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Resumo: O presente artigo é esboço de uma pesquisa sobre a memória do Teatro no Estado do
Amazonas, a partir dos primeiros indícios da produção teatral em Manaus na segunda metade do
século XIX. Com a maior parte das referências retiradas de revistas e periódicos da época, é um
estudo que busca recuperar indícios da dinâmica do fazer teatral, da criação de suas companhias
e casas de teatro que transitavam entre o diletantismo e o engajamento de artistas profissionais.
Acompanha principalmente o trabalho de Lima Penante (1840-1892), dramaturgo, diretor e ator
paraense que parece ter instalado a primeira companhia profissional no Estado.
Abstract: The present article is the attempt of an memorial research about Theater in the State
of Amazonas, from the first indications of theatrical production in Manaus in second half of the
nineteenth century. With the majority of the references taken from magazines and periodicals of
the time, it is a study that seeks to recover indications of the dynamics of the theatrical making,
the creation of its companies and theater houses that passed between the dilettantism and the
engagement of professional artists. It mainly follows the work of Lima Penante (1840-1892),
playwright, director and actor from Pará who seems to have installed the first professional
company in the state.
Realização:
V Simpósio Internacional de Música Ibero-Americana
Manaus – 21 a 25 de maio de 2018
Realização:
V Simpósio Internacional de Música Ibero-Americana
Manaus – 21 a 25 de maio de 2018
1
A Epocha, 29 de janeiro de 1859
2
Estrella do Amazonas, 13 de julho de 1861
3
O Tempo, 15 de setembro de 1916
4
O Tempo, 17 de setembro de 1916
5
Filho de João Batista Tenreiro Aranha (1798-1861), 1º presidente da província do Amazonas, e neto do
dramaturgo Bento Aranha (1769-1811), nascido em Barcelos (AM) com carreira em Belém.
Realização:
V Simpósio Internacional de Música Ibero-Americana
Manaus – 21 a 25 de maio de 2018
6
Os dois calvos; ou, os gênios opostos, São Luiz, Typ. do Frias, 1864.
7
Jornal do Commercio, 4 de setembro de 1916
8
Jornal do Rio Negro, 23 de abril de 1868
9
Jornal do Rio Negro, 7 de março de 1868.
10
Idem
11
Amazonas, 1º de janeiro de 1870
12
O Tempo, 21 de setembro de 1916.
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V Simpósio Internacional de Música Ibero-Americana
Manaus – 21 a 25 de maio de 2018
13
O Tempo, 26 de setembro de 1916
14
Idem
15
Idem. Dentre os nomes mais salientes do grupo está o autor teatral e ator Rodrigues Bayma (tenente),
Adriano Pimentel (major) e dos detentores de papeis travestis, Ferrão e Armindo.
16
Joaquim Sarmento tornado coronel ainda no Império, chegou a governar interinamente a província.
Entre 1886 e 1889 cursou Direito na Bélgica. Na República foi eleito senador pelo Amazonas e alcançou
a Mesa diretora do Senado entre 1895 e 1899. No início do século XX seu nome voltou a figurar em
atividades artísticas em Manaus, como violinista em grupos diversos. Depois disso ainda foi prefeito
interino da capital.
17
Diário do Amazonas, 11 de janeiro de 1873
18
Amazonas, 5 de junho de 1874
19
Jornal do Commercio, 4 de setembro de 1916.
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Amazonas, em meados de 1875, foi projetado por Alexander Haag, arquiteto prussiano
estabelecido em Belém, a trabalhar em projetos diversos nas províncias do Norte.
Figura 1 – Vista para o Teatro Beneficente (no centro ao alto), na Praça Uruguayana, ao fim da Rua da
Instalação (rua na diagonal à esquerda), c.1875-1887. Fonte: Jornal do Commercio, 4 de setembro de
1916.
Rara iconografia deste teatro sugere que tenha sido uma construção de alvenaria
e não um teatro efêmero, o que reformas posteriores também induzem a acreditar.
Fontes da época o descrevem como “incontestavelmente bem situado, em lugar
alto, bastante arejado, e no seu caráter de provisório satisfaz as exigências do nosso
pequeno público”20. O jornal A platéa, três décadas depois, o descreveu de modo mais
bucólico:
20
Jornal do Amazonas,16 de setembro de 1875
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Lembra ainda que em fins de sua vida útil, o Chapéu de Sol padecia de “telhas podres e
minado de cupins”, mas, mesmo diante do mais elaborado Teatro Amazonas, ainda
chamava o Teatro Beneficente de “modesto templo da arte”. (IDEM)
O teatro havia sido levantado primordialmente para angariar fundos em prol da
abertura do Hospital Beneficente da Sociedade Portuguesa, pretexto para aquisição do
terreno na Praça Uruguayana, por doação do Presidente da Província, Domingos
Monteiro Peixoto.22
O grupo tinha em sua composição o ensaiador Francisco de Paula Bello,
contador da Tesouraria da Fazenda, que se tornaria capitão, mais tarde substituído por
Inácio José Godinho, 1º tenente da flotilha estacionada em Manaus, além de Bernardo
José Bessa, ex-integrante da Sociedade Thalia, aqui servindo como contra-regra e
copiador de papéis (na altura era então o 1º tabelião de notas da capital), o capitão
Gregório José de Morais, proprietário do jornal Commercio do Amazonas que
trabalhava como o ponto, e o capitão Carlos Gavinho Viana na função de
caracterizador. Dentre os atores, muitos deles portugueses que retornariam à pátria anos
mais tarde, estavam Manuel José de Lima, conhecido como Manduca Judeu, e Matias
Alves de Aguiar.23
21
A platea, 16 de abril de 1907
22
Idem
23
Idem
24
Amazonas, 5 de junho de 1874
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Foi nesse momento que Lima Penante surgiu novamente em Manaus, estreando-
se no Teatro Beneficente em maio de 1877 para 4 récitas, embora fontes posteriores
tenham afirmado que Penante já estivera no Teatro Beneficente em 1876.26 Penante
retornou em julho e ficou mais tempo a partir daí. Os anos seguintes, mesmo com a
parcial ocupação deste espaço por grupos forâneos, viram outros grupos locais em
desenvolvimento. São mormente artistas vindos nos últimos anos que se juntam com os
locais, como foi o caso dos fundadores da Associação Dramática Amazonense.
