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Brasília
2007
DEDICATÓRIA:
D. Pedro I, em decreto de
12 novembro de 1823.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 6
REGIMENTAL. ................................................................................................................................. 14
CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 36
ANEXOS ............................................................................................................................................. 38
6
INTRODUÇÃO
ascende ao Poder.
tanto da Câmara dos Deputados quanto no Senado, fica clara a perplexidade dos
derivado.
CCJC, Dep. Michel Temer, foi sobre a possibilidade de, antes da promulgação da
alargar o alcance do poder constituinte derivado além das regras contidas no texto
da Constituição?
8
Canotilho, Häberle, José Afonso da Silva, Ingo Wolfgang Sarlet, e outros, tentou-se
constitucional.
Interno, matéria pouco conhecida no meio jurídico. Por fim, na terceira parte,
doutrina.
comissões da Câmara dos Deputados que deliberaram sobre a matéria, que hoje se
1 O Poder Constituinte
moderno.
evidente. Não é sem razão que Gomes Canotilho, ao tratar do tema, afirma que, por
Celso Ribeiro Bastos define o poder constituinte como “aquele que põe em
constituinte originário é marcado por uma ruptura com a ordem jurídica estabelecida
para existir, não está sujeito ao arbítrio de nenhum outro poder. Por outro lado, é
12
conteúdo.
Quanto a esse caráter de ser ilimitado, de não possuir limites, de ser um ente
O citado autor finaliza afirmando que o Poder Constituinte tem limites éticos
a serem seguidos, “não podendo fazer tábula rasa dos princípios democráticos,
13
coloca, uma vez que se trata de um poder, por sua própria natureza, limitado, pois
um poder secundário porque não cria uma nova ordem jurídica, limitando-se a dar
povo, que é o seu titular, mas o exerce, em regra, por meio de seus representantes.
14
CANOTILHO:
A conhecida fórmula preambular “We the People” indicia (sic) com clareza
uma dimensão básica do poder constituinte: criar uma constituição. Criar
uma constituição para quê? Para “registar” num documento escrito um
conjunto de regras invioláveis onde se afirmasse: (1) a ideia de “povo” dos
Estados Unidos como autoridade ou poder político superior; (2)
subordinação do legislador e das leis que ele produz às normas da
constituição; (3) inexistência de poderes “supremos” ou “absolutos”,
sobretudo de um poder soberano supremo, e afirmação de poderes
constituídos e autorizados pela constituição colocados numa posição
equiordenada e equilibrada (“check and balances”); (4) garantia, de modo
estável, de um conjunto de direitos plasmados em normas constitucionais,
que podem opor-se e ser invocados perante o arbítrio do legislador e dos
outros poderes constituídos. (CANOTILHO, 2003, p. 70)
democráticas identificam povo com cidadania, que, por sua vez, pode ser um
processo legislativo. A Carta Magna estabelece (art. 60) que o texto constitucional
se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Conforme vimos no
(art. 60, § 4º). Não se admite a proposta de emenda à Constituição tendente a abolir
estado de sítio.
sendo necessários três quintos dos votos dos respectivos membros para a
aprovação da proposta. (art. 60, § 2º). Uma vez aprovada, a matéria não vai à
Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2002, p. 200): será que essa espécie normativa é
Regimento Interno da Câmara dos Deputados (BRASIL, 2006b), cujas normas serão
Comissão Especial para examinar o mérito da matéria. Caso a proposta tenha sido
rejeitada pela CCJC, o Autor ainda poderá, com o apoiamento de Líderes que
em Plenário.
1
As sessões que servem de referência para a contagem do prazo são as realizadas no
Plenário e não as reuniões da Comissão.
18
Comissão Especial, nas dez primeiras sessões do prazo assinalado para que o
Deputados.
iniciada na Câmara, terão a mesma tramitação até aqui descrita. Por essa razão,
ocorre um processo de vai-e-vem contínuo entre as duas Casas legislativas até que
Para agilizar a tramitação das PECs, vem sendo adotada a prática de, uma
na forma de uma nova proposta, que ficou conhecida como a “PEC paralela” da
Previdência.
