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Na Senzala, uma Flor

ESPERANÇAS E RECORDAÇÕES NA
FORMAÇÃO DA FAMÍLIA ESCRAVA — BRASIL
SUDESTE, SÉCULO XIX

ROBERT W. SLENES
O AUTOR – ROBERT W. SLENES
CAPÍTULO I – HISTÓRIAS DA FAMÍLIA ESCRAVA

 "Serafim e Romana”
1. "Perdidos uns para os outros": Visões clássicas da
família escrava
• Caio Prado Jr

• Florestan Fernandes e a escola Paulista de Sociologia

2. "A família escrava no Brasil: novas abordagens e


enfoque deste livro"
• Contestação da antiga visão da vida sexual e família do
escravo - novas fontes demográficas
CAPÍTULO II

COMPANHEIROS DE ESCRAVIDÃO: A
DEMOGRAFIA DA FAMÍLIA ESCRAVA EM
CAMPINAS E NO SUDESTE
―O PORQUÊ DE CAMPINAS‖

• "No final do século XVIII, Campinas era uma área


relativamente pouco povoada e voltada principalmente para a
agricultura de subsistência. Em 1779, contava com apenas 156
cativos, de acordo com o recenseamento local daquele ano. A
região, contudo, foi sacudida por uma revolução econômica e
demográfica nos anos que se seguiram ao levante de escravos
em Saint Domingue, que eliminou a colônia francesa como
exportadora de açúcar e provocou uma subida vertiginosa do
preço mundial desse produto. Açúcar e escravidão
rapidamente tornaram-se praticamente "sinônimos" em
Campinas e o crescimento da população cativa foi explosivo:
em torno de 8% ao ano entre 1789 e 1801 e 5% ao ano entre
1801 e 1829." (pág. 78)
―A FAMÍLIA DE PESSOAS ESCRAVIZADAS, PELOS
SENHORES BRANCOS"

• "O trabalho de ligar os manuscritos da matrícula aos


assentos de batismo e casamento das paróquias indica que
os escravos listados nesses censo como "casados" ou
"viúvos" foram, de fato, casados pela Igreja Católica. Essas
fontes, contudo, também deixam claro que o matrimônio
sancionado pela Igreja não estava aberto a todos os cativos
que o requisitavam. Os senhores de escravos em Campinas
praticamente proibiam o casamento formal entre escravos
de donos diferentes ou entre cativos e pessoas livres". (pág.
83-84)
• "Por que, no entanto, haveria essa diferença entre
as duas províncias? Parece-me que a explicação
mais plausível se encontra na história de São
Paulo como fronteira geopolítica no final do século
XVIII e início do XIX. O estado português tinha
um interesse especial em assegurar o controle da
Coroa sobre a capitania de São Paulo, uma região
pouco povoada e potencialmente vulnerável a uma
invasão partindo das colônias espanholas. Para
enfrentar o problema , os governadores da
capitania instituíram políticas que, direta ou
indiretamente, favoreciam o matrimônio". (pág.
97)
• "De outro lado, e provavelmente mais importante, os
governadores de São Paulo se preocupavam em
promover diretamente o aumento da população, objetivo
que, ainda segundo Silva, "prendia-se fortemente a uma
política de incentivo ao casamento, como aliás mostrava
o governador Melo Castro e Mendonça em 1800: "Todos
os meios, que forem próprios para facilitar os
casamentos também o serão para promover a povoação".
(pág. 98)
―A FAMÍLIA DE PESSOAS ESCRAVIZADAS, PELAS
PESSOAS BRANCAS‖

• “Ao formar seus "lares", os cativos tinham um poder real de


escolha, mas o exercício desse poder esbarrava sempre na
prepotência de seus senhores". (pág. 103)
• "Portando, quando contextualizadas, os dados sobre Campinas
confirmam o impacto nocivo do escravismo sobre a continuidade das
relações familiares no grupo cativo[...]. Não é essa, contudo, a
questão em pauta. A interpretação contestada aqui é se o sistema
escravista deixou os cativos (nas palavras de Florestan Fernandes)
"perdidos uns para os outros", sem instituições e tradições familiares
e, portanto, sem cultura e visão política próprias. No que diz respeito
a essa questão, as informações de Campinas, situada exatamente na
região focalizada por Fernandes, não são ambíguas. Os dados sobre
posses médias e grandes nesse município sustentam a conclusão de
que os escravos, em todos os contextos, valorizavam a família
conjugal estável, lutavam com empenho para formá-la e
frequentemente conseguiam realizar essa meta (dentro dos limites
criados pelas altas taxas de masculinidade e mortalidade), quando
havia condições propícias para isso". (pág. 118)
• "Apesar de tudo isso, no entanto, acredito que seria um erro
transformar a família escrava, cuja "inexistência" antes era vista
como condição sine qua non para o domínio dos senhores, em
condição "estrutural" para a manutenção desse mesmo domínio.
Fazer isso seria negar os pressupostos que até agora têm guiado
ambos os lados do debate sobre a família escrava. A "família" é
importante para a transmissão e reinterpretação da cultura e da
experiência entre gerações. O grupo subalterno que tem instituições
familiares arraigadas no tempo e redes de parentesco real e fictício
não está desprovido de "formas de união e de solidariedade", muito
menos de uma memória histórica própria: portanto, suas
interpretações da experiência imediata nunca serão idênticas às do
grupo dominante nem poderão ser previstas a partir de um
raciocínio funcionalista". (pág. 124)
CAPÍTULO III – ESPERANÇAS E
RECORDAÇÕES: CONDIÇÕES DE CATIVEIRO,
CULTURA CENTRO-AFRICANA E ESTRATÉGIAS
FAMILIARES.

