhões
moeda forte, desvalorizações cambiais são aliadas dos clubes de futebol, pois
os mesmos Euros significam mais Reais. Comparativo | 2017 x Mediana do Clube
Houve aumento de 72% nas receitas em Dólares, o que significou 59% a mais
em Reais. Número realmente impressionante, o maior da série e
possivelmente o maior da história do futebol brasileiro.

Destaque de vendas novamente foi o São Paulo, que pelo segundo ano
consegue valores substancialmente acima de sua mediana. O Flamengo foi
destaque em 2017 por conta da venda de Vinícius Jr, e sua mediana é
bastante baixa porque não vinha sendo prática do clube realizar vendas de
atletas para os demais, exceto o Corinthians que teve em 2017 sua mediana,
os demais venderam bem acima.

Na análise da Geração de Caixa recorrente voltaremos a este tema. A forte


necessidade de venda de atletas gera impactos esportivos, pela troca
constante de elenco, mas um risco de gestão, pois os clubes que fazem em
demasia acabam reféns destas vendas e quando não acontecem, geram
buracos relevantes na sua gestão de fluxo de caixa.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Venda de Direitos Federativos
12 Maiores Vendedores | Acumulado 2010-2017
Em R$ milhões

Temos aqui o acumulado em dois períodos: de 2010 a 2016 e depois de 2010 a 2017, e que mostra não apenas quem são os
grandes vendedores de atletas, mas também como eles se comportaram em 2017.

O São Paulo continua sendo o maior vendedor de atletas do Brasil, e em 2017 ampliou a “vantagem” em relação ao Corinthians,
que permanece na segunda posição. Na sequência a novidade é que o Santos passou o Internacional, assim como Atlético Mineiro
ultrapassou o Cruzeiro. Além disso, um pouco mais adiante aparece o Flamengo, que não fazia parte da lista anteriormente.

Aqui não se trata de um ranking, e muito menos algo para celebrar. A venda de atletas se tornou parte do negócio, de maneira
equivocada. Cobre buracos no lugar de servir de fonte de recursos para novos investimentos. Esportivamente empobrece a
qualidade do espetáculo, pois os clubes vendem atletas que estão bem e são obrigados a contratar outros que são apostas,
demandam tempo de adaptação. No lugar de pensar este gráfico como um ranking, os clubes deveriam avaliar se esta é uma
prática efetiva ou apenas uma forma de enxugar gelo.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Publicidade
Receitas em alta...

Depois de 3 anos de estabilização em


R$ milhões

termos nominais e queda em termos


reais, eis que as receitas com
Publicidade apresentaram crescimento
relevante em 2017: foram 27% em
termos nominais e 24% em termos
reais. Mas estamos falando de um
movimento agregado, pois somamos
aqui as receitas dos 27 clubes da
amostra. Mas será que este foi um
movimento generalizado, ou seja,
...mesmo em relação à inflação. houve maior demanda pelo produto
futebol e isto gerou este aumento? Ou
temos apenas movimentos pontuais e
trabalhos mais vencedores de alguns
clubes?

Nas próximas páginas vamos abordar


este tema e ainda apresentar mais
sobre a relação entre Publicidade no
Futebol e Investimento Publicitário no
Brasil e nas principais ligas da Europa.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Publicidade: efeito concentrado

Variação Anual
Em R$ milhões

Nem tudo que reluz é ouro, nos lembra um velho dito popular. O crescimento de 31% nas Receitas com Publicidade, que representaram mais R$ 154 milhões
no dado consolidado, não foram exatamente uma mudança de visão sobre a indústria do futebol. Na prática o que observamos foi um aumento absolutamente
concentrado em 4 clubes, com outros 3 clubes se beneficiando em menor escala. Para os demais 18 clubes não houve incremento significativo e alguns até
perderam receita.

Palmeiras, Flamengo, São Paulo e Grêmio puxaram a fila e representaram 66% do aumento, ou R$ 101 milhões. Na sequência Santos, Corinthians e Botafogo
responderam por outros 21%, ou R$ 33 milhões. Juntos esses 7 clubes abocanharam novos R$ 134 milhões em receitas com publicidade. E isto, convenhamos,
não chega a ser um movimento estruturado, e sim ações pontuais com estes clubes. Vamos tentar entendê-las.

No Palmeiras, que investiu R$ 161 milhões na aquisição de atletas em 2017 os R$ 40 milhões adicionais vieram da Crefisa para ajudar nas contratações. Isto
representou 26% de todo o aumento observado nas receitas com publicidade. No caso do Flamengo houve efetivo aumento nas receitas, com agregação de
novos patrocinadores, o mesmo observado com o São Paulo e Grêmio. No caso do clube paulista a situação se reverteu de forma impressionante, uma vez que
no início do ano o clube havia perdido patrocínio master. O Grêmio surfou bem a onda do bom desempenho esportivo e da presença no Mundial.

Santos, Corinthians e Botafogo tiveram desempenho acima da média – o crescimento médio foi de R$ 6 milhões por clube – e trabalharam bem num cenário
adverso. Os demais 18 clubes não obtiveram o mesmo sucesso, reforçando o que foi dito inicialmente: não tivemos um incremento na indústria, mas sim
movimentos pontuais.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Publicidade | Detalhe por Clube
Flamengo e Corinthians recorrentes; Palmeiras crescendo de forma desproporcional
Em 2017 vimos a repetição dos Top 5 com
Palmeiras, Corinthians, Flamengo, São Paulo e
Grêmio. Isto mostra que, de fato, estes 5 clubes
acabam se destacando em termos de
exposição, guardada a devida ressalva em
relação ao Palmeiras.

Aliás, o Palmeiras é um tema recorrente nos


debates relacionados ao tema Receitas com
Publicidade no Futebol Brasileiro. No gráfico
abaixo vemos que é inegável que as receitas
obtidas pelo Palmeiras estão acima do que se
observa em clubes com número semelhante de
torcida. Esta relação é algo que pode balizar a
capacidade de penetração da marca do clube,
junto a exposição e credibilidade, para ficar em
R$ milhões itens mais óbvios.

Receita de Publicidade por Torcedor | R$/Torcedor/Ano Entretanto, observamos também que Grêmio e
Botafogo conseguem valores que estão
proporcionalmente próximos aos do Palmeiras,
lastreados nos bons desempenhos e exposições
em 2017.

Fato é que a Crefisa injeta muito dinheiro no


Palmeiras e obtém retorno, sendo inclusive
patrocinador único da camisa. Lembramos
também que na composição das receitas ainda
há a parcela proveniente da fornecedora de
material esportivo. Esta, inclusive, é uma receita
que vai diminuir ao longo do tempo com a
mudança na postura comercial dos
fornecedores, que estão deixando de pagar
grandes somas sem vínculo com vendas e
passando a pagar apenas “comissões” de
venda.

Não conseguimos avaliar o retorno para a marca


Crefisa, mas empiricamente é inevitável
associá-la ao Palmeiras e ao Futebol.
* Milhões de torcedores apurados na pesquisa Datafolha 2018

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Publicidade | Brasil e Mundo
Tamanho do Mercado Publicitário Mercado Publicitário / PIB

Receita das Ligas/Clubes com Publicidade Receita de Publicidade do Futebol / Investimento Publicitário no País

Milhões de €

Comparando o que se investe em Publicidade no Futebol Brasileiro com ligas européias observamos que estamos muito aquém em termos de
valores recebidos. Apesar do mercado publicitário brasileiro ser muito grande, maior que os europeus, o que é destinado ao futebol é uma
pequena fração. Houve um aumento em 2017, mas ainda mantendo o Brasil numa posição inferior aos demais. Veja que se chegássemos ao
percentual observado na França nossa receita com publicidade saltaria para algo como R$ 3,9 bilhões anuais.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor
Evolução das Receitas... ...e sua composição, em valores nominais.

Dados corrigidos pelo IPCA para moeda corrente de 2016.

R$ milhões
Público do Campeonato Brasileiro
As receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor apresentaram crescimento importante em
2017: foram 22% em termos nominais e 18% em termos reais. Mais uma vez os Sócios
Torcedores representaram a maior parte dessas receitas. Vale lembrar que nessa
conta não incluímos as receitas com Bilheteria do Corinthians, pois estas estão
vinculadas às dívidas de seu estádio.

Ao lado temos a evolução histórica do público e renda do Campeonato Brasileiro.


Vemos que há pouca variação anual, e em 2017 a média de público foi 5% superior a
2016, enquanto o ticket médio real foi 6% menor. Assim, a renda média real foi 2%
menor em relação a 2016.

Se tomarmos o público de 2015 em relação a 2017 temos redução de 4,5%, mesmo


com o ticket médio caindo 16%. Ou seja, não basta preço menor do ingresso para atrair
público; é preciso mais que isso, e passa por qualidade e aumento de renda do
torcedor.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receita de Bilheteria | De onde veio o aumento
R$ milhões

Valores em R$ milhões

Assim como fizemos nas receitas com publicidade, vamos apurar de onde veio o aumento nas receitas com Bilheteria/Sócio Torcedor.
Novamente, precisamos avaliar se trata-se de um aumento generalizado ou apenas em alguns nomes. No gráfico acima temos uma escala
começando de quem teve o maior acréscimo para quem teve a maior queda.

O aumento total foi de R$ 128 milhões, sendo que as seis maiores variações representam 96% deste valor, uma vez que parte relevante dos
clubes teve queda de receitas. No caso do Flamengo o fato de jogar 3 finais e atuar boa parte do Campeonato Brasileiro num estádio menor,
conseguindo cobrar valores médios bem cima da média do campeonato, explica este crescimento. No Corinthians este número reflete a
parcela de sócios torcedores que não converteram suas mensalidades em ingresso. Ser Campeão Brasileiro ajudou a crescer este número.
O mesmo vale para o Grêmio e sua Libertadores. Já Palmeiras, Santos e Botafogo disputaram vários campeonatos, inclusive Libertadores, e
isto ajuda a crescer Bilheteria e Sócio Torcedor.

Na ponta oposta vemos Internacional (jogando Série B), São Paulo (chamando torcedor para lutar contra a Série B) e Atlético Mineiro
(desempenho bem inferior a 2016) com quedas relevantes.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sócio Torcedor | Relevância

Aqui temos a relevância do Sócio Torcedor dentro das receitas com Bilheteria. Não houve grande alteração em relação aos anos
anteriores. Vemos, entretanto, que a grande maioria dos clubes se utiliza desta prática para garantir receitas, antecipando o fluxo de
caixa dos jogos.

Infelizmente alguns clubes não deixaram claro seus dados de sócios torcedores, por isso apresentam 100% de bilheteria, ou mesmo
não apresentaram informações detalhadas de bilheteria e não possuem informação.

Também cabe uma explicação sobre o conceito: não sabemos ao certo como os clubes apresentam a informação acima. Por exemplo,
não sabemos dizer se os sócios torcedores que converteram sua mensalidade em ingressos aparecem na lista acima como Sócios
Torcedores ou como Bilheteria. Se estiverem dentro de Bilheteria esta conta é ainda mais favorável aos programas. Trabalhamos tão
somente com o dado apresentado, mas fica a dúvida.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Concentração

Concentração de Receitas Evolução da diferença entre os blocos

Evolução em base 100 das diferenças


Desde 2015 vemos crescer a concentração nos 5 maiores clubes
em receitas, que nem sempre são os mesmos (vide página
seguinte).

A despeito de todos os blocos crescerem, especialmente o bloco


das menores receitas – do 16º ao 28º - como a base inicial já era
descolada, os maiores estão cada vez maiores. E isto significa que
lhes sobra mais dinheiro em comparação com os demais clubes.
Mais dinheiro, se bem aplicado, forma equipes mais fortes e
competitivas.

No gráfico da Evolução das diferenças entre os blocos, logo acima,


mostramos que exceto por 2014 a diferença dos 5 maiores em
relação ao segundo bloco cresce consistentemente, gerando um
degrau inalcançável no médio prazo.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Concentração | Top 5 faz diferença
Clubes com as 5 Maiores Receitas do Futebol Brasileiro por ano

Na tabela acima temos a relação do Top 5 nos últimos 8 anos, comparando com os clubes que foram campeões brasileiros e da
Copa do Brasil.

Uma informação importante: o Fluminense campeão de 2010 e 2012 tinha parte de seu elenco custeado por um patrocinador e
estes valores não entravam no balanço do clube, distorcendo a informação de receita. É possível inferir que se os custos salarias
daqueles times fossem contabilizados como receitas de patrocínio o Fluminense estaria no Top 5.

O desempenho dos clubes mostra que é importante fazer parte do Top 5, pois isso traz uma vantagem competitiva. Desde 2014
o Campeão Brasileiro faz parte desse grupo. Naturalmente, em alguns casos o efeito pode ser contínuo, como mostra o Cruzeiro,
pois o título de 2013 o levou ao Top 5 em 2014, mantendo-se lá em 2015.

E esta relação mostra algo incontestável, que é a concentração financeira em 4 clubes. Em toda a série apresentada temos São
Paulo, Corinthians e Flamengo no Top 5, e desde 2015 vemos a presença robusta do Palmeiras. É um quarteto que se forma e
tem boas chances de se consolidar nesta posição nos próximos anos.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custos,
Despesas
ea
Geração
de Caixa
(EBITDA)
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 28
Custos, Despesas e o EBITDA | Recorrentes em Queda
Analisando sob o ponto-de-vista consolidado, o desempenho de
custos e despesas foi bastante positivo em 2017. O crescimento
observado de 8% ficou abaixo da variação das receitas totais, o que
EBITDA

fez com que a Geração de Caixa consolidada (EBITDA) atingisse R$


1,09 bilhão em termos totais. Isto, sem dúvida alavancado pelo
expressivo volume de venda de atletas.

Quando analisamos em termos recorrentes, sem a venda de atletas,


o que temos é uma manutenção do volume absoluto de Geração de
Caixa (EBITDA), que saiu de R$ 272 milhões em 2016 (que seria R$
280 milhões corrigido pela inflação) para R$ 279 milhões em 2017.
Margem EBITDA

Isto se reflete na Margem EBITDA, que é o quanto da receita se


transformou em Geração de Caixa. Em termos totais o número
cresceu de 19% para 23%, mas em termos recorrentes se manteve
estável em 7%.

Este comportamento mostra que, de maneira consolidada, os clubes


conseguiram gastar menos do que cresceram de receitas. Mas como
dados consolidados dão dimensões gerais e não específicas, vamos
a seguir analisar alguns efeitos que podem nos levar, novamente, a
avaliar se este foi um movimento generalizado ou específico de
algum clube.
Custos X Receitas

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
EBITDA| O Efeito de Flamengo e Palmeiras
EBITDA Total Palmeiras e Flamengo nas Receitas e EBITDA Totais
R$ milhões

R$ Milhões
Naturalmente, vamos repetir o exercício do ano passado e fazer as contas excluindo os dois clubes de melhor
desempenho da amostra, que são Flamengo e Palmeiras. Fazemos isto porque o desempenho deles é tão superior aos
demais que acabam por distorcer a amostra.

No primeiro gráfico vemos a relevância desses clubes na construção do EBITDA consolidado. Note que em 2015 eles
representaram 39% do EBITDA total, caíram para 33% em 2016 e voltaram a 38% em 2017.

Quando analisamos separadamente em termos de Receitas e Geração de Caixa (EBITDA), Palmeiras e Flamengo
representaram 22% das Receitas Totais em 2017, e 38% de Geração de Caixa, sendo que o Flamengo representou
praticamente ¼ de toda a geração de caixa do futebol brasileiro no ano passado.

Estes números comprovam a força financeira dos dois clubes, que os colocam em posição de destaque no confronto fora
de campo.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Comportamento do EBITDA Recorrente | 2016/2017

EBITDA Recorrente sem Palmeiras e Flamengo


O gráfico acima apresenta o EBITDA Recorrente dos clubes em 2016 e
2017. Claramente vemos que Palmeiras e Flamengo destoam dos
demais Clubes. Numericamente falando, em 2016 a geração de caixa
(EBITDA) dos clubes brasileiros excluindo Palmeiras e Flamengo seria
de R$ 62 milhões e em 2017 este número caiu para R$ 54 milhões.

É importante citar que em 2017 tivemos bons desempenhos, como


Cruzeiro, Atlético Mineiro, Botafogo, e outros muito ruins, como
Internacional, Vasco, Vitória e Figueirense. Isto significa que há clubes
que se recuperaram (Cruzeiro e Corinthians são exemplos), enquanto
outros sofreram muito (Vasco, Figueirense) e o Internacional
permaneceu muito mal.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Investimentos

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 32
Investimentos
Investimentos contidos… ...e as categorias de base perdem espaço.
R$ milhões

Os Investimentos Totais permaneceram estáveis em 2017, mesmo com o crescimento expressivo da geração de caixa total. Isto fez com que a
participação dos Investimentos na geração de caixa fosse reduzida de 110% em 2016 para 80% em 2017. Isto significa claramente que parte da
geração foi revertida para outras finalidades, como pagar dívidas, por exemplo.

Trata-se de uma mudança importante, que já havia sido vista em 2015. O que ocorre é que quando os clubes se veem com mais recursos em
mãos, como por exemplo em 2016 quando receberam valores expressivos de luvas pela renovação dos contratos de TV, aplicam boa parte para
investir. Efetivamente, a ação de 2017 foi positiva, mas precisa ser consistente.

Do total investido vemos que a estrutura vem recebendo menos recursos, assim como as Categorias de Base, e os valores tem sido direcionados
à Formação de Elenco profissional, com contratação de atletas já formados. Perceba que os investimentos em base são erráticos, e da mesma
forma que já atingiram 19% do total de investimentos em 2011, usualmente apresenta número em níveis próximos aos atuais.

A realidade do futebol brasileiro coloca em questão os investimentos em base, à medida em que os atletas saem cada vez mais cedo e são
substituídos por atletas já formados. Muitos desses atletas jovens possuem larga participação de terceiros em seus direitos, de forma que o clube
se transforma num mero incubador. O ciclo de formação, aproveitamento e venda está cada vez mais curto, a despeito de mais trazer mais valor
quando há venda. Ou seja, os mais jovens são mais caros, mas pouco atuam pelo clube formador.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Investimentos | Categoria de Base

Investimento por Clube | R$ milhões Últimos Anos na Base | 84% do Total


2010 a 2017

2017

Reavaliamos nossa maneira de apresentar os Investimentos em Categoria de Base, adicionando à conta a parte dos
Custos que não é transferida para o Ativo Intangível. Ou seja, custos correntes que não são ativados. Infelizmente,
esta é mais uma informação difícil de ser apurada em todos os clubes, por que muitos não apresentam em detalhe o
que foi gasto corrente de base, lançando junto com os gastos correntes dos profissionais. Apenas 14 clubes da
amostra apresentaram estas informações. Desta forma, vemos que o que foi aportado na Base é maior que os valores
diretos, que estão demonstrados no fluxo de caixa dos clubes. Há uma parte de “investimentos na base” que são
custos diretos e, portanto, consomem EBITDA.

