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Rio de Janeiro
Junho de 2015
Silva, Lívia Corrêa
Avaliação de ciclo de vida de concretos com
substituição parcial de cimento por cinzas do bagaço de
cana-de-açúcar e da casca de arroz/ Lívia Corrêa Silva - Rio
de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2015.
XV, 117 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Romildo Dias Toledo Filho
Dissertação (mestrado) – UFRJ/COPPE/Programa de
Engenharia Civil, 2015.
Referências Bibliográficas: p. 112-117
1. ACV. 2. Ciclo de vida. 3. Cinza do bagaço de cana-
de-açúcar. 4. Cinza da casca de arroz. I. Toledo Filho,
Romildo Dias. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
COPPE, Programa de Engenharia Civil. III. Título.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família. Aos meus pais, Marília e Sergio, por todo amor e por
acreditarem e investirem em mim. Aos meus irmãos Sergio Augusto, Fernanda, pelo
carinho e companheirismo e ao pequeno João Henrique, pelos ensinamentos. À Julia,
pelo exemplo de superação e vitória. Ao Dragos, pelo amor de pai.
Ao Rafael, meu maior incentivador, por estar ao meu lado em mais essa etapa
tão importante da vida. À sua querida família, pela forma amorosa e acolhedora que me
recebe.
Ao meu orientador Romildo, por toda confiança e incentivo, de quem levo grande
admiração e lições para a vida.
Aos demais professores e funcionários da COPPE que fazem dessa uma grande
instituição de ensino.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Junho/2015
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
June/2015
vi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
4 METODOLOGIA ....................................................................................... 44
vii
4.1 Definição do objetivo e escopo........................................................... 44
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2-3: Composição química básica dos aditivos minerais e do cimento Portland .. 8
Figura 2-4: Distribuição da produção de cimento no Brasil, por região, em 2012 ........ 14
Figura 2-5: Distribuição para produção de cimento no Brasil por tipos, em 2012 ........ 15
Figura 3-4: Emissão de CO2 por tonelada de cimento de acordo com a tecnologia
empregada ................................................................................................................. 33
Figura 3-6: Fronteira do sistema estudado por Marceau et al. (2007) ......................... 38
Figura 3-7: Volume de concreto necessário para 50 anos de vida útil ........................ 40
Figura 4-4: Curvas granulométricas dos aditivos minerais e do cimento Portland ....... 64
Figura 4-5: Processo de otimização para estimar a distância mínima entre as plantas de
etanol/açúcar e as cimenteiras. (a) área estudada; (b) localização das plantas de
etanol/açúcar (vermelho) e das cimenteiras (preto); (c) resultado da otimização. ....... 66
ix
Figura 5-3: Toxicidade humana por kg de material ..................................................... 73
Figura 5-12: Exemplo da modelagem realizada no SimaPro (C60 CBU20 CAU20) .... 78
Figura 5-13: Contribuição dos materiais na avaliação de impactos dos concretos (a) C25
Ref, (b) C25 CBU20 CAU20, (c) C60 Ref e (d) C60 CBU20 CAU20 ........................... 80
Figura 5-14: Avaliação comparativa da produção de 1MJ de energia elétrica pelo “unit
process” e pelo “system process”, excluindo os processos de infraestrutura .............. 82
Figura 5-15: Avaliação comparativa da produção de 1MJ de energia elétrica pelo “unit
process” e pelo “system process”, incluindo os processos de infraestrutura ............... 83
Figura 5-18: Resultado da avaliação de impactos dos concretos convencionais (25 MPa)
normalizado pela resistência à compressão a 28 dias ................................................ 90
Figura 5-19: Resultado avaliação de impactos dos concretos convencionais (25 MPa)
normalizado pela resistência à compressão a 180 dias .............................................. 91
x
Figura 5-23: Resultado avaliação de impactos dos concretos convencionais (25 MPa)
normalizado pelo volume necessário para 50 anos de vida útil sob condição de Cs=0,9%
................................................................................................................................... 98
Figura 5-24: Resultado avaliação de impactos dos concretos convencionais (25 MPa)
normalizado pelo volume necessário para 50 anos de vida útil sob condição de Cs=2,4%
................................................................................................................................... 99
Figura 5-25: Resultado avaliação de impactos dos concretos de alto desempenho (60
MPa) normalizado pelo volume necessário para 50 anos de vida útil sob condição de
Cs=0,9% ................................................................................................................... 100
Figura 5-26: Resultado avaliação de impactos dos concretos de alto desempenho (60
MPa) normalizado pelo volume necessário para 50 anos de vida útil sob condição de
Cs=2,4% ................................................................................................................... 102
Figura 5-27: Diferença entre a avaliação inicial e AICV na categoria mudanças climáticas
................................................................................................................................. 105
Figura 5-28: Resultado final da AICV dos concretos convencionais (25 MPa) com a
aplicação da unidade funcional ................................................................................. 106
Figura 5-29: Resultado final da AICV dos concretos de alto desempenho (60 MPa) com
a aplicação da unidade funcional .............................................................................. 107
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 3-4: Dados sobre emissões de poluentes para diversos tipos de cimento....... 35
Tabela 4-4: Valores de resistência à compressão com 28 e 180 dias para concretos
convencionais ............................................................................................................. 49
Tabela 4-5: Valores de resistência à compressão com 28 e 180 dias para concretos de
alto desempenho ........................................................................................................ 50
Tabela 4-9: Cobrimento nominal por elemento e por classe de agressividade ............ 54
Tabela 4-10: Classificação da penetração de íons cloreto pela carga total passante .. 56
Tabela 4-14: Estimativa de vida útil para concretos de alto desempenho ................... 60
xii
Tabela 4-15: Unidade funcional para concretos convencionais ................................... 61
Tabela 4-22: Processos produtivos dos materiais, com dados do Ecoinvent. ............. 69
Tabela 4-23: Processos produtivos dos aditivos minerais, com dados do Ecoinvent .. 69
Tabela 4-24: Transporte dos materiais até a central de concretagem, com dados do
Ecoinvent .................................................................................................................... 69
Tabela 5-4: Resultado da Avaliação de impactos ambientais inicial para 1m³ de concreto
das classes convencional e de alto desempenho ....................................................... 85
Tabela 5-7: Unidade funcional, em m³ de concreto por MPa x ano ........................... 103
Tabela 5-8: Resultado final da AICV com a aplicação da unidade funcional para
concretos convencionais e de alto desempenho ....................................................... 104
xiii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
xiv
CRC – Completely Recyclable Concrete
CSH – Silicato de cálcio hidratado
ECC – Engineering Composite Concrete
EFCA - European Federation of Concrete Admixture Associations
EP – Eutrophication potential
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
FAETP – Freshwater aquatic ecotoxicity potential
FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
GWP – Global warming potential
H – H2O
HTP – Human toxicity potential
ICV – Avaliação de Inventário de Ciclo de Vida
Id – Índice de durabilidade
ILCD – International Reference Life Cycle Data System
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change
Irc – Índice de resistência à compressão
ISO - International Organization for Standardization
LCA – Life Cycle Assessment
MAETP – Maritime aquatic ecotoxicity potential
ODP – Ozone depletion potential
POCP – Photochemical ozone creation potential
S – SiO2
SETAC – Society of Environmental Toxicology and Chemistry
SNIC – Sindicato Nacional da Indústria do Cimento
SP – Superplastificante
TETP – Terrestrial ecotoxicity potential
UNEP - United Nations Environment Programme
UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar
xv
1 INTRODUÇÃO
1
1.2 Objetivo
2
2 PRINCIPAIS ASPECTOS DO CONCRETO
3
A Tabela 2-1 apresenta os principais compostos do cimento Portland.
1
Pega é o termo utilizado para descrever o enrijecimento da pasta de cimento.
Refere-se à mudança do estado fluído para o rígido, causada principalmente pela
hidratação dos silicatos.
4
A Figura 2-2 apresenta o fluxograma do processo de produção do cimento
Portland.
𝐴𝑙𝑖𝑡𝑎 2 𝐶3 𝑆 + 6 𝐻 → 𝐶3 𝑆2 𝐻3 + 3 𝐶𝐻
𝐵𝑒𝑙𝑖𝑡𝑎 2 𝐶2 𝑆 + 4 𝐻 → 𝐶3 𝑆2 𝐻3 + 2 𝐶𝐻
2.1.2 Água
5
provoca um aumento da porosidade no concreto endurecido, resultando em menor
durabilidade e resistência. Por outro lado, é preciso garantir uma quantidade mínima de
água para que as reações químicas de endurecimento do concreto se desenvolvam.
2.1.3 Agregados
2
Em geral, a reação álcali-agregado é a reação química entre a sílica reativa
dos agregados e os álcalis (Na2O e K2O) do cimento. O gel formado por essa reação
tende a absorver água, aumentando o seu volume. A pressão causada pela expansão
do gel dentro da pasta de cimento induz o processo de fissuração da pasta de cimento
(NEVILLE; BROOKS, 2013).
6
industriais, como escórias de alto-forno, além de resíduos de construção de demolição,
são reaproveitados na produção de concreto com agregados artificiais (MEHTA;
MONTEIRO, 1994).
2.1.4 Aditivos
Os aceleradores, por outro lado, têm por objetivo promover de forma mais rápida
o processo de endurecimento ou desenvolvimento da resistência inicial do concreto.
Eles não são aplicados para reduzir o tempo de pega, apesar disso ocorrer na prática
ocorrer. Seu uso é indicado para reparos de urgências ou para lançamento de concreto
a baixas temperaturas. O acelerador mais utilizado é o cloreto de cálcio que atua como
catalisador na hidratação do C3S e C2S (NEVILLE e BROOKS, 2013)
7
minerais”. Em geral, esses aditivos são utilizados para substituir parcialmente o clínquer,
para promover efeito fíler ou de nucleação de produtos de hidratação.
