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RESUMO
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V SEMINÁRIO IBERO-AMAERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO
BELO HORIZONTE – DE 24 A 26 DE Outubro de 2017
INTRODUÇÃO
2. JUSTIFICATIVA
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inúmeras nações, sobretudo na Europa e na América, concretizando-se como onipresente
na cultura ocidental moderna.
Dentre os países católicos no mundo destaca-se o Brasil, o maior em comunidade católica
existente, mais até que toda a Europa (origem do catolicismo e sede da Santa Sé), que ao
longo das ultimas décadas teve seu espaço reduzido pelas religiões protestantes e outras.
Em 1870 o Brasil era predominantemente católico com cerca de 100% de sua população
urbana fiel à Igreja. Atualmente, estima-se 65% de católicos no país (IBGE, 2010) e este
fato é, um alerta as doutrinas religiosas, que traz questionamentos às contribuições de cada
religião, sobretudo, em relação ao espaço arquitetônico que se alia às necessidades
humanas atuais como o impacto socioeconômico, conforto e principalmente à
sustentabilidade.
Ao longo das alterações doutrinais presentes no Concílio Vaticano II (em meados da
década de 60), que alterou a maneira de prestar o culto, bem como a arquitetura e a arte
sacra produzida, o Brasil assume tardiamente uma postura em relação à concepção do
edifício-igreja, deixando de lado as técnicas construtivas clássicas que caracterizaram
cidades do período colonial, e assume uma roupagem moderna, iniciando um período de
pós Concílio.
Tal avanço na arquitetura sagrada nos leva a conclusão de que existe uma preocupação
pertinente e indiscutível sobre o desenvolvimento sustentável da Igreja e sua arquitetura e
arte produzida, uma vez que estas são grandes registros da evolução humana.
As catedrais são, essencialmente, os registros mais fortes da evolução da arquitetura, desde
a Antiguidade, passando pela Idade Média, Renascimento e arquitetura Pós-Moderna,
culminando na arquitetura contemporânea. Hoje, o desenvolvimento tecnológico, os novos
processos, produtos e materiais, com design arrojado, aliam-se às novas necessidades do
ser humano, como sustentabilidade e conforto.
Por fim, chega-se a problemática das questões levantadas sobre a arquitetura que será
produzida nos próximos anos nas regiões episcopais, sua plena integração com o espaço, o
impacto sócio-ambiental e o desenvolvimento sustentável, que culmina numa arquitetura
mais qualificada para os centros urbanos.
Conclui-se que cabe ao profissional da arquitetura e urbanismo o entendimento de tais
questões a fim de contribuir com a Igreja Católica, uma vez que esta reafirma sua
preocupação em garantir um bom trabalho do profissional arquiteto. Visando o melhor para
a qualidade de vida de sua comunidade cristã, que anseia pela requalificação do espaço
litúrgico, onde prevaleça a coexistência do edifício- igreja com o meio ambiente, e não à
sobreposição, é de incomensurável importância pensar na arquitetura sagrada do futuro, e
como esta impactará no espaço urbano, na vida do homem e na sua relação com Deus.
Sempre com o intuito de uma melhoria da qualidade dos edifícios sagrados que irão
acolher os fiéis em suas orações e celebrações, a Igreja procura orientação segura
para obter o que de melhor possa contribuir no trabalho do arquiteto para a criação
de novos edifícios para a comunidade (MENEZES, 2006, p. 24).
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3. REFERENCIAL TEÓRICO
No escopo da arte sacra, é inegável que a arquitetura sagrada atualmente está fortemente
ligada as problemáticas do edifício-igreja e o desenvolvimento sustentável, uma vez que
para a perpetuação da vida terrena o homem crédulo deve cuidar do meio ambiente de
maneira mais eficiente. Neste sentido, modificar a concepção do espaço sagrado,
assumindo uma arquitetura totalmente ligada as doutrinas cristãs de preservação à vida
planetária. A perspectiva do desenvolvimento sustentável da Igreja é positiva, portanto
evidencia a pertinência do presente estudo, que conclui que a ecologia e o desenvolvimento
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arquitetônico humano estão diretamente ligados a sua espiritualidade, portanto atinge o
espaço eclesiástico e a forma de concebê-lo.
A fim de conduzir tais discussões ao êxito, este artigo visa à elaboração de diretrizes
projetuais que possibilitem um edifício-igreja compactuado com a natureza.
4. CRITÉRIOS DE ANÁLISE
Desde a carta encíclica Sacramentum Caritates de Bento XVI (2013) e Laudato Sí do Papa
Francisco (2015), que foram anunciadas aos cristãos as perspectivas do edifício-igreja, que
se viram mais próximas do que nunca do desenvolvimento sustentável.
