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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
O PUNCTUM NA SARJETA:
as redes sociais digitais e
as histórias em quadrinhos
CAMPINAS
2017
RODRIGO EMANOEL FERNANDES
O PUNCTUM NA SARJETA:
as redes sociais digitais e
as histórias em quadrinhos
CAMPINAS
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE/INSTITUTO
TESE DE DOUTORADO
O PUNCTUM NA SARJETA:
as redes sociais digitais e
as histórias em quadrinhos
COMISSÃO JULGADORA:
2017
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus colegas do Grupo de Pesquisa Humor Aquoso pelas trocas
e debates no decorrer do desenvolvimento desse trabalho.
As redes sociais digitais nos tomam de assalto com uma avalanche constante
de imagens e palavras, num processo que pode ser descrito, num sentido
The digital social networks assault us with a constant barrage of images and
subjectivity - with the concept of the "gutter" - the spaces between images in
comic books, where the movement and meaning are created by the reader -
the objective of this thesis is to explore the potency of the invisible, non-
insinuations of worlds that are done and undone, and beyond the permanent
SUMÁRIO:
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INTRODUÇÃO:
O PROJETO DE AUGGIE
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Anoitecia quando Paul Benjamin, o escritor, se deu conta que seus charutos
schimmelpennincks haviam acabado.
Ele correu até a única tabacaria do Brooklin que vendia esse tipo de charuto
e chegou no exato instante em que Auggie Wren, o tabaqueiro, fechava as
portas. “Acabaram os schimmelpennincks?”, perguntou o mais que experiente
vendedor com um sorriso divertido, antes de, gentilmente, reabrir a loja. E
dessa venda, que as circunstâncias deslocaram ligeiramente da rotina,
seguiu-se uma conversa entre amigos esticada até o pequeno apartamento do
vendedor. Entre cervejas e (mais) charutos, falaram especialmente sobre a
máquina fotográfica de Auggie que atraiu a atenção de Paul. O escritor não
conseguia colar a expressão de buldogue velho do amigo com a imagem de
alguém habituado a tirar fotografias. Auggie era amável, mas duro, um
homem de natureza metódica e prática, amante da rotina, alguém que parecia
indistinguível do balcão da tabacaria na qual trabalhava a tantos anos, ponto
de encontro para uma heterogênea fauna de moradores do Brooklin que mal
pareciam ter algo mais em comum senão o vício no tabaco e a predisposição
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“É o que eu recomendo.”
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Auggie alternava seu olhar entre Paul e as fotografias que conhecia tão bem,
embora, claro, jamais tivesse sequer cogitado a possibilidade de esgota-las
seja de que forma fosse. Como alguém que revive as emoções de um filme
favorito ao lado de alguém que o assiste pela primeira vez, seu rosto
brutalmente amável emanava serenidade e os goles de cerveja entre as
tragadas de charutos schimmelpennincks quase chegavam a parecer
reverentes. Seria essa a primeira vez que mostrava seu projeto a alguém? Não
sabemos. Paul vira uma página.
Auggie percebeu quando Paul focou o olhar numa foto em particular com mais
intensidade do que as outras. O escritor, debruçado sobre a mesa, reclinou-
se mais, sua respiração se alterou. Auggie, sentado ao lado, ligeiramente
afastado da mesa, o observava com atenção, tentando entender o que havia
acontecido. Paul sussurrou: “É Ellen”, então levantou o álbum para mostra-
lo a Auggie. “É Ellen”. “Sim”, respondeu o vendedor, “Ela apareceu várias vezes
no decorrer desse mês, imagino que era o caminho para o trabalho”. Mas Paul
não o ouvia mais. “É Ellen”, repetiu. Sua expressão era quase indecifrável,
havia algo de pesar sem dúvida, mas também de incompreensão,
descompasso, descontrole. Apoiou-se na mesa, olhos fixos na fotografia – não,
na imagem de Ellen – não… em Ellen. Tentou respirar e resfolegou, a
compostura desmoronando, completamente despreparado e desarmado para
lidar com o impacto bruto e cego que o atingiu tão inesperadamente. Não
podia lidar com isso, controlar, racionalizar, a flecha veio cega, repentina,
profunda, irracional. “Olhe pra ela”, disse, com a voz já embargada, patético
e indefeso, “Olhe para minha querida”. Cobriu o rosto com as mãos e chorou
como uma criança, enquanto Auggie apenas lhe tocava os ombros com uma
palma de mão compreensiva, sem palavras. Os charutos schimmelpennincks,
que motivaram toda aquela quebra de rotina, completamente esquecidos.