𝑅𝑒𝑎çã𝑜 𝑃𝑜𝑧𝑜𝑙â𝑛𝑖𝑐𝑎
Figura 2-3: Composição química básica dos aditivos minerais e do cimento Portland
Fonte: Cordeiro, 2006
8
Em geral, esses aditivos são diferenciados em dois grupos: os materiais naturais
e subprodutos. Entende-se como naturais aqueles aditivos que tenham sido
processados (extraídos, britados, moídos, etc.) com a finalidade de ser uma pozolana,
como as pozolanas de origem vulcânica. Já os subprodutos são produtos secundários
de uma indústria ou agroindústria, como as cinzas volantes, escórias de alto-forno,
cinzas de casca de arroz, microssílica, entre outros (MEHTA e MONTEIRO, 1994)
9
globais de CO2 (IEA e WBCSD, 2009, HUNTZINGER e EATMON, 2009; FAIRBAIRN et
al., 2010; VAN DEN HEEDE e DE BELIE, 2012). Em fornos mais antigos, como os de
via úmida, pode-se se assumir uma proporção média de uma tonelada de CO2 emitida
por tonelada de cimento produzida (MEHTA e MONTEIRO, 1994, AÏTCIN, 2008). Essas
emissões são causadas pelo uso de combustíveis nos fornos de cimento e pelo
processo de descabornatação, cujo balanço estequiométrico é apresentado a seguir:
𝑃𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑎çã𝑜
10
Assim, em escala regional, a depleção é notável e, em algumas localidades, pode ser
representativa, sobretudo em ambientes urbanos onde há dificuldades em se obter
autorização para novas jazidas (VAN DEN HEEDE e DE BELIE, 2012). Além disso,
devem-se considerar os impactos decorrentes do processo de mineração de rochas e
de extração de areia, que provam alterações na qualidade do ar pela emissão de
materiais particulados e impactos sobre o meio biótico pelas modificações dos
ecossistemas, sobretudo, pela remoção de vegetal e pela remoção de areia e seixo dos
leitos dos rios.
O uso de aditivos minerais, por sua vez, pode ser considerado positivo. Além de
substituírem parcialmente o clínquer, reduzindo os impactos da produção de cimento,
muitos aditivos são considerados rejeitos ou subprodutos de processos industriais ou
agroindustriais. Assim, o reaproveitamento desses rejeitos minimiza os impactos
decorrentes de seus tratamentos e disposição final. Por outro lado, o uso intensivo de
alguns aditivos, principalmente da escória de alto-forno, tem gerado discussões sobre
sua importância para indústria do cimento. Defende-se, com isso, que esses resíduos
passem a ser considerados subprodutos, e, assim, parte dos impactos de seu processo
produtivos seja computada a produção de cimento (CHEN et al., 2010, HABERT et al.,
2011, SAADE, 2013).
11
Tabela 2-2: Alternativas sustentáveis para o concreto
Alternativa Descrição
As plantas de cimento atuais, via seca, apresentam um
consumo energético muito inferior das anteriores, via úmida.
Aumento do desempenho
Contudo ainda é possível aumentar a eficiência e o
ambiental e da eficiência
desempenho ambiental através da redução da temperatura de
energética da produção de
clinquerização, da fabricação de cimento rico em belita, da
cimento
utilização de outra fonte de cal e da aplicação de
adições/substituições minerais.
A resistência à compressão e a impermeabilidade de um
concreto tem relação com o fator água/cimento, não com a
quantidade de cimento utilizada. Assim, o uso de
Redução do fator
superplastificantes permite produzir concretos com a mesma
água/cimento
resistência, durabilidade e trabalhabilidade, usando menos
cimento ou produzir concretos mais resistentes e duráveis com
a mesma quantidade de cimento.
O concreto não deve ser projetado visando somente a
resistência à compressão. Especialmente em ambientes hostis,
onde o concreto sofre ataques naturais ou químicos, as
Aumentar a vida útil das especificações devem visar à durabilidade, com a redução do
estruturas de concreto fator água/cimento e adequadas condições de concretagem e
cura. Estruturas mais duráveis reduzem a necessidade de
reparos e reconstruções futuros, evitando o consumo de
concreto.
A dosagem científica do concreto que visa o melhor
empacotamento dos constituintes, permite produzir concretos
Desenvolver concreto com de alta resistência e com menores quantidades de cimento.
baixo teor de cimento Além disso, a aplicação de subprodutos como aditivos minerais
permite que grandes quantidades de cimento sejam
substituídas.
Há um grande potencial de uso do concreto de fim de vida como
agregado, sobretudo em áreas urbanas, onde há dificuldades
de se obter licenças para novas jazidas. Além da economia de
Reciclagem de concreto
recursos naturais, a reciclagem do concreto, reduz os custos
econômicos e ambientais do transporte e disposição desses
resíduos.
Fonte: Aïtcin, 2008
12
2.3.1 Produção de cimento
13
Figura 2-4: Distribuição da produção de cimento no Brasil, por região, em 2012
Fonte: SNIC, 2014
Entre os estados, o maior produtor foi Minas Gerais, com aproximadamente 16,5
milhões de toneladas seguida por São Paulo e Paraná como mostra a Tabela 2-4.
14
Uma característica relevante do cimento brasileiro é a forte presença de aditivos
minerais em sua composição, como mostra a Figura 2-5.
Figura 2-5: Distribuição para produção de cimento no Brasil por tipos, em 2012
Fonte: SNIC, 2014
15
Estados Unidos, não apresenta larga escala de produção no Brasil devido à reduzida
significância do carvão na matriz elétrica brasileira, como mostra a Figura 2-6, relativa
a oferta interna de energia elétrica em 2013.
A geração de energia elétrica por biomassa de bagaço tem relação direta com a
elevada produção nacional de cana-de-açúcar. O Brasil lidera o ranking de nações
produtoras, seguido por Índia e China (FAO, 2012).
16
Na safra de 2013/2014, foram produzidas aproximadamente 660 milhões de
toneladas de cana-de-açúcar no país (CONAB, 2014). A Figura 2-7 apresenta a
distribuição da produção de cana-de- açúcar entre as regiões do Brasil.
São Paulo é o grande estado produtor, com cerca de 370 milhões de toneladas,
responde por mais de 50% da produção nacional. Ainda no Sudeste, Minas Gerais
produziu quase 60 milhões de toneladas. No Centro-Oeste, destacaram-se os estados
de Goiás e Mato Grosso do Sul, com 67,5 e 46,7 milhões de toneladas, respectivamente.
No Sul, o Paraná com 47,2 milhões de toneladas foi responsável por praticamente a
totalidade produzida na região. Por fim, no Nordeste, os estados de Pernambuco e
Alagoas produziram 14,5 e 23,2 milhões de toneladas, respectivamente (CONAB,
2014).
17
Na saída desse processo de cogeração de energia, encontra-se a cinza do
bagaço da cana-de-açúcar (CBCA). Esse resíduo vem sido disposto no solo das áreas
plantadas com cana-de-açúcar sem o adequado conhecimento técnico e
regulamentação por agências ambientais que permita seu aproveitamento como insumo
agrícola (BRUNELLI e PISANI, 2006). A utilização da CBCA como aditivo mineral no
concreto é uma das possibilidades que visam agregar valor econômico, além de
melhorar gestão ambiental desses resíduos.
De acordo com Cordeiro et al. (2009), ainda que apresentem uma granulometria
grosseira, essas cinzas possuem em sua composição química características favoráveis
para sua aplicação como aditivo mineral, mais especificamente como material
pozolânico, principalmente o alto teor de sílica e a presença de sílica amorfa. Esse tipo
de aplicação vem sendo estudada desde o final da década de 1990, porém ainda de
forma incipiente. O estudo de Cordeiro (2006), um dos pioneiros, mostrou a viabilidade,
através do processo de moagem ultrafina, da utilização de cinzas de bagaço de cana-
de-açúcar na produção de concretos convencionais e de alto desempenho.
18
Na safra 2013/2014, a produção de arroz no Brasil superou 12 milhões de
toneladas (CONAB, 2014), com grande destaque para o estado do Rio Grande do Sul
que respondeu por mais de 65% (7,7 milhões de toneladas) da produção, como mostra
a Figura 2-8.
19
3 AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA
20
A necessidade de normatização de uma metodologia de ACV fez com que, no
início da década de 1990, a ISO (The International Organization of Standardization)
iniciasse estudos para produzir a primeira série de normas no assunto. A série “ISO
14040 – Environmental management – Life cycle assessment” foi lançada em 1997,
através da norma ISO 14040 que estabelece os princípios e a estrutura da
normatização. Posteriormente, três normas complementares foram desenvolvidas, a
ISO 14041:1998, a ISO 14042:2000 e a ISO 14043:2000 com objetivo de detalhar as
etapas da ACV.
21
A ACV é uma reconhecida ferramenta de auxílio na tomada de decisão que
permite identificar os indicadores mais relevantes, revelando oportunidades de melhoria
do desempenho ambiental de produtos em diversas etapas de seu ciclo de vida. Além
disso, os resultados da ACV podem ser transformados em marketing, por meio da
rotulagem ambiental. A Figura 3-1 apresenta a estrutura da avaliação de ciclo de vida
de um produto (ABNT NBR ISO 14040:2009 e ABNT NBR ISO 14044:2009)
22
associados as etapas do ciclo de vida de um produto3 ou avaliar as consequências
ambientais da adoção de processos ou produtos alternativos. Esses tipos de estudos
são, respectivamente, denominados de “atribucional” e de “consequencial” (PRÉ, 2013).
3
Segundo a NBR ISSO 14040:2009, produto é qualquer bem ou serviço.
23
Figura 3-2: Exemplos de sistema de produto
Fonte: Adaptado da NBR ISO 14040:2009
24
“do berço ao portão” (cradle-to-gate): avalia as etapas de obtenção das
matérias-primas e do processo produtivo.
“do portão ao portão” (gate-to-gate): avalia apenas as etapas referentes
ao processo dentro da unidade produtora.
