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TRABALHO CIENTÍFICO

ANÁLISE DE PROCEDIMENTOS NA CONCESSÃO DE CRÉDITOS À


PARTICULARES
Uma análise aos procedimentos do Banco Angolano de Investimento, SA

Autor: Ph.D. Doutor João Maria Funzi Chimpolo

Professor Associado da Faculdade de Economia da Universidade

Agostinho Neto
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Os três pilares de Basileia II ................................................................................ 9


Tabela 2 - Plafonds dos Cartões de crédito BAI ................................................................. 34
Tabela 3 - Matriz de Decisão de Crédito BAI .................................................................... 36
Tabela 4 - Níveis de Risco dos Clientes BAI ..................................................................... 38

I
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Estrutura accionista .......................................................................................... 28


Gráfico 2 - Distribuição por género .................................................................................... 29
Gráfico 3 - Distribuição por faixa etária ............................................................................. 29
Gráfico 4 - Antiguidade dos colaboradores vinculados ao Banco ...................................... 30
Gráfico 5 - Distribuição por habilitações ............................................................................ 30
Gráfico 6 - Plafonds dos Cartões de crédito BAI ............................................................... 35

II
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Classificação do Crédito .................................................................................... 16


Figura 2 - Estrutura do modelo de governação ................................................................... 28

III
LISTA DE ABREVIATURAS

BAI: Banco Angolano de Investimentos


SA: Sociedade Anónima
LUIBOR: Luanda Interbank Offered Rate
CIRC: Central de Informação de Risco de Crédito
DOP: Direcção de Operações
DAI: Direcção de Auditoria Interna
DAC: Direcção de Análise de Crédito
DRC: Direcção de Recuperação de Crédito
CE: Conselho Executivo
BNA: Banco Nacional de Angola
TAEG: Taxa Anual Efetiva Global

IV
RESUMO

Toda e qualquer Instituição financeira e com maior predominância os Bancos, trabalha como
mediador financeiro, isto é, a sua principal tarefa resume-se e receber recursos financeiros
daqueles que possuem com excesso a determinado momento, e dar esses mesmos recursos a
aqueles que os têm como escassos, sob contrato de devolução com um valor acrescido.
Por este facto, o sentido de responsabilidade dos Clientes que têm ora recebido esses
recursos, devem conduzi-lo a rentabiliza-los, de modo que garanta a liquidez para o
cumprimento das suas Obrigações.
Tal situação, não se tem verificado constantemente, uma vez que existe a possibilidade da
economia a dada altura se mantiver desfavorável para aqueles clientes particulares com
pouco poder económico, dificultando assim, na sua maior parte, o cumprimento de parte ou
do total das suas Obrigações com o Banco.
Com a constante instabilidade que domina o ambiente económico angolano e mundial, essa
falta de liquidez tem vindo a crescer, preocupando de tal modo os Bancos Angolanos, e
sobretudo compromentendo consequentemente a também liquidez e a continuidade das
actividades.
Por este facto, Essas Instituições Financeiras têm adoptado políticas proteccionistas para
colmatar esse fenómeno.

Palavras-Chaves: Banco, Crédito, Mediador Financeiro, Liquidez, Obrigações.

V
ABSTRACT

Each and every financial institution and most predominantly the banks, works as financial
mediator, that is, its main task is to sum up and receive financial resources from those who
have excess at a given moment, and give those same resources to those who have them as
scarce, under contract of return with an added value.
For this reason, the sense of responsibility of the Customers who have now received these
resources, should lead them to monetize them, so as to guarantee liquidity for the fulfillment
of their Obligations.
This situation has not been constantly verified, since there is a possibility that the economy
may at any time remain unfavorable for those private clients with little economic power,
thus making it difficult, for the most part, to comply with part or all of its Obligations with
the Bank.
With the constant instability that dominates the angolan and mindial economic environment,
this lack of liquidity has been growing, worrying the Angolan Banks in such a way, and
above all, consequently, also compro- mising liquidity and the continuity of activities. As a
result, these Financial Institutions have adopted protectionist policies to address this
phenomenon.

Keywords: Bank, Credit, Financial Mediator, Liquidity, Bonds.

VI
ÍNDICE Pág.

ÍNDICE DE TABELAS.......................................................................................................... I

ÍNDICE DE GRÁFICOS .......................................................................................................II

ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................................... III

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................ IV

RESUMO .............................................................................................................................. V

ABSTRACT......................................................................................................................... VI

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

CAPÍTULO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................. 4

1.1. Noções fundamentais sobre as instituições financeiras bancárias .............................. 4


1.1.1. Tipos de instituições financeiras .......................................................................... 4
1.1.2. Instituições financeiras bancarias com sede em Angola ...................................... 4
1.1.3. Caracterização das instituições financeiras bancárias .......................................... 5
1.1.4. Funções das instituições financeiras ..................................................................... 5
1.1.5. Objectivos das instituições financeiras bancárias ................................................. 5
1.1.6. Âmbito das instituições financeiras bancarias ...................................................... 6
1.2. Contributo de Basileia ................................................................................................. 7
1.2.1. Basileia I ............................................................................................................... 7
1.2.2. Basileia II.............................................................................................................. 8
1.2.3. Basileia III .......................................................................................................... 10
1.3. Definição de Crédito ................................................................................................. 11
1.4. Elementos do Crédito ................................................................................................ 11
1.5. Modalidades de Créditos ........................................................................................... 13
1.5.1. Os Cartões de Créditos ....................................................................................... 13
1.5.2. Crédito Consumo ou Pessoal .............................................................................. 13
1.5.3. O Crédito Habitação ........................................................................................... 14
1.5.4. O Descoberto Bancário....................................................................................... 14
1.5.5. O Leasing Financeiro ......................................................................................... 15
1.6. Classificação de crédito............................................................................................. 15
1.6.1. Crédito público ................................................................................................... 16
1.6.2. Crédito privado ................................................................................................... 16
1.7. A Necessidade de Definição de uma Política de Crédito .......................................... 18
VII
1.8. Tipos de Políticas de Crédito ........................................................................................ 19

1.8.1. Política de Crédito Restritiva.............................................................................. 19


1.8.2. Política de Crédito Moderada ............................................................................. 19
1.8.3. Política de Crédito Liberal .................................................................................. 20

CAPÍTULO II - ANÁLISE DO RISCO DE CRÉDITO A PARTICULARES ................... 21

2.1. O Risco de Crédito .................................................................................................... 21


2.2. A Volatilidade do Risco ............................................................................................ 22
2.3. Técnicas para minimizar o Risco de Crédito ............................................................ 22
2.3.1. Os 5 C´s – Carácter, Capacidade, Capital, Colaterais e Condições.................... 22
2.3.2. O Preço baseado no risco ................................................................................... 23
2.3.3. As Garantias de Crédito...................................................................................... 24
2.3.4. O Seguro de Proteção ao Crédito ....................................................................... 24
2.4. Factores Psicológicos e Comportamentais como variáveis na análise de Crédito a
Particulares ....................................................................................................................... 24
2.4.1. Causas do Incumprimento .................................................................................. 24
2.4.2. Tipologia de Devedores ...................................................................................... 25
2.4.3. Análise Cadastral do Cliente .............................................................................. 25
2.4.4. Análise do Perfil (Credit Score) ......................................................................... 26
2.4.5. Análise de Comportamento (Behaviour Score-BS) ........................................... 26

CAPÍTULO III - ESTUDO DE CASO : BANCO ANGOLANO DE INVESTIMENTOS,


SA ........................................................................................................................................ 27

3.1. Caracterização do Banco BAI ................................................................................... 27


3.1.1. Missão................................................................................................................. 27
3.1.2. Visão ................................................................................................................... 28
3.1.3. Estrutura do modelo de governação ................................................................... 28
3.2. Produtos de Crédito do BAI ...................................................................................... 30
3.3. Procedimentos do BAI na Concessão e Recuperação de Crédito a Particulares ...... 35

CONCLUSÕES ................................................................................................................... 39

RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................... 40

ANEXOS ............................................................................................................................. 43

Anexo I. Riscos e controlos Operacionais ....................................................................... 43


Anexo II. Matriz de decisão a Créditos a Clientes Particulares ....................................... 44
VIII
Anexo III. Acções de Recuperação de Crédito ................................................................ 45
Anexo IV. Diagrama do Macroprocesso de Gestão de Crédito ....................................... 46

IX
INTRODUÇÃO

O Crédito Bancário tem assumido cada vez mais um papel muito importante na economia
Angolana, com maior predominância dos últimos anos, isto começando com o ano 2013,
uma vez que já se via ameaçada com a actual críse financeira.
Nesse período de Críse financeira, os agentes económicos assistem os seus poderes de
compra a serem desvalorizados, as suas poupanças tornarem-se cada vez mais diminutivas e
o consumo cada vez mais intensa, e com menos liquidez, factos que incentivam de certo
modo o aumento da relação das famílias com o sistema bancário, recorrendo ao crédito como
meio de auto-financiamento.
Devido a perda de capacidade das empresas empregadoras, assiste-se o aumento do
desemprego em e os detentores do crédito bancário revelam-se falidos, originando
incumprimentos das suas obrigações com o banco.
Neste contexto, os Bancos veêm-se obrigados a estipularem políticas mais protecionistas e
que salvaguardam a sua liquidez e continuidade das actividades.
Neste trabalho poderemos fazer um estudo das variáveis necessárias para colmatar os
possíveis riscos adjacentes a esta actividade, culminando com os procedimentos usados pelo
Banco Angolano de Investimentos,SA.
Portanto garante-se que as informações apresentadas pelos três capítulos componentes deste
projecto são credíveis, embora tenhamos a noção da dificuldade na obtenção de algumas
informações consideradas relevantes para o estudo do caso.
Formulação do Problema
O Crédito mal-parado é um fenómeno que tem tirado tranquilidade das Instituições
Financeiras do País e do mundo. Trata-se de um fenómeno gerado por situações não
controláveis por essas Instituições.
Associa-se a esta problemática, a possibilidade de existir uma mesma política, para actuação
com indivíduos de tratos diferentes, educação financeira diferentes, e sobretudo, em
indivíduos de difícil conhecimento e localização.
Problema de Pesquisa
Será que o Sistema que os procedimentos adoptados pelos Bancos Comerciais angolanos,
têm sido capazes de evitar o risco da inadimplência?
Formulação de Hipótese
H1. Não. As variáveis externas têm uma influência muito considerável, uma vez que não são
controláveis pelas entidades de Créditos.
1
Justificativa do Tema
Durante os últimos anos a nossa economia tem-se apresentado muito instável, facto
provocado pela caída do preço do barril do crude no mercado internacional. Tal facto
culminou com o aumento dos endividamentos das famílias e consequentemente os Bancos
começaram a ver os seus valores longe de serem recuperados.
Durante algum tempo e por consequência a este período, verificou-se uma constante
limitação na conceção de Créditos às famílias, de modo a que se recuperasse os valores ora
emprestados por meio de políticas eficazes.
Por ser um fenómeno que está intimamente ligado com a principal actividade do Banco no
seu papel de intermediário financeiro, e porque afecta as famílias, surge a necessidade de
estudar com mais profundidade os referido fenómeno.
Objectivo Geral
Conhecer as principais causas do Crédito Mal-Parado e as medidas adoptadas pelos Bancos
para evitar este fenómeno.
Objectivos Específicos
1. Conhecer de forma clara e precisa a actividade dos Bancos Comercias, como
mediador financeiros;
2. Saber a importância do Crédito, bem como os seus elementos e modalidades comuns
para Clientes particulares;
3. Conhecer a importância da análise do perfil do Cliente particular, de modo a evitar o
Crédito Mal-Parado;
4. Descrever o processo de análise na conceção de Crédito verificada pelo Banco
Angolano de Investimento.