um mero to like, para um to love. Algo que, ainda que presente na foto,
também está presente no spectator e, talvez, especialmente nele. Ser tomado
pela experiência do pungir é sofrer uma ferida, se mortificar, submeter, mas
ainda assim, paradoxalmente (ou não) é uma forma de poder: o poder do
spectator de tornar a foto “sua”, em seus próprios termos, desvencilhar-se dos
sentidos do operator e da generalidade do studium e criar seus próprios
sentidos para a imagem, duelar com a imposição da suposta realidade pré-
existente que toda fotografia parece almejar e/ou afirmar. Há algo no punctum
de semelhante ao fetiche sexual: um detalhe, um elemento, que não tem
absolutamente nenhum significado para uma pessoa, mas representa
(provoca) o máximo de excitação para outra. Insignificante para uns,
indispensável para outros, e em grande medida, inexplicável, ainda que
explicações abundem. E, talvez, o receio do julgamento social que muitos
fetichistas sintam, não seja pela possibilidade de ojeriza que o objeto de seu
desejo porventura desperte na sensibilidade sexual da maioria, mas o
intolerável patético de uma completa indiferença, um mero “dar de ombros”.
O que te fere, o que te excita, o que te rasga, o que te determina, o faz apenas
para você e essa experiência incomunicável parece além da possibilidade de
compartilhamento. Não pode ser transmitida a não ser no nível de uma
explanação intelectual que não traduz sua dor. “Minhas dores são maiores,
pois são minhas”.
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Tal foto sozinha, autocontida, teria ferido Paul Benjamin da mesma forma?
Ele que tem um retrato de Ellen na parede de seu escritório, função clara e
definida de foto-memória, foto-pesar, foto-para-se-chorar-sobre. Tal foto não
fere, não mortifica, por demais domesticada em sua moldura, justaposta às
naturezas mortas, janelas e objetos do cotidiano. Tal foto não toma de assalto,
ajuizada demais para tanto, encaixada (enquadrada) em suas funções.
Fantasmas não assombram através de imagens assim, apaziguados,
exorcizados, a moldura como um pentagrama desenhado no chão, permitindo
invocar os demônios mas mantendo-os sob controle, submetidos a um
sistema pré-definido, regras, lógica. Mas dentro do “sistema” elaborado por
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Quadrinhos.
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sarjeta s.f. Escoadouro para águas das chuvas que, nas ruas e praças, beira o meio-fio das calçadas.
Fig. Condição ignominiosa de decadência e humilhação; estado de indigência moral; lama: seus
vícios levaram-no à sarjeta.
AFOGAMENTO E ESGOTAMENTO
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A metáfora da cachoeira nos vem fácil. Talvez fácil demais. Parece mesmo uma
cachoeira, não é? As postagens se precipitando numa cascata infinita, do topo
da tela perdendo-se para muito, muito além da barra de rodagem. Incessante,
contínua, inesgotável. Inquestionável seta do tempo: o presente atualizando-
se (aqui a palavra tem múltiplos sentidos) a cada visualização no topo da tela,
o passado acessível ao movimento de rolagem/caminhada rio abaixo, ao sabor
das águas que já rolaram, já passaram, já fluíram e que se perdem nas
corredeiras além, o futuro ainda por aflorar do manancial de possibilidades
não visíveis além do topo da cachoeira. Metáfora tentadora, sem dúvida.
Devemos nos apegar a ela mais um pouco? Pelo hábito, senão por mais nada?
A metáfora das redes sócias enquanto cachoeiras não deixa de nos apresentar
desdobramentos e meandros. É possível banhar-se numa cachoeira. É
possível mergulhar nela, até perder-se. Pode-se, ora vejam, afogar-se numa
cachoeira! O imaginário da internet sempre teve um certo apego por
correspondências náuticas. Falamos em navegar na web (o que sempre me
chamou a atenção: navegar numa teia?), falamos em “deep web”
relacionando-a aos abismos marinhos muito além das áreas de superfície
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Mas seria só isso? Esse desejo de perder-se no fluxo para que água leve
consigo nossas coisas, nossos fragmentos, partículas de pele, de suor, de
saliva, talvez nosso sangue? Deixar o eu se perder no indiferenciado, o
romântico e mítico regresso ao oceano? A metáfora começa a se fragmentar,
por mais que sua imagem poética continue a demonstrar certa potência, no
mínimo de evidenciação do hábito.
