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Pastoral da Educação
Coordenação Revisão
Dom João Justino – Presidente da Comissão Episcopal Denilson Aparecido Rossi
Pastoral para a Cultura e Educação Luciano Santos
Dom Julio Endi Akamine – Bispo Referencial para a José André de Azevedo
Pastoral da Educação
Projeto Gráfico e Diagramação
Textos
Evonline Marketing Digital
Denilson Aparecido Rossi
Luciano Santos Apoio e Produção
José André de Azevedo
Assessoria de Comunicação Institucional do
Grupo Marista
Colaboração
Maria Mônica Pimentel Pinto
Imagens
Harlei Antonio Noro
Sergio Maia Capa: Shutterstock
Valdivino J. Ferreira
Pe. Francisco Agamenilton Damascena Sede Pastoral
Cesar Leandro Ribeiro Rua Imaculada Conceição, 1.155, 9º andar
Prado Velho – Curitiba/PR
Dados da Catalogação na Publicação CEP: 80215- 901
Pontifícia Universidade Católica do Paraná Telefone: (41) 3271-6411
Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR
Biblioteca Central
P149 Paixão por educar: reflexões para o educador católico / organização, Setor de Pastoral do
Grupo Marista. - Curitiba : Champagnat, 2016
71 p. ; 21 cm
Inclui bibliografias
IBSN: 978-85-7292-391-7
ISBN: 978-85-7292-391-0 - online
Apresentação .................................................................................... 7
Grandeza de alma..........................................................................49
d) A Bíblia que ilumina: o cristão é chamado não apenas a “pensar” a realidade, mas
a “ouvir” o que Deus tem a nos dizer.
e) Educadores que fazem pensar: textos que abrem novas perspectivas de reflexão,
conectadas ao tema proposto.
f) Lições do Papa Francisco: com pequenos textos do Papa Francisco, colocamo-nos
em comunhão com a Igreja, que busca, na simplicidade, ser fiel à proposta do Evan-
gelho.
g) Oração: uma breve oração de encerramento, pois a vida cristã é também uma vida
de oração.
Que esse subsídio possa servir para enriquecer ainda mais nossas reflexões e nos
ajudar a trilhar os passos daquele que é razão do nosso trabalho educativo, Jesus de
Cristo.
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A Bíblia ilumina
“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo
o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não
conhece a Deus, porque Deus é amor. Mas amamos, porque Deus nos
amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão,
é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê,
é incapaz de amar a Deus, a quem não vê.”
(1 João 4,7-8.19-20)
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“Peçamos ao Senhor que nos faça compreender a lei do amor. Que bom
é termos essa lei! Como nos faz bem, apesar de tudo, amar-nos uns aos
outros! Sim, apesar de tudo! A cada um de nós é dirigida a exortação de
Paulo: ‘Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem’
(Rm 12, 21). E ainda: ‘Não nos cansemos de fazer o bem” (Gal 6, 9).
Todos nós provamos simpatias e antipatias, e talvez neste momento
estejamos chateados com alguém. Pelo menos digamos ao Senhor:
‘Senhor, estou chateado com este, com aquela. Peço-Vos por ele e por ela’.
Rezar pela pessoa com quem estamos irritados é um belo passo rumo ao
amor, e é um ato de evangelização. Façamo-lo hoje mesmo.
Não deixemos que nos roubem o ideal do amor fraterno!”
Oração
Concede-me, Senhor, o dom do amor. O dom de amar todo o mundo, de amar tudo
em toda a Terra e, sobretudo, os homens, nossos irmãos, que são, por vezes, tão
infelizes.
Dá-nos, Senhor, a força de amar, sobretudo, os que não nos amam, antes de tudo
os que não amam ninguém, para os quais, quando a hora soar, tudo acaba para
sempre.
Que a nossa vida seja reflexo do Teu amor!
Amém!