Delimitação do Tema
Referimos nesse projecto, a preocupação do aumento do Crédito Mal-parado, suas causas e
consequências para a economia angolana bem como para as Instituições Financeiras
Angolanas, especificamente para o Banco BAI, SA no período de 2013 à 2016.
Universo de Pesquisa
O Universo da presente pesquisa é o Banco Angolano de Investimento, SA, criado a 14 de
Novembro de 1996, por agentes angolanos, com sede no edifício Garden Towers, Torre A,
Travessa Ho-Chi-Min, Maianga-Luanda.
O Banco BAI é um Banco com a espectativa de oferecer a melhor experiência bancária até
ao fim dos próximos cinco anos, por este facto tem sido bastante cauteloso no que respeita
os acessos ao Crédito Bancário.
2
Para nos servir de amostra desta pesquisa, utilizamos informações geradas em documentos
publicados entre 2013 à 2016.
Metodologia
Utilizamos as seguintes metodologias para a efectivação deste projecto:
1. Pesquisa e revisão bibliográfica: já que baseou em conteúdos publicados ou
divulgado em livros, revistas, jornais, redes electrónicas (Internet), compendiando,
todo material acessível ao público em geral;
2. Análise de Documentos: por ser considerado informações geradas de revistas,
relatórios de contas, fichas de informação de produtos e outros dossiers do Banco
Angolano de Investimentos, SA;
3. Investigação Expost fact: porque referiu-se de factos já ocorridos; e
4. Estudo de Caso: Por se basear nos procedimentos de concessão de crédito do Banco
BAI, SA.
Tratamento e análise de Dados
Apoiando-se aos documentos do Banco BAI,SA como relatórios de contas, fichas de
produtos, revistas e outros dossiers do banco, pretende-se evidenciar:
1. Uma análise sobre o fenómeno do Crédito Mal-Parado;
2. Saber quais os procedimentos a ser considerados de modo a evitar esse fenómeno;
3. Uma análise sobre os procedimentos criados pelo Banco BAI no período de 2013 à
2016;
4. Saber qual é importância do Crédito para a Economia angolana.
Estrutura do Trabalho
Para alcançar os objectivos desse projecto, tivemos que dividi-lo em três distintos capítulos:
CAPÍTULO I: Fundamentação teórica. Neste capítulo o foco foi noções fundamentais
sobre as instituições financeiras bancárias e na definição do Crédito e seus elementos, bem
como a importância da existência de uma política de crédito dentro de uma Instituição
financeira;
CAPÍTULO II: Análise do Risco de Crédito à Particulares: Neste capítulo vamos fazer
uma análise sobre as causas do rsico de crédito, bem como algumas formas para minimizar
esses riscos;
CAPÍTULO III: Estudo de Caso sobre o Banco Angolano de Investimentos, SA.: Neste
capítulo começamos por descrever os produtos de Créditos a particulares do Banco BAI,
SA, suas garantias e barreiras, bem como os procedimentos a serem verificados na análise
de Crédito.

3
CAPÍTULO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Noções fundamentais sobre as instituições financeiras bancárias

Sendo relevante a função do crédito no sistema económico e financeiro angolano, para uma
melhor compreensão da matéria desenvolvida, este capítulo faz uma resenha sobre
instituições financeiras, mostrando a sua composição, as leis que regem, e forma como vários
conceitos são pensados dentro do contexto.
A Lei nº 13/05 de 30 de Setembro, define instituição financeira como sendo empresas de
direito público ou privado, que exerçam actividades como instituição financeiras bancárias
e não bancárias, nos termos da lei.

1.1.1. Tipos de instituições financeiras

As instituições financeiras estão divididas em dois grupos: as instituições bancárias e não


bancárias.
a) Instituições financeiras não bancárias: são instituições que têm por actividades de forma
exclusivas, a exploração de bolsa de valores, correctores de fundos e as casas de câmbios.
b) Instituições financeiras bancárias: são os bancos, empresas cuja actividade principal
consiste em receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis, a fim de os aplicar
por conta própria, mediante a concessão de crédito.
Sendo objectivo deste trabalho analisar a gestão de risco de crédito do Banco de Negócio
Internacional, vamos nos restringir na análise de categoria das instituições financeiras
bancárias.

1.1.2. Instituições financeiras bancarias com sede em Angola

As instituições financeiras bancarias com sede em Angola devem satisfazer os seguintes


requisitos:
a) Ter propósito exclusivo o exercício da actividade legalmente permitida nos termos do
artigo 4º da presente lei.
b) Adoptar a forma de sociedade anónima,
A composição do órgão de administração e fiscalização é o seguinte:
 O órgão da administração das instituições financeiras bancárias é constituído por um
número impar de membros fixados pelos estatutos da sociedade, com o mínimo de 3
administradores,

4
 A gestão corrente da instituição financeira bancária é confiada pelo menos 2 membros
do órgão de administração.

Assim sendo, só as empresas financeiras consideradas instituições financeiras bancárias


podem receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis para a utilização por
conta própria.

1.1.3. Caracterização das instituições financeiras bancárias

Segundo a Lei 1 /99 de 23 de Abril, define instituições financeiras como sendo empresas
cuja actividade consiste em receber do público depósitos, fundos reembolsáveis e a conceder
crédito por sua conta. Assim as instituições bancárias são caracterizadas por:
 Receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis para utilização por conta
própria,
 Captação de depósitos de clientes,
 Canalização fundo captada sob forma (poupanças) para quem precisa deles
(investimentos) dando origem ao crédito bancário.
 Com o crédito bancário, pretende-se conhecer as principais operações de crédito no
banco ou seja aquela que serve para colocar os fundos captados á disposição do
investimento.
 Transferência de activos financeiros que captaram para as empresas e particulares que
deles necessitam.

1.1.4. Funções das instituições financeiras

As instituições financeiras, segundo a Lei 13/05 no exercício das suas actividades


desempenham as seguintes funções que a seguir descriminamos:
 Recepção, sob a forma de depósitos ou outras análogas, de disponibilidades monetárias
que empreguem, por sua própria conta e risco, em operações activas de crédito,
 O exercício do comércio dos câmbios,
 Prestação dos serviços de transferência de fundos, de guardas de valores e de
intermediários nos pagamentos e na colocação e administração de capitais,
 Outros serviços da mesma natureza que a lei não proíba,
 Intermediação financeira.

1.1.5. Objectivos das instituições financeiras bancárias

5
As Instituições Financeiras Bancarias têm como objectivo fundamental proporcionar o
suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curto, médio e
longo prazo, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas.
Para atender esses objectivos os bancos comerciais podem: descartar títulos; realizar
operações de abertura de crédito simples ou em conta corrente (contas garantidas); realizar
operações especiais, inclusive de crédito rural, de câmbio e comércio internacional; captar
depósitos à vista e a prazo fixo; obter recursos junto as instituições oficiais para repasse os
clientes; obter recursos externos para repasse; efectuar a prestação de serviços inclusive,
mediante convénio com outras instituições.
Tal captação de recursos, junto com a captação via cobrança de títulos e arrecadação de
tributos e tarifas públicas, permite aos bancos repassa-las as empresas, sob forma de
empréstimos que vão gerir a actividade produtiva (stock, salários etc.).
Então são intermediários financeiros que recebem recursos de quem tem e os distribuem
através do crédito selectivo a quem necessita de recursos, naturalmente, criando moeda
através do efeito multiplicador do crédito.

1.1.6. Âmbito das instituições financeiras bancarias

Ainda na (lei nº 13/05 de 30 de setembro, Lei das instituições financeiras, artigo 4º) diz
que as instituições bancárias podem efectuar as seguintes operações:
a) Receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis;
b) Exercer funções de intermediário de liquidação de operações de pagamento;
c) Realizar operações sobre metais preciosos, nos termos estabelecidos pela legislação
cambial;
d) Operar na comercialização de contratos de seguro;
e) Promover o aluguer de cofres e guarda de valores;
f) Realizar operações de capitalizações;
g) Realizar operações de locação financeira e cessão financeira;
h) Conceder garantias e outros compromissos;
i) Realizar operações de crédito;
j) Realizar operações no mercado de capitais através das sociedades de intermediação;
k) Prestar serviços de pagamento;
l) Efectuar transações por conta própria ou alheia sobre instrumentos do mercado
monetário, financeiro ou cambial;

6
m) Participar em emissões e colocações de valores mobiliários e prestações de serviços
correlativos;
n) Prestar consultoria, guarda administração e gestão de carteiras de valores mobiliários;
o) Praticar o comércio de compra e venda de notas, moedas estrangeiras ou de cheques
de viagem;
p) Tomar participações no capital de sociedades;
q) Outras operações análogas e que a lei não proíba.

Portanto as instituições financeiras são caracterizadas, por receber do público depósitos ou


outros fundos reembolsáveis para conceder créditos e para seu próprio uso.

1.2. Contributo de Basileia

O comité de supervisão bancária de Basileia congrega autoridades de supervisão bancária e


foi estabelecido, em 1975, pelos presidentes dos bancos centrais dos países do grupo dos dez
(G-10). É constituído por representantes de autoridades de supervisão bancária e bancos
centrais da Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Luxemburgo, Holanda,
Espanha, Suécia, Reino Unido e Estado Unidos.
Das reuniões deste comité resultam decisões em matéria de supervisão e regulamentação
bancária, normalmente designados por acordos de capital de Basileia.
Desde a sua institucionalização já foram produzidos três acordos, o Basileia I, em 1988, o
Basileia II, proposto em Junho de 1999, e muito recentemente, o Basileia III, em Setembro
de 2010.

1.2.1. Basileia I

Com o final da grande depressão nos anos 30, surgem preocupações relacionadas com
regulação e supervisão do sistema bancário. Nesse sentido, vários bancos estabeleceram
medidas para garantirem a sua performance, entre as quais:
 Medidas que garantissem a solvabilidade do sistema financeiro;
 Medidas de prudência para salvaguardar a liquidez do sistema bancário;
 Medidas que garantissem os depósitos com o objectivo de aumentar a confiança dos
depositantes;
 Intervenção directa em situações de riscos de falências dos bancos;
 Medidas de refinanciamento que garantissem, em último caso que, os bancos, apesar
da perda de confiança dos depositantes, continuassem a funcionar.

