Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Ao contrário do que comumente é propagado pela mídia e afins, o cristianismo não é uma religião
“opressora patriarcal”, mas muito pelo contrário, foi o responsável por criar um ambiente que
proporcionou a melhoria das condições da mulher na sociedade e lhe restaurou sua dignidade.
Vamos direto ao ponto, como o cristianismo foi um grande responsável por elevar a dignidade
feminina?
Com o advento do cristianismo, o mundo mudou. Jesus era um líder pobre, que sempre se
importou com o cuidado dos menos favorecidos e ensinou seus discípulos o mesmo. Não que ele
fosse apenas um reformador social, Cristo foi muito mais que isso. Mas de fato ele quebrou muitas
barreiras nesse sentido, especialmente em relação as mulheres.
A começar pelo próprio judaísmo, que no texto de Levítico 15 instrui a mulher com fluxo de sangue
a ficar separada da comunidade e qualquer um que a tocasse ficaria “imundo até à tarde.” Jesus
no meio de uma multidão curou uma mulher que há 12 anos sofria de tal mal e a despediu
gentilmente “Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz”.
O ministério de Jesus teve muitas mulheres como participantes. Em Lucas 8, além dos 12
apóstolos também são relatadas que “mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e
de enfermidades” o seguiam, tais como Maria Madalena, Joana e Suzana, “e muitas outras que o
serviam com seus bens.”
Enquanto os fariseus mantinham as mulheres afastadas do seu núcleo, Jesus recebeu delas
profunda adoração. Como no caso da história narrada em Lucas 7. Ao descobrir que Jesus estava
na casa de um fariseu, ignorando o que poderia acontecer a ela nesse ambiente, uma mulher dita
“pecadora” se aproximou dele e “chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e
enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o
ungüento.” Ao invés de repreendê-la como os fariseus esperavam, Jesus fez o contrário,
repreendeu os fariseus e exaltou aquela mulher pelo seu ato. Dirigindo-se a Simão, o fariseu,
Jesus disse: “Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta
regou-me os pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos de sua cabeça. Não me deste
ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a
cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento. Por isso te digo que os seus muitos
pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco
ama.”
Entender como Jesus tratava as mulheres nos ajuda a entender o porquê delas terem sido tão
numerosas no cristianismo primitivo. O grande historiador de Cambridge Henry Chadwick afirma:
“O cristianismo foi especialmente bem sucedido entre as mulheres. Foi através das esposas que o
cristianismo penetrou nas classes mais altas no primeiro momento.”1 Tanto que nos capítulos
finais da epístola de Paulo aos Romanos, escrita na década de 50 d.C, Paulo saúda pelo menos
15 mulheres que tinham posição de liderança na congregação romana. E muito mais mulheres
participavam das congregações cristãs e eram peças chave em seu desenvolvimento.
Em Atos 16 vemos Lídia, mercadora de púrpura batizada por Paulo, a qual reunia em sua casa em
Filipos uma congregação. E também Maria, mãe de Marcos, que disponibilizava sua casa para
receber as reuniões cristãs. Além de ajudarem o ministério financeiramente, as mulheres abriram
a porta de suas casas para abrigar as reuniões cristãs.
Segundo o historiador e teólogo Adolf Von Harnack: “A pregação cristã foi adotada pelas mulheres
em particular. A porcentagem de mulheres cristãs entre as classes mais altas era muito superior
que as dos homens.”2
Isso foi confirmado recentemente por uma amostra de Romanos da classe senatorial que viveram
As mulheres cristãs eram tão numerosas que muitos romanos desprezavam o cristianismo por
considerá-lo uma “religião de mulheres”.
Em nenhum grupo religioso da antiguidade as mulheres foram consideradas em grande estima,
especialmente se considerarmos o mundo greco-romano comparado com o mundo do
cristianismo nascente.
• A moralidade e o casamento
Em relação a moralidade e casamento, o historiador Thomas Woods relata: “As fontes mais
antigas revelam-nos que a moral sexual se tinha degradado em extremo na época cm que a Igreja
surgiu na História. Como escreveu o satírico Juvenal, a promiscuidade generalizada levara os
romanos a perder a deusa Castidade. Ovídio observou que no seu tempo, as práticas sexuais se
tinham rebaixado a um nível espccialmente perverso, e até mesmo sádico. Podem-se encontrar
testemunhos similares em Cátulo, Marcião e Suetônio acerca do estado da fidelidade conjugal e
da imoralidade sexual nos tempos de Cristo. César Augusto tentou por cobro a essa situação com
medidas legais, mas a lei raramente consegue reformar um povo que já tenha sucumbido ao
fascínio dos prazeres imediatos. ''5
No começo do século II, o historiador romano Tácito afirmava que uma mulher casta era um
fenômeno raro.
A Igreja ensinou que as relações íntimas só são lícitas entre marido e mulher. O próprio Edward
Gibbon. que culpava o cristianismo pela queda do Império Romano, foi obrigado a admitir; "Os
cristãos restauraram a dignidade do matrimônio.”