Assim, o número de 2017 salta de R$ 114,5 milhões para R$ 168,6 milhões, e certamente é maior que este, pois,
como dissemos há pouco, alguns clubes não detalham estes custos.

É um alento, pois vemos mais recursos direcionados ao tema, fundamental para a sustentabilidade do futuro dos
clubes.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fontes do Investimento
Investimentos | De onde vem o dinheiro

No gráfico de Fontes de Investimentos tentamos fazer uma


avaliação para rastrear de onde vem o dinheiro para fazer
investimentos. Naturalmente que dinheiro não tem carimbo, mas é
possível avaliar se os clubes, de maneira consolidada, usam
recursos próprios (geração de caixa) ou dívida para investir.

A leitura pode ser feita da seguinte forma, usando 2017 como


R$ milhões
referência: da Geração de Caixa total (EBITDA) retiramos os
valores de Investimentos. No caso, sobram R$ 221 milhões. Além
disso, os clubes tiveram financiamentos operacionais (saldo entre o
Vendas & Compras

que tem a pagar e a receber pela venda e compra de atletas) de


R$ 107 milhões, e a Dívida bancária foi reduzida em R$ 13
milhões. Ou seja, com o que o clube gerou e com o que teve de
prazo para pagar as aquisições, não foi preciso se endividar em
bancos para investir, o que é um sinal bastante positivo.

Na sequência temos uma comparação entre o que os clubes


R$ milhões obtiveram vendendo atletas e o que gastaram contratando. O
modelo ideal é que os clubes utilizem os recursos das vendas para
reformular o elenco e contratar. O que costuma ocorrer, na prática,
Saldo Acumulado

é que os clubes vendem mais do que contratam e usam o recurso


para bancar a operação e reduzir dívidas.

Tanto é que a cada ano o saldo direto entre venda e compra de


atletas profissionais só aumenta, mas a qualidade do jogo não
evolui dentro de campo.

R$ milhões

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 36
Dívidas
Evolução

Em 2017 tivemos crescimento de dívidas totais, mas


R$ milhões

precisamos ter cuidado em relação a esta informação.

Primeiro, as dívidas com Impostos cresceram 2,5%


mas basicamente por correção de passivos de longo
prazo. Não foi crescimento porque os clubes
aumentaram suas dívidas ativamente, atrasando
impostos. O aumento se deu apenas porque os
valores foram corrigidos pela inflação para pagamento
futuro.

As Dívidas Operacionais cresceram em função dos


Dívidas x EBITDA financiamentos às aquisições de atletas. Os clubes
contrataram à prazo e agora precisarão pagar.

Enquanto isso as Dívidas Bancárias sofreram redução.


Importante dizer que dentro dessas dívidas
consideramos dívidas de terceiros que tenham
características de bancárias. Por exemplo, se algum
sócio ou dirigente empresta dinheiro para o clube, esta
R$ milhões

dívida está aqui, pois não fosse o dirigente o clube


teria que buscar esse recurso no mercado.

O comportamento geral quando comparado com a


geração de caixa (EBITDA) foi positivo, pois os clubes
aumentaram a geração sem aumentar as dívidas.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas Bancárias
Dívidas | So far, so good

Não houve queda relevante das dívidas bancárias, que


continuam semelhantes a 2016 em termos de divisão
entre curto e longo prazo.

R$ milhões
Dívidas Operacionais

Nas dívidas operacionais vemos crescimento nas duas


componentes, seja pela aquisição (Fornecedores
financiando) seja porque houve algum aumento de custos
e isto impacta em mais salários e maior despesa
provisionada.

R$ milhões

Nas dívidas com impostos nenhuma novidade, apenas a


Impostos

correção das parcelas de longo prazo.

R$ milhões

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas | Alavancagem
Relação com o EBITDA Dívida Bancária / EBITDA Recorrente

A informação de dívida isoladamente não significa nada. Para a avaliação


correta é preciso compará-la a alguma coisa. Por exemplo, é melhor dever 500
recebendo 1.000 como salário ou dever 1 milhão recebendo 10 milhões? Mas
nos rankings fica pior colocado quem deve 1 milhão, quando a situação de
quem deve 500 é está numa situação mais difícil.

Nossa comparação é com o EBITDA (Geração de Caixa), porque é com este


valor, que vem das receitas menos os Custos e Despesas, que o clube terá que
fazer frente às suas dívidas. Nesse sentido, com o aumento da geração de caixa
em 2017 e a estabilidade das dívidas, a relação entre elas ficou melhor, saindo
de 8,1x em 2016 para 6,1x em 2017.

Ao lado vemos esta comparação entre as Dívidas Bancárias e o EBITDA por


clube. Em verde quem está numa relação saudável (menor que 4,0x), em cinza
quem está numa situação frágil mas contornável. Já em laranja a relação é ruim,
difícil de ser solucionada. E em vermelho estão os clubes que nem geração de
caixa (EBITDA) tiveram. Ou seja, faltou recurso na operação, e o ajuste
necessário será bastante duro..

A situação vem paulatinamente melhorando, mas está longe do ideal.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
PROFUT | É possível pagá-lo?
Hipótese Dá. Para Poucos.

Aqui trouxemos um exercício comparando a parcela a pagar


do Profut, que inclui principal e juros, ao EBITDA
Recorrente dos Clubes em 2016 e 2017.

Esta conta leva em consideração o saldo de Dezembro/17,


parcelado em 18 anos, com correção pelo CDI estimado de
7% ao ano, e considerando juros sobre parcela. E para
tentar evitar movimentos pontuais, utilizamos a média de
EBITDA dos últimos 3 anos.

Assim sendo, alguns poucos clubes serão capazes de


pagar as parcelas do Profut se a situação se mantiver como
a apresentada. Apenas os marcados em “azul”* podem
dizer que possuem situação confortável. Os que não estão
marcados dependem de venda de Atleta para fechar a
conta, o que não é exatamente uma política saudável de
gestão. E os negativos precisam correr para se ajustar.

E dá tempo, pois até 2019 as parcelas serão menores que


estas apresentadas no exercício, pois parte foi transferida
para o final, justamente para dar tempo aos clubes de se
ajustarem.

R$ milhões Farão o ajuste ou seguirão contratando?

Leitura
Exemplo: Botafogo = 0,90 => a geração de caixa cobre 90% da
*Usamos como referência consumo de até 50% do EBITDA
parcela integral do Profut.
como sendo aceitável.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas | Resumindo...

As Dívidas não chegam a ser um problema incontornável, mas precisam ser tratadas com mais atenção. Os clubes
perderam uma oportunidade de ouro de se organizarem, reduzirem passivos e pensarem no fluxo de caixa futuro, ao
não utilizarem a geração de caixa e as Luvas. As Dívidas Bancárias são aceitáveis para alguns, mas elevadas para
a maioria. Os Impostos estão alongados, mas como o volume é grande, é preciso preservar o fluxo de caixa para
pagá-los. E as Operacionais, especialmente Fornecedores, representam obrigação de hoje jogada para ser paga
amanhã. A conta chega. E os Clubes não entenderam, ou não querem entender.

Estabilidade, num ano em que houve mais uma vez geração de caixa relevante extraordinária, agora com venda de
atletas, é ruim. Insistimos: a conta vai chegar para a maioria.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Exercício de
Fluxo de Caixa
Livre | Porque
não Sobra
Dinheiro

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 42
Gastos Totais e Fluxo de Caixa Livre
O que é?
As análises econômico-financeiras são instrumentos flexíveis de avaliação, baseados em estruturas rígidas, os demonstrativos financeiros. E são flexíveis porque
devemos adotar variações e novas possibilidades dependendo da indústria que estamos acompanhando. No caso da Indústria do Futebol, temos buscado aplicar
conceitos simplificados, utilizados para outras Indústrias, especialmente as do Setor de Serviços.

Ocorre que nesses anos de relatório percebemos que algumas avaliações apresentadas não abarcaram todas as variáveis de um Clube de Futebol no que diz
respeito à análise do Fluxo de Caixa. Buscando o aprimoramento da avaliação passaremos a trabalhar com o conceito de Fluxo de Caixa Livre, adaptado à
realidade do Futebol.

O Fluxo de Caixa Livre inclui em sua composição algumas despesas que são tratadas usualmente como Investimentos, bem como outras que são mandatórias
mas costumam ficar fora do radar, como as Despesas Financeiras e o Pagamento de Impostos Parcelados. Nesse caso, é fundamental passarmos a inclui-lo na
conta, uma vez que a maioria dos clubes terá obrigações oriundas do Profut.

Num Clube de Futebol, os Investimentos em Categorias de Base e na Formação de Elenco (contratação de atletas) é praticamente mandatório, e contribui de
forma significativa no aperto de caixa apresentado por eles ao longo do ano. Muitos clubes gastam a folga de caixa no início do ano e isto causará problemas de
liquidez, que por sua vez geram atrasos de salários e impostos.

Resumidamente, o Fluxo de Caixa Livre será o resultado da soma entre Receitas Líquidas, Custos e Despesas, Investimentos em Base, Aquisição de Atletas e
Despesas Financeiras. A partir de 2019, quando o Profut entrará em pagamento integral, incluiremos o pagamento dessa dívida na conta.

Valores Proporção
R$ milhões

Para estes cálculos excluímos os efeitos de NCG (financiamentos


operacionais), cujo conceito foi explicado no início do relatório.
Consideramos apenas os dados de decisão dos clubes, pois dar prazo
para receber uma venda ou conseguir prazo para pagar uma compra nem
sempre é uma decisão de clubes fragilizados financeiramente como os
Brasileiros.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Geração de Caixa Livre

Fluxo de Caixa Livre com Receita Total Fluxo de Caixa Livre com Receita Recorrente
R$ milhões R$ milhões

Comportamento das Contas* – Variações Anuais

Avaliando o Fluxo de Caixa Livre, considerando as Receitas Totais,


vemos que o ano de 2017 mostra uma reversão da tendência que era a
de saldo negativo. As receitas ultrapassaram os custos gerais da
atividade.

Entretanto, observando apenas as Receitas Recorrentes, apesar da


melhora o saldo ainda continua negativo, o que confirma a enorme
dependência que os clubes tem da venda de atletas para fechar suas
contas.

Em termos de Receitas Totais o resultado positivo veio por conta da


redução das despesas financeiras e investimentos em base, em conjunto
com o bom aumento das receitas, conforme vemos no gráfico ao lado.
* Considerando Receitas Totais

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Livre por Clube
R$ milhões

Aqui é importante analisarmos e apontarmos os destaques de 2017.

O Flamengo melhorou o que já era muito bom. Alguns clubes reverteram situação negativa de 2016, como Cruzeiro,
Botafogo, Fluminense e Grêmio. São Paulo e Corinthians melhoraram desempenho fraco de 2016.

Do lado oposto vemos Santos, Palmeiras, Figueirense e Sport inferiores a 2016, enquanto o Internacional permaneceu
numa situação bastante ruim.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de
Caixa: a
chave da
análise

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 46
Exemplo: C.R. Flamengo

Uma das grandes dificuldades do gestor financeiro de


qualquer empresa é trabalhar o fluxo de caixa. De
1 maneira simplista, é a gestão de tudo que entra no
caixa com tudo que sai. As receitas e os pagamentos.

Num clube de futebol as receitas, como sempre


2 falamos, dividem-se em recorrentes (publicidade,
3 direitos de tv, bilheteria) e extraordinárias (venda de
atletas, luvas de tv).
4
Ao mesmo tempo os custos e despesas são os salários,
custos das partidas, das estruturas sociais e os
extraordinários são os investimentos, especialmente
aquisição de atletas.

Para o exercício de explicar a dinâmica e a dificuldade


na gestão do fluxo de caixa de um clube utilizamos os
dados do Flamengo, que trimestralmente divulga seus
demonstrativos financeiros.

Ao lado temos o desempenho trimestral, e a partir de


agora vamos analisar as principais movimentações,
anotadas em números. Os principais movimentos que
apontaremos serão nas Receitas (1), na Geração de
Caixa (2), NCG (3) e Investimentos em Atletas (4).

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Exemplo: C.R. Flamengo

1. TOTAL DE VENDAS BRUTAS: note que as receitas


recorrentes giram entre R$ 100 milhões e R$ 120 milhões
trimestrais. Mas em Junho houve uma entrada substancial de
Venda de Atletas que levou as receitas a R$ 274 milhões
naquele trimestre. Este é o movimento usual, que para alguns
1 clubes pode ser no 2º trimestre e para outros no 3º trimestre,
dependendo de quando é vendido o atleta.

2. NCG (necessidade de Capital de Giro): aqui temos o


movimento no caixa das vendas e compras de atletas, com
4 seus pagamentos e recebimentos . Note que apesar de
2 registrar R$ 149 milhões em Venda de Atletas, esta conta de
NCG aponta redução de R$ 81 milhões, porque parte do valor
3 da venda será ainda recebida. De maneira bem simplista, é
como se deduzíssemos esses R$ 81 milhões dos R$ 149
milhões da venda. No 3º trimestre o clube já recebeu parte do
valor, pois entraram R$ 34 milhões. Ou seja, não é porque o
clube vendeu que o dinheiro entra na hora. Boa parte das
vendas tem seus pagamentos parcelados, assim como parte
das compras. O gestor financeiro precisa ajustar seus fluxos de
pagamento e recebimento considerando estas particularidades
temporais.

3. INVESTIMENTOS EM ATLETAS: note que no 2º trimestre, com


a venda relevante o clube também fez investimentos em
aquisições acima da média. Quando há disponibilidade há
Com tantas movimentações, o gestor financeiro precisa estar chance de investir.
atento à Geração de Caixa Líquida, que é o valor que lhe resta
para fazer investimentos em estrutura, mas especialmente para 4. EBITDA (GERAÇÃO DE CAIXA): com vendas a geração de
pagar despesas financeiras e reduzir dívidas bancárias. caixa aumentou e com aquisições os custos aumentaram,
reduzindo a geração no 3º e 4º trimestres, vide aumento no
CMV (custos diretos).

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clubes |
Análises
Individuais

Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 49


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Alguns Conceitos Básicos

Ao avaliar os Balanços e Demonstrativos de Resultados dos Clubes nos deparamos com algumas repetições de ações e comportamentos que entendemos
merecer uma breve introdução, pois facilitará o entendimento.

O primeiro aspecto que merece destaque é o que chamamos “Clube Regional”. Não há demérito nisso. Fazemos esta identificação pois notamos que há
características econômico-financeiras que permeiam alguns clubes. Quando separamos estes clubes percebemos que tratam-se de times com menor
alcance de torcida, normalmente de Estados menores em termos econômicos e que por isso mesmo se notabilizam por ter Receitas menores e erráticas, ao
mesmo tempo em que possuem condição econômico-financeira mais equilibrada, atuando dentro de suas possibilidades, sem dívidas, mas com poucos
investimentos.

Um movimento que percebemos nos fluxos de caixa dos clubes está associado aos Recursos oriundos das Cotas de TV. Em geral, quando um clube não faz
adiantamentos, as receitas com Cotas de TV são a única entrada de caixa deste assunto. Entretanto, repete-se com frequência o uso dos Adiantamentos
dessas Cotas para fechar o caixa, de forma que na variação de NCG (Necessidade de Capital de Giro) vemos entradas de recursos por conta desses
adiantamentos. Neste ano observamos que esta conta apresenta saída de caixa. Acreditamos que esta movimentação seja o reflexo dos Adiantamentos
recebidos no passado. Ou seja, seria uma espécie de redutor da Receita de TV. Veremos isto em vários clubes.

Há também o que chamamos de Fontes Operacionais de Financiamento. Será muito comum vermos entradas de caixa na NCG fruto do aumento da conta
Fornecedores, que em geral é pagamento parcelado da aquisição de atletas. A contrapartida dessa conta é o Investimento em Formação de Elenco, pois o
clube fez a aquisição mas ainda não pagou. Ou seja, em algum momento terá que pagar e a efetiva saída de caixa se consumará. Problema empurrado para
o futuro.

Outro aspecto que precisa ser avaliado é o da Geração de Caixa (EBITDA) e dos Investimentos. Entendemos que há um equívoco na forma como os Clubes,
amparados pelo código contábil, classificam os custos com Categorias de Base e Investimentos em Atleta. Ao serem considerados como Investimentos, não
transitam por Resultado. Desta forma, não compõem o EBITDA, o que muitas vezes da a sensação de que o clube está gerando muito caixa, quando na
verdade parte relevante desse caixa já foi utilizado na manutenção de atividades das Categorias de Base ou mesmo na contratação de Atletas. Assim, a
análise fria leva ao erro de acreditar numa eventual Geração de Caixa, que na prática não houve, pois parte desses gastos são recorrentes e necessários
para a performance do clube.

E para finalizar precisamos relembrar que estes balanços apresentam algumas contabilizações que entendemos precisarem de ajustes, e por isso fazemos
reclassificações de contas. Esta é a base de nossa análise: reclassificar as contas para que haja coerência e possibilidade de comparação. Isto significa fazer
exclusões, mudanças de linhas e muito das nossas conclusões está baseado nas movimentações contábeis e avaliação dessas.

Então, vamos aos números.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube

51
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Receitas menores em 2017 por conta de jogar a Série B (- 2017 A série é curta mas percebe-se que flutua muito próxima
35%). Forte queda nos Direitos de TV, compensada em entre recorrente e total, pois o clube não é vendedor de
parte pela venda de Atletas. Receitas atletas de valor elevado.
R$ 39 MM
Geração de Caixa
R$ 2 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 24 MM

Custos do Futebol
Jogar a Série A é ótimo, veja que em 2016 o clube obteve O clube não mudou sua política de gastos com futebol,
geração positiva em todas as linhas. Em 2017 a venda de mantendo os valores inalterados em 2016 e 2017. Explica
atletas ajudou a manter a geração de caixa total positiva, a pior geração de 2017.
pois o recorrente foi negativo.
52
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

O clube investe pouco, mesmo na base. Para disputar


a Série A em 2016 aplicou R$ 7 milhões, mas o elenco
de 2017 não teve investimentos relevantes.