25
3.2.2 Análise de inventário
26
3.2.3 Avaliação de impactos
27
Figura 3-3: Exemplo de caracterização
Fonte: Elaboração própria com base NBR ISO 14044:2009, PRé, 2013, IPCC, 2007
28
3.2.4 Interpretação
29
Quando se utilizam materiais suplementares na composição de cimento, em
geral, são considerados apenas os aspectos ambientais da preparação desses
materiais, tais como a energia utilizada na moagem e secagem, além do consumo de
combustíveis para o transporte (PETEK GURSEL et al., 2014). Como muitos desses
materiais são resíduos provenientes de outros processos industriais e agroindustriais, a
carga ambiental da geração é atribuída ao ciclo de vida da indústria ou produto de
origem (JOSA et al., 2004, CHEN et al., 2010a, BOESCH e HELLWEG, 2010). Embora
essa seja a abordagem mais usual, alguns desses resíduos, atualmente, são de extrema
relevância para a produção de cimento, como escórias e cinzas volantes. Na Europa, a
Diretiva 2008/98, diante de condições utilização, altera a classificação de resíduos para
subprodutos. Segundo Chen et al. (2010b) e Habert et al. (2011) essa alteração induz a
alocação de impactos na ACV.
Sendo assim, estudos recentes como o de Chen et al. (2010b) e Saade (2013)
visam analisar a influência de diferentes critérios de alocação de impactos, inicialmente
atribuídos a termelétricas e siderúrgicas, na ACV cimento. Assim como Chen et al.
(2009), Saade (2013) concluiu que, dependendo do critério de alocação de impactos
utilizado, a carga ambiental do processo de produção da escória de alto-forno pode
superar a carga ambiental da produção do clínquer, o que tornaria desfavorável a
substituição parcial do cimento por escória.
30
a avaliação dos impactos indiretos como os da extração de matérias-primas, da
produção de energia e combustíveis, de preparo de materiais suplementares, além dos
relacionados ao transporte, pode ser realizada (BOESCH e HELLWEG, 2010, PETEK
GURSEL et al., 2014)
31
Tabela 3-3: Matérias-primas utilizadas na produção de cimento em diferentes tecnologias
32
emissões considerou o teor de carbono dos combustíveis utilizados nos fornos, e as
emissões relativas a calcinação, sendo calculadas com bases na proporção de CaCO3
da mistura crua.
Figura 3-4: Emissão de CO2 por tonelada de cimento de acordo com a tecnologia
empregada
Fonte: Adaptado de Marceau et al. (2006)
33
O objetivo do trabalho Chen et al. (2010a) foi avaliar os impactos ambientais da
produção de cimento na França, através da metodologia de avaliação de impactos CML,
e quantificar possíveis variações entre diferentes plantas que produzem o cimento do
tipo I. Ao separar o sistema de produto em etapas, os autores constataram que os
impactos relacionados ao preparo de matérias-primas e ao processo de finalização do
cimento (moagem e adição de gesso e materiais suplementares) são insignificantes se
comparados ao processo de produção do clínquer (em pontilhado) para a maioria das
categorias de impactos analisadas, sobretudo para aquecimento global, eutrofização,
acidificação e oxidação fotoquímica. Com exceção da oxidação fotoquímica, para essas
categorias de impacto, as emissões diretas que ocorrem nos fornos de clínquer é
principal fonte de poluentes. Outras categorias, como as de depleção abiótica e da
camada de ozônio e ecotoxicidade da água e marítima, estão mais relacionadas à
produção e transporte dos combustíveis fósseis, como mostra a Figura 3-5.
34
cálculo precisos para associar as emissões anuais das cimenteiras a emissões por
quilograma de cimento.
Tabela 3-4: Dados sobre emissões de poluentes para diversos tipos de cimento
CO2 NOX SO2 MP
Tipo
g / kg de cimento
I I-1 355 0,96 0,43 10
I-2 810 2 0,6 0,3
I-3 813 2,09 0,67 0,18
I-4 853 2,58 0,09 7,5
I-5 805 1,94 0,45 0,16
I-6 780 3,7 0,63 0,39
I-7 812,7 2,95 1,33 0,32
II II-1 918,3 3,11 1,16 0,24
II-2 586 1,57 0,12 0,17
II-3 807 2,95 0,09 0,19
II-4 289 0,71 0,98 79,6
III III-1 221,7 0,51 0,51 10
III-2 334 1,11 0,58 0,08
III-3 212 0,85 0,03 0,14
III-4 134 0,4 0,43 88,6
IV IV 692,9 2,33 0,9 0,18
I e II Finlândia 738 2,17 0,17 0,14
Vários Reino Unido 850 3,55 2,06 0,27
Vários Dinamarca 973 3,7 0,6 0,1
Fonte: Josa et al. (2004)
35
Destaca-se que esse valor de 800 g de CO2/ kg de cimento é próximo ao valor
médio encontrado por Van dan Heede e De Belie (2014) e por Petek Gursel et al. (2014)
em suas revisões bibliográficas sobre o assunto, que apontam emissões de 842 g e 870
g de CO2/ kg de cimento, respectivamente. Marceau et al. (2006) também encontraram
emissões na faixa de 850-875 g de CO2 para cimentos produzidos através de sistemas
de via seca, conforme exposto anteriormente.
36
𝑏
𝑏𝑖 =
𝑝
37
da fronteira de estudo além do “berço-ao-portão”, atingindo até mesmo o conceito do
“berço-ao-berço”.
Nota-se que além dos dados relativos ao processo produtivo do cimento, cujo
inventário também foi realizado por Marceau et al.(2006), foram inventariados os
processos de obtenção dos agregados e da escória, sem alocar os impactos de geração
da escória ao processo de produção do concreto. Apesar da cinza volante aparecer
como insumo de alguns traços de concreto estudados, não foram computados os dados
de seu processo de obtenção, apenas seu transporte foi considerado. Os aditivos
químicos foram excluídos por serem utilizados em porcentagens inferiores a 1% da
massa total.
38
sem substituição, com resistência de 20, 25 e 35 MPa. A unidade funcional adotada foi
de 1 m³ de concreto.
39
cimento comum. Para determinar a vida útil do concreto, foi utilizado um modelo
baseado nas leis de Fick para associar os resultados dos ensaios de carbonatação
acelerada com os das condições reais de exposição, o que permite estimar a
profundidade de carbonatação ao longo do tempo.
Celik et al. (2015) utilizaram a metodologia do ACV para avaliar concreto auto-
adensáveis produzidos a partir de misturas binárias e ternárias de cimento com cinza
volante e pó de calcário. Os teores de substituição variaram de 0% a 25% para o pó de
40
calcário e de 0% a 60% para a cinza volante, sendo 25% o menor teor de cimento
utilizado. O estudo foi desenvolvido no GreenConcrete, uma ferramenta online de ACV.
As fronteiras do estudo englobaram extração de matérias primas para o cimento e para
o concreto, processos de preparação e produção dos principais materiais (cimento,
agregados, aditivos, cinza volante e pó de calcário), transporte dos materiais, processos
na central de concretagem. Os dados inventariados foram emissões CO2-eq., CO, NOx,
PM10 e SO2. Embora o estudo tenha utilizado a unidade funcional de 1m³ de concreto,
o índice de intensidade de CO2-eq (kg CO2/MPa·m³) foi utilizado na avaliação de
impactos, associando um critério de desempenho mecânico às emissões de CO2 (Figura
3-8).
41
ambientais causados por operação, por tráfego de veículos, entre outros) para um
tempo de vida útil de 60 anos e fluxo diário de 35.000 carro em cada sentido da via. A
etapa de construção inicial da ponte foi desconsiderada por ser comum aos dois
processos. A partir de resultados de testes laboratoriais, considerou-se que a vida útil
da ponte de ECC seria o dobro da convencional, 60 e 30 anos, respectivamente. Como
resultados, o uso do sistema ECC resultaria em uma redução de 40% de energia
primária total, de 39% nas emissões de CO2, além de um custo 37% menor do que o
sistema convencional.
42
benefício do CRC. Isso se deve a sua composição química que possui um percentual
de CaO livre de CO2, evitando, parcialmente, as emissões do processo de
descarbonatação que ocorrem na produção do clínquer. Estimou-se que é possível
obter uma redução de 66-70%, para CRC de alto desempenho e baixo teor de clínquer
e de 7-35% para CRC de resistência normal e alto teor de clínquer, comparados com o
concreto tradicional. Contudo, para as demais categorias de impactos analisadas,
usando o método CML 2002, os autores concluíram que apenas o concreto de alto
desempenho e com baixo teor de clínquer compensam os impactos adicionais
relacionados ao transporte no processo de reciclagem proposto.
43
4 METODOLOGIA
O objetivo principal desse estudo foi aplicar a metodologia de ACV para avaliar
comparativamente o desempenho de novos concretos, desenvolvidos com foco na
sustentabilidade, frente ao concreto tradicional, como forma de avaliar a viabilidade
ambiental dessas novas tecnologias. Portanto, esse estudo busca fomentar o uso da
ACV para esse fim, tendo como público-alvo a comunidade acadêmica, empresas do
setor de construção e do setor agrícola, entre outros interessados no tema.
44
Figura 4-1: Sistema de produto estudado
A modelagem de ciclo de vida foi realizada através do software SimaPro 8.0, no
qual optou-se pela metodologia de avaliação de impactos CML-IA. Diversos estudos
levantados na revisão bibliográfica utilizaram versões dessa metodologia em suas
avaliações (CHEN et al., 2010, BOESCH e HELLWEG, 2010, HABERT et al., 2011, VAN
DEN HEEDE e DE BELIE, 2012). Desenvolvida pela Center of Environmental Science
of Leiden University, a CML é uma metodologia do tipo “midpoint”, orientada para o
problema, com 10 categorias de impacto ambiental, como mostra a Tabela 4-1.
