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C IC L O DE P E S QU ISA 2 0 1 5 /2 0 1 6

MAIO/2016

ROSA MARIA FISCHER


GRAZIELLA COMINI
JULIANA RODRIGUES
NADIR FRANÇA

A Consolidação dos Valores


de Sustentabilidade: O Caso Amata
“Estamos ajudando a criar uma economia em que a sociedade tem incentivos
financeiros para manter a floresta em pé” – Roberto Waack, fundador da Amata

“Será mais uma visita de cortesia ou estará mesmo o cliente interessado em mudar?”, perguntava-se
João Alberto, executivo responsável pela área comercial da Amata, ao confirmar o café da manhã no
dia seguinte com o presidente de uma das maiores construtoras do país. Apesar da grande
repercussão, nacional e internacional, sobre o desmatamento ilegal na Amazônia, estimado em 5.831
km2 só em 20151, e do risco de reputação para as empresas que utilizam a madeira ilegal, continua
difícil substituir o consumo de madeira de desmatamento por madeira rastreada com origem
garantida. Dilemas como a competição desleal dos custos da madeira tropical ilegal – cerca de 60%
mais barata do que a madeira certificada – ou até mesmo a escassez de produtos certificados
disponíveis – se comparado a mais de 60% de madeira extraída ilegalmente ou vendida como ‘falsa
legal’ – dificultam a adesão pelos grandes compradores. Embora alguns casos já tenham ganhado
visibilidade, como a exigência de madeira certificadas nas obras das Olimpíadas do Rio em 20162,
esta ainda não é uma realidade do setor que é um dos principais compradores de madeira.

Não era a primeira vez que ponderava sobre isso na relação com clientes potenciais, mas esta seria
sua primeira reunião comercial como sócio da companhia. Há poucas semanas havia se tornado um
dos sócios minoritários, seguindo o mecanismo de incentivo, engajamento e alinhamento de longo
prazo adotado pela empresa. Nesse momento, Roberto Waack e Dario Guarita Neto, sócios-
fundadores da empresa, atual presidente do Conselho de Administração e presidente executivo da
empresa, respectivamente, entram na sala.

1 http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=4058
2 http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/nos-jogos-olimpicos-do-rio-so-madeira-certificada
________________________________________________________________________________________________________________

Este caso foi escrito pelas pesquisadoras Juliana Rodrigues e Nadir França, sob a coordenação e supervisão da Professora Dra. Graziella Maria
Comini e da Professora Dra. Rosa Maria Fischer, pelo CEATS – Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor, núcleo
de pesquisa e extensão da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Ele é parte da
coleção de casos do “Social Enterprise Knowledge Network - SEKN”, tendo sido desenvolvido para fins didáticos e como fundamento para
discussões em sala de aula. Não deve ser entendido como apoio, endosso ou aprovação a pessoas ou organizações, nem como ilustração de um
gerenciamento eficaz ou ineficaz.

Copyright © 2016 CEATS - Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor / Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

Dario: Olá João, tudo bem? Sua secretária me avisou que o café amanhã está confirmado.
Muito bom! Seria ótimo já ter a perspectiva de mais um contrato. Não poderei participar do
café, surgiu um novo compromisso, mas quis te avisar antes e sugerir você mencionar o
nosso projeto Catuçaba, considerado referência no Brasil pelo Green Building Council (GBC).
João: Nossa, pensei que você fosse participar, foi você quem conseguiu esse encontro... Acho
que eles estavam esperando que você estivesse lá amanhã. (... ‘e eu também’, pensou.)
Dario: Eu ia, na verdade. Mas surgiu uma oportunidade de apresentar a Amata para um
potencial investidor amanhã com o Roberto. Estávamos planejando o próximo road show e
soubemos que este investidor está no Brasil. Conseguimos um espaço para falar rapidamente
com seus representantes amanhã cedo.
Roberto: Não podemos desperdiçar oportunidades como essa. É por isso que perspectivas de
novos contratos, e grandes, são tão oportunos, pois podem ajudar no convencimento do
nosso plano de negócios no longo prazo.
João: Claro, ótima oportunidade. Mas estou um pouco preocupado com essa reunião com a
construtora amanhã... Sei que precisamos desenvolver o mercado doméstico, mas, mesmo se
o cliente estivesse disposto a mudar e só usar madeira certificada desde já, como garantir o
fornecimento se a gente mesmo não poderia fazê-lo? Ainda não estamos em plena
capacidade de produção e a maior parte do que produzimos já está destinada à exportação. E
nem é uma questão de perder para um concorrente certificado...
Roberto: Mas nada melhor do que já ter a perspectiva do contrato tão logo o produto esteja
disponível. É por isso que novos investidores são urgentes... Isso anda me tirando o sono... —
desabafou o executivo ao lembrar a exigência de identificação de um novo investidor desde a
entrada do último acionista.
Dario: Me preocupa ainda mais que a pressão por resultados no curto prazo e por formas de
financiamento tirem o foco do nosso propósito de manter as florestas nativas.
João: Esse é um dilema difícil de equacionar na frente do cliente. Corremos o risco de não
conseguir atrair clientes de madeiras de ciclo longo no tempo certo ou ainda acabar focando
demais em produtos disponíveis das florestas plantadas que podem ter um ciclo mais curto.
Dario: Se não tivermos aportes adicionais significativos, será difícil ampliar nossa capacidade
produtiva, e até mesmo criar novos produtos. Por isso irei com o Roberto, afinal, é muito
estratégico e precisamos reunir todos os argumentos. Temos uma boa história para contar,
apesar dos resultados aparentemente negativos.
Roberto: Mesmo esperando o ponto de equilíbrio nos próximos dois anos e sabendo que é
nosso plano de negócios, não é tão fácil assim tornar atraente um negócio que apresenta
prejuízo — segundo os dados de 2015, o prejuízo acumulado chegou a R$ 84 milhões —.
Precisamos passar credibilidade, especialmente com um ciclo tão longo de investimento para
ter o retorno — completou.
João: Pois é, não sei qual de nós está com o maior desafio... Eu preciso estar preparado para
convencer o cliente a mudar para a madeira certificada num processo de longo prazo para a
substituição, mesmo que isso represente um aumento de custo e ainda não possa ser feito
completamente. E vocês com o investidor...

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A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata SEKN 2015/2016

1. O Setor Florestal no Brasil e os desafios da região

“A concessão só é cara quando comparada com o preço da ilegalidade. Passar a


motosserra sem critérios sai mais barato” – Antônio Carlos Hummel, diretor do
Serviço Florestal Brasileiro

O Brasil é o segundo país com maior área de florestas do mundo, com aproximadamente 463,2
milhões de hectares cobertos por florestas, representando 54,4% do território nacional. Cerca de 456,1
milhões de hectares são florestas naturais, que se encontram no seu estado original e sem a
intervenção humana. Já 7,2 milhões de hectares de florestas plantadas, intencionalmente produzidas
com foco em um objetivo específico, como produção ou conservação (SNIF, 2015). Dentro dessa
estimativa, apenas 1,55% do total de florestas no Brasil são plantadas, em comparação a 98,45% de
florestas naturais (SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO, 2013).

É possível diferenciar dois universos distintos no setor florestal brasileiro: da floresta natural,
concentrada na região norte do país, marcada pela informalidade, ausência de governança e
significativa presença de ilegalidade; e o da floresta plantada, presente, em sua maioria, nas regiões
sul e sudeste, num ambiente altamente controlado, com forte arcabouço técnico-legal e
acompanhamento regular.