Dívidas

Dívida Bancária inclui dívida com Terceiros. Esta foi


O fluxo de caixa mostra um clube que gera pouco
fortemente reduzida em 2017. A dívida total caiu em
caixa quando está na Série B, investe pouco e
função disso e da redução nos impostos. Entretanto,
precisou de entradas de TV para ajudar a fechar as
notamos crescimento nas despesas com IRFF a
contas.
recolher que merecem atenção.
53
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Baseado no conceito de Custo Total, que inclui Custos e Despesas diretos, investimentos em elenco e base
e despesas financeiras, vemos que os valores de 2017 foram inferiores a 2016, e se próximos aos de 2015,
refletindo o fato do clube atuar na Série B.

Estes números, associados aso pontos obtidos, nos levam ao Índice de Eficiência, que em 2015 e 2017 foi
praticamente igual, e cujo resultado acabou positivo justamente pelo retorno à Série A nesses dois anos.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube

Efeito Iô-Iô

O América é um clube de menor poderio financeiro e sofre os efeitos de ir-e-vir da Série A para a
Série B. Isto muda completamente a gestão financeira, pois o nível de receitas é menor, e o clube
precisa estar pronto a se ajustar em termos de custos e investimentos para estas situações.

O América faz o trabalho correto e trabalha um ano de cada vez. Depende muito de uma boa gestão
esportiva para se manter por mais tempo na Série A, o que lhe ajudaria a ter maior robustez
financeira.

55
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube

Balanço auditado por Ovalle Leão Auditoria e Consultoria


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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Clube Atlético Mineiro

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Mineiro
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


O Galo apresentou pequena redução nas receitas. Bilheteria 2017 A receita recorrente tem tendência uniforme de crescimento,
menor e menos vendas de atletas compensaram aumento e o que varia fortemente são as vendas de atletas, fazendo a
Receitas
nos Direitos de TV, que devem conter luvas, mas não estão receita total oscilar bastante. A diferença entre as linhas
destacadas. R$ 290 MM mostra a dependência da venda de atletas.
Geração de Caixa
R$ 52 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 154 MM

Custos do Futebol
Ano bastante bom para o clube. Mesmo com menos receitas, Custos com futebol cresceram, o que indica que houve
custos ficaram estáveis e a composição foi, teoricamente, redução em outras linhas. Bom posicionamento em relação
mais forte em receitas recorrentes, vide aumento na geração ás receitas recorrentes, abaixo de 60% que é um número
de caixa recorrente. bastante bom.
58
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Mineiro
Fluxo de Caixa Investimentos

O Atlético Mineiro reduziu fortemente os investimentos


em elenco, saindo de R$ 39 milhões para R$ 6 milhões.
A Base manteve-se praticamente estável, ainda
bastante baixa.

Dívidas

A partir do EBITDA o clube teve muitas saídas de caixa, seja


pelos ajustes de NCG, com redução de antecipações de tv e
ajustes nos contas a pagar e receber), e até pagamento de
impostos.

O destaque negativo é o elevado valor de despesas


financeiras, fruto da elevada dívida bancária do clube. Para
fechar as contas o clube teve que aumentar sua dívida, pois Dívida total em queda, puxada pela redução nos
o fluxo de caixa antes do pagamento de bancos foi Impostos, fruto de pagamento extraordinário. Demais
negativo. Não há segredo: a falta dinheiro na operação terá oscilando pouco, mas atenção às bancárias, elevadas
que vir de algum lugar, e no caso do Galo a fonte são para o porte de EBITDA recorrente do clube (6,6x).
59
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
bancos.
Clube Atlético Mineiro
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Redução de Custos Totais, puxada pela redução nos investimentos em formação de elenco, enquanto
Custos e despesas permaneceram estáveis e apesar do aumento relevante de despesas financeiras.

Aplicados aos pontos conquistados, o Índice de Eficiência de 2017 ficou praticamente estável em relação a
2016, e com bom desempenho esportivo, o colocando na zona mais qualificada,

60
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Mineiro

Em busca do equilíbrio distante

O Atlético Mineiro é um clube que vive de altos e baixos financeiros. A situação geral é
desconfortável há algum tempo, mas o clube se vale de uma capacidade incomum em levantar
dinheiro no mercado financeiro para bancar seus sucessivos excessos, especialmente em
aquisições de atletas e consequentemente gastos na operação.

Em 2017 vimos um clube com redução de receitas, custos relativamente estáveis, mas que se viu
na necessidade de vender atletas e reduzir investimentos. Depois de algum tempo passou um ano
sem tanto brilho em campo mas com as contas mais estabilizadas. Ainda há muito a fazer para
atingir o equilíbrio. A dívida é elevada, os custos financeiros consomem boa parte do que o clube
gera de caixa, e isto reduz a capacidade de investimentos e pressiona a estrutura.

É fato que a estrutura vem evoluindo, com as receitas recorrentes crescendo consistentemente,
com os custos mais controlados, mas é pouco, pois a distância para o equilíbrio é longa.

É preciso mais. O clube se prepara para entrar numa empreitada que tem mais atrapalhado que
ajudado os clubes, que é construir seu estádio.

2017 viu a sangria apenas estancar. Mas pode ser o sinal da mudança.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Mineiro

Balanço auditado por Soltz, Mattoso e Mendes


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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Paranaense

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Paranaense
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Crescimento de apenas 3% nas receitas, com grande 2017 Receitas andam muito próximas, mas mostra que o clube
estabilidade entre elas. Direitos de TV e Bilheteria/Sócio Receitas tem uma certa necessidade de vender atletas, pois as
Torcedor são as mais significativas. R$ 151 MM recorrentes vem consistentemente abaixo das totais.
Geração de Caixa
R$ 25 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 105 MM

Custos do Futebol
O desempenho em 2017 foi levemente inferior a 2016,
Os custos diretos com o futebol vem crescendo
mostrando certa estabilidade de gestão. A geração de caixa
nominalmente, mas estáveis em relação às receitas
recorrente foi positiva pelo segundo ano, mas pode ser
recorrentes, o que é bastante positivo,
pouco para os desafios a seguir.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Paranaense
Fluxo de Caixa Investimentos

Investimentos bastante módicos nos últimos dois anos,


ainda que me 2017 tenha subido de R$ 2 milhões para
R$ 7 milhões, somando-se Base com Elenco
Profissional.

Dívidas

O fluxo de caixa de 2017 foi equilibrado. Geração de caixa


positiva, contas operacionais comportadas, poucos
investimentos. Estranhamos o resultado financeiro positivo Aqui o grande desafio do clube, pois há uma dívida
com esta dívida, mas a auditoria nada aponta. Ainda houve elevadíssima pela construção do estádio, toda bancada
investimentos em estrutura. Com este fluxo não há como pagar
pelo próprio clube, sem investidores. A relação é
a dívida da Arena. O clube tem que encontrar fontes externas,
altíssima e o fluxo de caixa atual não comporta o
como a venda do potencial construtivo para fechar as contas
nos próximos anos. pagamento.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Paranaense
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os custos operacionais cresceram muito em 2016 e se mantiveram elevados em 2017. O maior responsável
foi o crescimento dos custos e despesas diretos, que cresceram consistentemente nesses dois anos. As
demais componentes não oscilaram tanto.

No Índice de Eficiência o que vemos foi um crescimento do custo por ponto, mas sem resultado esportivo
efetivo, diferente do que vimos em 2016.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Paranaense

Como será o amanhã?

A situação geral do Atlético Paranaense está longe do confortável. A despeito de excelente estrutura,
com centro de treinamento e estádio modernos, boa gestão das categorias de base, o desempenho
esportivo tem sido apenas razoável e as pressões financeiras estão crescendo.

O time tem equilíbrio operacional compatível com seu porte, mas a elevada dívida do estádio gera
uma necessidade de sobra de caixa muito grande. Ainda há os títulos de potencial construtivo*
cedido pela Prefeitura de Curitiba a ser utilizado para ajudar neste pagamento, mas ainda assim é
necessário vender e encontrar demanda para eles. Sem isso sobra pouco das receitas para pagar
custos financeiros e dívida, e ainda manter elenco competitivo.

Há uma dúvida real sobre como o Atlético Paranaense sairá desta situação. A conferir.

* Títulos cedidos ao clube que servem para aumentar potencial construtivo de obras na cidade de Curitiba. O comprador tem
direito a construir área acima da lei de construção urbana e o Atlético tem cerca de R$ 160 milhões de títulos como estes para
ser vendido a incorporadores.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Paranaense

Balanço auditado por BDO


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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Avaí Futebol Clube

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Avaí Futebol Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Forte crescimento de receitas em função do retorno à 2017 O clube não é um grande vendedor de atletas como se vê
Série A. As receitas com Direito de TV mudaram de no comportamento das receitas totais e recorrentes.
patamar e as receitas com Venda de Atletas também foram Receitas Apenas em 2017 houve pequeno descolamento.
elevadas. R$ 55 MM
Geração de Caixa
R$ 15 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 31 MM

Custos do Futebol
Em 2017 vimos ótimo desempenho do clube, com geração Veja que apesar do aumento nos custos diretos do futebol
de caixa positiva depois de anos no vermelho. O esses ficaram bem abaixo das receitas, diferente dos anos
crescimento de receitas foi utilizado de maneira comedida. anteriores, onde o custo do futebol ficou estruturalmente
acima das receitas.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Avaí Futebol Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

Clube que faz poucos investimentos diretos em


atletas, optando por ações de empréstimo ou uso
da base. São R$ 3 milhões em 2017 e R$ 2 milhões
em 2016. Tudo dentro das possibilidades.

Dívidas

O fluxo de caixa foi equilibrado. A ótima geração


de caixa permitiu pagar todas as obrigações e Dívidas estáveis, basicamente com Impostos
fazer alguns poucos investimentos. Tudo dentro renegociados e de longo prazo. O cuidado que o
do que se espera numa gestão saudável. clube precisa ter é com a manutenção da geração
de caixa capaz de pagar esta conta.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Avaí Futebol Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os custos operacionais cresceram para atender às demandas de atuar na Série A. Ainda assim, o Índice de
Eficiência de 2017 foi melhor que o de 2015, anos em que tiveram os mesmo desempenho ruim, retornando à
Série A. naturalmente que em 2016 o custo por ponto foi menor por jogar a Série B, e o acesso colocou o
clube num quadrante melhor.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Avaí Futebol Clube

A realidade nua e crua

Não há como fugir à realidade de ser um clube regional: o objetivo é subir à Série A e
permanecer lá. O Avaí disputou em 2017 mas não se sustentou.

O ponto positivo foi ter se organizado de maneira a usar o aumento das receitas com TV para
manter a estrutura equilibrada.

Gestão organizada, que lida da maneira possível com suas características.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Avaí Futebol Clube

Balanço auditado por AudiBanco Auditores Independentes


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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Esporte Clube Bahia

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Bahia
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Bom crescimento de receitas (+30%), baseado em Direitos 2017 Por alguns anos o clube dependeu mais da venda de
de TV e Bilheteria. Não é possível afirmar se há luvas nesta atletas, mas em 2016 e 2017 o clube atravessou sem a
conta de TV, que distorceria a comparação com outros Receitas necessidade de vender atletas. Positivamente as receitas
clubes. R$ 105 MM voltaram a crescer em 2017.
Geração de Caixa
R$ (2) MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 69 MM

Custos do Futebol
Negativamente o clube apresentou custos crescendo acima Receitas de Futebol crescendo ano após ano, mas
das receitas líquidas (+25% dos custos contra +20% das especialmente nos dois últimos ficaram praticamente
receitas líquidas). Resultado foi geração de caixa negativa, estáveis em relação às receitas recorrentes, o que é
e falaremos mais do efeito na próxima página. positivo.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Bahia
Fluxo de Caixa Investimentos

Os dados não ficaram claros nem permitiram a


melhora avaliação sobre os investimentos do clube
em 2017. As análises não são conclusivas.

Dívidas

O fluxo de caixa começa negativo, tem forte pressão


de NCG. Somando as despesas financeiras, o
buraco de caixa demandou a contratação de R$ 8
milhões junto a bancos, além do consumo de R$ 12 As dívidas permaneceram praticamente estáveis em
milhões do caixa formado ao longo de 2016. É 2017, concentradas em Impostos parcelados.
preciso atenção na gestão, para que não se crie um Entretanto, vimos o retorno das dívidas bancárias, o
buraco onde havia equilíbrio. que precisa ser monitorado.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Bahia
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os custos totais continuarem crescendo, baseados no aumento dos custos e despesas diretos, uma vez que
demais linhas de custos apresentaram queda.

O reflexo se dá no aumento dos custos por ponto ganho, que veio junto com um pior desempenho
esportivo, após dois anos de custos mais baixos e melhor desempenho.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Bahia

Sinal de alerta

O Bahia vinha de gestões equilibradas, mas em 2017 vimos uma mudança de tendência. Aumento
nos custos, aumento na dívida bancária, desempenho esportivo aquém do investimento geral.

Expectativa de que tenha sido um comportamento pontual e que o clube volte a manter os pés-no-
chão e o equilíbrio de gestão.

Ainda não é preocupante, mas tem um sinal de alerta ligado.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Bahia

Balanço auditado por BDO


80
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Botafogo de Futebol e Regatas

81
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Botafogo de Futebol e Regatas
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Receitas cresceram 40% em 2017. Aqui temos um ajuste,
retirando R$ 43 milhões que na verdade é um perdão de dívida, 2017 Clube depende menos da venda de atletas desde 2015. Aliás,
e foi reclassificado. Destaques foram a TV e Outros, que tem as Receitas depois 2015 as receitas vem crescendo e a participação na
premiações de Copa do Brasil e Libertadores, além da Libertadores em 2017 ajudou no desempenho apresentado.
R$ 196 MM
Bilheteria.
Geração de Caixa
R$ 34 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 102 MM

Custos do Futebol
O aumento dos custos foi comportado e na comparação com
Quarto ano seguido com bom desempenho. Clube trabalha
as receitas ficou abaixo de 2016 (70% contra 54%). Gestão
equilibrado, gerando caixa e dentro de suas possibilidades.
pés-no-chão.

82
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Botafogo de Futebol e Regatas
Fluxo de Caixa Investimentos

Em 2017 os investimentos ficaram semelhantes


aos de 2016, mesmo num ano em que disputou
Libertadores. Ou seja, bastante equilibrado,

Dívidas

Fluxo de caixa bastante difícil. Boa geração de caixa,


crescendo, mas a variação de NCG – acreditamos em
baixo de adiantamentos usados no passado – e o
pagamento de R$ 28 milhões em impostos pressionaram
muito o clube. Além disso houve aumento de R$ 21 Dívidas estáveis em 2017, apesar do aumento de
milhões no Imobilizado pela adição de um terreno. Fato é R$ 20 milhões nas dívidas bancárias. O problema
que além do aumento na dívida bancária ainda tivemos a é o tamanho da dívida em relação á capacidade
entrada de R$ 40 milhões de luvas de TV. Ou seja, a de pagamento. Quando começar a vencer os
pressão já começou.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 Impostos, pode haver dificuldades para o clube.
83
Botafogo de Futebol e Regatas
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os custos totais continuam crescendo, ainda que acompanhando as receitas. Para servir os desafios que se
aproximam o clube precisará de mais austeridade.

O reflexo se dá no Índice de Eficiência, que em 2017 foi pior e sem bom desempenho esportivo.

84
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Botafogo de Futebol e Regatas
Nadando contra a corrente

Inegável o esforço da diretoria do Botafogo para colocar o clube nos trilhos. Gestão equilibrada,
controlada, buscando alternativas esportivas dentro da possibilidades financeiras. Programa de
Sócio Torcedor crescendo, e uma ginástica enorme para atravessar a correnteza.

Mas o futuro se aproxima e fica cada vez mais difícil imaginar como o clube fará para se livrar das
dificuldades e da pressão de caixa que se avizinha.

Em 2017 todas as fichas surgiram na mesa: pagamento elevado de impostos atrasados,


investimentos, compensação de adiantamentos realizados no passado. E o clube fechou as contas
com luvas de TV e dívida.

Quanto mais de esforço, sem ajuda externa de investidor, será necessário para equilibrar a vida?

85
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Botafogo de Futebol e Regatas

Balanço auditado por BDO


86
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS / INCERTEZA SOBRE CONTINUIDADE
OPERACIONAL
Ceará Sporting Club

87
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Ceará Sporting Club
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Números estáveis, típicos de quem disputa
2017
Série curta, mas em 2017 não vendeu atletas de forma
consistentemente a Série B. Pouca dependência da TV. Receitas relevante, diferente dos anos anteriores.
R$ 27 MM
Geração de Caixa
R$ (2) MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 21 MM

Custos do Futebol
Desempenho deficitária nos últimos 3 anos, com custos Os custos diretos do futebol cresceram em 2017, mas
acima das receitas. proporcionalmente às receitas foi inferior a 2016.

88
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Ceará Sporting Club
Fluxo de Caixa Investimentos

Pela característica regional os


investimentos são compatíveis com seu
porte.

Dívidas

Fluxo de caixa muito justo, que dependeu Dívida nominalmente baixa, concentrada
de luvas da TV para fechar as contas em em impostos parcelados. Mas como não
2016 e 2017. gera caixa, depende de eventos externos
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 para reduzí-la.
89
Ceará Sporting Club
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Custos operacionais cresceram o que deve ter contribuído para levar o time à Série A em 2018.

O Índice de Eficiência foi bem, com baixo custo por ponto conquistado e bom desempenho esportivo.

90
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Ceará Sporting Club
Um dia de cada vez

O Ceará é um clube regional, que tem disputado a Série B por muito tempo e retornou agora para
disputar a Série A. Os números modestos refletem isso, e em 2018 devemos ver dados diferentes.
Com mais receitas.

O que temos até agora será totalmente diferente ano que vem. Resta saber o que o clube fará com o
aumento de receitas. É sempre um dilema: gastar mais e tentar permanecer, ou gastar o necessário
e trabalhar com folga? Claro, o melhor é trabalhar com eficiência. Vamos ver como o Vovô se sairá.

