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IGREJA O BRASIL PARA CRISTO EM PICUÍ

1 CORÍNTIOS
FAZEI TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS

LUCIANO DE MEDEIROS DANTAS

PICUÍ

2018
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 2

CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2 ......................................................................................................................................26

CAPÍTULO 3 ......................................................................................................................................35

CAPÍTULO 4 ......................................................................................................................................49

CAPÍTULO 5 ......................................................................................................................................60

CAPÍTULO 6 ......................................................................................................................................71

CAPÍTULO 7 ......................................................................................................................................85

CAPÍTULO 8 ....................................................................................................................................105

CAPÍTULO 9 ....................................................................................................................................112

CAPÍTULO 10 ..................................................................................................................................122

CAPÍTULO 11 ..................................................................................................................................136

CAPÍTULO 12 ..................................................................................................................................151

CAPÍTULO 13 ..................................................................................................................................172

CAPÍTULO 14 ..................................................................................................................................179

CAPÍTULO 15 ..................................................................................................................................192

CAPÍTULO 16 ..................................................................................................................................207

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................216
2

“Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de
Deus.” – 1Co 10.31 (A21)

INTRODUÇÃO1

(1. Cidade; 2. Povo; 3. Religião e Cultura; 4. Igreja; 5. Carta; 6. Temas; 7. Importância)

1 A cidade de Corinto
 Localização: a extensa planície abaixo da acrópole2 Acrocorinto3.
o O Acrocorinto possui 575 m de altura e fica na Península4 do Peloponeso5.
o Devido à altitude era uma cidade relativamente segura (praticamente invencível).
 Possuía 2 cidades portuárias que a traziam comércio/riqueza e reconhecimento
internacional.
o Lacaeum (Lechaio) a 3 km ao norte.
 Aportavam navios do Ocidente (Itália, Espanha e Norte da África).
o Cencréia (Kechries) a 11 km ao leste.
 Onde Paulo raspou a cabeça em At 18.18.
 Aportavam navios de Oriente (Ásia Menor, Fenícia, Palestina, Egito e Cirene).
 Um dos portos mais importantes da época. Tornando-a uma cidade de intenso
intercâmbio cultural6
o Para facilitar o transporte de mercadorias foi construído um canal no istmo7 que une a
península à Grécia central.
 Antes da construção do canal os navios atravessavam o istmo por uma
estrada pavimentada (diolkos – 7,2 km), onde os navios (pequenos) eram
colocados em plataformas e arrastados.
 Sua construção começou com Nero, até concluir-se no séc. IX por
engenheiros franceses (Sacro Império Romano-Germânico).

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 Local mais alto das antigas cidades gregas, que servia de cidadela e onde eventualmente se erguiam templos e palácio

(Google Dicionário).
3 Rocha com vista para a antiga cidade de Corinto, na Grécia Antiga. É a mais impressionante das acrópoles (Wikipédia).
4 Porção de terra de certa extensão, cercada de água por todos os lados, salvo por um, através do qual se une a uma área

maior de terreno (Google Dicionário).


5 Nome derivado do antigo herói grego Pélope, o qual teria dominado toda a região, mais a palavra grega que designa ilha

(níssos), donde teríamos o nome Ilha de Pélops (Wikipédia).


6 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
7 Estreita faixa de terra que liga duas áreas de terra maiores (Google Dicionário).
3

 Mede 6,3 km.


 Continha um auditório com capacidade para 18 mil pessoas sentadas8
o Odeon – odeão (para apresentações de teatro e música)9

2 O povo de Corinto
 Pessoas de todo tipo: oficiais romanos, colonos, mercadores, artesãos, artistas, filósofos,
mestres e trabalhadores de muitos países ao redor do Mediterrâneo, além de judeus.
o Trabalhavam ou em Corinto, ou em suas cidades portuárias.
 O povo do interior contribuía para a base agrícola de Corinto.

3 A religião e cultura de Corinto


 Famosa por sua devassidão10 e licenciosidade11.12
o “Cidade da fornicação e da prostituição”.
o Era uma das mais luxuriantes, efeminadas, ostentadoras e dissolutas cidades do
mundo13
o Gírias da época
 Corinthiazesthai: (“corintizar” ou “corintianizar”) “viver uma vida coríntia”, ou
seja, fácil e licenciosa, ou “ir para o diabo”14
 “Moça de Corinto” (prostituta) e “agir como um corinto” (praticar
fornicação, agir desenfreadamente, ou estar solto)15.
 Termos cunhados pelos gregos para descrever a imoralidade da cidade.
 O ideal dos coríntios era pronunciadamente satisfazer os seus desejos16
o Ao negociante lucro; ao amante prazer; ao atleta orgulho pela sua força.
 Possuía uma dúzia de templos
o Afrodite: deusa do amor conhecida na Antiguidade por sua imoralidade.
 Seu templo possuía mil prostitutas cultuais.

8 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
9 LOPES, op. cit.
10 Depravação/alteração de costumes (Google Dicionário).
11 Abuso de liberdade (Google Dicionário).
12 BIBLIA, Português. Bíblia Sagrada Almeida Século 21: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de

Almeida. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.


13 METZ, op. cit.
14 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
15 DANTAS, L. M. Atos dos Apóstolos: o evangelho até os confins da terra. Picuí: OBPC, 2016. Disponível em:

<https://drive.google.com/open?id=0BxsiwXgwzSFQRGZhRUJCZHNta1U>. Acesso em: 2018.


16 MORRIS, op. cit.
4

 Elas desciam durante a noite e se entregavam aos turistas que


aportavam ali17
 O templo ficava na Acrópole18
 Paulo faz claras exortações sobre a imoralidade (1Co 5.1; 6.18; 10.8).
o Também cultuavam: Asclépio, Apolo e Posêidon.
 Possuía os principais monumentos ao deus Apolo19
 Representante da beleza do corpo masculino.
 Sua adoração induzia ao homossexualismo
 Pode ter servido de inspiração para Paulo em Rm 1.26-27.
 Rm 1.18-32 descreve essa cidade20
 Talvez fosse o centro homossexual do mundo na época21.
 Muitos membros da igreja de Corinto, antes da sua conversão, tinham
vivido na prática do homossexualismo (1Co 6.9-11).
o Havia também altares as divindades gregas: Atenas, Hera e Hermes.
o E também santuários para deuses egípcios: Ísis e Serapis.
 Foi dado aos judeus liberdade para praticarem sua religião desde que se abstivessem de
atos de rebelião contra o governo romano.
o Tinham a própria sinagoga (onde Paulo pregara At 18.4-6).
 Cristianismo: chegou à cidade durante a 2ª viagem missionária de Paulo (At 18.1-18).
 Jogos do Istmo (ou jogos ístmicos): 2º maior em importância (perdendo apenas para os
Jogos Olímpicos).
o Realizados a cada 2 anos.
o Incluía: corridas, lutas e corridas de bigas22.
o Por isso Paulo usava bastante alegoria sobre jogos (1Co 9.24-25).
 Era uma cidade arrogante e filosófica23
o Inúmeros pregadores itinerantes promoviam suas especulações.
o O principal hobby da cidade era ir para as praças e ouvir esses grandes filósofos e
pensadores exporem suas ideias24

17 DANTAS, op. cit.


18 LOPES, op. cit.
19 DANTAS, op. cit.
20 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
21 LOPES, op. cit.
22 Variação da corrida de cavalos, sendo que os animais puxavam uma pequena charretinha (Wikipédia).
23 WIERSBE, op. cit.
24 LOPES, op. cit.
5

o Isso influenciou a igreja que passou a se tornar adepta a diferentes "escolas de


pensamento".

4 A igreja de Corinto
 Fundada por Paulo nos anos 50-52 d.C.
o Proconsulado de Gálio (At 18.12).
o Foi uma das cidades onde Paulo passou mais tempo
 18 meses (1 ano e ½) – At 18.11 (na primeira visita).
 Nesse período trabalhou como fabricante de tendas junto com Áquila (At 18.3).
 Foi visitada 3x pelo apóstolo (2Co 13.1).
o Encontravam-se nas casas dos membros da igreja (Tício Justo, que morava ao lado da
sinagoga – At 18.7).
 Era uma das maiores congregações da igreja primitiva25
 Seria um trampolim para o evangelho26
 Foram enriquecidos com grande variedade de dons espirituais27.
 Seus líderes não eram presbíteros – At 18.8, 17; 1Co 1.1; 16.17.
 Depois que Paulo partiu de Corinto, o trabalho na igreja foi dado a Apolo (At 19.1)28

5 Sobre a carta
 Autor: apóstolo Paulo (1Co 1.1).
 Período: primavera de 55-57 d.C.29
 Local: estava em Éfeso (1Co 16.8, 1930), no decurso de sua 3º viagem missionária (At 19).
 Motivação: nem tudo ia bem na igreja de Corinto
o Provavelmente, Apolo relatou as condições da igreja ao retornar a Éfeso, motivando
Paulo a escrever uma carta (Carta Anterior).
o Relatório trazido por membros da casa de Cloe (1Co 1.11).
o Informações dadas por Estéfanas, Fortunato e Acaico (1Co 16.17).
o Carta da igreja (1Co 7.1a).

25 METZ, op. cit.


26 LOPES, op. cit.
27 BÍBLIA, op. cit.
28 METZ, op. cit.
29 BÍBLIA, op. cit.
30 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
6

 Resolveu enviar Timóteo antes da carta (1Co 4.17; 16.10).


 É uma continuação (resposta) de uma epístola anterior que não foi preservada.
o O que a carta dizia? – exortava a não associação com os imorais (1Co 5.9).
o Tudo indica que essa carta fora mal compreendida. Assim, a carta mais recente
(1Coríntios) a substituiu, e não houve propósito em preservar a anterior31.
 Após enviar 1Coríntios, Paulo os visitou “em tristeza”, o motivando a escrever outra carta “com
muitas lágrimas” (2Co 2.1, 3 e 4)32.
o Essa carta entre 1 e 2Coríntios foi escrita em tom muito severo (2Co 7.8).
o Após essa carta escreveu 2Coríntios e os visitou.
o Portanto temos3 visitas de Paulo e 4 epístolas:
Carta Visita Carta
Fundação I II Última
Anterior penosa Severa
(At 18) Coríntios Coríntios visita
(1Co 5.9) (2Co 2.1) (2Co 7.8)

6 Temas
 Corinto tinha algumas complicações na tentativa de se separarem da sociedade pecadora33
o Era uma igreja problemática.
o Isso se deu porque permitiu que os pecados do mundo se infiltrassem na
congregação34
o Paulo denunciou seus pecados que quase anularam o seu direito de se intitular
cristã.
 Se não fossem os primeiros versículos do capítulo 1, o leitor pensaria: Será
que essa igreja é mesmo cristão?35
 Infelizmente, seus problemas não se limitavam ao âmbito da comunidade Cristã, mas
eram também do conhecimento dos incrédulos de fora da igreja36
o Era uma igreja depravada e um empecilho para o Evangelho.
o Tinham conhecimento, mas não amor; tinha carisma, mas não caráter. Era uma igreja
infantil e carnal37

31 MORRIS, op. cit.


32 Ibidem.
33 METZ, op. cit.
34 WIERSBE, op. cit.
35 LOPES, op. cit.
36 WIERSBE, op. cit.
37 LOPES, op. cit.
7

 Problemas da igreja38
o Divisões (cap. 1 e 6): estavam divididos em 4 grupos (Paulo, Apolo, Cefas e Cristo) e
alguns irmãos estavam confrontando-se nos tribunais.
o Oposição de alguns líderes a Paulo (cap. 4 e 9).
o Imoralidade (cap. 5 e 6).
o Erros de conduta (testemunho): viviam como ímpios, sem distinção.
o Profanação da Ceia do Senhor.
o Desordem no culto (dons espirituais).
o Heresias (cap. 15): negação da ressurreição.
 Dúvidas da igreja39
o Casamento (cap. 7): celibato, divórcio, novo casamento, sexualidade.
o Religiosidade e cultura (cap. 8): comidas sacrificadas a ídolos.
o Uso do véu na igreja (cap. 11).
o O sentido dos dons espirituais (cap. 12).
o Como coletar as ofertas de auxílio (cap. 16).
 Essa epístola não é só problema! Possui o mais belo texto sobre o amor de toda a literatura
(1Co 13)40