Florestas Naturais e a Amazônia Legal

Em termos de florestas naturais, a Amazônia Legal abrange a maior extensão, com 5,2 milhões de
quilômetros quadrados. Trata-se de uma região administrativa, definida legalmente, equivalendo a
59% do território nacional e com mais de 24 milhões habitantes em 2010 (12% da população
brasileira). Abrange todos os Estados da região Norte do Brasil (Acre, Amazonas, Amapá, Pará,
Rondônia, Roraima e Tocantins), Mato Grosso (parte da região Centro-Oeste) e parte do Maranhão
(na Região Nordeste), incluindo, além do bioma amazônico, o Cerrado e o Pantanal. A densidade
demográfica ainda é baixa, sendo cerca de 4,86 habitantes por quilômetro quadrado, muito abaixo da
média nacional de 22,4 habitantes por quilômetro quadrado (SANTOS; PEREIRA; VERÍSSIMO, 2013).
As áreas públicas protegidas, divididas em Terras Indígenas e Unidades de Conservação (UC),
ocupam 44% do território da Amazônia Legal (SANTOS; PEREIRA; VERÍSSIMO, 2013).

O Produto Interno Bruto (PIB) da Amazônia Legal em 2010 foi cerca de R$ 306 bilhões, ou seja, 8%
do PIB nacional (SANTOS; PEREIRA; VERÍSSIMO, 2013), ainda que bastante concentrado pela
produção industrial da Zona Franca de Manaus. Na economia gerada a partir da floresta, a região é
marcada por desafios relacionados à informalidade e à exploração ilegal dos recursos naturais,
especialmente a madeira. Apesar da insuficiência de dados oficiais da região, estima-se que o
percentual de madeira nativa amazônica extraída ilegalmente nunca foi inferior a 60% (HUMMEL,
2014). O desmatamento e a degradação das florestas naturais tropicais são dois dos principais
desafios da região. Claros avanços, especialmente em monitoramento e controle na Amazônia Legal,
levaram a uma queda significativa da média anual de área desmatada. Isto é, de um índice médio de
19,6 mil quilômetros quadrados, entre 1996 e 2005, para uma média de 9,2 mil quilômetros

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

quadrados, entre 2006 e 2012 (SANTOS; PEREIRA; VERÍSSIMO, 2013). Apesar de atingir, em 2012,
sua menor taxa, de 4,7 mil quilômetros quadrados, o desmatamento na Amazônia ainda é um
problema sério e que precisa ser contido.

A concessão florestal é uma das ações do governo brasileiro para a gestão, monitoramento e
controle da Amazônia Legal, a fim de combater a falsificação de propriedade (grilagem) de terras,
evitar a exploração predatória dos recursos existentes, evitar o desmatamento e/ou conversão do uso
do solo para outros fins, como pecuária e agricultura (Anexo 1). A concessão de manejo sustentável é
feita tanto para empresas quanto para comunidades para extrair madeira, produtos não madeireiros e
oferecer serviços de turismo. Em contrapartida ao direito do uso sustentável, os concessionários
pagam ao governo quantias que variam em função da proposta de preço apresentada durante o
processo de licitação destas áreas. A Amata foi a primeira empresa a obter o direito de concessão, da
área em Rondônia, o que lhe confere legitimidade de operação na região, uma vez que a questão da
propriedade está delimitada como terra pública federal concedida.

Florestas plantadas

A grande concentração das florestas plantadas no Brasil destina-se ao cultivo de variações de


eucalipto e pinus, representando 92,8% do total de florestas plantadas em território nacional. A maior
concentração encontra-se nas regiões Sudeste, Sul e parte do Centro-Oeste, com destaque para o polo
industrial de Três Lagoas (MS). Nessas regiões, a trajetória histórica de desenvolvimento já reduziu
significativamente o montante de florestas nativas, especialmente dos biomas Pampa e Mata
Atlântica (SNIF, 2015). Esta é, inclusive, uma exigência legal, pois a plantação de florestas apenas
pode acontecer em áreas já alteradas anteriormente pela atividade humana. Apenas 10% da área
plantada de eucalipto do Brasil está na Amazônia Legal, segundo dados de 2011, sendo os estados do
Pará e do Maranhão os maiores produtores (SANTOS; PEREIRA; VERÍSSIMO, 2013).

Na estimativa da associação do setor florestal, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), são 7,6
milhões de hectares (pouco acima dos dados do Serviço Florestal Brasileiro) de árvores plantadas de
eucalipto, pinus e demais espécies (acácia, araucária, paricá e teca), para os segmentos de: Celulose e
Papel (32%), Siderurgia a carvão vegetal (15%), Painéis de madeira (6%), Investidores Institucionais
(6%), Produtores Independentes (26%), entre outros (15%). Apenas em 2013, a receita bruta do setor
totalizou R$ 56 bilhões. O setor de árvores plantadas também é responsável por cerca de 4,5 milhões
de empregos diretos, indiretos e resultantes do efeito-renda. Esse total representa aproximadamente
4,5% da população brasileira economicamente ativa.

2. O mercado madeireiro no Brasil e os desafios da Amata neste cenário

O setor financeiro no Brasil estava imerso em uma dinâmica de transformação, acelerada a partir
de 1994, com a implementação do Plano Real e a estabilização da economia dele resultante. O setor
havia sido redimensionado e reorientado para novas formas de financiamento de suas atividades.

O setor florestal brasileiro é um dos mais desenvolvidos e competitivos do mundo, especialmente


em florestas plantadas, dada a complexidade nas áreas de florestas nativas. Seus produtos são

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A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata SEKN 2015/2016

organizados em dois grandes grupos: produtos madeireiros e produtos não madeireiros. Podem ser
iniciadas tanto em florestas públicas (principalmente uso comunitário e concessões) quanto em
florestas privadas (com maioria para fins industriais).

Cadeias Produtivas Origem da matéria-prima


Lenha e carvão
Florestas plantadas e nativas
Madeira sólida (serrarias)
Papel e celulose
Florestas plantadas
Painéis reconstituídos
Produtos não madeireiros Basicamente de florestas nativas
Serviços ambientais Florestas plantadas e nativas
Tabela 1: Setores produtivos de insumos florestais
Fonte: (SNIF, 2015)

Para os fins de entendimento do setor madeireiro, será utilizada a base da estrutura proposta pela
Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI), uma vez que a
Amata está entre suas associadas, com alguns ajustes complementares obtidos pela leitura do Serviço
Florestal Brasileiro, IBÁ e posicionamento da Amata.

Figura 1: Cadeia Produtiva do Setor de Madeira Processada Mecanicamente


Fonte: (ABIMCI, 2009)

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

 Produto Madeireiro é todo o material lenhoso passível de aproveitamento, sendo no país a


maior parte destinada à produção de celulose e papel (SNIF, 2015). A madeira processada
mecanicamente, um dos tipos de produto madeireiro, também é conhecida como o segmento
de madeira sólida, pois, em uma definição bastante simples, utiliza a madeira em seu estado
original. Destacam-se produtos, como compensado, madeira serrada, lâminas e produtos de
maior valor agregado (PMVA) – portas, molduras, janelas, pisos e componentes para móveis.

 Produtos Não Madeireiros são produtos florestais não-lenhosos de origem vegetal, tais como
resina, cipó, óleo, sementes, plantas ornamentais, plantas medicinais, bem como serviços
sociais e ambientais, como reservas extrativistas, sequestro de carbono, conservação genética
e outros benefícios oriundos da manutenção da floresta (SNIF, 2015). Em sua maioria são
provenientes de florestas naturais, mas também podem advir em florestas plantadas, em
menor escala, pois são normalmente monoculturas.