(Raul Follereau)
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Em um grande palheiro, perto de uma aldeia, fizeram seu abrigo uma cobra, uma
tartaruga e um chacal. Um dia, os três estavam conversando no palheiro, quando, de
repente, ouviram algumas pessoas gritando:
- Fogo! Fogo!
A serpente disse que sabia mais de cem maneiras de lidar com o fogo; a tartaruga
disse que sabia mais de mil maneiras de apagar o incêndio. O chacal só disse que era
preciso fugir e fugiu. Enquanto a tartaruga e a cobra ficaram comparando seus conhe-
cimentos sobre combate a incêndios, o chacal foi o único que sobreviveu ao ocorrido.
A Bíblia ilumina
(Mateus 23,2-4)
I. Esse texto faz parte dos embates que Jesus travou com os fariseus, classe
político-religiosa que, pensando fazer a vontade de Deus, se apegava à lei e
deixava de lado a defesa da vida; mais “falavam” do que “faziam”.
II. Como seria imaginar os educandos afirmando de mim: “Fazei tudo o que ele
diz, mas não façais como ele, pois diz e não faz”?
III. Em que situações percebemos coerência entre o discurso e a prática dos
educadores?
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Oração
Senhor meu Deus, não sei para onde vou. Não vejo o caminho à minha frente e nem
sei ao certo onde ele findará. Na verdade, nem me conheço e o fato de pensar que
estou seguindo Tua vontade não quer dizer que eu esteja sendo fiel. Mas creio que
o desejo de Te agradar te agrada realmente. E espero manter este desejo em tudo
quanto fizer. Espero jamais fazer qualquer coisa alheia a esse desejo. Sei que, se agir
assim, Tu me conduzirás pelo caminho certo, embora eu nada possa saber sobre
ele. Por isso, sempre confiarei em Ti, mesmo que eu me sinta perdido ou às portas
da morte, nada recearei, pois Tu estás sempre comigo e nunca me deixarás sozinho.
Amém.
(Thomas Merton)
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Um velho carpinteiro estava para se aposentar. Ele contou ao seu chefe os planos
de largar o serviço de carpintaria e de construção de casas para viver uma vida mais
calma com a família.
Claro que ele sentiria falta do pagamento mensal, mas ele necessitava da apo-
sentadoria. O dono da empresa sentiu em saber que perderia um de seus melhores
empregados e pediu a ele que construísse uma última casa como um favor especial.
O carpinteiro consentiu, mas, com o tempo, era fácil ver que seus pensamentos e
seu coração não estavam no trabalho. Ele não se empenhou no serviço e utilizou de
mão de obra e matérias-primas de qualidade inferior. Foi uma maneira lamentável de
encerrar sua carreira.
Quando o carpinteiro terminou seu trabalho, o construtor veio inspecionar a casa
e entregou a chave da porta ao carpinteiro. “Esta é a sua casa”, ele disse, “meu pre-
sente a você.”
Que choque! Que vergonha! Se ele soubesse que estava construindo sua própria
casa, teria feito completamente diferente, não teria sido tão relaxado. Agora ele teria
de morar numa casa feita de qualquer maneira.
A Bíblia ilumina
(Marcos 8,34-36)
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“Para sermos aquilo a que estamos destinados, devemos conhecer Cristo, amá-lo
e fazer o que Ele fez. O nosso destino está em nossas mãos, pois Deus aí o colocou e
nos deu a graça para fazermos o impossível. Compete-nos assumir corajosamente e
sem hesitação a obra que Ele nos deu, que é viver a nossa vida como Cristo a viveria.
Exige uma intrépida coragem viver de acordo com a verdade, e há alguma coisa do
martírio em cada vida genuinamente cristã, se tomamos martírio no sentido original
de ‘testemunho’ da verdade, selado com os nossos sofrimentos e com o nosso san-
gue.
Esse testemunho não precisa tomar a forma especial de uma morte pública e
política em defesa da verdade ou da virtude cristã. Mas não podemos evitar a ‘mor-
te’ da nossa própria vontade e das tendências naturais e paixões desordenadas da
nossa carne e de todo o nosso ‘ser’ egoísta, para que nos submetamos ao que nossa
consciência nos afirma ser a verdade, a vontade de Deus e a inspiração do Espírito
de Cristo.”
