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Cultura Indígena Nativa

Foto 1 - Indígenas Guarani, Kariboka, Pankararé, Pataxó e Wassu Cocal.


Crédito da foto: Reinaldo Meneguim

Brasil. Terra descoberta há pouco tempo. Mas, povoada pela Ancestralidade que a história não
consegue nem datar. Terra sagrada, fértil, guerreira. Terra Indígena.
Historiadores calculam que existiam de 3 a 4 milhões de indígenas no país antes de 1500.
Hoje, já não é bem assim. Segundo dados do IBGE (1), atualmente vivem aproximadamente
900 mil indígenas de 239 etnias, falantes de mais de 150 línguas diferentes (2).

Cultura de uma riqueza incalculável, como não é fácil de calcular também a dificuldade em
mantê-la. Muito conhecimento foi, durante séculos, levado pelo vento e não voltou mais,
muitas histórias calaram-se no conto oral que deixou de existir e de ser passado de geração em
geração, muitos rituais foram enterrados junto ao sangue dos confrontos com o homem
branco gerados pelas terras, pelo alimento, pela vida.

Como parte do DNA indígena, o “ser guerreiro” é quase lei para os sobreviventes que ainda
tentam preservar profunda e cultura indígena nativa. Cultura essa que passa pelo modo de
vida, costumes, alimentação, medicina tradicional, rituais, ervas, objetos sagrados, enfim uma
série de elementos que compõe o universo diversificado da história ancestral.

Espiritualidade
A espiritualidade é um caso à parte. Para os nativos, é o elemento chave para a manifestação
da vida. É a ponte entre o Mundo Físico, o Mundo dos Símbolos/Elementos e o Mundo
Espiritual. E tudo em perfeita harmonia, como deve ser.
Na pluralidade de povos espalhados pelo Brasil inteiro, as manifestações ritualísticas e
espirituais são as mais diversas. No nordeste, por exemplo, a tradição é a do Toré (3), um ritual
sagrado, que envolve dança acompanhado por cantos (que é fundamental para entrar em
contato com as entidades espirituais) ao som de maracás, apitos, e uma série de instrumentos
feitos artesanalmente. Cada povo possui um toré próprio e característico, apresentando
variações entre eles. O ritual do toré é considerado o símbolo maior de resistência e união
entre os indígenas do Nordeste brasileiro.
Na migração dos povos para outros estados brasileiros, encontramos muitas etnias do
nordeste morando no estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O toré é com muito
custo mantido pelas tradições que ainda realizam o ritual, mesmo em áreas urbanas.
Pelo contato com outras civilizações, religiões como o catolicismo e protestantismo foram
incorporadas em alguns povos nativos, mas é interessante perceber que muitos destes
conseguem fazer harmoniosamente o trânsito de seguir uma doutrina, mas não perder sua
identidade. A integração entre frequentar uma igreja e até mesmo ser pastor, sem deixar de
fazer seus rituais e conexões com as forças da mata, dos caboclos, dos seres de outros planos,
de agradecer ao Sol, a Lua e aos elementos da natureza.

“Eu posso ser quem você é, sem deixar de ser quem eu sou”. (4)

A Pajelança, como é popularmente conhecida, é um ritual de cura feito pelo Pajé (líder
espiritual) da aldeia. É encontrada por todo o país, nas mais diversas etnias e povos. A
pajelança que é feita pelos Kaingang (povo considerado o mais pacífico pelos portugueses
quando no povoamento da região entre o noroeste de São Paulo e o estado do Mato Grosso
do Sul) é diferente da pajelança feita pelos indígenas do Xingu, no norte do país. Assim como
tem diferenças entre os indígenas Krenak (estado de Minas Gerais) e os Atikuns (localizado em
Pernambuco).
Na Pajelança, há todo um ritual antes, durante e depois da manifestação. A preparação vai
desde o ambiente, as pessoas que irão receber a cura, o cuidado no equilíbrio e harmonia com
as formas de vida da natureza (animal, vegetal, mineral, aquática), os elementos (ar, terra,
fogo e água) e entre os planos (físico, elemental/arquétipos e astral).
O Pajé, intuitivamente pode seguir por uma maneira de conduzir, mas acima disso, ele entra
num transe mediúnico que possibilita o contato com as entidades manifestantes em outros
planos e com os seres elementais da natureza, que guiam o Pajé para proporcionar o equilíbrio
e a cura nas pessoas, de acordo com a necessidade de cada um para o momento.
O ritual da Pajelança é algo extremamente Sagrado, e de acordo com a intenção do que quer
ser realizado, pode resultar numa incrível transformação benéfica a todos. Por isso, uma
atitude interna de respeito, entrega, humildade, vontade em servir, sintonia e amor são os
passos principais no processo de cura, bênçãos e realizações dentro de cada coração e
consciência.