Começa pelo hábito de considerar a rede social como algo que nos passa,
como o rio a fluir, como se ela não fosse em si um acontecimento composto
pela amalgama de graus de potência de seus usuários, o poder de afetar e ser
afetado estendido e acelerado pela instantaneidade do suporte digital. Ao
falamos em cachoeiras e rios, é interessante evidenciar quão facilmente
traduzimos a metáfora como “nós e o rio”, não como “nós sendo o rio”. Quão
facilmente esquecemos (ou desconsideramos) nosso poder de afetar a rede. O
rio nos passa, indomável, do futuro para o passado, enquanto nós, ponto fixo,
indivíduos, permanecemos. Quando muito arrastados, quando muito
afogados. Quão difícil é nos pensar como água, como fluido, des-
individualizados, nós fluindo. Ora, se nos apegamos à metáfora deveríamos
nos perguntar porque é tão fácil identificar o facebook, o twitter, o tumblr, o
instagram, enfim, todas essas marcas/signos/empresas como “o rio” que nos
flui, que nos passa, que nos orienta, sendo tão mais difícil que nos ocorra
dobrar um tanto a metáfora e pensa-los como, quem sabe, leitos rochosos?
Represas? Comportas? Dispositivos de suporte/controle, sem dúvida,
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Postagem de um perfil particular no facebook. A imagem teve milhares de compartilhamentos em questão de três
dias, sendo apropriada especialmente por movimentos ativistas militantes de questões raciais (e adversários). O ator
do filme, cuja imagem fora reproduzida no boneco, enviou uma mensagem pessoal (porém aberta) em vídeo para o
menino, realimentando o debate sobre representatividade de minorias.
sociais, confluindo por afluentes em direção a blogs, sites, ilhas, ecoa alertas
de uma armadilha: as redes são perigosas, as redes nos controlam, mais e
mais pessoas perdidas nas redes sociais. Independente das orientações
políticas e/ou valores defendidos, múltiplos grupos reproduzem alertas
semelhantes. Expressões como “ativismo de sofá”, “mundo real” em
contraposição a “mundo virtual”, convocatórias para que as pessoas “saiam”
da internet e vivam a vida “real”, tudo isso perpassa as próprias redes com
insistência, uma parte contundente de seu próprio imaginário, evidenciando
ainda mais a dicotomia básica: a de que existe a rede e de que existimos nós,
entidades separadas, contrapostas. Fala-se em “sair da rede” para o “mundo
real” e me ponho a imaginar como isso funcionaria. Sair? Mas onde estou? De
onde exatamente deveria sair? Em seus celulares, tablets, ipods e outros
dispositivo as pessoas carregam as redes sociais consigo através do dito
“mundo real”. Persiste o imaginário da fixidez do usuário de computador,
instalado diante de uma tela numa sala fechada, gastando todas as suas
horas naquilo que, para todos os efeitos é uma grande simulação interativa,
apartado do mundo, fisicamente isolado. Tal imagem insistente resiste ao uso
cotidiano e estratégico da rede para promover encontros, planejar trajetórias,
organizar manifestações, criar acontecimentos cujas ondas repercutem não
do “mundo real” para as redes e vice-versa, mas em uníssono, parte de um
mesmo processo, de uma mesma dinâmica.
sobre nós representam um “real” que lhes preexiste, um real além da rede
social, fora, no mundo, por mais habitual que tenha se tornado o ato de
manipular, pessoalmente, essas mesmas letras e imagens resignificando-as
de acordo com nosso próprios discursos e desejos. Os críticos denunciam
constantemente a facilidade da rede em falsear acontecimentos, o ato de
manipulação automaticamente colado a ideia de impostura, de afronta à
verdadeira realidade. Um constante alerta contra a irrealidade da rede, aos
malefícios dos usuários estarem falseando-se com representações
idealizadas/desejadas de si mesmos, mas que não correspondem ao “real”.
Fala-se em perfis verdadeiros X perfis fakes. Celebra-se a suposta integridade
de quem bem corresponde sua “persona real” e sua “persona virtual”,
enquanto denunciam-se discrepâncias e incoerências.
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Assemblage é um termo usado em artes plásticas para definir colagens com objetos e materiais
tridimensionais. A assemblage é baseada no princípio que todo e qualquer material pode ser incorporado a
uma obra de arte, criando um novo conjunto sem que esta perca o seu sentido original. É uma junção de
elementos em um conjunto maior, onde sempre é possível identificar que cada peça é compatível e
considerado obra.