7 Importância
 Nela vemos conselhos e orientações acerca de questões importantes da fé e da conduta
cristã, mas também lança luz sobre problemas graves da igreja41 que surgiram devidos um
discernimento e uma aplicação insuficientes da Palavra de Deus.
 Provavelmente tem mais conselhos práticos para os cristãos de hoje do que qualquer livro
da Bíblia42
o Estudá-la é fazer um diagnóstico da igreja contemporânea. É colocar um grande
espelho diante de nós mesmos.
 Termos os mesmos propósitos da epístola
o Promover um espírito de unidade na igreja;
o Corrigir nossos erros na comunidade;

38 BÍBLIA, op. cit.


39 Ibidem.
40 MACDONALD, op. cit.
41 BÍBLIA, op. cit.
42 LOPES, op. cit.
8

o Esclarecermos nossas dúvidas a questões diversas;


o Tudo isso [a fim de vivermos] para a glória de Deus.
9

CAPÍTULO 11

(1-9: a igreja que Deus vê – nossa posição; 10-31: a igreja que o homem vê – nossa prática)2

1 Paulo introduz a carta seguindo o costume do séc. I (1-3)3: autor, destinatário e uma oração.
Porém, com um toque caracteristicamente cristão.
1.1 “Chamado”: foi chamado ao apostolado em sua conversão pelo próprio Cristo (At 9.15).
1.1.1 Paulo invoca várias vezes sua autoridade apostólica nesta carta4.
1.1.2 Cartas em que ele omitiu sua credencial apostólica: Filipenses, 1 e 2
Tessalonicenses e Filemon.
1.2 αποστολος (apostolo) é o termo grego para o hebraico shaliah (“enviar”)5.
1.2.1 No mundo antigo, a palavra tinha a ver com expedições marítimas, especialmente
as de natureza militar. Seu uso no NT representa uma pessoa enviada com
autoridade e poderes de representação6 (ex.: delegado, emissário ou
embaixador)7.
1.2.1.1 No NT é usado tanto em sentido amplo (missionários desbravadores)
como estrito (os Doze e Paulo)8.
1.2.1.2 Às vezes o título é usado para associados e assistentes dos apóstolos.
1.2.1.2.1 Apóstolos fora os Doze: Tiago, o irmão do Senhor (Gl 1.19);
Barnabé (At 14.4; 1Co 9.1-6); Andrônico e Júnias (Rm 16.7)9.
1.2.1.2.2 Fora os Doze e Paulo, todas as passagens onde algumas
outras pessoas são citadas como "apóstolos", são casos em
que o termo é usado no sentido mais amplo da palavra10.
1.2.1.3 Nesse verso o termo é estrito, referindo-se a autoridade que só pertencia
aos Doze (Lc 6.13) e a Paulo.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
3 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
4 Ibidem.
5 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
6 MACARTHUR, J. 12 homens extraordinariamente comuns: como os apóstolos foram mudados para alcançar o sucesso

em sua missão. Thomas Nelson Brasil: Rio de Janeiro, 2016.


7 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
8 PFEIFFER, op. cit.
9 Ibidem.
10 LOPES, A. N. Apóstolos: a verdade bíblica sobre o apostolado. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
10

1.2.2 Credenciais: os apóstolos foram testemunhas da ressurreição e receberam poder


para realizar milagres confirmando a natureza divina da mensagem11.
1.2.2.1 Ser testemunha da ressurreição (At 1.21-22).
1.2.2.2 Poderes sobrenaturais para realizar maravilhas e sinais (Mt 10.1; Mc
6.7, 13; Lc 9.1-2; At 5.12)12.
1.2.3 Quanto a substituição apostólica nesta função única (At 1.21-22)13.
1.2.3.1 A substituição ocorreu devido o número 12 ser significativo (At 1.23-26)14.
1.2.3.2 Representava o novo Israel, sendo a contraparte dos doze patriarcas da
nação. Os Doze seriam os líderes dessa nação espiritual (Mt 19.28; Lc
22.30)15.
1.2.4 O que é importante saber sobre os apóstolos: sempre serão a norma e
fundamento sobre o qual Cristo edifica a sua igreja (Ef 2.20; Ap 21.14).
1.2.4.1 Tiveram posição de liderança e autoridade exclusiva de ensino na
igreja. As Escrituras do NT foram inteiramente compiladas pelos apóstolos
ou por seus colaboradores próximos16.
1.3 “Pela vontade de Deus”: reafirma que seu chamado tem origem em Deus.
1.3.1 Paulo ensina que o ministério apostólico não é de caráter autonominal (em
oposição aos profetas/apóstolos de hoje)17.
1.3.2 Seu chamado veio da parte do Deus Trino: Jesus o chamou (At 9.15), o Espírito
confirmou ao separá-lo (At 13.2) e o próprio Deus Pai ordenou (Gl 1.1).
1.3.3 Ninguém de Corinto podia duvidar de sua apostolicidade (1Co 9.1-2).
1.4 “Irmão Sóstenes”: a ordem das palavras exclui Sóstenes do ofício apostólico.
1.4.1 Deve ser o mesmo de At 18.17.
1.4.2 Principal líder da sinagoga de Corinto, judeu de nascimento, que foi espancado no
tribunal de Gálio18.
1.4.2.1 O espancamento deve ter sido por defender Paulo ou se declarar cristão.
1.4.2.2 Estava com Paulo em Éfeso.
1.4.3 Pela sua citação seria alguém bem conhecido dos irmãos.

11 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
12 MACARTHUR, op. cit.
13 PFEIFFER, op. cit.
14 MACARTHUR, op. cit.
15 LOPES, A. N. op. cit.
16 MACARTHUR, op. cit.
17 METZ, op. cit.
18 Ibidem.
11

2 “Igreja” (ekklēsia): termo que se refere a reuniões políticas ou agremiações (qualquer


assembleia secular19).
2.1 O termo literalmente significa “o povo chamado para fora”20.
2.1.1 Refere-se ao chamado feito aos cidadãos gregos para que saíssem de suas
casas a fim de assistirem assembleias públicas21.
2.1.2 Nunca foi usada com referência a um edifício22.
2.2 No séc. I os cristãos começaram a designar suas assembleias como ekklēsia,
distinguindo-se dos judeus, que usavam o termo synagogue para suas reuniões.
2.2.1 Também por ser o termo empregado na LXX para à assembleia de Israel23.
2.2.2 Portanto, no NT irá significar “a comunidade de remidos”24 ou “o povo tirado do
mundo e separado para Deus”25.
2.3 “De Deus”: a igreja pertence a Deus.
2.3.1 Porque Ele a comprou com o sangue de Seu Filho (At 20.28)26.
2.3.2 O destinatário é a igreja de Deus – Paulo abrange o conteúdo da carta para outras
igrejas (circulação de cartas)27.
2.4 “Em Corinto”: nenhum lugar é tão imoral que não possa ser gerado ali uma congregação28.
2.4.1 Toda igreja possui dois endereços: geográfico (Corinto) e celeste29.
2.5 “Santificados em Cristo Jesus”: é o Senhor Jesus que nos santifica (Ef 5.25-27).
2.5.1 Essa frase descreve a posição de todos que pertencem a Cristo30.
2.5.2 O termo expõe o fato dos cristãos serem separados para o serviço de Cristo31.
2.5.3 Aspecto posicional da salvação: toda pessoa que crê em Jesus é santa32.
2.5.3.1 É um ato Divino realizado pelo fato de estarmos em Cristo.
2.5.4 Para nós a palavra pode denotar caráter moral elevado, coisa que naturalmente
não está separado do termo33.

19 MORRIS, op. cit.


20 WIERSBE, op. cit.
21 DANTAS, L. M. Atos dos Apóstolos: o evangelho até os confins da terra. Picuí: OBPC, 2016. Disponível em:

<https://drive.google.com/open?id=0BxsiwXgwzSFQRGZhRUJCZHNta1U>. Acesso em: 2018.


22 Ibidem.
23 MORRIS, op. cit.
24 METZ, op. cit.
25 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
26 Ibidem.
27 METZ, op. cit.
28 MACDONALD, op. cit.
29 LOPES, H. D. op. cit.
30 MACDONALD, op. cit.
31 MORRIS, op. cit.
32 LOPES, H. D. op. cit.
33 MORRIS, op. cit.
12

2.5.5 Somos separados para Deus e, consequentemente, separados do Pecado34.


2.6 “Chamados para serem santos”: o ato pelo qual Deus santifica os crentes inclui a
responsabilidade destes de serem santos.
2.6.1 Expressa à condição (processo) na qual estamos de separação prática diária do
pecado35.
2.6.2 Aspecto processual da santificação: quem está em Cristo é chamado para andar
com Ele (parecer-se com Ele)36.
2.6.2.1 Transformação progressiva até a glorificação.
2.7 O termo hagios (“αγιοις” – santos) denota essa separação para Deus e do pecado,
evidenciado em nossa vida pela santidade (pureza moral)37.
2.7.1 Santo não é alguém que morreu e que agora é venerado38.
2.7.1.1 A teologia católica define santa como a pessoa que depois de morta é
canonizada39.
2.7.1.2 Paulo escreve para santos vivos!
2.7.1.3 Todo cristão é um santo.
2.7.2 Deus vê a Igreja como um povo exclusivo seu.
2.8 Paulo, primeiro, afirma que os crentes de Corinto são santos, depois os instrui acerca
de seu compromisso com essa santidade para, depois, apontar os seus pecados e
faltas.
2.9 “Com todos”: refere-se à Igreja Universal.
2.10 “Invocam”: o que nos une como igreja universal é a pessoa do Senhor Jesus Cristo.
2.10.1 A igreja de Deus é maior que a nossa denominação40.
2.10.1.1 Pertencemos a uma família espalhada pelo mundo.
2.11 “Senhor Jesus Cristo”: título que aparece 5x nos 9 primeiros versículos, servindo de
lembrete para uma igreja dividida e com tendência a cultuar personalidades41.
2.11.1 Versículos: 2, 3, 7, 8 e 9.
2.11.2 Em todos os 9 versículos, Paulo cita o nome do Salvador (mostrando que Cristo é
absolutamente central)42.

34 METZ, op. cit.


35 MACDONALD, op. cit.
36 LOPES, H. D. op. cit.
37 METZ, op. cit.
38 WIERSBE, op. cit.
39 LOPES, H. D. op. cit.
40 Ibidem.
41 METZ, op. cit.
42 MORRIS, op. cit.
13

2.12 “Senhor deles e nosso”: quer que os coríntios saibam que pertencem a um corpo. Não é
uma igreja à parte (independente).
2.12.1 Agiam como que por uma lei particular/especial/diferente em questões de
conduta e doutrina43.
2.12.1.1 Igrejas podem diferir de costumes, política, etc., mas pertencem ao
mesmo corpo.
2.12.2 Jesus não é propriedade exclusiva de nenhuma igreja44.
3 Saudação usual de Paulo
3.1 Semelhantemente aparece nas cartas de Pedro e João.
3.2 Saudação: os gregos saudavam-se com a palavra “charis” (graça) e os judeus, com a
palavra “shalom” (paz).
3.2.1 Há uma diferença entre ”chairein” (saudação grega – “graça”) e “charis” (saudação
cristã) – charis nos lembra da livre dádiva de Deus aos homens45.
3.2.1.1 Pode ser definida também como “a santidade e a pureza de Deus
estendidas ao homem”. Sendo a disposição Divina de compartilhar a si
mesmo com pecadores indignos46.
3.2.2 “Shalom” significa mais do que “paz” (ausência de luta), mas a presença de
bênçãos (prosperidade espiritual)47.
3.2.2.1 Atua interiormente (destruindo a culpa do pecado) e exteriormente
(acabando com o poder do pecado sobre nós)48.
3.2.3 As duas expressões aparecem na literatura da igreja juntas e possui sentido
teológico.
3.2.3.1 “Graça” vem sempre antes, pois sem graça não pode haver “paz”.
3.2.3.2 Tornou-se a saudação típica da igreja e está presente em quase todas
as cartas49.
3.3 “Da parte de Deus”: a origem da graça e da paz.
3.4 “Nosso Pai”: todos os crentes são filhos de Deus por meio de Cristo.

