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TEMA: INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Precedência histórica da parte especial: a parte especial antecede a parte geral, na história das
legislações. As leis puniam seus indivíduos à medida que surgiam os atos nocivos à ordem social.
Somente com o passar do tempo é que alguns institutos foram ganhando estrutura própria, como a
tentativa, a legítima defesa, etc.
Importância: materializa o princípio da reserva legal ou estrita legalidade, tipificando infrações penais.
Título do crime – ou nomen iuris. É a rubrica marginal, ou seja, nome pelo qual a conduta foi batizada
pelo legislador.
Apresentação
o As normas que contêm a descrição abstrata de infrações penais são chamadas de normas
incriminadoras ou normas de direito penal em sentido estrito.
o Ordem de descrição – deve obedecer 2 pilares: 1) técnica de construção legislativa; 2)
exigência científica.
A Parte Especial está ordenada em conformidade com a natureza e a importância do
objeto jurídico protegido pelos tipos penais.
Divisão: 1) crimes contra a pessoa; 2) crimes contra o patrimônio; 3) crimes contra a propriedade
imaterial; 4) crimes contra a organização do trabalho; 5) crimes contra o sentimento religioso; 6)
crimes contra a dignidade sexual; 7) crimes contra a família; 8) crimes contra a incolumidade pública;
9) crimes contra a paz pública; 10) crimes contra a fé pública; 11) crimes contra a administração
pública.
Fundamento Constitucional
o Direito à vida – art. 5º, capu, CF. Reforçado pelos arts. 227 e 230 da CF.
o É um direito supraestatal, inerente a todo ser humano.
o Trata-se de direito fundamental em duplo sentido: formal e materialmente constitucional.
Formal, pois enunciado e protegido como vetor constitucional, no bojo da CF.
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Material, pois seu conteúdo se refere à estrutura do Estado, à organização de poderes
e aos direitos e garantias fundamentais.
Relativização – muito embora seja um importante direito fundamental, não é absoluto, podendo ser
relativizado. Pode sofrer limitações, desde que não sejam arbitrárias e possam ser sustentadas por
interesses maiores do Estado ou de outro ser humano.
o É o que se chama de “possibilidade lógica de restrições a direitos fundamentais”.
o A própria CF autoriza a privação da vida humana quando admite a pena de morte em tempo
de guerra (art. 5º, XLVII, “a”, CF).
o Além disso, o CP afasta a ilicitude do fato típico praticado em legítima defesa (art. 25), o que
evidencia mais uma relativização; também há hipóteses em que o aborto é permitido,
configurando mais uma mitigação.
HOMICÍDIO SIMPLES (art. 121, caput) – é a figura do caput. “Matar Alguém”. Não há elementos
normativos ou subjetivos. Prevê-se pena de 6 a 20 anos.
o Conceito de homicídio – é a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra
pessoa.
Se a vida humana for intrauterina, estará caracterizado o delito de aborto.
Se já iniciado o trabalho de parto, a morte do feto pode caracterizar ou homicídio ou
infanticídio.
o Homicídio Simples e caráter hediondo – em regra, o homicídio simples não é crime hediondo,
SALVO quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por um só
agente.
Objetividade jurídica – o bem protegido pelo homicídio é a vida humana exterior ao útero materno.
o A vida extrauterina inicia-se com o processo respiratório autônomo do organismo que está
nascendo.
o Tal fato pode ser comprovado por prova pericial, por meio da docimasias respiratórias.
o É irrelevante a viabilidade do nascente.
o Pode ser praticado de forma direta, quando o meio de execução é manuseado diretamente
pelo agente; ou de forma indireta, quando o meio é manipulado pelo homicida (ex.: ataque
por um cão feroz).
o Também pode ser praticado por meio de relações sexuais ou atos libidinosos.
Polêmica: transmissão dolosa de HIV. AIDS, doença fatal e incurável. Um portador de
HIV efetua intencionalmente com terceira pessoa ato libidinoso que transmite a
doença, que vem a falecer. Responderá por homicídio doloso?
1ª corrente – tentativa de homicídio
2ª corrente – lesão corporal grave
3ª corrente – perigo de contágio venéreo (art. 130)
STF, informativo 606 – não comete homicídio o sujeito que, tendo ciência da
doença, e deliberadamente ocultando-a de seus parceiros, mantém relações
sexuais sem preservativos.
o Meios de execução – podem ser materiais ou morais (neste caso, a morte é produzida por
trauma psíquico na vítima).
O meio de execução pode caracterizar uma qualificadora, como por exemplo no
emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que possa resultar perigo comum (art. 121, §2º, III).
o Sujeito ativo – o homicídio é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa,
isoladamente ou em concurso com outro indivíduo.
Crimes cometidos por xipófagos (irmãos siameses) – se praticarem em comum
acordo, ambos responderão. Se o fato é cometido por um, sem ou contra a vontade do
outro, impor-se-á a absolvição do único sujeito ativo, se a separação cirúrgica é
impraticável.
o Sujeito passivo – pode ser qualquer pessoa, após o nascimento, desde que esteja viva.