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particular de cada uma das formas de expressão que fluem pela rede. Um
século de estudos sobre o cinema nos preparam para o fenômeno do filme
recontextualizado para fluição em hipertexto? Os processo de criação coletiva
problematizados pela arte conceitual e pela performance nos ajudam a nos
aproximar conceitualmente da assemblage das timelines? Todo o debate que
marcou o século XX sobre a questão da fotografia como forma de expressão
artística e/ou meio de registro técnico resiste ao fenômeno dos memes e gifs
animados como forma de expressão política, ou identitária, ou artística?
Faz-se necessário nesse ponto definir melhor ao que tento me referir ao trazer
conceitos como studium e punctum para o contexto das redes sociais.
BARTHES explicava o punctum como “o elemento que vem quebrar (ou
escandir) o studium. Dessa vez, não sou eu que vou buscá-lo (como invisto com
minha consciência soberana o campo do studium), é ele que parte da cena,
como uma flecha, e vem me transpassar. (…) O punctum de uma foto é esse
acaso que, nela, me punge (mas também me mortifica, me fere). (BARTHES;
1984, pg. 47). Ou seja, um detalhe presente na fotografia – que não
necessariamente fazia parte das intenções do operator (fotógrafo) – que, de
algum modo, atinge o spectador de forma pessoal, tornando aquela fotografia
única, deslocando-a da instância do “to like” (que se refere ao studium) para
o “to love”.
não invalida que o punctum, pensado a partir do (no) observador, possa ser
entendido como um elemento que catalisa um empoderamento em relação à
imagem. Eu me apodero da imagem a partir de algo que nela me punge, algo
para além de uma intecionalidade de emissor, algo que coloca em questão
quaisquer que sejam os propósitos prévios da imagem que não me dão mais
opções senão concordar/discordar, curtir/não-curtir, compartilhar/ignorar.
Aquilo que me punge, na imagem e no corpo, que não representa, que é.
Num meio sobrecarregado pelo visível, onde – no limite – tudo é imagem, faz
sentido procurar pela experiência, pelo reencontro das potências da vida para
criação de novos possíveis, não no visível já dado e carregado de pressupostos
que talvez a simples reflexão não seja capaz de se desvencilhar, mas no
invisível, no “espaço” entre as avalanches de imagens cujos sentidos não são
intrínsecos, mas sim dados por uma relação de justaposição. Não procurar
pela experiência do pungir em fotos, postagens, textos ou quaisquer visíveis,
mas na justaposição em si da qual nada nas redes sociais pode prescindir.
Sempre haverá uma moldura, uma janela, com múltiplos elementos em
relação, onde o video de uma performance não será visto isoladamente, mas
justaposto à timeline que lhe serve de suporte e veículo, onde uma
fotomontagem é indifenreciável de uma suposta foto-autêntica, onde um
artigo não se resume a sua bibliografia mas a todos os atravessamentos
formados por hipelinks, ilustrações, gifs e intervenções. Nas bordas invisíveis
entre as justaposições é que encontramos os vacúolos que pulsam com as
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(…)
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Indo adiante: para cada perfil há uma linha do tempo pessoal formada pela
sequência de postagens de todos os contatos, formando uma narrativa
contínua e infinita, como o discurso televisivo, porém coletiva, justaposta
espacialmente e passível de intervenção. Poderíamos, também, escolher
encarar essa linha do tempo como uma HQ. Como uma obra de criação
quadrinística (um mapa do tempo) coletiva e, paradoxalmente, também
pessoal e única. Como essa escolha afetaria (ou não) a experiência como
usuário de redes sociais? A linha do tempo, do facebook, do twitter, etc, em
sua estrutura vertical contínua com seus desvios e atalhos, já por si se
assemelha às estruturas de diagramação que McCLOUD especulava para os
quadrinhos online, porém suas postagens são encaradas pela maioria dos
usuários como “unidades” sem relação direta umas com as outras, ainda que
cada uma dessas unidades comumente seja composta de justaposições de
imagens e palavras. Se ampliarmos o campo de visão – como numa página de
HQ – para além de cada unidade, o que muda em nossas possibilidades de
leitura? Justapostas nessas “telas infinitas”, podem mesmo tais
postagens/unidades/palavras/imagens serem encaradas como
independentes umas das outras, afinal?
O olho, ainda que foque num elemento, capta o conjunto, a tela infinita
desliza, de baixo para cima, de cima para baixo, enquanto as imagens e
palavras fluem continuamente e, em sua justaposição, afetam umas as
outras. O “significado”, a “mensagem”, a “política”, a “subjetividade” de cada
postagem variando conforme o fluxo randômico que irá justapô-la em arranjos
diversos a cada timeline diferente de cada usuário/cartógrafo/quadrinista
que a visualiza, manipula, interfere. Sentidos múltiplos onde se espera
encontrar objetividades e onde se apropria e age no mundo de acordo com a
pretensão de objetividade. No aparente non-sequitur das redes sociais
tentamos nos orientar, apreender, tecer opiniões, quando talvez deveríamos
estar cartografando? Quadrinizando?