4 Normalmente Paulo faz ação de graças no início das suas cartas50.

43 METZ, op. cit.


44 LOPES, H. D. op. cit.
45 MORRIS, op. cit.
46 METZ, op. cit.
47 MORRIS, op. cit.
48 METZ, op. cit.
49 MORRIS, op. cit.
14

4.1 Paulo sempre ora pelas igrejas que fundou e agradece a Deus por elas.
4.2 Como Paulo pode expressar gratidão pela igreja de Corinto? Ela lhe causou enormes
tristezas.
4.2.1 Esforça-se para encontrar um motivo de gratidão na vida de seus irmãos51.
4.2.2 Paulo agradece pela graça e fidelidade de Deus aos coríntios, na forma dos dons
espirituais – v.5-7 (não cita nenhuma virtude deles).
4.2.3 Deus vê a Igreja como um povo salvo.
5 “Pois”: exprime um “porque”, de explicação.
5.1 “Em tudo fostes enriquecidos”: Os Coríntios receberam riquezas espirituais no sentido de
toda a palavra e em todo o conhecimento.
5.1.1 “Enriquecidos”: (plutocrata) “pessoa influente e preponderante por seu dinheiro”52.
5.1.2 "Palavra": transmissão da verdade; "Conhecimento": apreensão da verdade53.
5.1.2.1 Uma refere-se à expressão exterior enquanto a outra à compreensão
interior54.
5.1.3 Eram ricos na palavra, no conhecimento e na capacitação dos dons55.
5.1.3.1 Tinham tudo para realizar a obra de Deus.
5.1.3.2 Tudo isso deveria motivá-los à santidade.
5.1.4 Deus vê a Igreja como um povo detentor de riquezas espirituais.
6 O "testemunho de Cristo": pode ser entendido como uma referência ao conteúdo do Evangelho.
6.1 É o testemunho dado por Paulo e seus companheiros (as boas novas do Evangelho) 56.
6.2 Deus Confirmou a mensagem do Evangelho nos crentes por meio da operação do
Espírito Santo.
6.2.1 “Confirmado”: “bebaioo” – “garantia da entrega de algo cujo penhor já foi pago”57.
6.2.2 Os efeitos da pregação eram a garantia da sua veracidade58.
6.2.3 Deus vê a Igreja como um povo confirmado pelo seu Espírito.
7 “Não vos falta”: não faltava nenhum dom por causa da pregação do evangelho.
7.1 "Dom": (“charisma”59) primeira vez que a palavra aparece na epístola.
7.1.1 Aqui é usada no sentido amplo dos dons espirituais60.
50 MORRIS, op. cit.
51 MACDONALD, op. cit.
52 WIERSBE, op. cit.
53 MORRIS, op. cit.
54 MACDONALD, op. cit.
55 LOPES, H. D. op. cit.
56 MORRIS, op. cit.
57 METZ, op. cit.
58 MORRIS, op. cit.
59 METZ, op. cit.
15

7.1.2 Contudo, os dons não eram sinal de espiritualidade autêntica61.


7.2 "Aguardais": expressa o genuíno desejo dos crentes pela restauração de todas as coisas
(Rm 8.19, 23, 25; Gl 5.5; Fp 3.20).
7.2.1 Essa expectativa é um estímulo a santidade62 e um enriquecimento espiritual
(2Pe 3.11-12; 1Jo 3.3)63.
7.3 "Revelação": (“apocalypsis” – descobrir, desvendar64) nesse dia Ele se revelará
plenamente (1Jo 3.2)65.
8 A locução "firmará" expressa uma promessa que será cumprida.
8.1 Os próprios dons do Espírito são uma segurança das coisas vindouras66.
8.2 "Para serdes irrepreensíveis": não está afirmando que os coríntios são irrepreensíveis
8.2.1 Ele olha para o futuro expressa sua certeza de que Deus os apresentará
irrepreensíveis no julgamento final.
8.3 “Dia de nosso Senhor Jesus Cristo”: no AT refere-se ao dia de juízo (Jl 3.14; Am 5.18-
20). No NT alude ao retorno de Cristo (Fp 1.6, 10; 2.16; 1Ts 5.2).
8.3.1 Inclui um julgamento em que tanto Deus como Cristo será juiz (Rm 14.10; 2Co
5.10).
8.3.2 Nesse dia seremos declarados irrepreensíveis (“inocente” ou “sem culpa”67 – Rm
8.33) pelo veredicto divino.
8.4 Bom é saber que nossa vida está nas mãos de Cristo!68
8.4.1 E das suas mãos ninguém pode nos tirar! (Jo 10.28).
9 "Fiel é Deus": Deus é fiel no cumprimento de suas promessas (quanto à promessa do versículo
precedente).
9.1 Podemos confiar, pois o que está em jogo é o caráter de Deus69.
9.2 O homem tende a duvidar, por isso somos lembrados aqui70.
9.3 "Chamados": só os que foram chamados à comunhão do Filho tem experiência da
fidelidade do Pai.
9.3.1 “Comunhão”: (“koinonia”) comunhão que inclui compartilhamento71.

60 MORRIS, op. cit.


61 MACDONALD, op. cit.
62 LOPES, H. D. op. cit.
63 METZ, op. cit.
64 Ibidem.
65 MORRIS, op. cit.
66 Ibidem.
67 Ibidem.
68 LOPES, H. D. op. cit.
69 MORRIS, op. cit
70 METZ, op. cit.
16

9.3.2 A proclamação do Evangelho, aceita com fé verdadeira, conduz a comunhão com


Pai e o Filho (1Jo 1.3).
9.4 Como Deus vê a Igreja em Corinto? 72
9.4.1 Os coríntios foram salvos (1.4), enriquecidos (1.5) e confirmados (1.6). Foram
separados para Deus (1.2).
9.4.2 Mas sua prática não condizia com sua posição.

10 Paulo conclui o verso 9 como uma preparação para tratar das divisões na igreja.
10.1 Diante do que Cristo disse as divisões são algo perigoso para a espiritualidade da
igreja (Mt 12.25; Mc 3.24-25; Lc 11.17).
10.2 “Irmãos”: a sua exortação tem caráter pastoral, mostrando querer boas relações.
10.3 “Rogo-vos”: Paulo faz um apelo73.
10.3.1 “Senhor Jesus Cristo”: este nome firma-se contra todos os nomes de partidos.
10.3.1.1 Os coríntios exaltavam nome de homens, Paulo exalta o nome de Jesus,
única fonte de unidade do povo de Deus74.
10.4 “Entreis em acordo”: Paulo não está pedindo uniformidade de opinião, mas uma atitude
de empenho por harmonia e paz.
10.4.1 É uma expressão estritamente clássica: relaciona-se com estados que mantêm
relações políticas amistosas75.
10.5 “Não haja divisões”: pode haver discussões, mas não pode haver divisões (rivalidade).
10.6 “Unidos”: katartizim = tornar-se aquilo que Deus quer que seja (perfeito).
10.6.1 Termo empregado em restauração à condição correta76.
10.6.1.1 A igreja estava longe daquilo que deveria ser.
10.6.2 Ou seja, semelhantes a Cristo no mesmo...
10.7 “Pensamento”: relaciona-se ao poder de observação.
10.7.1 Disposição mental, ou inclinamento77. Um entendimento correto78.
10.8 “Parecer”: julgamento ou opinião.
11 “Família de Cloe”: possivelmente residia em Corinto (o texto pressupõe ser conhecida da igreja).

71 METZ, op. cit.


72 WIERSBE, op. cit.
73 MORRIS, op. cit.
74 MACDONALD, op. cit.
75 MORRIS, op. cit.
76 Ibidem.
77 Ibidem.
78 METZ, op. cit.
17

11.1 A referência indica que este relatório não era constituído de rumores infundados, e que
essa mulher possuía bom caráter e boa posição79.
11.2 Princípio importante da conduta cristã: só devemos passar notícias de irmãos se
estivermos dispostos a ter nosso nome associado a tais informações80.
11.2.1 Não esconderam o problema, procuraram a pessoa certa, sem ter medo de ser
mencionados81.
11.2.2 A transparência neutraliza a maledicência na igreja82.
11.3 “Há discórdias”: ainda não estavam divididos permanentemente, mas contribuíam para um
sectarismo.
11.3.1 Em Gl 5.20 isso é elencado como “obras da carne” (porfias/rivalidades)83.
11.3.1.1 O termo eris ("discórdias") significa "discussões amargas"84.
11.3.1.2 Contendas apontam-nos brigas.
11.3.2 Contendas indicam falta de amor e é uma quebra do mandamento de Deus.
12 “O que quero dizer”: Paulo mostra estar plenamente informado sobre as contendas em Corinto.
12.1 Os irmãos criaram grupos dentro da igreja e os relacionados a pessoas específicas.
12.1.1 A base dos partidos foram os métodos de pregação85.
12.2 Sem dúvida havia irmãos que não se incluíam em nenhum dos partidos.
12.3 “Eu sou de...”: ele cita uma lista ascendente de importância.
12.3.1 De Paulo (o menor) a Cristo (o maior).
12.3.2 Paulo entende que nenhum dos citados aceitava essas facções.
12.3.3 O termo significa “eu sou discípulo de...”, “eu digo o caminho de...”86.
12.4 “Eu sou de Paulo”: provavelmente gentios convertidos que abusavam da liberdade87.
12.5 "Eu sou de Apolo": era de Alexandria (centro Acadêmico da época), possuía
conhecimento magistral das Escrituras (embora precisasse aprender com mais exatidão
o caminho da salvação - At 18.24-26).
12.5.1 Sucedeu Paulo em Corinto.
12.5.2 Foi um orador eloquente (At 18.24-25, 28).

79 METZ, op. cit.


80 MACDONALD, op. cit.
81 WIERSBE, op. cit.
82 LOPES, H. D. op. cit.
83 MORRIS, op. cit.
84 METZ, op. cit.
85 MORRIS, op. cit.
86 Ibidem.
87 LOPES, H. D. op. cit.
18

12.5.3 Algumas pessoas da igreja impressionaram se com sua oratória, especialmente por
considerarem Paulo de fraca apresentação oral e sem eloquência (1Co 2.1;
2Co 10.10; 11.6).
12.5.3.1 Era mais esmerado e mais retórico do que Paulo88.
12.5.3.2 Pode ter tido formação intelectual que, acrescida de sua habilidade
oratória, teria feito dele um pregador que a traía muitas pessoas89.
12.6 "Eu sou de Cefas": supõe-se que Pedro esteve pessoalmente em Corinto (Paulo o
menciona acompanhado por sua esposa nas viagens).
12.6.1 "Cefas": nome aramaico de Pedro.
12.6.2 Era conhecido como cabeça da igreja e porta-voz dos apóstolos, altamente
respeitado.
12.6.3 Sua pregação deveria ter uma ênfase diferente da de Paulo (acomodada à lei
judaica)90.
12.6.4 Seu grupo deveria ser constituído de judeus convertidos ou gentios legalistas91.
12.7 "Eu sou de Cristo": dizem ser uma intervenção do autor, mas o grego indica um 4º
partido92.
12.7.1 Diziam pertencer a Cristo e a nenhum líder humano.
12.7.2 Podiam estar sugerindo que somente eles pertenciam ao Senhor93.
12.7.3 Achavam-se os iluminados, os espirituais, com quem Deus falava diretamente94.
12.8 A igreja estava sendo influenciada pelo mundanismo (culto à personalidade)95.
12.8.1 Quando iam à praça e ouviam um filósofo, diziam: “eu sou de fulano de tal”.
12.8.2 Foram influenciados pela tietagem.
13 Paulo faz 3 perguntas retóricas de resposta negativa.
13.1 “Cristo está dividido?”: significa: “Cristo foi dado em partilha?”, isto é, a uma parte e
outra não?96
13.1.1 Referindo-se a pregação. Paulo, Apolo e Cefas pregavam o mesmo Cristo97.
13.1.2 Há apenas uma Salvador e Evangelho (Gl 1.6-9)98.