Vítimas xipófagas (irmãos siameses) – haverá um duplo homicídio.
Se tiver a intenção de matar ambos com uma única conduta, estará
caracterizado o concurso formal imperfeito (art. 70, caput, 2ª parte).
Se o dolo for de matar apenas um deles, haverá concurso formal imperfeito
entre 2 homicídios, um sobre o dolo direto e o outro sobre o dolo indireto.
Já se um deles for salvo, caracterizará também o concurso formal imperfeito,
mas agora entre um homicídio consumado e o outro tentado.
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É possível a tipificação do homicídio por leis extravagantes de acordo com a
característica da vítima.
Ex.: art. 29, lei 7.170/83 (crimes contra a segurança nacional) – quem mata
dolosamente e com motivação política o Presidente da República, do Senado,
da Câmara dos Deputados ou do STF.
Genocídio (art. 1º, lei 2.889/56) – aquele que, com a intenção de destruir, no
todo ou em parte, grupo nacional étnico, racial ou religioso, matar membros
do grupo, pratica crime de genocídio.
o O motivo que leva o agente a ceifar a vida alheia pode caracterizar uma qualificadora (motivo
fútil ou torpe), ou uma causa de diminuição da pena (relevante valor social ou moral).
Consumação – dá-se com a morte, que se verifica com a cessação da atividade encefálica.
o Trata-se de crime material.
o Morte encefálica – é o estado irreversível de cessação de todo o encéfalo e funções neurais,
apesar da atividade cardiopulmonar poder ser mantida por sistemas de suporte vital.
o Prova da materialidade – por meio de exame necroscópico, que atesta a morte e indica suas
causas.
o Trata-se de crime instantâneo, pois se consuma em um momento determinado, sem
continuidade do tempo.
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o Art. 121, §1º - se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima,
o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”.
o NATUREZA JURÍDICA – não se trata de privilégio, mas sim de causa de diminuição da pena.
Crime privilegiado é aquele em que a lei diminui, em abstrato, os limites da pena,
mínimo e máximo.
Aqui, o legislador se vale da pena do homicídio simples e a diminui, de 1/6 a 1/3.
Por isso se trata de verdadeira causa de diminuição da pena.
o Incomunicabilidade – verdadeiro caráter subjetivo. Relaciona-se ao agente. Por isso, não se
comunica com os demais coautores ou partícipes.
Ex.: “A” pede para que “B” mate “C”, que acabara de estuprar sua filha. Embora A
tenha agido sob o domínio de violenta emoção, o mesmo não se pode dizer de B, que
não se beneficiará da causa de diminuição da pena.
o DIMINUIÇÃO DA PENA
Embora o art. 121, §1º diga que o juiz “pode” reduzir a pena de 1/6 a 1/3, trata-se de
um dever do juiz. Sua discricionariedade limita-se ao quantum da diminuição, que
deve ser motivado.
Crimes dolosos contra a vida – se os jurados, depois de condenarem o acusado,
afirmarem a presença de causa de diminuição da pena, não restará ao juiz outra via
senão a sua aplicação, sob pena de ofensa à soberania dos veredictos.
o Crime hediondo? –o homicídio privilegiado NÃO é crime hediondo, por ausência de amparo
legal.
o Distinção: privilégio por violenta emoção (art. 121, §1º) x atenuante genérica (art. 65, III, “a”,
CP)
O art. 65, III, “a”, CP prevê como causa que sempre atenua a pena (atenuante genérica)
o motivo de relevante valor social ou moral.
No homicídio, eleva-se à categoria de diminuição da pena.
Mas, há distinções entre os institutos.
FATOR TEMPORAL - Na atenuante, basta que o crime tenha sido cometido por
relevante valor social ou moral. No privilégio (causa de diminuição da pena),
exige-se que o agente aja impelido por motivo de relevante valor social ou
moral (ou seja, que ele tenha sido impulsionado), logo após injusta provocação
da vítima. Na atenuante genérica, não se exige essa relação de imediatidade.
EXCLUSIVO DO HOMICÍDIO DOLOSO – o privilégio é aplicado exclusivamente
ao homicídio doloso. A atenuante genérica é aplicada a qualquer delito
(inclusive no homicídio doloso, quando inviável o privilégio).
DOMÍNIO X INFLUÊNCIA – no privilégio, exige-se o domínio de violenta
emoção. Na atenuante genérica, basta a mera influência.
INJUSTA PROVOCAÇÃO X ATO INJUSTO – o privilégio pressupõe a injusta
provocação da vítima. A atenuante genérica basta o ato injusto.