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O punctum, nos diz BARTHES, está na foto, ainda que não tenha sido o
objetivo do fotógrafo, mas está presente. É o detalhe que nos fere, que nos
toca, que desloca a foto do studium e a torna “nossa”. Nossa experiência. Mas
não tocamos mais nossas fotos, não as vemos mais em si, mas sim sempre
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Desorientemo-nos.
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INTERLÚDIO:
UM CESTO SOB A ESTANTE
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O cesto pertencia aos meus avós. Mais especificamente à minha avó paterna.
Meu avô não era um homem dado a mexer em velhas fotografias, rígido como
era em sua rotina diária. Minha avó, entretanto, tinha uma natureza
melancólica, expressa no hábito compulsivo de armazenar até os mais antigos
e minúsculos objetos, numa assemblage randômica sem método ou mesmo
objetivo, a não ser a necessidade de acúmulo e de apego. Junto com as fotos,
no cesto, havia um monóculo, um pequeno recipiente cônico, levemente
afunilado, com uma foto em miniatura para ser visualizada através de uma
lente, por um dos olhos. Recordo-me que havia mais desses monóculos
quando eu era criança. Não sei onde estarão os outros. Trata-se da foto de
um cachorro, olhando para a câmera com aquele ar bobo-alegre típico dos
vira-latas. É a única foto que reconheço dentre o amontoado do cesto, embora
ele pareça pouco mais que um filhote, enquanto que eu, criança, o conheci já
velho e rabugento. Seu nome era Julie, morto a mais de 30 anos.
O cesto de fotos dos meus falecidos avós se revelou um pequeno mistério para
a família. Durante o período de disposição de pertences e adaptação da velha
casa para novos usos, era sem dúvida inevitável gastar ao menos uma tarde
(re)encontrando fotos antigas guardadas em inúmeras gavetas e armários. As
fotos coloridas (nas quais, via de regra, os vivos podiam reconhecer a si
mesmos) estavam organizadas em álbuns, em geral aqueles livretinhos
simples de folhas plásticas, sem requinte, porém práticos e funcionais, mas
também havia aqueles álbuns-livros tipo mostruário, com páginas unidas por
espirais de fita plástica, onde as fotos mais antigas eram coladas e recobertas
com uma película protetora. Nesses o próprio suporte sutilmente ditava uma
ordem pré-estabelecida para leitura e fruição das fotografias, uma previsível
ordem cronológica que tornava cada álbum o registro de uma época específica
da, poderíamos dizer, história da família, e a própria justaposição iluminava
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“Se ao menos os nomes tivessem sido escritos no verso das fotos enquanto eles
ainda estavam vivos”, disse alguém. Uma possibilidade remota… não apenas
porque o alzheimer já havia comprometido a ideia muito antes da morte em
si, mas também porque, antes, tal precaução teria soado desnecessária,
exagerada até. Tiramos fotos para nos preservar do esquecimento, tiramos
fotos para que pessoas, momentos e afetos não se percam no tempo. Tiramos
fotos justamente porque nos parece mais perene do que nós mesmos.
Morreremos, mas deixaremos nossas imagens nas fotos guardadas em
gavetas e cômodas, para que nos reencontrem. Escrever nossos nomes no
verso das fotos pareceria redundante. Mas, diante daqueles rostos com nomes
esquecidos e identidades perdidas, pude observar meus pais e parentes, eles
próprios já idosos, serem confrontados com a mortalidade de uma forma mais
extrema do que poderiam esperar no contexto de uma tarde ensolarada de
domingo. As doenças prolongadas dos meus avós e a necessidade pragmática
de dar conta de obrigações relacionadas a funerais e às demais burocracias
da morte tiveram um forte papel no filtro emocional que prevenia que tais
momentos os atingissem em toda a sua força, mas a constatação do mistério
do cesto ao menos trincou essa blindagem. Era mais do que a perda das
testemunhas da história da família, era a constatação do vazio na promessa
intrínseca de imortalidade com a qual o ato cotidiano de tirar fotografias
parece nos acenar. Ao fim do dia, o cesto voltou ao seu lugar na estante e,
exceto por mim, ninguém mais voltou a abri-lo.
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(também perdida), flechas cuja origem não nos é localizável em nenhuma foto
em particular, mas de algo “entre” elas, algo que brota de sua justaposição
em um contexto, em um determinado tempo, uma certa relação...
