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26 a 28 de outubro de 2017
Resumo
A proporção no corpo humano tem influência sobre o fazer arquitetônico
desde a Antiguidade Clássica. Vários pesquisadores ligados à Arquitetura
estudaram a antropometria e estabeleceram diferentes análises da
proporção no corpo humano, dentre eles destacam-se Vitruvius, Da Vinci e
Le Corbusier. O trabalho intenta realizar um estudo sobre a proporção no
corpo humano e sua relação com a arquitetura, destacando as análises
realizadas por esses três estudiosos. Suas análises acerca da proporção
no corpo humano são uma grande herança para a Arquitetura, uma vez
que relacionam tais medidas ao projeto arquitetônico, deixando seus traços
nos ideais estéticos e utilitários de obras arquitetônicas desde a
antiguidade até a atualidade.
Abstract
The human body proportion has been having influence in the architecture
since Classical Antiquity. Many researchers relationed to Architecture
studied the anthropometry and made different reviews of the human body
proportion, among them we may highlight Vitruvius, Da Vinci and Le
Corbusier. This paper attempts make a study about the human body
proportion and its relation with architecture, with a focus in the reviews of
those three architects. Their analysis about the human body proportion are
an inheritance to Architecture, once it relates those measures to
architectural project, influencing the aesthetic and utilitarian ideals of
architectural constructions, since antiquity until nowadays.
1 Introdução
Graphica’2017: XII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design
2 A Proporção na Arquitetura
Não se pode datar, com precisão, quando a proporção começou a ser utilizada na
arquitetura, contudo pesquisas arqueológicas comprovam o uso da proporcionalidade
por povos pré-históricos que habitavam o Rio Danúbio no Leste da Sérvia. No sítio
mesolítico de Lapensk Vir foram encontrados vestígios de edificações e constatado
que possuíam medidas internas com proporções similares. (SILVA, 2014).
Graphica’2017: XII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design
Proporção pode ser definida como uma igualdade entre razões. De uma forma
geral, dados quatro números reais e diferentes de zero (a, b, c e d), em certa ordem,
se a razão entre os dois primeiros for igual à razão entre os dois últimos, ou seja, se
a/b = c/d, podemos dizer que os números a, b, c e d, nesta ordem, formam uma
proporção (FREITAS, 2008).
Na Arquitetura, a proporção é estudada desde a Antiguidade Clássica. É
entendida como uma relação entre partes ou entre partes e o todo de uma edificação.
Os arquitetos e engenheiros gregos e romanos primavam pelo belo e o harmônico e,
para alcançarem seus objetivos, utilizavam a Proporção em seus projetos. Essa
relação também pode ser encontrada em vários elementos da natureza.
Muitos arquitetos relacionam a proporção do corpo humano à proporção de
edificações, pois acreditam que isso traz beleza às obras, uma vez que as aproxima
da natureza. Uma proporção utilizada por muitos arquitetos e artistas é a Divina
Proporção. Ela pode ser encontrada em diversos elementos da natureza, inclusive no
próprio corpo humano.
A razão áurea, também chamada de proporção áurea, número de ouro, dentre
outros nomes, apresenta, segundo pesquisadores que a adotam, um aspecto estético
agradável aos olhos. Convencionou-se identificá-la pela letra grega Φ (Phi maiúsculo),
em homenagem ao escultor Phídias, responsável pelas esculturas do templo grego
Partenon. Phi é o número irracional (1,61803398875...) obtido matematicamente
através de sequências contínuas infinitas, deduções algébricas ou geométricas
(QUEIROZ, 2008).
Em termos científicos, essa relação foi citada, pela primeira vez, pelo matemático
Euclides de Alexandria, a mais de dois milênios, em seu livro Elementos (SANTOS,
2007). Euclides apresenta a definição de Razão Áurea, inicialmente, relacionada a
áreas. Posteriormente ele propõe a divisão de um segmento em média e extrema
razão, cuja divisão do maior segmento pelo menor resulta na Divina proporção, assim
como a divisão do seguimento total pelo maior (LIVIO, 2008).
pescoço, que seria 1/15 da altura do corpo ao invés de 1/24 e o pé que consistiria em
1/7 e não 1/6 dessa.