19
3 A PEC nº 157/2003
o autor:
impostos aos poderes públicos, parece um tanto quanto descompassada com o que
20
A leitura do texto acima parece indicar que autor faz a distinção entre o que
e, no segundo caso, as normas que tratam das mais diversas matérias e que são
(SILVA, 2004, p. 43). Para o autor da PEC, deve se “extirpar” do texto constitucional
aquelas matérias que caberiam melhor em lei ordinária, deixando na Carta Magna
instalação.
indistintamente. José Afonso da Silva afirma que a expressão reforma deve ser
Para Fiuza (1993, p.249), que parte de uma análise semântica, revisão é o
De acordo com o Regimento Interno da Câmara dos Deputados (art. 32, IV,
Emenda à Constituição.
unicameral, ou seja as duas casas legislativas votariam juntas, o que significa dizer
absoluta e não os 3/5 (três quintos) de cada uma das Casas do Congresso, em dois
constitucionais.
tido como cláusula implicitamente pétrea e, portanto, imodificável, o relator faz uma
declaração surpreendente:
procedimento.
relator:
constitucional, o que parece ser uma relativização acentuada das cláusulas pétreas
2001)
popular de lei. Mas não fez essa exceção à regra da democracia representativa no
revisão constitucional.
(PFL/PE).
Advogados do Brasil.
constituídos e até mesmo o povo soberano”. Citou, em seguida, diversos limites que
Constituição.
Como isso, o relator pretendeu afastar a polêmica criada pelo texto oriundo
constitucionalmente consolidados.
linhas gerais, consiste em se afirmar que ao Estado não é permitido, uma vez
direitos.
trabalho, ensina:
nas normas constitucionais, uma vez que um dos objetivos da República Federativa
as matérias que serão objeto da revisão constitucional, em tese, seria possível que
Deixou-se para o final uma questão cuja resposta pode significar a total
estabelece, verbis:
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros
do Congresso Nacional, em sessão unicameral.(BRASIL, 2006a)
32
art. 2º, embora nada indique que estaria materialmente restrita a ele, como de fato
não esteve.
perante a Comissão Especial pelos deputados Antônio Carlos Biscaia, Luiz Eduardo
Não há, nessa perspectiva, amparo constitucional para se admitir uma nova
revisão ao texto da Carta Federal, haja vista o esgotamento da autorização
inserta no art. 3º do ADCT.
para que o poder constituinte derivado pudesse convocar tantas quantas revisões
constitucionais desejasse.
Por outro lado, a PEC 157/03 traz em si uma contradição: não faz qualquer
CONCLUSÃO
Refletindo-se sobre o que foi estudado até aqui, algumas conclusões podem
Justiça e de Cidadania foram de tão magnitude que não seria exagero afirmar que o
regimento interno da Câmara dos Deputados foi desrespeitado, uma vez que aquela
constituinte originário para permitir que a revisão seja aprovada com um quorum
mais simples;
inconstitucionalidade, uma vez que tal convocação será feita pelo poder constituído
derivado;
ocasião de uma eventual revisão a fim de que normas programáticas não sejam
atingidas;
35
constitucional, uma vez que o art. 3º do ADCT já teve a sua eficácia exaurida.
36
REFERÊNCIAS
BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Aspectos de teoria geral dos direitos fundamentais.
In: ______; MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires. Hermenêutica
constitucional e direitos fundamentais. Brasília: Brasília Jurídica, 2002. p. 103-
194.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 23. ed. São
Paulo: Malheiros, 2004.
ANEXOS
providências
emenda constitucional:
Constituição.
publicação.”
cada breve espaço de tempo. Invoca Konrad Hesse para quem “sem prescindir das
país”.
o texto proposto com a Constituição Federal. Serão feitas, mais adiante, para
modificações radicais dado que estas tendem a instabilizar a ordem jurídica o que,
imutabilidade. Tal é o caso daquelas elencadas no art. 60, § 4º: forma federativa de
Estado, separação de poderes, voto direto, secreto e universal para todos, direitos e
autonomia dos entes federativos persiste nada importa que haja uma redução
cláusula implicitamente pétrea e, por isso, imodificável. E com fortes razões: é que
pétreas. Exemplificando mais uma vez: no caso das explícitas, seria impossível a
separação, tal como positivada pelo constituinte de 1988, em que Legislativo legisla,
Poder. Mas a vivência política, o trato com os problemas nacionais, com o cotidiano
conceituação. Por isto que (estou apenas exemplificando) se um dia optarmos por
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conceitual das cláusulas pétreas explícitas (C. F., art. 60, § 4º) ou implícitas. Seja:
desde que mantido o conceito adotado pelo constituinte, também não vejo, nas
mantiver-se intacto.