ESGOTANDO
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Então, você se pergunta, seria nas fendas, rachaduras, nas sarjetas invisíveis
que se encontrariam os possíveis ainda não pensados?
As imagens e palavras o atravessam e afetam com tal velocidade que você mal
se lembra como era não ter um corpo ciborgue (HARAWAY; 2009), esse corpo
que se estende, que se estica, que bota ovos e se reproduz, esse corpo
fantasma composto por combinações de zeros e uns dando forma visível à
imagens e palavras cuidadosamente justapostas de modo a apresentar
/representar/criar a subjetividade de sua existência nas telas digitais ao
escrutínio do grande outro. Um corpo que, num primeiro olhar, parece ter
uma capacidade de afetar tão restrita, tão studium: capaz de “to like”, capaz
de comentar, capaz de repostar (o jogo do gosto/não gosto, aprovo/não
aprovo, o jogo da opinião, do posicionamento, o jogo da apropriação), mas que
reverbera, como ondas, através desse oceano digital cujas palavras parecem
não dar conta.
Dir-se-ia, desta vez, que uma imagem, tal como ela se sustenta no
vazio, fora do espaço, mas também à distância das palavras, das
histórias e das lembranças, armazena uma fantástica energia
potencial que ela detona ao se dissipar. O que conta na imagem
não é o conteúdo pobre, mas a louca energia captada, pronta a
explodir, fazendo com que as imagens não durem, nunca, muito
tempo. Elas se confundem com a detonação, a combustão, a
dissipação de sua energia condensada. Como partículas últimas,
elas nunca duram muito tempo, e o Bing desencadeia “imagem
praticamente nenhuma quase nunca um segundo”. Quando o
personagem diz “Basta, basta, as imagens”, não é apenas porque
está enojado delas, mas porque elas não têm outra existência que
a efêmera. “Nenhum azul mais fim do azul”. Não se inventará uma
entidade que seria a Arte, capaz de fazer durar a imagem: a
imagem dura o tempo furtivo de nosso prazer, de nosso olhar.
(DELEUZE in: HENZ, 2015, pg. 244)
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Volta-se aos contos de BORGES, que retomam obsessivamente esse tema tão
caro ao autor: a imortalidade, o imponderável, o infinito. Dada uma
quantidade de tempo infinita, nos diz BORGES, e ocorrerá a um indivíduo
tudo o que é possível acontecer a um ser humano. Mais do que isso: dado
tempo suficiente e um indivíduo terá chance de ser todos os possíveis
indivíduos que o tempo de uma vida reduziria a meramente um. Tempo para
que todas as coisas que possam vir a ser, o sejam, todos os acontecimentos,
todas as variáveis, todas as combinações, todos os possíveis. Mas Borges
preferia tratar não da imortalidade do indivíduo, preferia tratar da
imortalidade desse “corpo” que pertence à coletividade em si, a coletividade
que é una, o conceito de que o que ocorre a uma pessoa, ocorre a todas.
Nessa “tela infinita” das timelines cada imagem que surge atravessa todas as
suas – infinitas – variações num processo semelhante aos nostálgicos “altere
e passe” do movimento da arte postal, em que cada obra recebida retornava
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Você vê, você gosta/desgosta, você opina, você se alia, você reproduz/recria.
Potências individuais, aplicadas coletiva, acelerada e infinitamente. Imagens
reproduzidas em séries contínuas abarcando todas as potencialidades de voz,
de subjetivação, de potências de ação, de coisas a se dizer, até a
indiferenciação. O ato automático de deslizar os dedos pelas telas que se
colocam diante dos olhos. Imagens que passam. Imagens-ideias, imagens-
arte, imagens-pensamento, imagens-ação, imagens-política, imagens-
desejo… abarcando, em suas múltiplas e diversas justaposições simultâneas
em cada timeline de cada perfil pessoal e/ou coletivo, todas as possíveis
ideias, artes, pensamento, ações, políticas, desejos, até o indiferenciamento,
a equivalência de discursos, o estancamento do multiplicidade das vozes que
se perdem no pulsar de imagem à imagem, postagem a postagem, sejam
imagens-texto, imagens fotográficas, imagens em movimento, um pulsar que
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SINAIS E RUÍDOS
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Eles estão todos subindo a colina, os aldeões, para esperar o fim do mundo. O
fim do mundo que aconteceria na virada do primeiro milêmio, de 999 para 1000,
o fim do mundo que não aconteceu, como não aconteceu o de 1999 para 2000,
ou o de 2012, ou tantos outros. Mas eles não sabem disso, sabem apenas – e
com uma convicção transcendente – que esse é o fim. Não há e não haverá mais
nada. Decerto nunca houve. O momento se aproxima e tudo o que lhes compete
esperar é a espera em si. Movem-se lentamente, alguns se fragelam, outros
rezam, outros apenas fitam o horizonte enquanto a neve cai. Mas a maioria
apenas não faz nada. Como poderia haver mais um dia depois desse? A própria
ideia parece sem sentido. É evidente que não. Tudo acabou, estamos quase lá.