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“[...] De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança
da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais.
Quando a Igreja faz apelo ao compromisso evangelizador, não faz mais
do que indicar aos cristãos o verdadeiro dinamismo da realização pessoal.
Aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: ‘A vida se alcança e
amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros’.
Isto é, definitivamente, a missão.”
Oração
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Conta-se que, certa vez, um jovem casal foi pedir conselhos a um velho sábio:
– Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas nos amamos tanto que queremos um
conselho que nos garanta ficar sempre juntos, que nos assegure estar um ao lado do
outro até a morte. Há algo que possamos fazer?
E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por
uma palavra, disse-lhes:
– Há o que possa ser feito, ainda que sejam tarefas muito difíceis. Você, menino,
deves caçar um falcão e tu, menina, deves caçar uma águia. Depois tragam as aves
aqui.
Os jovens se abraçaram com ternura e logo partiram para cumprir a missão. No dia
estabelecido, os dois esperavam com as aves. O velho tirou-as dos sacos e constatou
que eram verdadeiramente formosos exemplares dos animais que ele tinha pedido.
– E agora, o que faremos? - os jovens perguntaram.
– Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro.
Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres.
Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros.
A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno.
Minutos depois, irritadas pela impossibilidade do voo, as aves arremessaram-se uma
contra a outra, bicando-se até se machucar.
Então, o velho disse:
– Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é o meu conselho. Vocês são como
a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só
viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar. Se qui-
serem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados. Libere a
pessoa que você ama para que ela possa voar com as próprias asas.
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A Bíblia ilumina
“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que
eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum.
Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da ressurreição do
Senhor Jesus. Em todos eles, era grande a graça. Nem havia entre eles
nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras e casas vendiam-
nas, e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam-no aos pés dos
apóstolos. Repartia-se então a cada um deles conforme a sua necessidade.”
“Quando uma pessoa ama a outra com amor-de-justiça, quer o seu bem. Esse
amor era chamado ‘amor-de-benevolência’ (querer o bem do outro embora isso me
custe a vida). Se o outro, por sua vez, me ama da mesma maneira, nosso amor é mú-
tuo. O amor mútuo de querer-nos o bem, ambos querendo o outro e não a si mesmo,
é o ‘amor cristão’ pleno e, só neste caso, caridade.
A amizade de muitos dispersos que se reúnem, sendo primeiro uma ‘multidão’,
no face-a-face da unidade, é o que denominamos ‘comunidade’. Comunidade é a
que tem tudo em ‘comum’. A multidão se torna, assim, comunidade, se torna ‘povo’.
Na comunidade, todos são pessoas para pessoas; as relações são práticas e a práxis é
de amor de caridade: cada um serve o outro pelo outro mesmo, na amizade de todos
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em tudo. Por isso, tudo é comum. ‘Imaginemos uma associação de homens e mulhe-
res livres’, dizia um autor; isto seria, exatamente, uma comunidade onde a individua-
lidade se realiza plenamente na plena comunicação comunitária. A comunidade é o
sujeito real e o motor da história, nela estamos ‘em casa’, em segurança, em comum.”
“As criaturas deste mundo não podem ser consideradas um bem sem
dono: ‘Todas são tuas, ó Senhor, que amas a vida’ (Sab 11, 26). Isto gera a
convicção de que nós e todos os seres do universo, sendo criados pelo mesmo
Pai, estamos unidos por laços invisíveis e formamos uma espécie de família
universal, uma comunhão sublime que nos impele a um respeito sagrado,
amoroso e humilde. Quero lembrar que ‘Deus uniu-nos tão estreitamente ao
mundo que nos rodeia, que a desertificação do solo é como uma doença
para cada um, e podemos lamentar a extinção de uma espécie
como se fosse uma mutilação’.”
