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XII INTERNATIONAL CONFERENCE ON GRAPHICS

ENGINEERING FOR ARTS AND DESIGN

26 a 28 de outubro de 2017

A PROPORÇÃO NO CORPO HUMANO E SUA


INFLUÊNCIA NA ARQUITETURA

SIQUEIRA, Vitor Lacerda siqueira.vitorlacerda@gmail.com;


1

SIRILO, Giedre Alves¹ gisirilo@gmail.com; MARQUES, Janaina


Carneiro¹ jmarques@ifes.edu.br;
Instituto Federal do Espírito Santo
1

Resumo
A proporção no corpo humano tem influência sobre o fazer arquitetônico
desde a Antiguidade Clássica. Vários pesquisadores ligados à Arquitetura
estudaram a antropometria e estabeleceram diferentes análises da
proporção no corpo humano, dentre eles destacam-se Vitruvius, Da Vinci e
Le Corbusier. O trabalho intenta realizar um estudo sobre a proporção no
corpo humano e sua relação com a arquitetura, destacando as análises
realizadas por esses três estudiosos. Suas análises acerca da proporção
no corpo humano são uma grande herança para a Arquitetura, uma vez
que relacionam tais medidas ao projeto arquitetônico, deixando seus traços
nos ideais estéticos e utilitários de obras arquitetônicas desde a
antiguidade até a atualidade.

Palavras-chave: Proporção, Corpo Humano, Arquitetura, Antropometria

Abstract
The human body proportion has been having influence in the architecture
since Classical Antiquity. Many researchers relationed to Architecture
studied the anthropometry and made different reviews of the human body
proportion, among them we may highlight Vitruvius, Da Vinci and Le
Corbusier. This paper attempts make a study about the human body
proportion and its relation with architecture, with a focus in the reviews of
those three architects. Their analysis about the human body proportion are
an inheritance to Architecture, once it relates those measures to
architectural project, influencing the aesthetic and utilitarian ideals of
architectural constructions, since antiquity until nowadays.

Keywords: Proportion, Human body, Architecture, Anthropometry

1 Introdução
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Habitualmente, ao manusearmos equipamentos e objetos, o fazemos de forma


automática e não refletimos sobre o dimensionamento utilizado na fabricação destes,
no entanto, os fatores antropométricos agem diretamente nesse dimensionamento.
Nesse sentido, cada ambiente de uma casa é projetado a fim de atender a
necessidade de alguém ou de um grupo de pessoas. Além disso, móveis e objetos são
fabricados tomando como base medidas do corpo humano, visando o conforto
(BOUERI FILHO, 2008).
Desde a Antiguidade a proporção no corpo humano é objeto de pesquisa do
homem e influencia muitas áreas do conhecimento, como a arquitetura e a ergonomia.
Antropometria é o ramo da Antropologia que trata da mensuração do corpo humano ou
de suas partes. É uma palavra provinda do grego; anthropos equivale a "homem” e
metron à "medida". O homem então seria a medida de todas as coisas, de acordo com
o filósofo Protágoras (480 a.C. - 410 a.C.) (COOPER, 2015).
A teoria do belo do Período Clássico foi orientada pelas especulações da
antropometria, que surgiu no século V a.C. Nesse período é possível observar que a
estrutura do corpo humano foi relacionada com o sentido de ordem. Contudo,
destacou-se não a perfeição da exata simetria, mas sim a proporcionalidade dos
membros entre si e com o corpo, próprio ao sentido de beleza (D'AGOSTINO, 2006).
O interesse pela proporção no corpo humano e a intenção de relacioná-la à
arquitetura está intrinsecamente ligado à busca por aquela estética perfeita. Neste
sentido, Leon Battista Alberti, artista, matemático e filósofo do século XV, em seu
tratado De Pictura, afirma que:
Se numa pintura a cabeça fosse muito grande, o peito, pequeno, a
mão, ampla, o pé, inchado, e o corpo túrgido, certamente essa pintura
seria feia à vista. [...] Uma vez que a natureza nos pôs à vista as
medidas, não é pequena a utilidade em reconhecê-las. [...] Uma coisa
a se lembrar: para medir bem um corpo animado, deve-se apanhar
um dos seus membros com o qual medirão os outros. O arquiteto
Vitruvius media a altura dos homens pelos pés. Quanto a mim,
parece-me coisa mais digna que os outros membros tenham
referência com a cabeça (ALBERTI, citado por D'AGOSTINO, 2006).
No terceiro livro da mesma obra, Alberti compara o edifício a um organismo,
relacionando a arquitetura ao corpo humano, alegando que deve-se seguir os
exemplos da natureza para alcançar a sua beleza.
Nessa perspectiva, Filarete, escultor, engenheiro e arquiteto de Florença do
Século XV, no primeiro livro do seu Tratttato di Architettura, expõe todas as medidas
proporcionais da arquitetura, utilizando como unidade de medida a cabeça do corpo
humano, como pode ser visto na figura 1 (D'AGOSTINO, 2006).
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Figura 1: Razões Proporcionais no Corpo Humano segundo Filarete