A HQ abre com uma citação de Barthes: “Tudo faz sentido ou nada faz. Em
outras palavras, é possível dizer que na arte não há ruído”, antes de prosseguir
com engenhosas justaposições de palavras, pinturas, fotografias, gráficos e
diversos tipos de imagens para conjurar um registro dos últimos dias de vida
de um diretor de cinema. Ao receber o diagnóstico de câncer, é dada ao diretor
a escolha entre possíveis tratamentos para cultivar esperança ou, ao menos,
dirimir a dor. Sua resposta é a de Bartleby: “Eu prefiro não”. Então recolhe-se
ao seu apartamento para trabalhar mentalmente no projeto do seu próximo
filme que sabe que nunca irá rodar. Um filme sobre o fim do mundo. Não na
virada de 1999 para 2000 (a HQ é de 1992), mas de 999 para 1000. O fim do
mundo que sabemos que não aconteceu.
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Ao filme não existente temos acesso através das imagens estáticas justapostas
dos quadrinhos, os aldeões subindo em direção à montanha, a neve, o vento,
a espera. Desinteressado do mundo exterior ao pequeno apartamento, o
diretor gasta suas últimas horas modelando mentalmente séries de tipos
humanos para compor a multidão, os personagens de seu filme: famílias,
crianças, mendigos, loucos, profissionais, aqueles que choram, aqueles que
negam, aqueles que sentem alívio… mas, acima de tudo, aqueles que
esperam, essa espera sem sentido, essa (não) ação que leva do nada para
coisa alguma, o medo, a dor, a redenção, a expectativa por algo que não
acontecerá. Findando-se na doença, o diretor esgota-se beckettianamente na
experimentação desse espaço-tempo do esgotamento, em seu filme-invisível.
Há algo aqui, em algum lugar, você sabe, mas nada é mais arriscado do que
tentar explicar uma ironia, nada mais duvidoso do que afirmar o que é mais
potente quando apenas insinuado, é preciso sempre aproximar-se com
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Fazia algum tempo que Buddy Baker tinha a sensação de que sua vida era
estranhamente desconjuntada. Ativista das causas de proteção animal e anti-
especismo, Baker começa pouco a pouco a perceber estranhos lapsos, fendas,
brechas naquilo que compreendia como “realidade”. Fatos e aspectos comuns
do cotidiano, antes desapercebidos, começam a se mostrar estranhos ou
mesmo grotescos. O habitual fazendo-se sentir como anômalo, o tolerável
tornando-se intolerável. A vida, de repente, ganhando contornos surreais,
nonsense, como um roteiro mal-escrito, uma narrativa inverossímil. No
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Quadrinizemos:
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O HABITANTE DO LIMIAR
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106
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108
... e é
então que,
quase sem
notar,
você passa
a deslizar
pelas
frestas,
permitindo-se encontros
mutáveis e complexas,
hábito de reconhecer as
imagens como
representações mesmo
profundamente inserido no
normatizações declaradas
ou meramente intuidas do
uso cotidiano coletivo das imagens nas redes ou fora delas, o ato de (enfim)
Ao compreender isso, por fim você fica em paz com a afirmação de McLOAD
preciso antes de qualquer coisa que o leitor faça a sua parte no processo de
criação.
direcionavam, conduzindo-o e
crenças, o evangelho
possíveis na atordoante
construtos engenhosos de
ferramentas de manipulação,
discursos e contra-discursos,
artísticas e performatividades,
(que diferença faz?) que uma vez capturou o tempo nas sarjetas de uma
fotógrafo não tinha facebook, mas tinha uma tabacaria na qual pessoas se
mais do que criavam suas próprias vidas (e não é isso que é viver?). O fotógrafo
mundo, sua vida, o tempo que passa, o tempo que lhe acontece.