Categoria de
Fator de caracterização Unidade Sigla
Impacto
Potencial de depleção abiótica
kg de Sb eq ADP
Depleção dos (elementos, reservas finais)
recursos abióticos Potencial de depleção abiótica
MJ ADP (ff)
(combustíveis fósseis)
Toxicidade humana Potencial de toxicidade humana kg 1,4-DB eq HTP
Ecotoxicidade de Potencial de ecotoxicidade de águas
kg 1,4-DB eq FAETP
águas doces doces
Ecotoxicidade Potencial de ecotoxicidade de águas
kg 1,4-DB eq MAETP
águas marinhas marinhas
Ecotoxicidade
Potencial de ecotoxicidade terrestre kg 1,4-DB eq TETP
terrestre
Mudanças Potencial de aquecimento Global
Kg CO2 eq GWP100
climáticas (GWP 100 anos)
Depleção da
Potencial de depleção do ozônio Kg CFC-11 eq ODP
camada de ozônio
Formação de Potencial de criação de ozônio
kg C2H4 eq POCP
fotooxidantes fotoquímico
Acidificação Potencial de acidificação kg SO2 eq AP
Eutrofização Potencial de eutrofização kg PO4-3 eq EP
45
Ressalta-se que essa é uma metodologia desenvolvida para a realidade
europeia. De acordo com ILCD (2011), categorias de impacto como as mudanças
climáticas e a depleção da camada de ozônio apresentam metodologias recomendáveis
e satisfatória. Adicionalmente, por se tratarem de impactos de escala global, as
inconsistências com a realidade brasileira são reduzidas. Por outro lado, para outras
categorias, principalmente relacionadas a toxicidade, ecotoxicidade, acidificação e
eutrofização, o ILCD aponta para a necessidade aperfeiçoamento dos métodos e,
embora os recomende, em alguns casos, sugere cautela em suas aplicações. Sendo
assim, os resultados apresentados nesse estudo, sobretudo para categorias com
impactos de escala regional ou local devem ser interpretados levando em conta essas
considerações.
Em seu trabalho, Cordeiro (2006) estudou com duas classes de concreto para
aplicação estrutural. Os concretos convencionais, com resistência à compressão de 25
MPa e os concretos de alto desempenho, com 60 MPa. Os teores de substituição
adotados foram 0%, 10%, 15%, 20% e 40%. Para os concretos convencionais, realizou-
se a substituição de cimento por CBCA residual e CBCA ultrafina e por CCA ultrafina.
No caso dos concretos de alto desempenho, além da CBCA ultrafina, utilizou-se dois
tipos de CCA, uma cinza obtida do processo de cogeração de uma determinada
indústria, denominada CCA ultrafina, e outra proveniente do processo de queima
controlada da casca de arroz realizado em laboratório, cuja nomenclatura adotada foi
CCA controlada. A Figura 4-2 apresenta o universo de misturas estudadas por Cordeiro
(2006) e que foram objetivo de estudo dessa dissertação.
46
Figura 4-2: Universo das misturas estudadas
Nomenclatura adotada: C25 – concreto de resistência convencional (25 MPa); C60 – concreto de alto desempenho (60 MPa); Ref – concreto de referência, sem aditivos
minerais; CBR- cinzas residuais de bagaço de cana-de-açúcar; CBU - cinzas ultrafinas de bagaço de cana-de-açúcar; CAU - cinzas ultrafinas de casca de arroz; CAC - para
cinzas de queima controlada de casca de arroz. Os valores que acompanham CBR, CBU, CAU e CAC representam os percentuais de substituição aplicados.
47
A dosagem dos concretos foi feita através do software Bentonlab Pro2® , que
implementa o Modelo de Empacotamento Compressível desenvolvido por De Larrard
(1999 apud Cordeiro,2006). Para o concreto de resistência convencional, foram fixados
consistência de 150 mm ± 20 mm em abatimento de tronco de cone, relação
água/material cimentício de 0,60 e teor de ar aprisionado de 1,2%. Para se obter a
consistência desejada, em algumas dosagens, foi necessário o emprego de
superplastificante (*teor de sólidos = 32,6%). A Tabela 4-2 apresenta a composição
mássica do m³ das misturas de concreto convencional.
Misturas Superplastificante
Cimento Aditivo Agreg. Agreg.
Água
Portland mineral miúdo graúdo
Sólidos* Total
C25 Ref 365,9 0 724,7 1001 220,3 -
C25 CBR10 329,31 36,59 724,7 1001 220,3 -
C25 CBR15 311,02 54,89 724,7 1001 220,3 -
C25 CBR20 292,72 73,18 724,7 1001 220,3 -
C25 CBU10 329,31 36,59 724,7 1001 220,3 -
C25 CBU15 311,02 54,89 724,7 1001 220,3 -
C25 CBU20 292,72 73,18 724,7 1000,7 220,3 -
C25 CAU10 329,31 36,59 723,97 999,85 220,3 0,36 1,10
C25 CAU15 311,02 54,89 723,86 999,55 220,3 0,43 1,32
C25 CAU20 292,72 73,18 723,67 1001 220,3 0,54 1,66
C25 CBU20
219,54 146,36 724,7 1001 220,3 -
CAU20
Fonte: Cordeiro, 2006
48
Tabela 4-3: Composição das misturas de concreto de alto desempenho
Materiais (kg/m³)
Misturas Cimento Aditivo Agreg. Agreg Superplastificante
Água
Portland mineral miúdo graúdo Sólidos* Total
C60 Ref 478 0 905,3 860 164,4 1,43 4,39
C60 CAC10 430,2 47,8 904,7 859,4 164,4 1,67 5,12
C60 CAC15 406,3 71,7 904,4 859,1 164,4 1,82 5,58
C60 CAC20 382,4 95,6 903,9 858,6 164,4 2,01 6,17
C60 CBU10 430,2 47,8 905,3 860 164,4 1,43 4,39
C60 CBU15 406,3 71,7 905,3 860 164,4 1,43 4,39
C60 CBU20 382,4 95,6 905,3 860,4 164,4 1,20 3,68
C60 CAU10 430,2 47,8 904,1 858,8 164,4 1,91 5,86
C60 CAU15 406,3 71,7 903,4 858,1 164,4 2,20 6,75
C60 CAU20 382,4 95,6 902,9 857,7 164,4 2,39 7,33
C60 CBU20
286,8 191,2 904,1 858,8 164,4 1,91 5,83
CAU20
Fonte: Cordeiro, 2006
Tabela 4-4: Valores de resistência à compressão com 28 e 180 dias para concretos
convencionais
Resistência à compressão (MPa) – coeficiente de variação (%)
Mistura 28 dias 180 dias
Δ em relação Δ em relação
σc C.V. σc C.V
a Ref a Ref
C25 Ref 23,99 ± 4,7 100,0% 33,02 ± 3,0 100,0%
C25 CBR10 19,96 ± 3,3 83,2% 26,48 ± 3,9 80,2%
C25 CBR15 18,05 ± 4,7 75,2% 25,35 ± 2,7 76,8%
C25 CBR20 16,64 ± 3,3 69,4% 21,68 ± 3,5 65,7%
C25 CBU10 21,25 ± 1,5 88,6% 29,43 ± 0,4 89,1%
C25 CBU15 21,66 ± 2,2 90,3% 29,69 ± 1,5 89,9%
C25 CBU20 21,99 ± 4,6 91,7% 32,85 ± 2,0 99,5%
C25 CAU10 29,03 ± 3,3 121,0% 37,47 ± 0,8 113,5%
C25 CAU15 32,59 ± 2,7 135,8% 40,3 ± 4,3 122,0%
C25 CAU20 32,64 ± 2,0 136,1% 40,76 ± 4,8 123,4%
C25 CBU20 CAU20 29,06 ± 1,3 121,1% 37,43 ± 3,0 113,4%
Fonte: Cordeiro, 2006
49
A Tabela 4-5 apresenta os resultados dos ensaios de resistência à compressão
para os concretos de alto desempenho
Tabela 4-5: Valores de resistência à compressão com 28 e 180 dias para concretos de
alto desempenho
Resistência à compressão (MPa) – coeficiente de variação (%)
Mistura 28 dias 180 dias
Δ em relação Δ em relação
σc C.V. σc C.V
a Ref a Ref
C60 Ref 60,86 ± 2,8 100,0% 71,17 ± 0,3 100,0%
C60 CAC10 61,9 ± 1,9 101,7% 74,18 ± 1,0 102,9%
C60 CAC15 69,52 ± 2,2 114,2% 78,7 ± 2,2 108,1%
C60 CAC20 72,12 ± 0,2 118,5% 81,45 ± 5,1 111,8%
C60 CBU10 61,56 ± 1,5 101,2% 74,27 ± 1,1 102,4%
C60 CBU15 59,01 ± 5,1 97,0% 72,09 ± 2,7 99,7%
C60 CBU20 57,83 ± 1,1 95,0% 70,5 ± 1,4 99,0%
C60 CAU10 61,04 ± 2,4 100,3% 72,45 ± 2,6 102,0%
C60 CAU15 63,44 ± 1,4 104,2% 73,42 ± 1,5 104,2%
C60 CAU20 69,99 ± 0,4 115,0% 76,22 ± 1,2 108,1%
C60 CBU20 CAU20 58,8 ± 1,0 96,6% 70,21 ± 2,0 93,4%
Fonte: Cordeiro, 2006
4.1.3 Durabilidade
50
conhecer a durabilidade concreto para que se possa garantir que este seja capaz de
suportar as condições para as quais foi projetado durante útil da estrutura (NEVILLE e
BROOKS, 2013). Essas duas propriedades possuem uma correlação, em geral,
concretos de maior classe de resistência apresentam uma durabilidade mais elevada.
Isto se deve, principalmente, a permeabilidade. Concretos mais permeáveis facilitam a
movimentação de líquidos e gases que podem degradá-los quimicamente.
O ataque ácido, por sua vez, é favorecido por ambientes úmidos com atmosferas
ricas em SO2, CO2, entre outros gases, comuns a ambientes industriais e urbanos. No
concreto armado, a alta alcalinidade devido à presença do Ca(OH)2 previne a corrosão
da armadura pela formação da camada de passivação. A carbonatação (ataque por
ácido carbônico) causa a dissolução e lixiviação do hidróxido de cálcio, reduzindo o pH
e, consequentemente, destruindo camada passivadora. Sem a proteção e na presença
de oxigênio e água, inicia-se o processo de corrosão do aço, formando compostos
ferrosos expansivos cujas tensões podem causar fissuração e lascamento do concreto
(NEVILLE e BROOKS, 2013).
51
também é citado por Medeiros (2008), como sendo o limite para depassivação mais
aceito no meio técnico.
52
cada condição de exposição, são determinados cobrimento nominal de concreto
mínimo, classe de resistência, relação água/cimento e consumo de cimento, em kg/m³,
por tipo de cimento. (NEVILLE e BROOKS, 2013).