Fonte: PEDRO, 2011


Entre os principais pesquisadores da proporção no corpo humano, três se
destacam: Vitruvius, Da Vinci e Le Corbusier. Todos estudaram a antropometria,
estabelecendo diferentes análises da proporção no corpo humano, as quais
apresentaremos nas próximas seções.
De forma a apresentar essa pesquisa, o artigo foi dividido em 5 seções, que são,
respectivamente: Introdução, A Proporção na Arquitetura, A Proporção no Corpo
Humano, O Legado Dos Estudos De Proporção na Corpo Humano e sua Influência na
Arquitetura e, por último, as Considerações Finais.

2 A Proporção na Arquitetura
Não se pode datar, com precisão, quando a proporção começou a ser utilizada na
arquitetura, contudo pesquisas arqueológicas comprovam o uso da proporcionalidade
por povos pré-históricos que habitavam o Rio Danúbio no Leste da Sérvia. No sítio
mesolítico de Lapensk Vir foram encontrados vestígios de edificações e constatado
que possuíam medidas internas com proporções similares. (SILVA, 2014).
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Proporção pode ser definida como uma igualdade entre razões. De uma forma
geral, dados quatro números reais e diferentes de zero (a, b, c e d), em certa ordem,
se a razão entre os dois primeiros for igual à razão entre os dois últimos, ou seja, se
a/b = c/d, podemos dizer que os números a, b, c e d, nesta ordem, formam uma
proporção (FREITAS, 2008).
Na Arquitetura, a proporção é estudada desde a Antiguidade Clássica. É
entendida como uma relação entre partes ou entre partes e o todo de uma edificação.
Os arquitetos e engenheiros gregos e romanos primavam pelo belo e o harmônico e,
para alcançarem seus objetivos, utilizavam a Proporção em seus projetos. Essa
relação também pode ser encontrada em vários elementos da natureza.
Muitos arquitetos relacionam a proporção do corpo humano à proporção de
edificações, pois acreditam que isso traz beleza às obras, uma vez que as aproxima
da natureza. Uma proporção utilizada por muitos arquitetos e artistas é a Divina
Proporção. Ela pode ser encontrada em diversos elementos da natureza, inclusive no
próprio corpo humano.
A razão áurea, também chamada de proporção áurea, número de ouro, dentre
outros nomes, apresenta, segundo pesquisadores que a adotam, um aspecto estético
agradável aos olhos. Convencionou-se identificá-la pela letra grega Φ (Phi maiúsculo),
em homenagem ao escultor Phídias, responsável pelas esculturas do templo grego
Partenon. Phi é o número irracional (1,61803398875...) obtido matematicamente
através de sequências contínuas infinitas, deduções algébricas ou geométricas
(QUEIROZ, 2008).
Em termos científicos, essa relação foi citada, pela primeira vez, pelo matemático
Euclides de Alexandria, a mais de dois milênios, em seu livro Elementos (SANTOS,
2007). Euclides apresenta a definição de Razão Áurea, inicialmente, relacionada a
áreas. Posteriormente ele propõe a divisão de um segmento em média e extrema
razão, cuja divisão do maior segmento pelo menor resulta na Divina proporção, assim
como a divisão do seguimento total pelo maior (LIVIO, 2008).