experienciando esse tempo que se foi. Ou assim supõe. Você curte algumas
fotos mais que outras, você tece comentários sobre a álbum como um todo ou
lhe pré-existe, que ocorreu com alguém em algum lugar e foi considerada
digna de ser registrada, digna de ser mostrada para seus contatos amigos,
mente vivido que flui nas sarjetas entre as fotos. Não é o tempo que passou,
criado simultaneamente ao
escritor e fotógrafo
invisível entre as imagens que se dão a ver, desse invisível onde o escritor
conhecido, a dor familiar, o possível já esgotado. Uma ilha no rio que corre,
onde o fluxo pode ser estancado, onde a experiência do real pode ser, uma vez
suas dores tão maiores por serem suas. E a vertigem passa: não há nada de
atento ao invisível. Sem dúvida não poderia ser um estado permanente, ainda
Mas você não casou em 1995! (Ou casou?) 2017 ainda não aconteceu! (Ou
aconteceu?) Você não nasceu em 1974! (Você nasceu?) E é tão fácil escorregar
registro e do pré-existente. O
espaço de criação: de
identidades, de posturas, de
ideias, de sexualidades, de
políticas, de verdades, de
possíveis, ancorando os
acontecimentos em possíveis
Estabelecer-se na sarjeta, no
disforme, do monstruoso, do
meio e você compreende que esse auto-criar-se nunca poderá ter fim ou
que deseja, que dança, para fazer frente às “realidades” pré-dadas, não para
revelaria não mais que parte de um ciclo infinito de esgotamento, mas sim a
tão forte quanto o de qualquer outro corpo que não se auto-reconheça como
artista. A dança na sarjeta não pode ser garantida por nenhum tipo de
do real que desfilam pelas timelines, mas para manter-se num estado-outro
não sufoquem a
erupção do não-
previsto, da criação
que se reconhece e
se aceita como
criação em pleno
ato de se realizar,
evidência para além de si mesma, sem vínculo com quaisquer regras pré-
dadas, ainda que capture do visível a música com a qual evoluirão seus
fim do mundo que não acontecerá, o fim do mundo inverossímil numa data
que já passou, mas ainda assim expresso como acontecimento em seu perfil
um cão perseguindo
a própria cauda. O
feiticeiro que
finalmente se dá
existem punctuns
você os conjure…
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persistir, pode não ter efeito mágico até que tenha-se esgotado o
pg.6)
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como tudo nesse trabalho, no “entre”: nem aqui e nem lá, nem real e
nem fake, nem antes e nem depois, nem no cesto e nem nas fotos,
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escrita que se perde deseja perder na sarjeta para enfim ter algo a
Post-Script:
CONTINUA-SE…
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… e foi então que, um dia depois do fim do mundo, ele se recostou no sofá
com o volume impresso ainda cheirando a tinta nas mãos e tentou
reconstituir o caminho que o levara até ali e se a jornada fez algum sentido,
afinal.
Queria acreditar estar em paz com isso. Aceitar aquele quê de impodenrável
que, afinal, fazia parte das redes. A convicção de que jamais as alcançaria de
fato, que sua dinâmica o deixaria sempre para trás, perseguindo as sombras
que desaparecem a cada nova esquina, os pontos pretos entre os quadros,
desaparecendo quando focados…
Mas sabia que se paz houvesse, certamente seria uma paz tensa, por mais
contraditório que fosse. O permanente receio de girar e girar sobre o próprio
eixo e nada dizer, não ser entendido, não ser nem mesmo devidamente lido.
Mas esse é o jogo da arte, afinal: saber que sua escrita não é sua, que a criação
lhe extrapola, que a obra só existe de fato fora de si: resistir à filiação, resistir
ao jogo não-declarado das redes, o jogo das identidades, das afirmações, das
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… mas com cuidado, com cautela… para não espantar os possíveis, para não
cair novamente no velho ciclo das (re)afirmações. Aceitar o risco de que as
interpretação sugerida pelos mapas ao leitor/navegador o levem para rotas
não previstas, talvez até não desejáveis, não cair no delírio comum de
acreditar poder decepar, uma por uma, as cabeças da hidra. A rede
inexoravelmente deixará esse volume cheirando a tinta para trás, mas, talvez,
uma sugestão, uma insinuação, possa atravessá-la assim como ela foi,
continuamente, atravessada, unindo-se a possíveis similares já
(evidentemente) em desenvolvimento ao meio ao seu fluxo contínuo…
Refletindo sobre todos esses pontos, ele fecha o volume e o coloca de lado,
pega o tablet e abre o facebook. Subindo a timeline ergue a sobrolho
espantado ao constatar a quantidade de postagens sendo compartilhadas
hoje, em sua timeline, oriundas de uma página nova chamada “Historical
footage Made In Brazil”:
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