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DA COOPERAÇÃO DESCENTRALIZADA
BRASIL – ITÁLIA
Módulo do plano
de ação
Esquema geral de um projeto de
desenvolvimento
[Críticas e sugestões enviar a:
eduardo.garcia@agricultura.com.br]
2008
2) Desenvolvimento ............................................................................................................................. 6
2.1.1 O Problema para Resolver (perspectiva do cliente: o que espera do projeto) e o Problema do
Proponente (o que pode / deve oferecer ao cliente) ........................................................................... 12
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Apresentação
O esquema proposto, na forma de um manual simples para a apresentação e implantação de
projetos, segue diretrizes e princípios da administração pública e se orienta conforme critérios e novos
paradigmas da ciência-tecnologia na elaboração desse instrumento de planejamento e gestão. São
diretrizes e princípios, tais como os do Plano Plurianual (PPA) e do Projeto de Lei Orçamentária
Anual da União (PLOA) em vigor e para as correspondentes referências temporais.
Nessas orientações se tem espaços e oportunidades para considerar critérios e fundamentos de
parceiros como, no caso específico da Cooperação Descentralizada Brasil e Itália – Mapa e outros,
sempre que não sejam conflitantes com orientações de programas que compreendam as ações e
projetos financiáveis com recursos públicos.
Nos instrumentos programáticos gerais (PPA e PLOA), colocam-se em evidência princípios da
administração pública e da metodologia de planejamento de projetos por objetivos (MPPO), como
sendo uma forma eficiente de aceder à diversidade de conhecimentos e perspectivas e de identidades
e valores (…) que enriquecem a visão de fatos e a solução (aproveitamento) de problemas
(oportunidades) dentro de um grupo. Deve-se acrescentar que a condição grupal, a dinâmica de
grupos (…) torna os indivíduos mais criativos, facilita a exposição da divergência rumo a um
consenso e quebra a rigidez na forma de pensar e se posicionar ao evidenciar um interesse social do
qual o grupo é responsável.
Entre esses princípios se destacam:
a) A racionalidade e transparência na aplicação de recursos públicos, o que ocorre (é facilitado)
com o registro e análise de dados (valiosos, úteis, oportunos, atualizados etc.) observáveis,
medíveis (na aplicação) e sintetizáveis (pela gerência) em indicadores para monitorar, avaliar –
agir no controle (…).
b) O estímulo à participação e controle social nos projetos e ações a desenvolver com recursos
públicos; o princípio da participação transversal é imanente da técnica MPPO e favorece a
integração de planejamento, orçamento e gestão.
c) As técnicas de visualização, baseadas em fundamentos de lógicas racionais, de catalisadores
de idéias, de análises de raciocínios (…) que possibilitam a visão partilhada de atividades do
projeto. Em muitos casos, em geral para projetos complexos, os interesses e meios de atores são
conflitantes; os interesses e objetivos públicos e privados também podem ser conflitantes.
d) A avaliação de resultados com evidências e propósitos de desenvolvimento sustentável. Essas
mesmas orientações devem aparecer, na escala conveniente de abrangência espacial, temporal
e de montante de recursos econômico-financeiros, em projetos e ações.
O presente manual de orientações é uma síntese e adaptação de Orientações para elaborar
um projeto de pesquisa (...), cap. 6, 1 no âmbito do desenvolvimento, com simplificações e
1
GARCIA, EAC. O r ie n t aç õ es p ar a e l a bor ar u m pr o je t o d e p es qu is a c om q ua l i da d e e f a ze r
a pes q u is a c om ef et i v i da d e de s e us res u lt ad os n o d es e nv o lv i m en t o. B r a sí lia : E mb r ap a,
2 0 0 8 , 3 3 2 2 p ( Do c u me n to e m me io d i gi tal co m p o sto p o r 1 0 cap ít u lo s, 3 ap ênd ic es e 1 0 a n e xo s ,
a s si m: 1 ) Or i ge m e e vo l uç ã o d a c iê nc ia : fi ló so f o s; 2 ) Co nc ei to s e r e fer ên cia s p ar a a p e squi sa ; 3 )
Q ual id ad e na p e sq u is a ; 4 ) É t ic a e c o mp r o me ti m en to d o p e sq u is ad o r-c ie nt i st a co m a so c ied ad e,
c o m o me io a mb ie n te ( . .. ) ; 5 ) R u mo s d a p e sq ui sa ( ...) ; 6 ) O p r o j eto d e p e s q ui s a; 7 ) Si st e ma ti zação
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adaptações para atender propósitos da Cooperação Descentralizada Brasil – Itália, destacando
aspectos conceituais – operacionais com ilustrações e exemplos esclarecedores.
Conforme as normas da ABNT, todo texto técnico-científico é composto de três conjuntos de
elementos: o pré-texto que nesta síntese é dispensado; o texto composto por duas partes: a introdução
e o desenvolvimento; e o pós-texto, apenas indicado na parte de referências. Esse desdobramento
textual é apresentado a seguir.
2) Desenvolvimento
É a parte principal do texto que pode ter seu início com a definição de um problema (ou de uma
oportunidade), com a delimitação e especificação dos detalhes necessários (repetindo, apenas os
necessários), dentro do tema apresentado e justificado na introdução geral do documento.
Na definição do problema ou oportunidade, isto é, na identificação, delimitação e caracterização
mediante o estudo de relações de causas e efeitos dos “principais” fatores que respondam, mediante
indicações adequadas, pelo estado ou situação indesejável que o problema representa (ou de uma
oportunidade) há de se considerar, determinadas fatores e tendências, uma característica da ciência,
entre outras, as seguintes:
a) A maneira de avaliação do projeto em instâncias como comitês da empresa, grupos especiais de
trabalhos e agências de financiamento, entre outras.
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b) A transformação do resultado esperado com a implantação do projeto, se aprovado, em termos
de solução do problema (ou aproveitamento da oportunidade), por vezes em objeto
“mercadizado”; em outras, em algo com utilidade e valor para o cliente alvo direto, para a
indústria, para a comunidade e sociedade, para o meio ambiente (...), beneficiários dos
resultados do projeto se desenvolvido e transferidos seus resultados corretamente.
O Quadro A1 sintetiza os principais elementos componentes de um projeto, neste caso de
pesquisa, em seus aspectos conceituais motivos de desdobramentos e ilustrações – exemplificações.
Parte desses elementos se aplica em projetos de outra natureza ou para outras finalidades, com
adequações que cada caso possa requerer.
Quadro A1 Elementos componentes de um projeto (...) com uma síntese de informações gerais
PROJETO (...)
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“Planos” para antecipar e prever que pode ser realizado para transformar a realidade; idéias que evoluem das
intenções para “planos específicos” e integráveis de atividades que fundamentarão ações e estratégias na
geração/ adaptação e na transferência / difusão de resultados: representa novidades; conjunto de atividades /
tarefas inovadoras que tem começo, meio e fim previsíveis ou programáveis, sob uma coordenação e gestão
e) Missão; cada órgão, empresa, setor da administração, ente interessado na Cooperação tem uma
missão como a de participar de um processo para (...), assessorar – coordenar (...), contribuir
para melhorar a qualidade (....) mediante (...).
A missão do Mapa é “estimular o aumento da produção agropecuária e o desenvolvimento do
agronegócio, com o objetivo de atender o consumo interno e formar excedentes para exportação
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(...), em conseqüência, gerar emprego e renda, promover a segurança alimentar, a inclusão
social e a redução das desigualdades sociais. Para cumprir sua missão, formula e executa
(implementa) políticas para o desenvolvimento do agronegócio, integrando aspectos
mercadológicos, tecnológicos, científicos, organizacionais e ambientais do País (...).
f) Projeto; empreendimento planejado composto por um conjunto de atividades inter-relacionadas,
coordenadas e, em geral, seqüenciais, com o propósito de alcançar objetivos específicos dentro
dos limites de um orçamento, de recursos físicos e humanos e de um período de tempo dados.
Esse empreendimento deve surgir como uma resposta a um problema (oportunidade) real,
delimitado, relevante, com alvos-clientes afetados e interessados na solução (aproveitamento).
O projeto é o resultado de se “projetar” tudo o que seja necessário (quanto possível pelos
cenários e estudos retrospectivos e prospectivos) para desenvolver, com lógica e racionalidade,
um conjunto de atividades a serem executadas a fim de alcançar determinados propósitos, ao
encontro de objetivos do cliente, em certo prazo ou período de tempo.
O projeto se diferencia do serviço porque tem limite temporal (o do serviço é permanente),
representa uma novidade (o serviço é habitual), em geral tem um ou poucos objetivos (o serviço
tem vários), dispõe de um recurso, ainda que de possíveis várias fontes (o serviço recebe
recursos periodicamente), as éangências geográficas (espacial) e temporal são limitadas (as do
serviço podem ser amplas: bacia hidrográfica, Estado, País).
A figura central da programação, gestão e elaboração de atividades, o projeto, está, com
freqüência inserida em um programa, em um plano (...), conforme se ilustra na Figura B1.
Bacia hidrográfica
Região
A Agropecuário PLANO Estado
B: Socioeconômico País (...)
n: Gestão (...)
Programa A (...) Programa B (...) Programa n (...)
Esse instrumento operacional de programação é composto por três conjuntos de elementos (pré-
texto, texto e pós-texto), dos quais se destacam alguns deles em cada conjunto:
f.1) Título; realizado conforme critérios específicos da ABNT e ISO 215 que o interessado
poderá encontrar na fonte citada, nota de rodapé 1. O objetivo dessa proposição é dar uma
idéia clara e concisa do que se pretende realizar ao projetar ações comprometidas com
objetivos esperados.
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f.2) Período de execução: indicar datas de início e término da execução com base em
fundamentos e critérios consistentes com a natureza do problema (oportunidade), recursos
requeridos e objetivos anunciados.
f.3) Caracterização do problema (oportunidade). A elaboração de um projeto se dá com a
especificação clara, delimitada e exeqüível, técnica e operacional, do que se pretende
resolver, transformar, aproveitar, solucionar (...).
O projeto, como instrumento de programação, sintetiza as fases de atividades e processos
para dar uma resposta a um problema (oportunidade). Nessa fase inicial, a de definição do
problema (oportunidade), deve-se descrever, com detalhes e precisão, a região onde será
implantado, caso for aprovado, o diagnóstico de dificuldades (...) que o projeto se propõe a
solucionar ou a oportunidade a aproveitar; a descrição de antecedentes do problema,
relatando os esforços já realizados ou em curso para resolvê-lo.
A justificativa do problema como é considerado no projeto (diferente da justificativa global
do projeto que aparece na Introdução) deve apresentar respostas a questão, tais como:
POR QUE? executar o projeto com esse problema? Por que deve ser aprovado e
implementado por (...)?
