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GRUPO DE TRABALHO 8
CULTURA E SOCIABILIDADES
Amorim, C. R
Silva, E. J.
Rocha, N.
Graton, L.
Bischoff, A.
Nascimento, S.
Gonçalves, G.
2
RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS NA REGIÃO DE MARINGÁ: DIVERSIDADE E
INVISIBILIDADE1
Amorim, C. R.2
Silva, E.3 J.
Rocha, N.4
Graton, L.5
Bischoff, A.6
Nascimento, S.7
Gonçalves, G.8
Resumo
Introdução
O antropólogo americano Clifford Geertz (1989) entende cultura como um sistema ordenado
de significados e símbolos... nos termos dos quais os indivíduos definem seu mundo, expressam
1
Pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Estudos sobre Religiões Afro-brasileiras – RELIGAFRO, coordenada pela Profa. Cleyde R.
Amorim – NEIAB/PGC/DCS/UEM.
2
Antropóloga, professora adjunta do Depto. de Ciências Sociais/UEM e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais -
PCG/UEM. Coordenadora do Programa Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-brasileiros – NEIAB/UEM .
3
Historiador, Doutorando em Antropologia PUC/SP, pesquisador do o Grupo de Estudos sobre Religiões Afro-brasileiras -
RELIGAFRO e do NEIAB/UEM
4
Pedagoga, pesquisadora do RELIGAFRO e do NEIAB/UEM
5
Graduando em História/UEM, pesquisador do RELIGAFRO e do NEIAB/UEM
6
Graduando em Ciências Sociais/UEM , pesquisador do RELIGAFRO e do NEIAB/UEM
7
Graduanda em Ciências Sociais/UEM , pesquisadora do RELIGAFRO e do NEIAB/UEM
8
Graduada em Educação Física, pesquisadora do RELIGAFRO e do NEIAB/UEM.
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seus sentimentos e fazem seus julgamentos (p.50). Nesse sentido segundo o autor o homem tem a
capacidade de criar e recriar símbolos e significados para a sua realidade os quais devem dar sentido
ao mundo em que vive. Os símbolos e significados funcionariam como uma ordenação ao caos do
mundo, projetando imagens no plano da experiência humana.
Um sistema que contribui muito para ordenar e dar sentido aos caos é a religião, pois a
mesma visa ajustar as ações humanas à ordem cósmica mitificada e projeta no plano da experiência
humana uma ordem cósmica imaginada e pressupõe dar sentido a existência humana e ao mesmo
tempo as suas práticas e ações na realidade na qual se insere.
Para Geertz, os símbolos religiosos funcionam para sintetizar o ethos de um povo – seus
valores, estilos de vida, suas disposições morais e estéticas – e sua visão de mundo. Explica, então,
como se estabelece esse ethos na crença e na prática religiosa:
O ethos de um grupo torna-se intelectualmente razoável porque demonstra representar um
tipo de vida idealmente adaptado ao estado de coisas atual que a visão de mundo descreve,
enquanto essa visão de mundo torna-se emocionalmente convincente por ser apresentada como
uma imagem de um estado de coisas verdadeiro, especialmente bem-arrumado para acomodar tal
tipo de vida (p.67).
Com a interiorização dos símbolos religiosos no cotidiano dos indivíduos, os mesmo passam
a dar significados à realidade social modelando-se a ele e ao mesmo tempo modelando os mesmos
que os criaram.
Essa relação humana com o sagrado é construída e reconstruída o tempo todo. Os símbolos e
signos que compõe a religião e os novos que são criados e projetados na realidade buscam como
fim dar sentido a realidade humana. Uma vez inscritos esses símbolos e signos na cultura, se
construirá uma visão de mundo a qual delineará os comportamentos individuais e coletivos.
Segundo Geertz as disposições e motivações que uma orientação religiosa produz lançam uma luz
derivativa, lunar, sobre os aspectos sólidos da vida secular de um povo (p.90).
Partindo das reflexões de Geertz, busca-se visualizar as representações dos símbolos e
signos que compõem as religiões afro-brasileiras na região metropolitana de Maringá-PR, por meio
de uma etnografia, usando como referência terreiros localizados na região metropolitana de
Maringá.
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O terreiro de candomblé Ylê Axé de Oya localiza-se Jardim Alvorada, bairro que apresenta
grande concentração de templos religiosos afro-brasileiros, no município de Maringá. A sacertotiza
que é responsável pela casa é Mãe Lurdes – a Sandya. Nesse templo pudemos conhecer a estrutura e
o funcionamento, conduzidos pela Ialorixá (mãe-de-santo) Mãe Lurdes, que se mostrou atenciosa e
acolhedora o que proporcionou uma conversa franca e de procedimento informal. Ela nos contou
um pouco de sua história na religião, a qual teve início na década de 1960 na Umbanda. Já em 1975
a Ialorixá foi iniciada no candomblé de nação Angola pelo baiano Tata Pereira tendo o axé de sua
casa plantado primeiramente nesta nação.
Hoje o Ylê de Axé de Oya tem como ritual predominante o candomblé de nação Keto
mantendo estreita relação com pai Décio de Ogum, Babalorixá radicado em Guarulhos (SP) ligado
ao Ylê Axé Opom Afonja. Ele é filho-de-santo de Mãe Estela de Oxossi dirigente do terreiro.
Apesar dos relatos da Ialorixá responsável pela casa, sobre a predominância do ritual,
pudemos perceber alguns resquícios do candomblé de nação Angola e do culto Umbandista. O
primeiro aspecto pôde ser observado principalmente pelo assentamento do Inkice Tempo (Kitembo)
cultuado costumeiramente na nação Angola, o qual pode ser identificado também em casas que
possuem uma bandeira branca fixada junto a assentamento. Quanto à Umbanda, notamos a
existência de uma pequena tapera para culto de Pretos-Velhos, além de serem realizados no terreiro,
de acordo com a mãe-de-santo, toques esporádicos para os caboclos, Zé Pilintra e Exú Marabô.
Ademais, a formação da casa constitui-se basicamente em um típico terreiro de Keto,
possuindo um amplo barracão ao centro e vários assentamentos nos arredores, além de inúmeras
árvores sagradas como a Iriko, trazidas por Mãe Lurdes do Opom Afonja localizado na cidade
Salvador. Assim, o ritual predominante neste templo de Candomblé, é o da nação Keto.
A casa é mantida pelos filhos de santos, por doações e promoções de eventos, e realiza as
festas de Preto-Velho, para Exú Marabô e de Caboclo.
Terreiro de Omoloko Igbaigbe Omoloko Ti Osossi (Recanto Omoloko Pai Benedito das
Almas)
Templos desativados
Notas finais
Bibliografia
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. 1.ed., 13 reimpr. – Rio de Janeiro: LTC, 2008.
LUZ, France. O Fenômeno urbano numa zona pioneira, Maringá, 1997. Editora da prefeitura
municipal de Maringá, dissertação de mestrado-Universidade de São Paulo.