53
Tabela 4-8: Recomendações técnicas para durabilidade em diferentes meios de
exposição, segundo a norma ABNT NBR 6118:2014
Classe de agressividade
Concreto Tipo
I II III IV
Relação água/cimento Armado ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45
em massa Protendido ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45
Classe de concreto Armado ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40
(ABNT NBR 8953) Protendido ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40
Fonte: ABNT NBR 6118:2014
A norma ainda estabelece o cobrimento nominal deve ser utilizado nos projetos
de acordo com o tipo de estrutura e elemento por classe de agressividade (Tabela 4-9)
para vida útil de 50 anos. Ressalta-se que o cobrimento nominal é o cobrimento mínimo
acrescido da tolerância de execução, em geral, de 10 mm. Na classe de agressividade
IV, a camada de passivação deve ter pelo menos 45 mm.
Segundo Helene (1997), há quatro métodos de previsão da vida útil, são eles:
com base nas experiências anteriores, através de ensaios acelerados, através de
métodos deterministas e por métodos probabilísticos. O método determinístico é um dos
mais utilizados e tem com base científica os mecanismos de transporte de gases, fluídos
e íons através dos poros do concreto. Os modelos são separados em dois períodos.
Primeiramente, é feita a análise do período de iniciação que consiste na degradação até
o início da depassivação da estrutura e, posteriormente, a análise do período de
propagação, quando já passa ocorrer a corrosão da estrutura, conforme mostra a Figura
4-3.
54
Figura 4-3: Processo de deterioração por corrosão em concreto armado
Fonte: Adaptado de Gulikers, 2001
Neste sentido, modelos baseados na segunda Lei de Fick são utilizados para
quantificar o tempo necessário para que a concentração de íons cloretos atinja um valor
crítico capaz de causar depassivação da estrutura (MEDEIROS e HELENE, 2009).
Embora haja outros mecanismos de transporte de íons, como a absorção capilar, de
forma simplificada, o processo de difusão, em meio saturado ou praticamente saturado,
descrito pela Equação 1, é o modelo usualmente adotado para estudo da penetração
de cloretos.
𝑥
𝐶(𝑥, 𝑡) = 𝐶𝑠 ⌊1 − 𝑒𝑟𝑓 ( )⌋ Equação 1
2√𝐷𝑡
Onde:
C (x,t) = concentração de cloretos na profundidade x a partir da superfície do
concreto em um dado tempo t, em %;
Cs = concentração superficial de cloretos (admitida como constante), em %;
x = profundidade, em cm
D = coeficiente de difusão de cloretos, em cm²/ano
t = tempo, em anos
erf = função erro de Gauss
55
Segundo Medeiros et al. (2011), certas condições de contorno são estabelecidas
para adoção desse modelo simplificado, são elas:
Tabela 4-10: Classificação da penetração de íons cloreto pela carga total passante
Carga total passante (C) Penetração de íons cloreto
> 4.000 Alta
2.000 – 4.000 Moderada
1.000 – 2.000 Baixa
100 – 1.000 Muito baixa
< 100 Desprezível
Fonte: Cordeiro (2006)
56
quantificação pode ser feita por meio de análise química da concentração de cloreto no
pó obtido pela a fragmentação de seções do disco de concreto (ANDRADE e WHITING,
1996) ou métodos colorimétricos que permitem identificar a profundidade de penetração
nas seções do disco (MEDEIROS e HELENE, 2009). Alternativamente, Berke e Hicks
(1992 apud ANDRADE e WHITING, 1996, MEDEIROS, 2008) desenvolveram uma
fórmula empírica que permite determinar o coeficiente de difusão a partir da carga total
passante obtida no ensaio ASTM C1202.
Onde:
Dap = coeficiente de difusão aparente, em cm²/s
Q(60V – 6h) = carga total passante nas condições de ensaio da ASTM C1202, em
coulomb (C)
O referencial teórico apresentado foi utilizado para estimar a vida útil dos
concretos estudados nesse trabalho. Com os resultados de carga total passante obtido
por Cordeiro (2006), aplicou-se a fórmula de Berke e Hick (Equação 2) para se obter o
coeficiente de difusão aparente, em cm²/s e, posteriormente, em cm²/ano, conforme
mostram as Tabela 4-11 e Tabela 4-12, para concretos convencionais e de alto
desempenho, respectivamente.
57
Tabela 4-11: Determinação do coeficiente de difusão para concretos convencionais
Classificação
Carga total
Concreto da penetração D (cm²/s) D (cm²/ano)
passante (C)
iônica
C25 Ref 8451 Alta 2,05E-07 6,460
C25 CBR10 8298 Alta 2,02E-07 6,362
C25 CBR15 8568 Alta 2,07E-07 6,535
C25 CBR20 8478 Alta 2,05E-07 6,478
C25 CBU10 5409 Alta 1,41E-07 4,441
C25 CBU15 5895 Alta 1,51E-07 4,774
C25 CBU20 5832 Alta 1,50E-07 4,731
C25 CAU10 1863 Baixa 5,75E-08 1,814
C25 CAU15 1305 Baixa 4,27E-08 1,345
C25 CAU20 1026 Baixa 3,48E-08 1,099
C25 CBU20
2862 Moderada 8,25E-08 2,602
CAU20
Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Cordeiro (2006)
𝐶𝑥 − 𝐶𝑜
erf(𝑧) = 1 − Equação 3
𝐶𝑠 − 𝐶0
𝑥
𝑥 = 2 (𝑧)√𝐷𝑡 ∴ 𝑡 = 𝐷 √2 (𝑧) Equação 4
Inicialmente, foi preciso calcular o valor da função erro de Gauss (erf (z)). Para
isso, adotou-se que concentração inicial de cloreto (Co) era igual zero (GULIKERS,
2001, MEDEIROS, 2008). Como o objetivo era calcular a profundidade de
depassivação, Cx foi considerado como sendo a concentração crítica, igual a 0,4% em
58
relação a massa de cimento, valor justificado anteriormente. Cs é a concentração de
cloretos superficial. Nesse trabalho, foram adotados dois valores para análise, 0,9%,
citado por Medeiros como sendo referente a um ambiente de névoa salina e 2,4%,
proveniente da revisão bibliográfica de Gulikers (2001), para ambientes marítimos.
Com valor da função erro de Gauss, obteve-se z pela tabela da função erro. Por
fim, foi possível estimar o cobrimento mínimo (x) necessário para evitar a depassivação
para um determinada tempo de vida ou, inversamente, determinar o tempo de vida útil
(t) de uma estrutura com um determinado cobrimento, conforme apresentam a Tabela
4-13 e a Tabela 4-14 para os concretos convencionais e de alto desempenho,
respectivamente.
59
Tabela 4-14: Estimativa de vida útil para concretos de alto desempenho
Cs = 0,9% Cs = 2,4% Δ em relação
Concreto x (50anos) t (7,5cm) x (50anos) t (7,5cm) ao C60 REF
(mm) (anos) (mm) (anos) (%)
C60 Ref 8,50 38,94 15,37 11,90 100,0%
C60 CAC10 5,11 107,74 9,24 32,94 276,7%
C60 CAC15 3,60 216,43 6,52 66,17 555,8%
C60 CAC20 2,76 369,25 4,99 112,89 948,3%
C60 CBU10 7,16 54,91 12,94 16,79 141,0%
C60 CBU15 7,12 55,45 12,88 16,95 142,4%
C60 CBU20 7,52 49,69 13,61 15,19 127,6%
C60 CAU10 6,33 70,15 11,45 21,45 180,2%
C60 CAU15 4,64 130,66 8,39 39,95 335,6%
C60 CAU20 4,51 138,19 8,16 42,25 354,9%
C60 CBU20 CAU20 6,45 67,54 11,67 20,65 173,5%
60
Tabela 4-15: Unidade funcional para concretos convencionais
Resistência à
Vida útil
compressão Unidade funcional
Misturas Cs = 0,9%
28 dias (m³ de concreto/MPa.ano)
(anos)
(MPa)
C25 Ref 23,99 7,44 5,60E-03
C25 CBR10 19,96 7,56 6,63E-03
C25 CBR15 18,05 7,36 7,53E-03
C25 CBR20 16,64 7,42 8,10E-03
C25 CBU10 21,25 10,83 4,35E-03
C25 CBU15 21,66 10,07 4,58E-03
C25 CBU20 21,99 10,17 4,47E-03
C25 CAU10 29,03 26,51 1,30E-03
C25 CAU15 32,59 35,76 8,58E-04
C25 CAU20 32,64 43,76 7,00E-04
C25 CBU20 CAU20 29,06 18,49 1,86E-03
A seguir são descritos os materiais constituintes dos concretos, bem como seus
processos de produção. Adicionalmente, são apresentadas as condições e distância de
transporte.
61
físicas, destaca-se massa específica de 3.170kg/m³, D80 igual a 39,9 μm. A Tabela 4-17
a seguir apresenta a composição potencial de Bogue4 do cimento.
Transporte
4
Conjunto de equações que permite estimar a quantidade dos principais
constituintes do cimento Portland a partir dos dados de óxidos obtidos pela análise de
composição química (HEWLETT, 2004)
62
4.2.1.2 Aditivos minerais
63
e eliminação de partículas maiores aglomeradas. Entretanto, como apresentado na
Tabela 4-19, esse material não pôde ser classificado como pozolânico.
Processo de moagem
64
que esse tipo de circuito é o mais utilizado em escala industrial, conforme apresenta a
Tabela 4-20.
Processo de queima
65
Transporte
Figura 4-5: Processo de otimização para estimar a distância mínima entre as plantas de
etanol/açúcar e as cimenteiras. (a) área estudada; (b) localização das plantas de etanol/açúcar
(vermelho) e das cimenteiras (preto); (c) resultado da otimização.
Fonte: Fairbairn et al., 2010
4.2.1.3 Agregados
O agregado miúdo utilizado foi uma areia quartzosa proveniente de rio, com
módulo de finura de 2,12 e dimensão máxima de 2,36 mm. Já o agregado graúdo
66
empregado foi a brita sienítica, classificada com brita “1”, obtido através da britagem de
rochas. Sua dimensão máxima é 19 mm e módulo de finura de 6,83.