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Oração
(Evangelii Gaudium)
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Uma sábia e conhecida história diz que, certa vez, um sultão sonhou que havia
perdido todos os dentes.
Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu
sonho. Exclamou o adivinho:
– Que desgraça, senhor! Cada dente caído representa a perda de um parente de
vossa majestade.
– Mas que insolente! Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui,
gritou o sultão enfurecido.
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem 100 açoites. Mandou que trou-
xessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho. Este, após ouvir o sultão com
atenção, disse-lhe:
– Excelso senhor, grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que ha-
veis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso e ele mandou dar 100 moedas de
ouro ao segundo adivinho. Quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse
admirado:
– Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega ha-
via feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com 100 açoites e a você com
100 moedas de ouro.
Respondeu o adivinho:
– Lembra-te, meu amigo, que tudo depende da maneira de dizer.
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A Bíblia ilumina
“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os
nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no
tocante ao Verbo da vida – porque a vida se manifestou e nós a temos visto;
damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que
se nos manifestou -, o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que
também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai
e com o seu Filho Jesus Cristo.”
(1João 1,1-3)
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Oração
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Diz uma antiga fábula que um camundongo vivia angustiado com medo do gato.
Um mágico teve pena dele e o transformou em gato.
Mas aí ele ficou com medo do cão, por isso o mágico o transformou em cão.
Então, ele começou a temer a pantera e o mágico o transformou em pantera. Foi
quando ele se encheu de medo do caçador.
A essas alturas o mágico desistiu. Transformou-o em camundongo novamente e
disse:
– Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque você tem a coragem de um
camundongo.
Moral da história: É preciso coragem para romper com o projeto que nos é im-
posto. Mas saiba que coragem não é a ausência do medo, e sim a capacidade de
avançar apesar do medo.
A Bíblia ilumina
“Seja forte e corajoso! Mãos ao trabalho! Não tenha medo nem desanime,
pois Deus, o Senhor, o meu Deus, está com você.”
(1 Crônicas 28,20)
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“A vida cristã é movida pelo mesmo Espírito Santo, mas através de duas dinâmi-
cas. Uma mais sapiencial, que saboreia os valores, que inventaria os valores e, por-
tanto, leva em grande consideração o passado, porque os valores são transmitidos,
a tradição vem do passado. Trata-se do aspecto sapiencial, que pode redundar em
conservadorismo, quando fica-se muito preocupado com os valores do passado en-
quanto ‘passado’, não enquanto ‘valor’, e acaba-se ficando meio fixado nesse passa-
do, pouco inclinado à evolução da história.
Porém, há outra dinâmica, que eu chamaria ‘profética’. O profeta é aquele que
está sempre antecipando a história e, portanto, movendo a história. Não como uma
força mecânica, mas sugerindo, alimentando o ímpeto de criar aquela história que
ele antecipa na sua visão futura. O profeta sempre choca, não porque gosta, mas
porque está à frente. O profeta abala as estruturas espessas, imobilizadas, que ga-
rantem segurança. As pessoas têm medo de ver, têm medo de criar, porque é mais
confortável você ficar resguardado, assim como uma criança no seio materno. É uma
certa regressão uterina. Então, o profeta é justamente aquele que faz nascer. Com os
riscos do nascer, do enfrentar sem outra segurança que a certeza de que você está
no caminho certo, que você é lançado para criar a vida.”
(D. Timóteo Amoroso. Apud. TAVARES, Eduardo Diogo. O Milagre de Dom Amoroso
– ou como D. Timóteo, Abade do Mosteiro de São Bento, Venceu as Legiões Hereges.
Salvador-BA: P&A Gráfica e Editora, 1995, pp 206, 211
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Oração
(Reinhold Niebuhr)
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Era uma vez um lenhador muito forte que conseguiu um emprego em uma nova
madeireira que se instalara na região. O salário era muito bom e as condições de tra-
balho também. Por essa razão, o lenhador estava determinado a fazer o seu melhor.