88 MORRIS, op. cit.


89 METZ, op. cit.
90 MORRIS, op. cit.
91 METZ, op. cit.
92 MORRIS, op. cit.
93 MACDONALD, op. cit.
94 LOPES, H. D. op. cit.
95 Ibidem.
96 MORRIS, op. cit.
97 WIERSBE, op. cit.
98 LOPES, H. D. op. cit.
19

13.2 "Foi Paulo crucificado em vosso favor?": Alguns poderiam ter estima pelo fundador da
igreja, mas deviam reconhecer que não pertenciam a homem algum a não ser Cristo.
13.2.1 Dizendo isso estavam desonrando a Cristo.
13.2.2 A natureza humana gosta de seguir líderes humanos99.
13.2.3 Nunca se deve colocar um homem na posição em que ele não pode estar100.
13.3 "Fostes batizados": o batismo ou fé constituem o ato de pertencer a Deus ou ao Filho de
Deus.
13.3.1 Por causa do sinal e do selo do batismo, eram chamados cristãos.
13.3.2 Significa identificação plena com a pessoa em cujo nome é batizado. Devido o
batismo deles na morte de Cristo (Rm 6.3), pertenciam a Jesus e viviam uma nova
vida.
14 Deve ter delegado a outros a tarefa de batizar os convertidos.
14.1 Agora considera isso providencial101 diante do surgimento desses partidos102.
14.1.1 Crispo, Gaio e Estéfanas foram exceções em seu ministério.
14.2 "Crispo": foi um dirigente da Sinagoga em Corinto que creio em Jesus junto com os
membros de sua casa (At 18.8).
14.2.1 Quando deixou a sinagoga Sóstenes o sucedeu (At 18.17).
14.3 "Gaio": esse nome ocorre 5x no NT (At 19.29; 20.4; Rm 16.23; 1Co 1.14; 3Jo 1).
14.3.1 No inverno, em Corinto, Paulo hospedou-se em sua casa quando escreveu a
carta aos romanos (Rm 16.23).
15 "Para que ninguém diga": Paulo não batizava os que criam para não atribuírem importância
ao seu nome.
15.1 Isso evitaria a tentativa de ligar pessoalmente a ele os conversos103.
15.1.1 “Nome”: na antiguidade significa a suma do homem integral. Tal batismo
implicaria em comunhão e fidelidade semelhantes à de Cristo e os remidos104.
16 Paulo parece ter tido um lapso de memória. Se esquece de citar Estéfanas e sua família.
16.1 É um toque natural em uma carta ditada105.
16.2 Primeiros crentes da província da Acaia e trabalhadores ardorosos na igreja (1Co
16.15).

99 WIERSBE, op. cit.


100 LOPES, H. D. op. cit.
101 MORRIS, op. cit.
102 MACDONALD, op. cit.
103 MORRIS, op. cit.
104 Ibidem.
105 Ibidem.
20

16.3 Pode ter sido o amanuense que escreveu a carta para Paulo e o lembrou do fato.
17 Agora ele explica porque não se interessou em batizar os convertidos.
17.1 "Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar": Gl 1.15-16.
17.1.1 Apóstolos seguiam o exemplo que Jesus deixou (Jo 4.1-2).
17.1.1.1 Deixavam a outros a tarefa de batizar.
17.1.1.2 Pedro fez assim (At 10.48).
17.1.1.3 A essência da comissão não era administrar ritos. Pregar era a função
principal dos apóstolos (Mc 3.14)106.
17.2 Esse texto refuta a ideia de que o batismo é critério para salvação107.
17.3 "Não por sabedoria de palavras": descreve o método de um orador grego discursar
com eloquência.
17.3.1 A primeira vista parece que Paulo faz uma defesa ao antiintelectualismo. Na
verdade tenta mostrar que a verdadeira sabedoria é revelada na cruz de Cristo e
através dela108.
17.3.2 A retórica grega dos oradores consistia na apresentação de argumentos
filosóficos para defender um ponto de vista.
17.3.3 Os gregos admiravam a retórica109 e os estudos filosóficos110.
17.3.4 Consideravam seus filósofos heróis nacionais111.
17.3.5 Paulo proclama a mensagem da cruz em termos simples (1Co 2.1; 2Co 10.10;
11.6).
17.3.5.1 Não usou ornamento oratório estranho e nenhuma pretensão de exibição
intelectual. Estava ciente de que qualquer outra mensagem tornaria o
Evangelho vazio e inoperante112.
17.4 "Para não esvaziar o significado da cruz": a técnica de retórica e eloquência levaria a
mensagem da cruz a ser esvaziada de seu poder e glória.
17.4.1 Esse tipo de pregação atrairia os homens para o pregador em oposição à
pregação da cruz que resulta parar a confiança humana e firmar-se na ação
Divina113.
17.4.1.1 A retórica levaria os homens a confiarem nos homens.

106 MORRIS, op. cit.


107 MACDONALD, op. cit.
108 METZ, op. cit.
109 Arte de bem argumentar; arte da palavra (Google Dicionário).
110 MORRIS, op. cit.
111 MACDONALD, op. cit.
112 METZ, op. cit.
113 MORRIS, op. cit.
21

18 "Palavra da Cruz": faz o posto a "sabedoria de palavras" (v17). É a mensagem que aponta para
Cristo e sua morte (pregação114).
18.1 Há um contrate com a sabedoria de palavras115 que é contrária à mensagem da cruz.
18.2 "É insensatez para os que estão perecendo": para os gentios a morte de Cristo numa
cruz classificava-o como criminoso ou escravo degenerado.
18.2.1 Por isso essa mensagem é absurda para os gentios (v. 23).
18.2.2 O Evangelho não os agrada. Eles não enxergam nada nela, senão loucura. São
cegos116.
18.3 O efeito da rejeição da mensagem pregada é condenação irrevogável (2Ts 2.10).
18.3.1 Eles não estão a ponto de perecer, mas estão perecendo realmente.
18.3.2 Todos terão que cair, ou na classe dos salvos, ou na dos perdidos117.
18.4 "É o poder de Deus": essa linguagem lembra Rm 1.16.
18.4.1 O Evangelho não fala do poder de Deus. Ele é o poder de Deus118.
18.4.2 A Palavra da Cruz é poder para ressuscitar o pecador da morte espiritual e dá-lo
novidade de vida (redenção).
18.4.3 Pensaram que ele proclamava uma tolice relacionando o poder de Deus à
fraqueza da cruz.
19 Citação de Is 29.14b (ligeira variação da versão LXX).
19.1 Desde os tempos antigos o método de Deus contrasta com a sabedoria humana119.
19.1.1 Os homens sempre acham que seu método é o certo (Pv 14.12; 16.25).
19.1.2 Sabedoria e inteligência é a mesma coisa (regra de poesia hebraica).
19.2 A sabedoria terrena é não-espiritual e do diabo (Tg 3.15).
19.3 Deus não depende de nossa sabedoria, pelo contrário, somos instigados a rogá-lo pela
sua sabedoria (Tg 1.5).
19.4 Paulo ilustra esse contraste de 2 formas.
19.4.1 A 1ª ilustração refere-se a uma aliança política com o Egito que foi considerada
uma obra prima de sabedoria e diplomacia (quando foram ameaçados por
Senaqueribe120). Mas aos olhos de Deus foi rebelião. Deus mostrou que concederia

114 MORRIS, op. cit.


115 Ibidem.
116 Ibidem.
117 Ibidem.
118 Ibidem.
119 Ibidem.
120 MACDONALD, op. cit.
22

libertação através de seu próprio braço (derrotando Senaqueribe) e não com os


hábeis políticos que dirigiam o reino121.
20 As duas primeiras perguntas são citações do profeta Isaías (Is 19.12a; 33.18b).
20.1 A intenção de Paulo é mostra que nenhuma sabedoria humana serve diante de Deus122.
20.1.1 A 2ª ilustração refere-se aos conquistadores assírios que esmagaram judeus
que levaram as recompensas da conquista123.
20.2 "Onde está o sábio?": a sabedoria desaparece quando os mestres que se opõem a Deus
proclamam sabedoria humana.
20.2.1 A tentativa deles de frustrar a obra de Deus é fútil (1Co 3.19).
20.3 “Onde está o instruído”: refere-se ao escriba, especialista nas Escrituras do AT.
20.3.1 Recusavam-se a aceitar a mensagem da cruz como o cumprimento das doutrinas.
20.4 "Questionador desta era?": Aplica-se aos filósofos.
20.4.1 “Era” = aiōn (“mundo” passageiro). Assim como esse mundo, essa sabedoria
passará124.
20.5 "Deus não tornou absurda a lógica deste mundo?": Deus tornou louca a sabedoria
mundana daqueles que rejeitam a mensagem da cruz de Cristo.
20.5.1 Nem o sábio, nem o instruído e nem o questionador conseguiram conhecer a Deus
com sua própria sabedoria125.
20.6 A rejeição aqui consiste em tudo que repousa em uma sabedoria meramente
humana126.
21 O verso apresenta dois casos de confiança.
21.1 O mundo confia na sabedoria humana, e os crentes na loucura da pregação.
21.2 Deus aprouve salvar os homens por meio da cruz, e por nenhum outro meio127.
21.2.1 Os homens não são salvos exercendo sabedoria, mas fé128.
22 Paulo apresenta o mundo dividido em dois grupos: os judeus e os gregos.
22.1 "Os judeus pedem sinais": repetidamente pediram sinais a Jesus que não se submeteu a
eles.

121 METZ, op. cit.


122 MORRIS, op. cit.
123 METZ, op. cit.
124 MORRIS, op. cit.
125 WIERSBE, op. cit.
126 MORRIS, op. cit.
127 Ibidem.
128 Ibidem.
23

22.1.1 Sempre desprezaram o pensamento especulativo, interessavam-se no que era


prático. Pensavam em Deus manifestando-se com sinais e poderosas
maravilhas129.
22.1.1.1 Exigiam as credenciais do Messias (Mt 12.38-39; 16.1, 4; Mc 8.11-12; Jo
4.48; 6.30).
22.1.1.2 Um Messias crucificado era uma contradição.
22.2 "Gregos buscam sabedoria": os gregos possuíam mentes inquisitivas buscando razões
para a existência no mundo.
22.2.1 Embebiam-se em filosofia especulativa (raciocínio abstrato – “achismo”)130.
22.2.1.1 Eram orgulhosos em seus sofismas131 e não achavam lugar para o
Evangelho.
22.2.1.2 Interessavam-se pela lógica132.
22.3 O homem exige que Deus se revele em harmonia com as suas ideias particulares133.
23 Para um judeu, Deus amaldiçoava eternamente uma pessoa crucificada.
23.1 Uma simples referência a tal pessoa era uma ofensa a um judeu de sensibilidade religiosa
(Dt 21.23; Gl 3.13; 5.11).
23.1.1 Identificar um crucificado como o Cristo era o extremo da insensibilidade religiosa.
23.2 "Loucura para os gentios": o crucificado para os romanos eram escravos criminoso. Seria
ridículo considerar um crucificado como Senhor e Salvador da humanidade.
23.2.1 O termo é usado para todos os povos não judeus134.
23.3 “Cristo crucificado”: Paulo não agrada nem judeus nem gentios135.
23.4 Isso mostra que Deus não se reduz ao conceito do homem. A essência do Evangelho é o
anúncio de uma mensagem de Deus, não a acomodação de Deus à sabedoria do
homem136.
24 Somente os chamados por Deus são capazes de crer na mensagem da cruz e aceitá-la sem
reservas.
24.1 "Poder de Deus": Paulo faz relação à obra da redenção (v. 18; Rm 1.4, 16).
24.2 Essa palavra é uma resposta aos pedidos de um sinal pelos judeus e sabedoria pelos
gentios (v. 22).