91
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Ceará Sporting Club

Balanço auditado por Contaud


92
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Associação Chapecoense de Futebol

93
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Chapecoense de Futebol
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Importante crescimento de 56% nas receitas, com bom 2017
desempenho em todas as linhas, e destaque para Venda de Crescimento consistente das receitas e apenas em 2017
Atletas, Bilheteria/ Sócio Torcedor e Outras, que contém Receitas houve presença mais sensível da venda de atletas.
premiações. R$ 100 MM
Geração de Caixa
R$ 23 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 61 MM

Custos do Futebol
Além de manter o equilíbrio o clube foi além e melhorou
Custos diretos do futebol cresceram, mas ficaram estáveis
substancialmente o desempenho, com excelente geração de
em relação ás receitas recorrentes, o que foi bastante bom.
caixa.

94
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Chapecoense de Futebol
Fluxo de Caixa Investimentos

Um dos efeitos do acidente foi a necessidade de


formar um novo elenco, e o clube acabou
investindo R$ 18 milhões, bem acima do usual.

Dívidas

Fluxo de caixa bastante robusto. Ótima geração de


caixa, entrada de recursos via NCG (Operacionais), a
maior parte de recebimentos de valores gerados em O clube não tem dívidas bancárias e
2016. Desta forma o clube encerrou 2017 com uma proporcionalmente pouca dívida operacional e com
importante posição de caixa a ser utilizada em 2018. impostos. Muito bem gerida a Chape.
95
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Chapecoense de Futebol
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Com o crescimento das receitas e a necessidade de formar novo elenco o clube apresentou forte
crescimento nos custos totais.

O Índice de Eficiência ficou mais elevado em 2017 mas com bom desempenho esportivo, quando comparado
a 2016, que teve mesmo desempenho mas custo por ponto menor.

96
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Chapecoense de Futebol

Fênix

A Chapecoense é um fenômeno. Passou por uma tragédia inacreditável e ressurgiu com


competência e força. Gestão que passou de mãos e manteve mesmos conceitos de cuidado e
atenção com a formação do elenco. A torcida se aproximou ainda mais e reforçou seu amor, não a
um clube, mas a uma causa, um propósito.

Se alguém duvidada da capacidade da Chape, pode esquecer: veio para ficar, com cuidado na
gestão esportiva e financeira.

97
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Chapecoense de Futebol

Balanço auditado por RL Solutions


98
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Sport Club Corinthians Paulista

99
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Corinthians Paulista
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


2017 O clube vende consistentemente atletas, como vemos na
Crescimento de apenas 3% nas receitas, com destaque para
comparação das receitas, e o desempenho vem sendo tímido
a queda na venda de atletas e aumento de Sócio Torcedor, Receitas desde 2015. A falta de receita com Bilheteria é uma grande
que é a parcela não convertida em ingressos. R$ 345 MM problema para o clube.
Geração de Caixa
R$ 75 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 189 MM

Custos do Futebol
Custos diretos do Futebol cresceram nominalmente mas em relação
Desempenho estável em 2017, mas melhorando em termos às receitas apresentaram redução, de 69% para 64% O problema é
de Geração de caixa recorrente. Mas a melhora pode ser que o Futebol representa 75% dos custos e despesas totais. Ou
insuficiente para fazer frente às necessidades do clube. seja, há R$ 60 milhões aplicados em outras atividades do clube.

100
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Corinthians Paulista
Fluxo de Caixa Investimentos

Investimentos bem menores em 2017 em relação a


2016, mostrando a necessidade real de controle
de gastos.

Dívidas

Fluxo de caixa bem complicado em 2017. Apesar da boa


geração de caixa o clube adiantou R$ 44 milhões de TV, e
pagou R$ 18 milhões em impostos atrasados. Além disso as
despesas financeiras se mantiveram elevadas. Apesar de tudo As dívidas permaneceram estáveis em 2017, com redução das
o clube optou por reduzir a dívida bancária em R$ 41 milhões. bancárias e aumento das Operacionais, basicamente pela linha de
valores a pagar a clubes por contratações. Ainda tem reflexo de
contratações de 2016 nessa conta.
Um detalhe: o clube deveria ter repassado R$ 25 milhões para
pagar o estádio e isto não foi feito. Ou seja, ainda deve este Não consideramos a dívida do estádio, que está em outro balanço não
valor.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 divulgado.
101
Sport Club Corinthians Paulista
Fluxo de Caixa Investimentos

Investimentos bem menores em 2017 em relação a


2016, mostrando a necessidade real de controle
de gastos.

Social x Futebol

Fluxo de caixa bem complicado em 2017. Apesar da boa


geração de caixa o clube adiantou R$ 44 milhões de TV, e
pagou R$ 18 milhões em impostos atrasados. Além disso as
despesas financeiras se mantiveram elevadas. Apesar de tudo
o clube optou por reduzir a dívida bancária em R$ 41 milhões. Um dos temas que afetam a geração de caixa do clube é o déficit
operacional da parte Social. Nos últimos 2 anos e 3 meses o Futebol
Um detalhe: o clube deveria ter repassado R$ 25 milhões para bancou R$ 39 milhões de déficits operacionais, drenando recursos da
pagar o estádio e isto não foi feito. Ou seja, ainda deve este atividade profissional.
valor.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
102
Sport Club Corinthians Paulista
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os custos totais caíram bastante em 2017, especialmente com a redução de investimentos, seja em elenco
como na base.

O resultado do Índice de Eficiência foi um clube campeão gastando menos que em 2015 (também campeão)
e que em 2016, quando nem chegou à Libertadores. O esportivo bem feito.

103
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Corinthians Paulista

Na corda bamba

O Corinthians foi campeão brasileiro duas vezes nos últimos 3 anos. É um exemplo de boa gestão
esportiva, montando elencos equilibrados e funcionais com pouco dinheiro. Pouco dinheiro? Não é
bem assim. Mas com menos dinheiro que seu potencial. Na verdade, o clube gasta R$ 60 milhões
em outras atividades que não o futebol, seja outros esportes, seja o social. Além disso, sem as
receitas de Bilheteria o clube perde potencialmente algo como R$ 70 milhões em receitas. E como
gasta muito e tem receitas limitadas, precisa de adiantamentos e até deixou de fazer aportes no
estádio. Ou seja, está trabalhando com todas as estratégias financeiras para fechar suas contas. E
claro, vendendo atletas consistentemente.

Há também o impacto dos custos do Social dentro da estrutura. O Social dá prejuízo


consistentemente e é coberto com recursos do Futebol.

Até quando será possível sem que isto impacte o esportivo? Esta é uma pergunta relevante.

Há muito que enxugar, há muito que organizar para que as contas do dia-a-dia e o estádio sejam
pagos. Aliás, a dívida do estádio nem está aqui, pois fica num balanço que não temos acesso. A
realidade pode ser ainda mais dura.

Como será o amanhã? Responda quem puder!

104
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Corinthians Paulista

Balanço auditado por (não disponível)


105
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Corinthians | Evento subsequente

Corinthians divulga dados de Março/18

O Corinthians divulgou balancete de Março/18. Não


há grandes aberturas e detalhes, mas do que é
possível observar o clube continua com posição
semelhante a 2017, ou seja, o Futebol se sustenta
mas o Social drena caixa. As dívidas com
Fornecedores aumentaram, não pagaram a dívida
com o estádio e não houve saída relevante de caixa,
uma vez que não apontaram investimentos
relevantes, exceto por Despesas Financeiras de R$
10 milhões.

Teoricamente o clube apresenta equilíbrio, sem


considerar os repasses ao estádio. É onde mora o
risco.

106
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Foot Ball Club

107
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Football Club
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Receitas cresceram 9% com destaque para a venda de 2017 As receitas oscilam bastante ao longo do tempo. O detalhe
atletas, enquanto demais receitas oscilaram pouco. é que as recorrentes caíram em relação a 2016 em termos
Receitas reais.
R$ 119 MM
Geração de Caixa
R$ 22 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 70 MM

Custos do Futebol
O desempenho total foi bom, mas em termos recorrentes Os custos diretos do futebol cresceram acima da variação
foi bastante justos, com o detalhe que vem caindo ano a da receita recorrente em 2017, o que mostra maior pressão,
ano, se colocando numa rota difícil. acima de 2015.

108
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Football Club
Fluxo de Caixa Investimentos

O clube optou por manter os investimentos na


formação de atletas em detrimento de reforçar o
elenco com contratações.

Dívidas

O fluxo de caixa de 2017 foi equilibrado, com geração


de caixa e entrada de caixa operacional, com
aumento de despesas provisionadas, que são
encargos trabalhistas a pagar. Ainda teve baixa de
adiantamentos de TV realizados e Impostos
atrasados.
A dívida total permaneceu estável, com destaque
Com isso ainda conseguiu reduzir dívidas bancárias positivo para redução na dívida bancária.
em R$ 10 milhões.
109
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Football Club
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Custos totais do futebol se mantiveram estáveis, mas quando analisamos sob a ótica do Índice de Eficiência
observamos que o Coritiba não vem com desempenhos esportivos animadores, culminando com o
rebaixamento em 2017, mesmo gastando mais por ponto conquistado. Ou, na verdade, acaba sendo um
reflexo da má campanha: gastou o mesmo nominalmente mas como conquistou menos pontos, mostrou a
ineficiência através do rebaixamento.

110
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Football Club
Momento de Reciclar

O Coritiba vem trabalhando no limite do desempenho esportivo e financeiro. O clube oscila demais
nas receitas, mas vem apresentando custos crescentes no futebol. Não está funcionando.

É preciso uma gestão mais centrada no controle dos custos e foco no desempenho esportivo. Em
2017 vimos um clube que passou o ano bastante justo financeiramente e em 2018 terá menos
recursos com redução na receita de TV. Momento propício para reciclar as estruturas e voltar forte
como um campeão brasileiro.

111
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Football Club

Balanço auditado por Petrea PDE Auditores


112
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Criciúma Esporte Clube

113
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Criciúma Esporte Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Clube regional que atua na Série B desde 2015, com 2017 O clube oscila bastante de acordo com a presença ou
receitas típicas de clubes das divisões menores. Quando não na série A. Note que a venda excepcional de atletas
vende atletas cresce, quando não vende recua. Receitas em 2016 mudou o patamar das receitas totais, mas as
R$ 17 MM recorrentes vem sofrendo,
Geração de Caixa
R$ (4) MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 17 MM

Custos do Futebol
Desempenho bastante ruim pelo terceiros ano seguido, O fato é que, a despeito da redução dos custos diretos
com geração negativa de caixa. de futebol, eles ainda representam muito das receitas
recorrentes, cada ano mais módicas.

114
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Criciúma Esporte Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

O clube costuma investir mais consistentemente em


formação de atletas (base) e menos nas contratações,
postura bastante equilibrada pelo perfil do clube.

Dívidas

Fluxo bastante frágil, que se sustenta pela ajuda de Positivamente trata-se de um clube sem dívidas
um patrono (Coligadas). relevantes.

115
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Criciúma Esporte Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os custos totais do futebol estão em queda, mas vemos que em termos de eficiência o clube não
desempenha bem nos últimos 3 anos, atuando e permanecendo na Série B.

116
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Criciúma Esporte Clube

Bem onde está

Não é um problema ser pequeno. O problema é não se aceitar pequeno e suas limitações. Não é o
caso do Criciúma, que atua dentro de suas possibilidades, sem loucuras em busca da Série A.

Isto é bom porque mais um ano e o clube se mantém sem dívidas, mas não chega a ser postulante
estruturado à divisão de elite. Estão onde estão e dão toda a pinta de que está bom assim.

O que fazer? Buscar melhorar a estrutura esportiva, com melhor formação de elenco de baixo custo,
dentro de suas possibilidades. É possível.

117
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Criciúma Esporte Clube

Balanço auditado por OMV Auditores Independentes


118
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Cruzeiro Esporte Clube

119
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Cruzeiro Esporte Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Crescimento de 37% nas receitas totais, com excelente 2017 Depois de um período de crescimento, as receitas do
desempenho dos Direitos de TV. Como não houve renovação clube sofreram queda em 2016 para retomar a linha de
em 2017, acreditamos que haja algum impacto de luvas. Receitas
crescimento em 2017. Note que há uma certa recorrência
Houve crescimento em todas as linhas de receitas. R$ 309 MM na venda de atletas, que gera oscilação nas receitas totais.
Geração de Caixa
R$ 86 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 102 MM

Custos do Futebol
Desempenho bastante bom em 2017, com mais receitas e Custos do futebol apresentaram crescimento, mas abaixo
custos crescendo moderadamente. Assim o clube gerou do crescimento das receitas recorrentes, o que mostra um
caixa nas duas visões, total e recorrente, pelo segundo ano sinal claro de controle da gestão.
seguido.
120
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Cruzeiro Esporte Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

Os investimentos em formação de atletas (base)


foram elevados em 2017, atingindo R$ 18 milhões,
mudando completamente o patamar e a estratégia,
como em 2016 quando o clube investiu R$ 54 milhões
em atletas profissionais e apenas R$ 2 milhões na
base.

Dívidas

Fluxo de caixa bastante equilibrado, iniciando com ótima


geração de caixa, que foi reduzida pelo consumo de
adiantamentos de TV (R$ 32 milhões). Ainda assim o clube
investiu e sobrou dinheiro para reduzir dívidas.

Resta saber se as receitas com Direitos de TV são recorrentes


ou incluem luvas, que tornam esta geração de caixa inflada em O clube apresentou queda nas dívidas, em todas as
termos recorrentes. O fato é que se há luvas ao menos o clube linhas, com destaque para as bancárias, que
as utilizou de forma correta, reduzindo dívidas e não atingiram um nível bastante confortável em relação à
investindo. geração de caixa.
121
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Cruzeiro Esporte Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Custos totais do futebol apresentaram queda, fortemente impactados pela redução nos investimentos.

Em termos de eficiência, vemos que após dois anos de custos elevados por ponto sem retorno em campo,
em 2017 ficaram estáveis em relação a 2016 mas com melhor desempenho esportivo.

122
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Cruzeiro Esporte Clube

Entrando nos trilhos

Os sinais que o Cruzeiro apresenta são positivos: receitas recorrentes crescendo*, investimentos
comportados e redução de dívidas. Ainda assim foi campeão em 2017.

O risco é o clube já acreditar que está em ordem e retomar o processo de investimentos elevados e
aumento de custos. A situação do clube é aceitável, mas carece de atenção constante, especialmente
porque o histórico mostra que o perfil das gestões é investidor e “gastão”, o que já custou anos
difíceis, com brigas contra o rebaixamento e elencos discretos.

O que foi feito em 2016 e 2017 credencia o clube a mudar de patamar se seguir esta estratégia por
mais algum tempo. Estamos de olho.

* Considerando que as receitas com Direitos de TV não contém Luvas de renovação.

123
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Cruzeiro Esporte Clube

Balanço auditado por Dênio Lima e Frederico Mendes


124
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Figueirense Futebol Clube

125
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Figueirense Futebol Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Depois de um longo período na série A o Figueirense 2017 Depois de forte queda em 2013 o clube só viu suas receitas
disputou a série B em 2017. o reflexo foi fortíssima redução Receitas crescerem, até a queda. Nova realidade.
de receitas, especialmente com Direitos de TV. R$ 27 MM
Geração de Caixa
R$ (13) MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 27 MM

Custos do Futebol
A redução de receitas não veio acompanhada de um ajuste Os custos diretos do futebol foram bem menores, mas ainda
de custos, de maneira que o clube não gerou caixa, e assim elevados em relação ás receitas recorrentes.
apresentou déficit operacional. Comportamento ruim.

126
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Figueirense Futebol Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

Poucos investimentos tanto em formação de


atletas (base) como em elenco profissional.

Dívidas

Fluxo de caixa muito apertado, iniciando com


geração de caixa negativa, compensada por
impostos atrasados e posteriormente alongados no
seu pagamento. O clube teve que recorrer a bancos
para fechar suas contas.
Dívidas cresceram substancialmente, em
A gestão profissional que chegou com novos donos todas as linhas. Destaque para Impostos,
teve muito trabalho nesse primeiro ano. que representa adesão a processos de
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 parcelamentos.
127
Figueirense Futebol Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Gastos totais em queda, refletindo a transição da série A para a Série B.

Com relação à eficiência, nosso índice aponta pequena melhora em relação a 2016, mas esportivamente sem
resultados.

128
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Figueirense Futebol Clube

Sob nova direção

O Figueirense é o primeiro clube da elite a ter donos e deixar de ser uma associação sem fins
lucrativos. Em 2017 um grupo arrendou a marca, os ativos e assumiu a gestão.

Ainda não dá para avaliar o desempenho, exceto apontar que passaram um pente fino sobre as
dívidas fiscais e registraram no balanço. Primeiro passo em direção á transparência.

Os números de 2017 dizem pouco, exceto que o clube não foi capaz de ajustar suas contas à
realidade da Série B, onde permanecem em 2018.

Esperamos este ano para avaliar como uma gestão realmente profissional pode lidar com o negócio
futebol no Brasil.

129
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Figueirense Futebol Clube

Balanço auditado por BDO


130
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 COM RESSALVAS (Imobilizado e Relação de Atletas) e Risco
de Continuidade Operacional
Clube de Regatas do Flamengo

131
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas do Flamengo
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Crescimento elevadíssimo das receitas em função da 2017 Em termos reais e nominais as receitas crescem
venda de atletas. Mesmo na base recorrente observa- consistentemente e sem influência significativa de venda de
Receitas atletas, exceto por 2017.
se crescimento de 17%, com destaque para
Publicidade e Bilheteria/Sócio Torcedor
R$ 595 MM
Geração de Caixa
R$ 248 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 314 MM

Custos do Futebol
Crescimento significativo de custos diretos do futebol, mas em linha
Manutenção do ótimo desempenho operacional, com com o crescimento das receitas recorrentes. Houve aumento de 60%
boa geração de caixa em termos totais e recorrentes. para 70% nessa relação. Mas é preciso atenção para que este
número não saia muito desse patamar.

132
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas do Flamengo
Fluxo de Caixa Investimentos

Os investimentos cresceram substancialmente em


2017. Na base (formação de atletas) saiu de R$ 6
milhões para R$ 9 milhões, mas na montagem do
elenco profissional o clube aportou R$ 83 milhões.
Com o equilíbrio financeiro chegou o momento de
abrir o caixa.