Outras perguntas de orientação: Qual é a importância desse problema para o local, região ou
comunidade? Existem outros projetos com problemas semelhantes sendo desenvolvidos na
região, na comunidade ou com semelhante temática? Qual são as possíveis relações e
atividades semelhantes ou complementares entre essas outras ações e o projeto proposto?
Quais são os benefícios econômicos, sociais e ambientais a serem alcançados (que se
esperam) pela comunidade e os resultados para a região, para a sociedade, para o País?
f.4) Descrever com clareza, objetividade e de forma sucinta as razões que levaram à proposição,
ao projeto, evidenciando os benefícios econômicos e sociais a serem alcançados pela
comunidade, a localização geográfica a ser atendida, bem como os resultados a serem
obtidos (esperados) com a realização do projeto, programa ou evento.
f.5) Especificação de objetivos; descrição do produto e resultado final; os clientes, áreas,
setores (...) beneficiados e satisfeitos. Essa especificação deve responder questões, tais
como:
PARA QUE? Responde com a definição dos objetivos gerais: produto final que o projeto
quer atingir; expressar o que se quer alcançar no local, na região (...) no longo prazo,
ultrapassando inclusive o tempo de duração do projeto; isto, porque o projeto não pode ser
visto como fim em si mesmo, mas como um meio para alcançar um fim maior.
PARA QUEM? Responde com a definição dos objetivos específicos: ações que se propõe a
executar dentro de um determinado período de tempo ou resultados até o final do projeto,
com a especificação dos alvos - clientes, setores, comunidades etc. - beneficiados.
Dessa forma, os objetivos podem ser de curto (p.ex., um ano e o período compreendido pelo
projeto) ou longo prazo (p.ex., vários anos e como parte de um processo maior a do projeto),
estratégicos ou não (...) quando se busca otimizar a qualidade e efetividade de obras, serviços
(...) com a análise e melhoria de processos construtivos, melhorar o atendimento ao cliente,
ao reduzir o tempo de espera, promover o desenvolvimento de pessoas (...) agindo em sua
motivação e adesão à educação (...).
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Os objetivos devem ser formulados sempre como a solução de um problema (aproveitamento
de uma oportunidade). Os objetivos genéricos (de um plano, de um programa etc.) não
podem ser assegurados somente pelo sucesso dos resultados do projeto, dependem de outras
condicionantes.
Um aspecto a ser destacado, ao tratar do objetivo, é p de sua especificação mediante
expressões concretas e quantificáveis dos logros no ano ou outro período, com relação ao
objetivo e produto identificado: a meta; trata-se de uma declara explícita de níveis de
atividades que se espera atingir em um horizonte limitado, explícito, de tempo.
Como requisitos para a construção de metas se têm: compreender dimensões de desempenho
(eficiência, eficácia, qualidade e economia); explicitar compromissos internos quando seu
cumprimento não seja dependente de fatores exógenos; e ter um componente de realismo ao
ser possível de alcançar com os recursos humanos e financeiros e dentro de uma
especificação temporal.
f.6) A metodologia deve descrever as formas, procedimentos, conceitos e técnicas – métodos
que serão utilizadas para executar o projeto, para alcançar os objetivos e metas proposta,
compreendendo diversos elementos para responder, a um só tempo, questões, assim:
COMO? (vai atingir seus objetivos) COM QUE? (recursos, tangíveis e intangíveis) ONDE?
(serão coordenadas e gerenciadas as atividades em termos de espaços, períodos etc.)
QUANTO? (usar etc.).
Na metodologia se descreve o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico,
intervenção ou outras; que procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos, etc.) serão
adotados e como será sua avaliação e divulgação.
É importante pesquisar metodologias que foram empregadas em projetos semelhantes,
verificando sua aplicabilidade e deficiências; devem-se mencionar as referências.
Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando, além da correta caracterização do
problema, tem metodologia bem definida e clara. É a metodologia que vai dar aos
avaliadores a “certeza” (?) de que os objetivos do projeto realmente têm condições de serem
alcançados. Portanto este item deve merecer atenção especial por parte das instituições que
elaborarem projetos.
Uma boa metodologia prevê três pontos fundamentais: a gestão participativa, o
acompanhamento técnico sistemático continuado e o desenvolvimento de ações de
disseminação de informações e de conhecimentos entre a população envolvida.
f.6) O cronograma de execução (responde à questão QUANDO?): compreende a especificação
de metas (elementos que compões em quantificam o objetivo); as etapas ou fases de cada
ação em que se divide a execução de uma meta; são especificações dadas em termos de
indicadores (físicos, gerenciais, econômico-financeiros etc.).
f.7) O plano de aplicação ou desdobramento da dotação; responde a questão COM QUANTO?
(natureza da despesa) e a sua conseqüente utilização em diversas espécies de gastos (código,
especificação, total, concedente etc.), porém, correspondentes aos elementos de despesa de
acordo com a legislação vigente.
f.8) Cronograma de desembolso ou desdobramento da aplicação dos recursos financeiros em
parcelas mensais de acordo com a previsão de execução do projeto, se pertinente.
f.9) Outros elementos como proponente(s), assinatura(s), local e aprovação.
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f.10) Consistência quanto ao cumprimento de leis, resoluções (...) que de alguma forma se
relacionem com a proposta como as leis ambientais (p.ex., Ação Civil Pública ou Lei 7.347
de 24/07/1985) - Lei de Interesses Difusos; Agrotóxicos (Lei 7.802 de 11/07/1989) Área de
Proteção Ambiental (Lei 6.902, de 27/04/1981); Crimes Ambientais (Lei 9.605, de
12/02/1998); Exploração Mineral (Lei 7.805 de 18/07/1989); Fauna Silvestre (Lei 5.197
de 03/01/1967); Florestas (Lei 4771 de 15/09/1965); IBAMA (Lei 7.735, de 22/02/1989);
Patrimônio Cultural (Decreto-Lei 25, de 30/11/1937); Política Agrícola (Lei 8.171 de
17/01/1991); Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938, de 17/01/1981); Recursos
Hídricos (Lei 9.433 de 08/01/1997), entre outras.
Os procedimentos e métodos do quadro lógico compreendem fases e análises de fatores de um
projeto como dos problemas (oportunidades), das participações dos interessados, dos objetivos e das
alternativas. Informações sobre esses aspectos são apresentadas e ilustradas nas próximas seções.
Diagnóstico
Conhecer a realidade objeto de intervenção
Avaliação Planejamento
Indicadores para estabelecer Estabelecer o que fazer, por quem,
comparações entre os resultados quando, como, com que meios (…)
previstos e os resultados efetivamente Fazer projeções de resultados esperados
alcançados Antecipar dificuldades
Flexibilidade e acordos
Implementação
Executar o plano; controlar / gerenciar
os meios humanos, materiais e
financeiros
Flexibilidade, porém, considerando a
eficiência e eficácia da intervenção
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cronogramas de financiamento, de execução – aplicação de recursos, de geração – transferência de
resultados etc.
A importância do problema (ou oportunidade) em um projeto pode ser compreendida, em parte,
por frases como a de Albert Einstein:
GRUPOS DE PRINCIPAIS
CODIG RECURSOS E VALO PODE INDIC CONFLIT
INTERESSE CARACTERÍSTICA
O MANDATOS R R E O
S S
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Os grupos de interesses podem ser orientados conforme descritores de atividades constantes no
dicionário do banco de dados. Quando sejam relativamente pequenos podem ser descritos
Nas principais características se listam os interesses de cada grupo afetados pelo problema e
os possíveis benefícios esperados com a solução do mesmo, podendo-se utilizar subdivisões para os
agrupamentos de causas (problemas) e benefícios (objetivo).
Para que tais características básicas sejam consideradas com sua devida importância o
proponente do projeto deve fazer fiel observação, tradução e internalização das mesmas,
condicionantes, em muitos casos, da facilidade ou não, de adoção do(s) resultado(s) do projeto
implantado.
Na coluna de recursos e mandatos se indicam os recursos que cada grupo pode aportar –
contribuir para o sucesso do projeto (ou insucesso) e o nível de autoridades legal, de peso econômico,
de responsabilidades (...) que esse grupo pode ter com relação ao projeto, incluindo sua obrigação de
desempenhar uma função ou prestar um serviço, respectivamente.
A coluna do valor, referido a determinada escala, indica a importância que o interessado dá ao
projeto e às suas necessidades e interesses relativos a ele; esse valor pode ser positivo ou negativo,
representado por números associados com determinadas características, conforme se exemplifica a
seguir (devem constar as especificações de agrupamento, conforme critérios ou referências
adequadas):
17 porque ____________________________________
3 = Desejável
______________________________________________________
A coluna poder se refere a capacidade de controle, de influência (...) que o interessado tem no
projeto, podendo variar conforme certa escala; a ilustração que segue exemplifica esta variável da
matriz de caracterização do cliente, interessado (...).
A coluna índice de impacto do interessado no projeto se define como o produto de valor pelo
poder, no domínio de 36 (máximo) a um (o desconhecido), com indicações para definir possíveis
áreas de conflitos entre os grupos e ter uma oportunidade para (re)definir objetivos, antes de se ter
uma proposta definitiva do projeto, evitando-se ou minimizando-se assim a ocorrência dos mesmo
durante o desenvolvimento do projeto.
Outro aspecto a considerar na formulação de um projeto é a análise de problemas com
desdobramentos à montante (origem) de um problema central, mediante as especificações de causas
primárias, secundárias, terciárias (...).
Escolher a melhor
opção representativa
GRUPOS DE COMPROMISSOS
CODIGO MENSAGENS ALIADOS OPOSITORES CONFLITOS
INTERESSES DE CADA GRUPO
Desdobramentos, também, à jusante com efeitos de primeira, segunda, terceira (...) ordem,
verificando-se que a importância relativa decresce conforme se afasta do problema central e que em
determinado nível, causas e efeitos poderão ter pesos relativos diferentes, conforme se ilustra (taxas)
na Figura B2.
Na análise numérica (omitido deste manual) se ordenam as causas de acordo com determinados
critérios e se especificam relacionamentos que poderão torná-las imprescindíveis (excludentes) ou
necessárias (aditivas), conforme seja a natureza do problema acenado para a modelação.
Outras formas de apresentação e indicação para a análise de uma situação problematiza
utilizando a técnica de “arvores de problemas” são mostradas nas Figuras B3, B4, B5 e B6. Os
passos que segue sintetizam orientações na definição de problemas com a essa técnica:
Taxa do Taxa do
Efeito (...) efeito (...)
Problema Central
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adores
Perdas de sinergia,
Perdas de oportunidade para complementação (...) Reduzido valor agregado (...)
aumentar a renda (...) de benefícios em (...)
Baixa produção 21
de peixes
se comparada com (...)