 Serviços Florestais são os benefícios que as pessoas obtêm direta ou indiretamente da


natureza, através dos ecossistemas, a fim de sustentar a vida no planeta, como: (1) serviços de
provisão, como alimentos, água doce, fibras, produtos químicos; (2) serviços de regulação, a
partir de processos naturais que regulam condições ambientais, como absorção de CO²,
controle do clima, polinização de plantas, controle de doenças e pragas; (3) serviços culturais,
de natureza recreativa, educacional, religiosa ou estética-paisagística; (4) serviços de suporte,
que contribuem para outros serviços, como ciclagem de nutrientes, formação do solo,
dispersão de sementes.

A legalização da madeira é um dos principais desafios do setor. Há algumas décadas, um dos


principais dilemas era a madeira legal versus ilegal. No entanto, com a implantação de mecanismos
de monitoramento e controle pelo governo brasileiro, o desafio passa a ser o “falso legal” (HUMMEL,
2014). Muitas das irregularidades e das fraudes acontecem nas ferramentas de transporte. O principal
é o Documento de Origem Florestal (DOF), instituído pela Portaria n° 253, de 18 de agosto de 2006,
do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que representa a licença obrigatória para o controle do
transporte de produto e subproduto florestal de origem nativa 3. O sistema do DOF é disponibilizado
para pessoas físicas e jurídicas devidamente cadastradas no Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No entanto, há constantes fraudes, tal como denunciou o
Greenpeace em maio de 20144. Um alto volume de madeira retirada ilegalmente, de maneira
predatória, é transportado para madeireiras e serrarias na região que possuem o sistema do DOF e
são convertidas em madeira legal, isto é, são “esquentadas” ou “lavadas”, como é chamado
popularmente. Essa madeira chega ao mercado doméstico e internacional com suposta legalidade,
uma vez que tem o documento principal (DOF), porém o processo como um todo não é monitorado e
controlado.

Os custos envolvidos na operação do falso legal são cerca de 40 a 60% menores em relação aos da
operação legal, desestimulando a atuação responsável do setor. Além disso, também é um meio de

3 Fonte: https://servicos.ibama.gov.br/index.php/autorizacoes-e-licencas/documento-de-origem-florestal-dof
4 http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Madeira-ilegal-na-Amazonia-lavou-ficou-legal/

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A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata SEKN 2015/2016

evitar o sistema altamente burocrático do processo absolutamente legal. A situação decorre, entre
outros fatores, do fato de o setor madeireiro ter-se estruturado com base no uso extensivo das
florestas e em deslocamentos à medida que esses recursos se esgotavam. Essa visão de curto prazo
privilegiou a falta de especialização e a não formalização de relações de trabalho.

3. Manejo Sustentável de Florestas

O Manejo Florestal Sustentável é a administração da floresta para obter benefícios econômicos, sociais e
ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se,
cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e
subprodutos não-madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços florestais (SNIF, 2015). Trata-se
da utilização racional e ambientalmente adequada dos recursos florestais, transformando sua exploração numa
atividade econômica, isto é, em um negócio muito diferente do desmatamento, pois a capacidade de
reestruturação do solo e do ecossistema é vital para a perenidade do negócio.

Algumas certificações atuam como ferramentas de garantia para identificar a origem dos produtos florestais
com base no manejo sustentável. A obtenção se dá por meio de processos de auditoria independente e externa,
feitas por órgãos certificadores que avaliam desde os métodos de produção de muda, plantio e colheita, até a
indústria, passando por avaliações relacionadas aos impactos às comunidades do entorno, segurança e saúde
dos trabalhadores e a conformidade com a legislação municipal, estadual e federal (BRACELPA, 2015).

As certificações florestais de maior reconhecimento são o Forest Stweardship Council (FSC) e o Programa
Nacional de Certificação Florestal (Cerflor), endossado pelo sistema internacional Programme for the Endorsement
of Forest Certification Systems (PEFC). Hoje quase quatro milhões de hectares dos 6,5 de florestas plantadas
existentes no Brasil são certificados pelo FSC, de maior reconhecimento internacional, e 1,2 milhões pelo
Cerflor, sendo que muitas das empresas possuem dupla certificação.

O FSC busca identificar “produtos madeireiros e não madeireiros originados do bom manejo das florestas,
assegurando ao consumidor responsável que todo o processo de produção foi realizado a partir de princípios
ambientais, sociais e econômicos acordados mundialmente” (ZERBINI, 2014). Atualmente são três
modalidades de certificação: (1) Manejo Florestal, que atesta que a floresta é manejada de forma responsável,
de acordo com os princípios e critérios da certificação; (2) Cadeia de Custódia, que garante a rastreabilidade
desde a produção da matéria-prima proveniente das florestas, passando pelos processos de manufatura até
chegar ao consumidor final; e (3) Madeira Controlada, que obriga as empresas a evitarem o uso de madeiras
consideradas inaceitáveis nos seus produtos mistos.

Segundo estudo do FSC (ZERBINI, 2014), a maioria da produção das plantações certificadas está voltada
para o mercado de papel e celulose (cerca de 79%). Há também as aplicações nos setores moveleiros e da
construção civil. O destino da produção das florestas plantadas é prioritariamente nacional, ainda que possa ser
depois exportada. Já no cenário das florestas nativas certificadas na Amazônia Legal é, quase em sua maioria
(47%), exportada para países da Europa e até mesmo Japão. O mercado local representa 29%. No entanto, caso
haja uma exigência de madeira certificada no mercado doméstico, ainda há sérios riscos de falta de recursos e
produtores suficientes para suprir a demanda. Portanto, essa mudança de mentalidade do setor precisa
acontecer lentamente para que os produtores possam se engajar e não haja um colapso do setor.

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

4. A criação da Amata em 2005

O valor que a mata representa em pé é alto e por isso deve ser compartilhado. Por meio do
conhecimento, de cuidados e técnicas adequados, garante-se uma relação simbiótica entre a
selva e o que precisamos dela. (Trecho do Manifesto AMATA –website da empresa)

A partir da intenção de três profissionais com trajetórias diferentes, mas tendo em comum a preocupação
com o meio ambiente, surgiu a Amata – empresa que faz a ponte entre a floresta e o mercado consumidor ao
disponibilizar madeira certificada, produzida com responsabilidade socioambiental e garantia de origem. A
atuação da empresa se concretiza na gestão sustentável da floresta, atuando na geração de valor econômico por
meio de todos os bens que podem ser produzidos, de maneira sustentável, pela floresta. Tem como produtos:
Madeira, Não Madeireiros e Serviços Ambientais. Posiciona-se nas três vertentes do setor florestal, com maior
concentração no setor madeireiro, em função das próprias características de produção de áreas florestais.

A madeira AMATA vem de florestas plantadas – de espécies nativas, eucalipto e pinos – e também do
manejo de baixo impacto em florestas nativas, pois a empresa acredita que trabalhar com os diversos tipos de
floresta – o chamado contínuo florestal – é um ativo. Dessa forma, oferece ao mercado madeira sólida, serrada e
para processo. Tendo sido a primeira empresa a conseguir uma concessão florestal pública no Brasil, a AMATA
é pioneira em diversos aspectos. Não quer apenas desbravar caminhos, mas mostrar que há outras formas –
mais sustentáveis – de manejar florestas e comercializar madeira.