7
A necessidade de regulação e supervisão do sistema bancário a crise económica atravessada
por vários países industrializados nos anos 70 e 80 levaram algumas das maiores potências
económicas a apelar por uma harmonização dos padrões de supervisão bancária.
Nesse sentido, juntamente com o esforço conjunto das entidades supervisoras dos Estados
Unidos e do reino Unido foi criado em 1988, o acordo de Basileia I para cálculo do capital
regulamentar, com os seguintes objectivos:
 Garantir a segurança e solvabilidade do sistema bancário, aconselhando as instituições
bancárias a assumir níveis reforçados de capitais;
 Facilitar a convergência de práticas de supervisão num número alargado de países e
diminuir as desvantagens competitivas consequentes das diferenças estruturais entre
os sistemas financeiros de vários países.
Segundo Peres (2011, p. 65), o Basileia I, foi ratificado por mais de 100 países. Este acordo
tinha como objectivo criar exigências mínimas de capitais, que devem ser respeitados por
bancos comerciais, como precaução contra o risco de crédito.
Por outro estabeleceu os níveis mínimos de solvabilidade1 para o sistema bancário
internacional, contribuindo assim para reforçar a solidez e estabilidade do mesmo. Por outro
lado, tinha como objectivo criar exigências mínimas de capitais, que devem ser respeitados
por bancos comerciais, como precaução contra o risco de crédito.
No entanto, esse acordo apresenta algumas limitações, sendo assim criticado por alguns
autores, principalmente pelo facto de Basileia I não ter evitado inúmeras falências de
instituições financeiras na década de 1990.

1.2.2. Basileia II

Na sequência das distorções criadas pelo acordo de Basileia de 1988, bem como das
transformações nos mercados financeiros a nível internacional que tornaram o perfil de
riscos das instituições bancárias cada vez mais complexo, em Junho de 1999, o comité de
supervisão bancária propôs a primeira revisão do acordo vigente, aperfeiçoado
posteriormente em Janeiro de 2001 e em Abril de 2003.

Ciente das críticas apresentadas a Basileia I, o comité da Basileia emitiu, em 1999, a primeira
versão de uma proposta de substituição ao primeiro acordo. Após três versões consultivas,
em 2004, foi publicado o novo acordo de capital, o Basileia II, que passou por algumas
alterações até a sua versão mais recente de 2006.

1
Solvabilidade é entendida como sendo a capacidade de uma empresa em cumprir com os seus compromissos
de médio e longo prazo.
8
Para Peres (2011, p. 65), o Basileia II, baseou-se na necessidade de adopção de novo
referencial que reflectisse de forma mais precisa o modo como os bancos avaliam seus riscos
e alocam internamente o capital. Este novo acordo de capital fixa-se em três pilares que são:
 Capital a guardar; Supervisão e fiscalização; Transparência e disciplina de mercado
(divulgação de dados).
 Segundo o autor supracitado, os três pilares sobre os quais se ergue o Basileia II
consistem no seguinte:
 Capital, determinação dos requisitos mínimos de fundos próprios para cobertura dos
riscos de crédito, de mercado operacional;
 Processo de supervisão, convergência das políticas e práticas de supervisão que podem
originar a fixação de requisitos mínimos diferenciados, em função dos perfis de risco
ou da solidez dos sistemas de gestão e controlo das instituições;
 Disciplina de mercado, prestação de informação ao mercado e ao público em geral, de
modo a assegurar maior transparência sobre a situação e a solvabilidade das
instituições.
 Segundo Silva (2008, p. 34) citado por Oliveira (2010, p. 18) tal acordo, em sua
modificação, divide-se em três pilares, conforme demonstrado no tabela abaixo:
Tabela 1 - Os três pilares de Basileia II

Os três pilares de Basileia II


PILAR 1 PILAR 2 PILAR 3
Dimensionamento mínimo Processo de revisão pela Exigência de disciplina de
de capital que baseia pesos e supervisão visa assegurar mercado busca divulgação
riscos em classificações que os bancos sigam dos níveis de capital e
externas ou internas de processos que possibitem exposição ao risco para o
crédito uma medição rigosa dos mercado avaliar a solvência
riscos dos bancos
Fonte: Silva, 2008, P. 34

Assim, o novo acordo de Basileia considera não apenas o risco de crédito, como também os
riscos de mercado e pela primeira vez, passam a ser considerados os operacionais da
actividade bancária. Também foram introduzidos alterações à forma de avaliação do risco
de crédito. Essas alterações culminaram na definição de três pilares, interligados, que em
conjunto contribuem para a solidez e fortalecimento do sistema financeiro.

9
1.2.3. Basileia III

O Basileia III surge em 2008, tendo como espelho a intensidade e abrangência da crise
financeira dessa altura. Surge da necessidade de redimir os padrões básicos de supervisão e
regulação do sistema financeiro mundial.
Para Peres (2011, p. 70), o Basileia III, define regras mais rígidas de liquidez e de capital
próprio para o sistema bancário mundial, a fim de proteger os bancos de problemas de crédito
e evitar uma crise financeira.
Os bancos são obrigados a deter mais capital e activos de menor risco, de forma a limitar os
riscos tomados na concessão de crédito e na negociação de activos, o que deverá torná-los
mais resistentes a choques financeiros semelhantes aos que originaram a actual crise
financeira mundial.
As principais regras do Basileia III a serem implementadas de forma faseada entre Janeiro
de 2013 e Janeiro de 2015, segundo o autor acima citado são:
Cota mínima capital tier 1: refere-se às reservas básicas de capital de um banco, calculadas
de acordo com o grau de risco dos activos da instituição. O capital tier 1é 6%, e capital
central core tier 1 é de 4.5%. (prazo de implementação janeiro/2013 vs janeiro/2015).
Colchão de protecção de capital: introduz um “colchão de protecção de capital” de 2.5%,
que se soma ao core tier 1 e tem por objectivo evitar que o capital seja esgotado de forma
rapida em tempos de crise. Essa regra será paulatinamente introduzida a partir de janeiro de
2016 e deverá estar em vigor em janeiro de 2019.
Colchão de capital anticíclico: a protecção pode chegar até 2.5% de acções ou outro capital
capaz de absorver perdas, tem por objectivo forçar os bancos a constituir um colchão
adicional quando houver sinais de crescimento excessivo de crédito agregado. Deverá ser
criada quando o supervisor detectar turbulência no mercado de crédito.
Colchões de liquidez: o liquity coverage ratio (LCR) e o net stable funding ratio (NSFR),
têm por objectivo impedir que os bancos transformem créditos de curto prazo em créditos
de longo prazo através de refinanciamento. O LCR foi introduzido em 2015 e o NSFR deverá
ser introduzido em 2018.
Taxa de alavancagem: mostra o quanto um banco está endividado em relação a seu capital
próprio. A cota deve impedir que os bancos se excedam na concessão de empréstimos de
alto risco. Essa regra deve passar a valer em 2018.

10
1.3. Definição de Crédito

A palavra Crédito deriva do latino “Credere” que significa acreditar, confiar ou ter, isto é,
forma de obter recursos para destinar a alguns empreendimentos ou atender a alguma
necessidade. Leoni (1997, p.96).
Segundo Pires (1996: 182), o Crédito é o acto de troca económica em que o credor realiza
uma prestação, em determinado momento, a favor de outrem e aceita o risco da respectiva
contraprestação ser diferida para o momento ou momentos posteriores, confiando no
cumprimento pontual do creditado e tendo normalmente direito a uma remuneração.
Para Schrickel (1995, p.25), O crédito é todo po acto de vontade ou disposição de alguém de
destacar ou ceder temporariamente, parte do seu património a um terceiro, com a expectativa
de que esta parcela volta a sua posse integralmente, depois de decorrido o tempo estipulado.
O Crédito é normalmente considerado como uma transmissão de capitais dos agentes
económicos que possuem riquezas, para aqueles que, não a possuindo no presente, têm a
capacidade de o aplicar de forma produtiva, permitindo uma liquidez na altura oportuna,
quer para as empresas, quer para os particulares.
O acesso ao crédito é visto em muitas situações como um sinal de indempência,
predominantemente para a classe dos jovens trabalhadores, recorrendo a este para a criação
de condições materialmente estruturantes, como o automóvel pesssoal, habitação e muitas
outras.

1.4. Elementos do Crédito

Diante da diversidade que encontramos no mercado de Crédito hoje, aplicado a vários


seguimentos da economia, faz-se fundamental entender alguns aspectos, como a
metodologia usada para a sua concessão, os diversos tipos de financiamentos e empréstimos,
suas particularidades e ainda, o que está implícito em cada análise.
A decisão de financiar, emprestar ou não, está além de ser baseada simplesmente em
números, dando espaço a quatro elementos inerentes: A Confiança, o tempo, o risco e os
juros.
 A Confiança: Etimológicamente a palavra confiança mistura reciprocidade e fé, porque
tem a ver com a segurança íntima com que se procede, isto é, dispor a um tomador,
recursos financeiros para financiar despesas ou investimentos. Presume-se no
cumprimento do acordo firmado entre o Credor e o Devedor.
Ou seja, o Crédito exprime a confiança que o Credor deposita no devedor, tendo a
convicção de que o compromisso será honrado. É um elemento de extrema importância,
11
visto que a sua falta ou enfraquecimento provocado por situações económicas ou
políticas, podem causar críses no sistema Bancário.
 O Tempo: O tempo constitui um elo entre o presente e o futuro, visto que através deste
se pode consumir ou investir hoje, o que só o rendimento de amanhã permitiria. Neste
caso, o tempo torna-se o prazo que o devedor tem disponível para capitalizar e quitar a
obrigação ora adquirida.
Em suma, quanto maior for o prazo concedido, maior deve ser a confiança do Credor na
pessoa devedora.
 O Risco: É o elemento constante do Crédito, dado que existe sempre a incerteza do
devedor liquidar ou honrar os seus compromissos para com o credor, apesar de existir
uma confiança fundamentada do credor ao devedor.
Existem diversas razões independentes da vontade do devedor que podem levar ao
incumprimento das suas obrigações, originadas em muitas situações por factores
internos como, profissionais desqualificados, controles de riscos inadequados,
ausências de modelos estatísticos, concentração de crédito com clientes de altos riscos;
ou por factores externos como alterações das situações macroeconomicas, que podem
afectar a liquidez da pessoa física ou jurídica, originando incapacidades de
cumprimentos das Obrigações.
Por outras palavras, o risco é a possibilidade do credor vir a sofrer perdas, devido ao
incumprimento parcial ou total por parte do devedor;
 Os Juros: Normalmente quando o Credor concede o Crédito sofre um custo económico,
ou seja, ele deixa de poder dispor desse montante durante o prazo estipulado, e por isso,
é compensado atravês de uma remuneração correspondente a este prazo, o juro, isto é,
a valor acrescido ao Capital inicial, no momento de resgate.
São estes os quatro elementos necessários e característicos na realização de Operações de
Créditos, uma vez que se a falta de confiança do credor sob o devedor, e na indisponibilidade
do credor correr o risco inerente a esta falta de confiança, não haverá cedência de Crédito.
Por outro lado, o juro é outro elemento que está directamente ligado ao Crédito, dado que o
credor tem o direito de ser recompensado pelo tempo que o seu dinheiro não esteve
disponível, e que o devedor deve reembolsar o capital emprestado, acrescido dos juros.
Noutro caso, o tempo entre o valor concedido e o valor reembolsado é determinante, para
permitir que o devedor tenha capacidade de reembolsar.