O proponente do projeto constitui um grupo com um moderador para, desse grupo, obter
elementos informativos, mediante fichas, na definição do problema:
a) O moderador, convenientemente preparado e com habilidades para tratar consensos-dissensos
grupais, distribui fichas aos participantes solicitando que cada um escreva o problema que
considera deva ser o problema central, justificando-o brevemente: escrever um só problema por
ficha, identificando-o como real, observável e até possível de ocorrer, dadas certas condições
presentes que são portadoras de futuros (ver criação de cenários na fonte consultada) e onde a
racionalidade de prevenção ou tratamentos de condições iniciais possam evitar o agravamento
de um processo, resultado (...).
É importante estabelecer claras diferenciações entre o problema, como um conjunto de causas
reais, de conseqüências negativas de algo que existe ou poderá existir (...) e elementos que o
condicionam ou fatores ausentes, conforme se ilustra com os seguintes exemplos:
22
AS DEFINIÇÕES DE PROBLEMAS, COM
ALTERNATIVAS CORRETAS, PODERIAM SER:
SÃO FREQÜENTES, POREM
ERRADAS, DEFINIÇÕES COMO: 1”) A água DISPONÌVEL para o consumo humano na
comunidade (...) APRESENTA características indesejáveis
1’) Não existe água potável na em termos de qualidade, tais como (...)
comunidade (...)
/ A água que existe (...) não é apropriada para o consumo
2’) Carência de infra-estrutura humano porque apresenta características, tais como (...)
viária em (...)
2”) A infra-estrutura viária em (...) é caracterizada por (...)
3’) Não há valorização e certifica- que são fatores e condições indesejáveis para (...)
ção de produções típicas locais
3”) Os produtos são considerados não-valiosos como
4’) Não há insumos para (...) resultado de (...) e é escassa – deficiente (...) a informação
sobre certificação e os benefícios dela para as produções
5’) Não se planeja nem gerencia as
típicas locais, pelo que limita seu uso (...).
atividades (...)
4”) A colheita (…) é destruída por insetos, doenças (...)
porque os processos, técnica (…) que se utilizam EXISTEN-
TES para controle são ineficientes porque (...).
b) As fichas são afixadas em um painel para serem visualizadas por todos os participantes, com
atenta observação de temas recorrentes, ainda que apresentados de formas diferentes, que
possam indicar algo significativo e comum a todos.
c) O grupo, após criterioso e atento exame das fichas, determina o problema central que será objeto
de desdobramentos quando, no próximo passo, sejam indicadas as causas e efeitos.
d) Os participantes escrevem, em fichas, as causas do problema central; em outras fichas, indicam
as conseqüências ou efeitos em várias dimensões, sempre que possível, associado-as com as
suas respectivas causas; conforme seja o grupo (nível de instrução, motivação etc.) poderá se
solicitar estabelecer ordenamentos e seqüenciamentos de causas e efeitos, bem como possíveis
associações – complementações desses fatores; esta informação é fundamental para orientar a
escolha de técnicas e métodos de síntese e análise de dados.
e) Dessa forma procedendo com objetividade e rapidez, definem-se os problemas que serão, a
seguir, discutidos pelo grupo, sendo ou não confirmados. Em alguns casos poderá ser
conveniente estabelecer escalar de prioridades, de associação (...) entre os problemas.
f) O grupo constrói um diagrama, em forma de árvore, obedecendo a relação causa-efeito entre os
problemas, conforme se exemplifica nas Figuras B2 – B5.
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O objetivo descreve, analisa (...) a situação futura melhorada, solucionada (...) que poderá ser
atingida quando sejam resolvidos os problemas (aproveitadas as oportunidades) detectados na fase
anterior. Nesta fase, observam-se conversões sintetizadas na Figura B7.
Dados do real
Situações negativas (...) HIPÓTESE Situações positivas (...)
Referência teórica
Dados do real
Perdas de recursos HIPÓTESE Minimizar/eliminar perdas
Referência teórica
Dados do real
Inconsistentes de informações HIPÓTESE
Consistência de informações
Referência teórica
Dados do real
Degradação/poluição (...) HIPÓTESE
Restauração de ambientes(...)
Referência teórica
Em tese, a conversão de um problema para solução passa por alguns pressupostos e formulação
de proposições de orientação em que se alinham as situações reais problematizadas com prováveis
situações melhoradas, caso estas sejam aceitas mediante rigorosos e criteriosos testes para níveis de
significância aplicáveis em cada caso. Essa fase de formulação e teste dessas proposições, as
hipóteses, é omitida deste manual simplista, admitindo-se que a relação de causa e efeito no problema
detectado possa se transformar indutivamente numa relação meios – fins dos objetivos. Ainda dentro
desse pressuposta simplista, deve-se observar certa simetria ou equivalência entre o problema central
e o objetivo geral, entre as causas do problema e os objetivos específicos, conforme se ilustra na
Figura B8.
Aproveitamento e potenciali-
Alto valor agregado na propriedade
zação de sinergias; comple-
Aproveitamento de oportunidades pelo acréscimo de utilidades (...).
mentação (...) de benefícios
para aumentar a renda, emprego (...)
em (...) 24
Aumento de excedente, com vanta- Integração com a indústria Produto de alta qualidade e valo-
gens, para aumentar venda (...) de couro (...) rizado na indústria de (...) por...
2.1.3 Conceitos e Procedimentos Metodológicos para
Atingir os Objetivos e Metas Indicadas no Projeto
O método marco lógico, apesar de simples, requer do entendimento de alguns princípios
básicos. A apresentação desses princípios é precedida de conceitos para se clara percepção de sua
finalidade e limitações.
O método marco lógico, apesar de simples, requer do entendimento de alguns princípios
básicos. A apresentação desses princípios é precedida de conceitos para se clara percepção de sua
finalidade e limitações.
Na construção e aplicação do marco lógico anteriormente ilustrado, em parte, aprecem
conceitos. A parte que segue explicita alguns deles:
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a) Meta; valor definido de um objetivo a ser atingido em um prazo determinado de uma atividade,
processo, projeto (...).
A meta é composta por três partes: o objetivo a ser atingido descrito de forma objetiva, com a
explicitação de meios; o valor proposto como algo a ser alcançado com os meios; e o prazo
determinado; os exemplos que segues são ilustrativos:
“reduzir o desperdício de papel no escritório (...) em 10% no ano de 2008”: o objetivo é reduzir
o desperdício em (...); o valor é 10%; o prazo é um ano.
Fortalecer a base produtiva da apicultura em comunidades de baixa renda (...) com a construção
e dotação de equipamentos necessários ao processamento e exigências sanitárias, para 6 casas de
mel (4 decantadores, 2 centrífugas, 2 mesas desoperculadoras) com 40,04m2, no prazo de 12
meses / ou em 2009.
Elevar em 30% os níveis de treinamento dos agentes formadores de pessoal de atendimento ao
turismo em (...), no prazo de 6 meses.
b) Propósito: algo que se pretende fazer ou atingir, portanto, corresponde a descrição de um
objetivo como o de um impacto desejado / esperado, podendo-se com um ou vários meios. O
propósito está ligado à realização de atividades necessária para se atingir determinados
objetivos. Por vezes o propósito é um recurso na definição do objetivo como, p.ex.:
Realizar um estudo e análise de viabilidade (meio), concentrado no quadro normativo vigente no
Brasil, para entender (entender) qual impacto poderia ocorrer no sistema produtivo local com a
aplicação de uma certificação.
O entendimento desse impacto é necessário para se defini re alcançar um objetivo da certificação
como p.ex., estabelecer, mediante a exigência de determinados requisitos, um nível mínimo de
segurança (...) e poder fiscalizar (monitorar, controlar etc.) tecnicamente a aplicação desses
requisitos compreendendo certas atividades (p.ex., as de homologação de processo, de serviço, de
produtos etc.).
c) Produto; resultado de uma atividade, processo (...) associado ao objetivo dessa atividade,
processo (...), ao que se exigem determinadas características (...).
d) Atividade: no sentido estrito, é a menor divisão de trabalho de operações, tarefas ou ações em
um processo, necessária para se atingir determinado resultado. A atividade, se exeqüível e ao
compreende as ações, deverá relacionar os meios (recursos) para a sua execução. A
exeqüibilidade está associada às premissas (implícitas) com as de dispor de pessoal habilitado /
competente, recursos financeiros suficientes, infra-estrutura adequada e procedimentos
gerenciais convenientes para agilizar e desenvolver as ações da atividade.
e) Indicador; é a especificação quantitativo-qualitativa que pode ser expressa pela soma ponderada
de eventos de várias classes com seus pesos específicos.
Em projetos sociais e de desenvolvimento, os indicadores são estimativas de parâmetros
qualificados-quantificados que se utilizam para detalhar em que medida os objetivos de um
projeto foram alcançados, dentro de um prazo delimitado de tempo e numa localidade
específica. São como marcas ou sinalizadores que expressam algum aspecto da realidade sob
formas de observação e mensuração. Eles apenas indicam e, portanto, não são a própria
realidade nem sua expressão (definida por dados), mas estimativas de variáveis
O indicador é utilizado para medir e orientar como alcançar um objetivo ou a expressão
(evidência) numérica do mesmo; um elemento capaz de medir a evolução de um problema,
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devendo ser coerente com o objetivo, sensível à contribuição de ações e apurável em tempo
oportuno.