5. Histórico e perfil das operações Amata

A Amata acredita que seu papel não se restringe a plantar e colher da forma correta, mas
abrange o respeito às normas ambientais, às certificações, à capacidade regenerativa da floresta
e às comunidades do entorno. Sua proposta é criar um novo jeito de planejar e praticar a
atividade florestal e madeireira, incentivando o uso múltiplo de seus produtos e priorizando o
contínuo florestal. (Website Amata)

Fundada em 2005, os primeiros anos da empresa foram dedicados ao estudo do setor, elaboração do plano
de negócios e busca por investidores. O primeiro escritório foi inaugurado em 2007, em São Paulo, num espaço
dentro da loja da fundadora Etel. Em 2008, a empresa se muda para a nova sede, também em São Paulo, em
prédio comercial em região cercada por escritórios e sedes de empresas nacionais e multinacionais (Anexo 2).

A operação da empresa propriamente dita começou em 2008, iniciando sua operação por estado da
seguinte forma: Pará (2008); Rondônia (2008); Mato Grosso do Sul (2012); Paraná (2013). O produto da Amata
chegou ao mercado em 2011, com a primeira venda de madeira serrada, concluindo-se aí o primeiro ciclo do
manejo de baixo impacto na floresta do Jamari, Rondônia (RO). Sua operação está diversificada entre florestas
de espécies nativas e exóticas, plantadas e naturais, terceiras e próprias5.

5 A AMATA maneja cerca de 50 espécies de árvores nativas e exóticas. Entre elas estão: Eucalipto, Pinus, Paricá, Açaí, Acapu,
Andiroba, Ingá, Ipê-amarelo, Jucá, Mamorana, Jatobá, Jacarandá, Pupunha, Paineira, Seringueira, Tambori e Urucum. No seu
website, a empresa disponibiliza uma Xiloteca, isto é, um banco de dados sobre todas as espécies disponíveis, origem da

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A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata SEKN 2015/2016

No total, gestiona mais de 119 mil hectares de floresta no país (Anexo 3).

Pará (PA): Castanhal, Paragominas e Ipixuna – Plantio


de nativas em áreas degradadas. A Amata é
responsável pela gestão e operação de áreas próprias e
arrendadas.

Rondônia (RO): Floresta Nacional do Jamari – Manejo


de Nativas e Indústria, por meio de concessão da
Unidade de Manejo Florestal 3 da Floresta Nacional
do Jamari

Mato Grosso do Sul (MS): Três Lagoas – Plantio de


Eucalipto e Pinus, operação greenfield de plantações em
áreas tradicionais de uso pecuário.

Paraná (PR): Aquisição de florestas existentes de pinus


e eucalipto em Rio Branco do Sul, Itaperuçu, Cerro
Azul, Campo Largo, Castro, Palmeira e Ponta Grossa.
Figura 2: Mapa das localidades da Amata São Paulo (SP): Escritório corporativo.
Fonte: Website Amata

O Manejo Florestal Sustentável é premissa em todas quatro regiões operacionais, tanto áreas próprias
quanto terceiras. São utilizadas técnicas que minimizam o impacto das atividades e garantem a equivalência
entre as taxas de colheita e de regeneração florestal, mantendo a sustentabilidade da produção. Todas as áreas
são certificadas pelo FSC. A Amata acredita que trabalhar com operações certificadas é também uma
ferramenta de governança corporativa. As certificações avaliam o equilíbrio entre as questões sociais,
ambientais e econômicas inerentes ao negócio e que podem afetar a imagem da empresa. Assim, elas podem
também reduzir os riscos aos investidores e aos colaboradores da companhia. Para isso, a Amata adota os
Princípios e Critérios do Forest Stewardship Council® (FSC®) desde o primeiro dia de uma operação, antes
mesmo de passar pela auditoria externa preliminar à certificação.

6. O Negócio Amata e a sua proposta de valor

“Vivemos um momento onde começam a surgir iniciativas e metodologias cada vez mais
robustas para incorporar as externalidades no valor das empresas, contabilizando os efeitos de
suas ações em seu balanço corporativo. (Amata - Relatório de Sustentabilidade 2015)

O principal produto da Amata é a madeira certificada, colhida de florestas plantadas – nativas e exóticas – e
com manejo de baixo impacto de áreas naturais. Atua tanto com madeira serrada bruta e madeira para os

colheita, suas características e indicações de aplicação conforme os produtos comercializados. Entre as nativas, o Paricá é o
produto principal, representando mais de 90% da extração realizada.

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

setores moveleiros e construção civil, quanto madeira para processo, a ser utilizado nos setores de energia e de
celulose e papel.

Dentro dos princípios do manejo sustentável, a visão é colher todos os produtos florestais possíveis,
gerando mínimo de impacto e retirando somente aquilo que a natureza pode repor. Dessa forma, também faz
parte do plano de negócios da AMATA a comercialização de:

 Produtos não madeireiros: produtos biológicos da flora, como plantas medicinais, frutos, sementes,
castanhas, resinas, fibras e raízes utilizadas para produção de extratos, óleos e corantes. Esses produtos
podem ser destinados às indústrias de cosméticos, alimentos, farmacêutica e ao mercado de comodities
climáticas.

 Serviços ambientais: regulação climática, a redução das concentrações de carbono na atmosfera, a


conservação das reservas de água, a manutenção da biodiversidade e, inclusive, as belas paisagens
para o turismo. O ingresso nesse mercado depende da maturidade das florestas, sendo um passo
posterior no plano de negócios, monetizando alguns valores de caráter mais intangível, tais como
crédito de carbono, crédito de reposição florestal, crédito de excedente de reserva legal, entre outros.
Nesse sentido, a AMATA atua no ramo de serviços florestais por meio do trabalho de recuperação de
áreas degradadas na Floresta Amazônica. Um dos exemplos foi a parceria com a Svenska Cellulosa
Aktiebolaget (SCA), uma das maiores empresas florestais de papel e celulose da Europa, que deu início
ao plantio de espécies nativas no Pará. No entanto, a parceria com a SCA para realização de novos
plantios foi encerrada em 2014 devido ao aumento dos custos silviculturais relacionados ao plantio. A
diferença entre o incentivo repassado e as despesas com o plantio passou a comprometer o retorno
econômico do projeto, tornando-o inviável.. Há também a parceria com a Biofílica Investimentos
Ambientais, especializada na comercialização de créditos ambientais e no desenvolvimento de cadeias
de negócios sustentáveis. Trata-se de um contrato de concessão privada por 30 anos na Fazenda São
Joaquim, de 102 mil hectares, localizada no município de Itacoatiara, a cerca de 170 km de Manaus, no
estado do Amazonas. A AMATA é também parceira organizações como o Instituto Imazon, o
Instituto de Pesquisa Ecológicas (IPE) e o Instituto Peabiru, em projetos de gestão socioambiental , com
especial ênfase em gestão e valoração de ativos como carbono e biodiversidade.

A maior parte das vendas é destinada à exportação, pois já está mais sensibilizado para a causa ambiental e
exigência de maneira certificada. O destino são países como Holanda, França, Estados Unidos, Alemanha,
México, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Suécia, China, Inglaterra e Panamá. Os principais produtos
comercializados são madeira tropical certificada para deques, estruturas para construção civil e para construção
de veleiros, pisos de madeira, pisos engenheirado, produção de ferramentas e outras peças para a indústria de
madeira. No mercado interno, os principais produtos vendidos são: madeira para construção civil, cabos de
madeira tropical para ferramentas de jardinagem, vassouras e escovas de limpeza, e uma linha de produto
específica para madeira tropical certificada para a indústria moveleira e de pisos, nos estados de São Paulo,
Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Rondônia, Rio de Janeiro, Espirito Santo e Rio Grande do Sul. Ainda é
um processo de transição no mercado doméstico para a valorização da madeira certificada. A Amata tem
focado esforço de mudança de percepção e comportamento de compra começando pelo grupo dos
influenciadores, por exemplo, escritórios de arquiteturas e grandes construtoras.