3 A Proporção no Corpo Humano


O estudo da antropometria teve origem no século V a.C.. Vitruvius, engenheiro e
arquiteto romano da Antiguidade Clássica, dedicou um dos capítulos do seu Tratado
“De Architectura Libri Decem”, a estudos sobre a proporção no corpo humano.
No Renascimento, as questões e os ideais da Antiguidade Clássica foram postos
novamente em foco. Com isso, muitos artistas deste período foram influenciados pelos
ideais e técnicas características da Antiguidade. Entre eles Leonardo da Vinci, que fez
uma releitura do Homem Vitruviano, modificando algumas relações do corpo, como o
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pescoço, que seria 1/15 da altura do corpo ao invés de 1/24 e o pé que consistiria em
1/7 e não 1/6 dessa.
Na Arquitetura Moderna, o arquiteto franco-suíço, Charles-Edouard Jeanneret-
Gris, mais conhecido por Le Corbusier, destacou-se por valorizar a proporção em seus
projetos. Ele elaborou um estudo sobre o corpo humano, “O Modulor”, que influenciou
a arquitetura e a ergonomia, muitos objetos do dia a dia começaram a ser modificados
para atender a escala humana (SANTOS, 2007). A seguir abordaremos os estudos
realizados por Vitruvius, Da Vinci e Le Corbusier.

3.1 O Homem Vitruviano – Marcus Vitruvius Pollio


Como já foi mencionado, o engenheiro e arquiteto Marcus Vitruvius Pollio, que viveu
no século I d.C., relacionou a razão áurea e as proporções humanas, em seu Tratado
de Arquitetura. O autor inicia a obra recomendando que os templos devem ser
construídos tendo por base o corpo humano, para possuírem magnificência. (DOCZI,
2012).
Escrita em dez volumes, a obra The Books Achitecture não apresenta ilustrações
do Homem Vitruviano. Vitruvius expõe o conceito do homem, das relações áureas no
corpo humano, o que despertou interesse e curiosidade de artistas e estudiosos que
estavam por vir (GORMAN, 2002).
Cesare Cesariano traduziu a obra de Vitruvius para o italiano no ano de 1521.
Além de traduzir, acrescentou comentários e ilustrações. A figura 2 retrata a ideia do
Homem Vitruviano reproduzida por Cesariano (GORMAN, 2002).
Figura 2: Homo ad circulum e ad quadratum proposto por Cesariano

Fonte: PEDRO, 2011


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O Homem Vitruviano foi baseado na ideia arquetípica da “quadratura do círculo”.


Estas formas foram utilizadas por serem consideradas perfeitas durante a Antiguidade
Clássica. O círculo representa as órbitas celestes (DOCZI, 2012), que posteriormente
foram descobertas como sendo elípticas pelo físico Johannes Kepler (OLIVEIRA
FILHO, 2014). O quadrado representa a estabilidade quádrupla da Terra (DOCZI,
2012). Esta combinação no corpo humano sugeria que dentro de nosso corpo, uniam-
se as divindades da terra e do céu, mitologicamente. Além da quadratura, o desenho
mostra como as partes do corpo humano se relaciona com as outras a partir da Seção
Áurea e pelo Triângulo de Pitágoras.
Concluiu, em seus estudos, que o corpo humano possui uma relação entre as
partes e o todo, ou seja, as alturas de partes como cabeça, face, pé, mão, entre
outros, se relacionam com a altura do corpo racionalmente. Um exemplo disso é a
cabeça, que segundo ele, seria 1/8 da altura do corpo e a face 1/10 desse (LIVIO,
2008).