129 MORRIS, op. cit.


130 Ibidem.
131 Argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade (Google Dicionário).
132 MACDONALD, op. cit.
133 METZ, op. cit.
134 MORRIS, op. cit.
135 MACDONALD, op. cit.
136 METZ, op. cit.
24

24.2.1 O que judeus e gentios buscavam pode ser encontrado no Senhor Jesus137.
25 O que os homens consideram absurdo é mais lógico que eles138.
25.1 O Messias crucificado para eles é símbolo de fraqueza, mas isso é mais forte que
qualquer coisa que o homem possa produzir.
26 A igreja de Corinto consistia de pessoas simples e de poucos que alcançaram proeminência
educacional, financeira e social.
26.1 Proeminentes: Estéfanas (v. 16; 16.17), Sóstenes e Crispo (vs. 1, 14) – chefes da
sinagoga, Gaio (v. 14; Rm 16.23) e Erasto (Rm 16.23) – tesoureiro da cidade.
26.2 Os convida a refletirem no tipo de pessoa que de fato Deus escolheu139.
26.2.1 “Vosso chamado”: chamamento divino (salvação).
26.2.2 “Chamados muitos”: isso não quer dizer que Deus não salve ninguém dessas
classes. Implica que havia poucos.
27 "Escolheu": ensina a doutrina da soberania de Deus.
27.1 Em sua soberania Ele escolheu as coisas fracas para envergonhar as fortes (Mt 5.5; 20.16;
Lc 14.16-24).
27.1.1 Todos os termos inferiores (v. 27-28) fazem alusão aos cristãos140.
27.2 O propósito de Deus são 3 coisas: envergonhar os sábios, envergonhar os fortes e anular
coisas que aos olhos do homem são importantes.
28 Deus inverte os padrões do mundo.
28.1 “Ele escolheu... as que são nada”: a atividade de Deus nos homens é criadora141.
28.1.1 Quanto mais rudimentar a matéria-prima, maior a honra do Mestre142.
28.2 "Reduzir a nada": (katargeō) “anular”, remove completamente, tornar inútil.
29 Deus faz tudo isso com o propósito de retirar dos homens toda ocasião para jactância143.
29.1 Deus vai às coisas mais humildes e as exalta. Ninguém pode atribuir crédito a si mesmo.
29.2 Gloriar-se na presença de Deus ≠ gloriar-se em Deus.
29.3 Os coríntios vangloriavam-se livremente de suas realizações e posses (1Co 4.6; 5.2144).
29.4 Frequentemente Paulo censura-os pelo pecado da vanglória.
29.4.1 Paulo os ensina a louvar ao Senhor em tudo que fazem (10.31).

137 MACDONALD, op. cit.


138 MORRIS, op. cit.
139 Ibidem.
140 METZ, op. cit.
141 MORRIS, op. cit.
142 MACDONALD, op. cit.
143 MORRIS, op. cit.
144 LOPES, H. D. op. cit.
25

30 Estar em Cristo é um privilégio e ao mesmo tempo uma obrigação de viver uma vida
dedicada a ele.
30.1 O texto indica que a palavra sabedoria deve ser explicada pelos outros três substantivos.
Ela se mantém por si mesma com os outros três ligados a ela a título de definição
30.2 Mediante nossa união com Cristo possuímos: sabedoria espiritual para conhecer a Deus
(v. 21; Cl 2.3) e tomamos posse de sua obra para nossa salvação.
30.2.1 Em Cristo somos: justificados (Rm 10.4; 2Co 5.21; Fp 3.9), santificados (Jo 17.19;
1Co 1.2) e redimidos (Rm 3.24)145.
30.3 “Redenção”: termo usado em relação à libertação de escravos através do pagamento de
um resgate146.
31 Citação de Jr 9.23-24 (repetida em 2Co 10.17147).
31.1 Usa essa passagem resumida para ensiná-los a conhecerem a Deus pessoalmente em
Cristo e gloriar-se nele.
31.2 Todo orgulho deve estar naquilo que Cristo fez, e não nas coisas insignificantes que
nós, na melhor das hipóteses, podemos fazer148.
31.3 Sabermos que somos devedores do Senhor nos impede de glorificar a nós mesmos e a
outros149.
31.4 Como é a igreja que o homem vê?
31.4.1 Friedrich Wilhelm Nietzsche falou: os cristãos são favoráveis ao sofrimento,
desprezam as riquezas e a sabedoria, além de preferir o fraco ao forte. Para ele,
Deus estava morto e Jesus era um insensato.
31.4.2 Deus escolheu as coisas loucas e fracas do mundo para envergonhar os padrões
deste século. O que o mundo valoriza os faz experimentar uma falência moral e
uma violência física numa sociedade decadente. Enquanto isso as coisas
loucas e fracas que Deus escolhe promovem sua igreja e seu reino.

145 MORRIS, op. cit.


146 METZ, op. cit.
147 WIERSBE, op. cit.
148 MORRIS, op. cit.
149 METZ, op. cit.
26

CAPÍTULO 21

Em Corinto, como hoje, o Evangelho estava misturado com o pragmatismo. Faziam de tudo para
agradar a freguesia. Para corrigir esse problema Paulo expõe os fundamentos básicos do
Evangelho2.

(1-5: a obra de Cristo na cruz; 6-9: o plano de Deus Pai; 10-16: a ação do Espirito Santo)

1 “Quando fui até vós”: Paulo fala da sua primeira visita à Corinto (At 18).
1.1 “Mistério”: (“μαρτυριον” – “marturion”; “testemunho”) refere-se ao Evangelho. O
testemunho de Deus revelado em Cristo (cf. 1Co 1.6).
1.1.1 No NT a pregação é considerada como o ato de dar testemunho de dados atos3.
1.2 “Não fui com linguagem...”: seus debates em Atenas foram infrutíferos, o que o fez mudar
de estratégia. Apresentou o Evangelho de forma simples, modo incomum em um
ambiente helenista.
1.3 “Linguagem pomposa nem de sabedoria”: Paulo mostra em suas epístolas que possui
tanto eloquência como sabedoria. Ele não deseja mostrar suas habilidades, mas a cruz
de Cristo.
1.3.1 Simplicidade não significa superficialidade, ou ausência de estudo árduo e
preparação cuidadosa. Significa linguagem clara, direta e compreensível4.
1.3.2 Os que ministram a Palavra devem se preparar e usar todos os dons que Deus lhes
deu – mas não devem se fiar em si mesmos (2Co 3.5)5.
1.3.2.1 Os filósofos e mestres itinerantes dependiam de sua sabedoria e
eloquência para granjear seguidores. Paulo era um embaixador, não um
vendedor do Evangelho.
1.4 Reconhecia a diferença entre o ministério apelativo e o ministério espiritual6.
1.4.1 Apelativo: entretém ou atrai as emoções.
1.4.2 Espiritual: apresenta a verdade, glorifica a Cristo e fala à consciência e coração.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
3 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
4 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
5 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
6 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
27

2 Paulo escolheu não demonstrar sabedoria em sua pregação a não ser sabedoria acerca de
Jesus Cristo7.
2.1 “E este, crucificado”: excluiu os elementos humanos e focou o que era mais criticado
pelos judeus e gregos (1Co 1.23)8.
2.2 Muitos pregadores engrandecem de tal modo a si mesmo e a seus dons que deixam de
revelar a glória de Cristo9.
2.3 O conteúdo do Evangelho é: “Jesus Cristo (se refere a sua Pessoa), e este, crucificado”
(se refere a sua obra)10.
3 “Em fraqueza, em temor e em grande tremor”: pode referir-se a hostilidade recebida em
Corinto, tendo que ser encorajado pelo Senhor (At 18.9-10).
3.1 Também tinha muito para desanimar-se pouco antes de ir para Corinto (Atenas)11.
3.2 O seu temor, provavelmente, era temor em face da tarefa a ele confiada. Um angustiado
desejo de cumprir o seu dever12.
3.2.1 “Grande tremor”: (“τρομω” – “tromos”; “estremecer de medo”) descreve alguém
que desconfia plenamente de suas habilidades, mas faz o melhor para cumprir
o seu dever13.
3.2.2 Não estava relutante a ir à Corinto, nem com vergonha do Evangelho14.
3.2.3 Aos olhos dos coríntios, Paulo era sem força, sem recurso e sem privilégios (2Co
10.10).
3.3 Em sua fraqueza, foi fortalecido por Deus (v. 4).
4 Repete o que falou no v. 1 e adiciona o que foi sua linguagem e pregação.
4.1 “Minha linguagem e pregação”: um salienta o modo que pregava e outro o conteúdo da
mensagem15.
4.2 “Palavras persuasivas de sabedoria”: os métodos da sabedoria humana (retórica da
época).
4.2.1 A arte espúria (não genuína) de persuadir sem instruir era considerada em
elevada estima em Corinto16.

7 MORRIS, op. cit.


8 METZ, op. cit.
9 WIERSBE, op. cit.
10 MACDONALD, op. cit.
11 MORRIS, op. cit.
12 Ibidem.
13 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
14 METZ, op. cit.
15 MORRIS, op. cit.
16 METZ, op. cit.
28

4.2.2 Com os padrões da época, o apóstolo provavelmente não venceria uma competição
de retórica dessa maneira17.
4.3 Descreve o poder espiritual disponível aos que pregam a Palavra.
4.3.1 “Demonstração” (“αποδειξει” – “apodeixis”18): termo jurídico que indica um
testemunho (prova) incapaz de refutação.
4.3.2 “Poder do Espírito”: (“δυναμεως” – “dunamis”; “poder”) tudo que realizamos é
obra do Espírito.
4.3.2.1 Dunamis: pode significar “habilidade” (2Co 8.3); “força” (Ef 3.16); “poder
para realizar milagres” (Rm 15.19); “o poder que ressuscitou Jesus” (Ef
1.19-20; Fp 3.10); “o poder evangelho” (Rm 1.16; 1Co 1.18, 24); “o poder
do Espírito em Cristo” (Lc 4.14); e “o poder enviado no Pentecostes” (At
1.8)19.
4.3.2.2 Convencimento de pecado para conversão dos coríntios20.
4.3.2.3 Vidas transformadas são verdadeiros milagres dos céus21.
4.3.3 Os próprios defeitos do apóstolo demonstram o poder do Espírito22.
4.3.3.1 Os versos 4 e 5 mostram como Paulo é um exemplo de 2Co 4.723.
4.3.4 Uma obra espiritual deve ser feita por meios espirituais. Então, ele
simplesmente pregou o Evangelho24.
4.3.5 As vidas transformadas, para o apóstolo, eram prova suficiente de que sua
mensagem era de Deus (1Co 6.9-11)25.
4.4 Paulo não está contra o uso da oratória, mas da oratória sem a unção do Espírito ou para
autoexaltação26.
4.4.1 Paulo era capaz de apresentar o evangelho persuasivamente (At 26.27-28).
4.4.2 Paulo não é contra o preparo para pregar, mas enfatiza sobre quem devem estar
os holofotes.
4.4.3 Pregadores não podem cometer o grave erro de enfatizar mais a forma do que o
conteúdo.

17 MACDONALD, op. cit.


18 MORRIS, op. cit.
19 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
20 MACDONALD, op. cit.
21 LOPES, op. cit.
22 MORRIS, op. cit.
23 MACDONALD, op. cit.
24 METZ, op. cit.
25 WIERSBE, op. cit.
26 LOPES, op. cit.
29

5 Explica porque rejeita a persuasão.


5.1 Para que a fé apoie-se no poder de Deus (Cristo ou o Evangelho – 1Co 1.18, 24).
5.2 Uma fé baseada apenas em discursos comoventes pode ser removida pelo mesmo tipo
de mensagem de outra pessoa27.
5.2.1 A eficácia do evangelismo não depende de nossos argumentos nem de
expediente persuasivos, mas do poder de Deus operando em nossa vida e por
meio da palavra que compartilhamos28.
5.3 O homem tende a se interessar por personalidades. Evangelistas e mestres devem ter
isso sempre em mente29.

6 “Falamos”: o plural liga o ensino de Paulo ao de outros mestres cristãos, sugerindo que não
havia divisão entre eles30.
6.1 “Maduros”: os escritores do NT não demonstram qualquer evidência em uma distinção
entre cristãos (maduro e imaturo).
6.1.1 "Teleios": (“τελειοις”) “perfeito”, “adulto”. Dá a entender “aquilo que obedece a um
padrão ou modelo”31.
6.1.1.1 Denota um estado de homem maduro em oposição à criança32.
6.1.2 A sabedoria de Deus não é para as massas nem para cristãos imaturos (crianças
na fé). É reservada a cristãos maduros33.
6.1.2.1 O Cristão imaturo seria o "homem carnal" (1Co 3.1-4) que é infantil e
não se alimenta da Palavra nem se desenvolve.
6.1.2.2 Ele distingue maduros de descrentes.
6.2 Somos todos exortados a avançar para a maturidade (Hb 6.1).
6.2.1 Entre o povo de Deus reconhecemos níveis de desenvolvimento, pois ninguém
alcançou a perfeição (Fp 3.12-16).
6.3 “Sabedoria desta era”: igual à sabedoria do mundo (1Co 1.20).
6.4 “Seus governantes”: alguns interpretam como poderes demoníacos, mas esta
interpretação encontra dificuldade no v. 8.
6.4.1 Líderes judeus e romanos.