A proposta de valor da Amata se concretiza a partir dessa diversificação de portfólio sob a premissa de uma
atuação sustentável. Dessa maneira atua tanto nas florestas naturais quanto plantadas, explorando tanto o valor

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A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata SEKN 2015/2016

da madeira como produto, quanto na cadeira de valor ampliada incluindo os produtos não madeireiros e
serviços ambientais. Orientada pelo princípio de uso múltiplo e sustentável da floresta, a Amata prioriza o
cuidado e a gestão das externalidades6 ao longo de toda a sua cadeia produtiva.

A empresa acredita que incorporar a gestão de externalidades na sua pauta significa dar aos aspectos
socioambientais uma importância central no dia-a-dia no negócio. Essa discussão permeia todas as áreas da
empresa – operacionais e administrativas – para observar os impactos de tudo o que circunda uma operação de
manejo: o mercado de trabalho, a economia local, a relação com as comunidades, a logística, a escolha de
fornecedores. Com o ideal de ser um negócio socioambiental inovador e fundamentado nas externalidades
positivas, a Amata tem o seu o modelo de gestão socioambiental como um dos maiores ativos da empresa.

Além da incorporação dos indicadores e metas ao dia-a-dia das operações, a empresa está se aprofundando
no tema das externalidades e como elas podem afetar o valor do negócio. Neste sentido, a Amata trabalha para
que as suas externalidades positivas sejam consideradas o como um passível intangível da empresa e
beneficiem o seu balanço e valuation. O desafio é tangibilizar e monetizar os benefícios socioambientais
advindos da silvicultura, da certificação, do trabalho em áreas licitadas, do uso múltiplo da floresta, modelo de
gestão socioambiental Amata. A ideia é que, ao mensurar essas externalidades e incorporá-las ao mundo
financeiro, elas afetem o valor da empresa e, por consequência, sensibilizem acionistas e mobilizem gestores de
capital financeiro. Desta forma, esses benefícios socioambientais apoiariam diretamente o crescimento e a
capacidade de escala das operações Amata.

Ainda que nem todas as externalidades geradas possam ser monetizadas, a Amata tem como meta executar
metodologias7 de valoração das externalidades dos seus negócios a fim de conhecer, mensurar valor e
incorporar suas externalidades ao balanço da empresa é uma ação em favor das florestas e da sustentabilidade
do negócio, que poderá ser analisado a partir de critérios mais amplos que os financeiros.

7. Continuum florestal: o valor da floresta como um todo

A causa e a proposta de valor da Amata são a essência do seu diferencial, pautada no conceito de
continuum florestal. É, provavelmente, a única empresa no setor a atuar tanto nas florestas naturais quanto
plantadas, sendo essas últimas de espécies nativas e exóticas, nas diferentes regiões (e realidades) brasileiras.

O continuum florestal abrange todos os tipos de florestas. Em um extremo, estão as florestas


permanentemente preservadas, tais como: parques, estações ecológicas, reservas naturais e áreas de
preservação permanente das propriedades rurais que tenham como principal produto os serviços ambientais.
No outro extremo, estão as plantações homogêneas de grande escala, como os plantios de eucalipto e pínus,
considerados manejos de maior impacto. Entre esses extremos, há diversos tipos de florestas com diferentes
níveis de manejo, como plantações de árvores nativas, seringais, castanhais, florestas extrativistas e áreas de
manejo florestal sustentável.

6 A palavra externalidade tem sido usada, em geral, para se referir aos impactos, positivos ou negativos, causados por
qualquer atividade produtiva. Estes impactos podem se relacionar tanto ao capital natural, como aos capitais financeiro, social,
humano, intelectual ou produtivo (Amata - Relatório de Sustentabilidade 2015)
7 Algumas iniciativas já trabalham com esse desafio no horizonte, como o Integrated Reporting, que reúne informações
financeiras, ambientais e sociais e suas relações entre si em um só documento. Outras metodologias, como o EP&L, o TIMM e o
TEEB também buscam apontar um caminho para o assunto (Amata – Relatório de Sustentabilidade 2015).

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

Assim, fica evidente o posicionamento da Amata como empresa florestal que busca a gestão das florestas a
partir do entendimento mais amplo de geração de valor econômico, social e ambiental das áreas, sendo um dos
principais mecanismos para sua preservação. São quatro os pilares estratégicos de negócio da empresa:

1. O conceito de continuum florestal, que inclui operações de manejo de florestas tropicais, plantio de
espécies nativas e plantio de exóticas;

2. O uso múltiplo da floresta, para a geração de produtos madeireiros, não madeireiros e serviços
ambientais;

3. A geração de valor compartilhado, que pressupõe o lucro para acionistas, renda e divisão de benefícios
para a sociedade local e serviços ambientais para todos;

4. A adoção das melhores práticas de governança corporativa.

Essa é a ideia central do continuum florestal e a forma como a Amata diversifica sua atuação e produção. As
florestas plantadas de pinus e eucalipto têm a possibilidade de retorno mais imediato e ampla tecnologia e
conhecimento já disponível. Já a plantação de espécies nativas demanda uma curva de aprendizado. O
desenvolvimento de conhecimento sobre a plantação e o manejo de florestas nativas torna-se um dos ativos
intangíveis da Amata, especialmente do Paricá, carro-chefe de sua produção de espécies nativas. Além disso,
também desenvolveu capacidade para a gestão de concessão florestal e modelo de relacionamento
socioambiental.

Figura 3: Princípio do Continuum Florestal


Fonte: Resumo Plano de Manejo Florestal Sustentável da UMF III Da Flona Do Jamari

8. Amata - Jeito de Fazer

Ao ser criada com base em um conceito diferenciado de atuação no setor, pautada em princípios de gestão
sustentável, a reputação passa a compor outro ativo que está sendo construído. O modelo de gestão
socioambiental imbuído no seu modelo de negócios, por meio do relacionamento próximo e a consulta
constante aos stakeholders, é uma forma de contribuir com o múltiplo uso da floresta e com a mudança de

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A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata SEKN 2015/2016

paradigma no setor florestal brasileiro8. A empresa defende também a geração de valor compartilhado com
todos os envolvidos em sua cadeia produtiva, o que inclui o desenvolvimento das comunidades que vivem na
e da floresta.

Em todas as localidades onde atua, há o agente socioambiental, responsável por trabalhar a relação da
empresa com a comunidade e com os funcionários. O objetivo é o estabelecimento de uma relação de troca e
empatia com os envolvidos. Não há, no registro das operações da Amata, histórico de conflitos significativos
com as comunidades locais.

Tendo como princípio o não estabelecimento de relações unicamente filantrópicas ou a trocas de favores, a
empresa também mantém parceria com o Poder Público. Por exemplo, trabalha conjuntamente com prefeituras
na manutenção e recuperação de vias, estradas e outras estruturas públicas que sofram impactos negativos ou
que possam ser beneficiadas pela operação da empresa. Suas diretrizes de atuação são:

 Compromisso com uma causa: Todas as ações da empresa estão comprometidas com a geração e o
compartilhamento do valor da floresta, o que contribui para conservação desses ecossistemas.

 Confiabilidade: Relacionamentos sólidos são construídos com o uso de uma linguagem clara e direta em
acordos e contratos e do cumprimento dos prazos estabelecidos.