Na Arquitetura Moderna, o arquiteto franco-suíço, Charles-Edouard Jeanneret-
Gris, mais conhecido por Le Corbusier, destacou-se por valorizar a proporção em seus
projetos. Ele elaborou um estudo sobre o corpo humano, “O Modulor”, que influenciou
a arquitetura e a ergonomia, muitos objetos do dia a dia começaram a ser modificados
para atender a escala humana (SANTOS, 2007). A seguir abordaremos os estudos
realizados por Vitruvius, Da Vinci e Le Corbusier.
Figura 3: O Modulor
Na Roma Antiga utilizavam como unidade de medida o passus, múltiplo dos pés,
uma grandeza antropométrica (ROSSO, apud GREVEN e BALDAUF, 2007). Eles
usavam o módulo não apenas para a produção de artefatos construtivos, como tijolos
e ladrilhos, mas também para utensílios domésticos como pratos e copos, já levando
em consideração a espessura de suas juntas e a sobreposição das peças (CENTRO
BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO BOUWCENTRUM, apud GREVEN e BALDAUF,
2007).
Um ponto de destaque do dimensionamento romano é que suas unidades de
medida eram pequenos múltiplos de várias unidades de medida padrão, sendo que
nenhuma constituía a unidade base, isso foi chamado por Vitruvius, como ratio
symetriarum (CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO BOUWCENTRUM, apud
GREVEN e BALDAUF, 2007).
Leonardo da Vinci, também influenciado pela antiguidade, realizou uma releitura do
Homem Vitruviano de Vitruvius, modificou medidas e adotou as proporções de sua
releitura em algumas de suas obras.
Na arquitetura moderna, o arquiteto Le Corbusier, elaborou uma escala harmônica
relacionando proporções humanas com a razão áurea. O conceito do Módulo, como
fator numérico, desenvolveu uma nova concepção através da industrialização do
processo de construção, sendo empregado com fins técnicos, utilitários e produtivos.
Um exemplo do uso da proporção é o Convento Sainte-Marie de La Tourette, de
Le Corbusier. Um processo de composição de vários retângulos áureos pode ser
identificado na planta baixa da obra. Estes processos incluem isometrias de
translação, rotação e reflexão, possuindo conjuntos de retângulos áureos em escalas
diferentes. (VASCONSELOS, 2013)
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5 Considerações Finais
A busca pelo belo na Arquitetura levou o homem aos estudos de proporção no corpo
humano. Desde a antiguidade, época em que se posicionava o homem como figura
central, percebia-se a harmonia e beleza do corpo humano e desejava-se essas
características na arquitetura. Assim, muitos arquitetos adotaram a proporção em seus
projetos.
Na Antiguidade o tema foi tratado por Vitruvius, que idealizou o Homem Vitruviano,
um estudo de proporções encontradas no corpo humano, que foi reestudado por
Leonardo da Vinci, no Renascimento. O pesquisador modificou algumas proporções
do primeiro e foi reconhecido por representar com excelência os ideais do homem de
Vitruvius, sendo visto, por muitos, como um símbolo de extrema beleza.
Para além da estética, na Arquitetura Moderna Le Corbusier criou um sistema de
medidas proporcionais denominado O Modulor e o empregou em diversas de suas
obras. O arquiteto adentra no estudo da antropometria visando além da beleza,
utilidade, função e otimização da execução das obras.
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Referências
COOPER, John M. Plato’s Theaetetus. 2 ed. New York: Routledge, 2015. 310 p.
GORMAN, Michael John. The Vitruvian Man. Stanford University. Califórnia, 2002.
Disponível em:<http://leonardodavinci.stanford.edu>. Acesso em: 08 de março de 2017
PEDRO, Ana Paula Giardini. A ideia de ordem: symmetria e decor nos tratados de
Filarete, Francesco di Giorgio e Cesare Cesariano. São Paulo: Universidade de
São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2011. 399 p.