A lei canônica da Igreja sobre o matrimônio considerou que para a validade de um casamento, era
necessário o livre consentimento tanto do homem como da mulher, e que o ato poderia ser
anulado se tivesse sido celebrado sob coação ou se uma das partes estivesse em erro a respeito
da identidade ou de alguma condição importante da outra pessoa. 6
Comentando sobre esse fato escreve Berman: “os fundamentos não apenas do moderno direito
matrimonial, mas também de certos elementos básicos do moderno direito contratual,
principalmente o conceito de livre manifestação da vontade e de ausência de erro, coação e
fraude.”7
Para a Igreja, o adultério não se limitava à infidelidade da esposa, como se costumava considerar
no mundo antigo, mas estendia-se também à infidelidade do marido. A influencia que ela exerceu
neste domínio foi de grande importância histórica, e não admira que Edward Westermarck, um
excelente historiador da instituição do matrimônio, tenha creditado à influência cristã a
equalizaçào do pecado de adultério.8
3 Rodney Stark, The Triumph of Christianity, pág 41.
4 Gálatas 3:28
5 Thomas Woods , Como a Igreja Católica construíu a civilização ocidental, pág 199.
6 Ibid pág 182.
7 Harold J. Herman. Law and Revolution, pig. 228
8 Alvin J. Schmidl. Under lhe Infhtence . Pág 84
Santificar o matrimônio e proibir o divórcio deu muito mais segurança a mulher e foi fundamental
para manutenção da família.
• Infanticídio
Além do matrimônio que trouxe segurança e mais dignidade ao relacionamento, a Igreja ajudou a
aumentar o número de nascimentos do sexo feminino. Era comum, por decisão paterna,
abandonar o recém nascido do sexo feminino à morte. Como podemos ver nesse relato do século
II: “ Eu vejo seus bebês recém-nascidos expostos por vocês aos animais selvagens e as aves de
rapina, ou sendo cruelmente estrangulados até a morte.
Há também mulheres entre vocês que, por tomarem certas drogas, destroem os inícios do futuro
do ser humano enquanto este ainda está no útero., e são culpadas de infanticídio antes de serem
mães. Essas práticas certamente foram dadas a vocês pelos seus deuses."9
O cristianismo condenou e combateu essa prática. Toda forma de infanticídio foi condenada (o
aborto é uma delas), o que favoreceu mais nascimentos, principalmente de bebês do sexo
feminino. Ou seja, o cristianismo proporcionou que mais mulheres nascessem, aumentando
consideravelmente a população feminina. Isso sim é significativo!
• Sociedade
Após tremendo avanço no campo do matrimônio e família e com o aumento da perspectiva de não
ser morta ao nascer, com o avançar dos anos as mulheres passaram a formar comunidades
religiosas dotadas de governo próprio, algo inusitado em qualquer cultura do mundo antigo. Elas
dirigiam as próprias escolas, conventos, orfanatos e hospitais.
Na Idade Média, algumas mulheres usufruiram na Igreja de um extraordinário poder. A par de suas
funcões religiosas, elas exerciam, mesmo na vida laica, um poder que muitos invejariam no
presente.
Administravam vastos territórios e paróquias. Algumas abadessas eram verdadeiras senhoras
feudais, respeitadas por seu poder do mesmo modo que outros senhores o eram.11
A independência e valorização da mulher foi lhe retirada a partir da Baixa
Idade Média, com a vinda do Renascimento, que acarretou na volta do Direito
Romano. O Direito Romano não é favorável à mulher, nem tampouco à criança. Ele
defende o direito de Pater Familias, pai, proprietário, e em sua casa, sumo sacerdote
e chefe da família com poderes sagrados, que tem sobre seus filhos
direito de vida e morte, assim como sob sua mulher. Apoiando-se nisso, juristas
estenderam o poder do estado centralizado e também restringiram a liberdade da
mulher e sua capacidade de ação.
O jurista Robert Villers afirma: “Em Roma, a mulher, sem exagero ou paradoxo, não era sujeito de
direito… Sua condição pessoal, as relações da mulher com seus pais ou com seu marido são da
competência da domus da qual o pai, o sogro ou o marido são os chefes todo-poderosos”
Vale observar que é só no fim do século XVII é que a mulher passa a tomar obrigatoriamente o
nome do marido no casamento.
• Conclusão
Vemos então que o movimento renascentista se afastou do cristiansimo e voltou seus olhos ao
paganismo antigo. Não obstante, nessa época temos a aurora do Estado moderno que tem suas
O paganismo é que nunca valorizou a mulher, assim como hoje grupos ditos “defensores da
mulher” não o fazem.
Se foi o casamento e a condenação do divórcio que salvou a mulher de continuar sendo
marginalizada pela sociedade, por que hoje celebram tanto o divórcio e a dissolução da famíia?
Se foi a Igreja e a fé cristã que ajudaram a restaurar a dignidade do sexo feminino na sociedade,
por que hoje são tão contra as mesmas coisas?
E o que dizer em relação ao infanticídio? Proibir tal prática foi o que proporcionou a mulher a
nascer e crescer em primeiro lugar. Como então querem colocar essa prática assassina na pauta
e dizer que se trata de “um direito”?
O mesmo Deus que criou os céus e a terra, nos criou a sua imagem e semelhança, e mesmo
sendo pecadores envoltos num mundo de miséria e mal, esse Deus se fez carne para sacrifício do
nossos pecados. Somos dignos, não por haja algo especial em nós mesmos, mas porque Ele nos
torna dignos, e nisso, não há distinção de sexo.
Mas diante dos fatos não se pode negar, não foi um movimento político, uma ideologia, um grupo
de mulheres gritando palavras de ordem que trouxe benefícios reais a vida da mulher através da
história.
Foi a vida de um único homem, que há mais de 2.000 anos vem transformando o mundo,
inspirando pessoas e salvando almas.
Provérbios 31
4Gálatas 3:28
5Thomas Woods , Como a Igreja Católica construíu a civilização ocidental, pág 199.
6Ibid pág 182.
7Harold J. Herman. Law and Revolution, pig. 228
8Alvin J. Schmidl. Under lhe Infhtence . Pág 84
9Minucius Felix, 'The Octavius' of Minucius Felix p.83
10Regine Pernoud, 1994.