 Valorização das pessoas: Todas as ações levam em conta seu impacto social e o conhecimento construído
internamente é compartilhado com toda a sociedade.

 Responsabilidade: A AMATA escuta, responde e dialoga com as questões colocadas a ela pela sociedade
e pauta a sua atuação pelo respeito à floresta, às comunidades e aos clientes, funcionários e acionistas.

 Segurança: Todos os acidentes são evitáveis. Portanto, não são tolerados descumprimentos dos
procedimentos operacionais e o tratamento aos desvios são feitos de forma rigorosa.

 Busca das melhores soluções: A empresa está comprometida em oferecer a solução mais adequada para
todos os clientes que chegam até ela.

9. A entrada de novos sócios e a reconfiguração acionária

“Existiu o momento do investidor que ajudou a fazer a transformar a empresa de “power


point” para virar uma empresa de verdade. Agora estamos reciclando, então saem aqueles que
precisam do dinheiro de volta para devolver aos investidores e ficam aqueles estratégicos que
vão ficar na companhia porque acreditam no projeto” (Dario Guarita Neto, fundador da
Amata, em entrevista)

Novos acionistas chegaram apenas em 2010. Vale destacar que todos os investidores tem em comum a
preocupação em investir seus recursos em empresas e projetos comprometidos com o desenvolvimento
sustentável:

8 www.florestal.gov.br/concessoesflorestais/oqueeconcessaoflorestal/concessaoflorestalumnovoparadigmadeusodasflorestas

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

 Fundo Brasil Sustentabilidade – FBS: gerido pela BRZ e Latour Capital, voltado exclusivamente para projetos
no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) previsto no Protocolo de Kyoto9. O fundo foi
criado em 2008, com a participação da BNDESPAR de R$ 100 milhões, limitada a uma parcela de 40% do
valor total. O Fundo tem prazo de duração de oito anos, prorrogável por até dois anos. Entre as
características inéditas do novo fundo, destaca-se a vinculação entre a Taxa de Performance do Fundo e o
sucesso na obtenção de créditos de carbono pelas empresas apoiadas.

 Fundo Brasil FIP Agro: gerido pela BRZ, que investe na área de agronegócio. O fundo foi lançado pelo
Banco do Brasil em meados de 2008, o fundo de investimentos em participações no agronegócio ("private
equity"). Aportou R$ 100 milhões na empresa florestal paulista Amata10. O FIP Agro tem como
investidores BNDES, BB Banco de Investimentos (BBI), os fundos de pensão de funcionários Ceres
(Embrapa), Petros (Petrobras), Previ (BB), além do próprio gestor do fundo, a BRZ Investimentos, um
braço da GP Investimentos. O fundo do BB, que captou R$ 840 milhões para investir exclusivamente em
empresas do agronegócio (dados de 2010). As regras do FIP Agro estabelecem um cronograma de retorno
financeiro acima do CDI. Os investimentos devem ter prazo médio de oito anos. Ao fim dos contratos de
gestão, as empresas poderão recomprar a participação acionária ou abrir capital em bolsas de valores no
médio prazo. Mas isso não será uma exigência contratual, já que os cotistas também poderão renovar ou
ampliar suas participações nessas empresas.

 BNDESPAR11, banco de investimento: A BNDESPAR é uma sociedade por ações, constituída como
subsidiária integral do BNDES, que tem como um dos seus objetivos realizar operações visando à
capitalização de empreendimentos controlados por grupos privados, observados os planos e políticas do
BNDES.

 Aquila (7,94%)12: Primeira empresa de investimentos independentes dos países de língua alemã da Europa.
Investe em projetos e empresas voltados para a sustentabilidade. O Grupo Aquila emprega mais de 200
funcionários em dez locais da Europa e Ásia-Pacífico e administra ativos de mais de mil milhões de EUR
7.9 para uma base de investidores global (em Dezembro de 2014).

 AMATA Investimentos e Participações – AIP (44,44%), holding que representa seus fundadores, fundada em
2008.

 FIP Urbis: O FIP Urbis é um fundo de investimentos em participações controlado por Guilherme Leal,
fundador da Natura e empresário reconhecido nacionalmente pela causa da sustentabilidade. Conforme
descrito no Relatório de Sustentabilidade da empresa de 2014, o acordo de investimento firmado em
dezembro de 2014 prevê a integralização de R$ 100.000.000 em até 24 meses, “desde que atendidas
determinadas condições: (i) identificação de novo sócio com compromisso de integralizar no mínimo igual
montante e (ii) aprovar no Conselho de Administração da Companhia um novo projeto para expansão de
plantios”.

9 http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Sala_de_Imprensa/Noticias/2008/20080226_not024_08.html

10 http://www.ocesc.org.br/noticias_eventos/noticias_eventos.php?id=5658

11 http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/O_BNDES/A_Empresa/sistema_bndes.html

12 http://www.aquila-capital.de/en/company/about-aquila-capital

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A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata SEKN 2015/2016

Tabela 2: Quadro de participação acionária


Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2014

O capital social integralizado em 31 de dezembro de 2014 é de R$ 266.359.894 e a reserva de


capital é de R$ 32.058.547 e estão representados por 77.292.572 ações, sendo 70.831.789 ações
ordinárias nominativas e 6.460.783 ações preferências resgatáveis. (Relatório de
Sustentabilidade 2014)

Finalizado o processo de capitalização, a Amata passou a ser controlada por todos os acionistas e, com o
propósito de construir uma relação ética e transparente com todos os stakeholders, a empresa implantou
modelos de gestão participativa e de governança corporativa, este último fundamentado nas melhores práticas
de mercado, incluindo as recomendadas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

10. Resultados financeiros e os desafios para um negócio de ciclo longo

“Plantamos florestas de ciclo longo e aí está o diferencial da Amata, pois a gente não está
plantando floresta para a indústria de celulose. O nosso conceito é produzir madeira que tem
valor”. (Alex Holanda, diretor financeiro da Amata).

Por ser uma empresa jovem e com ciclo longo, a Amata encontra-se no estágio de formação de ativos, com
florestas entre dois e oito anos. Neste contexto, os acionistas assumem um papel central na dinâmica financeira
da empresa, uma vez que as florestas ainda não geram caixa suficiente para garantir a sustentação e o
crescimento da empresa. (Anexo 4)

Apesar de também comercializar partes de madeira de menor valor para processo, especialmente para a
indústria de celulose e de madeira processada, o objetivo da empresa é concentrar 70% do volume de madeira
com maior dimensão, ou seja, madeira serrada bruta, certificada e alto valor agregado. O ciclo previsto para

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

esse tipo de colheita é de entre 18 a 21 anos para toras mais grossas de pinus, por exemplo, e entre 13 e 16 anos
para as árvores de eucalipto, em termos de florestas plantadas de tipos exóticos. Apesar deste ciclo longo de
colheita imprimir desafios à gestão de caixa e risco da Amata, a empresa vivencia um período de crescimento
expressivo em termos de ativos e receitas, como demonstrado nos gráficos abaixo (Figuras 1 e 2). Ao final de
2011, os ativos da empresa somavam R$ 36 milhões. Em dezembro de 2014, já acumulavam R$ 309 milhões.

Figura 4: Evolução dos ativos totais e biológicos da Amata (2011-2014)


Fonte: Amata – Relatório de Sustentabilidade 2014

Também no final de 2014, a receita líquida da Amata somava R$ 10 milhões, uma variação de 392% em
comparação aos R$ 2,6 milhões em dezembro de 2011. Esta variação se deve à complementação da receita
vinda da parceria com a SCA na operação no Pará e também ao início das operações comerciais em Rondônia e
no Paraná. As receitas previstas para 2015 eram de 15 milhões de reais, aproximadamente.