A escolha dos indicadores em um projeto ocorre em função de aspectos que se querem avaliar,
considerando sua eficiência, eficácia, efetividade ou impacto.
e.1) Accountability; indicadores que expressam, mediante adequados proxies a sensibilidade de
aplicadores de recursos públicos ao agirem com honestidade; o conceito vai além da
prestação de contas na aplicação de recursos públicos; diz respeito às indicações de
sensibilidade das autoridades públicas em relação ao que os cidadãos pensam em relação à
má utilização, desvios, “caixa dois”, corrupção (...), à existência de mecanismos
institucionais efetivos, que permitam fazer cobranças e atender o cumprimento de
responsabilidades básicas na utilização de recursos públicos; nesse objetivo são
fundamentais os indicadores de eficiência e eficácia..
e.1) A eficiência; diz respeito à boa utilização dos recursos (financeiros, materiais e humanos)
em relação às atividades e resultados atingidos, como p.ex., indicadores atividades
planejadas / realizadas; custo total / pessoas atingidas; quantidade de cursos / pessoas
capacitadas.
e.2) Eficácia; observa se as ações do projeto permitiram alcançar os resultados previstos como,
p.ex., se um programa de capacitação permitiu aos seus participantes adquirir novas
habilidades e conhecimentos, mudanças de atitude e comportamento.; a criação de uma
associação trouxe, efetivamente, em melhorias na produção e comercialização de produtos.
e.3) Efetividade; indicadores que examinam em que medida os resultados do projeto, em termos
de benefícios ou mudanças geradas, estão incorporados de modo permanente à realidade da
população, como p.ex., se um grupo mantém no tempo novos comportamentos e atitudes ou
se a assessoria a um grupo permitiu que ele se mantenha por iniciativa e motivação própria.
e.4) Impacto; indicadores que dizem respeito às mudanças em outras áreas não diretamente
trabalhadas pelo projeto (temas, aspectos, públicos, localidades, organizações etc.), em
função de seus resultados, demonstrando seu poder de influência e irradiação como, p,ex.,
se um programa de orientação de saúde gerou na população ações de reivindicação e
negociação com a prefeitura para obras de saneamento básico; se o trabalho junto a um grupo
portador de deficiência animou-os a se organizarem e provocou mudanças no
comportamento da comunidade em relação a eles; se os resultados positivos de um programa
de capacitação de empreendedores fizeram com que o seu modelo fosse adotado e
reproduzido em outros locais.
f) Meios de verificação; mecanismo, procedimento (...) que permite “comprovar” a existência de
um indicador; por esses meios, especificam-se como os indicadores podem ser medidos e como
se podem obter os dados e informações; e
g) Premissas; considerações assumidas (aceitas) sobre fatores, pré-requisitos (...) para que se possa
assegurar alcançar um objetivo.
h) Resumo descritivo: é a descrição das metas, propósitos, produtos e atividades de um processo,
de um projeto (...).
i) Um conceito a destacar da Cooperação Brasil – Itália e que permeia o projeto em sua elaboração
e implantação é o entendimento de cooperação
27
Como se relacionam os conceitos mencionados anteriormente com a técnica marco lógico?
Parte desse relacionamento se exemplifica nos Quadro A2 e A3.
O Quadro A2 se refere a projetos de pesquisa em que foram indicados problemas e diversos
descritores com desdobramentos em indicadores associados às metas.
O Quadro A3 se refere ao marco lógico, na matriz de planejamento de projetos, com
indicações, nas colunas, de quatro componentes, com indicações para projetos de pesquisa
a) Resumo narrativo / descritivo de objetivos, considerando-se que cada projeto é a resposta a
um determinado problema detectado, caracterizado, delimitado (...). O objetivo geral é uma descrição
da solução esperada. Exemplo:
Problema: desorganização na associação de produtores (...); fragilidade e segmentação de
estruturas como (...); perda de oportunidades em (...); escassos e não-consistentes
conhecimentos sobre oportunidades e vantagens de (...); acesso limitado às tecnologias e
serviços para inovações desejáveis e possíveis; escassos recursos financeiros; deficiente
estrutura para captação de recursos (...) do sistema produtivo carne – couro em Bagé.
Objetivos: realização de estudos para a indicação de formas de organização – associação que
possam potencializar o esforço coletivo (...); fortalecer e estabelecer relações em lógicas
estruturas de (...); aproveitar oportunidades e obter vantagens que a agroindústria do couro
possa oferecer quando receber produtos com acréscimos de utilidade e valor como (...); definir
claros indicadores do tipo, setor, atividade que requeira novas tecnologias, informa-ções e
serviços para inovações desejáveis e possíveis ao atenderem condições do produtor, como
(...); aumentar o leque de alternativas de recursos financeiros ao colocar a atividade em bases
sustentáveis de desenvolvimento; melhorar a estrutura de captação de recursos (...)
28
1.1.1 Número de visitas de técnicos ao produtor:
3,12,2/ano (média e intervalo de confiança para 90%)
1.1 Tradição e permanên- 1.1.2 Número de novas técnicas adotadas por mais de 50%
cia de técnicas produtivas dos produtores no período (...): 0,3 0,6
ineficientes
1.1.3 Idade e anos de experiência em (...): 53,012,0 e
1 Processos produtivos 22,512,8 respectivamente anos.
(...) estáticos, com crítica 1.1.4 Índices de produtividade e evolução na década:
sustentabilidade e 1.224804,6 kg/ha e 2,3 kg/ha na última (...).
resultados de baixa
qualidade
1.2 Vida útil de sistemas 1.2.1 Em média 11,4 anos para (...) ou que representa uma
(de fontes produtivas) redução de 32,5%
2 Componente. Obter dados e informações do problema e das condições: definir o problema para pesquisa
Processos de preparação do
2.2 Propósito. Conhecer a
questionário: aplicação Documento técnico de
população amostrável e
piloto. Preparação do amostragem
definir a amostragem.
respondente
Escalas de classificação e
Caracterização dos
Atributos definidos em ordenamento dos
atributos objeto de
termos de amplitude e atributos
pesquisa
variação
30
Objetivos. Reduzir a taxa de mortalidade materna e infantil nessa população mediante
melhorias no sistema de abastecimento de água e tratamento de esgotos, implantação de
sistemas de informações em escolas básicas da comunidade e planos de assistência as famílias
de baixa renda.
b) Indicadores para acompanhamento (para informar – comunicar ao gestor, à comunidade (...);
para monitorar e auxiliar a avaliação – ação com oportunidades e ainda no desenvolvimento).
Os indicadores para acompanhamento, ao sumarizar dados consistentes, atualizados (...) da
realidade em que se desenvolve um projeto, tornam específicos os resultados esperados, em três
dimensões: quantidade, qualidade e oportunidade de tempo.
Os indicadores dos produtos correspondem a síntese de descrições de atividades como estudos,
treinamentos e obras físicas geradas pelo projeto.
Os indicadores de atividades podem ser expressos em cronogramas e orçamento das atividades
correspondentes as células da matriz.
c) Fontes de verificação que indicam ao executor ou ao avaliador do projeto as possíveis fontes de
dados e informações para a elaboração dos indicadores, bem como de recursos para os
correspondentes levantamentos e análise-síntese de dados.
d) Pressupostos para a descrição de eventos de incertezas e riscos. São eventos e fatores como os
ambientais, econômico-financeiros, socioculturais, político-institucionais, de mercado (...) que
determinam o êxito ou fracasso do projeto, com pressupostos a serem considerados para cada
um desses fatores ou eventos. Em muitos casos são pressupostos fora de controle; em outros,
há probabilidades de sua ocorrência: são os riscos do projeto. Como se relacionam os
pressupostos da técnica marco lógico? O quadro que segue da uma indicação desse
relacionamento.
Pressupostos
Resumo Descritivo Indicadores Fontes de Verificação
Importantes
1. Objetivo geral (fim)
(De objetivo geral a
meta)
2. Objetivo do projeto
(propósito) (De objetivo do projeto a
objetivo geral)
3. Produtos
(componentes) (De produtos ao objetivo
do projeto)
4.Atividades (tarefas)
Insumos: (De atividades a
(orçamento) produtos)
Decidir Sim
IMPORTANTE Não-considerá-lo
Pode ocorrer?
Não
Do pressuposto escolhido
Referências para (...)
Técnicas de (...)
Decidir Não
Pressuposto crítico
ESTRATÉGIA?
Sim
Prever atividades
para evitar o
pressuposto
33
São mudanças associadas com níveis variáveis de riscos e de incertezas a considerar no projeto:
é o cenário prospectivo e a análise de risco. Tal consideração coloca em evidência a necessidade
de se criar cenários prospectivos no horizonte de planejamento, execução e “vida útil” esperada
desses resultados no âmbito de um programa.
c) Os interessados nos resultados esperados do projeto devem dispor de mais de um meio, de mais
de uma via de ação, com certa eficácia, para alcançar seus objetivos. Tais opções podem
compreender dúvidas e incertezas, quanto às alternativas que se oferecem para escolher uma
opção. Os interessados desejam reduzir ou eliminar tais dúvidas a respeito da eficácia das
alternativas que a ele se apresentam, tanto para gerar – disponibilizar, quanto na adoção da
solução, o cliente.
O pesquisador, ao gerar / adaptar uma solução ao problema oferece meios, informações,
conceitos, serviços etc., para orientar o interessado na decisão de escolher. Com isso, estará
facilitando o processo de difusão sem o qual a solução tecnológica não chega ao interessado, ao
alvo direto da investigação.
Uma vez que os instrumentos não podem ser considerados independentes de seus usos, a
pesquisa compreende, também, a eficácia de meios diferentes que se possam oferecer aos
interessados.
d) O problema se refere a um ou mais ambientes no sentido abrangente: um ou mais clientes em
que a dificuldade ou tensão se observa, delimita e pode ser registrada; um ou mais condições
que o determinam; evolução de técnicas e métodos que possam afetar o tratamento, entre outros
aspectos da dinâmica implícita no projeto, em particular, no problema e nos instrumentos para
buscar /adequar uma solução.
Esses clientes, ambientes e condições para os quais se definem (identificam, caracterizam...)
problemas no presente não são estáticos, nem serão, possivelmente, os mesmos quando a
solução, como resultado de um processo linear, esteja disponível. Eles poderão experimentar
mudanças e/ou ajustes ao longo do horizonte de planejamento, desenvolução e difusão de
resultados. Neles poderão se observar evoluções e tendências, de tal forma que o problema
definido para um conjunto de fatores poderá apresentar outro perfil: agravar-se ou perder sua
importância no futuro. Para um e outro caso, o projeto deverá indicar a preparação com soluções
eficientes e eficazes para aquilo previsível e projetável ou cenarizável.
Os interessados nos resultados esperados poderão ter dúvidas em relação a um estado ou
ambiente, mas, não em relação a outro previsto (cenarizável) para o atendimento. Esse outro
“estado” é construído com projeções e estudos prospectivos que permitem prever o problema,
levado-o do presente para o futuro; prepara-se para o tratamento conforme sejam as “novas”
condições esperadas no futuro; e oferecer uma solução com possibilidades de atendimento às
necessidades “previstas” dos interessados.
Um problema deve ser definido de maneira clara, precisa e objetiva, quanto possível, em
delimitações (de espaço, de tempo, de variáveis e de níveis ou profundidade – extensão de detalhes
em certos atributos) a uma ou poucas dimensões e elementos ou causas, as mais importantes.
Pesquisar é “buscar”, com orientações lógicas, algo; é “descobrir” / gerar informações de um
novo conhecimento para um determinado propósito; é “investigar” com detalhes um objeto, fato ou
fenômeno, para entendê-lo, utilizá-lo. Esse algo, propósito e entendimento-utilização podem ser
sintetizado como uma solução objetiva e livre, quanto possível, de ambigüidades e com certa
neutralidade. A “busca” com critérios, a “descoberta” com objetividade e a “investigação” com
34
auxílio do método científico são, também, objetivas e com a “certeza” que esse método possa oferecer
para se atingir o propósito: uma verdade científica de solução de um problema ou de aproveitamento
de uma oportunidade.