12
1.5. Modalidades de Créditos

Os Bancos, com maior predominância os Bancos Comerciais, têm disponíveis para os seus
Clientes particulares uma diversidade de créditos, que são adaptadas aos seus clientes em
função da análise feita sobre o mesmo. Por esta razão, vamos enumerar algumas destas
modalidades que usualmente e com maior frequência os Bancos concedem a particulares.

1.5.1. Os Cartões de Créditos

O cartão de Crédito é um produto bancário que serve como meio de pagamento,


possibilitando ao usuário efectuar compra de bens e contratar serviços em mercados
nacionais ou internacionais, sem necessidade da liquidação mediante, com possibilidade de
liquidação posterior, não descartando a possibilidade de levantar em dinheiro em caixas
multibancos “Cash-advence”.
O Cartão de Crédito permite o utilizador efectuar compras e pagamentos até um
determinado limite previamente estabelecido pela entidade emissora do cartão, normalmente
chamado de Plafond de Crédito.
A utilização deste plafond está associada a um Crédito revolving, isto é, cada vez que se faz
o pagamento do planfond disponível, este passa a estar novamente disponível no Cartão.
Existem duas modalidades de pagamentos. A liquidação pode ocorrer logo após o término
do período ou pode-se proceder a liquidação total do valor usado, podendo estar isento de
juros, ou parcial do montante em dívida, com juros associados. Normalmente quanto menos
pagar, maior será o juro aplicado e torna o crédito mais caro. As taxas de juros normalmente
utilizadas para os Cartões de Créditos são elevadas comparativamente a outras modalidades
de créditos.
O risco da entidade credora, está directamente associado a capacidade dos utilizadores
assumirem o pagamento das dívidas, ao limite de créditos que lhes é atribuido e ao risco
associado a espectativas quanto a actividade económica, sendo a análise de risco baseada
principalmente em indicadores quantitativos e a aprovação do limite de crédito atribuído
com base no resultado da ferramenta de Credit Scoring. O facto de os utilizadores não
procederem a pagamentos regulares dos montantes em dívidas, acumulando juros à dívida
existente, é uma degradação do seu perfil de risco.

1.5.2. Crédito Consumo ou Pessoal

É a modalidade de Crédito destinada a particulares com finalidade de consumo pessoal,


dependendo da necessidade do tomador do Crédito. É um crédito concedido para curto ou
13
médio prazo em que normalmente não lhe está associada a exigência de garantias reias, uma
vez que, a capacidade de reembolso do Cliente é que tradicionalmente assegura o
cumprimento das suas obrigações.
Devido a perda do poder económico, atualmente as instituições financeiras, para
determinados prazos têm exigido algumas garantias pessoais, o aval ou a fianças de outros
indivíduos. Muitas das vezes a falta de garantias reais associadas, as taxas do Crédito pessoal
tendem a serem elevadas.
O desenvolvimento da atividade económica em geral, o rendimento disponível das famílias,
o nível de emprego e a concorrência de outras instituições financeiras conduzem
normalmente a uma maior ou menor restritividade na concessão deste tipo de crédito.

1.5.3. O Crédito Habitação

O Crédito Habitação é um financiamento a longo prazo a pessoas físicas, com a finalidade


de construir, reformar ou adquirir um bem imóvel, sendo o mesmo a garantia real associada.
Os riscos associados à expetativa quanto ao desenvolvimento da atividade económica em
geral do país ou região em que o mutuário se insere, o rendimento disponível das famílias e
o nível e estabilidade do emprego são igualmente fatores que influenciam o risco destas
operações.

1.5.4. O Descoberto Bancário

É a situação em que o Cliente pode efectuar pagamentos ou saque um valor superior ao saldo
disponível em conta, colocando-o em situação de devedor.
Os descobertos podem ser Descobros autorizados, aquele que resulta no prévio acordo entre
o Cliente e o Banco, onde se estipula um limite para o descoberto, a taxa de juro e o período
de vigência do saldo a descoberto. É comum este tipo de crédito, estar associado a contas à
ordem com domiciliação de ordenado, sendo essa em grande parte a garantia do crédito;
também pode ser Descobros não autorizados, aquele que ocorre sem contrato prévio entre
o Banco e o Cliente, em que são associadas comissões pela situação de descoberto.
Normalmente as taxas de juros e encargos estão definidas no contrato da conta a ordem.
Neste caso, pode registar-se assim uma ultrapassagem de crédito aceite pelo banco, sem
acordo prévio, podendo o Cliente dispor de fundos que ultrapassam o saldo da suja conta.

14
1.5.5. O Leasing Financeiro

A locação ou leasing2 é um contrato pelo qual o locador transfere para o locatário, por
contrapartida de pagamento de uma renda (fixa ou variável), o direito à utilização de um
bem (móvel ou imóvel), por um período de tempo acordado. Normalmente, o prazo depende
do período de vida útil do bem (Augusto & Gama, 2008). Sendo normalmente definido no
contrato de leasing financeiro, um valor residual, que o cliente paga no final do contrato,
caso queira tornar-se proprietário do bem e usufruí-lo a título definitivo. De acordo com os
termos da lei em vigor, o contrato de leasing mobiliário não pode ser efetuado por um
período de tempo superior ao período de vida útil do bem. Os contratos de leasing financeiro
caracterizam-se pela transferência para o locatário de todos os riscos e vantagens inerentes
à detenção de um dado ativo, limitando-se o locador a comprar ou construir os bens, a receber
rendas e, em certos casos, a efetuar os seguros necessários, independentemente do titulo de
propriedade poder ou não vir a ser transferido (Borges, et al., 2005). O leasing é normalmente
concedido pelas entidades financeiras aos privados nas modalidades de leasing automóvel e
leasing imobiliário.

1.6. Classificação de crédito

Conforme Castro (1996 p. 85), a concessão de crédito baseia-se na confiança para quem o
concede (credor) vender ou entregar algo em determinado momento ao comprador (devedor)
para receber o pagamento futuramente. Assim resulta uma vantagem para o beneficiário do
deferimento (devedor) e um e perda para quem concede o crédito (credor) que por isso é
compensado através do recebimento de um preço, donde casos comuns se incluem os
respectivos juros.
O crédito classifica-se da seguinte forma, segundo o autor supracitado:

2
A palavra leasing tem origem anglo-saxónica, decorrente do verbo to lease, que significa ceder a posse por
arrendamento/aluguer
15
Figura 1 - Classificação do Crédito

Crédito

Público Privado

Comercial Bancário De capital

Fonte: Elaboração Própria

1.6.1. Crédito público

Quando o Estado (entidade devedora) realiza operações de financiamentos para obter uma
receita não efectiva, mobilizando as poupanças das famílias ou das empresas para fins
específicos através da emissão de títulos que se denominam de divida publica e que dão
direito á restituição aos seus subscritores, num prazo determinado, do capital e dos juros.

1.6.2. Crédito privado

 Crédito comercial: praticado entre agentes económicos, fundamentalmente entre os


produtores, os comerciantes e os consumidores. Tem por finalidade a expansão das
vendas, através do alargamento dos prazos de pagamento dos bens ou serviços
transacionados. Uma das modalidades do crédito comercial é a venda a prestações, a
qual permite expandir o consumo actual à custa dos rendimentos futuros, colocando-se
bens ao alcance de consumidores sem poder de compra.
 Crédito bancário: é praticado por instituições especializadas que consiste em emprestar
mediante uma remuneração (juros) por um prazo definido e redeando-se de garantias.

16
 Crédito de capital: é utilizado pelas sociedades anónimas para obterem o capital de que
necessitam para um período mais ou menos longo e que reveste a forma de emissão de
acções ou obrigações.
Para Securato (2012 p. 25), o crédito pode ser classificado como público ou privado,
considerando que:
 Crédito público: tem origem nas necessidades de cobertura dos gastos governamentais,
tanto de custeio como de investimentos. Em geral, este crédito é obtido por meio da
emissão de papéis ou títulos, que caracterizam obrigações com prazos e juros definidos.
 Crédito privado: tem origem na necessidade de recursos das empresas dos mais
variados sectores, para cobertura de capital de giro ou para investimentos, visando á
continuidade e crescimento de seus negócios. O crédito privado também se estende às
pessoas físicas, para suprir necessidades imediatas de caixa ou para antecipar consumo
ou investimento.
O crédito pode ainda ser classificado sendo em bancário ou comercial, considerando que:
 Crédito bancário ou financeiro ocorre quando o portador de meios financeiros é uma
instituição financeira.
 Crédito comercial ocorre quando o portador dos recursos é uma empresa comercial,
prestadora de serviços ou de actividade industrial.
O crédito bancário pode ser realizado por meio de vários tipos de instrumentos. Para termos
uma ideia da gama de situações, extremamente comuns, nas quais o crédito está presente,
podemos citar os empréstimos pessoais e para empresas, as operações de middle market e
corporate e ainda as operações a vista com pagamento em cheque.
As operações de crédito podem ser ainda classificadas de acordo com a finalidade do
empréstimo:
 Crédito imobiliário: quando os recursos tomados têm como objectivo a aquisição de
imóveis;
 Crédito agrícola: quando os recursos tomados têm como objectivo estimular os
investimentos rurais pelos produtores e cooperativas;
 Crédito ao consumo: quando os recursos tomados são destinados à aquisição de bens
duráveis;
 Crédito educativo: quando os recursos tomados têm como objectivo o financiamento
de formação educacional.