Figura 5: Evolução das Receitas da Amata (2011-2014)


Fonte: Amata – Relatório de Sustentabilidade 2014

A expectativa é de que a Amata alcance o seu ponto de equilíbrio financeiro em 2018. No entanto, a entrada
de novos investidores pode aumentar esse horizonte uma vez que a cada novo um aporte há também novas

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A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata SEKN 2015/2016

metas de crescimento e de maciço florestal, e o prazo para alcance do ponto de equilíbrio pode aumentar em
cinco ou até 10 anos.

“Toda vez que há um investimento com a decisão de que o lucro gerado seja reinvestido, você
está jogando esse ponto de equilíbrio lá pra frente. Alguns acionistas saem, outros ficam,
depende do perfil e estratégia de cada um. Daí a importância de termos diferentes perfis de
acionistas”.(Alex Holanda, diretor financeiro da Amata).

A geração de receitas e lucros depende de escala de produção para uma empresa florestal. No caso da
Amata precisaria atingir um tamanho pelo menos três vezes maior ao da referência em 2015. Com o início e
aumento da geração de caixa mais próximo, a expectativa é de que a empresa consiga obter também linhas de
financiamento bancário e tornar a sua estrutura de capital menos dependente dos acionistas. A média de
retorno financeiro no setor é de 8% e 12% sobre o capital aplicado.

O equilíbrio entre risco e retorno é buscado através da gestão cuidadosa dos indicadores, que são
acompanhados mensal e/ou trimestral pelo quadro de acionistas. Além disso, o planejamento do plantio, a
sistematização de procedimentos e metodologias e a apresentação dos inventários anuais são usados como
mecanismos de gestão de risco e buscam oferecer aos investidores maior segurança quanto ao retorno dos seus
investimentos.

Apesar de contar com um quadro de investidores que acredita no valor do negócio Amata, a empresa
convive ainda com o desafio de aumentar o seu private equity e demanda mais investimentos de longo prazo.
Este é um grande entrave que a Amata encontra no mercado financeiro brasileiro. Diferentemente do mercado
internacional como, por exemplo, o Europeu, onde planta-se para colher até 100 anos depois, no Brasil a
colheita após 14 anos parece incompatível com o perfil do investidor brasileiro. Da mesma forma, a captação de
financiamento no setor bancário é também dificultada pelo perfil de ciclo longo do negócio, que demanda
linhas de financiamento com carências estendidas de até 15 anos.

Monetizar os valores não óbvios que a floresta tem e tornar os ativos intangíveis tão valiosos quanto os
tangíveis é um elemento central para a Amata na relação com investidores. Isto significa sensibilizá-los sobre os
ganhos de curto e médio prazo que a empresa oferece: o valor da floresta em pé, o relacionamento harmônico
com stakeholders, a silvicultura, o uso múltiplo da floresta, o manejo sustentável e certificado. Mais do que isso,
apresentar aos investidores metodologias e instrumentos que permitam a qualificação e a monetização das
externalidades da Amata e, assim, a valoração dos seus impactos socioambientais positivos.

11. Como convencer clientes e investidores do valor da perenidade da floresta?

Roberto e Dario se despedem de João Alberto desejando boa sorte para o encontro no dia seguinte. Os três
sabiam que as duas reuniões eram importantes, a perenidade da empresa dependia desses stakeholders. Mas
sabiam também que precisam atrair os clientes e investidores certos, que acreditassem na causa e que
pudessem alinhar suas propostas de valor pelos mesmos preceitos. Mas nem sempre é fácil identificá-los e
diferenciar discurso de prática. Eles precisariam se diferenciar também em seus discursos, para atrair quem
estivesse disposto a investir no longo prazo e agregar o valor ambiental em seu posicionamento, de uma forma
ou de outra.

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

ANEXO 1: ARTIGO SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO (SBF)

Concessão Florestal: Um novo paradigma de uso das florestas

Conciliando a conservação das florestas brasileiras com o desenvolvimento socioeconômico

Conservar a cobertura vegetal das florestas brasileiras, por meio da melhoria da qualidade de vida
da população que vive em seu entorno e do estímulo à economia formal com produtos e serviços
oriundos de florestas manejadas, é o principal objetivo da política de concessões florestais,
implementada pelo Governo Federal a partir de 2006. A Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei
11.284/2006), que instituiu o Serviço Florestal Brasileiro, criou a possibilidade da concessão de áreas
de florestas públicas.

Desde 2006, o governo pode conceder a empresas e comunidades o direito de manejar florestas
públicas para extrair madeira, produtos não madeireiros e oferecer serviços de turismo. Em
contrapartida ao direito do uso sustentável, os concessionários pagam ao governo quantias que
variam em função da proposta de preço apresentada durante o processo de licitação destas áreas.

A política de concessão florestal permite que os governos federal, estaduais e municipais


gerenciem seu patrimônio florestal de forma a combater a grilagem de terras, evitar a exploração
predatória dos recursos existentes, evitando assim a conversão do uso do solo para outros fins, como
pecuária e agricultura, e promovendo uma economia em bases sustentáveis e de longo prazo.

A floresta concedida permanece em pé, pois os contratos firmados somente permitem a obtenção
do recurso florestal por meio das técnicas do manejo florestal e exploração de impacto reduzido.
Desta forma, a área é utilizada em um sistema de rodízio, que permite a produção contínua e
sustentável de madeira. Apenas de quatro a seis árvores são retiradas por hectare e o retorno a
mesma área ocorrerá a cada 30 anos, permitindo o crescimento das árvores remanescentes.

Benefícios sociais e ambientais. Os municípios e comunidades vizinhos à área concedida são


favorecidos com a geração de empregos, investimentos em serviços, infraestrutura, retornos
financeiros oriundos do pagamento pelos produtos que foram concedidos e demais benefícios
garantidos pelo contrato de concessão. Todos os cidadãos são beneficiados com a conservação dos
recursos da floresta e com a certeza de comprar produtos que respeitam a floresta.

Vale ressaltar que o contrato de concessão nunca inclui acesso ao patrimônio genético, uso dos
recursos hídricos, exploração de recursos minerais, pesqueiros ou fauna silvestre, nem
comercialização de créditos de carbono. A titularidade da terra é e continua sendo do governo
durante todo o período da concessão, uma vez que o concessionário apenas recebe o direito de
realizar o manejo florestal na área.

A Lei nº 11.284/2006 é o marco legal para a realização das concessões. É ela que descreve como
ocorre esse processo, que envolve o levantamento das áreas em todo o país passíveis de concessão, a
elaboração do edital, as audiências públicas com a população e o monitoramento da atividade.

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A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata SEKN 2015/2016

#Atividades econômicas permitidas

A concessão florestal dá ao concessionário apenas o direito de praticar o manejo florestal. Isso


significa que as empresas podem extrair produtos madeireiros e não madeireiros e oferecer serviços
de turismo.

Produtos madeireiros – Compreendem a madeira propriamente dita (troncos com diâmetro acima
de 50 cm) e o material lenhoso residual (parte aérea da árvore).

Produtos não madeireiros – Produtos vegetais de natureza não lenhosa, incluindo folhas, raízes,
cascas, frutos, sementes, gomas, óleos e resinas.

Serviços de ecoturismo – Hospedagem, atividades esportivas, visitação e observação da natureza


e esportes de aventura. Não poderá ser cobrada a visitação para fins científicos e de educação
ambiental.

