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Sermões Comoventes
Publicado por Reformados 21 em 09/12/2018 12:56
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“Você precisa contar mais histórias quando prega. As pessoas gostam de ouvir histórias.
Jesus contou parábolas para que até as crianças pudessem entender”.
Nesta célebre parábola – descrita como a chave para entender todo o restante (Marcos
4:13b) – Jesus parece dizer que fala desta forma não para que seja mais facilmente
compreendido, mas precisamente para que seus ouvintes não ouçam e entendam, “para
não acontecer” que se arrependam e sejam perdoados.
Jesus conta a parábola publicamente para uma multidão, mas a explica em particular para
seus discípulos (Mateus 13:10). A explicação de Jesus tem surpreendido gerações que a
leem.
A tensão é imediatamente visível nisto: Jesus está dizendo que sua pregação é designada
para gerar fracassos? Jesus está sendo intencionalmente vago para afastar as pessoas?
Vá e diga a este povo: “Ouçam; ouçam, mas sem entender. Vejam; vejam, mas
sem perceber.” Torne insensível o coração deste povo, endureça-lhes os
ouvidos e feche os olhos deles, para que não venham a ver com os olhos, ouvir
com os ouvidos e entender com o coração, e se convertam, e sejam
curados (Isaías 6.9-10).
Enquanto os três evangelistas interpretam esse imperativo de maneiras completamente
diferentes, todos expressam o sentido básico: O “Para que não venham” de Jesus está
enraizado na profecia de Isaías.
Isaías teve uma visão do Senhor e foi encarregado de pregar à nação. Passou sua vida
proclamando o julgamento iminente para muitos e a restauração de um remanescente.
Deus disse ao profeta, entretanto, que sua pregação às vezes produziria o oposto do que
desejaria: tornaria alguns mais insensíveis e indiferentes, não menos.
Assim, quando Jesus cita a passagem de Isaías, ele está revelando que seu ministério
produzirá o mesmo resultado.
O Antigo Testamento revela que os profetas falaram por parábolas como parte de sua
missão. Por exemplo, o Salmo 78:2–4 descreve o profeta como “Abrirei os meus lábios
para proferir parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos. […] Contaremos à
geração vindoura os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez”. Da
mesma forma, Ezequiel se queixa: “Ah! SENHOR Deus! Eles ficam dizendo que eu só sei
contar parábolas!” (Ezequiel 20:49). Como resposta, Deus lhe diz para continuar pregando
contra Jerusalém (21:2).
Os profetas usaram parábolas de todos os tipos para velar e desvendar a verdade, para
levar os ouvintes ao ponto de reconhecer seu próprio autojulgamento e produzir uma
resposta para Deus.
Então, o que exatamente Jesus está fazendo com suas parábolas? Havendo se
identificado em outras ocasiões como um profeta (Mateus 13:57; Lucas 13:33), Jesus
afirma estar continuando, até mesmo culminando, a missão profética que Isaías
demonstrou. Tal como os profetas antigos, Jesus usou parábolas para revelar o mistério do
Reino, para estimular reflexão sobre o pecado, para chamar pessoas ao arrependimento, e
para produzir o oposto entre os endurecidos contra ele.
Os que têm o coração preparado como boa terra, que “têm ouvidos para ouvir” (Mateus
13:9), deleitam-se na gloriosa simplicidade e nas profundas verdades das parábolas de
Jesus; a estes Deus concedeu “conhecer os mistérios do Reino dos Céus” (Mateus 13:11).
Mas para os endurecidos contra Deus, as parábolas são projetadas para permanecerem
como histórias mundanas sobre horticultura, vinhedos, redes de pesca, economia
imobiliária, viagens ou banquetes – nada mais. Para essas pessoas, as parábolas
permanecem obscuras, latentes e até estranhas – assim como o próprio evangelho.
Ao examinarmos meticulosamente, constataremos que Jesus não está sendo lúgubre com
um objetivo em si mesmo. Suas parábolas retratam o evangelho e suas exigências em
cores terrenas. Porém, como sabemos por outras partes das Escrituras, o evangelho
endurece alguns, ao mesmo tempo que converte outros. Com efeito, é precisamente
através deste mistério de endurecimento e quebrantamento que o Reino avança.
João 12:40 aplica Isaías 6:9–10 ao ministério de Jesus para explicar como tantos que
ouviram suas palavras “não puderam crer”. Da mesma forma, em Atos 28:24, Lucas
explica o resultado líquido do ministério de Paulo – “Houve alguns que ficaram
persuadidos pelo que Paulo dizia; outros, porém, continuaram incrédulos” – recorrendo
para Isaías 6:9-10 (veja Atos 20:26-27). Isto é visto mais claramente no modo como a
dureza daqueles que rejeitaram a Jesus preparou o caminho para a cruz, que, por sua vez,
abre o caminho do Reino para aqueles que o recebem.
Mistério Soberano
Em suma, a teologia por trás da Parábola do Semeador, a observação de João sobre o
ministério de Jesus, e a visão de Paulo sobre seu próprio ministério – decorrente do
ministério de Isaías – é que a soberania de Deus na salvação procede de maneira às
vezes intrigante, mas glorificadora.
A semente do evangelho é livre e amorosamente espalhada para todo e qualquer um. Mas
o solo é o que importa, e somente Deus pode prepará-lo para receber a semente e
produzir a múltipla colheita de arrependimento e perdão. Isso liberta o pregador para
semear a semente fielmente, e, portanto, observar a obra de Deus que muda corações
pecaminosos de acordo com sua vontade soberana.