PRIVILÉGIO (art. 121, §1º) ATENUANTE GENÉRICA (art. 65, III, “c”)
Homicídio doloso Qualquer crime
Domínio de violenta emoção Influência de violenta emoção
Injusta provocação da vítima Ato injusto da vítima
Reação de imediatidade: logo em seguida Não se exige essa reação de imediatidade
o Circunstâncias que ensejam o reconhecimento do privilégio – são 3: 1) motivo de relevante
valor social; 2) motivo de relevante valor moral; 3) domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima.
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Relevante valor social – é o pertinente a um interesse da coletividade. Ex.: matar um
estuprador que aterroriza a cidade.
Relevante valor moral – se relaciona a um interesse particular do homicida, aprovado
pela prática e considerado nobre e altruísta.
Art. 39 da Exposição de Motivos da Parte Especial – é considerado motivo de
relevante valor moral a “compaixão ante o irremediável sofrimento da vítima”
(caso do homicídio eutanástico).
EUTANÁSIA – pode ser fracionada em 2 espécies, sendo que ambas tipificam o
crime de homicídio privilegiado. Pode ser:
o 1) eutanásia em sentido estrito – modo comissivo de abreviar a vida.
Ex.: desligar os aparelhos que mantém o paciente vivo. Também
denominada de homicídio piedoso, compassivo, médico, caritativo ou
consensual.
o 2) ortotanásia – é a eutanásia por omissão, também chamada de
omissiva, moral ou terapêutica. Ex.: médico que deixa de dar a
medicação necessária para prolongar a vida de um doente terminal.
DISTANÁSIA – ou obstinação terapêutica. É a morte vagarosa e sofrida de um
ser humano, prolongada pelos recursos oferecidos pela medicina. Não é crime.
MISTANÁSIA – também rotulada de “eutanásia social”. É a morte precoce e
miserável de alguém, provocada pelo descaso e maldade de determinados
seres humanos. Pode ocorrer em 3 situações: 1) doentes que, por motivos
políticos, sociais ou econômicos, falecem pela falta de atendimento médico
adequado; 2) enfermos que morrem em face de erro médico; 3) morte em
decorrência de atos de má-fé, como a retirada de órgãos para doação a outras
pessoas.
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o Espécies de qualificadoras – são 7 qualificadoras.
Homicídio qualificado
§ 2° - se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
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o “Os motivos de um crime se determinam em face das condicionantes
do impulso criminógeno que influem para formar a intenção de
cometer o delito, intenção que, frise-se, não se compatibiliza com o
dolo eventual ou indireto, onde não há o elemento volitivo”.
o Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que possa resultar perigo comum (inc. III)
Meio insidioso – uso de estratagema, de perfídia, fraude para cometer um crime sem
que a vítima o perceba. Ex.: retirar óleo da direção do automóvel, causando acidente.
Meio cruel – proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico ou
mental.
Não incide a qualificadora quando o meio cruel é empregado após a morte da
vítima.
O uso de meio cruel após a morte caracteriza, em regra, o crime de homicídio
em concurso com o crime de destruição, total ou parcial, de cadáver (art. 211).
Meio de que possa resultar perigo comum – é aquele que expõe não somente a
vítima, mas um número indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de
dano.
Não se exige prova de que causou efetivo perigo. Basta a possibilidade de o
meio de execução utilizado pelo agente provocar perigo a um número
indeterminado de pessoas.
Todavia, se efetivamente causar perigo a um número indeterminado de
pessoas, ao agente serão imputados os crimes de homicídio qualificado e de
perigo comum, em concurso formal.
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Irmaozao, eu decidi aqui que não vou pro MT mano...
Acho que vou solidificar minha base, priorizar meu cronograma primeiro... economizar um pouco pra investir
nos livros que tão me faltando e em cursos tbm...
Uma segunda fase pra mim, agora, não viria em boa hora... principalmente pelo fato de eu não poder assumir
(atividade jurídica); e segundo que me geraria uma ansiedade pra estudar p 2ª fase sem nem ter concluído
minha base... me faria perder um foco enorme, desviando daquele meu objetivo principal mesmo, que é a
próxima prova de SP...
Tentar zerar o edital primeiro, resumindo, montando meu material de forma organizada, que é o que eu tinha
me proposto, pra entrar logo no ciclo de revisões...
Acabei me desorganizando demais tentando dar um ritmo melhor p objetiva de MG (estudos desorganizados,
sem resumos, etc), e tenho receio disso virar hábito a cada prova nova...
Vou tentar melhorar minha estratégia em penal e processo penal... estudar ECA, rever Administrativo e pegar
firme em algumas partes de Civil (família e sucessões)...
Enfim, pegar essas “lacunas” da minha base q tão no nosso edital, que é o que eu percebi que me matou nessa
prova... e montar logo o meu material, sem ficar perdendo mais tempo.
Depois eu pego essa prova de MT e faço um simulado, acho que pra mim vai ser melhor irmão...
Se eu tivesse o tempo de atividade jurídica, acho que iria. Mas agora, na minha situação, acho que é inviável...
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