17
1.7. A Necessidade de Definição de uma Política de Crédito

É importante e indispensável que haja uma política de Crédito, que oriente todo o seu
processo. Em geral, os recursos próprios de um banco representam uma pequena parte dos
seus meios de acção. A maior parte dos seus meios de acção é constituída pelos depósitos
dos seus clientes.
Assim sendo, quando um banco concede um crédito a um cliente está a emprestar o dinheiro
dos seus depositantes. Por esse motivo, o banco ao conceder o crédito deve assegurar que
este está em segurança, que gera uma mais-valia (juro) e que consegue facilmente reaver os
fundos, visto que tem de reembolsar os seus depositantes.
Podemos assim definir a Política de Crédito como “regras de conduta comercial e financeira,
que servem de orientação para a conceção de crédito”3. Estas políticas são orientadas de
acordo a três princípios importantes: A Segurança, rentabilidade e liquidez.
A definição de uma política de crédito é condicionada quer pelo carácter financeiro quer pela
envolvente externa, ou seja, as alterações que ocorrem no mercado, nas preferências dos seus
clientes, nas actuações dos seus concorrentes, na estabilidade económica do sector e nas
regras impostas pelas autoridades monetárias. Os bancos procuram diversificar as suas
aplicações, evitando assim a excessiva concentração, com o intuito de evitar situações que
provocam instabilidade na empresa, caso ocorresse uma crise no sector de actividade
escolhido.
Os Bancos ao concederem o crédito, em princípio basea-se em regras que lhes assegurem
manter a coerência ao nível do risco assumido. Conceder crédito é uma decisão de
financiamento de curto prazo, cuja grandeza dos riscos a ele inerente está dependente da
política de crédito definida e da forma como ela é estabelecida e controlada. Se a decisão for
positiva, significa que o banco considerou que o risco associado era comportável. Após o
acordo de ambas as partes relativamente ao crédito, o banco deverá acompanhar esse crédito,
o comportamento dos devedores e assegurar-se de que as garantias oferecidas ou pedidas
foram correctamente constítuidas.

3
Baptista, 1996: 25
18
1.8. Tipos de Políticas de Crédito

1.8.1. Política de Crédito Restritiva

Esta política oferece a instituição uma análise mais detalhada sobre as variáveis ou
características do Cliente, por forma a garantir que corra poucos riscos no processo do
Crédito.
É um tipo de política adotada por instituições que normalmente não têm grandes índices de
crescimento e que essencialmente operam em nichos de mercado, onde os clientes são muito
selecionados. Normalmente esta atitude é contrária às Instituições modernas que geralmente
preferem alargar um pouco mais as condições, neste acesso ao crédito por parte dos clientes.
É de referir que, no entanto, quem as adopta tem, de um modo geral, uma situação financeira
estável e que não necessita de recorrer a grandes créditos bancários ou a créditos de
fornecedores
As vezes, as políticas restritivas deterioram a posição da instituição fincaceira no mercado,
e consequentemente ser ver ultrapassada pela concorrência cuja oferta de bens e serviços
seja similar mas com condições de pagamento bem mais aliciantes. Uma vez isto
acontecendo, a empresa se não for suficientemente eficaz na substituição dos clientes que
perdeu, verá o seu volume de vendas a diminuir, bem como as receitas e o lucro.
Poder-se-á dizer que, esta política só está errada quando começar a colocar em risco a
sobrevivência da empresa.

1.8.2. Política de Crédito Moderada

A política de crédito moderada constitui o meio-termo entre a política de crédito restritiva e


a política de crédito liberal.
A instituição ao adoptar esta política aceita alguns riscos, a favor de uma maior facturação.
Mas porém, as instituições financeiras sempre que perceberem que o risco seja elevado,
podem adoptar uma política restritiva, assim como, dependendo da situação, podem também
oferecer condições de créditos mais liberais aos melhores clientes.
A política moderada é frequentemente a mais predominante nas instituições financeiras, uma
vez que, aceitam correr maiores riscos com clientes que possam garantir compras com
valores mais altos, mas que em contrapartida, usam políticas mais restritivas para clientes
com atrasos de pagamentos.

19
1.8.3. Política de Crédito Liberal

A política de crédito liberal é caracterizada por ser a mais arriscada. As instituições adoptam
esta política quando possuem um fraco poder negocial no mercado. Estas pretendem atingir
crescimentos rápidos das suas quotas de mercado através da atracção do maior número de
clientes possível.
Por isso, é natural que surjam clientes a aproveitar este tipo de concessão de crédito para
comprarem mais, e por vezes, mais do que realmente podem, fazendo com que os
pagamentos sejam efectuados após os respectivos vencimentos. No entanto, sendo o risco
maior, também a probabilidade de crescimento é alta, traduzindo-se assim esta política como
uma estratégia de penetração.
É um tipo de política de carácter temporário e que com o passar do tempo tendam a substitui-
la por outras mais moderadas. Conscientes disto, os gestores sabem que, não conseguindo
obter uma razoável quota de mercado, as consequências que daí resultam serão naturalmente,
um aumento do custo do crédito; um maior número de incobráveis e maiores dificuldades
financeiras4.

4
Baptista, 2004
20
CAPÍTULO II - ANÁLISE DO RISCO DE CRÉDITO A PARTICULARES

2.1. O Risco de Crédito

Todo e qualquer Crédito envolve a espectativa do recebimento de um valor em um certo


período de tempo. Neste caso, a possibilidade dessa espectativa não se cumprir é que
chamamos de Risco de Crédito.
De forma mais específica, o risco de crédito pode ser entendido como a possibilidade de o
credor incorrer em perdas, em razão das obrigações assumidas pelo tomador não serem
liquidadas nas condições acordadas.
Segundo Bessis (1998, p.81), O risco de crédito pode ser definido pelas perdas geradas por
um evento de default5 do tomador ou pela deterioração da sua qualidade de crédito. Há
diversas situações que podem caracterizar um evento de default de um tomador, como
exemplo o atraso no pagamento de uma obrigação, o incumprimento de uma cláusula
contratual restritiva (covenant), o início de um procedimento legal como a concordata e a
falência ou, ainda, a inadimplência de natureza econômica, que ocorre quando o valor
econômico dos ativos da empresa ou do indivíduo se reduz a um nível inferior ao das suas
dívidas, indicando que os fluxos de caixa esperados não são suficientes para liquidar as
obrigações assumidas.
O risco de crédito pode ser avaliado a partir dos seus componentes, que compreendem o
risco de default, o risco de exposição e o risco de recuperação. O risco de default está
associado à probabilidade de ocorrer um evento de default com o tomador em um certo
período de tempo, o risco de exposição decorre da incerteza em relação ao valor do crédito
no momento do default, enquanto o risco de recuperação se refere à incerteza quanto ao valor
que pode ser recuperado pelo credor no caso de um default do tomador. O risco de
recuperação depende do tipo do default ocorrido e das características da operação de crédito,
como valor, prazo e garantias. O risco de default é também tratado por “risco cliente”, pois
está vinculado às características intrínsecas do tomador de crédito. Os riscos de exposição e
de recuperação são tratados por “risco operação”, uma vez que estão associados a fatores
específicos da operação de crédito.
A mensuração de risco de crédito é o processo de quantificar a possibilidade da instituição
financeira incorrer em perdas, caso os fluxos de caixa esperados com as operações de crédito
não se confirmem. O risco de default constitui a principal variável desse processo, podendo

5
Segundo Fitch (2000), default significa fracasso em cumprir uma obrigação contratual, como o pagamento
de um empréstimo pelo devedor ou pagamento de juros aos detentores de títulos.
21
ser definido como a incerteza em relação à capacidade de o devedor honrar os seus
compromissos assumidos, e o mais difícil de ser quantificado.
Para tentar minimizar ao máximo o risco de crédito, é muito importante saber se os clientes
têm problemas financeiros, devendo a sua credibilidade ser avaliada com base na sua
situação atual, a qual deverá ser revista e confirmada regularmente. É necessário vigiar,
continuamente, os limites de crédito, os quais devem ser cumpridos rigorosamente quanto
possível. Alguns gestores permitem que os limites de crédito sejam frequentemente
ultrapassados e até ignorados, o que, desta forma torna a empresa vulnerável. Quando isto
ocorre, começa a ser exercida demasiada pressão sobre todos os clientes, o que também não
é aconselhável. Os limites de crédito vigiados e continuamente avaliados evitam problemas
sérios de falta de liquidez.
Normalmente, a tomada de decisão no processo de análise de crédito acaba decorrendo num
ambiente de muita incerteza.

2.2. A Volatilidade do Risco

O risco de crédito varia consoante os ciclos económicos, aumentando de intensidade nos


períodos de recessão-depressão. As variações ao nível da intensidade do risco e as restrições
em matéria de crédito contribuem para acentuar a expansão ou a contracção do ciclo
económico.
Normalmente, nos períodos desfavoráveis da economia, o risco de deterioração do crédito
aumenta, afectando o equilíbrio e a liquidez do sistema financeiro. A concessão de crédito é
realizada numa base conservadora e restritiva, o que pode conduzir a níveis de produção,
emprego e rendimento excessivamente baixos, contraindo o desenvolvimento da economia.
As instituições, para fazer face a esta volatilidade, tendem a orientar sua actuação em função
do ciclo económico.

2.3. Técnicas para minimizar o Risco de Crédito

2.3.1. Os 5 C´s – Carácter, Capacidade, Capital, Colaterais e Condições

A necessidade de controlo e gestão eficaz do risco levou as instituições financeiras a


aperfeiçoarem as técnicas de análise de risco. As mudanças ocorridas no cenário económico
e financeiro angolano principalmente a partir da Críse económica de 2008, contribuiram para
que as instituições financeiras se preocupassem cada vez mais com o risco de crédito.

22
A análise de crédito é um processo que deve agrupar informações em relação ao Cliente,
com o objetivo de avaliar a sua capacidade de assegurar o cumprimento quanto às obrigações
por este incorridas, fornecendo assim um suporte à decisão de conceder ou não o crédito.
Alguns analistas de crédito geralmente utilizam um método para orientar as suas análises
sobre as dimensões-chave da capacidade financeira de um determinado cliente. Veremos
algumas normalmente indicadas como “Os 5 C´s do Crédito”6, Compostas por 5 dimensões
distintas:
a) O Carácter: Avalia o histórico do cliente relativamente ao cumprimento das suas
obrigações financeiras. Reúne dados relativos a idoneidade e reputação do cliente, como
dados de pagamentos, e qualquer tipo de processos judiciais pendentes ou concluídas
contra o cliente serão utilizados;
b) A Capacidade: Avalia o potencial do cliente para pagar o crédito solicitado. Analisa a
taxa de esforço do cliente, evidenciando se o rácio despesas/receitas permite gerar
margem financeira para o pagamento do Crédito. Efectua as análises das demonstrações
financeiras, com especial incidência nos rácios de liquidez e endividamento, são
utilizados para avaliar a capacidade do devedor;
c) O Capital: Avalia o património do tomador do crédito. Procura analisar todas as fontes
de rendimento do cliente, bem como património que este tenha e possa ser utilizado
como eventual garantia;
d) O Colateral: Avalia os ativos que o cliente coloca à disposição com o objetivo de
garantir o crédito. Nomeadamente a capacidade para oferecer garantias ao empréstimo.
Normalmente, quanto maior for o montante desses activos,maior será a probabilidade
de se recuperar o valor creditado, em caso de incumprimento;
e) As Condições: Avalia as condições económicas e empresariais que possam afetar
qualquer uma das partes envolvidas no negócio. Ou seja, avalia as condições de
adaptabilidade do cliente do ponto de vista financeiro às alterações a situações
conjunturais na economia e na sociedade (subida das taxas de juro, desemprego, redução
salarial), possuir agilidade e flexibilidade para se adaptar e criar mecanismos de defesa.