Seu chefe lhe deu um machado e mostrou-lhe a área onde deveria cortar as árvores.
No primeiro dia, o lenhador cortou 15 árvores.
- Parabéns, o chefe disse. Continue com seu trabalho!
Altamente motivado pelas palavras de seu chefe, o lenhador tentou cortar mais
no dia seguinte, porém só conseguiu abater 10 árvores. No terceiro dia ele tentou
mais ainda, porém ele só foi capaz de derrubar 7 árvores. Dia após dia, ele estava
derrubando cada vez menos árvores.
- Eu devo estar perdendo a minha força, pensou.
Ele foi até o patrão e pediu desculpas, dizendo que não conseguia entender o que
estava acontecendo.
- Quando foi a última vez que você afiou o seu machado? – o chefe perguntou.
- Perdão chefe, não tive tempo para afiar o meu machado. Tenho estado muito
ocupado tentando cortar as árvores.
A Bíblia ilumina
(Mateus 13,4-9)
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pede um relatório sobre um projeto de pesquisa e ele responde que no momento isto
não é possível porque está se dedicando a um projeto estético por que se apaixonou
– a pintura de um quadro. É. Acho que Leonardo Da Vinci não teria vida longa nem
como funcionário da IBM, nem como professor de uma das nossas universidades.”
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Oração
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A Bíblia ilumina
(Deuteronômio 32,1-4)
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“Crer é ver e correr o risco de que Cristo seja a verdade; não apenas um doutrina-
dor, como tantos outros e ainda que seja o maior de todos e, nessa medida, subme-
tido à norma geral de toda a verdade – mas a própria verdade. A verdade que Ele é
(João 14, 6). A verdade da realidade santa começa com Ele. Se pudesse Ele próprio ser
suprimido, a verdade ensinada por Ele não poderia subsistir, porque Ele não é apenas
o seu melhor mensageiro e o seu melhor representante, mas a sua fonte mesma. É o
Verbo, a verdade viva, subsistente. Crer é tomá-Lo assim e pormo-nos à sua escola.
Já haveria verdadeira fé, se se declarasse e mantivesse que é verdade o que Cristo
disse? Não seria senão o início. Crer é ir à escola de Cristo com tudo quanto comporta
a vida humana, com o seu pensamento, o seu coração, os seus sentimentos, a sua
intuição. É o navio inteiro que vai à deriva, é toda a nave que deve mudar de direção.
A Fé é, pois, um fenômeno, uma instrução, uma transformação que recriam os olhos
de novo, orientam diversamente os pensamentos, renovam as próprias medidas das
coisas. O Deus que te criou, que expiou por ti, que quer pôr-te um dia à sua luz, é Ele
que traça a tua existência. O que nela ocorre é mensagem, comando, prova, auxílio,
vindos dele. A atitude, a mentalidade, a maneira de ser resultando desta convicção
viva e vivida, eis o que se chama a Fé.”
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Oração
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Um velho mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma grande quantidade
de sal em um copo d’água e bebesse.
- Qual é o gosto? – perguntou o mestre.
- Horrível – disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra grande quantidade de sal
para jogá-lo num lago ali perto. Os dois caminharam em silêncio até perto do lago e
quando o jovem jogou sal no lago, o velho disse:
- Agora bebe da água do lago.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
- Bom! – disse o aprendiz.
- Você sente o gosto do sal? – perguntou o Mestre.
- Não, disse o jovem.
O mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:
- Os problemas e as dificuldades da vida são o sal. Percebeu que a quantidade
de sal que jogaste foi a mesma? A quantidade de problemas e dificuldades na vida
permanece a mesma, exatamente a mesma. Mas o “tamanho” dos problemas e das
dificuldades que se sente depende do recipiente em que for colocada. Quando o pro-
blema e a dificuldade parecem não ter saída, podes fazer uma única coisa: torne-se
um lago e deixe de ser copo.