A primeira etapa do projeto se realiza no plano teórico e é orientada para a definição
(delimitação e caracterização do objeto no foco da pesquisa), análise (fatores causais, apenas os mais
importantes e possíveis de considerar) e precisão (níveis de abrangência e profundidade ou detalhes
necessários) do problema. Nessa etapa o responsável pelo projeto tem sua primeira e mais importante
oportunidade para demonstrar sua “arte, habilidade, de escolher um problema para resolvê-lo” com a
avaliação e seleção de procedimentos, de técnicas e métodos adequados ao caso: a heurística ou a arte
de buscar - fazer descoberta, de inventar baseado na aproximação progressiva (neste caso, auxiliado
pelo método científico) de um problema.
Uma característica da definição do problema (ou da oportunidade) é a simplicidade, a ausência
de complicação (princípio de Occham), a consideração de apenas uns poucos e significativos
elementos, causas, tanto no campo teórico como no prático, portanto, com fundamentação na
realidade.
A escolha do problema (oportunidade) para a pesquisa é um aspecto crucial da atividade
científica ao se decidir o que vai ser solucionado (evidenciado) e isso é fundamental; é fundamental
porque uma vez feita a escolha por determinado assunto, outro(s) é(são) implicitamente descartado(s).
Daí a importância de se ter uma escolha consistente tanto com fatores internos como externos dos
campos científico e operacional / aplicativo. A parte que segue relaciona uns poucos fatores ou
elementos (situação simplificada) que podem influenciar na decisão de escolha do problema
(oportunidade):
a) Os fatores da realidade; entre esses fatores se destacam a observação, escolha, medição e
registro de dados, de variáveis de uma realidade que, em geral, é complexa, mas, com
possibilidades de se identificar somente os mais importantes, simplificando-a.
Em muitos casos, tais fatores importantes são, naturalmente, poucos. Esse deve ser o foco e
interesse explícito no projeto: considerar apenas as variáveis necessárias e suficientes para
atender os objetivos propostos.
O método científico busca conhecer e prognosticar (previsão), bem como explicar fatos,
fenômenos, objetos (....) da realidade, observados (percepção científica) e registrados (medição
precisa e adequada ou conveniente à realidade) como problemas (oportunidades) de alguém (o
cliente, a sociedade, o mercado, o meio ambiente etc.) que os manifesta (diretamente o mediante
representações) e está interessado na solução esperada.
O proponente do projeto poderá dispor de procedimentos e técnicas para descobrir os fatores
mais importantes de uma realidade objeto de consideração, tais como a “arvore de problemas”
e o planejamento de projetos orientado por objetivos (ZOPP); algumas dessas técnicas são
apresentadas e ilustradas, com exemplos.
b) Os fatores da teoria utilizada na investigação. A pesquisa que utiliza o método da ciência tem
a finalidade, também, de enriquecer o conhecimento teórico de fatos que se dão na realidade,
além dela estar vinculada à descoberta ou ao estabelecimento de novos conceitos, valores e
teorias.
A primeira e mais difícil etapa do trabalho de investigação, no plano teórico, é a definição
(identificação, delimitação, caracterização...), análise e precisão da realidade na forma de um
problema (ou de uma oportunidade) para a pesquisa. Em parte, essa dificuldade e seu
35
desdobramento se relacionam com a formulação de hipóteses acerca da origem dos fatores
responsáveis pelo efeito-problema, com proposições de causalidades entre esses fatores, e de
possíveis soluções, entre outros aspectos que as hipóteses podem considerar.
Na escolha do problema (ou da oportunidade) há fatores que interferem ou determinam e, em
especial, que pautam a caracterização do problema no cliente e sua “tradução” em um problema
do método científico. São fatores que têm origens tanto na ciência, em aspectos conceituais e
teóricos, como na realidade objeto de investigação; a “tradução” do problema para a pesquisa
em problema do método científico significa compatibilizar o aspecto teórico com a realidade o
que pressupõe e exige o conhecimento de ambos na análise do problema.
Em uma das técnicas propostas para a análise do problema, o ZOPP, investiga-se uma situação
dentro de um contexto com freqüência complexa; identifica-se um problema central dessa
situação, do ponto de vista dos interessados; e se visualiza o inter-relacionamento de fatores
causas-e-efeito do problema central e de problemas correlacionados ou fatores causais (arvore
de problemas); essa ferramenta é complementada por outras que possibilitem, p.ex., ordenar
esses fatores e quantificar as inter-relações e seus efeitos.
Em termos gerais, os diversos fatores que influenciam a escolha de um problema ou de uma
oportunidade para a pesquisa podem ser agrupados em:
b.1) Fatores internos que possam, de alguma forma, direta ou indireta, influir, direcionar (...) a
escolha de determinado assunto e problema, tais como:
Afetividade ou identificação do pesquisador com o assunto e, dentre de um assunto
assimilado, com um problema para pesquisa; essa identificação poderá ter diversas
motivações.
A motivação do pesquisador para gerar / adaptar informações e tecnologias de novos
conhecimentos e inovações se deriva, segundo Merton (1970, p. 632), do desejo
desinteressado de aprender, da esperança de benefícios econômicos, da curiosidade ativa ou
ociosa, do espírito agressivo ou de competição, do egoísmo e do altruísmo. O autor
enfatizava que os mesmos motivos tomam expressões sociais diferentes em ambientes
institucionais diferentes, assim como motivos diferentes podem tomar aproximadamente a
mesma expressão social em determinado ambiente institucional.
Interesses pessoais e da organização, tais como: motivação e prestígio profissional, social,
teórico (...); imagem da organização, interesses econômicos, oportunidades financeiras ou
de mercado, viabilidade e facilidades, entre outros.
Em alguns casos, o temo ou problema a ser pesquisado se apresenta como uma perspectiva
favorável para as atividades profissionais e para direcionar o pensamento no processo
criativo; como uma oportunidade de conhecer ou se comunicar com outros pesquisadores
ou de legitimar atividades científicas.
Segundo Allwood (1997), os problemas de pesquisa provêem um sentido para a socialização
em diferentes níveis, sendo esse um interesse comum de pesquisadores experientes.
Ao tratar de interesses e motivações pessoais é importante considerar o senso prático que
possa auxiliar o pesquisador a delimitar o problema em função do tempo, dos recursos
financeiros disponíveis e do nível de detalhes com que pretende ou tem possibilidade de
abordar o fato ou fenômeno (ECO, 1983).
36
O tempo e os recursos disponíveis para a pesquisa; aspectos como a exeqüibilidade, técnica
e operacional, dentro do prazo considerado e com os recursos alocados ou que possa dispor
para desenvolver a pesquisa.
As orientações, objetivos e metas da organização interpretadas em um projeto; aspectos, tais
como: atendimento às exigências institucionais e de programas que decorrem de vínculos ou
compromissos como os empregatícios com a contratação do pesquisador.
Outros fatores que podem influenciar a escolha de um tema e, dentro do teme, de um
problema para a pesquisa, são: a existência de um ambiente organizacional e de
relacionamentos 2 favoráveis à investigação. Nesse ambiente auspicioso, com estruturas e
relacionamentos que determinam o diferencial da organização, aceitam-se as diferenças
entre pessoas como normais e são potencializadas, pela habilidade (de gestores e lideres de
pesquisa) de influenciá-las para alcançar objetivos comuns; acredita-se no que se faz e se
orienta a gestão para despertar e canalizar o potencial das pessoas.
b.2) Fatores externos; diversos e variáveis são os fatores que podem influenciar ou determinar
a escolha de um tema e, dentro dele, de um problema para pesquisa; a parte que segue
relaciona alguns deles:
Orientações políticas e de planos de desenvolvimento na região ou sobre um determinado
setor, assunto, tema e problema específico que o torna atrativo para a pesquisa.
Planos estratégicos que compreendem problemas ou oportunidades interessantes para a
investigação.
O significado, novidade ou impacto do tema e da solução do problema (nesse tema) na
sociedade, no mercado, no meio ambiente, nos competidores (...).
As oportunidades de financiamento do tema e/ou problema; é importante estabelecer claras
identificações - complementaridades e atritos entre as oportunidades econômicas e de
financiamento e as necessidades de pesquisa na organização a fim de evitar distorções ou
indevidas aproximações que possam introduzir viés em programações de pesquisa.
As perspectivas econômicas e de negócio que se relacionam com a pesquisa.
As oportunidades e conveniências do assunto, do problema que possa se colocar no foco da
pesquisa.
As fontes acessíveis de dados e informações relacionadas com o problema e o
relacionamento com instituições, agentes (...) externos, entre outros.
b.3) Fatores teóricos; além de capacidades ou competências e de habilidades do pesquisador
para escolher um problema de pesquisa, há considerações, inclusive de natureza conceitual,
que poderão influenciar ou determinar essa escolha.
2
Cientistas da qualidade na organização destacam o relacionamento como um fator que faz a diferença, sendo
necessário orientar ações e estratégias para: desenvolver relações saudáveis e equilibradas em equipes, entre
pessoas; melhorar relações pessoais e profissionais; identificar estilos de agirem pessoais e gerenciá-los; evitar
armadilhas que destroem relacionamentos pessoais; descobrir, desenvolver e colocar em ação potenciais, cada
um liberando seus pontos fortes e sendo auxiliado para debelar seus pontos fracos. Para a organização, essa
diferença é básica para deixar a merca de sua identidade, o registro de sua competência e a contribuição de
seus resultados
37
Considerar a ciência como uma atividade social crítica e dinâmica, com o objetivo de gerar
conhecimentos sobre diferentes aspectos da natureza (BLASKAR, 1978 e 1979), portanto,
com propósito, tais como os de descrição, explicação, controle a predição. Os interesses
implícitos nesses propósitos poderão ser referências para orientar a escolha do problema.
A consideração de fatores teóricos, na escolha do problema de pesquisa, coloca em destaque
elementos do modelo tradicional de ciência: teoria, operacionalização e observação (GLASER
e STRAUSS, 1980, p. 251-257); a construção da teoria a partir de observações e registros em
dados. Equivale a equiparação da teoria (um acervo de conhecimentos da ciência-estoque)
com a realidade que o pesquisador criador e com objetividade operacionaliza para gerar inputs
de novos conhecimentos e inovações.
A apresentação dos elementos da teoria de pesquisa, neste livro, é de fácil compreensão e de
utilização direta, sem desvincular o objeto “simplificado” do contexto sistêmico, do sujeito
desse contexto. Em geral esse contexto é complexo; daí a necessidade da desagregação e
simplificação para operacionalizar a integração teoria-e-realidade.
É no contexto sistêmico que o pesquisador encontra o problema ou a oportunidade para a
pesquisa e é para o contexto projetado ou cenário futuro dessa realidade sistêmica que se devem
orientar os resultados de solução do problema ou as formas de aproveitamento da oportunidade,
segundo seja o caso.