Dívidas

Fluxo de caixa bastante consistente. Inicia com uma


excepcional geração de caixa, que vai sendo consumida
pelas contas de giro (NCG), Investimentos e pagamento
de R$ 31 milhões em impostos. O clube ainda aportou R$
35 milhões em ativos fixos (Capex) e reduziu as dívidas
bancárias em R$ 67 milhões. Manutenção do total de dívidas, com queda substancial
das bancárias. Ao mesmo tempo tivemos crescimento
Ou seja, com dinheiro e controle é possível fazer tudo. das operacionais, especialmente clubes (reflexo das
contratações) e Impostos, que na prática foram correções
monetárias dos saldos.
133
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas do Flamengo
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os custos totais do futebol cresceram substancialmente, seja os diretos, seja os investimentos.

Em termos de eficiência o clube gastou mais por ponto conquistado, mas também conquistou mais que em
2015 e 2016. Veja que há uma crescente em termos de desempenho a partir de 2015, acompanhado de
aumento nos custos por ponto. Parece que uma coisa leva a outra.

134
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas do Flamengo

Colhendo os frutos

Os dados econômico-financeiros do Flamengo em 2017 chegam a seu ápice. Faturamento


elevadíssimo, investimentos e gastos crescendo mas dentro da possibilidade que foi criada a partir de
uma gestão austera. O patrimônio líquido é positivo, a dívida está em queda, a geração é recorrente.
Diria o locutor de apuração de escolas de samba: “10! Nota 10!”.

Alguns dirão que os títulos não vieram. Mas o clube foi campeão estadual, participou de duas finais e
está na Libertadores de 2018. Como vemos na evolução do Índice de Eficiência, o Flamengo está
crescendo em desempenho. Neste momento é líder do Campeonato Brasileiro.

O desafio agora é ser capaz de vencer mais, manter a austeridade e não sucumbir ao desejo de
montar “ataques dos sonhos”.

135
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas do Flamengo

Balanço auditado por Mazars


136
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Fluminense Football Club

137
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluminense Football Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Receitas cresceram 14%, com ênfase para Direitos de TV, O clube continua com as receitas crescendo de forma consistente
mas com bom desempenho em todas as linhas.
2017 desde 2015, tanto em termos totais como recorrentes. Mas é
Receitas importante ressaltar que o clube depende bastante da venda de
R$ 227 MM atletas, como vemos no descolamento das curvas.

Geração de Caixa
R$ 28 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 116 MM

Custos do Futebol
O desempenho em termos totais foi positivo, por conta da O clube até conseguiu reduzir os custos diretos do futebol,
venda de atletas, mas de forma recorrente ainda continua caindo em termos nominais como proporcionais às receitas
negativa a geração de caixa. Ainda há muito a fazer para recorrentes. E se o EBITDA recorrente foi negativo significa
ajustar os custos. que há muitos outros custos e despesas a serem tratados.
138
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluminense Football Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

Investimentos bem menores que os vistos em


2016, o que mostra que a austeridade teve reflexo
em todas as linhas, dos custos aos investimentos.
Foram R$ 11 milhões em 2017 contra R$ 44 milhões
em 2016.

Dívidas

Fluxo de caixa complicadíssimo. Da geração de caixa inicial


uma parte do valor a receber pela venda dos atletas não entrou
em 2017 (R$ 23 milhões) e isto é deduzido da geração de caixa.
Além disso houve dedução de cerca de R$ 20 milhões de
adiantamentos recebidos no passado. Ou seja, dos R$ 28
milhões iniciais, o clube começa a conta com R$ 15 milhões Dívida total cresceu. Os Impostos porque a direção
negativos. decidiu colocar no balanço todas as pendências
tributárias como forma de ter uma visão realista da
Daí para compensar o clube atrasou e reconheceu R$ 15 situação do clube. Muito positivo. As bancárias
milhões em impostos e tomou dinheiro em bancos. Complicada cresceram para cobrir buracos operacionais. Sinal ruim.
a situação, pois é estrutural dado
Análise Econômico-Financeira a baixaBrasileiros
dos Clubes geração de de Futebol
caixa. | 2018
139
Fluminense Football Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

O clube fez parte dos ajustes, reduzindo os gastos totais com futebol, em todas as linhas.

Em termos de eficiência, nosso índice aponta que em 2017 o clube gastou menos por ponto conquistado,
sem contudo obter retorno esportivo. Mas é uma evolução, pois em 2015 e 2016 gastou mais e também não
venceu.

140
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluminense Football Clube
Cenário desafiador

O Fluminense passa por uma situação bastante delicada. O clube viveu após a saída de sua antiga
parceira a ilusão de que poderia se manter relevante. Manteve gastos mesmo com receitas limitadas.
que cresceram no tempo, mas de maneira discreta. O clube viveu de vender atletas para fechar suas
contas.

Mas a realidade é dura. Adiantamentos tomados em algum momento farão falta no futuro - o dinheiro
que você adianta hoje deixará de entrar no caixa amanhã - e o clube é obrigado a garantir uma
venda para receber a prazo, e os investimentos precisam ser reduzidos e isto enfraquece o elenco, e
as dívidas antes escondidas passam a “enfeiar” seu balanço. E quando tudo isso acontece ao mesmo
tempo, a gestão perde o chão.

É preciso adequar os custos do futebol e da estrutura no entorno, focar emergencialmente na


formação e venda de atletas e garantir o apoio da torcida. O processo já começou, com a
republicação de balanços de 2015 e 2016 com uma série de ajustes necessários para entender a
realidade.

O Fluminense está atrasado no processo de adequação financeira à realidade. Sai atrás, com pouca
margem de manobra. Precisará de transparência, comunicação eficiente com a torcida e muito
esforço.

Anos difíceis virão.

141
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluminense Football Clube

Balanço auditado por Mazars


Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS SOBRE 2017
142
Goiás Esporte Clube

143
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Goiás Esporte Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Em 2017 o clube apresentou queda tanto nas receitas totais, 2017 Em termos reais as receitas recorrentes tem andado de lado
por conta da forte redução na venda de atletas como nas e as totais saltam quando há venda relevante de atleta. É
recorrentes (-8%), face redução dos Direitos de TV. Receitas possível dizer que o Goiás estagnou.
R$ 65 MM
Geração de Caixa
R$ 9 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 43 MM

Custos do Futebol
Operacionalmente 2017 foi inferior a 2016 mas ainda Os custos diretos com atletas cresceram tanto
equilibrado. A atenção que o clube precisa ter em relação ao nominalmente quanto em relação às receitas recorrentes,
custo é para que não se perpetue este desempenho apenas numa rota que já vem se deteriorando desde 2016.
discreto.
144
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Goiás Esporte Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

Aumento de investimentos em atletas


profissionais, que saltaram de R$ 2 milhões para
R$ 6 milhões. Não reconhecemos investimentos
na base.

Dívidas

O fluxo de caixa de 2017 foi bastante justo. A Geração de


caixa cobriu parte dos adiantamentos – na verdade os
adiantamentos é que são descontados da geração de
caixa! – e parte dos investimentos e impostos. As demais
movimentações, bastante módicas, foram cobertas com o Positivamente as dívidas são bastante baixas. O clube
caixa formado em 2016 em função de luvas, supomos. não deve a bancos e as operacionais são bastante
módicas. Os impostos são elevados para a geração de
Gestão bem equilibrada. caixa errática do clube, mas de longo prazo. Ressalta-se
o valor do caixa, bastante elevado para os padrões
145
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 brasileiros.
Goiás Esporte Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Observamos aumentos custos gerais, baseados nos custos e despesas diretos e nos investimentos em
formação de elenco.

No Índice de Eficiência vemos mais gastos por pontos conquistados, e desempenho esportivo semelhante a
2016. Gastou mais para conquistar o mesmo.

146
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Goiás Esporte Clube

Um certo comodismo

O Goiás é um clube historicamente bem gerido. Pouco endividado, boa gestão de custos e
despesas, investimentos certeiros. Tem passagens relevantes e longas pela Série A. Em 2017
manteve a boa gestão, simples e contida, o que garante a sustentabilidade do clube no tempo, típica
de quem sabe onde pode chegar.

Mas está indo aquém do que se espera. Vem convivendo com a Série B e conquistando o estadual.
Isto permite alguma tranquilidade, mas falta a um clube tão organizado o salto de qualidade dentro
de campo que o recolocará junto aos grandes. Exceto se este não for o objetivo, e seguindo assim
está tudo bem.

Precisa repetir dentro de campo a boa qualidade que se observa fora dele.

147
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Goiás Esporte Clube

Balanço auditado por Floresta Auditores Independentes


148
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 COM RESSALVAS para questionamentos fiscais e depreciação
Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense

149
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Receitas cresceram substancialmente (+46%), puxadas pelos Trazidas a valor presente vemos as receitas com bastante
Direitos de TV e pela venda de atletas (361%). Mas todas as linhas
2017 oscilação a partir de 203. Observamos que há pouco dependência
cresceram, acompanhando o bom desempenho esportivo do Receitas histórica da venda de atletas.
clube. As recorrentes cresceram 25%. R$ 329 MM
Geração de Caixa
R$ 88 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 188 MM

Custos do Futebol
Desempenho operacional do clube vem crescendo ano-a-ano, de Observamos um grande salto nos custos diretos do futebol,
forma consistente. Receitas bem e custos crescem um pouco acompanhando as receitas. Veja que a relação entre os custos
abaixo, permitindo geração de caixa recorrente nos 3 últimos com futebol e as receitas recorrentes foram menores em 2017 que
anos. em 2015 (71% contra 76%).

150
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense
Fluxo de Caixa Investimentos

Investimentos menores em 2017. Foram R$ 7


milhões em formação (base) e outros R$ 35
milhões em elenco profissional. Parte importante
do esforço de formação do elenco campeão da
Libertadores foi feita em 2016.

Dívidas

Fluxo de caixa bastante positivo em 2017. Boa


geração de caixa inicial, obteve liberação de giro
com financiamentos operacionais, investiu –
incluindo R$ 9 milhões de capex (investimentos em Dívida total cai, mas a bancária cresce. Importante citar
ativos físicos). Ainda manteve dívida bancária que na dívida bancária incluímos o passivo com o
estádio. Esta dívida tem amortização atrelada ao
estável e fez pagamentos diversos (R$ 6 milhões).
desempenho financeiro do estádio. O crescimento da
Ou seja, manteve as contas em dia e ainda terminou dívida bancária é justamente a correção desta dívida e
com caixa
Análise acima do ano dos
Econômico-Financeira anterior.
Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 não tem efeito caixa.
151
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Vemos crescimento dos custos totais do futebol, especialmente nos custos diretos, enquanto investimentos
e despesas financeiras foram menores em 2017.

Analisando o Índice de Eficiência vemos que em 2017 o desempenho esportivo foi excelente com custo por
ponto abaixo do praticado em 2016, uma evolução.

152
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense

Como as coisas devem ser

O Grêmio é um exemplo de como um clube pode se organizar financeiramente e ter resultados


esportivos.

Um dos primeiros clubes a ter a figura de um CEO que atuava com certa independência da influência
política, o Grêmio iniciou o processo de reorganização das finanças em 2014, para a partir de 2015
operar com geração de caixa positiva. Controle de custos, formação de elenco dentro das
possibilidades, com muitos atletas da base ou “apostas” de baixo custo. Uma boa gestão esportiva
trabalha junto com a boa gestão financeira.

Dívidas equilibradas, investimentos feitos dentro das possibilidades, custos caminhando de acordo
com as receitas recorrentes. Parte importante da cartilha seguida, o que abriu caminho para a
chegada deste bom momento.

Ainda há o desafio do imbróglio da dívida do estádio, que não fica claro qual será a forma de
pagamento, mas aparentemente não tem envolvido caixa. Mas não é algo que no balanço parece
pacificado.

Vendo à distância, o que fica é uma sensação de que apenas o Grêmio pode se auto-sabotar.

153
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Grêmio de Foot-ball Portoalegrense

Balanço auditado por Rokembach + Lahm, Villanova & Cia


154
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Sport Club Internacional

155
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Internacional
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Crescimento de 9% nas receitas, com aumento de Direitos Em termos reais as receitas recorrentes do clube tem
de TV e venda de atletas. Não conseguimos avaliar se nas
2017 comportamento levemente positivo nos últimos 4 anos. Mas nota-
receitas de 2017 ainda existe parte de luvas, porque o Receitas se que até 2013 o clube vendia muitos atletas e perdeu esta
R$ 231 MM receita desde então, mostrando a fragilidade do modelo vendedor.
aumento para quem atuou na Série B não é comum.
Geração de Caixa
R$ (24) MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 182 MM

Custos do Futebol
Historicamente o clube não consegue gerar caixa de forma Diferente do que ocorre usualmente o Inter aumentou seus custos
recorrente. E nos últimos 4 anos apenas em 2015 conseguiu gerar diretos do futebol mesmo atuando na Série B, momento onde os
caixa considerando todas as receitas. Movimento muito ruim, clubes de maior expressão optam por se ajustar, cortar custos e
porque se falta no operacional significa que em algum lugar vai ter colocar a casa em ordem. Completamente contra o manual básico
que buscar. de gestão.
156
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Internacional
Fluxo de Caixa Investimentos

O clube elevou seus investimentos em formação de


atletas (base), mas reduziu consideravelmente na
formação de elenco profissional. Ainda assim, para
jogar a Série B parece elevado.

Dívidas

Fluxo de caixa muito complicado o do Inter em 2017.


Importante dizer que não conseguimos fazer as conciliações de
conta que justifiquem os dados apresentados no fluxo de caixa
oficial do clube. Os balanços de 2015 e 2016 foram
reclassificados, então perdemos as referências anteriores. Do
que é possível inferir, temos que tudo começa com geração de
caixa negativa – “devendo” – Mas recuperar parte recebendo Observamos aumento de dívida em 2017. Como
adiantamentos e ainda devolve parte do que foi adiantado de comentado na página anterior, se no operacional
TV anteriormente. Ou seja, política que apenas enxuga gelo, falta dinheiro, tem que buscar em algum lugar, e o
pois nunca acaba.
mais óbvio é recorrer a mais dívidas, seja bancária
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 ou atrasando impostos.
157
Sport Club Internacional
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Vimos os gastos totais saltarem R$ 29 milhões num ano em que o clube atuou na Série B. Com crescimento
de custos e despesas é possível que tenha optado por aumentar salários e trazer atletas por empréstimos ou
contratos curtos e não contratos longos, pois investimentos caíram.

O Índice de Eficiência aponta que o custo por ponta em 2017 ficou próximo a 2016, com a diferença que
voltou para a Série A. Ou seja, muito para tão pouco, como já havia sido muito para cair um ano antes.

158
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Internacional

Perigo à beira rio

Está aceso o sinal de alerta no Beira Rio.

O que vimos em 2017 é a sequência de um processo de deterioração da condição econômico-


financeira do Internacional que parece estar longe de ser solucionada. São 4 anos sem gerar caixa
no conceito de recorrência, aumento constante dos custos diretos com o futebol, dos gastos gerais,
mesmo num ano em que atuou na Série B – inegavelmente correlacionado com esta deterioração -
o que levou a um aumento de dívidas.

Há algo de errado no reino Colorado. O esforço de solução será imenso, porque as dificuldades são
do tamanho do clube, muito grandes. Corte de custos, investimentos, foco na redução de dívidas e
soluções que equilibrem o fluxo de caixa. Sem aceitar esta dura realidade ficará difícil reverter o
quadro atual.

159
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Internacional
O Internacional republicou seus
balanços de 2015 e 2016. para fins
de análise histórica mantivemos
os dados originais, mas para fluxo
de caixa adotamos os números
republicados.

Não conseguimos fechar todas as


conciliações de fluxo de caixa em
função destas mudanças.

Além disso, houve a inclusão de


um ativo e um passivo referentes
ao novo Beira Rio que acabam
gerando uma receita sem efeito
caixa. Em nossa opinião estas
movimentações apenas poluem os
números, pois não agregam
nenhum valor efeito ao clube.

Balanço auditado por BDO


160
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Sociedade Esportiva Palmeiras

161
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sociedade Esportiva Palmeiras
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Desde 2015 temos um Palmeiras em outro patamar de 2017 Em termos reais as receitas andaram de lado até 2014. A
receitas e em 2017 ultrapassaram a barreira dos R$ 500 partir de 2015 iniciam crescimento expressivo, e em 2016 e
milhões, 7% superior a 2016. TV, Publicidade e Bilheteria são Receitas 2017 passam a ter algum incremento de venda de atletas.
destaques claríssimos. R$ 504 MM
Geração de Caixa
R$ 161 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 267 MM

Custos do Futebol
O equilíbrio vem desde 2013, mas a partir de 2015 inicia-se Vemos crescimento consistente dos custos diretos do
uma fase de sobras que contribuíram de forma fundamental futebol, mas positivamente eles se mantém em linha com as
no aumento dos investimentos em atletas. Situação bastante receitas recorrentes. Ou seja, crescem conforme crescem as
confortável. receitas, mantendo a saúde financeira do clube.
162
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sociedade Esportiva Palmeiras
Fluxo de Caixa Investimentos

Os investimentos de 2017 impressionam: foram


R$ 161 milhões em atletas profissionais, o dobro
do que foi investido em 2016, e a manutenção de
R$ 15 milhões na base.

Dívidas

Fluxo de caixa robusto. Parte de uma excelente geração de


caixa. Os investimentos são suportados por esta geração e pelo
aumento da NCG (R$ 69 milhões), em razão do pagamento
parcelado das aquisições. Paga pouco em custos financeiros,
investe pouco em estrutura (capex) porque já fez isto Dívidas em queda, especialmente as bancárias,
recentemente e reduz dívida bancária. Classificamos
adiantamentos da Crefisa como Coligadas, para termos uma que incluem dívidas com dirigentes. Operacionais
dimensão do impacto adicional que o patrocinador traz ao clube crescem em função do pagamento parcelados das
além dos patrocínios. Em 2016 pagaram a dívida com o ex- aquisições de atletas.
163
Análise Econômico-Financeira
presidente e em 2017 a Crefisados Clubesadicionais
injetou BrasileirosR$
de 48
Futebol | 2018
milhões.
Sociedade Esportiva Palmeiras
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Se as receitas cresceram bastante os gastos gerais também atingiram marca impressionante: foram R$ 554
milhões em 2017, com forte participação dos investimentos em elenco.

No Índice de Eficiência vemos que o custo por ponto foi elevadíssimo e o desempenho esportivo inferior a
2015 e 2016, o que gerou certa frustração na torcida.