27 METZ, op. cit.


28 WIERSBE, op. cit.
29 MACDONALD, op. cit.
30 MORRIS, op. cit.
31 PFEIFFER, op. cit.
32 METZ, op. cit.
33 WIERSBE, op. cit.
30

6.5 “Estão sendo reduzidos a nada”: o conhecimento do homem não é eterno34.


6.5.1 Assim como eles, sua sabedoria humana é perecível35.
7 Paulo passa a diferenciar a Sabedoria de Deus da Sabedoria do Mundo.
7.1 "Mistério": a sabedoria de Deus é misteriosa para o descrente.
7.1.1 "Mustērion": (“μυστηριω”) "mistério". Não tem caráter misterioso do sentido que
damos à palavra hoje. Significa um segredo que o homem é totalmente incapaz
de penetrar36.
7.1.2 Aqui se refere ao Evangelho (cf. Rm 16.25-26; 1Co 4.1; Ef 1.9-10)37.
7.1.3 “Esteve oculto”: foi revelada aos crentes por meio da pregação do Evangelho
(1Pe 1.10-12).
7.2 “Preordenou antes dos séculos”: a sabedoria de Deus é eterna.
7.2.1 O evangelho não é o plano B de Deus38.
7.2.2 Pela sua sabedoria predestinou esta salvação para nossa glória (Rm 9.23).
7.3 “Para nossa glória”: ela nos conduz à salvação e glória (Fp 3.21).
7.3.1 O propósito para Deus se revelar a nós: glorificar os remidos, a Igreja39.
7.3.2 Um dia participaremos (ou compartilharemos40) da própria glória de Deus (Ef
1.6, 12, 14; Jo 17.22; Rm 8.28-30)41.
8 O fato dos “governantes dessa era” não o conhecerem é demonstrado por eles terem
crucificado o Senhor da Glória (Lc 23.34)42.
8.1 “Nenhum... compreendeu”: o evangelho de Deus não foi conhecido por nenhum outro
meio que a revelação.
9 Is 64.4 parafraseado.
9.1 O contexto da profecia é relacionado a Israel no cativeiro. A nação estava na Babilônia
devido o seu pecado. O povo clamou a Deus, pedindo que descesse para livrá-los. Após 70
anos Deus respondeu: Deus tinha planos para seu povo e ninguém precisava a temer 43.

34 METZ, op. cit.


35 MACDONALD, op. cit.
36 MORRIS, op. cit.
37 PFEIFFER, op. cit.
38 LOPES, op. cit.
39 Ibidem.
40 PFEIFFER, op. cit.
41 WIERSBE, op. cit.
42 MORRIS, op. cit.
43 WIERSBE, op. cit.
31

9.1.1 A profecia se trata de verdades maravilhosas que Deus havia entesourado e que
não poderiam ser descobertas pelos sentidos naturais, mas que, no devido
tempo, seriam reveladas àqueles que o amam44.
9.2 “As coisas”: refere-se à sabedoria de Deus (o Evangelho).
9.3 “Olhos... ouvidos... coração”: todos esses órgãos pertencem ao processo de percepção e
assimilação humana.
9.3.1 "Coração": entre os gregos equivalia a vida interior completa do homem, incluindo
o intelecto e a vontade. Aqui talvez se refira à mente45.
9.3.2 O entendimento da sabedoria de Deus emana do próprio Deus.
9.4 “Deus preparou para os que o amam”: assemelha-se a Rm 8.28.
9.5 Muitos acham que se refere ao céu, mas trata-se das verdades reveladas no NT46.

10 “Revelou-as a nós pelo Espírito”: Deus revela sua sabedoria por meio do Espírito, de modo que
a salvação é obra da Trindade.
10.1 "A nós": Paulo não tem dúvida quanto a quem possui a verdade47.
10.1.1 Os crentes sabem o que sabem, não por causa de alguma habilidade, mas porque
aprouve a Deus lhe revelar.
10.2 Os apóstolos foram os primeiros a serem iluminados pelo Espírito nessa verdade48.
10.3 "Examina": modo de dizer que o Espírito penetra todas as coisas. Não há nada além de
seu conhecimento49.
10.4 “Profundezas de Deus”: outra descrição do que Deus tem preparado para aqueles que o
amam (v. 9). Deus deseja que descubramos todas as bênçãos de sua graça planejadas
para nós50.
10.4.1 Empregada muitas vezes à enorme profundidade do mar (algo desconhecido)51.
10.4.2 Designa a essência de Deus (atributos, vontades e planos)52.
11 “Conhece”: Oida: (“οιδεν”) saber a respeito de tudo53.

44 MACDONALD, op. cit.


45 MORRIS, op. cit.
46 MACDONALD, op. cit.
47 MORRIS, op. cit.
48 MACDONALD, op. cit.
49 MORRIS, op. cit.
50 WIERSBE, op. cit.
51 MORRIS, op. cit.
52 METZ, op. cit.
53 STRONG, op. cit.
32

11.1 O homem é capaz de conhecer as coisas referentes a si, mas não as coisas referentes
a Deus.
11.2 “O espírito do homem”: ninguém de fora do homem pode saber o que se passa em seu
interior54.
11.2.1 Do mesmo modo, ninguém de fora de Deus pode saber o que acontece dentro
de Deus.
11.2.2 O Espírito é uma personalidade: tem conhecimento e é onisciente55.
11.3 Paulo nega o conceito de Filo56, de que o espírito humano pode conhecer o divino por si
só57.
12 Paulo nos conforta garantindo que recebemos o Espírito de Deus.
12.1 "Espírito do mundo": é o espírito que torna o mundo secular, é o poder que determina o
pensar e o agir daqueles que se opõem ao Espírito de Deus.
12.1.1 A sabedoria que Paulo se opõe em toda a passagem não é satânica, mas humana.
Portanto, significa a índole deste mundo58.
12.2 O Espírito de Deus habita em todos os salvos (1Co 6.19).
12.2.1 Quando cremos recebemos o Espírito Santo (Ef 1.13-14)59.
12.3 Ele nos é dado para que possamos conhecer de maneira inata as coisas que dizem
respeito à nossa salvação.
13 “Falamos dessas coisas”: o homem espiritual ensina as coisas que Deus o revelou60.
13.1 “Ensinadas pelo Espírito”: o Espírito nos ensina (Jo 14.26) e nos conduz a verdade
(Jo 16.13) 61.
13.1.1 Porém, segue uma sequência: o Espírito ensinou Paulo sobre a Palavra, e só
depois Paulo ensinou aos cristãos.
13.2 O Espírito nos capacita a proclamar o Evangelho.
13.2.1 Não quer dizer que o Espírito não usou dos talentos, capacidades, características e
peculiaridades dos apóstolos (Ex.: Paulo escreve muito diferente de Lucas62).
13.2.2 Deus concedeu as Escrituras aos apóstolos e “vestiu-as” com o estilo peculiar de
cada escritor63.

54 MORRIS, op. cit.


55 LOPES, op. cit.
56 Filo de Alexandria, filósofo judeu-helenista do período helenista, 20 a.C.- 50 d.C. (Wikipédia).
57 LOPES, op. cit.
58 MORRIS, op. cit.
59 LOPES, op. cit.
60 METZ, op. cit.
61 WIERSBE, op. cit.
62 MACDONALD, op. cit.
33

13.2.3 A verdade divina não depende do artifício humano em sua apresentação64.


13.2.4 De que forma o Espírito nos ensina?...
13.3 “Comparando coisas espirituais com espirituais”: pode ser interpretado de 2 maneiras.
13.3.1 “Interpretando verdades espirituais (conteúdo) em palavras espirituais (modo de
oratória)”.
13.3.1.1 Vocabulário que Deus dá ao crente para que possa expressar as
verdades divinas de forma espiritual65.
13.3.1.2 Ou seja, “combinando as palavras ditas com as verdades expressas”66.
13.3.2 Synkrinō: (“συγκρινοντες”) pode ser traduzido como “combinar”, “comparar”,
“interpretar” ou “colocar junto de maneira adequada”67.
13.3.3 O método como o Espírito nos ensina68.
13.3.3.1 O Espírito Santo é semelhante a um pai de família que "tira do seu
depósito coisas novas e coisas velhas" (Mt 13.52). O que é novo
sempre surge do que é velho e nos ajuda a compreender melhor as
coisas conhecidas.
13.3.3.2 Quando comparamos parte das Escrituras entre si, Deus nos dá novos
conhecimentos sobre a verdade.
13.3.3.3 É importante separar um tempo para orar e meditar na Palavra.
14 “Homem natural”: não se refere a um homem pecaminoso, mas alguém limitado às coisas
naturais, que segue os instintos naturais (Jd 19).
14.1 "Não aceita": o termo (“δεχεται”; dechomai) é usual para acolhida a um hóspede. Assim,
o homem natural não dá boas vindas às coisas do Espírito. Ele às rejeita69.
14.1.1 “Pois lhe são absurdas; e não pode entendê-las”: Não aceita as coisas do
Espírito porque não as entende nem as deseja.
14.2 “Se compreendem espiritualmente”: há uma incapacidade no descrente para entender a
sabedoria de Deus devido à ausência do Espírito Santo em sua vida.
14.2.1 A atividade da alma e da mente é obscurecida pela depravação do pecado70.
14.3 “Compreendem”: (“γνωναι”; “ginosko”) “discernir”, “julgar” – processo de avaliação (1Jo
4.1).

63 MACDONALD, op. cit.


64 METZ, op. cit.
65 PFEIFFER, op. cit.
66 MORRIS, op. cit.
67 STRONG, op. cit.
68 WIERSBE, op. cit.
69 MORRIS, op. cit.
70 METZ, op. cit.
34

14.4 Uma das marcas da maturidade é o discernimento71.


15 “Homem espiritual": pessoa em quem o Espírito de Deus opera72. Cristão que atingiu a
maturidade, no qual abunda o fruto do Espírito73.
15.1 O crente, pelo Espírito, tem conhecimento da verdade (1Jo 2.20) e é capaz de distinguir a
verdade do erro.
15.1.1 Isso não é uma licença para que se posicione como juiz sobre os outros ou
imune à crítica ou avaliação74.
15.1.2 É capacitado a fazer julgamento certo, isso porque o Espírito de Deus o equipa75.
15.1.3 Usa as Escrituras como bússola e lanterna (Sl 119.105).
15.2 “Ele mesmo não é julgado por ninguém”: não quer dizer que os cristãos jamais são
julgados (1Co 14.29).
15.2.1 Não significa que uma pessoa não salva não pode mostrar as falhas que vê na
vida do cristão76.
15.2.2 O descrente não pode julgar o crente da mesma maneira que esse o
faz (espiritualmente).
15.2.2.1 “Por ninguém”: isso inclui outros cristãos. Devemos nos cuidar para não
sermos ditadores espirituais na vida de outros membros do povo de
Deus (2Co 1.24).
16 Citações de Is 40.13.
16.1 “Quem jamais conheceu a mente do Senhor”: os caminhos de Deus estão além do
entendimento do homem77.
16.1.1 Seria egocentrismo supremo um homem tentar instruir (dar conselhos) ao Senhor.
16.2 “Mente de Cristo”: o conhecimento e apropriação desse evangelho pela ação do Espírito.
16.2.1 Significa que não temos a mesma forma de pensar do mundo78.
16.3 Consequentemente, vemos as coisas na perspectiva de Cristo e não na perspectiva do
homem do mundo79.

71 WIERSBE, op. cit.


72 MORRIS, op. cit.
73 PFEIFFER, op. cit.
74 METZ, op. cit.
75 MORRIS, op. cit.
76 WIERSBE, op. cit.
77 METZ, op. cit.
78 WIERSBE, op. cit.
79 MORRIS, op. cit.
35

CAPÍTULO 31

Até então, comparou o homem espiritual com o natural de modo amplo, agora se torna direto e
específico. Com severidade, e ao mesmo tempo delicadeza2, Paulo mostra que os corintos são
crianças espirituais, sem crescimento. Ele usa a compreensão espiritual citada em 1Co 2.15.