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A Bíblia ilumina
(Filipenses 2,14-16)
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efeito, a pessoa é um ser espiritual constituído como tal por um modo de subsistên-
cia e de independência em seu ser; ela alimenta essa subsistência pela adesão a uma
hierarquia de valores livremente adotados, assimilados e vividos por uma tomada
de posição responsável e uma constante conversão; deste modo, unifica toda a sua
atividade na liberdade e desenvolve, por acréscimo, mediante atos criadores, a sin-
gularidade de sua vocação.”
“Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação
de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados
com cara de vinagre. Ninguém pode empreender uma luta, se de antemão
não está plenamente confiado no triunfo. Quem começa sem confiança,
perdeu de antemão metade da batalha e enterra os seus Talentos.”
52
Oração
Fazei, Senhor, com que não atribuamos maior importância às tristezas que à alegria.
Ajudai-nos a não desprezar os nossos problemas nem com eles desgastar-nos tanto
que possamos encontrar as soluções.
Conservai o amor em nossos corações, pois aquele que ama é como a planta que,
tendo fortes raízes, pode resistir a todos os ventos.
Ajudai-nos a sermos objetivos para que não desperdicemos o nosso tempo.
Conservai-nos a franqueza, pois triste daquele cujas palavras não são acreditadas.
Conservai-nos a compreensão porque é necessário entender aqueles que nos
cercam se pretendemos entender a nós mesmos.
Assim, que eu não seja como o leão que ruge; ou como a corça que, tímida,
esconde-se ao menor ruído. Mas como o vento, que pode ser a brisa acariciante ou
o furioso vendaval.
Que nos encantem as flores e a música porque aquele que não se extasia com a
beleza não é digno da dádiva dos sentidos.
Que o nascer do sol nos traga sempre a esperança de um dia construtivo e a noite a
certeza do merecido repouso.
Que o trabalho não seja um fardo e o repouso uma simples necessidade, mas em
ambos possamos sentir a Vossa presença.
Amém.
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Era uma vez um menino que tinha uma paciência muito curta. Seu pai lhe deu um
saco de pregos e lhe disse que toda vez que ele perdesse sua paciência, ele deveria
martelar um prego na cerca. No primeiro dia o menino pregou 37 pregos na cerca.
Durante as próximas semanas, como ele aprendeu a controlar sua raiva, o número
de pregos martelados por dia reduziu gradativamente. Ele descobriu que era mais
fácil conter seu temperamento do que bater pregos na cerca.
Finalmente chegou o dia em que o garoto não perdeu mais a paciência. Ele con-
tou a seu pai sobre isso e o pai sugeriu que o menino agora tirasse um prego por
dia quando fosse capaz de manter seu temperamento. Os dias passaram e o garoto
finalmente pôde dizer ao pai que todos os pregos foram retirados.
O pai pegou o filho pela mão e o levou até a cerca. Ele disse:
- Você fez bem, meu filho, parabéns! Mas olhe os buracos na cerca. A cerca nunca
mais será a mesma. Sempre deixamos marcas na vida dos outros. Por qual tipo de
marca você quer ser lembrado?
A Bíblia ilumina
(Efésios 4,1-2)
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“Quando Deus criou o mundo, não o terminou como alguém que fabrica um ins-
trumento. Esse existe tal como é, e nada mais se pode fazer do que mantê-lo apto.
Deus quis que o mundo se consumasse em períodos longos, incomensuravelmente
longos. Ora, a paciência de Deus é a força com a qual Ele penetra esses períodos, com
uma duração indiscernível para nós, e que, através deles, conduz a obra divina à sua
conclusão.