Transporte
Nesse trabalho, foi considerada o transporte por 50 km, valor adotado por Rossi
(2013) em seu trabalho sobre ACV de brita, em caminhões a diesel com capacidade de
16 a 32 toneladas.
4.2.1.4 Superplastificantes
Transporte
67
4.2.2 Produção do concreto
68
Tabela 4-22: Processos produtivos dos materiais, com dados do Ecoinvent.
Quantidade por
Material Processo
m³ de concreto
Cement, Portland {Europe without Switzerland}|
Cimento Portland
production | Alloc Def, S
Sand {RoW}| gravel and quarry operation | Alloc
Agregado miúdo
Tabela 4-2 Def, S
Agregado graúdo e Gravel, crushed {RoW}| production | Alloc Def, S
Tabela 4-3 Tap water, at user {RoW}| tap water production
Água
and supply | Alloc Def, U
Aditivo mineral Tabela 4-23
Superplastificante Declaração Ambiental da EFCA
Electricity, medium voltage {BR}| market for | Alloc
Concreto (Mistura) 3,83 kWh
Def, S
Tabela 4-23: Processos produtivos dos aditivos minerais, com dados do Ecoinvent
Aditivo Energia
Tratamento Referência Processo
mineral (kWh/t)
CBCA residual - - - -
Tabela 4-24: Transporte dos materiais até a central de concretagem, com dados do
Ecoinvent
Distância
Material Referência Processo
(km)
Transport, freight, lorry >32 metric ton,
Cimento Portland 300 SNIC (2013)
EURO4 {GLO}| market for | Alloc Def, S
Fairbairn et al.
453 Transport, freight, lorry >32 metric ton,
Aditivo mineral (2010) e SNIC
(153 + 300) EURO4 {GLO}| market for | Alloc Def, S
(2013)
Água 0 - -
69
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Avaliação de
Influência dos
impactos
materiais
ambientais
constituintes
inicial
Avaliação de
impactos Influência dos
ambientais dos indicadores de
materiais Avaliação dos desempenho
constituintes impactos de
ciclo de vida
dos concretos
Por fim, diante das considerações levantadas nas análises anteriores, Avaliação
de Impactos de Ciclo de Vida (AICV) se caracteriza como a avaliação final, dentro do
preconizado pela metodologia da ACV, com a aplicação da unidade funcional de
desempenho em dois níveis.
70
5.1 Avaliação de impactos ambientais dos materiais constituintes
Observa-se que o cimento Portland selecionado para esse estudo emite 903 g
de CO2/ kg de cimento, valor esse, embora superior, próximo aos levantados na revisão
bibliográfica. Nota-se ainda que o superplastificante apresenta emissões próximas ao
cimento. Por outro lado, os agregados e os aditivos minerais possuem emissões bem
inferiores.
71
Tabela 5-2: Avaliação de impactos por kg de material produzido e transportado
ADP ADP (ff) HTP FAETP MAETP TETP GWP100 ODP POCP AP EP
Mistura kg de xx eq/m³ de concreto (*exceto para ADF (ff) – MJ/m³ de concreto)
Sb MJ* 1,4-DB CO2 CFC-11 C2H4 SO2 PO4-3
1 Cimento Portland 4,06 E-7 5,01 3,54 E-2 2,09 E-3 79,58 2,08 E-4 0,955 18,7 E-9 9,27 E-5 25,7 E-4 3,23 E-4
2 Superplastificante 4,70 E-7 20,04 17,3 E-2 13,5 E-3 44,10 14,8 E-4 0,979 103,4 E-9 25,9 E-5 94,7 E-4 11,9 E-4
3 Agregado Miúdo 0,52 E-7 0,19 0,18 E-2 0,07 E-3 4,06 0,06 E-4 0,013 0,80 E-9 0,29 E-5 0,65 E-4 0,10 E-4
4 Agregado Graúdo 1,45 E-7 0,19 0,29 E-2 0,13 E-3 4,60 0,16 E-4 0,014 1,44 E-9 0,25 E-5 0,63 E-4 0,11 E-4
5 CBCA residual 1,59 E-7 0,77 0,50 E-2 0,20 E-3 9,87 0,12 E-4 0,050 3,63 E-9 0,73 E-5 2,09 E-4 0,39 E-4
6 CBCA ultrafina 1,94 E-7 1,21 1,26 E-2 0,82 E-3 17,33 2,02 E-4 0,115 5,32 E-9 3,20 E-5 4,01 E-4 0,67 E-4
7 CCA ultrafina 1,80 E-7 1,03 0,96 E-2 0,57 E-3 14,35 1,26 E-4 0,089 4,65 E-9 2,21 E-5 3,24 E-4 0,55 E-4
8 CCA controlada 1,70 E-7 0,91 0,74 E-2 0,40 E-3 12,26 0,73 E-5 0,071 4,17 E-9 1,52 E-5 2,70 E-4 0,47 E-4
72
Figura 5-1: Depleção de recursos abióticos por kg de material Figura 5-2: Depleção de recursos abióticos (ff) por kg de material
Figura 5-3: Toxicidade humana por kg de material Figura 5-4: Ecotoxicidade de águas doces por kg de material
73
Figura 5-5: Ecotoxicidade de águas marinhas por kg de material Figura 5-6: Ecotoxicidade terrestre por kg de material
Figura 5-7: Mudanças climáticas por kg de material Figura 5-8: Depleção da camada de ozônio por kg de material
74
Figura 5-9: Formação de fotooxidante por kg de material Figura 5-10: Acidificação por kg de material
75
Constata-se que o superplastificante e o cimento são os materiais com maiores
potenciais de causar impactos, superando os outros materiais em até quatro ordens de
grandeza. Entretanto, o cimento apenas se aproxima e supera o superplastificante nas
mudanças climáticas e na ecotoxicidade de águas marinhas, respectivamente.
Ressalta-se que a categoria de depleção de recursos abiótico do superplastificante não
considera sua produção pela ausência informação sobre as matérias-primas na
declaração ambiental do produto utilizada na entrada de dados. Observa-se ainda que,
embora tenham sido consideradas longas distâncias de transporte, sobretudo para o
superplastificante, cuja distância adotada foi de 1.000 km, em geral, a produção desses
materiais é a etapa mais crítica, contribuindo com mais de 75% dos impactos para a
maior parte das categorias.
76
5.2 Avaliação dos concretos
77
Figura 5-12: Exemplo da modelagem realizada no SimaPro (C60 CBU20 CAU20)
78
5.2.1 Influência dos materiais constituintes
79
(a) (b)
(c) (d)
Figura 5-13: Contribuição dos materiais na avaliação de impactos dos concretos (a) C25 Ref, (b) C25 CBU20 CAU20, (c) C60 Ref e (d) C60 CBU20
CAU20
80
Pela Figura 5-13 (a), referente a mistura C25 Ref, observa-se que o cimento tem
significativa contribuição para todas as categorias de impacto, com grande destaque
para as mudanças climáticas (GWP100) no qual sua parcela de contribuição é de 94%.
Esse padrão se repete na Figura 5-13 (c) referente a C60 Ref. Apesar dessa mistura
empregar superplastificante, material com elevadas emissões de gases de efeito estufa
como mostrado anteriormente, sua contribuição nessa categoria de impacto é inferior a
1%. A substituição parcial de 40% de cimento por cinzas gera uma redução de cerca de
10% na contribuição do cimento para o impacto de mudança climáticas, como mostram
as Figura 5-13 (b) e (c). Nessa categoria, ainda há uma pequena contribuição dos
agregados miúdo e graúdo e dos aditivos minerais.
A adição de cinzas nas misturas ternárias resulta em uma participação que varia
de 3% a 8% para cada aditivo, com exceção da categoria de ecotoxicidade terrestre, na
qual a contribuição passa a ser de 16% para a CBCA ultrafina e de 10% para a CCA
ultrafina. Dado que o processo de moagem foi caracterizado apenas pelo consumo de
energia elétrica, observa-se, novamente, a influência desse consumo sobre essa
81
categoria de impacto. O que também pode ser notado no processo de mistura de
concreto, cuja única contribuição superior a 1% (3% para os convencionais e 2% para
os de alto desempenho) é a dessa categoria.