O desenvolvimento sustentável em geral abarca os diversos segmentos das sociedades e,
aplica-se fortemente na concepção dos edifícios religiosos, visando à continuidade da
criação divina. A discussão das inúmeras problemáticas que este tema abarca e sua
inserção no espaço físico e espiritual fazem-se muito presentes na atualidade,
principalmente após ter sido questionado insistentemente pelos líderes espirituais da Igreja
Católica Apostólica Romana.
A pertinência da elaboração de projetos arquitetônicos, que visam à proteção ambiental e a
plena inserção do edifício sacro, é sem dúvida uma importante questão a ser utilizada como
critério analítico, utilizando de critérios que a Igreja considera essenciais para o
desenvolvimento de quaisquer projetos futuros, utilizados dentro das diretrizes.
Por fim, é válida a percepção de que o edifício-igreja integrado à ecologia ambienta, uma
perspectiva próxima para a Igreja de Roma, uma vez que esta tem deixado claras as
necessidades de adaptação, da condução da humanidade atual, para uma plena integração
ao meio natural.
5. DIRETRIZES
As diretrizes que irão resultar em um conceito arquitetônico celebrativo, que compactue com
a evolução histórica deste espaço sagrado, leva em consideração, a sua importância para
com as problemáticas enfrentadas pela atualidade, no âmbito sensorial, desenvolvimento
sustentável, ecológico e participação social do edifício-igreja.
5.1 Programa.
A arquitetura sagrada da Igreja de Roma segue um rigoroso programa de implantação dos
seus espaços. O templo é a principal edificação, onde sediará a celebração. Nele deve estar
o altar, a assembléia, o ambão ou púlpito, o coro, o confessionário, o presbitério, o
tabernáculo e a sacristia.
A sacristia é o espaço onde os ministros da liturgia se resguardam, para o hábito clerical.
Nela deve constar um espaço principal, para guardar os paramentos gerais como cálices,
patenas etc. Deve conter um espaço para repouso do sacristão, com banheiro para
utilização deste. É recomendada a existência de uma antecâmara e, um corredor com
acesso ao altar-mor e nave central do templo, a fim de facilitar o translado do clero.
A torre sineira, onde se instalará o campanário com sinos e lamela, deve preferencialmente
estar afastada do templo, mas em local de evidência, para que se possa utilizá-la de forma a
anunciar as passagens temporais e os eventos religiosos.
Um edifício onde sediará a administração da Igreja é essencial, às construções sagradas
diocesanas. Dentro dele, um escritório para a organização habitual da diocese é necessária.
Salas de catequese, um salão de reuniões periódicas de fiéis, banheiros amplos, fraldario,
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são recomendações, para favorecer o contato da comunidade cristã, em atividades
educacionais e extras litúrgicas.
Um espaço de peregrinação naturalizado, permeável, com diversas espécies da flora local,
nos arredores dos edifícios, se faz imprescindível, visando à requalificação do espaço
implantado e, melhoria do espaço destinado ao contato da comunidade cristã (Fig.1).
5.2 Altar.
O altar, elemento construído, é de suma importância para a liturgia católica. Deve
preferencialmente, ser construído em pedra maciça, exibindo a solidez e verdade sob o rito
da celebração, ter dimensões compatíveis com a planta e os paramentos da liturgia, que
unicamente poderão ser dispostos sob o altar, como cálices, cruzes e, também deve estar
de acordo com as dimensões de todo o conjunto arquitetônico, exibindo naturalidade sob a
missa.
O altar deve ocupar posição elevada dentro da edificação, valorizada, junto ao sacrário,
afastada da parede, de fácil acesso ao clero e como centralidade da assembléia de fiéis.
No altar deve estar instalado de forma discreta a aparelhagem necessária para amplificação
da voz do ministro e sacerdotes como microfones e fiação correspondente.
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O altar e o sacrário devem estar posicionados próximos à cátedra, e ao ambão para facilitar
o acesso dos ministros do culto no momento de sentar-se e de anuncio do evangelho.
5.4 Água.
A água é um recurso essencial à vida terrestre e, portanto deve ser conduzida, de forma a
acrescentar os projetos arquitetônicos com sua magnitude, de forma a integrá-los ao meio
natural.
A água é um elemento sagrado que deve estar presente no projeto do edifício-igreja em
diversas formas. Visando a qualidade ambiental interna e externa do espaço implantado, a
presença de água limpa deve ser feita através de espelhos d’água, sempre que possível, e
que este recurso traga para a arquitetura e, sobretudo à celebração litúrgica, um aspecto
solene e de pureza do espaço. A água potável, também deve estar presente dentro das
proximidades do espaço sagrado, para garantir o acesso a este bem aos fiéis e à população
carente.
Sempre que possível, a Igreja recomenda a proximidade dos espelhos d’água à pia
batismal, sob o aspecto espiritual onde o batismo é o ritual que demarca o ingresso ao seio
do catolicismo, portanto, a presença de água limpa deve ser abundante e fluida.
Considerado o útero da religião, pelo qual o homem renasce para a vida em Cristo, o lugar
de batismo deve ser um lugar digno, de constituição nobre, preferencialmente próximo aos
espelhos d’água, na entrada do espaço sagrado ou próximo do altar.