3.2 Releitura do Homem Vitruviano – Leonardo da Vinci


Leonardo di Ser Piero da Vinci foi um artista, engenheiro, cientista, músico e arquiteto
que viveu durante o período do renascimento. Se destacou em diferentes áreas do
conhecimento com seus diversos estudos, como o da anatomia humana, suas
invenções e por suas obras, como a Mona Lisa.
Leonardo, assim como outros mestres da Renascença, dedicou parte de seu
tempo ao estudo das proporções harmônicas e chegou a ilustrar o livro de Luca
Paccioli, Divina Proportione. Neste livro, Leonardo diz que toda parte tem em si a
predisposição de unir-se ao Todo, para que assim possa escapar à sua própria
imperfeição (DOCZI, 2012).
A famosa figura de Leonardo traduz a passagem do De Architectura de Vitruvius
de forma a finalizar todas as outras tentativas de representação de outros estudiosos,
que tentavam mudar a posição do homem e seu respectivo centro dentro dos
quadrados e círculos. A chamada quadratura do círculo:
[...] é um dos três problemas clássicos da Geometria grega; consiste
em construir, usando apenas régua e compasso, um quadrado com a
mesma área que a de um círculo dado (SANTOS, 2012).

Segundo Pedro (2011), o êxito de Leonardo foi devido a sua identificação da


dissociação dos centros das figuras humanas ad circulum e ad quadratum, ao
contrário das representações antes feitas, que possuíam certa imprecisão, que
fundiam as figuras corpo humano, círculo e quadrado a partir do mesmo centro.
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Figura 4: Centros do Homem Vitruviano Leonardo da Vinci

Fonte: PEDRO, 2011


Na interpretação de Leonardo, o corpo encontra-se ora inscrito no círculo, ora
inscrito no quadrado. Deste modo temos dois centros diferentes e as duas formas se
tangenciam somente na base do quadrado, indicado na figura em verde. Analisando o
círculo, temos que o homem inscrito neste tem pernas afastadas uma em relação à
outra e os braços não se encontram perpendiculares ao seu tronco. O centro é o seu
umbigo, como indicado pela cor laranja na figura. Já no quadrado, os braços situam-se
horizontais e perpendiculares ao tronco, e as pernas estão unidas. O centro do
quadrado no homem se localiza na base da pelve, como demonstrado em cor azul
(PEDRO, 2011). Na representação do Homem Vitruviano feita por Leonardo, torna-se
interessante destacar que a altura do homem equivale à largura de seus braços
estendidos.

3.3 O Modulor – Le Corbusier


O Modulor é um sistema de medidas desenvolvido pelo arquiteto franco-suíço
Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido como Le Corbusier, entre 1943 e
1950. É baseado nas dimensões do corpo humano e na matemática e possibilita
relacionar dois sistemas métricos: o anglo-saxônico (pés e polegadas) e o métrico-
decimal (metro e centímetro) (CORBUSIER, 2010).
Trata-se de uma fórmula realizada com base no quadrado duplo, na
série de Fibonacci e no retângulo de ouro, a partir da qual seria
possível gerar duas séries de medidas em harmonia com o corpo
humano e entre si. (CORBUSIER, 2010, p.9)
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A palavra Modulor é fruto da união entre as palavras francesas módule (módulo) e


or (ouro). Trazendo em si o exato significado do trabalho de Le Corbusier. Por um
lado, módule (módulo) traduz a ideia de padronização. O módulo pode ser definido
como a medida reguladora das proporções de uma obra arquitetônica ou a quantidade
que se toma como unidade de qualquer medida.” (FERREIRA apud GREVEN e
BALDAUF, 2007). Por outro lado, or (ouro) remete à razão áurea, muito utilizada no
dimensionamento de edifícios, objetos e obras de arte, desde a Antiguidade, sendo
considerada por muitos a proporção perfeita.
Le Corbusier buscou com o Modulor uma otimização na execução das obras
(standardização) e perfeição no dimensionamento. Em 1943, encarregou a um de
seus colaboradores, Gerald Hanning, o desenvolvimento de uma grelha de proporções
para ser utilizada nos estaleiros de obra e o orientou:
Considere o homem com o braço erguido, com 2, 20 m de altura,
insira-o em dois quadrados de 1,10 m por 1,10 de altura, justaponha
um terceiro quadrado aos dois primeiros. Esse terceiro quadrado
deverá dar-lhe a solução. O lugar do ângulo reto deve poder ajudá-lo
a posicionar o terceiro quadrado (CORBUSIER, 2010, p.10).