(1-4: uma família que busca maturidade; 5-9: um campo que busca produtividade; 10-23: um edifício
que busca qualidade)

1 "Irmãos": embora a mensagem seja áspera, Paulo expressa unidade (ex., 1Co 1.10-11, 26; 2.1).
1.1 “Não vos pude falar”: indica a sua primeira visita (cf. 1Co 2.1).
1.1.1 Na 1ª visita não pôde falar a eles como a “pessoas espirituais” (espécie de
homem que acabara de falar no capítulo 2)3.
1.2 "Mas como pessoas carnais": (não-espirituais) uma igreja santificada em Cristo (1Co
1.2), que possuía os dons espirituais (1Co 1.7) e a quem Paulo chama de irmãos não pode
ser não-cristã.
1.2.1 Sarkinoi: (“feito de carne”) essência ou substância de carne (imutável).
1.2.2 No NT o termo está relacionado à antiga natureza corrompida4.
1.2.3 Nesse sentido, eles são "carnais", não porque não têm o Espírito, mas porque
estavam pensando e vivendo exatamente como aqueles que não o têm (cf. v.
3; Gl 5.16-17).
1.3 "Crianças em Cristo": termo humilhante.
1.3.1 “Criança”: é usado, por vezes, para denotar um estágio de ignorância e
imaturidade5.
1.3.2 Os que acabam de serem ganhos para Cristo são crianças em Cristo6.
1.3.3 O ensino que receberam foi adequado a sua condição7.
1.3.4 Mas Paulo não fala dos recém-convertidos8.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
3 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
4 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
5 Ibidem.
6 MORRIS, op. cit.
7 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
8 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
36

1.3.5 Crente imaturo: aqueles que não crescem no conhecimento e na prática da


Palavra9.
1.3.6 Paulo é contraditório: descreve os corintos como amadurecidos (1Co 2.6), mas
agora ele os descreve como crianças em Cristo.
1.3.6.1 Paulo faz essa diferenciação para incitá-los à ação.
2 Assim como uma mãe se preocupa quando seu filho não cresce fisicamente, Paulo demonstra a
preocupação pelos coríntios.
2.1 Assim como em uma família humana, também na família de Deus devemos encorajar a
maturidade espiritual10.
2.2 A diferença dos alimentos se dá quanto à forma, e não quanto ao conteúdo.
2.2.1 O evangelho de Paulo era o mesmo para todos11.
2.2.1.1 Ambos são nutritivos. Mas o leite é para a criança de corpo delicado e
não desenvolvido, e o alimento sólido é para a pessoa forte e madura
que precisa de força para fazer o trabalho árduo12.
2.2.1.2 O que diferencia o crente maduro do imaturo é o alimento (assim como
nas crianças)13.
2.2.2 O sábio adapta sua instrução à capacidade dos seus alunos14.
2.2.3 Nessa mesma linha o Senhor Jesus ensinou os seus discípulos (Jo 16.12)15.
2.2.4 A ideia de doutrinas secretas destinadas apenas aos iniciados e experimentados
é um modelo do Gnosticismo16.
2.3 "Leite": usa a mesma linguagem do autor de Hebreus (Hb 5.12-14).
2.3.1 Em Hebreus o "leite" significa as doutrinas rudimentares da fé cristã.
2.3.2 Declaração simples do evangelho aos pecadores. É a pregação missionária ou
evangelística17.
2.3.3 Os elementos a cerca de Cristo18.
2.4 "Alimento sólido": seria a doutrina cristã avançada.

9 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
10 WIERSBE, op. cit.
11 METZ, op. cit.
12 Ibidem.
13 WIERSBE, op. cit.
14 MORRIS, op. cit.
15 MACDONALD, op. cit.
16 LOPES, op. cit.
17 METZ, op. cit.
18 MACDONALD, op. cit.
37

2.4.1 Tipo de pregação que mostra as possibilidades da graça, que expõe as obrigações
e deveres da vida cristã19.
2.5 A Palavra é nosso alimento espiritual: leite (1Pe 2.2), pão (Mt 4.4), carne (Hb 5.14) e até
mesmo mel (SI 119.103)20.
2.6 Até aqui narra o que aconteceu21.
2.7 “Nem mesmo agora podeis”: no presente, deveriam ter progredido espiritualmente22.
2.7.1 O desmame de uma criança era ocasião para festa23.
3 “Sois carnais”: “Sarkikoi” (“σαρκικος” = “dominado pela carne”) – aparência ou característica que
pode ser alterada.
3.1 Paulo afirma que os coríntios se igualam aos descrentes quanto à conduta.
3.1.1 Eles também eram carnais por causa de suas ações24.
3.1.2 “Carne”: nos escritos de Paulo refere-se aos aspectos inferiores da natureza moral
e ética do homem (Rm 13.14; Gl 5.13; Ef 2.3)25.
3.2 No início da vida cristã as pessoas são carnais por causa da “persistência prejudicial do
estado da natureza” 26.
3.2.1 Mas a vida cristã não é estática. Ou alguém se desenvolve como um cristão
maduro através da eliminação das tendências carnais, ou invariavelmente se
estaciona em um estado de meninice deliberada.
3.3 “Visto que há inveja e discórdias entre vós”: os coríntios discutiam entre si, eram
destituídos de amor uns pelos outros e se comportavam como pessoas não-espirituais.
3.3.1 Os cismas e rachas dentro das igrejas existem por imaturidade dos crentes27.
3.3.2 Inveja e discórdia apontam para rivalidades doentias28.
3.3.3 “Inveja”: espírito que faz uma pessoa arrasar outra a fim de exaltar-se a si
mesma29.
3.3.4 “Discórdia”: natureza “dominada pelo ódio” (causa discussões amargas)30.

19 METZ, op. cit.


20 WIERSBE, op. cit.
21 MORRIS, op. cit.
22 Ibidem.
23 PFEIFFER, op. cit.
24 METZ, op. cit.
25 MORRIS, op. cit.
26 METZ, op. cit.
27 LOPES, op. cit.
28 MORRIS, op. cit.
29 METZ, op. cit.
30 Ibidem.
38

3.3.5 Outra maneira de determinar a maturidade: o cristão maduro pratica o amor e


procura entender-se com os outros. As crianças gostam de brigar e também de
se identificar com seus heróis31.
3.4 Paulo usa uma pergunta retórica para fazê-los enxergar que a presença do Espírito neles
não fazia diferença. Não andavam como alguém que crê.
3.5 Ser caracterizado pela carne é o oposto daquilo que o cristão deve ser32.
4 Paulo repete as palavras sobre a divisão da igreja.
4.1 Cita apenas Paulo e Apolo por terem sido os que serviram mais tempo aos coríntios.
4.2 Ambos os versículos (3 e 4) equiparam os cristãos de Corinto às pessoas não-
espirituais do mundo.
4.2.1 As divisões eram um notório testemunho da sua mentalidade humana33.
4.3 A Bíblia apresenta 2 classes de humanos: os não regenerados e os crentes espirituais.
Paulo não está inserindo uma nova classe “crentes carnais”.
4.4 Os coríntios eram crentes espirituais que lutavam com problemas comportamentais.

5 Paulo censura o partidarismo da igreja. Eles não deveriam prestar atenção nas pessoas, mas na
obra que essas pessoas realizavam para Cristo.
5.1 "Apenas servos": dá a mesma função para ambos a fim de remover qualquer ideia de que
fossem rivais34.
5.1.1 "Servos" (diakonoi): originalmente aplicada a um copeiro. Depois ao serviço em
geral. No NT relaciona-se ao serviço que os cristãos prestam a Deus.
5.1.2 “Apenas": lembra-nos de que nenhum obreiro deve ser idolatrado (Lc 17.10; cf.
v. 7).
5.1.2.1 O termo tira a importância dos pregadores tendo em vista o caráter
modesto do serviço prestado35.
5.1.2.2 É insensato exaltar servos ao nível de senhores (“imagine uma família
dividida por causa de seus servos”)36.
5.1.2.3 Paulo não está menosprezando obreiro, mas exaltando a Jesus37.
5.2 "Por meio de quem": a verdadeira obra foi realizada por outro (Deus)38.

31 WIERSBE, op. cit.


32 MORRIS, op. cit.
33 Ibidem.
34 Ibidem.
35 Ibidem.
36 MACDONALD, op. cit.
37 LOPES, op. cit.
39

5.3 "Conforme o Senhor concedeu a cada um": Deus dá diferentes tarefas para seus servos.
Paulo foi um professor e Apolo um pregador (mostra a diversidade do ministério39).
6 Ilustração de um cenário agrícola.
6.1 Cristo comparou o coração humano há um terreno onde a Palavra é semeada (Mt 13.18-
23). A igreja é um campo que deve produzir fruto (Jo 15.1-2)40.
6.2 Para que as sementes germinem, o colaborador do agricultor rega o solo com a água
necessária. Mas a atividade humana para por aqui, pois não pode fazer as plantas
crescerem, nem controlar as condições climáticas. Depende inteiramente de Deus para o
produto da colheita.
6.2.1 Alguns podem pregar, todos podem orar, mas a obra da salvação só pode ser
realizada pelo Senhor41.
6.3 Os verbos gregos indicam que o trabalho de Paulo e de Apolo era temporário (plantou,
regou), mas o de Deus, permanente (quem dá [melhor tradução] o crescimento).
6.3.1 Os homens vêm e vão na obra. Cada um dá uma contribuição, mas Deus opera ao
longo de todo o processo42.
7 "Nem o que Planta, nem o que rega": não o homem, mas Deus recebe a honra e a glória pelo
trabalho realizado na Igreja.
7.1 Embora o trabalho do plantador e do colaborador seja vital (a obra de um não pode ter
sucesso sem a do outro43), Deus é quem recebe o louvor. Deus é quem é importante.
7.2 O crescimento numérico da igreja pode até ser fabricado, mas o crescimento espiritual só
Deus o produz44.
7.3 Os nossos maiores esforços sem a bênção divina não trazem resultado algum45.
8 "O mesmo propósito": tanto o agricultor como seu cooperador trabalha para ver os frutos da
colheita (não há rivalidade nem disputa).
8.1 Apesar de haver diversidade no ministério, deve haver unidade em seu propósito46.
8.1.1 Não pode haver ministérios isolados: cada obreiro participa do trabalho do outro.
8.2 "Receberá sua recompensa segundo seu trabalho": fato bem exemplificado na parábola
dos talentos (Mt 25.14-23).

38 MORRIS, op. cit.


39 WIERSBE, op. cit.
40 LOPES, op. cit.
41 MACDONALD, op. cit.
42 METZ, op. cit.
43 MORRIS, op. cit.
44 LOPES, op. cit.
45 WIERSBE, op. cit.
46 Ibidem.
40

8.2.1 "Recompensa": (“μισθον” – “mysthos”) melhor tradução seria "salário"47.


8.2.1.1 Usada primeiramente com relação aos salários, mas passou a significar
qualquer recompensa ou reconhecimento por serviços prestados48.
8.2.1.2 Essa distinção é perante Deus, e não perante os homens.
8.2.1.3 O critério não é o "sucesso", mas o "trabalho".
8.2.1.4 O que pensam de nosso ministério não importa; o mais essencial é o
que Deus pensa. Nossa recompensa não deve ser o louvor de homens,
mas o "muito bem!" do Senhor da ceifa49.
8.3 O trabalho para a glória de Deus nos dá recompensas como resultado da nossa fidelidade.
8.4 “Trabalho”: (kopos) sugere um trabalho difícil envolvendo fadiga e esforço intenso50.
9 "Somos cooperadores de Deus": o homem é um instrumento na mão de Deus, trabalhando para
Deus (cf. At 9.15).
9.1 Paulo enfatiza que tudo é de Deus, e todos pertencem a Deus51.
9.2 "E dele sois lavoura e edifício": estavam errados em submeterem-se a homens quando
pertencem somente a Deus.
9.2.1 Assim como uma lavoura, um edifício passa por um processo para ser erguido (cf.
1Pe 2.5).
9.2.2 Paulo pode querer dizer que os coríntios são o campo, ou o edifício, em que Deus
está trabalhando52.
9.2.2.1 "Lavoura" (“γεωργιον” – “georgiōn”): significa "campo" ou o processo de
cultivo.
9.2.2.2 "Edifício" (οικοδομη – “oikodomē”): significa o edifício ou o processo de
construção.
9.3 Os que servem no ministério devem estar sempre cuidando do "solo" da igreja. É
preciso diligência e trabalho árduo para produzir uma colheita53.
9.4 Essa produtividade pode ser numérica, mas, pelo contexto, deve ser o crescimento da
igreja.
10 Eliminando qualquer ideia de arrogância, atribui sua posição à graça que Deus lhe concedeu.
10.1 “Graça”: capacidade imerecida para realizar o trabalho de apóstolo54.