"Não é possível entender a dinâmica da relação entre cativo e


senhor nem as contradições e mudanças no sistema
escravista sem „entrar na cabeça‟ dos escravos, sem conhecer
suas armas simbólicas e suas possibilidade de ativar e
coordenar essas armas entre si."
1. Lares negros, olhares brancos.
• Observadores da época da escravidão:
problemática de leitura e reinterpretação
2. Herança africana, experiência escrava
• A "linhagem" da África Central no sudeste
brasileiro.
3. Casa e casar-se: arquitetura das senzalas
• A disposição do espaço físico e sua relação com os
projetos familiares.
4. Fachadas e fogos: estratégias domésticas e projetos de
vida.
• O que são estes projetos e como se manifestam.
5. Camponeses e cativos: a "arquitetura" do sistema
colonial
• A "roça", o "lar" e a "economia interna"
CAPÍTULO IV – LARES E LINHAGENS: A FLOR NA
SENZALA
Ina von Binzer: "O senhor não permite que com um calor
desses essa pobre gente acenda o fogo fora da casa?"
Fazendeiro: "Permitir? Tentei um sem-número de vezes
vencer-lhes a resistência, mas o preto sente-se infeliz e fica
até doente, se lhe tiram seu foguinho. Eles sentem
necessidade dele tanto no inverno quanto no verão e nunca
dormem nas cabanas sem as suas brasas."
Robert Walsh
"Ardia um fogo que era mantido permanentemente aceso
mesmo nos dias mais quentes."
RAZÕES PRÁTICAS
Cavazzi de Montecucco - monge capuccino - 1687
"No meio delas [casinhas baixas, 'tenebrosas', sem janelas e
cobertas de colmo] acende-se um grande lume, em redor do
qual, depois de ter saciado a fome, todos se deitam com os
pés para o fogo e a cabeça para as paredes, estando tudo
envolvido no fumo; assim dormem profundamente."
J. van Wing - missionário, antropólogo - 1938
“um menino é encarregado de cuidar desse fogo', mas quem
'coloca nele [ao anoitecer] alguns pedaços de lenha dura que
ardem toda noite' e quem 'preside todas as cerimônias do
culto social' aos antepassados é o 'chefe coroado' do povoado,
que recebe também o nome de nganga bakulu
(médico/sacerdote dos ancestrais)"
Karl Laman
"É considerado uma desgraça ser obrigado a pedir fogo
emprestado repetidamente ao amanhecer. Ele tem que ser
mantido vivo o tempo todo para cozinhar e por causa de seu
calor, e a noite para proteger a casa do mal [ou da maldade].
(...) Ninguém está disposto a dormir sem o fogo. As pessoas
idosas diziam que, nesse caso, elas sempre padeciam de cólica
e de outros tais achaques."
"No campo onde as mulheres trabalham sempre se acende
o fogo com um tição que elas trazem consigo do fogo
doméstico."
USOS POLÍTICOS DO FOGO
Black April - Julia Peterkin – 1927
"O fogo nunca se apagava na lareira de Mamãe Hannah.
Significa má sorte quando o fogo de uma casa morre, e esse
fogo nunca tinha se apagado desde quando foi feito pela
primeira vez pelo bisavô de Mamãe Hannah, que fora trazido
do outro lado do mar para ser escravo. [...] Os fogos que
ardiam em todas as casas da antiga senzala vieram desse
mesmo fogo inicial, que ardera ao longo de anos e anos."
João Congo - 1845 - processo crime
"vendo que eu o tinha ferido [o adversário, um escravo feitor],
e fui [sic] para minha senzala, e ele me acompanhou e caiu,
foi então que meus parceiros me pegaram, eu vi baterem tição
de fogo na mão dele e morreu" - Garantir a boa "viagem" -
Proteger também os vivos
"No Brasil, o fogo doméstico dos escravos, além de esquentar,
secar e iluminar o interior de suas 'moradias', afastar insetos
e estender a vida útil de suas coberturas de colmo, também
lhes servia como arma na formação de uma identidade
compartilhada. Ao ligar o lar aos 'lares' ancestrais, contibuía
para ordenar a comunidade - a sanzala - dos vivos e dos
mortos. [...] Percebemos agora que a experiência de escravos
[...] não pode ser reduzida a uma história de submissão,
cooptação e aculturação. [...] E demos a resposta a Charles
Ribeyrolles: 'na chama reluzente do lar escravo, eis a flor'."
EQUIPE

 Adriel Marques Nunes


 Eduardo Rodrigues
 Gabriel Souza Assunção
 Renan Monteiro Barcellos
 Sady Simões Ribeiro
 Vitor Pascoal Soares Alves

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