Figura 5-14: Avaliação comparativa da produção de 1MJ de energia elétrica pelo “unit
process” e pelo “system process”, excluindo os processos de infraestrutura
82
Figura 5-15: Avaliação comparativa da produção de 1MJ de energia elétrica pelo “unit
process” e pelo “system process”, incluindo os processos de infraestrutura
83
5.2.2 Avaliação de impactos ambientais inicial
84
Tabela 5-4: Resultado da Avaliação de impactos ambientais inicial para 1m³ de concreto das classes convencional e de alto desempenho
ADP ADP (ff) HTP FAETP MAETP TETP GWP100 ODP POCP AP EP
Mistura Kg de xx eq/m³ de concreto (*exceto para ADF (ff) – MJ/m³ de concreto)
Sb MJ* 1,4-DB CO2 CFC-11 C2H4 SO2 PO4-3
1 C25 Ref 3,32 E-4 2.171 17,35 0,951 36.849 0,099 373,4 8,88 E-6 3,90 E-2 1,055 0,138
2 C25 CBR10 3,23 E-4 2.016 16,24 0,882 34.298 0,092 340,3 8,33 E-6 3,58 E-2 0,969 0,127
3 C25 CBR15 3,18 E-4 1.938 15,69 0,848 33.023 0,088 323,7 8,05 E-6 3,43 E-2 0,925 0,122
4 C25 CBR 20 3,14 E-4 1.861 15,13 0,813 31.747 0,085 307,2 7,78 E-6 3,27 E-2 0,882 0,117
5 C25 CBU10 3,24 E-4 2.032 16,52 0,905 34.571 0,099 342,6 8,39 E-6 3,67 E-2 0,976 0,128
6 C25 CBU15 3,20 E-4 1.963 16,10 0,882 33.433 0,099 327,3 8,15 E-6 3,56 E-2 0,936 0,123
7 C25 CBU20 3,16 E-4 1.893 15,68 0,858 32.294 0,099 311,9 7,90 E-6 3,45 E-2 0,896 0,119
8 C25 CAU10 3,24 E-4 2.047 16,59 0,910 34.502 0,098 342,7 8,48 E-6 3,67 E-2 0,983 0,129
9 C25 CAU15 3,20 E-4 1.979 16,16 0,886 33.317 0,096 327,1 8,24 E-6 3,54 E-2 0,944 0,124
10 C25 CAU20 3,16 E-4 1.913 15,74 0,862 32.137 0,095 311,6 8,02 E-6 3,42 E-2 0,906 0,120
11 C25 CBU20 CAU20 3,00 E-4 1.601 13,79 0,747 27.520 0,093 248,6 6,88 E-6 2,94 E-2 0,732 0,099
12 C60 Ref 3,69 E-4 2.828 22,01 1,238 46.031 0,127 485,1 1,14 E-5 5,07 E-2 1,388 0,179
13 C60 CAC10 3,57 E-4 2.646 20,79 1,167 42.840 0,122 443,5 1,07 E-5 4,71 E-2 1,285 0,167
14 C60 CAC15 3,52 E-4 2.569 20,31 1,141 41.275 0,120 423,4 1,05 E-5 4,56 E-2 1,239 0,162
15 C60 CAC20 3,47 E-4 2.470 19,64 1,100 39.661 0,117 402,3 1,02 E-5 4,37 E-2 1,184 0,155
16 C60 CBU10 3,58 E-4 2.646 20,92 1,178 43.056 0,127 445,0 1,07 E-5 4,78 E-2 1,284 0,167
17 C60 CBU15 3,53 E-4 2.555 20,37 1,147 41.568 0,127 424,9 1,04 E-5 4,63 E-2 1,232 0,161
18 C60 CBU20 3,48 E-4 2.450 19,70 1,107 40.049 0,126 404,1 1,00 E-5 4,47 E-2 1,174 0,154
19 C60 CAU10 3,58 E-4 2.666 21,02 1,185 42.967 0,126 445,1 1,08 E-5 4,77 E-2 1,294 0,168
20 C60 CAU15 3,53 E-4 2.589 20,55 1,161 41.442 0,125 425,3 1,06 E-5 4,62 E-2 1,249 0,163
21 C60 CAU20 3,48 E-4 2.505 20,03 1,132 39.904 0,124 405,1 1,03 E-5 4,47 E-2 1,200 0,157
22 C60 CBU20 CAU20 3,27 E-4 2.112 17,60 0,991 33.898 0,121 323,5 8,90 E-6 3,85 E-2 0,979 0,131
85
A Figura 5-16 permite a comparação dos resultados dos concretos
convencionais tendo como parâmetros a mistura de referência dessa classe, a C25 Ref.
Nota-se que para todas as demais categorias, a mistura C25 Ref (1), sem
aditivos minerais, é a que apresenta o maior potencial causador de impactos. A
diferença entre essa mistura e as outras, que possuem teores de substituição, possui
relação direta com a influência do cimento na composição da categoria de impacto.
Sendo assim, as categorias depleção de combustíveis fósseis, formação de
fotooxidante, acidificação, eutrofização e, principalmente, mudanças climáticas são as
que apresentam um maior intervalo entre a referência e as misturas com adições. Por
outro lado, as categorias que possuem menor influência do cimento, como a depleção
de recursos naturais, são as menos sofrem variações quando se emprega o aditivo.
Destaca-se ainda que em todas as misturas com aditivos minerais houve uma
redução proporcional ao aumento do teor de substituição, ou seja, a mistura com 20%
de um tipo de cinza apresentou valor inferior à de 15% e a 15% menor do que a de 10%.
86
Sendo assim, a mistura ternária (11) com 40% de substituição foi a que, entre todas as
misturas, apresentou os menores valores. Isso indica, que mesmo com as emissões
associadas ao processo produtivo e ao transporte das cinzas, há um balanço positivo
na substituição de cimento por cinzas.
87
Novamente, o concreto de referência (C60 Ref) é o que possui o maior potencial
de causar impacto devido à maior quantidade de cimento utilizado em comparação as
outras misturas da classe. Observa-se ainda que as categorias que apresentam o maior
distanciamento entre as misturas com aditivos e a de referência, são aquelas que
possuem maior influência do cimento em sua composição, com destaque para as
mudanças climáticas na qual o valor obtido pela mistura ternária (C60 CBU20 CAU20
(22)) representa menos do que 70% da referência (C60 Ref (1)).
88
5.2.3.1 Resultado normalizado pelo desempenho mecânico
89
Figura 5-18: Resultado da avaliação de impactos dos concretos convencionais
(25 MPa) normalizado pela resistência à compressão a 28 dias
Entre as misturas com CBCA ultrafina, apenas a mistura com teor de substituição
de 20% (C25 CBU20 (7)) apresentou resultados vantajosos se comparados com a
referência (C25 Ref (1)). Isto se deve ao equilíbrio entre as reduções de impactos
obtidas com a substituição de cimento e a menor perda de resistência (8,3%) em relação
à referência. O que não ocorreu nas misturas com teores inferiores, nas quais a
substituição de cimento foi menor e, ainda, houve, uma maior perda de resistência.
90
A mistura ternária (C25 CBU20 CAU20 (11)) apresentou os menores índices,
com exceção das categorias de depleção de recursos naturais e de ecotoxicidade nas
quais os valores se aproximaram da mistura C25 CAU10 (8), cujo ganho de resistência
foi igual, 21%. Dessa forma, justifica-se os resultados próximos para categorias de
impactos que sofrem menor influência do cimento, como as mencionadas.
A resistência à compressão das misturas C25 CBR10 (2) e C25 CBR20 (4) a 180
dias sofreu uma perda ainda maior em relação a referência do que a de 28 dias. Por
outro lado, a C25 BR15 (3) manteve esse percentual, tendo até um pequeno acréscimo.
Com isso, é possível notar uma aproximação entre as misturas de 10% (3) e 15% (2).
Ressalta-se que do ponto de vista mecânico, adição de 15% de CBCA residual é ainda
mais prejudicial que a de 10%. Porém, esse valor é equilibrado com a redução de
impacto obtida com o maior teor de substituição. Essa compensação, no entanto, não
ocorre quando o teor sobe para 20%. Contudo, para em todos os teores, não houve
benefícios no emprego da CBCA residual.
91
Como visto anteriormente, a adição de CBCA ultrafina só se mostra benéfica
para maioria das categorias de impacto com teor de substituição de 20%. Entretanto, a
180 dias, a resistência à compressão da mistura C25 CBU20 (7) é praticamente a
mesma da referência (C25 Ref (1)). Esse ganho de resistência a longo prazo pode ter
relação com reação pozolânica que se desenvolve mais lentamente. Com isso, os
resultados da C25 CBU20 normalizados a 180 dias são melhores dos obtidos com a
normalização a 28 dias.
92
Diferentemente dos concretos convencionais, no caso dos concretos de alto
desempenho, todas as misturas com aditivos minerais obtiveram índices inferiores ao
da mistura de referência para todas categorias de impacto, com exceção das misturas
C60 CBU15 (17) e C60 CBU20 (18) para a categoria de ecotoxicidade terrestre (TETP).
Isso se justifica pelo fato de que essas misturas desenvolveram resistência à
compressão próxima ou superior ao valor da referência. O resultado mais desfavorável
foi o da mistura C60 CBU20 (18) cuja resistência foi 95% da referência.
Com relação as misturas que utilizam CCA, observa-se que as misturas com teor
de substituição de 10% apresentam índices próximos aos das misturas de CBCA
ultrafina. Nelas, a resistência à compressão pouco varia em relação à referência. No
entanto, a partir de 15% de CCA controlada, há maior ganho de resistência (14,20%
para a C60 CAC15 (14) e 18,5% para C60 CAC20 (15)). Nas misturas com CCA
ultrafina, o aumento significativo ocorre apenas a partir de 20% (15% para C60 CAU20
(21)). Dessa forma, a mistura C60 CAC15 (15) apresenta um menor potencial de causar
impacto em comparação a mistura C60 CAU15 (20). O que é também observado para
as misturas de 20%, porém a diferença entre a C60 CAC20 e a C60 CAU20 é menor.
93
Figura 5-21: Resultado da avaliação de impactos dos concretos de alto desempenho (60
MPa) normalizado pela resistência à compressão aos 180 dias
94
resistência à compressão em relação a C60 CBU20 (18), os impactos causados pela
maior quantidade de superplastificante faz com que o índice da mistura com CCA seja
superior da com CBCA para quase todas as categorias. Destaca-se que isso não ocorre
na normalização com 28 dias.
95
A Tabela 5-5 apresenta o volume de concreto convencional necessário para 50
anos de vida útil da estrutura submetidas a diferentes condições de exposição a íons
cloreto. Da mesma forma, a Tabela 5-6 apresenta os volumes para os concretos de alto
desempenho.
96
Entretanto, é importante destacar que as misturas C25 CAU15 e C25 CAU20 da
classe de concretos convencionais apresentam volumes próximos ao do concreto de
referência (C60 Ref) da classe de alto desempenho. Isso se deve ao refinamento da
estrutura de poros resultante da incorporação da CCA ultrafina, que reduziu
drasticamente a penetração de íons cloreto, passando de “alta” no C25 Ref para “baixa”
nas misturas com CCA.
97
Figura 5-23: Resultado avaliação de impactos dos concretos convencionais (25 MPa)
normalizado pelo volume necessário para 50 anos de vida útil sob condição de Cs=0,9%
98
dos três teores estudados, a mistura com 20% (C25 CBU20 (8)) é a que se mostrou
mais vantajosa para a maior parte das categorias estudadas.
Novamente, para as misturas com CCA ultrafina, observa-se que quanto maior
o teor de substituição maior a durabilidade. Dessa forma, há um efeito aditivo no
emprego dessas cinzas. Aos benefícios identificados na avaliação de impactos inicial,
obtidos pela redução da quantidade de cimento, somam-se as vantagens de ser ter um
concreto mais durável, ou seja, cujo volume necessário para atender a vida útil é menor.