A preocupação com o contexto que compreende o problema ou a oportunidade e que
condicionará a solução no cenário futuro é consistente com a definição de projeto dada pela
administração pública.
Bunge (1998) e Ivanovich (1990), entre outros, consideram que a pesquisa não só começa com
a proposição de um problema de interesse (prático e científico), mas, de forma contínua e em cada
fase da investigação se relaciona ou trata com problemas, com a solução de uns que levam ao
surgimento de outros. Essa seqüência pode ser indicada por perguntas de orientação, tais como: o
que? (o problema) para que? ou para quem? (os objetivos) como? (metodologia) quanto? (recursos
financeiros) e quando? (cronogramas e horizonte de planejamento e execução da pesquisa) entre
outras perguntas.
O problema inicial, neste livro considerado como o mais importante e condicionador dos
demais problemas das fases seguintes da investigação, é justificado, na introdução, com indicadores
que definem a importância (econômica, social, ambiental, estratégica, institucional etc.) e interesse
do mesmo (para o cliente, para a sociedade, para a ciência etc.), sob diversas perspectivas e
dimensões.
Enquanto que na introdução ao documento se menciona a justificativa da investigação em
termos gerais, do assunto – problema e da forma como se pretende abordar (projeto) ou de como foi
solucionado (relatório técnico-científico), na introdução ao problema se relacionam a importância e
pertinência do mesmo em contextos estratégicos de planos e programas, isto é, dentre o conjunto de
projetos administrados, de forma coordenada, na programação de pesquisa da organização.
Na introdução ao problema se articula e destaca a consistência teórica e prática com a
experiência e habilidade–competência do pesquisador-difusor, além de se integrar o que se deve (para
dar cumprimento a missão da organização) com o que se pode fazer (de acordo com a política de
pesquisa, dotação de recursos, diretrizes e indicadores de orientação).
Na justificativa do problema, podem-se indicar as conseqüências ou implicações da
insuficiência (baixa qualidade, pouca precisão, escassa consistência etc.), qualitativa e quantitativa,
38
de dados e informações que caracteriza a situação ou a condição do problema no cliente. Podem se
apresentar os benefícios que se esperam (avaliações ex – antes) com o fornecimento de informações,
serviço e produtos tecnológicos ou com os resultados gerados – disponibilizados ao se constituírem
inputs de novos conhecimentos e de inovações tecnológicas.
A escolha de um assunto, sem que existam regras para fazê-la, dentro de determinada área de
conhecimento e do problema (ou da oportunidade) dentro do assunto escolhido é um momento crucial
da atividade de investigação. Nessa escolha está pelo menos implícito o que vai ser esclarecido ou
explicado, solucionado ou corrigido, aproveitado ou melhorado (...).
Com freqüência, os fatores que poderiam ser considerados em um fato, situação, condição,
estado (...) problema são numerosos, inter-relacionados e por vezes complexos e difíceis de
identificar, mediar (...) e traduzir para o método científico. Nessa fase crucial o pesquisador decide
considerar certos atributos e descarta outros. Dessa forma, a escolha do problema de pesquisa tem
implicações sobre o que deve ser conhecido, sendo que esse conhecimento é fundamental para
proceder no tratamento, geração / adaptação de uma solução e difusão – avaliação da mesma. Daí a
importância de se ter o “melhor” conhecimento mediante a “melhor” escolha de suas causas
representadas nos “melhores” dados da realidade-problema.
O campo acadêmico a escolha do problema atende a um interesse e decisão pessoal. Observa-
se pela experiência, nesse interesse e decisão, que a empatia com o objeto é fator decisivo não apenas
na escolha do assunto e problema, mas, na qualidade do resultado: uma resposta em parte influenciada
pela motivação, interesse e empenho de como o mesmo se gera/ adapta e disponibiliza. É desejável
que o pesquisador, quanto possível, escolha algo de uma área conhecida e tenha ou possa adquirir no
curto prazo, domínio sobre aquele assunto.
Em geral, na escolha do assunto e tema a ser estudado em parte, é conveniente e necessário que
o pesquisador avalie, ex-antes, diversos aspectos da parte problematizada levada ao método
científico. A seguir se relacionam alguns desses aspectos:
a) A importância ou o interesse que a organização tem pelo tema-problematizado (explícito em
um programa), e, dentro desse tema, pelo problema específico, pelo assunto que é (deve ser),
em geral, integrável em um sistema (p. ex., o problema que faz parte de sistema produtivo do
cliente representado na programação de pesquisa).
Na análise da importância e interesse do problema é possível verificar a ocorrência da
integração do problema com outros de um sistema; nessa integração é preciso responder: que
elementos ou fatores podem ser considerados, na parte desse sistema objeto de investigação?
Poderão surgir, dessa análise, informações importantes acerca da conexão lógica e consistente
com os demais problemas do sistema. Estes, por sua vez, poderão fazer parte da programação
em outros projetos de pesquisa. Entender no sistema as relações entre problemas é básico para
entender a necessária relação entre problemas, projetos e resultados esperados.
Em alguns casos, menos freqüentes, pode ocorrer que o problema seja singular e, portanto, sem
vinculação com outros ou com um sistema relevante do cliente. Em todos os casos, é necessário
determinar, ex-antes, os possíveis (prováveis) níveis de conhecimentos e de inovações que se
querem, esperam e podem se alcançar para direcionar a busca sistemática (lógica e organizada)
de “verdades”: conhecimentos e inovações. Dessa forma, a definição do problema estará
acenando (indicando) tanto para a especificação de objetivos (geral, relacionado com o
problema geral, e dos objetivos específicos relacionados com as causas do problema) como para
39
a avaliação-e-escolha de meios (metodologia, recursos financeiros, recursos humanos,
cronogramas etc.) necessários para se ter a solução pretendida.
Essas indicações facilitam a “tradução” do problema para pesquisa em um problema de
pesquisa, em um problema tratado com o método científico. Isso exige do pesquisador, entre
outras preparações (competências) e condições (habilidades), uma exaustiva, atualizada e
consistente pesquisa documental para “garantir” que “todas” as informações prévias relevantes
sobre o tópico estão sendo consideradas. Isto, porque a pesquisa é muito mais ampla e complexa
do que simplesmente encontrar e resolver um problema de um caso; com freqüência busca
generalizar soluções e ampliar a base de conhecimentos.
Com as especificações de níveis de subordinação e hierarquia dos elementos nas diversas fases
da pesquisa é possível evitar ou reduzir atividades desnecessárias, quando suas contribuições
sejam muito baixas ou não significativas; conseguem-se, também direcionamentos adequados
no planejamento e implantação dessas fases no projeto.
Na fase de escolha do problema para a pesquisa é fundamental a ação do líder não apenas para
definir (junto com a equipe) a abrangência e amplitude do problema e do projeto, mas, para
buscar e assegurar a efetiva participação e a contribuição de especialistas na equipe. São os
requisitos na composição da equipe de pesquisadores - difusores em termos de experiências,
habilidades e competências a serem integradas para se gerar / adaptar e transferir uma solução
tecnológica.
Ao especificar os elementos (causas) do problema ou os fatores da oportunidade nas
circunstancias e contextos físicos, meio ambiente, biológicos, econômicos, socioculturais e
políticos-institucionais, entre outros, descobrem-se, com freqüência, os motivos da importância
(ou não) ou do interesse (ou não) pelo assunto ou tema e pelo problema em particular, sob duas
perspectivas: interna e externa.
Por outro lado, conforme fundamentos e diretrizes da política de pesquisa, orientações, acordos
e agendas para disciplinar ou fundamentar decisões, além de adequada pesquisa documental,
tem-se a referência de avaliação e julgamento para se definir o que é importante, prioritário ou
de interesse estratégico, social, econômico, ambiental, político etc.
Ao comparar “os elementos do problema (oportunidade) nas circunstancias e contextos em que
se registram” com as “referências de avaliação e julgamento” auxiliadas por indicadores
adequados, tem-se uma base de classificação e ordenamento dessa importância ou do interesse
pelo assunto e tema-problematizado e, em particular, pelo problema (oportunidade).
O ordenamento e hierarquização de elementos de um problema ou de problemas de um sistema
no foco da pesquisa é de especial importância quando a organização tem limitações de recursos
financeiros e humanos, bem como limitações de planejamento e gerenciamento como os
burocráticos, de acordos e de parcerias. As limitações podem ser em infra-estruturas com
inadequações ou obsolescências e em insumos e equipamentos inadequados com entraves na
administração para a aquisição ou reposição dos mesmos. Podem ser, em especial, em
habilidades e competências para tratar assuntos complexos.
Em outros casos não é possível defini a importância relativa de um problema porque se
apresenta em estruturas complexas; é potencializado por outros problemas que exigem
estruturas e planos conjuntos com planejamentos e implantações simultâneas; ou está associado
com problemas imprevisíveis ou fatores de incertezas de mercados, de parcerias, de mercados
e da própria sociedade.
40
b) As competências (experiências) e habilidades de pesquisadores e difusores, bem como de outros
profissionais como os de apoio técnico-científico: estatístico, econômico, analista de sistemas,
administrador etc., integrados na equipe para tratar o problema ou evidenciar a oportunidade
em um contexto amplo.
Nesta parte da análise é destacada, também, a ação do líder da equipe para buscar e “garantir”
a efetiva contribuição das “melhores” competências e habilidades profissionais voltadas para a
execução da pesquisa e para a obtenção de objetivos e metas relevantes e valiosas.
Entendam-se “melhores” competências e habilidades dos profissionais integrados (equipe)
como as disponíveis (que podem ser utilizadas) nas condições da pesquisa (com as melhorias
previstas: treinamento, capacitação) com os recursos oferecidos (que poderão ser oferecidos)
pela organização e pelos parceiros ou instituições cooperadas e integradas, segundo seja o caso.
As competências e habilidades se orientam para caracterizar o problema de pesquisa no alvo e
as oportunidades e circunstâncias certas: observações, descrições e diagnósticos que possam
defini-lo e delimitar sua abrangência, detalhamento (...) para responder que? por que?.
Competências e habilidade para explicar: técnicas e métodos para definir e medir conexões,
inter-relações, interações, funções, capacidade, comportamentos etc. para responder como? por
que?.
Competências e habilidades para resolver o problema: procedimentos, conceitos, técnicas e
métodos para gerar / adaptar, testar e levar uma solução que seja exeqüível e que permita
responder para que? para quem?.
Competências e habilidades que permitem prever novas fronteiras baseadas em inovações pela
experiência (PAHALAD e RAMASWAMY, 2004). Com base nesse novo conceito de
estratégia se redirecionam focos da investigação para oferecer não apenas a maior variedade de
serviços e produtos como condição de competitividade, mas, para gerar / disponibilizar serviços
e produtos “co-criados com o consumidor”. Para que isso ocorra, segundo os autores citados, a
inovação precisará concentrar-se em experiências conjuntas, organização e clientes. Isso não
significa que a geração / disponibilização de ISPi desapareça, mas, que se incorpore ao
conceito mais amplo da inovação pela experiência.