Produtos excluídos ou com exploração especial – Os produtos de uso tradicional e de


subsistência para as comunidades locais serão excluídos do objeto da concessão e explicitados no
edital. As comunidades também podem indicar algumas espécies que somente serão exploradas com
autorização especial do Serviço Florestal e se não houver prejuízo para o uso comunitário.

É garantido o acesso gratuito da comunidade local à área de concessão para a coleta de produtos
não madeireiros considerados essenciais à sua subsistência, além da coleta de sementes para a
produção de artesanatos, tais como biojóias.

FONTE: Sistema Florestal Brasileiro (2016) Disponível em:


www.florestal.gov.br/concessoes%ADflorestais/o%ADque%ADe%ADconcessao%ADflorestal/conc
essao%ADflorestal%ADum%ADnovo%ADparadigma%ADde%ADuso%ADdas%ADflorestas2/2

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

ANEXO 2: PERFIL DA EMPRESA

A AMATA é a empresa que faz a ponte entre a floresta e o mercado consumidor ao disponibilizar
madeira certificada, produzida com responsabilidade socioambiental e garantia de origem. Sua
madeira vem de florestas plantadas – de espécies nativas, eucalipto e pinos – e também do manejo de
baixo impacto, pois a empresa acredita que trabalhar com os diversos tipos de floresta – o chamado
contínuo florestal – é um ativo. Dessa forma, oferece ao mercado madeira sólida, serrada e para
processo.

Em cada operação, a AMATA vai além do respeito às normas ambientais. Sua forma de atuar está
pautada na sustentabilidade, na busca pela certificação concedida por instituições independentes e na
obtenção da licença social para operar. Afinal, é preciso gerar valor e compartilhá-lo com todos os
envolvidos: clientes, acionistas, trabalhadores, fornecedores e moradores das comunidades do
entorno das áreas de manejo.

Tendo sido a primeira empresa a conseguir uma concessão florestal pública no Brasil, a AMATA é
pioneira em diversos aspectos. E não quer apenas desbravar caminhos, mas mostrar que há outras
formas – mais sustentáveis – de manejar florestas e comercializar madeira.

Alguns marcos na história da Amata

 2005: Ano de fundação da Amata. O foco nesse momento era o desenvolvimento de estudos
sobre o setor, criação de modelagens econômicas e elaboração de um Plano de negócios.

 2007: Abertura do primeiro escritório e consolidação da primeira versão do Plano de


negócios. Começa a busca por investidores em um road show que durou dois anos.

 2008: Começa o plantio de nativas em áreas previamente modificadas pela ação humana, em
Castanhal, no Pará. É a empresa escolhida na licitação da primeira concessão florestal pública
brasileira para atuar na Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia.

 2010: Projeto de reflorestamento em três fazendas em Paragominas (PA): Taquarussu,


Flamboyant e Ilha Verde. Conquistada a primeira certificação do FSC®, esta no plantio de
Castanhal. Primeiro corte de madeira na floresta do Jamari. Chegam os novos sócios,
representados pelos fundos FIP Agro, Brasil Sustentabilidade, BNDESPAR e Aquila.

 2011: Primeira venda de madeira serrada e conclui-se o primeiro ciclo do manejo de baixo
impacto na floresta do Jamari. Consolida-se a estrutura corporativa da empresa com a
contratação de profissionais, formação dos conselhos e comitês. Renovada a parceria com a
SCA, agora o plantio deve chegar a 14 milhões de mudas até 2022.

 2012: Inauguração da serraria na floresta do Jamari. As atividades da AMATA na Floresta


Nacional Jamari, em Rondônia, assim como as operações na serraria de Itapuã do Oeste,
recebem a certificação do FSC®. Começa a operação de exóticas em cinco propriedades na
região do Alto Sucuriú, no município de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul.

 2013: A Amata assume o controle da Florespar - empresa florestal que tem como atividade o
plantio de pinus e eucaliptos - e com isso chega ao Paraná.

 2015/2016: Chegada ao mercado da madeira oriunda do plantio de nativas da AMATA

Fonte: Website da empresa (2016) www.amatabrasil.com.br e Relatório de Sustentabilidade 2014

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ANEXO 3 – PERFIL DAS LOCALIDADES DE OPERAÇÃO AMATA
Estado Região / Propriedade Tipo de Serviço Produtos Início de Início de
Início Tamanho Destinação Espécies
(Cidades) Bioma / Modelo floresta Central gerados colheita venda
Recuperação
Floresta Gestão
Não comercial
Pará13 Plantada: Florestal:
área total: - Plantio Madeireiros:
(Castanhal, Norte / Floresta reflorestam plantio de Espécies Previsão Previsão
2008 14.672 há nativas: 2.606 ha madeira
Paragominas e Amazônia privada ento de nativas em Nativas 2017 2016
6 fazendas - Áreas de serrada e toras
Ipixuna) espécies áreas
preservação:
nativas degradadas
12.066 ha
Comercial, com Total de 106
Floresta
Rondônia14 Floresta Gestão pagamento de espécies
Área total: nativa: Madeireiros:
(Floresta Norte / Pública / Florestal: retorno ao florestais, 42
2008 46 mil ha manejo de madeira 2010 2011
Nacional do Amazônia Concessão manejo governo e comerciais.
florestas serrada e toras
Jamari) Florestal sustentável cumprimento Corte
naturais
de obrigações mínimo: 22.
Comercial (62%) Madeireiros
Floresta
- 14 mil ha de - uso múltiplo
Floresta plantada:
Mato Grosso do Centro- Área total: área Eucalipto e (ciclo longo) Previsão
privada plantio e Plantio e Previsto
Sul Oeste / 2012 22 mil ha de plantio. Pinus - produção de 2017
própria manejo Manejo para 2017
(Três Lagoas) Cerrado Áreas (exóticas) energia e /desbaste
(greenfield) pinus e
tradicionais de celulose (ciclo
eucalipto
uso de pecuária curto)
Paraná
Floresta Madeireiros
(Rio Branco do Floresta
plantada: Comercial (44%) - uso múltiplo
Sul, Itaperuçu, Área total: privada Eucalipto e
Sul / Mata plantio e Plantio e - 12 mil ha de (ciclo longo)
Cerro Azul, 2013 27 mil ha própria Pinus 2013 Contínuo
Atlântica manejo Manejo área - energia e
Campo Largo, (aquisição (exóticas)
pinus e de plantio celulose (ciclo
Castro, Palmeira Florespar)
eucalipto curto)
e Ponta Grossa)

13 Pará: Parceria fruto de uma campanha da SCA para a sua marca de papel higiênico Velvet, o terceiro em consumo na Europa, que consiste em plantar três árvores para cada árvore
usada na produção do papel.
14 Rondônia: Segundo dados do Serviço Florestal Brasileiro, a Floresta Nacional (Flona) do Jamari, criada em 1984, possui uma área aproximada de 220 mil hectares, dos quais 96 mil
foram destinados para concessão florestal. Três empresas venceram a licitação. A empresa Madeflona Industrial Madeireira maneja a Unidade de Manejo Florestal I (UMF I), com 17 mil
hectares. A empresa Sakura Indústria e Comércio de Madeiras ganhou a licitação para a UMFII (atividade suspensa desde 2012 por descumprimento do contrato), com 32,9 mil hectares.
A empresa Amata venceu para a UMF III, com 46 mil hectares.

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SEKN 2015/2016 A Consolidação dos Valores de Sustentabilidade: O Caso Amata

ANEXO 4 – BALANÇO FINANCEIRO 2014

Fonte: Relatório de Sustentabilidade

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