164
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Palmeiras | Exercício
Receitas Totais EBITDA Recorrente

Em R$ milhões

Sempre se questiona o quanto a Crefisa é fundamental para o Palmeiras. Naturalmente que os valores
aportados pela patrocinadora ao clube são importantíssimos na construção da fortaleza financeira do
Palmeiras. Mas é possível avaliar o grau de dependência.

Para isso fizemos o seguinte exercício: substituímos os valores aportados pela Crefisa como patrocínio por
algo mais próximo do que seria um valor de mercado parecido com seus pares. Para o exercício utilizamos
uma receita de 35% do valor pago pela Crefisa, conforme tabela abaixo. O que apuramos é que ainda assim o
Palmeiras manteria o nível de geração de caixa recorrente, mesmo com os custos inflados pela receita da
Crefisa. Assim, com algum ajuste de custo e corte de investimentos, o Palmeiras se manteria equilibrado.

165
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sociedade Esportiva Palmeiras

Extravagância alviverde

O Palmeiras se encontra num excelente momento sob o ponto-de-vista econômico-financeiro.


Receitas robustas, com boa diversificação nas suas fontes, de forma que não depende
exclusivamente do patrocinador para fechar suas contas. Controle de custos, investimentos elevados
com ajuda do patrocinador e dívidas controladas.

Na prática tudo vai bem. Mas pensando no todo é preciso ter atenção à extravagância. Este é um
risco inevitável para os clubes que se veem com muito dinheiro, que acabam gastando muito e nem
sempre da forma mais eficaz. Foi o que vimos em 2017. A gestão esportiva precisa estar atenta ao
“negócio esportivo”, ou seja, à escolha certa de treinador e suporte às suas ideias, montando elencos
compatíveis com elas.

Em 2017 o resultado esportivo foi inferior ao financeiro. Precisa buscar este equilíbrio.

166
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sociedade Esportiva Palmeiras

Balanço auditado por GF Auditores


167
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
Paraná Clube

168
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Paraná Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Primeira análise do Paraná. Crescimento de receitas em 2017 Série é curta, mas observamos o salto de receitas em
2017 de 77%, com boa posição de Bilheteria e 2017, motivado pelo bom desempenho na série B, quando
crescimento de Patrocínios. Receitas conseguiram acesso à Série A.
R$ 23 MM
Geração de Caixa
R$ 5 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 11 MM

Custos do Futebol
O clube conseguiu se aproveitar da receita maior e Os valores de custo direto do futebol são baixos para a
equilibrou o operacional após 2 anos, mesmo crescendo realidade brasileira, mas ainda assim cresceram bem em
os custos e despesas. 2017. Positivamente, quando analisados em relação à
receita recorrente vemos que ficaram bem comportados.
169
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Paraná Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

O clube se propõe a focar em investimentos na


formação de atleta (base) que em 2017 foram de
R$ 3 milhões. Não há registro de investimentos em
elenco profissional.

Dívidas

Fluxo de caixa justo em 2017. Geração de caixa boa


considerando o porte do clube, alguma liberação de NCG e
suficiente para investir e pagar impostos.
O clube apresenta dívidas muito elevadas em relação à sua
A partir daí sem movimentações relevantes.
capacidade de pagamento. Em 2017 cresceram as dívidas com
Impostos, especialmente as provisões para contingências, que
não são dívidas mas costumam se transformar em dívidas. É
parte do processo de formalização das dívidas. Mesmo a
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 bancária é elevada e precisa de cuidado.
170
Paraná Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Aumento dos gastos gerais do futebol, com aumento de investimentos na base e custos diretos do futebol.

No Índice de Eficiência o ano de 2017 foi excelente: redução nos custos por pontos – reflexo do bom
desempenho na Série B - e melhor desempenho esportivo. Bom ano.

171
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Paraná Clube

A difícil arte de ser pequeno

Não é um problema nem há demérito em ser pequeno. É uma constatação numérica. O Paraná
Clube faturou em 2017 menos de 5% do que faturaram Palmeiras e Flamengo. Não há condições
financeira de competir com estas equipes, nem com as que faturam acima de R$ 200 milhões, como
Internacional que também disputou a mesma Série B.

Nesse sentido, retornar à Série A é um grande feito, e permanecer nela será um desafio hercúleo.

Mesmo com um ótimo ano, financeiramente falando, o clube manteve dívidas elevadas e lhe restou
pouco para enquadrar suas finanças e dar estabilidade de gestão. Mas não há milagre. Há trabalho e
pés-no-chão. E se tiver esta postura pode conseguir se equilibrar no longo prazo.

Por enquanto, é viver a alegria de disputar a Série A em 2018.

172
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Paraná Clube

Balanço auditado por Müller & Prei


173
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 COM RESSALVAS | Imobilizado, Investimentos e
Despesas Provisionadas
Associação Atlética Ponte Preta

174
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Atlética Ponte Preta
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Crescimento de 19% nas receitas, apoiado em Outras, que 2017 Exceto por 2014, quando participou da Série B e viu as
contém premiações por participação na Copa do Brasil e receitas caírem muito, demais anos apresentam
Paulista. Demais receitas em linha com 2016. Receitas crescimento consistente, com venda de atletas recorrentes.
R$ 69 MM
Geração de Caixa
R$ (2) MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 39 MM

Custos do Futebol
O clube vive em eterno desequilíbrio operacional. Nos 5 Crescimento módico nos custos diretos com o futebol.
anos da amostra acima vemos que a geração de caixa Inclusive, quando comparados às receitas recorrentes eles
recorrente é negativa. Ou seja, precisa de aportes externos perdem relevância, o que é positivo.
para fechar suas contas.
175
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Atlética Ponte Preta
Fluxo de Caixa Investimentos

Investimentos relativamente pequenos, focados na


formação de elenco profissional Não há registros
claros de investimentos na base.

Dívidas

Fluxo de caixa justo. Claramente o que fecha a conta


são impostos atrasados e aportes de Coligadas,
conforme detalhado ao lado em “Dívidas”.

O destaque da Ponte Preta é a elevada dívida com


um sócio e ex-presidente, que praticamente
equilibra as contas do clube.
176
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Atlética Ponte Preta
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os gastos gerais cresceram em 2017, basicamente pelo aumento dos custos diretos.

O Índice de Eficiência foi pior em 2017, com maiores custos por pontos e queda para a Série B.

177
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Atlética Ponte Preta

Rachou

A Ponte Preta repetiu 2013 e voltou à Série B. A despeito de tradicionalmente fazer bons trabalhos e
alcançar desempenhos bastante acima de sua capacidade financeira, a linha que separa o bom
desempenho da queda é tênue. Não há muita margem de manobra financeira, então há forte
dependência do acerto esportivo. Quando não dá liga, há pouco a fazer.

Resta à Ponte Preta seguir seu ciclo habitual, onde cai, se ajusta e retorna, passando algum tempo
na Série A. Mas seria importante buscar maior equilíbrio financeiro, passando a gerar mais caixa e
depender menos de ações externas para fechar suas contas.

178
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Atlética Ponte Preta

Balanço auditado por N/D


179
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 N/D – Balanço apresentado aquém do ideal.
Santos Futebol Clube

180
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Santos Futebol Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Bom crescimento de receitas (+15%), vindo de Venda de 2017 Receitas em expansão desde 2015, especialmente as recorrentes,
Atletas, Publicidade e Bilheteria, as três linhas com que crescem de forma sustentável. Destaque para a diferença
crescimento no período. Bilheteria e Publicidade Receitas sempre relevante entre Totais e recorrentes, o que mostra a alta
fundamentais na geração de receita recorrente. R$ 262 MM frequência de venda de atletas.
Geração de Caixa
R$ 72 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 147 MM

Custos do Futebol
Em 2017 observamos recuperação no desempenho Observamos salto de 2¨% nos custos diretos do futebol,
operacional, atingindo o break-even em termos de geração aumentando a participação em relação às receitas recorrentes,, de
de caixa recorrente. Ainda com forte dependência da venda 62% para 70%. Importante ressaltar este crescimento, pois coloca
de atletas, foco deveria ser equacionar custos e despesas. o clube no limite do equilíbrio.

181
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Santos Futebol Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

Em 2017 o clube investiu R$ 67 milhões em formação


de elenco profissional, volume bastante elevado,
especialmente comparado a 2016. Oficialmente os
investimentos em formação de atleta (base) foram
menos representativos ano passado.

Dívidas

Fluxo de caixa que merece atenção. Inicia com boa geração de


caixa (EBITDA), investe um montante considerável (R$ 67
milhões), mas com financiamento de clubes (R$ 28 milhões), o
que coloca o desembolso no ano dentro do bolso do clube.

Ainda paga impostos e sobram recursos para outras finalidades, Dívidas totais estáveis, com destaque para a redução
especialmente bancárias, onde vemos redução da dívida.
das bancárias. O aumento em impostos vem da
O detalhe é que estes financiamentos de aquisição significam correção do saldo de dívida alongado pelo Profut.
saídas de caixa nos próximos períodos, ou seja, empurrando a
gestão de fluxo de caixa para o ano seguinte.
182
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Santos Futebol Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Aumento substancial nos gastos gerais, puxado pelos investimentos e mesmo pelos custos diretos.

No Índice de Eficiência vemos 2017 melhor que 2016 em termos de custos por pontos, mas desempenho
esportivo menor.

183
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Santos Futebol Clube

Girando os pratos

Em 2017 o Santos repete em grande parte seu histórico recente: a operação isoladamente fica no
vermelho – ou no zero-a-zero como em 2017 – e qualquer sobra de recursos tem que vir
necessariamente da venda de atletas. Seja para reinvestir, seja para pagar dívidas, os atletas
vendidos acabam sendo fundamentais para o clube.

É a política do erro zero. Não há outra alternativa que não a venda de atletas todos os anos, naquela
prática que enche o caixa do clube momentaneamente, mas que como água em chapa quente, logo
seca.

O clube até tem conseguido elevar suas receitas recorrentes, mas não consegue controlar seus
custos de maneira a sobrar dinheiro. Pelo contrário, aumenta os custos seguidamente, tanto que os
custos diretos com futebol saíram de 50% das receitas recorrentes em 2015 para 72% em 2017. O
que significa dizer que as gestões sempre contam com a venda de atletas para garantir certo
equilíbrio.

No ano passado parte das vendas serviu para reduzir as dívidas bancárias, mas com investimentos
vultosos sobraram dívidas a pagar a clubes. Uma coisa compensou a outra.

O Santos precisa pensar de acordo com suas possibilidades. Gastar menos, ser mais austero. Ou em
algum momento não dará tempo de salvar os pratos.

184
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Santos Futebol Clube

Balanço auditado por M/Legate


185
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 COM RESSALVAS | Contas a pagar (diversos apontamentos)
São Paulo Futebol Clube

186
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
São Paulo Futebol Clube
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


As receitas totais cresceram 24%, fortemente impulsionadas pela
venda de atletas, que dobraram. Destaque também para o
2017 Em termos reais observe que as receitas recorrentes do clube
andam praticamente de lado, exceto por 2016 pelo novo contrato de
crescimento de Publicidade, mas com queda em Bilheteria. Em Receitas TV. A realidade do clube é de alta dependência da venda de atletas
termos recorrentes permaneceram praticamente estáveis. R$ 459 MM para composição de suas receitas.
Geração de Caixa
R$ 188 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 210 MM

Custos do Futebol
Positivamente, depois de 3 anos sem geração de caixa recorrente o Os custos diretos do futebol cresceram. Apesar de vender muitos
clube em 2017 gerou caixa, assim como havia realizado em 2016. atletas também contratou muitos outros, possivelmente mais caros.
ainda assim, em menor montante. A venda de atletas impulsiona a A relação com as receitas recorrentes piorou um pouco (71% contra
geração de caixa total. 67%).

187
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
São Paulo Futebol Clube
Fluxo de Caixa Investimentos

O clube é o que mais investe em base no Brasil,


consistentemente acima de R$ 20 milhões (em 2017
foram R$ 22 milhões). E como vende muitos atletas
caba tendo que recompor elenco e gastando muito.
Em 2017 investiu metade do valor de vendas.

Dívidas

Fluxo de caixa muito bom, mas que engana. A excelente geração


de caixa (EBITDA) só existe pela venda de atletas, e parte dela é
usada automaticamente para fazer a reposição do elenco. Mas o
fluxo de caixa operacional, após investir e ajustar a NCG, e
“devolver” R$ 20 milhões de adiantamentos, foi de R$ 55 milhões,
suficiente para pagar as despesas financeiras, investir em
estrutura e reduzir dívidas (R$ 12 milhões de bancos e R$ 10 Positivamente as dívidas caíram, especialmente as
milhões de terceiros).
bancárias, que incluem dívidas com terceiros. As
Mas a geração de caixa recorrente foi de apenas R$ 24 milhões. Se
não houvesse vendas mal sobraria para pagar despesas Operacionais oscilaram pouco e as com Impostos
financeiras e investir na base. Logo, a dívida reduzida foi até cresceram apenas a correção monetária.
188
Análise
pouco Econômico-Financeira
para o potencial. dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
São Paulo Futebol Clube
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Gastos gerais cresceram com formação de elenco mas principalmente pelos custos diretos do futebol.

No Índice de Eficiência 2017 foi o segundo ano sem desempenho esportivo e com crescimento de custos
por ponto. Naturalmente, com desempenho fraco no Brasileiro e custos mais elevados, o índice piora.

189
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
São Paulo Futebol Clube

Eurodependência

O São Paulo é o clube brasileiro que mais faturou com venda de atletas nos últimos 7 anos. Ano
passado fez um volume astronômico de vendas, impulsionando suas receitas. Mas isto não tem
transformado o clube numa potência. Pelo contrário, a gestão baseada em compra-e-venda de
atletas apenas coloca o clube num risco absolutamente desnecessário.

Em 2017 tivemos movimentos positivos, como o aumento das receitas com Publicidade, mesmo
num ambiente econômico difícil. As vendas permitiram reduzir um pouco as dívidas bancárias. E é
isso.

O clube ainda depende operacionalmente da venda de atletas, numa espiral negativa, pois ao
vender muitos atletas precisa comprar outros tantos. Em geral quem sai é porque está bem e
ganha menos, enquanto os reforços são uma aposta e custam mais. Por isso vê seus custos
diretos crescendo. Num ano em que não conseguir vender atletas as contas simplesmente não
fecharão, pois o custo da base é elevado, o custo direto é alto, ainda há dívidas vencendo e seus
custos financeiros, e logo mais o Profut começa a vencer.

Mas o cenário com filtro mostra um clube com receitas elevadas e reduzindo dívidas, quando na
verdade usa mal essa receita e reduz dívidas e obrigações em menor escala do que poderia, sem
resolver o problema estrutural que obriga o clube a vender atletas todos os anos.

190
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
São Paulo Futebol Clube

Balanço auditado por RSM do Brasil


191
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 SEM RESSALVAS
São Paulo | Comparativo
Receita com Venda de Atletas % da venda de Atletas sobre Total

Receita Acumulada 2010-17 com venda de Atletas Média e Mediana de Venda de Atletas/Total

Desde 2012 as Receitas com Vendas de Atletas do São Paulo batem consistentemente as de Corinthians e Santos, outros dois clubes que se
beneficiam muito desse tipo de negociação. Percentualmente o Santos até ultrapassou ou ficou pouco acima em 2014 e 2016, mas quando
analisamos em termos de médias, mediana e valores totais, nota-se que o São Paulo se beneficia de forma relevante, posto que seus montantes
totais já são bem maiores que os do Santos.

Nos parece claro que a dependência que se tem de vendas de atletas é maior no Morumbi que em Vila Belmiro ou Itaquera, especialmente porque
mesmo após este montante elevadíssimo o São Paulo ainda não tem equilíbrio financeiro e continua dependendo da venda de atletas.

192
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Clube do Recife

193
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Clube do Recife
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Muito difícil analisar o Sport, pois os dados estão 2017 Receitas vinham crescendo em termos reais até 2016, mas
condensado, sem aberturas ou detalhes. Vemos apenas que caem em 2017. Não conseguimos explicações.
as receitas totais caíra, possivelmente porque em 2016 havia Receitas
luvas não destacadas. R$ 105 MM
Geração de Caixa
R$ 13 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 63 MM

Custos do Futebol
A despeito da menor receita clube ainda conseguiu gerar caixa, Custos diretos do cresceram modestamente em 2017 e em
abaixo de 2016, quando acreditamos haver luvas de renovação de relação às receitas ficou abaixo de 2015, ano de melhor
Direitos de TV embutidas. Desempenho melhor que nos anos comparabilidade. Ponto positivo.
anteriores, sem receitas extraordinárias.

194
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Clube do Recife
Fluxo de Caixa Investimentos

Os números apresentados indicam investimentos


elevados tanto na base (formação de atletas) como
no elenco profissional (investimentos em atletas),
acima do visto no ano anterior.

Dívidas

Fluxo de caixa de 2017 mostra um clube gerou algum


caixa mas, mas insuficiente para o elevado montante de
investimentos, que precisaram ser financiados, seja
diretamente com os clubes vendedores, seja através do
aumento de salários e encargos.
Dívida total cresce puxada pelo forte crescimento
O déficit de caixa após investimentos foi coberto com das dívidas operacionais. Basicamente falamos de
aumento da dívida bancária, que é nominalmente valores a pagar a clubes pela aquisição de atletas.
pequena mas que não tem geração de caixa suficiente
Ou seja, investimento do ano com pagamento
para amortizá-la.
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 parcelado.
195
Sport Clube do Recife
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Custos Operacionais do futebol cresceram substancialmente em 2017 puxados pelo elevado valor de
investimentos.

No Índice de Eficiência vemos 2017 melhor que 2016, com custo por ponto mais baixo, e melhor
desempenho esportivo.

196
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Clube do Recife
Hipotecando o futuro

O ano de 2017 mostra um Sport Recife apostando alto nas contratações, mesmo sem dinheiro
suficiente.

Investiu bem mais que sua capacidade, mas de forma financiada. Ou seja, a conta virá nos próximos
anos, ou já neste ano, dependendo do prazo.

Não é exatamente a melhor estratégia financeira, pois coloca o futuro em risco, especialmente em
dívidas com clubes, pois a FIFA atuará contra atrasos. Não há detalhes sobre a estratégia pensada
para o fluxo de caixa dos próximos anos. Uma alternativa é a venda de atletas, e se for por este
caminho, mais um clube que vive deste tipo de receita.