11. Há mais, para ser anotado. A regra do art. 1º, parágrafo único, da
que, embora constantes de cláusulas pétreas, possam ser alterados sem que se
poder e, portanto, a norma (Todo poder emana do povo, que o exerce por meio
portanto, o povo criou o Estado mas entregou o exercício do poder, inteiro, aos
representantes eleitos. Aqui, não. A Constituição Federal, no art. 1º, parágrafo único,
fixou: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
entregue ao povo.
representante eleito pelo titular do poder para também exercê-lo. As vias para o
exercício direto desse poder são o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular para
a apresentação desses projetos. Não é sem razão que esses institutos estão no
capítulo que trata da soberania popular (Título I, Capítulo IV, art. 14). Diferença sutil,
nada que não possa ser alterado na nossa Constituição, haja visto que
seu artigo primeiro estabelece que todo poder emana do povo. O Poder
que a soberania está no povo; isto é, qualquer que seja o poder estatal,
no povo”.
somente ela) pode autorizar alterações. Uma vez aprovada uma nova
substituí-la.
Carta.
sobre seus destinos não se encerra naquele ato. Ela é permanente. (...)
constitucionais. Mas isto não significa que também o fez perante o povo. Até
também, boa lembrança. Tratava-se aquela E. C., contudo, de ato político já que
rompia frontalmente com a Constituição em vigor, em época que o povo não exercia
implícitas.
53
projeto, que proponho em substitutivo, para que o povo, titular do poder constituinte
fazer avaliação, após valorar o seu conteúdo material. No referendo, o povo irá
convalidar algo que já foi feito, já esta escrito, e não autorizar algo que ainda não
examinará conteúdo. Não dará “cheque em branco” aos eleitos, como ocorre no
plebiscito mas examinará o produto do trabalho daqueles que elegeu. E dará, por
política para o debate temático, muito mais importante para o País, do que saber se
restrita, pelo nobre deputado Miro Teixeira. Naquela oportunidade ganhou parecer
Até por homenagem ao princípio federativo não se pode reduzir o valor do voto dado
votação colher-se-ão separadamente os seus votos e agora sim, por maioria menor
“tempo real” por todos os meios de comunicação. A ela todos tem o acesso que
manifestar-se por meio de referendo, jamais ousaria apoiar a tese da revisão tal
como posta no projeto ora em exame. Faço-o pautado, como já registrei, pela
especialmente dos que vêem o Direito como forma e não como finalidade. Mas vale
dez anos nos moldes propostos no substitutivo. E mais: que não se altere o capítulo
24. Estou certo de que, com a aprovação desta PEC 157, observarse-
157, de 2003, de autoria do Dep. Luiz Carlos Santos, em face dos precedentes
Michel Temer
SUBSTITUTIVO DO RELATOR
Presidente.
de seus trabalhos.
de 2007.
59
Constituição Federal, art. 60, § 4º e não modificará o seu Título II, Capítulo II.
18
Art. 4º. A cada dez anos é autorizada Revisão Constitucional nos moldes
publicação”.
Relator
60
2003
I - RELATÓRIO
62
pelos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (art. 1o). A revisão
2o).
da matéria.
foi, inclusive, consignada no texto da atual Carta constitucional venezuelana, art. 340
e seguintes.
todos os poderes constituídos e até mesmo o povo soberano” (grifo nosso). Citou,
não repetir o expositor anterior, declarou que gostaria de centralizar sua exposição
momento político nacional, nada comparado com o movimento popular que existiu
para ser legítima, necessitaria do respaldo popular, inexistente no caso por falta de
cada momento.
convocou.”
modelo a época defendido pela OAB, e que foi rejeitado, restaurando-se a proposta
Ou seja, a Constituinte foi eleita sem que o tema principal que ela teria
de abordar – a constituição a ser elaborada – fosse alvo dos debates. Lembrou que
texto que dela resultou, foi fruto de contendas políticas que surgiram já nos primeiros
dias da Constituinte.
razão histórica: “era mais fácil aprovar um texto na constituição de que aprovar um
inconstitucionalidade”.
“Acabei me estendendo em questões meramente históricas para dizer que não vejo
Estados brasileiros.
emendas:
emenda visa alterar os textos do art. 1o e seu § 1o, do Substitutivo aprovado pelo
que tem como primeiro signatário o Deputado JOÃO ALFREDO do PSOL. A emenda
Cidadania.
apresentado e lido perante esta Comissão Especial, tendo havido pedidos de vista
Vice-Presidente do Partido.
É o relatório.
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II - VOTO DO RELATOR
ensina que o Poder Constituinte é “inicial, porque sempre cria uma nova ordem
jurídica; é autônomo, porque não depende dos órgãos do Poder (ou ‘poderes’
Direito Natural”2.