25
Jornal do Amazonas, 25 de maio de 1880
26
J.B. de Faria e Souza, ao lado de Alcides Bahia, em artigo no jornal O Tempo (15 de setembro de 1916)
é a única fonte sobre isto. Pode ter havido troca de números na data e esta ser 1867 e o teatro seria então o
Variedade Cômica.
27
O Tempo, 26 de setembro de 1916
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Nos anos à frente esteve novamente em Fortaleza (1861), em seguida São Luís,
novamente ao Recife, no Teatro Santa Isabel, e Belém, até chegar pela primeira vez a
Manaus, em 1868. Além da publicação da peça Os dois calvos, reeditada em 1867,
publicava um volume de cenas intitulado Obras cômicas, reeditado em 1889 contendo
célebre dramaturgia do seu repertório, como Neste caso eu não caso e O estudante em
quebradeira.29 Em Manaus pode ter atuado em outros palcos (Teatro Fênix) e algumas
vezes o fez em causas nobres e libertárias, como no benefício da Associação
Emancipadora dos Escravos do Amazonas. Mas ao fim da temporada amazonense
mandou ao prelo uma coletânea de sua lavra, que não foi só representada por ele neste
meio tempo, mas que se vê no repertório dos grupos do Amazonas: o volume intitulado
Scenas cômicas foi impresso em 1870 pela mesma tipografia ludovicense e contava
28
A irmã de Manuela, Carmela Lucci, também tomava parte do grupo artístico. Pontos altos da carreira
de ambas incluem dupla digressão ao Rio, em 1858 no Teatro São Pedro de Alcântara, e em 1875, no
Teatro São Januário; nesta ultima, com a presença de Xisto Bahia, tomou parte Lima Penante. (SILVA,
ob.cit.)
29
A segunda edição de Obras cômicas, Pará [Belém] Typ. do Livro do Commercio, 1889, é a única
encontrada até o momento. Estão catalogados 8 exemplares, todos em instituições estadounidenses.
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Sua última excursão a Manaus para uma larga temporada entre 1886 e 1887, foi
quase certamente a ultima atuação fora do Pará. Sua chegada foi precedida de
temporadas que o Teatro Beneficente assistiu com alguns dos maiores nomes do teatro
no Brasil, e que estiveram com Penante em anos precedentes. Primeiro, passara por
Manaus em 1884, Xisto Bahia com seu grupo, e no ano seguinte Manuela Lucci, ambos
dispersos pela morte de Vicente Pontes de Oliveira, em 1882. Lucci juntou-se no
Amazonas a Soares de Medeiros e Izolina Monclar, além de contar com atores locais,
para dar sobrevida à temporada do Beneficente. A seguir foi Lima Penante, agora
associado à célebre atriz portuense Helena Balsemão, quem chegava para se estabelecer
de modo mais consistente e duradouro. O grupo, sempre com elementos locais, iniciou
funções em outubro de 1886 e chegou às portas de maio de 1887, sendo quase
30
Scenas cômicas, Maranhão [São Luiz] Typografia do Frias, 1870
31
Em 1876, Penante publicou em Manaus mais uma coletânea de cenas, hoje desparecida, em que
figuram as mencionadas publicações avulsas em periódico: Teatro de Lima Penante, Typ. do Commercio
?, 1876. Além das citadas, constaram neste volume as seguintes: Viva a Câmara Municipal e o domingo
dos caixeiros (comédia em 2 atos), Cri-cri e Os occarinistas e eu (cenas cômicas)
32
O Baixo Amazonas, 26 de julho de 1877
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O ator foi casado primeiramente com Leonor de Lima Penante, também atriz, de
quem teve os filhos Aureliano, Rodolfo e José de Lima Penante, que também se
dedicaram ao teatro, destacando-se o primeiro deles como ator e o último como escritor
de pequenas peças, burletas e comédias. Mas viveu também com a atriz amazonense
Máxima Augusta, que o acompanhou nos palcos por mais de 20 anos, tendo eles
perdido um filho pouco antes da morte de Lima Penante, em 1892.33
Conclusão
33
Salles, 2000.
34
Amazonas, 22 de julho de 1881.
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Figura 2 - Praça vista do alto do Teatro [Beneficente]. Stradelli, c.1875-80 (1). Fonte: Acervo
Digital do Centro Cultural Povos da Amazônia, da Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas.
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Jornal do Amazonas, 8 de setembro de 1880
36
Jornal do Amazonas, 11 de novembro de 1886.
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Manaus – 21 a 25 de maio de 2018
reformas” pelas quais o teatro tem passado, tudo para o “generoso acolhimento do
benévolo público desta capital”.37
Referências bibliográficas
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Jornal do Amazonas, 25 de novembro de 1886
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