Animal de poder
Entre os nativos brasileiros também há relação e simbologia com os animais de poder. Uma
figura Sagrada para os Tupi e Guaranis, por exemplo, é o símbolo do beija-flor. Representa o
Divino que se manifesta no plano material, é a ponte, o emissário, o mensageiro de Deus.
Doce, tenro, suave, belo, puro e sábio. Estes são alguns dos atributos do pássaro que
representa a “ponte com o Criador”.
Outro pássaro símbolo da cultura indígena, principalmente na Amazônia, é o Uirapuru. Seu
canto e biótipo são raros, assim como seu aparecimento. Por isso, um dos símbolos é
justamente mostrar que em meio a tudo que se passa na vida, pode até parecer que não, mas
sempre tem uma força que dá apoio, suporte e está sempre com a gente, ainda que pouco
percebamos.
Também a onça pintada e a jiboia são animais sagrados para os ancestrais nativos,
principalmente do norte do país. Alguns símbolos como a força, coragem, vontade, equilíbrio,
potência, desenvolvimento e união fazem parte das representatividades destes seres.

Objetos Sagrados
Alguns artefatos fazem parte da identidade indígena, como é o caso da maracá – chocalho
geralmente feito com uma cabaça seca, sem miolo, na qual se colocam pedras ou sementes.
Há muitos símbolos por trás deste sagrado objeto, que representa a Conexão estabelecida com
o Plano Maior; ao ser chacoalhado, as sementes que estão dentro da maracá fazem um som
original, que permite estabelecer um transe, uma ponte entre os mundos. As sementes
representam também que tudo está interligado, pois sempre há um tipo de manifestação que
representa a vida, que pode trocar de forma, mas jamais deixará de existir. Na pajelança, o
pajé usa da maracá para espantar os maus elementos, renovar as energias, promover a cura
no seu povo e equilibrar o ambiente interno e externo.

Foto 02 - Maracá feita por indígenas Guarani Mbya (Litoral Sul de São Paulo)
Crédito da foto: Reinaldo Meneguim

Outro instrumento fundamental para a cultura indígena brasileira é o cachimbo, ou petynguá


(em tupi-guarani). Algumas tradições consideram que o cabo do cachimbo representa o lado
masculino e a boca, por onde sai a fumaça, representa o feminino.
Os povos Guarani do litoral sul do estado de São Paulo (5), dizem que o petynguá é completo,
pois tem todos os elementos da natureza – Terra (erva para ser queimada), Água (saliva que é
gerada ao pitar), Fogo (queimar a mistura que é colocada) e o Ar (fumaça).
A mistura disso tudo, simboliza a ligação entre masculino e feminino, o casamento entre os
elementos, entre os planos de existência. A hora de defumar é sagrada. A fumaça reequilibra,
harmoniza e é benéfica para todo o processo de cura e realização.
Para o povo Fulni-ô, o chanduka (como é chamado o cachimbo na língua deles) é
imprescindível para estabelecer uma relação, fazer contato com a sutileza dos elementos da
natureza. É uma forma simples e potente de se reconectar com as raízes e a essência de cada
um, de cada partícula existente e de aprofundar uma integração com as infinitas formas de
vida.

Foto 03 - Indígenas da etnia Wassu Cocal defumando.


Crédito da foto: Rafael de Almeida Leitão

O Cocar tem muitos significados e varia de tamanho, cor, forma, e simbolismos, de acordo com
cada tradição indígena.
Feito de penas, um dos símbolos dele é a hierarquia da aldeia, o significado da vida, a
importância do respeito entre as famílias. Sua forma em arco gira entre o passado e o
presente, e aponta para o futuro.

Foto 04 - Indígena da Aldeia Guarani Mbya (Litoral Sul de São Paulo)