Constituição” (Parágrafo único do art. 1o). O exercício direto do poder se faz por
Constituinte não desaparece com sua obra realizada. Ele permanece depois dela. É
poderes constituídos por ela é que ficam submetidos à Constituição. Decorre disso
que a nação pode mudar a Constituição sempre que bem lhe parecer. O
2
Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza, “Poder Constituinte Originário e Poder Constituinte
1993
73
Constituição”3.
necessidades, sem que para isso seja preciso recorrer ao Poder Constituinte
Originário.
3
Emmanuel Joseph Sieyès (1748-1836), in “Qu’est-ce que le tiers État?, apud Manoel
4
Jorge Miranda, “Manual de Direito Constitucional”, vol. 2: constituição e
V).
são próprias:
‘constituído’. Por outro lado, como esse seu poder não lhe pertence por
5
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, “O Poder Constituinte”, Ed. Saraiva, 1999, p.124
75
requeridas.”6
Maioridade”.
adoção de emendas à Constituição (art. 90). A única alteração que sofreu em sua
6
José Afonso da Silva, “Comentário Contextual à Constituição”, Malheiros Editores
longa trajetória foi a emenda de 1926, que não se mostrou suficiente para
processo não chegou a ser posto em prática) ou emenda, esta menos rígida do que
no art. 174. Pela primeira vez, uma Constituição brasileira prevê a iniciativa do
sua alteração no art. 217. A iniciativa era atribuída a um quarto da Câmara dos
revisão.
Constituinte Derivado, agiram com quorum menos rígido (maioria absoluta) do que
verdade não o é.
pronuncia:
.............................................................................................
7
Luís Roberto Barroso, “A Nova Interpretação Constitucional”, Ed. Renovar, 2006, p.
331.
81
lei tal ou qual tivesse sido elaborada. Afinal de contas, são leis
emenda à constituição.
revisão ordinária.’”
ter feito longa exposição perante esta Comissão, comprovando que a nossa tradição
não tem sido a de reconstitucionalizações mediante ruptura, mas sim pela transição.
chegando a afirmar que a nossa Constituição exacerba a tarefa de impor limites aos
ela) pode autorizar alterações. Uma vez aprovada uma nova Revisão,
Revisionais de 1993.
desenvolvimento.
emendas constitucionais leva o Estado a se omitir naquilo que foi uma das principais
85
racional.
problema institucional do País. Bastaria citar a falta de uma reforma política ampla,
realizar. Pode-se dizer que vivemos a partir de 1988 uma silenciosa crise
Por fim, cabe realçar que sempre seria possível a objeção de que uma
respeito, posso apenas responder que o Congresso Revisor, que vier eventualmente
a ser eleito, poderá perfeitamente impor um período dentro do qual será impedida a
Qualquer uma das duas medidas evitaria que a incerteza jurídica constitucional que
Preliminarmente, deve ser dito que todas elas atendem aos requisitos
de admissibilidade.
suscintamente, a seguir:
“Dos Militares dos Estados, Distrito Federal e dos Territórios”, “Das Regiões”,
PEC no 157-A, de 2003, aprovado pela CCJC, que objetiva retirar a previsão de
revisões periódicas, a cada dez anos, estará em parte atendida por emenda do
Relator que pretende deixar essa matéria para ser decidida pelos futuros
Revisão for considerada mais conveniente para 2011, que sobre ela decidam os
trabalho revisional.
brilhante parecer.
deliberará.
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doutrinário ainda não recepcionado pelo ordenamento jurídico, o que traria muitas
restrição das garantias asseguradas pelo texto constitucional, nos parece que será
Constituição.
D) Do Substitutivo do Relator
revisão, retrocesso nas conquistas que teriam sido concretizadas com a Assembléia
interesse social.
preestabelecidas, a saber:
federação; e
deste parecer, propondo aos ilustres parlamentares que integram este Colegiado:
disciplinados, em parte, pelo art. 61, § 2º, da mesma Carta, que trata da iniciativa
pauta de revisão.
sistemática, que prevê uma revisão restrita, se o quorum for elevado para três
Deve ser lembrado que essa matéria, por ser jurídica, já foi aprovada
E) Da Conclusão
Por tudo quanto acima foi exposto, votamos pela admissibilidade das
Emenda no 02-CE, e pela rejeição da PEC no 447, de 2005, e das Emendas de no 01-
94
Relator
95
constitucional:
Presidente.
de seus trabalhos.
de abril de 2008.
61, § 2º.
federação; e
publicação.
Relator