Posteriormente, Le Corbusier e sua equipe, formada por Gerald Hanning, Elisa


Maillard, André Wogenscky, Jerzy Soltan, Marcel Py, André Maissonier e Justino
Serafim unem-se no desenvolvimento do Modulor. Baseados na figura humana de
braço erguido, decidiram fixar três dimensões consideradas fundamentais: a altura do
plexo solar, a altura do topo da cabeça e a altura das pontas dos dedos com o braço
levantado. Iniciaram os trabalhos considerando um homem de 1,75 m de altura,
correspondente a média de um homem francês daquela época, e posteriormente,
adotaram um homem de 1,83 m, que por sua vez correspondia a altura média de um
homem inglês, pois essa dimensão corresponde praticamente a 6 pés e possibilita
uma melhor relação entre as medidas em metros e em polegadas visto que, dessa
forma, passariam a ter menos casas decimais, bem como tais medidas em polegadas
terem valores muito próximos à sequência de Fibonacci (CORBUSIER, 2010).
São criadas então duas séries de medidas. Cada série corresponde a
uma cor, vermelho (com base na medida de 1,13 metros) e azul (com
base na medida de 2,26 metros). Cada medida da sua série está
relacionada com a imediatamente anterior, de acordo com a regra de
ouro (CORBUSIER, 2010, p.11).
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Figura 3: O Modulor

Fonte: ArqGaleria, <http://arqgaleria.blogspot.com.br>

Na criação do Modulor encerra-se a intenção de disponibilizar uma ferramenta de


projeto que estabelece relação entre todas as suas grandezas e abrevia as indecisões
durante o processo de concepção. Mesmo antes de sua teorização, Le Corbusier
utilizava o sistema em alguns de seus projetos, como a Unidade de Habitação de
Marselha, Fábrica de Jean-Jacques Duval em Saint Dié e na cidade de Chandigard
(CORBUSIER, 2010).
Do ponto de vista científico, o sistema elaborado por Le Corbusier e sua equipe
recebeu alguns questionamentos: Visualmente os dois quadriláteros do traçado são
quadrados, no entanto a base é 1,006 vezes maior que a altura. O arquiteto
argumenta que seis milésimos de um valor constituem uma quantidade negligenciável,
não perceptível a olho nu e que, no âmbito da Arquitetura, não se quantifica. Essa
imprecisão gerou muitas críticas. Para alguns, o modulor não passou de uma receita a
ser utilizada na fase de concepção de projeto. Todavia, de acordo com Le Corbusier, o
Modulor é um sistema de ajuste das dimensões. Não serve para determinar grandezas
e sim para as adaptar para que se relacionem.
“Deve ser encarado como uma mera ferramenta, um utensílio e
jamais como uma máquina que, por si só, pudesse produzir o belo”
(CORBUSIER, 2010, p.13).

4 O Legado dos Estudos de proporção no corpo humano


O tratado “De Architecture”, de Vitruvius, foi um importante registro das técnicas de
arquitetura e engenharia da antiguidade clássica e, séculos depois, influenciou
movimentos como o Renascimento, no qual o homem volta a ser o foco das ciências e
das artes. Essa influência é percebida em obras de alguns arquitetos, como Alberti,
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que retrata, em seu tratado De Pictura, a profunda relação entre a beleza e a


proporção, em destaque a proporção no corpo humano, utilizando ainda um membro
do corpo como unidade de medida:
Uma coisa a se lembrar: para medir bem um corpo animado, deve-se
apanhar um dos seus membros com o qual medirão os outros. O
arquiteto Vitruvius media a altura dos homens pelos pés. Quanto a
mim, parece-me coisa mais digna que os outros membros tenham
referência com a cabeça (ALBERTI, citado por D'AGOSTINO, 2006).