2.3.2. O Preço baseado no risco

As instituições financeiras para minimizar o risco incluem no preço do crédito (spread) o


risco individual de cada cliente, que é constituído por uma taxa de juro do empréstimo que

6
Weston e Brigham, (Weston, et al., 1996)
23
inclui o valor temporal do dinheiro, os custos administrativos e a probabilidade de
incumprimento do devedor.
Assim sendo, um devedor que apresente uma menor probabilidade de incumprimento terá
associada uma taxa de juro mais reduzida e viceversa.

2.3.3. As Garantias de Crédito

As garantias podem ser tratadas em dois distintos grupos, os quais, as Garantias reais e as
garantias pessoais.
Nas Garantias Reais são consideradas a hipotéca e o penhor, e nas garantias pessoais são
consideradas o aval, a fiança e as livranças.
O Objectivo das garantias nos processos de créditos, é de aumentar significativamente o
nível de segurança no processo, bem tornar os devedores mais comprometidos com o
processo.
Contudo, as garantias não devem ser factores predominantes para a aprovação do Crédito,
uma que, constituem apenas um auxiliar de minimização do risco. Geralmente, os bancos
preferem não realizar operações com clientes que têm indícios fundados de que não merecem
confiança, ainda que, materialmente, os eventuais créditos estejam suficientemente
caucionados.

2.3.4. O Seguro de Proteção ao Crédito

Todo e qualquer processo de Crédito está assocido a um risco, como desemprego, morte,
incapacidade de um dos elementos do agregado familiar, etc.
Para dar cobertura a estes possíveis riscos, são implementados os Seguros de Protecção de
Crédito. Estes seguros acarretam vantagens quer para o tomador do crédito e do seu agregado
familiar quer para as entidades que concedem o crédito, dado que, no primeiro previne em
parte o incumprimento e no segundo minimiza os riscos do crédito malparado.

2.4. Factores Psicológicos e Comportamentais como variáveis na análise de Crédito a


Particulares

2.4.1. Causas do Incumprimento

Das possíveis causas apontadas é possível dividi-las em três grandes vertentes, uma
relacionada com a envolvente macroeconómica (evolução da conjuntura e política
económica e habitacional, taxa de desemprego, taxa de juro), outra ligada às características

24
socio-económicas e comportamentais dos agregados familiares (idade, sexo, situação
profissional, habilitações económicas, vínculo laboral, rendimento mensal, dimensão do
agregado familiar, número de créditos na banca) e, por fim, aquela relacionada com as
características do crédito.

2.4.2. Tipologia de Devedores

De acordo, com a Revista “Venda Mais”7, Existem diversos tipos de devedores, citados
abaixo:
1. Devedor compulsivo - É aquele que compra por impulso e se endivida além da sua
capacidade de pagamento, sem considerar outros compromissos financeiros já
assumidos.
2. Devedor mal pagador - Também conhecido como caloteiro. É o consumidor que compra
ciente de que não terá como pagar, faz de tudo para obter créditos e, quando é cobrado,
se recusa a quitar suas dívidas.
3. Devedor negligente - É aquele que sempre precisa ser lembrado de suas
responsabilidades, pois assume compromissos e não agenda as datas de vencimento,
atrasando o pagamento.
4. Devedor ocasional - É o consumidor que, por não estar acostumado a dever,
envergonha-se da situação. Costuma esclarecer por que não pagou e procura uma
alternativa para quitar seu débito.
5. Devedor profissional - É aquele difícil de ser encontrado. Embora não se negue a quitar
a dívida, nunca paga.
6. Devedor sazonal - É o consumidor que atua em segmentos em que a renda oscila de um
período a outro, por exemplo, nos setores agrícola e têxtil.

2.4.3. Análise Cadastral do Cliente

Para Bem, Santos e Comitre (2007) a verificação dos registros cadastrais e de


comportamento do cliente permite conhecer a sua situação com relação a:
 Inadimplência nos pagamentos de operações de crédito no “Alfa”;
 Atrasos nos pagamentos das operações de crédito no “Alfa”;
 Perdas e prejuízos nas operações de crédito concedidas e;
 Inadimplências e atrasos nos pagamentos das operações de crédito no mercado.

7
Revista Venda Mais, Ano 12, edição 142/2006
25
A análise cadastral consiste no levantamento e análise de informações relacionadas à
idoneidade do cliente com credor e mercado de crédito.
A idoneidade financeira do cliente é uma das principais informações averiguadas, senão a
primeira, na análise de crédito. Caso o cliente não apresente informações negativas, ou tenha
regularizado as restrições existentes, as demais informações deverão ser coletadas para
análise do risco total do crédito.

2.4.4. Análise do Perfil (Credit Score)

Outra forma utilizada para a Análise de Perfil é o instrumento Credit Score, que segundo
Silva et al (1997 apud Pinto e Martins, 2006) é definido como o processo de atribuição de
pontos às variáveis de decisão de crédito, mediante aplicação de técnicas estatísticas.
Sua aplicação mais comum é na concessão ou renovação de crédito a pessoas físicas ou
jurídicas, onde, a partir da agregação dos scores, elabora-se a análise de ganhos e perdas em
função da rejeição de clientes abaixo do número de pontos exigidos na avaliação de
concessão de crédito. No instante em que a instituição tiver mais prejuízo do que ganho pela
não-aceitação de clientes potenciais, obtém-se o score de corte.
É feito com base nas informações cadastrais do tipo, Idade, dados da renda, bens
patrimoniaise operações de crédito contratadas em outras instituições financeiras8; Cada
informação recebe uma pontuação e a nota final é demonstrada no conceito da avaliação do
cliente.

2.4.5. Análise de Comportamento (Behaviour Score-BS)

Essa ferramenta de trabalho de avaliação para a concessão de crédito é utilizada para avaliar
o comportamento histórico do cliente que possui relacionamento de crédito junto ao banco
e é utilizado para estimar o desempenho futuro de clientes.
Essa avaliação é feita com base nas informações sobre comportamento do tipo:
 Comportamento de utilização dos créditos;
 Comportamento de pagamento em operações de crédito;
 Ocorrência de cheques devolvidos;
 Comportamento de pagamento de fatura de cartão de crédito;
O modelo de Behaviour Score cria balizas para as tomadas de decisão para a manutenção
dos créditos já concedidos, a concessão de novos créditos, bem como flutuação de limites
concedidos.

8
Em Angola existe uma Central de Informações de Risco de Crédito (CIRC), gerida pelo BNA.
26
CAPÍTULO III - ESTUDO DE CASO: BANCO ANGOLANO DE
INVESTIMENTOS, SA

3.1. Caracterização do Banco BAI

O Banco Angolano de Investimentos, SA foi criado a 14 de Novembro de 1996 por agentes


angolanos com o desejo de participarem de forma activa no sistema financeiro angolano e
na vida económica do país.
O BAI nasceu como um banco de Investimentos, virado para o tecido empresarial. Porém
ao longo do tempo e tendo em conta a sua dinâmica e interação com o ambiente
socioeconómico, o Banco começou a ter um papel mais abrangente e universal.
É o primeiro Banco a internacionalizar-se e porém, o pioneiro na introdução do Mobile
Banking, hoje BAI Directo e da introdução do visa em Angola.
Em 2013 e 2016 o BAI foi distinguido como o melhor Banco em Angola, pela EuroMoney;
2015 Prémio SIRIUS para o melhor relatório de contas do sector financeiro; 2012 melhor
Banco em Angola pela Revista World Finance; 2010 melhor Banco Comercial e de
Investimentos em Angola, pela Revista World Finance; 2008 e 2009 Melhor Banco em
Angola atribuido pela prestigiada revista The Banker. Está Classificado entre os 1000
maiores Bancos do Mundo, ocupando a posição 686º e 22º no ranking de África e foi
apontado como o maior impulsionador do continente africano em 2010.
Com a intenção de Proporcionar a melhor experiência Bancária aos seus Clientes,
Colaboradores, Accionistas e parceiros, o BAI tem se mostrado muito determinante na oferta
dessas experiências com presenças nas 18 províncias de Angola e internacionalmente em
Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, bem como representações em Londres, África
do Sul e demais países.

3.1.1. Missão

1. Defender uma posição de liderança oferecendo um serviço de excelência para os


segmentos Corporate e Premium;
2. Capturar valor com uma proposta distintiva baseada em qualidade de serviço para os
segmentos Affluent e de Pequenas e Médias Empresas;
3. Explorar o Mass Market através de um modelo de serviço que permita
simultaneamente aumentar a rentabilidade e o número de clientes;
4. Melhorar de forma significativa e célere as plataformas de negócio: organização,
processos e sistemas.

27
3.1.2. Visão

“Oferecer a melhor experiência bancária em Angola”

3.1.3. Estrutura do modelo de governação

Figura 2 - Estrutura do modelo de governação

3.1.4. Estrutura accionista (accionistas com mais de 3% do capital)


Gráfico 1 - Estrutura accionista

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios do BAI


28
Gráfico 2 - Distribuição por género

43%

57%

Masculino Feminino

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios do BAI


Gráfico 3 - Distribuição por faixa etária

35%
31%
35% 29%

30%

25%

20%

15%

10% 4%

5%

0%
Até 24 25-30 31-35 Mais de 35

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios do BAI

29
Gráfico 4 - Antiguidade dos colaboradores vinculados ao Banco

32%
35%

30% 25%
23%
25%
18%
20%

15%

10%
3%
5%

0%
Até 1 ano 2 - 4 anos 5 - 7 anos 8 - 10 anos Mais de 11 anos

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios do BAI


Gráfico 5 - Distribuição por habilitações

45% 41%

40%
32%
35%
30%
25% 20%

20%
15%
10% 5%
1% 1%
5%
0%
Ensino primário e Ensino médio e Bacharelato e Licenciatura Pós-graduação Mestrado e
secundário pré-universitário frequência Douramento
universitária

Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios do BAI

3.2. Produtos de Crédito do BAI

 Crédito Habitação BAI


É um empréstimos de Longo oferecido a Clientes particulares, destinado a aquisição ou
construção de habitação própria.
Para o efeito, o BAI proporciona 85% do valor do imóvel, estando assim a participação de
15% a cargo do Solicitante. De modo a colmatar o risco, o Banco opta por determinar um

