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para que o grupo realizasse uma análise mais profunda desse período. No site da USP
encontram-se disponíveis somente as duas edições de 1978 e uma edição de 1979. A partir
da inspeção dessas edições percebe-se uma manutenção de temáticas indigenistas com
amplo foco para discussões sobre parentesco, mitologia, simbologia e medicina. Dentro
desse mesmo campo também encontram-se artigos sobre casos de violência e relações
sociopolíticas entre índios e não-índios. Os artigos da edição de 1979 “A situação atual
dos índios Tenetehara” (Edson Soares Diniz, Laís M. Cardia) e “Os Índios e a pecuária
nas fazendas de gado do Piauí colonial” (Luiz R. B. Mott) exemplificam tal questão.
O primeiro nos trará uma análise territorial e econômica-social dos povos indígenas
Tenetehara-Guajajara – grupo que convive com o homem branco há mais de três séculos.
Diante da leitura do artigo, percebe-se uma questão amplamente debatida durante o curso
de Antropologia Brasileira: a forte presença da tutela exercida pelos antropólogos sobre
esses povos. Também encontra-se evidente um discurso afirmador do processo de
aculturação sofrido pelos indígenas. Discurso este que se aproxima daquele apresentado
por Melville Herkovits em seu texto "Pesquisas etnológicas na Bahia" (1943), onde, assim
como o índio, o negro também estaria exposto a essa aculturação. Por outro lado, o
segundo artigo, de autoria de Luiz R. B. Mott, nos trás uma perspectiva histórica dessa
violenta relação entre índios e fazendeiros. A expansão agropecuária que direcionava-se
para o estado do Piauí nos trás importantes análises para a compreensão desse tema que
encontra-se em destaque devido aos atuais processos políticos ocorridos no país.