Figura 5-24: Resultado avaliação de impactos dos concretos convencionais (25 MPa)
normalizado pelo volume necessário para 50 anos de vida útil sob condição de Cs=2,4%
99
Sob condições mais agressivas, a camada de passivação, para evitar a corrosão,
necessita ser mais espessa, resultado em um maior volume de concreto. Entretanto,
dado que o cobrimento mínimo apresenta relação de área, esse aumento de volume
não ocorre de forma linear. Devido a isso, observa-se que, embora o perfil descrito para
a condição de exposição mais branca permaneça válido, há um maior distanciamento
entre os índices das misturas de CBCA ultrafina e CCA ultrafina e os da mistura de
referência. Como exemplo, a mistura C25 CAU20 (10) na categoria mudanças climáticas
(GWP100) apresentou um índice de durabilidade de 37,5% da referência em Cs= 0,9%
e de 29,1%, em Cs=2,4%.
Figura 5-25: Resultado avaliação de impactos dos concretos de alto desempenho (60
MPa) normalizado pelo volume necessário para 50 anos de vida útil sob condição de
Cs=0,9%
100
Nos concretos do alto desempenho, todas as misturas com aditivos minerais
apresentam maior durabilidade e menor impacto ambiental associado aos seus ciclos
de vida quando comparadas com o concreto de referência. Como reflexo, a diferença
percentual entre essas misturas e a referência observada na avaliação de impactos
inicial torna-se mais acentuada no índice de durabilidade.
O volume de concreto C60 CBU20 CAU20 (22) para uma vida útil de 50 anos é
cerca 45% e 20% maior do necessário das misturas C60 CAC20 (15) e C60 CAU20
(21), respectivamente. Com isso, as vantagens obtidas pelo maior teor de substituição
de cimento são neutralizadas pela menor durabilidade em relação as misturas
mencionadas.
101
A Figura 5-26 apresenta os resultados comparativos do índice de durabilidade
para a condição de exposição mais severa (Cs= 2,4%).
Figura 5-26: Resultado avaliação de impactos dos concretos de alto desempenho (60
MPa) normalizado pelo volume necessário para 50 anos de vida útil sob condição de
Cs=2,4%
102
5.2.4 Avaliação de impactos de ciclo de vida dos concretos
103
Tabela 5-8: Resultado final da AICV com a aplicação da unidade funcional para concretos convencionais e de alto desempenho
ADP ADP (ff) HTP FAETP MAETP TETP GWP100 ODP POCP AP EP
Mistura Kg de xx eq/MPa x ano (*exceto para ADF (ff) – MJ/MPa x ano)
Sb MJ* 1,4-DB CO2 CFC-11 C2H4 SO2 PO4-3
1 C25 Ref 18,6 E-7 12,17 97,2 E-3 53,3 E-4 206,5 55,5 E-5 2,092 49,7 E-9 21,8 E-5 59,1 E-4 77,0 E-5
2 C25 CBR10 21,4 E-7 13,36 107,6 E-3 58,5 E-4 227,3 60,9 E-5 2,255 55,2 E-9 23,8 E-5 64,2 E-4 84,2 E-5
3 C25 CBR15 24,9 E-7 14,59 118,1 E-3 63,8 E-4 248,6 66,4 E-5 2,437 60,6 E-9 25,8 E-5 69,7 E-4 91,8 E-5
4 C25 CBR 20 25,4 E-7 15,07 122,5 E-3 65,8 E-4 257,1 68,6 E-5 2,488 63,0 E-9 26,5 E-5 71,5 E-4 94,5 E-5
5 C25 CBU10 14,1 E-7 8,83 71,8 E-3 39,3 E-4 150,2 42,9 E-5 1,489 36,5 E-9 16,0 E-5 42,4 E-4 55,7 E-5
6 C25 CBU15 14,7 E-7 9,00 73,8 E-3 40,4 E-4 153,3 45,2 E-5 1,500 37,3 E-9 16,3 E-5 42,9 E-4 56,6 E-5
7 C25 CBU20 14,2 E-7 8,46 70,1 E-3 38,4 E-4 144,4 44,1 E-5 1,395 35,3 E-9 15,4 E-5 40,1 E-4 53,1 E-5
8 C25 CAU10 4,2 E-7 2,66 21,6 E-3 11,8 E-4 44,8 12,7 E-5 0,445 11,0 E-9 4,8 E-5 12,8 E-4 16,8 E-5
9 C25 CAU15 2,8 E-7 1,70 13,9 E-3 7,6 E-4 28,6 8,3 E-5 0,281 7,1 E-9 3,0 E-5 8,1 E-4 10,7 E-5
10 C25 CAU20 2,2 E-7 1,34 11,0 E-3 6,0 E-4 22,5 6,7 E-5 0,218 5,6 E-9 2,4 E-5 6,3 E-4 8,4 E-5
11 C25 CBU20 CAU20 5,6 E-7 2,98 25,7 E-3 13,9 E-4 51,2 17,2 E-5 0,463 12,8 E-9 5,5 E-5 1,4 E-3 18,5 E-5
12 C60 Ref 1,6 E-7 1,19 9,3 E-3 5,2 E-4 19,4 5,4 E-5 0,205 4,8 E-9 2,1 E-5 5,9 E-4 7,6 E-5
13 C60 CAC10 0,6 E-7 0,43 3,4 E-3 1,9 E-4 6,9 2,0 E-5 0,072 1,7 E-9 0,8 E-5 2,1 E-4 2,7 E-5
14 C60 CAC15 0,5 E-7 0,37 2,9 E-3 1,6 E-4 5,9 1,7 E-5 0,061 1,5 E-9 0,7 E-5 1,8 E-4 2,3 E-5
15 C60 CAC20 0,5 E-7 0,34 2,7 E-3 1,5 E-4 5,5 1,6 E-5 0,056 1,4 E-9 0,6 E-5 1,6 E-4 2,1 E-5
16 C60 CBU10 1,1 E-7 0,78 6,2 E-3 3,5 E-4 12,7 3,8 E-5 0,132 3,2 E-9 1,4 E-5 3,8 E-4 4,9 E-5
17 C60 CBU15 1,1 E-7 0,78 6,2 E-3 3,5 E-4 12,7 3,9 E-5 0,130 3,2 E-9 1,4 E-5 3,8 E-4 4,9 E-5
18 C60 CBU20 1,2 E-7 0,85 6,9 E-3 3,9 E-4 13,9 4,4 E-5 0,141 3,5 E-9 1,6 E-5 4,1 E-4 5,4 E-5
19 C60 CAU10 0,8 E-7 0,62 4,9 E-3 2,8 E-4 10,0 2,9 E-5 0,104 2,5 E-9 1,1 E-5 3,0 E-4 3,9 E-5
20 C60 CAU15 0,6 E-7 0,41 3,2 E-3 1,8 E-4 6,5 2,0 E-5 0,067 1,7 E-9 0,7 E-5 2,0 E-4 2,6 E-5
21 C60 CAU20 0,5 E-7 0,36 2,9 E-3 1,6 E-4 5,7 1,8 E-5 0,058 1,5 E-9 0,6 E-5 1,7 E-4 2,2 E-5
22 C60 CBU20 CAU20 0,8 E-7 0,53 4,4 E-3 2,5 E-4 8,5 3,1 E-5 0,081 2,2 E-9 1,0 E-5 2,5 E-4 3,3 E-5
104
Ressalta-se que, ao contrário do constado na Avaliação de impactos inicial (para
1m3), na AICV, os concretos de alto desempenho apresentam menor potencial de
causar impactos em relação aos concretos convencionais. Para a maioria das
categorias de impacto, seus resultados são inferiores em uma ou duas ordens de
grandeza. Isso comprova a necessidade do uso de uma unidade funcional de
desempenho na avaliação, conforme preconiza a metodologia da ACV. A Figura 5-27
exemplifica, através da categoria mudanças climáticas, a diferença entre a avaliação
inicial (GWP100 (m³)), em kg de CO2 eq/ m³ de concreto, e a AICV (GWP100 (UF)), em
kg de CO2 eq/ MPa·ano.
Figura 5-27: Diferença entre a avaliação inicial e AICV na categoria mudanças climáticas
105
A Figura 5-28 apresenta o resultado final da AICV dos concretos convencionais,
tendo como parâmetro a mistura de referência, C25 Ref.
Figura 5-28: Resultado final da AICV dos concretos convencionais (25 MPa) com a
aplicação da unidade funcional
A deterioração das propriedades mecânicas causada pela introdução das CBCA
residual, proporcional ao teor de substituição, torna o uso desse aditivo desfavorável em
relação a todas as demais misturas, sendo a C25 CBR20 (4) a que apresenta os piores
resultados. Seus indicadores de categoria de 100% a 40% mais elevados do que os da
mistura de referência C25 Ref (1).
106
houve uma redução de 20% a 30% nos indicadores de impacto se comparados com a
referência.
Figura 5-29: Resultado final da AICV dos concretos de alto desempenho (60 MPa) com a
aplicação da unidade funcional
107
Na classe de alto desempenho, a incorporação dos três aditivos minerais
estudados se mostrou sempre benéfica em relação a referência. Isso se deve não
somente ao expressivo aumento da vida útil, como também na manutenção ou melhora
das propriedades mecânicas dos concretos com cinzas. Adicionalmente, na maior parte
das categorias de impacto estudados, os concretos com aditivos apresentaram menor
potencial de causar impactos do que a referência.
Na avaliação das misturas com CBCA ultrafina, nota-se que as misturas com
10% e 15 % apresentam resultados próximos, evidenciando um equilíbrio entre as
vantagens e desvantagens da aplicação de teores mais elevados de substituição. No
entanto, com 20%, a mistura C60 CBU20 (18) mostra que a redução da carga ambiental
associada ao seu processo produtivo não compensa a perda de desempenho mecânico
em comparação os demais teores estudados. Contudo, o uso da CBCA como aditivo
em concreto de alto desempenho resultou em uma redução na ordem de 20% a 35%
dos impactos quando comparados com o concreto de referência.
108
5.3 Interpretação de ciclo de vida
109
6 CONCLUSÕES
110
aplicação. Contudo, ao considerar de outras variáveis, como custo do cimento,
disponibilidade de cimento e de cinzas em um determinado local, além da expansão do
escopo do estudo com a inclusão de outros cenários de destinação desses resíduos, as
conclusões a serem obtidas poderão ser distintas da apresenta nesse trabalho.
111
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