30
limite máximo a conceder e ainda assim, com o cuidado do limite a conceder, depender da
capacidade de endividade do Devedor, independentemente do valor do Imóvel.
A taxa de esforço do Banco para esse Crédito é actualmente de 35%, isto é, não podendo ser
superior a 35% do rendimento individual9 e ou do agregado familiar, em caso de
comparticipação na responsabilidade com o Banco.
A taxa de juros é constituida pelo LUIBOR10 3 meses + sprad de 0,25% a 1% ao ano, revista
trimestralmente. Esta medida pressupõe que, sempre que ocorre uma revisão no valor do
indexante, altera a taxa de juros, correspondendo assim o seu prazo de actualização o do
indexante, uma vez que o valor do indexante poderá diminuir ou aumentar ao longo do tempo
por oscilações do mercado.
O Banco BAI considera o período de 15 anos como o prazo máximo de reembolso do
empréstimo, podendo ser negociado em função das condições individuais de cada Cliente,
tendo em consideração que não pode ultrapassar os 60 anos até no prazo de reembolso.
Para o reembolso deste Crédito, o Banco procede o débito das prestações mensais do capital
e juro, directamente na conta a ordem do cliente, de acordo com a autorização de débito por
ele concedida no contrato inicial.
Esse processo de reembolso pode sofrer alteração em função da reestruturação que ele vier
a sofrer.
Para essa modalidade de crédito, o Banco BAI associa dois tipos distintos de seguros, isto é,
o Seguro Multi-Risco e o Seguro de vida, constituindo apólice anual de seguros, renovável
automaticamente enquanto o crédito estiver a decorrer.
Nos casos de no período de 3 meses, não se ter apresentado a apólice desses seguros ao
Banco, este por sua vez, reserva-se ao direito de constituir unilateralmente a apólice dos
seguros para garantir o capital em dívida, debitando todos os custos inerentes a essa
contratação aos Mutuários, uma vez que, o Cliente tem normalmente 30 dias após a
aprovação do contrato para apresenta tais apólices.
A avaliação do imóvel em causa é feita por um avaliador indicado pelo Banco, com encargos
por conta do Cliente.
Como garantias a essa modalidade, encontramos as seguintes:
 Constituição de hipoteca sobre o imóvel a adquirir;
 Hipoteca de direitos de superfície sobre terrenos ou outros, concedida com prazo de
duração igual ou superior a maturidade do financiamento;

9
O Banco considera apenas os rendimentos que perpetuem até a maturidade do Crédito
10
Luanda Interbank Offered Rate – LUIBOR, é a medida resultante das taxas se juro cobradas pelos bancos
comerciais nas Operações entre si.
31
 Seguro de vida a favor do Banco, renovável automaticamente por débito directo em
conta e válido durante a vigência do Contrato;
 Fiador de idoneidade financeira comprovada (aplicável apenas para imóveis recebidos
em dação);
 Caso a garantia a apresentar seja diferente da referida, será indicado pelo Banco
casuisticamente a documentação complementar.
 Crédito Automóvel BAI
É um Crédito destinados a clientes particulares com salários domiciliados no Banco, que
consiste na aquisição de automóveis em concessionárias devidamente autorizadas pelo
Ministério dos Transportes.
Actualmente o limite para essa modalidade de crédito é de 15 milhões, participando
unicamente com 90% do valor do automóvel, com o período de carência de dois meses apois
a aquisição.
A taxa de esforço para essa modalidade não pode exceder 35% do seu rendimento mensal
ou do agregado familiar, em caso de comparticipação na responsabilidade com o Banco.
O Banco efectua o desconto directo do capital e juros, directamente na conta a ordem do
Cliente, por um período de 36 meses.
Como Garantias para essa modalidade de Crédito, o Banco formaliza as seguintes:
 O Livrança em branco;
 A apólice de seguros contra todos os riscos, válidas por um período mínimo de um ano,
e renovável enquanto se decorrer o crédito;
 Hipoteca voluntária sobre o automóvel a favor do Banco;
 Em função dos limites a conceder individualmente ou na ausência de alguma das
garantias acima referidas, deve-se apresentar um Fiador, Hipotecas ou outros bens
sujeitos a registos, o Penhor de coisas e bens.
O Banco BAI ainda considera relevantes e determinantes nas suas Operações de Crédito, o
Contrato por tempo indeterminado e a domiciliação dos salários no Banco.
 Crédito Salário BAI / Crédito Consumo
É um produto de Crédito ao consumo, destinado a funcionários com contrato por tempo
indeterminados com empresas públicas ou privadas e que tenham os salários domiciliados
no Banco BAI.
Para essa modalidade de Crédito, o BAI estipula actualmente um limite de 4 milhões de
kwanzas, correspondendo a soma de 6 salários base mensal, auferido pelo cliente.

32
A taxa de juros é indexada a LUIBOR 12 meses + spread de 4% ao ano, acrescida a taxa de
4% ao ano de juros de moura em caso de atrasos no pagamento das prestações.
A Taxa de esforço para esse crédito não deve ser superior a 40% do rendimento mensal do
Cliente ou do agregado familiar, em caso de comparticipação da responsabilidade com o
Banco.
As prestações são descontadas directamente na conta a ordem do Cliente, num período
máximo de 12 meses, sem contar com um mês de período de carência.
Como garantias para essa modalidade, o Banco considera:
 Apólice de seguro de vida;
 A Domiciliação dos rendimentos do Banco.
 O Crédito Duplo Salário BAI
É um crédito ao consumo associado a conta salário de trabalhadores por conta de outrem.
Ou seja, é uma antecipação do ordenado que garante a liquidez para despesas inesperadas.
Nessa modalidade de crédito, o valor máximo a conceder é o correspondente a um mês de
salário, descontado no total no mês seguinte da sua conceção.
A taxa de esforço é de 50%, por consideração a outros empréstimos que o cliente vier a ter.
A taxa de juros é de 3,5% ao mês, cobrados antecipadamente.
Para tal, como garantia a esse empréstimo, o Banco BAI exige a domiciliação de salário do
cliente, até o cumprimento das suas responsabilidades.
 Crédito Pessoal BAI
É um crédito de médio prazo para aquisição de bens ou serviços duradouros que não se
enquadrem no crédito automóvel ou habitação.
Actualmente para essa modalidade o BAI estabeleceu um limite de equivalente a USD
50.001,00 em Moeda nacional, com vantagem de possuir um prazo de reembolso superior
ao praticado nas modalidades de crédito ao consumo.
A taxa de esforço não deve ser superior a 35% do rendimento mensal pessoal ou do agregado.
O valor total do capital mais juros é reembolsado em 60 meses, com débito mensal
directamente na conta salário do mutuário.
Como garantias para essa modalidade, o banco estabelece as seguintes:
 Apólice de seguro de vida, com renovação anual;
 Fiador;
 Outra garantia real, desde que cubra 100% do valor do crédito.
 O Crédito Super Ordenado BAI

33
É um produto de crédito ao consumo destinado a trabalhadores com contrato por tempo
indeterminado e que tenham os seus salários domiciliados no Banco.
Este crédito é normalmente equivalente a 12 vezes o salário base mensal auferido pelo
cliente, até o limite de 4 milhões de kwanzas. O valor do capital mais juros é reembolsado
mensalmente a partir da conta salário do mutuário, até no prazo de 5 anos.
A taxa se esforço não pode ser superior a 40% do salário base mensal do cliente.
A taxa de juros é o LUIBOR 30 dias + spread de 3% ao ano, considerando que a taxa de
juros de mora é de 4% ao ano.
Como garantia, o Banco BAI considera as seguintes:
 Fiador;
 Apólice de seguro de vida, renovável anualmente enquanto se decorre o crédito.
 Crédito Seguro
É uma modalidade de empréstimo compensado, que permite aos clientes detentores de
aplicações no BAI, disporem de fundos sem necessidade de mobilizarem as aplicações
financeiras em curso, com vantagem de ter continuidade de investimentos ou despesas
pessoais de forma segura e a baixo custo.
O montante a ser concedido, limita-se ao montante aplicado, considerando que o limite
mínimo a conceder é de três milhões de kwanzas.
Os juros são pagos antecipadamente, e a maturidade do financiamento deverá ser igual ou
inferior a maturidade da aplicação, nunca superior a 12 meses.
 Os Cartões de Créditos
O Banco BAI distingue três cartões de Créditos destinados a Clientes particulares, sendo
atribuídos em função do seguimento do Cliente, do Saldo disponível ou não, bem como o
nível de risco do mesmo, dos quais, Cartão de Crédito BAI Classic, Gold e Platinum.
O que justifica a diferenciação nos plafonds atribuídos para cada tipo de cartão. Vejamos o
seguinte distribuído em plafonds em USD ou equivalente em Kwanza:
Tabela 2 - Plafonds dos Cartões de crédito BAI

Tipo Valor Mínimo Valor Máximo


Classic USD 500,00 USD 5.000,00
Gold USD 5.000,00 USD10.000,00
Platinum USD 10.000,00 USD 50.000,00
Fonte: Elaboração própria

34
Gráfico 6 - Plafonds dos Cartões de crédito BAI

50000

50000

40000

30000

20000 10000 10000


5000 5000
10000 500

0
Classic Gold Platinum

Valor Mínimo Valor Máximo

Fonte: Elaboração própria


O Capital ora devido é reembolsado em função da modalidade de pagamento escolhido pelo
Cliente, com a percentagem mínima mensal de 10%.
Estes cartões têm a periodicidade de um ano, com renovação automática.
O BAI disponibiliza esses cartões para Clientes Nacionais e Estrageiros com cartão de
residência válido, visto de trabalho válido ou visto de investidor válido.
A atribuição de Cartão de Créditos a Clientes que não cumpram com tais requisitos,
requerem a aprovação da Comissão Executiva.

3.3. Procedimentos do BAI na Concessão e Recuperação de Crédito a Particulares

O Banco BAI no processo de concessão de crédito, desde a sua fase inicial, até a sua fase
final, envolve vários intervenientes que passamos a saber: A Comissão Executiva, a
Direcção de Análise de Crédito, Direcção Jurídica e de Contencioso – DJC, Direcção de
Operações – DOP, Direcção de Auditoria Interna – DAI e o Balcão. São ainda intervenientes
nesse processo o Cliente e o Banco Nacional de Angola.
O envolvimento de cada um desses intervenientes é feito em função da análise necessária e
merecida do processo, em função da característica, do valor, do seguimento e do histórico
do Cliente.
O BAI define tais envolvimentos em escalas, definindo assim a Matriz de Decisão de Crédito
representada na tabela abaixo.