Crédito da foto: Reinaldo Meneguim

É quase que unânime entre os indígenas destinar ao cocar, a sabedoria de que sempre há algo
acima de nós; ou seja, o cocar, dentre outras representações, demonstra o contato com o Alto,
com o Sol, com o Céu, com as estrelas, com Deus. É a humildade e respeito de reconhecer que
há uma Força que Rege tudo e que é sempre Maior do que qualquer coisa.
Dentro da cultura Caiapó (etnia indígena da Amazônia) a disposição e as cores das penas do
cocar tem todo um sentido. Ela indica a posição do líder dentro da aldeia, e da forma como é
padronizada a manutenção e modo de vida do povo. A aldeia é disposta em forma de arco
como o cocar. Nela, cada um tem seu lugar e sua função determinados, todos tem sua
importância e podem contribuir para a sobrevivência e manutenção de seu povo. Assim, como
a cor de cada pena possui um significado: o verde representa as matas e florestas que
protegem as aldeias, fornecem o alimento e ao mesmo tempo são a morada dos mortos e dos
seres sobrenaturais. A cor mais forte, o vermelho, simboliza a casa dos homens, que fica bem
no centro da aldeia. O local é frequentado apenas por pessoas do sexo masculino. Lá, eles se
reúnem diariamente como em um conselho para ver a melhor forma de caçar, fazer os rituais,
produzir o artesanato e guerrear, caso seja necessário. O amarelo representa as casas e as
roças, áreas dominadas por mulheres. Nos locais, as indígenas plantam, colhem, preparam os
alimentos e pintam os corpos de seus parentes.
Já na etnia Pataxó, do sudoeste baiano, a cor das penas do cocar tem seus significados: o
vermelho representa a força do guerreiro enquanto o verde demonstra o poder curador do ser
que a utiliza. A forma como as penas estão posicionadas fazem menção às aldeias do povo
Pataxó – a pena central e maior representa a Aldeia Barra Velha, enquanto as outras duas
simbolizam a Aldeia Coroa Vermelha e a Aldeia Imbiriba.
A riqueza por detrás de cada representante do povo ancestral passa por inúmeros elementos,
como os já mostrados acima. Um outro símbolo importante é o da pintura - arte que transmite
ensinamentos, ética e valores dentro da cultura. Pode ser utilizada com finalidade estética,
numa diversidade de cores, promovendo beleza natural à mostra; mas, as pinturas querem
dizer muito mais do que isso: Representam cada tipo de manifestação presente no dia-a-dia da
comunidade. São uma forma de comunicação complexa, em códigos, utilizadas de acordo com
a ocasião – se é para caçar, orar, dançar, guerrear... – dependendo da situação e da etnia, é
feito um tipo de pintura especial. Por exemplo, em diversos povos, como no caso dos Xavantes
a pintura modifica conforme as fases da Lua ou o rito de passagem do momento.
Na pintura, dentre outros elementos, geralmente são usados como tinta o jenipapo que dá
uma coloração escura, o urucu que produz a cor vermelha, o pó de carvão que é utilizado no
corpo sobre uma camada de suco de pau-de-leite, e o calcário da qual se extrai a cor branca.

Foto 05 – Pintura feita pelas Guarani Mbya (Litoral Sul de São Paulo)
Crédito da foto: Reinaldo Meneguim

Foto 06 – Indígena Pataxó (Aldeia Coroa Vermelha)


Crédito da foto: Rafael de Almeida Leitão

Citamos aqui resumidamente alguns fragmentos do que é essa Sabedoria Nativa Ancestral e
Sagrada Indígena. Esse compilado pode ser aprofundado de tal forma que não há como não se
sentir atraído por essa rica cultura. É bem verdade que, com o tempo, muitas coisas foram se
perdendo, mas, como os próprios nativos da mata gostam de falar: “Podemos perder quase
tudo na vida, mas nosso espírito será Eternamente das Florestas, Eternamente do Criador”.
As matas, florestas, também foram sendo devastadas, tomadas, as terras desrespeitadas;
Entretanto, prefiro ficar com uma frase do povo Wassu:
“Enquanto houver um índio vivo, haverá natureza; e vice-versa”. (6)

Tupã-Nhanderu, Nitxi Awêry (7).

Bibliografia:

1 – IBGE-Índice Brasileiro de Geografia e Estatística – Censo 2010


2 – ISA–Instituto Sócio Ambiental - http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/quem-
sao/povos-indigenas
Há 2 troncos linguísticos principais: Tupi e Macro-Jê. Dentro deles, há inúmeras famílias
linguísticas com centenas de línguas e dialetos espalhados pelo país.
3 – O Toré se faz presente entre os povos Atikum, Fulni-ô, Geripancó, Jenipapo-Kanindé,
Jenipankó, Kaimbé, Kambiwá, Kantaruré, Kariri-Xocó, Kapinawá, Kiriri, Pankararé, Pankararu,
Pipipã, Potiguara, Pataxó, Tapeba, Tremembé, Truká, Tuxás, Tumbalalá, Tupinambá, Xakriabá,
Xocó, Xukuru, Xucuru-Kariri, Wassu Cocal, entre outros.
4– Frase popular da sabedoria indígena nativa.
5 – Ensinamento passado pelo Cacique Lídio Benites, da Aldeia Guarani Mbya Urui-ty, de
Miracatu/SP e pelos indígenas de diversas aldeias guaranis do Vale do Ribeira.
6 – Frase dita pela indígena Diva Máximo da etnia Wassu Cocal, residente em Guarulhos/SP,
mas originária do estado de Alagoas.
7 – Tupã-Nhanderu, em tupi-guarani, quer dizer “Deus”. Enquanto que, Nitxi Awêry quer dizer
“Muito Obrigado” na língua Patchoran (etnia Pataxó).

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