197
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Clube do Recife

Balanço auditado por BDO


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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 COM RESSALVAS | Imobilizado
Club de Regatas Vasco da Gama

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas Vasco da Gama
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Crescimento de receitas da ordem de 26%, com destaque 2017 Receitas em termos reais oscilam muito no tempo, e
para a venda de atletas. Demais receitas permaneceram contribui para isso as idas-e-vindas da Série B. Outro
estáveis. Receitas aspecto a ser apontado é a ausência de venda de atletas
R$ 176 MM entre 2014 e 2016.
Geração de Caixa
R$ 13 MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 103 MM

Custos do Futebol
Revisamos os dados de 2016 à luz das informações prestadas Custos diretos do futebol se mantiveram estáveis e queda
pelo clube em 2017, excluindo valores recebidos como luvas de
em relação às receitas recorrentes. Ajuste feito dentro do
renovação de Direitos de TV das receitas. Com esta visão, são
dois anos seguidos de desempenho muito fraco em termos de
possível.
geração de caixa recorrente.
200
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas Vasco da Gama
Fluxo de Caixa Investimentos

Investimentos baixíssimos nos dois últimos


anos, reflexo da situação econômico-financeira
desconfortável.

Dívidas

O fluxo de caixa é muito difícil de ser fechado. Primeiro


pela qualidade ruim das informações, inúmeros ajustes,
reclasificações, ressalvas. O que temos aqui é uma ideia
do que foi o fluxo de caixa real do clube em 206 e 2017.

Houve um aumento das contas de giro (NCG),


especialmente IRRF e INSS a Recolher. Isto ajudou a Dívida total cresceu, impulsionada pelo aumento
fechar as contas do ano, em conjunto com aumento de R$ das dívidas bancárias e operacionais. Pra essas
24 milhões em dívidas bancárias.
houve crescimento de despesas provisionadas, que
O fato é que o clube encerrou 2017 numa situação bem pode indicar dificuldades na gestão trabalhista.
difícil,
Análisedesconfortável.
Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 Dos Impostos pagou efetivamente R$ 38 milhões.
201
Clube de Regatas Vasco da Gama
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os gastos gerais do futebol ficaram abaixo de 2016, com a redução dos custos diretos.

Com relação ao Índice de Eficiência vemos 2017 acima dos últimos anos com relação aos custos por pontos
conquistados, mas desempenho esportivo razoável.

202
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas Vasco da Gama

Nau à deriva

A situação do Vasco da Gama é realmente complicada. Receitas que não crescem, custos elevados
para seu perfil de receitas, números bastante difíceis de serem entendidos. Preciso de
financiamentos operacionais nas linhas trabalhistas (IRFF e INSS) para ajudar a fechar as contas de
2017, bem como tomar dinheiro em bancos.

Tão ruim como fechar 2017 em dificuldades é perceber que é preciso um grande esforço para tirar o
clube da situação.

Se em 2017, mesmo com venda de atletas o clube precisou de bancos e financiamentos


operacionais para honrar seus compromissos com os alongamentos de impostos, para os próximos
anos há uma série de dificuldades adicionais, como adiantamento de receitas de TV já
comprometendo receitas futuras, a própria mudança no modelo de divisão das cotas de Direitos de
TV, que vai pressionar ainda mais o fluxo de caixa, aumento nos valores a pagar de Impostos
alongados, dívida bancária maior.

Qual a solução? A mesma de sempre: vender atletas, cortas custos. A primeira todos fazem, mas a
segunda é sempre um caminho difícil.

Haverá como ancorar esta nau?

203
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube de Regatas Vasco da Gama

A auditoria encontrou tantos problemas nas informações prestadas


pelo clube que se absteve de dar parecer. Isto é uma forte indicação
do tamanho do problema que o clube enfrenta.

Balanço auditado por BDO


204
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 AUDITORIA SE ABSTEVE DE DAR PARECER
Esporte Clube Vitória

205
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Vitória
Composição das Receitas

Evolução das Receitas


Receitas cresceram 21% em 2017, com destaque para a 2017 Receitas oscilaram muito em termos reais, e a queda para a
venda de atletas. Publicidade sofreu redução, compensada Série B em 2015 foi o pior momento. Retorno à Série A
pela Bilheteria. Receitas trouxe aumento, mas ainda há dependência da venda de
R$ 87 MM atletas.
Geração de Caixa
R$ (5) MM
Custo do Futebol
Geração de Caixa (EBITDA)

R$ 57 MM

Custos do Futebol
Se a Série B ajudou a melhorar o desempenho, a volta à O clube apresentou crescimento nos custos diretos com o
Série A apresentou 2 anos sem geração de caixa. Em 2017 futebol, atingindo índice de 86% das receitas recorrentes,
a geração de caixa (EBITDA) recorrente foi números muito elevado, o que força a necessidade da
substancialmente pior que a observada em 2016. venda de atletas.
206
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Vitória
Fluxo de Caixa Investimentos

Investimentos em linha com os observados em


2016, sem destaques.

Dívidas

Fluxo de caixa muito justo do Vitória. Começa com


geração de caixa negativa, que ainda teve consumo de
adiantamentos de TV (R$ 13 milhões) e investimentos
que foram suportados por financiamentos das
aquisições (R$ 23 milhões). Depois pagou R$ 21 milhões Dívidas cresceram substancialmente em 2017
em Impostos. porque o clube reconheceu dívidas fiscais de anos
anteriores. Além disso, aumentou as Operacionais
Ao final, usou o caixa formado pelas luvas recebidas em por conta de valores a pagar a clubes.
2016 para ajustar seu fluxo em 2017.
207
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Vitória
Evolução dos Custos Operacionais Índice de Eficiência

Os gastos gerais aumentaram em 2017 impulsionados pelo aumento nos custos diretos.

O Índice de Eficiência ficou praticamente igual ao de 2016, com desempenho esportivo semelhante.

208
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Vitória

Voltando enfim ao início

Quando se anda em círculos temos a sensação de passar sempre pelo mesmo lugar. Não é apenas
sensação, é fato. O Vitória de 2017 lembra bem esta situação. Parecia estar se ajustando, mas
surgiram dívidas fiscais do passado que acabaram consumindo a folga de caixa do clube.

Agora precisa trabalhar com mais segurança e parcimônia para garantir a estabilidade financeira.
Controle, austeridade, investimentos possíveis. Ao menos espera-se que os problemas estejam
todos mapeados. É o primeiro passo para estruturar um planejamento.

209
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Vitória

Balanço auditado por Convicta Auditores


210
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Avaliação de
Desempenho
| Gráfico de
Eficiência
Futebolística

211
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 211
Conceito | Visão geral
Como medir a eficiência de uma equipe

O que é eficiência no Futebol? Muito provavelmente dirão os Torcedores e Analistas que são os Títulos! De certo modo, é verdade, afinal o
“lucro” de um clube deveria ser o título conquistado.

Mas a que preço chega esse título? Quanto vale o desempenho de um clube Campeão? Será possível chegar a conquistas gastando pouco?

Buscando respostas a essas e outras perguntas criamos um Índice de Eficiência do Futebol, que consiste em fazer um cruzamento entre
Desempenho Esportivo, tratado em duas dimensões, i) total de pontos obtidos no ano e ii) pontuação por colocação nos campeonatos
disputados e desempenho financeiro, tratado a partir dos Gastos Gerais, que como mostramos anteriormente, é a soma entre Custos,
Investimentos e Despesas Financeiras.

Isso tudo é plotado num gráfico e dependendo da posição do clube nesse gráfico chegamos ´visualmente ao Índice de Eficiência.

A seguir um pouco sobre as 3 dimensões.

Gastos Gerais Relação com os Pontos As Conquistas


Daí cruzamos o Custo por Ponto com
É a soma conforme citamos acima. Ela Dividimos então o valor dos Gastos outra pontuação, a das Conquistas.
indica quanto o clube investiu no Futebol, Gerais pelo total de pontos obtidos pelo Atribuímos pontuações para conquistas e
seja via Salários, despesas que clube ao longo de todo o ano, em todos decepções, na seguinte proporção:
sustentam o negócio, Investimentos em os campeonatos oficiais.
Atletas Profissionais e da Base – ou seja, Títulos Estaduais ...................:.....10 pts
Copa Sulamericana:.................... 10 pts
reforço da mão-de-obra – e quanto Com isto chegamos ao Custo de cada Classificação para Libertadores:. 10 pts
pagou de Custos Financeiros, que na ponto, que de maneira geral nos grandes Títulos da Copa do Brasil:........... 15 pts
prática representa o preço do dinheiro clubes chega a valer Milhões de Reais. Brasileiro: ....................................25 pts
tomado para cobrir buracos de caixa Libertadores: ...............................30 pts
Mundial: .......................................50 pts
originados pela atividade, seja por conta Mas ele sozinho não diz nada, pois um
de Dívidas, seja por Adiantamentos. clube pode ter conquistado um bom Subir para Série A:....................... 5 pts
volume de pontos mas não ter Cair para Série B: .....................- 15 pts
conquistado Títulos.
O resultado veremos a seguir, com o
cruzamento plotado num gráfico e a
classificação de cada clube.

212
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Os Grupos | Como definimos cada posição no gráfico
Os grupos levam em consideração a pontuação total das conquistas, ou seja, se um clube venceu o Estadual e fez 5
pontos, mas foi rebaixado na Série A e perdeu 15 pontos, então no ano seu resultado foi menos 10 pontos. Um título é
importante, mas vemos que a permanência na Série A traz mais retorno financeiro no longo prazo.

Eficientes Eficazes Bom Trabalho

São os que conseguiram São os que conseguiram Gastaram relativamente


mais Conquistas gastando mais Conquistas gastando pouco e apesar de não
menos por ponto. Eficiência mais por ponto. O resultado conquistarem nada,
é conseguir resultados ao veio, mas a um custo permaneceram nas suas
menor custo. excessivo. Séries.

Deixaram a Desejar Não deu Perdulários

Estes também Gastaram pouco, era o Gastaram muito e o


permaneceram em suas possível, e o resultado não resultado ao final da
Séries, mas gastando muito só não veio como o clube temporada foi negativo.
mais. Ou seja, o gasto foi ainda foi Rebaixado de Pode até ter conquistado um
improdutivo. Série. título menor, mas o
rebaixamento de Série pôs
tudo a perder.

213
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custo por Ponto Conquistado | R$ milhões / ponto
O Gráfico

Pontuação de Conquistas

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

214
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O Gráfico

O aumento da quantidade de clubes


classificados para a Libertadores alterou a
quantidade de clubes que chamamos de
Eficazes. Se no ano passado havia 7 clubes,
em 2017 passaram a 9, conforme as bolinhas
azuis ao lado.

Os destaques positivos desta lista são o


Grêmio e o Corinthians, vencedores com Custo
por Ponto perto de R$ 2,3 milhões.
Custo por Ponto Conquistado

Não é possível falar em destaque negativo,


mas dos clubes Eficazes é inegável apontar o
Palmeiras como uma certa decepção esportiva,
uma vez que gastou R$ 4,74 milhões por ponto
ganho Pontuação de Conquistas resume-se a
e seu desempenho
classificar para a Libertadores.

O desempenho do Flamengo também foi apenas razoável, porque se classificou para a Libertadores e foi campeão estadual
gastando R$ 3,47 milhões por ponto. Ainda assim é importante lembrar que o clube chegou a outras duas finais, que poderiam
ter transformado esta pontuação. Ficou no quase.

O Internacional só está nesta lista porque retornou à Séria A. Gastou bem mais que os outros clubes que obtiveram o mesmo
desempenho, o que mostra que nem sempre estar neste bloco do índice é sinal de sucesso.

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

215
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O Gráfico

Comparamos os 3 últimos campeões


brasileiros e vemos que o
desempenho esportivo do
Corinthians em 2017 foi melhor que o
Custo por Ponto Conquistado

do próprio clube em 2015 e do


Palmeiras em 2016, mas gastando um
pouco mais que o valor de 2015 e do
rival em 2016.

Ainda assim, mostra que é possível


ser campeão gastando relativamente
pouco.

Pontuação de Conquistas

216
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O Gráfico

O maior destaque entre os Eficientes é a Chapecoense, que se classificou para a Libertadores


e foi campeã estadual. Gastou como o Goiás e menos que Vitória e Sport, num ano em que se
reconstruiu, e foi mais vitoriosa.

Destaque também para o Paraná Clube, que retornou à Série A com gasto baixíssimo, o
menor entre os clubes da amostra, e praticamente 10 vezes menos que o Internacional, para o
mesmo desempenho.
Custo por Ponto Conquistado

A característica desse bloco é justamente conseguir conquistas possíveis com poucos


recursos, e naturalmente campeões estaduais e classificados para a Libertadores se
destacam.
Pontuação de Conquistas

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

217
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O Gráfico

Dos clubes que Deixaram a Quem fez um Bom Trabalho foram novamente os clubes
Desejar, o maior destaque regionais, cujo maior objetivo é se manter na Série A e vencer, e
negativo é o São Paulo, que se possível vencer o estadual.
pelo segundo ano
consecutivo tem gastos O Atlético Paranaense abdicou do torneio estadual, enquanto
elevadíssimos e nenhum para o Bahia a disputa local é binária, contra o Vitória.
desempenho esportivo
positivo. Para Criciúma e Figueirense as histórias são parecidas mas
distintas ao mesmo tempo. Ambos disputam um campeonato
Custo por Ponto Conquistado

Para o mesmo desempenho estadual duro, que ainda tem Chapecoense e Avaí, o que dificulta
esportivo o Fluminense e o o título. E em 2017 ambos disputaram a Série B. mas para o
Botafogo gastaram menos Criciúma à divisão mais importante do país é menos comum que
que a metade do clube para o Figueira, que além de não voltar ainda fez um campeonato
Pontuação de Conquistas
paulista, o que mostra que bem abaixo de seus desempenho usual, o que o coloca como a
efetivamente há algum decepção deste grupo.
equívoco na gestão
esportiva do São Paulo.

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

218
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O Gráfico

Em 2017 não tivemos clubes grandes rebaixados, apenas regionais.


Além dos 3 da amostra ainda tivemos o Atlético Goianiense, que
Custo por Ponto Conquistado

não entra no estudo pela má qualidade de seus dados financeiros.

Pontuação de Conquistas
Entre os três o destaque negativo é o Coritiba, que gastou o maior
valor por ponto

Eficazes Bom Trabalho Não Deu

Eficientes Deixou a Desejar Perdulários

219
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Análise do Índice de Eficiência Financeira

Comparamos os Gastos por Ponto em 2016 e 2017. Note que a maior parte dos Clubes gastou mais por ponto
conquistado, com exceção de Cruzeiro, Fluminense, Avaí e Criciúma.

Destaque: os 4 maiores custo por pontos de 2017 aumentaram demais os valores em relação a 2016, sendo que
apenas o Flamengo alcançou um título. Outro que aumentou seu custo consideravelmente foi o Botafogo, para jogar a
Libertadores.

220
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Avaliação de
Desempenho
| Histórico do
Campeonato
Brasileiro

221
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 221
O que faz um Campeão?

“Existe algum comportamento do ponto-de-vista de gestão e finanças que


indique o caminho para algum clube ser campeão?”.

Nos fizemos esta pergunta e buscamos correlacionar os dados


econômico-financeiros dos 12 clubes considerados grandes para verificar
se há realmente algo que seja um caminho para as conquistas.

Analisamos o desempenho dos últimos 10 anos, ponderando por


atingimento, de maneira que não é apenas o título que importa, mas
também obter a chance de disputar a Libertadores do ano seguinte, por
exemplo. Isto implica no aumento da possibilidade de conquistas e
também de mais receitas.

Também adicionamos o desempenho das principais ligas européis e


traçamos alguns paralelos buscando respostas à pergunta inicial.

Vamos aos números.

222
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O Imprevisível Brasileirão

A primeira sensação ao olhar este gráfico é a de caos instalado. Não é possível avaliar de forma clara nenhum tendência. Os clubes
oscilam de forma impressionante, o que geralmente transforma o Campeonato Brasileiro em competitivo, na visão da crítica
especializada.

Mas temos uma visão um pouco diferente. Na verdade o Campeonato Brasileiro é “imprevisível”, o que é diferente de “competitivo”.

É bastante simplista e cômodo anunciar no começo de cada campeonato que temos o mais competitivo entre os campeonatos
nacionais. Na prática, como os clubes mudam de elenco consideravelmente entre um ano e outro, ao longo do campeonato e como há
aspectos de gestão que geram times fortes mesmo sem estrutura financeira compatível, a ideia de competitividade é só uma falta de
possibilidade de avaliação da força individual de cada clube.

No período analisado apenas em 2009 houve realmente uma disputa até as rodadas finais. Em todos os outros anos foi praxe que os
poucos líderes do primeiro turno chegassem ao final do campeonato com chance de título e, com pouca variação, o campeonato
terminasse com 3 ou 4 rodadas de antecedência. Competitivo? Não. Imprevisível.

223
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Desempenho no Campeonato Brasileiro

Desempenho dos Paulistas


Separamos por Estado para analisar os desempenhos de forma
mais clara. Enquanto em São Paulo os 4 clubes tem
desempenho errático, mas frequentando bastante a primeira
metade da tabela, os clubes do Rio de Janeiro oscilam muito
mais e ocupam com frequência a parte de baixo.

Mineiros e Gaúchos também mostram muita consistência de


desempenho, frequentemente na parte de cima.

Há destaques claros, como Santos crescendo a partir de 2010, o


Corinthians desde que retornou da Série B, o Palmeiras
retomando o melhor desempenho, Grêmio bem posicionado, o
São Paulo em franca queda, o Vasco muito mal e o Flamengo se
recuperando.

Desempenho dos Cariocas Desempenho de Mineiros e Gaúchos

224
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Quem são os melhores?
5 Melhores Desempenhos
Reduzimos a amostra para os 5 melhores
desempenhos históricos, a partir de uma média de
desempenho, formado a partir da colocação em cada
competição.

O destaque é o Grêmio, que mesmo sem vencer


consegue obter boas colocações, seguido de
Corinthians, Cruzeiro, São Paulo e Atlético Mineiro.

Mesmo considerando os 5 melhores ainda assim


temos uma enorme oscilação, e de 10 campeonatos
esses clubes venceram apenas metade das vezes.