35
Tabela 3 - Matriz de Decisão de Crédito BAI

Escalão de
Decisão Órgão de decisão Periodicidade
1° Coordenador Comercial + Gerente Semanal
Director DAC + Director DRC + Director GSP + Director DPME +
Directores Regionais.
Nota:
a) A DRC, DPME e o GSP participam somente quando estejam
incluídas na agenda operações sob sua alçada ou clientes em
2° vigilância; Semanal
b) Considerando a dispersão geográfica das Direcções regionais,
este Comité não é necessariamente presencial, devendo-se fazer
recurso aos meios de comunicação electrónicos postos à
disposição pelo Banco.
2 Administradores + Director DAC + Director DRC + Director GSP
+ Directores Regionais + Director DEI + Director DPME.
3° Nota: O parecer dos Directores Regionais é vinculativo por outros Semanal
meios que não apenas o presencial (digital, electrónico ou outros
desde que deixe evidências.)
PCE + 4 Administradores + Directores Coordenadores + Director
DAC + Director DRC + Director GSP + Directores Regionais +
Director DEI + Director DPME + Director DCE.
4° Semanal
Nota: A DRC, DCE, DPME e o GSP participam somente quando
estejam incluídas na agenda operações sob sua alçada ou clientes em
vigilância.
5° Conselho de Administração (CA). Trimestral
Fonte: Instrução de Serviço nº 31/CE/2016 - BAI

Com base nessa Matriz, após se ter cumprido todos os procedimentos necessários, o Crédito
é considerado aprovado se:
1º e 2º Escalões: todos os participantes aprovarem;
3º Escalão: Houver aprovação dos dois Administradores, das áreas de Controlo e
Risco Operacional;
4º Escalão: Se for aprovado por pelo menos 4 Administradores.
A Matriz de decisão de Crédito é aplicável igualmente a Operações de renegociação e
restruturação. Neste caso, a Direcção de Recuperação de Crédito – DAR- tem autoridade
para negociar e autorizar o perdão de juros de mora em operações extrapatrimonial até AKZ
8.500.000,00.
Quanto aos Níveis de Riscos a matriz de decisão de Crédito é aplicável apenas a Clientes
com níveis de risco de A a C resultante do Modela de Scoring e rating em vigor no Banco,
isto é, qualquer operação com notação de risco superior a C, não deve ser autorizada pelo
escalão 1 e 2, devendo ser remetida para o nível imediatamente superior.
De modo a garantir a amortização total do Capital concedido aos Clientes, o processo de
acompanhamento deve ser muito eficaz. Por isso, o Balcão deve acompanhar,

36
periodicamente, a carteira de crédito sob sua responsabilidade até 45 (quarenta e cinco) dias
a contar da data de vencimento da primeira prestação, de modo a detectar, atempadamente,
quaisquer sinais de alerta ou situações que possam comprometer o cumprimento das
obrigações assumidas pelo Cliente e desenvolver as acções necessárias para a sua
regularização. Assim, deve-se ter maior atenção aos Clientes que representam maior risco
de incumprimento, bem como as situações potenciadoras de incumprimentos.
Sempre que se verificar atrasos no pagamento do principal ou dos encargos, solicitar a DAC
a revisão da classificação do nível de risco do Cliente, bem como contactar o Cliente, por
telefone ou visita, com vista ao reembolso da prestação vencida e acompanhamento da
regularização da situação.
As acções de Recuperação a adoptar pela rede comercial e DRC depende do estado de risco
em que se encontra o crédito e do número de dias de incumprimento em questão.
O Banco incorre no risco de crédito devido ao incumprimento dos compromissos financeiros
contratualmente estabelecidos, por parte de um mutuário ou de uma contraparte nas
operações.
A gestão do risco de crédito está a cargo da CE que, através do Comité de Crédito, define e
controla o nível de exposição por moeda, segmento e modalidade de crédito.
O processo de decisão de crédito tem início na área comercial (DBR/DEI) onde, em função
das especificações da operação e sua adequação aos parâmetros definidos na matriz de
decisão de crédito, é efectuada uma avaliação a nível das direcções comerciais. Para
operações enquadradas no 1º e 2º escalão de decisão, a DBR analisa e submete para
aprovação. Para as operações destinadas ao 3º, 4º e 5º escalão de decisão, a respectiva
direcção comercial submete o processo (acompanhado de um parecer comercial) à DAC, ou
à DBI, para a devida análise de risco e endosso ao respectivo Comité de Crédito para
aprovação.
O Comité de Crédito é um órgão colegial que tem como objectivo promover o alinhamento
das políticas e regras de concessão de crédito, analisar e aprovar operações de crédito de
acordo com as políticas e limites definidos pela CE, bem como a monitorização da carteira
de crédito em incumprimento. Todas as decisões tomadas envolvem a participação e tomada
de posições dos membros do comité, ou seja não existem poderes individuais para a tomada
de decisões.
O BAI utiliza modelos próprios de atribuição de classificação de risco de crédito para
empresas e particulares. Estes modelos são sistemas baseados na atribuição de pontuações
às variáveis de decisão de crédito de Clientes, mediante a aplicação de dados estatísticos.

37
Da conjugação do modelo interno com a disposição emanada pelo BNA, nomeadamente o
Aviso nº 3/12 de 28 de Março – que estabelece os parâmetros de concessão e a classificação
das operações de crédito, obtemos a seguinte matriz de crédito:
Tabela 4 - Níveis de Risco dos Clientes BAI

Classificaçãõ N° de días após atraso pagamento


Intervalo de
Risco Nivel Modelo Prazo residual < 2 Prazo residual > 2 provisão
Interno anos anos
A Nulo 6.5 - 7 - - 0%
B Muito reduzido 5.5 – 6.4 15 - 30 30 – 60 (1% - 3%)
C Reduzido 4.5 – 5.4 31 - 60 60 – 120 (3% - 10%)
D Moderado 3.5 – 4.4 61 - 90 121 – 180 (10% - 20%)
E Elevado 2.5 – 3.4 91 - 150 181 – 300 (20% - 50%)
F Muito elevado 1.5 – 2.4 150 - 180 301 – 360 (50% - 100%)
G Perda 0 – 1.4 >180 >360 100%
Fonte: Relatório de Contas BAI 2014

38
CONCLUSÕES

1. Até o período em análise, isto é, 2016, o crédito malparado11 no sistema nacional


representava cerca de 17,66% do total do crédito concedido a economia em 2016,
avaliado em 3.619.771,00 Akz (três biliões, seiscentos e dezanove milhões e setecentos
e setenta e um kwanzas), segundo o relatório anual do Banco Nacional de Angola de
2016.
2. Segundo a Unidade de Análise económica e financeira da revista “The Ecomist
Intellingence Unit”, prevê-se um aumento significativo do Crédito malparado até 2018,
devido a constante desvalorização da moeda nacional.
3. No decorrer desse estudo, verificamos que o Banco BAI,SA tem adoptado directrízes
eficazes e muito proteccionistas na altura da concessão de crédito, de modo a
eliminarem cada vez mais a possibilidade dos seus clientes se tornarem inadimplentes
no acto do cumprimento das suas obrigações.
4. O Crédito malparado é um problema que tem afectado cada vez mais as sociedades, e a
solvabilidade das instituições bancárias, e o Banco BAI,SA não é uma excessão para
essa realidade, por tanto, deve cada vez mais rever as suas políticas de créditos,
actualizá-las em função da dinámica da conjuntura económica.
5. De um modo conclusivo, para maior segurança nas conceções de Crédito, toda a
Instituição financeira deverá implementar uma política de crédito de acordo a
conjuntura, conscientizar os seus colaboradores sobre a política, de modo a diminuir a
in adimplência e consequentemente alavancar as vendas.

11
O Crédito malparado é o montante que fica em falta num empréstimo concedido pelos bancos e que não foi
pago até ao fim
39
RECOMENDAÇÕES

 Adotar medidas nos bancos para evitarem o crédito mau parado


 Implementar uma política de crédito de acordo a conjuntura, conscientizar os seus
colaboradores sobre a política

40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ALCARVA, Paulo, “A Banca E AS PME”, Porto, Editora Vida Economica-Editorial


SA, 2011;
2. ALMEIDA, Isabel R.; CRUZ , Jorge; MATEUS , José C. – Crédito Bancário. 2.º
Volume. Lisboa: Instituto Superior de Gestão Bancária, 1993.
3. BRITO, O. Controladoria de risco retorno em instituições financeiras. São Paulo:
Saraiva, 2003.
4. CARVALHO P. V, “Fundamentos da Gestão de Crédito”, Lisboa, Editora Silabos,
2009;
5. COSTA, Domingos Vilaça. A Gestão de uma Agência Bancária. Portugal: Cetop,
1996.
6. Felino Manuel Cacopa, Gestão de risco de crédito bancário: Experiência no sector
bancário Angolano. Lisboa, 2015
7. FERNANDES, Renato Proença, Análise de Risco de Crédito a Particulares:
Contribuições e variáveis psicológicas e Comportamentais, Coimbra, 2016.
8. GOMES, Marília Sibila Abreu, O Crédito malparado e o sobre endividamento das
famílias na região autónoma da madeira – Dissertação, Lisboa, 2011.
9. MAIA, Andréa do S. Silva Rosa, Inamplência e Recuperação de Crédito, Londrina,
2007.
10. MARQUES, M. M. L., O endividamento dos consumidores, Coimbra: Livraria
Almedina, 2000.
11. PERES, Jorge Leão. Contabilidade Bancária. São Paulo: Eal, 2011.
12. OLIVEIRA, Natália Cristina. Métodos Utilizados para Análise de Crédito de Pessoa
Física nas Instituições Financeiras e sua Relação com o Índice de Inadimplência.
Belo horizonte, 2011 (Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado na Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais).
13. SECURATO, José Roberto. Crédito: Análise e Avaliação do Risco pessoas físicas e
jurídicas. 2ª ed. São paulo, Saint paul, 2012.
14. SILVA, José Pereira da, “Gestão e Análise de Risco de Crédito’’ São Paulo, Editora
Altas, 2008;
15. SANTOS, José Odálio, “Análise de Crédito”, 3ª edição, São Paulo, Editora Atlas
S.A, 2010;
Relatórios
Relatórios e Contas do Banco BAI 2014
41
Relatórios e Contas do Banco BAI 2015
Internet
www.bai.ao (a cessado no dia 10-07-17)
Legislação
Lei nº 30/11 de 13 de Setembro, Lei MPME;
Lei nº 13/05 de 30 de Setembro, Lei das Instituições Financeiras;
Lei nº 1/99 de 23 de Abril de 1999;
BAI, Instrução de Serviço nº 31/CE/2016
BAI, Norma de Serviço nº 130 / DOQ/14

42
ANEXOS

Anexo I. Riscos e controlos Operacionais

Fonte: Norma de Serviço nº 130 / DOQ/14 – BAI

43
Anexo II. Matriz de decisão a Créditos a Clientes Particulares

Fonte: Instrução de Serviço nº 31/CE/2016 – BAI

44
Anexo III. Acções de Recuperação de Crédito

Fonte: Norma de Serviço nº 128/DOQ/14 - BAI

45
Anexo IV. Diagrama do Macroprocesso de Gestão de Crédito

Fonte: Norma de Serviço nº 128/DOQ/14 - BAI

46

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