A partir destas diretrizes, é responsabilidade dos arquitetos a inclusão do acesso à água
potável e limpa, para usufruto e requalificação, e quando pertinente, a promoção de
campanhas públicas de saneamento, bem como espelhos d’água, buscando um espaço
mais justo e naturalizado, partindo do princípio que a produção arquitetônica sagrada possa
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impactar essencialmente nas sociedades carentes, devolvendo-lhes direitos essenciais à
vida.
5.5 Imagens.
A presença das imagens dentro do espaço sagrado é recomendada pelos documentos do
Magistério, logo sua presença se faz obrigatória, respeitando uma ordem e de forma
moderada. As imagens devem ser constituídas de material maciço e, não se pode ter mais
de uma imagem do mesmo Santo, com exceção aos anjos, que podem ser representados
em grupos de imagens.
Segundo a tradição, Jesus Cristo, Virgem Maria e os Santos, devem ser apresentados de
forma a lembrar a importância dos predecessores da religião cristã. Retratando suas feições
em notório domínio da arte escultural.
As purezas dos espaços sagrados, somados às mais avançadas técnicas esculturais,
resultam em peças sacras emocionantes, de estética ímpar, que trazem por fim, a
verdadeira intenção da Igreja na condução da crença Católica através da arte.
5.6 Biodiversidade.
O resgate da biodiversidade circunstante nas áreas passíveis de implantação dos projetos
religiosos é muito encorajado pela Igreja Roma. É recomendada a requalificação da flora e
fauna do ambiente urbano, através de mapeamentos e manejo de espécies, no intuito de
recriar áreas de peregrinação mais naturais.
Louvada seja a biodiversidade (Fig. 2), que deve estar presente, nas mais diversas
apresentações, na luz do sol permeada pelas plantas, nas espécies, dentro e fora do espaço
sagrado. A utilização de canteiros, vasos, caqueiros e trepadeiras são bem vindas dentro e
fora da casa de Deus, no intuito de retratar com mais pureza a natureza divina, recriando o
paraíso terreal.
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Figura 2: Croqui conceitual, Laudato Sí - Encíclica Papal sobre a biodiversidade, tecnologias e
reações.
5.8 Tecnologia.
Os projetos de edifício-igreja devem, preferencialmente evidenciar, as técnicas avançadas
do homem, aliados aos recursos naturais, demonstrando através da edificação, uma religião
atualizada com as tecnologias e problemáticas em voga.
Indicadores de sustentabilidade devem ser utilizados como instrumento na concepção
arquitetônica do espaço eclesiástico no ambiente urbano. Bem como, a modelagem
paramétrica da ocupação territorial do templo sagrado implantado.
A utilização inteligente de energias renováveis, para o templo ou para as edificações de
apoio, como escritório diocesano administrativo, torre campanário, postes externos, é
recomendada. Placas fotovoltaicas, vidros especiais e outras técnicas, também são
encorajados pela Igreja.
O espaço litúrgico deve ter a cara de seu tempo, e não sendo necessárias restrições
pontuadas às tecnologias aplicadas, como na comunicação entre os templos no intuito de
conectar um maior número de pessoas, e na atuação em prol dos avanços em eficiência
energética a fim de acelerar os propósitos naturais comuns.
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requer paciência, ascese e generosidade, lembrando sempre que “a realidade é superior à
idéia” (PAPA FRANCISCO, 2015, Laudato Sí, p. 199).
A contribuição incomensurável da espiritualidade cristã, proveniente de dois mil anos de
evolução, constitui um magnífico esforço de renovação humanitária, espelhada pelos seus
próprios edifícios, que agora apresentarão seu aspecto sustentável aparente e consolidado,
a fim de inspirar as demais instituições laicas, também impactantes do meio circunstante.
Esta diretriz propõe linhas científicas e espirituais no escopo ecológico, que renascem da
convicção da fé e da necessidade humana de evoluir-se naturalmente (Fig. 4).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BENTO XVI, Papa. Carta Encíclica Deus CARITAS Est do Sumo Pontífice Bento XVI aos
Bispos aos Presbíteros e aos Diáconos às Pessoas Consagradas e a todos os Fiéis Leigos
Sobre o Amor Cristão. Libreria Editrice Vaticana, 2005. Disponível em:
<http://w2.vatican.va/content/benedict-
MENEZES, Ivo Porto de. Arquitetura sagrada. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
FRANCISCO, Papa. Carta Encíclica Laudato Sí. Libreria Editrice Vaticana, 2015. Disponível
em: <http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2015/06/leia-
integra-da-enciclica-laudato-si-do-papa-francisco.html>
WARLAND. Rainer. Ars Sacra: A Arte Cistã e a Arquitetura Ocidental dos primórdios até a
atualidade. Alemanha: ROLF TOMAN, nov. 2014.
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