Parte das competências e habilidades da equipe é verificar e relacionar, entre outros aspectos:
o que? e por que? com o como? o para que? e o para quem?: o problema com o objetivo; é
uma relação de consistência que deve ser destacada no projeto ou no relatório técnico-científico
o para que? e para quem? com o como fazer: os objetivos com os meios; sem os meios
necessários não é possível “garantir” o alcance de objetivos;
o quanto custa? com o qual é o valor ex-antes do benefício gerado; incluir, também, possíveis
custos? Trata-se de uma questão básica de racionalidade econômica do resultado da pesquisa;
Quando se define um objetivo da pesquisa desvinculado de um problema para a investigação,
tal propósito é indeterminado e/ou inconsistente. Um objetivo sem meios suficientes não poderá
ser atingido. O problema sem objetivos não gera um resultado útil para o cliente. O custo de
atividades sem benefício nos resultados é irracional.
Relacionar esses elementos na definição de um problema requer competências e habilidades
para sintetizar atributos que descrevem o fato; clareza e precisão suficientes para evitar
ambigüidade e refletir o que desconhece; objetividade para expressar exatamente o objeto da
41
investigação; delimitação para comunicar o alcance, sem incluir termos de objetivos nem da
solução. Requer, em especial, criatividade para sintetizar os processos de geração - difusão –
solução. Essa relação, segundo Bunge (1972; ampliada) é imprescindível na pesquisa e se inicia
com a definição clara e delimitada do problema.
c) As fontes de dados e informações disponíveis ou possíveis (as “melhores”) de serem levantadas,
primárias ou secundárias, nas condições (objetivos, recursos, prazos etc.) de pesquisa.
Vários indicadores podem ser utilizados para as avaliações ex antes de fontes e de dados e
informações secundárias e primárias que se planejam e esperam utilizar (foram utilizadas) na
pesquisa.
Entendam-se como as “melhores” fontes e, em particular, os “melhores” dados e informações
aquelas que podem ser avaliadas de conformidade com diversos critérios, entre outros, os
seguintes:
c.1) A validade pela qualidade e quantidade ou pelas condições em que se encontram (poderão
se encontrar) para produzir os efeitos esperados da base de informações; essa validade pode
ser de conteúdo quando possa compreender os aspectos (atributos) mais importantes e
significativos que se desejam medir e de formas (critérios externos) e detalhamentos que
possibilitem integrações e agregações, entre outras.
c.2) A confiabilidade; esta propriedade diz respeito à consistência, à exatidão e à estabilidade
do dado e informação para determinadas condições e períodos, aqueles, atuais ou potenciais,
que se referem à pesquisa proposta no projeto.
c.3) A consistência; é uma das propriedades que conferem confiabilidade ao dado, à informação
ou um conjunto de resultados de experimentos (planejados) e experiências (p. ex., biológicas,
físicas e sociais) que se espera satisfaçam, dentro dos limites dos erros experimentais
assumidos na pesquisa, as leis pertinentes aos fenômenos a que se referem.
c.4) A integridade; é o atributo que “salvaguarda a exatidão e completeza da informação [e dos
dados] e dos métodos de processamento” (NBR ISO 17799, 2001).
c.5) A confidencialidade; “é a garantia de que a informação [e o dado] é acessível somente por
pessoas autorizadas a terem acesso” (NBR ISO 17799, 2001).
c.6) A disponibilidade; é a “garantia de que os usuários autorizados obtenham acesso à
informação e aos ativos correspondentes sempre que necessário” (NBR ISO 17799, 2001).
d) As contribuições esperadas, porque as atividades e estratégias são planejadas e serão
gerenciadas para isso, dos resultados da investigação no tratamento do problema ou com a
evidência de benefícios futuros da oportunidade em foco no projeto.
Essas contribuições, quando devidamente avaliados ou considerados os fatores anteriores, serão
valiosas e oportunas. É a efetividade de um resultado que resulta quando a escolha, definição e
tratamento do problema são adequados.
e) Os recursos, tangíveis e intangíveis, e as infra-estruturas disponíveis ou que poderão ser
disponibilizados, conforme se indica nas propostas (cronogramas) e nos arranjos de parcerias,
redes e outras que o documento apresenta.
f) As técnicas e métodos a serem utilizados ou que serão requeridos (que foram utilizados) no
tratamento do problema ou no aproveitamento da oportunidade.
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Complementado ou concomitante com a avaliação para fundamentar a escolha do assunto e
tema e, em particular, do problema para pesquisa, é importante que o pesquisador-difusor considere
algumas questões básicas a serem respondidas, antes de tomar qualquer decisão sobre essa escolha.
São questões e pontos de reflexões sintetizados como segue:
a) Compatibilidade do “motivo” ou objeto de investigação com a missão, visão e valores da
organização: princípios, fundamentos, diretrizes e orientações, sintetizadas ou não na sua
programação de pesquisa. As questões a serem respondidas, nessa compatibilidade, poderão
ser:
a.1) Há interesses de setores como o econômico, social, meio ambiente, político-institucional
(...) na área de abrangência da organização com o “motivo” ou a justificativa do problema
escolhido e considerado na pesquisa?
a.2) Qual é a importância do “motivo” no setor (...) e do setor na dimensão econômica, social
(...) que afeta, interage (...) com a pesquisa?
a.3) Como se manifesta ou como será medido (valores, escalas etc.) esse interesse pelo “motivo”
no setor, na empresa, na sociedade (...)?
a.4) Que circunstâncias, favoráveis ou não, acompanham (fortalecem ou debilitam) o interesse
pelo “motivo” para pesquisa?
a.5) No “motivo” para pesquisa, considerar: quantos “outros” problemas ou oportunidades
poderiam ser especificados em (por) outros projetos? Quantos efetivamente foram definidos na
programação com equivalente importância à da que é dada ao problema (...) no projeto?
a.6) Como poderiam ser integrados, no programa, esses “outros motivos” relacionados com base
indicadores sistêmicos?
a.7) Qual é a importância relativa da parte (do “motivo”: o problema específico) considerada no
projeto em relação à programação, ao sistema ou população alvo?
b) Possíveis impactos (positivos e negativos), benefícios, setores e clientes (...) que poderão ser
afetados pelos prováveis (quando se trata de um “bom” projeto) resultados esperados no
tratamento proposto para o objeto de investigação. Alguns desdobramentos, em relação a esses
impactos, são:
b.1) Qual é o impacto que se espera da alternativa de pesquisa proposta em determinados setores
ou clientes afetados pelo objeto de pesquisa?
b.2) Há possíveis ou prováveis, (em que níveis de probabilidade, quando se trata de um “bom”
projeto) externalidades negativas se esperam associados com o tratamento do problema
considerado no projeto?
b.3) Quais seriam as externalidades esperadas e como seriam avaliadas e prognosticadas no
projeto?
b.4) Como se pretende abordar as externalidades pecuniárias e tecnológicas (destacar a
consistência de avaliações da proposta com prescrições legais, técnicas e métodos utilizados;
destacar possíveis medidas mitigadoras, isto é, medidas que minimizem efeitos de
deterioração causada por ação antrópica numa ambiência, no contexto de licenciamento e de
estudos de impacto ambiental)?
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c) Interesse social, econômico, meio ambiente-ecológico, político institucional (...) no tratamento
do tema (pelo programa que compreende esse tema) e, dentro do tema e programa, do problema
ou oportunidade (pelo projeto). Algumas considerações acerca desse interesse podem ser
orientadas por perguntas como a que segue:
c.1) Como esses interesses na dimensão (...) serão definidos, avaliados e monitorados? Destacar
que procedimentos, informações, indicadores, técnicas e métodos são propostos em cada caso
para este propósito?
d) Factibilidades técnico-científicas e operacionais para tratar o tema, na programação e o objeto
de pesquisa no projeto. Em que termos (conceitos, procedimentos, informações, técnicas,
métodos e indicadores utilizados etc.) são definidas as factibilidades ou viabilidades temáticas,
setoriais e operacionais? São os indicados em evidências empíricas.
Entenda-se viabilidade como a condição ou o fator que está ligado, segundo Martins (1994; p
20) “às evidências empíricas que permitem observações, testes e validações dos possíveis
achados, bem como as condições de prazo, custos e potencialidades do pesquisador” para
tratar com o problema.
e) Capacidades e habilidades dos profissionais que compõem a equipe; este é um aspecto destacado
da factibilidade ou viabilidade para tratar o “motivo” no projeto; nessa habilitação e capacitação
podem ser consideradas, entre outras:
e.1) Que fontes (primárias e secundárias) de dados e informações e que indicadores são
propostos para determinar essas habilidades e desenvolvê-las, voltadas para o tratamento do
“motivo”?
e.2) Como serão estimados e utilizados os indicadores de capacidades e habilidades (conceitos,
procedimento, técnicas e métodos propostos e explícitos no projeto)?
f) Nível de detalhamento proposto para o tratamento do “motivo” no projeto:
f.1) O nível de detalhamento do “motivo” é compatível com os objetos e metas a serem
alcançadas, com os recursos previstos para este fim e com tipo de pesquisa proposto no
projeto?
f.2) O nível de detalhamento do “motivo” é compatível com as capacidades e habilidades dos
profissionais relacionados na equipe e com tempo e os meios previstos no projeto?
g) Coerência, integridade, harmonia e balanço entre as partes da proposta, do projeto, para tratar o
“motivo”.
g.1) O objeto ou “motivo” de pesquisa é claramente definido, delimitado e compreendido na
área de atuação da organização?
g.2) O “motivo” tem lógico e exeqüível desdobramento em suas causas principais e em seus
efeitos mais significativos?
g.3) O “motivo” enseja a definição de hipóteses consistentes, plausíveis e exeqüíveis?
g.4) O “motivo” permite uma clara e precisa definição de objetivos e metas dentro da área de
atuação da organização?
g.5) O “motivo” acena com objetividade ou clareza para a especificação da metodologia e dos
recursos tangíveis necessários para a pesquisa?
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g.6) O “motivo” é atrativo para a captação de recursos financeiros ou se encontra no foco de
agências de financiamento como sendo financiável ou de interesse para eles?
g.7) O “motivo” traz suficientes elementos de orientação para auxiliar a definição dos processos
de geração/ adaptação e transferência/ difusão das soluções esperadas?
g.8) O “motivo” pode ser tratado, com certa garantia de sucesso, dentre os prazos, com os
recursos e as condições indicadas no projeto?
g.9) São “toleráveis” pelos envolvidos na pesquisa os níveis de riscos e incertezas no tratamento
do “motivo” da forma como é indicado no projeto?