No gráfico de baixo correlacionamos a colocação final


com a ponderação por desempenho. Isto significa
que demos pesos diferentes para a colocação (menos
pontos significam melhor desempenho), de forma que
ser vice-campeão ou quarto colocado é a mesma
Desempenho Geral coisa, porque classificada da mesma forma para a
Libertadores, mas em termos de colocação, ser vice é
melhor que ser quarto.

A partir dessa consideração plotamos as intersecções


no gráfico e chegamos a 4 quadrantes, sendo que o
número 1 é o de melhor desempenho e o 4 o de pior.

Assim, vemos claramente a diferença de desempenho


entre os clubes, de maneira que os mais abaixo
conseguiram melhor desempenho e os mais à
esquerda melhores colocações.

Corinthians e Grêmio tiveram o melhor desempenho


enquanto o Vasco está do lado oposto, com os pior
desempenho comparativo.

225
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Comparando com os Europeus

Brasil Itália

Inglaterra Alemanha

226
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Comparando com os Europeus

Brasil Espanha

França Avaliação Geral


Os campeonatos europeus tem desempenho muito
estável entre os melhores clubes. As exceções são a
França e a Alemanha, mas que mantém uma
constância em seus campeões. Olhando os nomes e
comparando com o ranking de receitas fica claro que
os melhores desempenho são também os clubes de
maiores receitas.

Na Alemanha e na França, onde as diferenças


financeiras são menores, exceto em relação a um time
de cada país, claramente mais ricos que os demais,
observa-se maior equilíbrio. Mais receitas, mais
gastos. Uma chave clara do sucesso.

227
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Correlações
entre Títulos
e Finanças

Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 228


228
Correlações: Finanças explicam os Títulos?

Então as receitas explicam tudo? Talvez expliquem em locais onde a gestão é


muito parecida na média dos clubes. Pode até haver diferença entre o que a
Juventus e o Napoli fazem na Itália, ou entre o que o Bayern e Schalke 04 fazem
na Alemanha, mas conceitualmente todos caminham pelo mesmo trilho. O que os
difere efetivamente é a quantidade de dinheiro disponível.

No Brasil onde as gestões não são comparáveis e os modelos mostram enormes


dificuldades, seja fora de campo ou dentro dele, ter mais dinheiro não garante
sucesso. Primeiro porque este dinheiro a maior pode ter vindo de um desmanche
de elenco. Depois, as montagens de elenco ainda são feitas de forma
desequilibrada, sem pensar o todo e trabalhando mais nomes que desempenho.
Ainda tem a dificuldade em encontrar treinador e elenco que se encaixem. E por
fim, mas certamente o mais importante, não existe o conceito de “cultura
esportiva”, que deveria nortear as escolhas e decisões técnicas. Com isso,
dinheiro na mão não garante sucesso.

Mas fomos comparar alguns dados econômico-financeiros com o desempenho


esportivo e buscar alguma correlação. Vamos aos números.

229
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custos & Despesas

Em R$ milhões

Comparamos Custos e Despesas totais com o clube campeão de cada ano. O resultado foi que em apenas 3 anos o de maior custo conseguiu o
título. Lembrando que no caso do Fluminense a maior parte dos custos estava fora do balanço, na conta da então patrocinadora, o que dificulta a
análise dos anos em que foi campeão. Ainda que fosse o maior custo daqueles anos, isto aumentaria para 5 o número de anos com match. Mas
em 2014 o Cruzeiro chegou perto de ter o maior gasto gastou 89% do valor do campeão). Ou seja, ficou perto e teve conquistas. Ampliando um
pouco o range e indo além do maior, dá para dizer que ter custos e despesas elevadas é um caminho para as conquistas. E, veja, não significa
ter receita compatível com os custos, isto é outro tema.

230
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Investimento em Atletas

Em R$ milhões

Comparamos Investimentos em formação de elenco profissional com o clube campeão de cada ano. O resultado foi que em
apenas 2 anos o de maior investimento conseguiu o título. Lembrando que no caso do Fluminense a maior parte dos investimentos
estava fora do balanço, na conta da então patrocinadora. Ainda que fosse o maior investimento daqueles anos isto aumentaria para
4 o número de anos com match. Logo, não é preponderante gastar mais, pois os demais campeões não tiveram investimentos tão
relevantes. Entretanto, outros 3 campeões (incluindo um ano do Fluminense) gastaram mais que a mediana da amostra, o que
indica que geralmente há um investimento mínimo para reforçar elenco que contribui para as conquistas.

231
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receita Total

Em R$ milhões

Comparamos Receitas totais com o clube campeão de cada ano. O resultado foi que em apenas 2 anos o de maior receita
conseguiu o título. Neste caso o Fluminense não interfere na conta, de forma que claramente mais dinheiro não traz felicidade,
porque talvez seja mal gasto. Entretanto, por outros 3 anos o campeão teve receitas acima da mediana da amostra, sendo que em
dois deles representou pelo menos 10% do total das receitas da mesma amostra. Ou seja, estar acima da mediana éum bom
caminho.

232
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receita Recorrente

Em R$ milhões

Comparamos Receita Recorrente com o clube campeão de cada ano. O resultado foi que novamente em apenas 2 anos
o de maior receita conseguiu o título. Em outros 3 anos os campeões tiveram receitas recorrentes pouco acima da
mediana, mas nada muito destacado. O fato é que a receita cotidiana não garante sucesso esportivo.

233
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Geração de Caixa (EBITDA) Recorrente

Em R$ milhões

No caso da geração de caixa (EBITDA) não há qualquer relação entre vencer e ter boa geração. Pelo contrário, uma vez que em 7
dos 10 anos os clubes não chegaram nem a gerar caixa, o que mostra que acabam gastando mais do que arrecadam e geralmente
dependem de vender atletas para fechar as contas. Ao mesmo tempo, nos dois últimos anos o campeão gerou caixa, o que pode
ser uma bem vinda mudança de postura.

234
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
E então...

...a conclusão que se chega é justamente a de que no Brasil as finanças não explicam necessariamente
o resultado, ao menos quando analisamos o melhor em cada critério.

Ao mesmo tempo, há indícios de que alguns comportamentos dão mais oportunidade de conquista.
Especialmente os relacionados aos gastos, que na amostra estão representados por Custos & Despesas
e Investimentos em elenco profissional.

Fazer mais que o comum, representado pela mediana, é quase uma necessidade. Ou seja, pagar
salários mais elevados e gastar mais montando times pode ser um caminho. O problema é que estes
gastos nem sempre estão relacionados com a capacidade desses clubes de fazê-los. Ou seja, gasta-se
sem receita equivalente.

Quando analisamos as receitas e especialmente a geração de caixa (EBITDA) recorrente vemos que
quem mais gasta e vence nem sempre tem receita para isso ou tem equilíbrio financeiro.

Mas há um caminho, pois os últimos campeões já conseguem gerar caixa de forma recorrente.

Enfim, estas relações mostram e justificam a ideia de que o campeonato brasileiro é apenas imprevisível
e não necessariamente equilibrado.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Atualização

Os números de
2017 explicam
desempenho
de 2018 até
agora?

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 236
O ano foi passando

Já estamos em Setembro, os campeonatos já evoluíram bastante e estão


chegando às suas retas finais. Será que o desempenho esportivo de 2018 está
de alguma forma relacionado ao desempenho financeiro de 2017?

Afinal, a forma como o clube termina um ano deveria indicar sua capacidade de
montar um bom elenco, reforçar o time ou ter que vender atletas
desesperadamente. Muitos deveriam iniciar corte de custos, outros poderiam se
aproveitar das boas receitas.

Mas é fato que nem sempre a capacidade financeira se reverte em conquistas


esportivas. Como já foi dito anteriormente, o futebol brasileiro é imprevisível,
impaciente e isto o torna dinâmico, por linhas tortas.

Vamos fazer um apanhado dos desempenhos dos clubes brasileiros observados


até agora e verificar se há relação entre equilíbrio financeiro, boas receitas e
vitórias.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Posição ao final de Agosto/18

Considerando o que foi apresentado nas análises, podemos admitir que existem 3 clubes equilibrados no
Brasil: Flamengo, Grêmio e Palmeiras, considerando o que chamamos de “times nacionais”, dado que há
times regionais bem organizados e equilibrados, como Chapecoense e Sport.

Depois temos um segundo grupo, formado por clubes que não estão longo do equilíbrio, listados em
amarelo e aqui representados por Bahia, Santos e São Paulo. Na sequência, entre os campeões e bem
classificados temos os clubes em dificuldade iminente e com desequilibrados, anotados em laranja. Ao
final, os clubes assinalados em vermelho e que se encontram em grande dificuldade e levarão mais tempo
para se organizarem.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Posição ao final de Agosto/18

O mapa de cores mostra algumas situações bastante claras. Os Estaduais, torneios de tiro mais curto e ainda em início de
temporada, são dominados por clubes em situação mais difícil. Na lista em análise apenas o Grêmio foi campeão.

No campeonato mais longo, onde planejamento e equilíbrio financeiro fazem alguma diferença, dos 6 primeiros colocados ao
final do 1º turno, os 3 equilibrados estavam entre eles, e o líder era um clube próximo ao equilíbrio. Curiosamente, e
refletindo a ideia de que o futebol brasileiro é imprevisível, um clube em dificuldades era o vice-líder, mostrando que alguma
organização e sorte na montagem do elenco acabam dando resultado.

Enquanto isso, nos torneios eliminatórios, vemos os clubes equilibrados avançando. E temos que considerar que na Copa do
Brasil Flamengo e Grêmio se enfrentaram, nas quartas-de-final, de forma que o sorteio direcionou que um dos 3 equilibrados
ficassem de fora da semifinal. Na Libertadores...

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Análise de longo prazo: 2012-2018

Para analisar os efeitos da melhoria na gestão tomamos os período a partir de 2012, ano em que houve a mudança mais significativa em
termos de receitas dos clubes, com o aumento no contrato de direitos de TV. Entre 2012 e 2017 utilizamos a posição final do Campeonato
Brasileiro, e para 2018 a posição de final de 1º turno do mesmo campeonato.

Pois bem, tomando como base o fato de que Flamengo, Grêmio e Palmeiras são os clubes com melhor desempenho financeiro entre os
chamados “grandes”, veja a evolução desses times no tempo.

No Grêmio o clube contratou seu primeiro CEO de mercado em Janeiro de 2015, trabalhou bem no ano, escorregou em 2016 e agora em
2017 e 2018, já consolidado, apresenta bons resultados, sem contar as conquistas em outros torneiros.

No Palmeiras o resultado da gestão Paulo Nobre observa-se a partir de 2015. Em 2014 o clube retorna da Série B, quase [e rebaixado
novamente, e a partir de 2016 passa a fazer parte do topo da tabela de forma consistente.

O Flamengo iniciou suas reestruturação em 2013, e penou na parte de baixo da tabela até 2015. Em 2016, já saneado, o clube passa a
frequentar a parte mais alta da tabela. Não é à toa que os 3 clubes estão entre os 6 melhores de 2017 e 2018, colocação que os classifica
para a Libertadores. Mantendo este comportamento, naturalmente chegarão ao título mais vezes.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O equilíbrio financeiro vai se mostrando eficiente

Curioso observar que os clubes que conquistam Estaduais são, em sua maioria, equipes
desequilibradas ou mesmo em dificuldades. Podem haver inúmeras explicações e
justificativas, como por exemplo o fato de saberem que este é o único campeonato onde
realmente podem competir em pé-de-igualdade, pois está no início da temporada e os
clubes mais organizados estão se estruturando para as competições mais longas.

Eles também conseguem avançar nos campeonatos eliminatórios, e para isso ainda
contam com a sorte no encadeamento das chaves.

Mas vai ficando claro que equilíbrio financeiro leva os clubes mais longe nos campeonatos
mais longos e nos mais importantes. Podem até não vencê-los, mas estão mais
preparados para irem mais longe. E quanto mais tempo mantiverem este equilíbrio
enquanto os adversários patinam, mais se destacarão.

Não podemos deixar de salientar a evolução impressionante de Palmeiras e Flamengo ao


longo do tempo, e a consolidação do Grêmio como força do futebol. Antes apenas
esportivamente, mas que agora se torna forte e estruturado fora de campo.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Futebol no
Brasil
x
Futebol na
Europa

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 242
Brasil x Europa | Relação Receita x PIB de cada País

A real distância entre nós

O objetivo é fazer uma comparação que fuja do erro comum que é comparar Receitas em Reais convertidas em Euros
com Receitas originadas em Euros.

Naturalmente que a capacidade de geração de Receitas dos Clubes Europeus será sempre maior que a dos
Brasileiros, pois as Economias são mais fortes e há uma questão cambial que distorce a relação.

Ao utilizarmos a comparação entre Receita e PIB do País, que é onde os clubes geram a maior parte de suas receitas,
com contratos de TV e Bilheteria, passamos a encontrar a relevância do Clube na Economia do País. Desta forma
podemos verificar quem consegue de fato extrair mais Receitas de sua Economia-Mãe.

A conta é bastante simples: dividimos a Receita da temporada pelo PIB médio dos anos em que questão. Por
exemplo, para a Temporada 2015/2016 utilizamos a Receitas dividida pelo PIB Médio entre 2015 e 2016. Como
mencionado, isto dá uma dimensão sobre a relevância dessa Receita em relação ao que o País produziu no mesmo
período.

Real Madrid e Barcelona mostram quão fortes são, visto que suas receitas frente ao PIB Espanhol são
substancialmente maiores que a dos pares Europeus. Neste ano, o destaque será o Benfica, pois teve uma receita
importante realizada num País cujo PIB é substancialmente inferior aos demais, que é Portugal.

Ao mesmo tempo, os Clubes Brasileiros se colocam em posições razoáveis dentro do cenário Mundial. Obviamente
que jamais competiremos com esses clubes na busca por algum atleta, mas podemos ver que alguns clubes atingem
níveis mundiais de Receitas.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Distância aumentou
2016/2017 | Receita Nominal 2016/2017 | Ranking por % PIB Local

* No casos dos Brasileiros utilizamos as Receitas de Dezembro/17

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dificilmente atingiremos patamares mais elevados

A competição entre Brasileiros e Europeus é muito difícil, em função da moeda, do poder de compra do torcedor e do volume de dinheiro que gira
nos mercados.

Fizemos o seguinte exercício: considerando a relação Receita/PIB dos clubes Europeus e aplicando-as ao PIB Brasileiro de 2017 (R$ 6,6 Tri),
qual seria a Receita que o clube Brasileiro teria no ano? Qual o tamanho do crescimento em relação à receita do Flamengo, maior do País em
2017?

Veja que para atingir 10ª relação Receita/PIB, que pertenceu ao Bayern Munich, de 0,0184%, a maior Receita do Brasil deveria ser de R$ 1,2
bilhão, ou duas vezes maior que a auferida pelo Flamengo em 2017. Isto é bastante difícil, e esta dificuldade ajuda a explicar o porquê da
distância entre o Futebol Europeu e o Brasileiro. Por mais esforços aplicados para aumento das Receitas do clubes Brasileiros, um crescimento
dessa magnitude leva tanto tempo para ocorrer que o torna improvável, ao menos a curto e médio prazos.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Comportamento das Receitas por Origem
Comparativo por Origem de Receita | 2016

Comparamos as Receitas Brasileiras com as dos 20 maiores Europeus, por origem.

A primeira diferença foi notar que os Europeus não consideram Venda de Atletas no Operacional, então para os Brasileiros criamos uma quarta
categoria, para abarcar esta origem.

Os gigantes apresentam maior equilíbrio entre Receitas Comerciais e de TV, mas na comparação com outros clubes do mesmo País. Veja o
Bayern, Barcelona e Real Madrid. De certa forma, os Alemães são assim, uma vez que as Receitas com TV são distribuídas de maneira mais
equilibrada. Agora, Barcelona e Real Madrid são mais equilibrados por conta da TV ou a TV retribuiu a maior exposição?

Na Inglaterra, quanto menor o clube, mais dependente da TV, enquanto fica claro que o PSG é um clube de dono, que aporta recursos via
Receitas Comerciais.

No Brasil, a venda de Atletas é um componente importante, mas diferentemente dos Europeus, que trabalham com Receitas mais estáveis, os
Brasileiros ficam à mercê da demanda dos co-irmãos do Velho Mundo.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Conclusões

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018 247
Conclusão | A parte que falta

Ao longo deste relatório vimos que o futebol brasileiro se mexe para não sair do lugar.

Aumenta as receitas aqui, usa os recursos para pagar umas contas ali. No total parece melhorar, mas
olhando com lupa vemos que alguns poucos se movimentaram na direção certa.

Enquanto isso os clubes europeus ocupam mais espaço no imaginário dos torcedores, a qualidade do
nosso jogo não se desenvolve, e sem uma evolução clara, vivemos no acaso, e a ilusão de que este
acaso se traduz em competitividade. “Todos podem ser campeões”.

Mas esta é uma falácia, porque o acaso, a imprevisibilidade é fruto da falta e não do que sobra. Falta
gestão, visão corporativa, controle e planejamento. Os clubes precisam se fortalecer para poder
manter em casa times mais fortes, que possam melhorar a qualidade do jogo. E assim trazer mais
receitas, e isto significar real competitividade.

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Escalação

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Elenco

Treinador

Cesar Grafietti

Comissão Técnica

Pasquale Di Caterina

Isabela Alves Jafet

Augusto Ribeiro Melcher

Ederson Pinho Biagio

Matheus Viana Coelho Amaral

Leandro Antunes

Leonardo Sari Froner

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Referências

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Referências

Balanços e dados econômico-financeiros dos Clubes Brasileiros foram obtidos através da imprensa e dos sites oficiais dos clubes e
Federações locais de Futebol.

Dados Econômicos dos Países foram obtidos junto ao site do Banco Mundial e FMI.

Dados dos Clubes Europeus foram obtidos junto aos estudos Football Money League, produzido pela Deloitte.

Dados econômico-financeiros dos clubes da Argentina, Colômbia, Chile e México foram obtidos através da imprensa, dos sites
oficiais dos clubes e da SVS Chilena.

Dados da UEFA Champion’s League foram obtidos através de report preparado pela UEFA e disponibilizado em seu site. Dados da
Libertadores da America foram obtidos através da imprensa.

Informações sobre Contratos de Televisionamento foram obtidas junto à imprensa, através de diversas matérias e fontes.

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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018

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