O ser humano quer tudo ao mesmo tempo. Deus sabe que uma coisa não pode
vir senão a seguir da outra. Assim, deixa-as decorrer em paz, livremente, cada uma
por si mesma. Deus criou o mundo de modo a que as coisas não existam todas umas
com as outras, mas cada qual por si mesma e a seu tempo; e de tal modo que não
surjam ao acaso, mas só quando se encontram realizadas as condições preliminares
do surgimento de cada uma; de tal forma que não possam existir simultaneamente,
aqui e ali, mas que cada qual tenha o seu lugar no conjunto da existência. É sabedoria,
o conhecer-se o tempo das coisas. Há muitos homens e mulheres que nunca chegam
a aprendê-la; e outros/as que só muito tarde o conseguem. Com muita dificulda-
de pode uma pessoa adquiri-la por inteiro. Porque a desordem é a condição do ser
humano, e é dela que provém a impaciência. Mas Deus é Todo-Poderoso, de uma
riqueza sem medida nem fronteiras. Sua riqueza e onipotência são a sua própria paci-
ência. Eis porque pode sempre conferir um novo perdão. Conceder sempre um novo
prazo. Deixar sempre recomeçar a sua obra no mundo, a partir do caos da liberdade
humana.”
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Oração
Senhor!
Fortalece-nos a fé para que a paciência esteja conosco.
Por Tua paciência, vivemos.
Por Tua paciência, caminhamos.
Auxilia-nos, por misericórdia, a aprender a ter tolerância, a fim de que
estejamos em Tua paz.
É por Tua paciência que a esperança nos ilumina e a compreensão se
levanta no íntimo da nossa alma.
Agradecemos todos os dons de que nos enriqueces a vida, mas Te
rogamos, nos resguarde a paciência de uns para com os outros, para
que estejamos Contigo, tanto quanto estás conosco, hoje e sempre.
Assim seja!
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A Bíblia ilumina
“Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar
até o fim será salvo. Se vos perseguirem numa cidade, fugi para uma outra.
Em verdade vos digo: não acabareis de percorrer as cidades de
Israel antes que volte o Filho do Homem.”
(Mateus 10,22-23)
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Oração
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Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para
mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no
galinheiro com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas, embora a águia
fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu
em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o na-
turalista:
– Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
– De fato – disse o camponês. – É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é
mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de dois
metros de extensão.
– Não – retrucou o naturalista. – Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um co-
ração de águia. Esse coração a fará um dia voar às alturas.
– Não, não – insistiu o camponês. – Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto
e, desafiando-a, disse:
– Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra,
então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao
redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O campo-
nês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a
águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma
montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a
águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra
suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou.
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Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus
olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico som das
águias e ergueu-se soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a
voar cada vez mais alto... até confundir-se com o azul do firmamento.
(Adaptada de: AGGREY, James. A águia e a galinha. In: BOFF, Leonardo. O despertar da águia:
o dia-bólico e o sim-bólico na construção da realidade. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.)
A Bíblia ilumina
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“Deus só tem sentido existencial se for resposta à busca radical do ser humano
por luz e por caminho a partir da experiência de escuridão e de errância. Ou, simples-
mente, pela experiência iluminadora de sentido que deriva da vida, da majestade do
universo, da inocência dos olhos da criança. Aquele Deus ex maquina pregado por
religiões ou anunciado por dogmas não preenche, necessariamente, essa busca hu-
mana, porque vem de fora para dentro e de cima para baixo. Mas há uma outra expe-
riência de Deus, a que nasce dessa ânsia do ser humano. Ao dizer ‘Deus’ (essa palavra
de reverência que, por respeito, sequer balbuciamos), apontamos para a direção de
onde nos poderá vir uma resposta. Então, esse nome ‘Deus’ está no lugar de mistério,
de inominável, de indecifrável, de fonte originária, geradora de todo ser. Neste Deus
o ser humano pode descansar, pois se sente conatural com ele.
Porque o ser humano é um projeto de absoluta abertura e, por isso, é um mistério
indecifrável. Por mais que o definamos, sempre sobra alguma coisa a ser definida e
respondida. Deus deve ser pensado nessa direção. Então, se Deus tem algum signi-
ficado, deve ser entendido assim, como o objeto secreto da busca humana, o nome
da reverência, do pulsar do nosso coração, aquele que se esconde atrás de todos os
caminhos, que nos conduz, finalmente, e nos sustenta.”
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Oração
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