Estas, entre muitas outras perguntas de orientação, poderão ser consideradas na identificação e
caracterização de um “motivo” para a pesquisa. Isso exige um levantamento detalhado e atualizado
sobre possíveis temas a fim de verificar o “estado da arte” e avaliar as perspectiva, tendências e nichos
promissores de cada um deles. Dessa forma, facilita-se ou auxilia fazer a “melhor” escolha do assunto
e tema e, em particular do problema (oportunidade) de maneira adequada e eficiente.
Na prática a escolha de um problema para pesquisa dentro de um tema problematizado pode
ser orientada de várias formas e por diversos procedimentos, isolados ou combinados.
A seguir se sintetizam (apenas se ilustram) algumas dessas formas e procedimentos:
a) Procurar uma área e assunto de importância como, p. ex., aquele considerado estratégico e
importante em planos, programas de desenvolvimento, orientações políticas de C,I&T e P&D,
programas acadêmicos e outros ou de importância para a ciência, segundo seja caso.
Dentro dessa área importante e estratégica (assunto e tema), escolher, definir e delimitar um
problema, procurando responder, com respostas valiosas: qual é o interesse para o cliente, a
pesquisa, a ciência, a sociedade (...) por esse problema (a gravidade) e de uma “provável”
solução.
Respostas valiosas são, com freqüência, o resultado de perguntas “inteligentes” formuladas aos
respondentes “certos” e preparados para responderem.
Tais perguntas podem ter como base ou início de sua formulação as seguintes palavras:
a.1) Que é (...) o que se define como problema? A resposta a esta pergunta poderá orientar, entre
outras etapas da pesquisa, a busca de dados e informações da situação problema que é
identificada e caracterizada no cliente, na região, no setor (...) alvo da área de atuação da
empresa.
a.2) Por que (...)? A resposta poderá auxiliar o entendimento ou a explicação de causas ou
motivos dessa situação-problema, possibilitando ordena-as conforme determinados critérios:
descritores e indicadores explícitos no projeto.
a.3) Desde quando (...)? A resposta poderá contribuir para orientar a busca de dados e
informações de uma análise retrospectiva (diagnóstico) e prospectiva (prognóstico) que
possibilite gerar informações de evoluções e tendência do problema, seu entorno e
condicionantes.
a.4) Com que freqüência (recorrência) e/ou a que intervalos (...)? A resposta poderá dar
indicações sobre que dados e informações serão necessários para estudar e entender a
dinâmica do problema ou da oportunidade e fazer previsões.
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a.5) Onde (...)? Para identificar os lugares, dentro da área de abrangência de pesquisa, em que
se dá o problema ou se tem a oportunidade.
a.6) Que expectativas e condições (...)? Para se ter a informação acerca do nível de interesse por
parte do cliente e das condições para a adoção que, quanto possível, devem ser atendidas na
geração / adaptação – transferência/ difusão dos resultados esperados.
a.7) Qual é a relação do problema com a população alvo, com o sistema (...)? A resposta é
desagregar o problema (oportunidade) de tal forma que possibilite o tratamento conjunto com
outros problemas e, em especial, definir condições de integração do resultado e da
compatibilidade (condição de adoção) do mesmo no sistema do cliente, da região ou setor, do
meio ambiente, segundo seja o caso.
Parte da desagregação da situação-problema até o nível de um problema (oportunidade)
tratável em um projeto está baseada em relações de causa-e-efeito em vários níveis.
O entendimento dessa relação e da inter-relação do problema com o sistema que o compreende
permite ordenar e hierarquizar os elementos de um problema e ordenar os problemas de um
sistema conforme descritores e indicadores.
a.8) Qual é a relação com outros problemas (outros projetos) do programa? As informações,
além de serem essenciais para se definir a consistência de um programa, são valiosas, também,
na fase de integração de resultados.
A análise do problema é a etapa da investigação que precisa de especial objetividade e direção
“certas” para orientar as fases seguintes da pesquisa. Essa orientação não poderia ser eficiente,
a menos que a análise seja feita com clareza, concisão e verificabilidade; que tenha como bases
descritores e indicadores que sejam consistentes e simples, precisos e concisos, monitoráveis e
analisáveis; e que os indicadores sejam definidos em termos de quantidade, qualidade e tempo,
segundo seja o caso.
Os descritores dos elementos (causas) mais importantes de um problema não devem apresentar
relações de causalidade, enquanto que os indicadores devem, dentro de cada descritor,
determinar, em geral, o problema em termos de quantidade, qualidade e têmpora – espacialidade
com as interdependências.
Por exemplo, se a dificuldade observada e registrada em determinada região para os produtores
de trigo for o acamamento de plantas dificultando a colheita e reduzindo a produção, o problema
poderá ser a identificação e caracterização de causa. Se conhecidas, o controle das mesmas não
é adequado. O conhecimento que se tem acerca da origem desse acamamento é insuficiente,
incompleto e com erros para prevenir as perdas. Os indicadores se referem aos prejuízos
quantificados dessas perdas.
A teoria subjacente (conhecimento do pesquisador-difusor) poderá explicar as causas do
problema: o desbalanço de nutrientes no solo, um fator genético como a altura da planta e a
fragilidade de hastes, o excesso de matéria orgânica no solo, a alta densidade ou competição
por luz, o escasso desenvolvimento do sistema radicular, ou fatores mecânicos, entre outros.
Quais desses fatores se verificam no sistema alvo de pesquisa?
Cada conjunto de fatores causais pode ser traduzido como um descritor caracterizado por seus
respectivos elementos mediante um índice técnico. Esse índice poderá definir o “estado” inicial
(o problema) e o “estado” desejável (situação proposta como referência; a situação pode ser
uma hipótese).
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A relação entre esses “estados” é dada por estimativas de índices (indicadores) que permitem à
organização monitorar e avaliara os efeitos da pesquisa.
Em geral o projeto de pesquisa deve apresentar descritores e indicadores para dar concisão à
definição do problema. Essa apresentação é facilitada quando o problema é claramente
identificado e caracterizado a partir de uma situação observada (fatos) e documentada
(registros) e, em particular, quando os dados e informações são consistentes e devidamente
lidos, interpretados e analisados.
Na identificação, caracterização e ordenamento de certas dificuldades do produtor agrícola, p.
ex., podem participar a iniciativa particular (percepção do pesquisador-difusor), a assistência
técnica e extensão rural; as organizações (p. ex., cooperativas e sindicatos) de produtores e
consumidores; as organizações não-governamentais da região; as empresas (e agentes) de
estruturas (“cadeias”) produtivas; as instituições de serviços básicos como as de crédito
agrícola, transporte & comunicação, informação & comunicação; padronização; e as agências
de planos e programas, entre outras, com atuação na região (clientes, setor...) alvo de pesquisa.
Na definição de descritores e indicadores é importante colocar o problema de forma explícita
e como “algo” (fato, fenômeno, condição, sujeito...) que existe. Não poderia ser, portanto, a
falta de conhecimentos e de tecnologias, a ausência de práticas de manejo, a não aplicação de
normas (...). Deve ser “algo” presente / esperado no período projetado, no cenário construído
para a pesquisa, específico e que se identifica e caracteriza pela análise das dificuldades a serem
observadas. Dessa forma, o problema deve ser definido como o conhecimento, manejo, normas,
tecnologia (...) existentes inapropriados, insuficientes, ineficientes, inadequados (...) e que se
manifestam por perdas e insatisfações.
O pesquisador-difusor, auxiliado por técnicas e métodos apropriados, deve procurar caracterizar
os aspectos fundamentais do problema, suas causas, e, sobre estas concentrar sua atenção e
aplicação de recursos. Parte dessa atenção pode ser orientada para a definição de indicadores
que possibilitem rastrear (acompanhar, monitorar etc.) o processo e origem de causas, de
evoluções e de tendências, de conseqüências e efeitos.
O Quadro 29 ilustra fatores (causas) de problemas expressos em termos de descritores e
indicadores com exemplos simples do agronegócio. Os indicadores devem possibilitar, pela
análise de causalidade, o ordenamento e a caracterização do problema central. Dessa análise se
tem, com freqüência, orientações para ordenar fatores pela sua importância relativa na definição
do problema.
Qualquer que seja a orientação para definir o problema (oportunidade) para a pesquisa, esse
problema deve interpretar (traduzir, levar, sintetizar a essência (...), com exeqüibilidade técnica
e operacional) necessidades e expectativas do cliente, da região, do setor ou do próprio
desenvolvimento.
Uma orientação prática para caracterizar o problema é entendê-lo como uma defasagem entre
uma situação desejável e possível (uma referência consistente) e uma situação real (p. ex., de
carência, de deficiências, de excesso de um fator indesejável...) de um cliente, região, setor (...)
bem delimitado e caracterizado, estratégico e alvo definido e “certo” da investigação.
b) Fazer pesquisa de um tópico, dentro de um tema selecionado, procurando dados e informações
que possam orientar, em sua fase inicial, a definição do problema. Essa orientação pode ser
dada por respostas a perguntas, tais como: quais são os dados e informações que definem o
problema ou a oportunidade?
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Quando pertinente, complementar as respostas das perguntas anteriores com observações de
experimentos e de pesquisa documental, entre outras, até se ter uma definição clara e precisa do
problema (oportunidade).
Com problemas claros e delimitados serão menores os desvios e as dúvidas no desenvolvimento
e gestão da investigação ao aplicar o método científico com consistência, ao especificar o
orçamento com objetividade; ao definir cronogramas com “realismo” e ao prever ações e
estratégias de difusão, bem como os de previsão de impactos dos resultados esperados
(propósitos) da pesquisa.
c) “Consultar” profissionais e instituições que possam dar uma orientação e esclarecer dúvidas em
relação à definição de um problema ou a especificação de uma oportunidade, colocada em
destaque pela importância e coerência com planos e programas dessas instituições.
d) “Consultar” representantes legítimos dos clientes e setores (p. ex., os órgãos de classe:
associações, sindicatos, cooperativas) afetados ou que possam ser afetados pelo problema ou
oportunidade em foco da investigação.
e) “Consultar” planos e programas que contenha elementos causais da definição do problema ou
do aproveitamento da oportunidade objeto de pesquisa.
É possível observar, em alguns casos, que os elementos do problema central, traduzidos em
indicadores, precisem de ordenamento e hierarquização com respeito ao impacto, efetivo ou potencial;
às expectativas do cliente, setor (...); aos critérios de sustentabilidade “ampla”; e à coerência da
filosofia (valores, cultura, princípios etc.) da empresa de pesquisa com esses “motivos”. Esse
ordenamento criterioso possibilita concentrar esforços no que é relevante e mais importante no
contexto da pesquisa.
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