Na Roma Antiga utilizavam como unidade de medida o passus, múltiplo dos pés,
uma grandeza antropométrica (ROSSO, apud GREVEN e BALDAUF, 2007). Eles
usavam o módulo não apenas para a produção de artefatos construtivos, como tijolos
e ladrilhos, mas também para utensílios domésticos como pratos e copos, já levando
em consideração a espessura de suas juntas e a sobreposição das peças (CENTRO
BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO BOUWCENTRUM, apud GREVEN e BALDAUF,
2007).
Um ponto de destaque do dimensionamento romano é que suas unidades de
medida eram pequenos múltiplos de várias unidades de medida padrão, sendo que
nenhuma constituía a unidade base, isso foi chamado por Vitruvius, como ratio
symetriarum (CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO BOUWCENTRUM, apud
GREVEN e BALDAUF, 2007).
Leonardo da Vinci, também influenciado pela antiguidade, realizou uma releitura do
Homem Vitruviano de Vitruvius, modificou medidas e adotou as proporções de sua
releitura em algumas de suas obras.
Na arquitetura moderna, o arquiteto Le Corbusier, elaborou uma escala harmônica
relacionando proporções humanas com a razão áurea. O conceito do Módulo, como
fator numérico, desenvolveu uma nova concepção através da industrialização do
processo de construção, sendo empregado com fins técnicos, utilitários e produtivos.
Um exemplo do uso da proporção é o Convento Sainte-Marie de La Tourette, de
Le Corbusier. Um processo de composição de vários retângulos áureos pode ser
identificado na planta baixa da obra. Estes processos incluem isometrias de
translação, rotação e reflexão, possuindo conjuntos de retângulos áureos em escalas
diferentes. (VASCONSELOS, 2013)
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Figura 4: Convento Sainte-Marie de La Tourette

Fonte: VASCONSELOS, 2013

Sua obra, O Modulor, relaciona ainda o sistema métrico-decimal de medidas ao


sistema anglo-saxônico, o que se apresenta como uma boa alternativa para minimizar
o problema da carência de moradias, ocasionado pela segunda guerra mundial. Isso
pois diminuía o problema de incompatibilidade entre os projetos, materiais e
equipamentos produzidos em cada país, possibilitando o intercâmbio destes. Ainda
com o objetivo de minimizar os impactos da guerra, o governo francês solicita que Le
Corbusier projete uma unidade de habitação coletiva. O arquiteto projeta então a Unité
d’Habitación Marseille, que é dimensionada com base em O Modulor, sendo um marco
da arquitetura moderna.

5 Considerações Finais
A busca pelo belo na Arquitetura levou o homem aos estudos de proporção no corpo
humano. Desde a antiguidade, época em que se posicionava o homem como figura
central, percebia-se a harmonia e beleza do corpo humano e desejava-se essas
características na arquitetura. Assim, muitos arquitetos adotaram a proporção em seus
projetos.
Na Antiguidade o tema foi tratado por Vitruvius, que idealizou o Homem Vitruviano,
um estudo de proporções encontradas no corpo humano, que foi reestudado por
Leonardo da Vinci, no Renascimento. O pesquisador modificou algumas proporções
do primeiro e foi reconhecido por representar com excelência os ideais do homem de
Vitruvius, sendo visto, por muitos, como um símbolo de extrema beleza.
Para além da estética, na Arquitetura Moderna Le Corbusier criou um sistema de
medidas proporcionais denominado O Modulor e o empregou em diversas de suas
obras. O arquiteto adentra no estudo da antropometria visando além da beleza,
utilidade, função e otimização da execução das obras.
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Os três estudos sobre proporção no corpo humano apresentados representam um


significativo legado para a Arquitetura, ao relacionar essas medidas com o projeto
arquitetônico, influenciando os ideais estéticos e utilitários de obras arquitetônicas
desde a antiguidade até a atualidade.

Referências

BOUERI FILHO, José Jorge. Antropometria aplicada à arquitetura, urbanismo e


desenho industrial. 1 ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores Editora, 2008. 152
p.

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ordem visual do Renascimento às Luzes. São Paulo, Hucitec, 2006.

DOCZI, György. O Poder dos Limites: Harmonias e Proporções na Natureza. 6 ed.


São paulo: Publicações Mercuryo Novo Tempo, 2012. 149 p.

GORMAN, Michael John. The Vitruvian Man. Stanford University. Califórnia, 2002.
Disponível em:<http://leonardodavinci.stanford.edu>. Acesso em: 08 de março de 2017

GREVEN, Helio Adão; BALDAUF, Alexandra S. Follman. Introdução à coordenação


modular da construção no Brasil: uma abordagem atualizada. Porto Alegre :
ANTAC, 2007. (Coleção Habitare,9)

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