47 MORRIS, op. cit.


48 METZ, op. cit.
49 WIERSBE, op. cit.
50 METZ, op. cit.
51 MORRIS, op. cit.
52 Ibidem.
53 WIERSBE, op. cit.
41

10.2 "Lancei o alicerce como sábio construtor, e outro constrói sobre ele": termos
referentes a um mestre construtor (que supervisiona o trabalho dos construtores).
10.2.1 Os coríntios tinham conhecimento de construção, especialmente a de templos.
10.2.2 "Sábio": (“σοφος” – “sophos”) "habilidoso"55; “que elabora melhores planos para
executar”56.
10.2.3 "Construtor”: (“αρχιτεκτων” – “architektōn”) o homem que superintendia a obra de
construção (diferente do "ergastikos", alguém que contribui com conhecimento e
não com trabalho)57.
10.2.3.1 Semelhantemente, Paulo supervisionava o trabalho realizado por seus
cooperadores na edificação da igreja em Corinto.
10.2.4 O verbo "lancei" indica uma ação completa, enquanto o "constrói" indica uma ação
contínua58.
10.3 A obra de Paulo tinha que ver com o fundamento, a de outros trabalhadores com a
construção sobre o fundamento59.
10.4 "Cada um veja como constrói": os construtores devem construir com qualidade.
10.4.1 "Cada um" (“εκαστος” – “hekastos"): traz a ideia de responsabilidade individual60.
10.4.2 Devem edificar os membros individuais da igreja mediante o ensino e a pregação
fiel do evangelho.
10.5 Defeitos em uma construção em um bom alicerce são responsabilidades atribuídas ao
trabalho negligente dos que cuidam da estrutura.
10.6 O exercício do ministério de ensino na igreja é algo extremamente sério61.
11 "Alicerce": princípios fundamentais do Evangelho ensinado pelos apóstolos (Ef 2.20-22)62.
11.1 A pessoa e a obra de Jesus Cristo, reveladas nas Escrituras, é o verdadeiro fundamento
sobre o qual a Igreja é constituída.
11.1.1 Um ministério pode ser bem-sucedido por um tempo, mas se não é fundamentado
em Cristo, acabará desmoronando e desaparecendo63.

54 MACDONALD, op. cit.


55 MORRIS, op. cit.
56 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
57 MORRIS, op. cit.
58 METZ, op. cit.
59 MORRIS, op. cit.
60 Ibidem.
61 MACDONALD, op. cit.
62 PFEIFFER, op. cit.
63 WIERSBE, op. cit.
42

11.2 “Ninguém pode lançar outro alicerce”: os ministros do evangelho devem construir a
Igreja em harmonia com evangelho.
11.2.1 Ninguém pode ensinar e pregar um evangelho que é contrário ao evangelho
de Cristo sem incorrer na ira de Deus (cf. v. 17).
11.2.2 “Outro”: (“αλλον” – “allos”) “diferente”64.
11.3 Ninguém pode começar em nenhum outro lugar. Isso é enfático numa época em que
tantos edificam o seu "cristianismo"65.
11.4 Algumas igrejas são construídas sobre personalidades [apóstolos, bispos], métodos [G12],
ou doutrinas [confissão positiva, prosperidade, batalha espiritual, maldições hereditárias]66.
12 Se só pode haver um fundamento, é diferente com a estrutura edificada67.
12.1 "O que alguém constrói": refere-se a cada pessoa que trabalha na obra de Deus.
12.2 "Ouro, prata, pedra preciosa, madeira, feno ou palha": são 6 materiais apresentados em
ordem decrescente de importância68.
12.2.1 Valiosos, duráveis, belos e difíceis de obter (ouro, prata e pedras preciosas).
Insignificantes, perecíveis, baratos e fáceis de encontrar (madeira, feno e
palha)69.
12.2.2 “Prata”: (“αργυρον” – “arguros”) refere-se à prata com a qual as colunas de
construções nobres eram cobertas e as vigas adornadas70.
12.2.3 "Pedras preciosas": granito, mármore e alabastro. Materiais usados na construção
de templos71.
12.2.3.1 As casas comuns eram de madeira e tijolos feitos da mistura de barro e
palha.
12.3 Os materiais da estrutura precisam corresponder ao alicerce (precioso e durável).
12.4 Paulo está se referindo às doutrinas da Palavra de Deus. A Palavra é alimento para a
família, semente para o campo e material para a construção72.
12.4.1 Os materiais de valor significam a verdade, e os materiais comuns o erro73.

64 STRONG, op. cit.


65 MORRIS, op. cit.
66 WIERSBE, op. cit.
67 MORRIS, op. cit.
68 Ibidem.
69 WIERSBE, op. cit.
70 STRONG, op. cit.
71 MACDONALD, op. cit.
72 WIERSBE, op. cit.
73 LOPES, op. cit.
43

12.4.2 Muitos estavam tentando construir a igreja com um evangelho misturado à


filosofia pagã. Para Paulo, esse tipo de pregação, era madeira, palha e feno74.
12.5 Tal passagem costuma ser usada para a vida dos cristãos em geral (aplicação válida75),
porém, faz referência aos pregadores e mestres76.
12.5.1 Os materiais valiosos e duráveis indicam cristãos maduros e estáveis alimentados
com doutrinas sólidas. Os outros tipos são crentes infantis e instáveis
alimentados com a palha frágil e os pedaços de madeira aleatórios da
sabedoria humana77.
12.6 Provérbios apresenta a sabedoria de Deus como um tesouro que precisa ser procurado,
protegido e investido na vida (Pv 2.3-5; 3.13-15)78.
13 "A obra de cada um se manifestará": cada pessoa prestará contas do que tiver feito com a
revelação de Deus (Mt 25.14-30; Ap 20.12).
13.1 Paulo aponta para um dia futuro em que cada obra será manifesta.
13.1.1 No presente, o homem pode ocultar sua obra, mas o dia de sua manifestação virá.
13.2 "Aquele dia": a referência é ao dia do juízo final, onde serão julgadas as obras dos
crentes, resultando em ganha ou perca de galardão (cf. v. 14-15)79.
13.3 "Demonstrará" (“δηλωσει” – “dēlōsei”): significa "mostrar em seu verdadeiro caráter",
"revelar pelo que é"80.
13.4 "Porque será revelada pelo fogo": o sujeito da frase é "aquele dia" e não "obra" (Ml 4.1).
13.5 Lembrá-los de que as obras dos crentes serão julgadas os ajudariam a buscar
santidade81.
14 O teste pelo fogo não determina o destino eterno, em vez disso, determina se receberão ou não
recompensas (cf. v. 15; Ap 22.12).
14.1 Todos considerados aqui são salvos. Construíram sobre o fundamento (Jesus Cristo)82.
14.1.1 Há distinção é entre os que construíram bem e os que construíram precariamente.
14.2 "Permanecer": referência aos materiais duráveis aplicados na construção (outo, prata e
pedra preciosa). O obreiro aplicado receberá uma recompensa.
15 "Sofrerá prejuízo": significa que perderá sua recompensa (galardão)83.

74 Ibidem.
75 WIERSBE, op. cit.
76 MACDONALD, op. cit.
77 METZ, op. cit.
78 LOPES, op. cit.
79 PFEIFFER, op. cit.
80 MORRIS, op. cit.
81 METZ, op. cit.
82 MORRIS, op. cit.
44

15.1 Apresenta o perigo de tentar fazer a obra espiritual por motivos/métodos carnais. Como
responsáveis por uma construção defeituosa, tais obras serão deterioradas84.
15.2 "Mas será salvo": apesar do dano Deus lhe concede graciosamente o dom da salvação.
15.2.1 “Sozo” – “σωζω": “preservar alguém que está em perigo de destruição”85.
15.3 “Como alguém que passa pelo fogo”: expressão proverbial usada para indicar alguém
que foi salvo (Am 4.11; Zc 3.1-2)86.
15.4 A Igreja Católica não faz distinção entre salvação e galardão, portanto usa o versículo para
corroborar a doutrina do purgatório87.
15.4.1 O fogo não é "purgatório", mas "probatório". Tem caráter universal e testa
piedosos e ímpios da mesma forma (2Co 5.10)88.
15.4.1.1 O fogo é alegórico assim como o edifício.
15.4.1.2 Refere-se apenas aos que ensinam.
15.4.1.3 É uma avaliação e não purificação.
15.4.1.4 Ocorre na vinda de Cristo e não antes.
15.4.1.5 A salvação citada não ocorre pelo fogo, mas apesar dele.
15.5 Isso não equivale a dizer que qualquer um que realize a obra que Cristo lhe confiou será
salvo (Mt 7.21-23).
15.6 A Palavra de Deus é fogo (Is 5.24; Jr 23.29), e provará nosso serviço. Se edificarmos de
acordo com os seus ensinos, nosso trabalho resistirá89.
16 "Não sabeis": A pergunta é um censura. Eles sabem que são templo de Deus, mas são
negligentes e preguiçosos em usar tal conhecimento.
16.1 Eram um tipo de edifício específico (santuário de Deus)90.
16.2 "Sois santuário de Deus": o santuário de Deus é a igreja (singular), o corpo de crentes.
16.2.1 Naos: (“ναος”) o próprio templo (Santo Lugar e Santo dos Santos91) e não todo o
recinto do templo (conhecido em grego como hieron).
16.2.1.1 Aponta para o altar do Templo, o santuário interior92.

83 MORRIS, op. cit.


84 METZ, op. cit.
85 STRONG, op. cit.
86 MORRIS, op. cit.
87 MACDONALD, op. cit.
88 METZ, op. cit.
89 MACDONALD, op. cit.
90 METZ, op. cit.
91 STRONG, op. cit.
92 METZ, op. cit.
45

16.3 "E que o Espírito habita em vós?": Paulo afirma que o Espírito Santo vive no corpo físico
dos crentes.
16.3.1 Já havia dito que receberam o Espírito de Deus (1Co 2.12).
16.3.2 O Espírito Santo habita o crente a partir do momento que ele crê (Ef 1.13).
16.3.2.1 A regeneração é citada como um novo nascimento (Ef 2.1; 1Jo 5.1).
16.3.2.2 Esse ato é realizado quando o Espírito é derramado em nós (Tt 3.3-7; 1Jo
4.15).
16.3.2.3 Ele permanece no cristão para sempre (Jo 14.16-17)93.
17 O trabalho eclesiástico pode ser dividido em três categorias: o serviço proveitoso (v. 14); o inútil
(v. 15); e o destrutivo (v. 17)94.
17.1 “Se alguém destruir o santuário de Deus, este o destruirá”: os que arruínam a igreja,
seja por doutrina ou modo de vida, receberão a ira de Deus (Lv 15.31; Nm 19.2095).
17.2 Aquele que atinge a Igreja de Deus atinge o próprio Deus (At 9.4).
17.3 “Destruir”: (“φθειρει” – “phtheirō”) significa corromper, destruir, contaminar96. Desviar a
igreja cristã daquele estado de conhecimento e santidade, no qual ela deve permanecer 97.
17.3.1 Ou seja, práticas corruptas, ou falsas doutrinas98.
17.3.2 As próprias divisões são um atentado à sociedade divina.
17.3.3 O castigo é na mesma proporção da ofensa (destruiu, será destruído).
17.3.3.1 Considerado um reflexo do que construímos em nossa vida. Se não
construirmos valores duradouros na igreja, acabaremos demolindo nossa
própria vida espiritual99.
17.3.3.2 O termo não é específico (não representa aniquilamento ou tormento
eterno).
17.4 "Pois o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado": apesar dos pecados, eles foram
santificados em Cristo.
17.4.1 A igreja é posse pessoal de Deus100.
17.5 A passagem refere-se a falsos mestres101.

93 PFEIFFER, op. cit.


94 MACDONALD, op. cit.
95 LOPES, op. cit.
96 MORRIS, op. cit.
97 STRONG, op. cit.
98 METZ, op. cit.
99 WIERSBE, op. cit.
100 MORRIS, op. cit.
101 MACDONALD, op. cit.
46

18 "Ninguém se engane": adverte quanto ao autoengano. Alerta quanto ao perigo de se


afastarem da verdadeira doutrina.
18.1 "Considera": (“δοκει” – “dokei") "pensa". Pensamento de si próprio102.
18.2 “Sábio nesta era”: pode ser o orgulho humano na mera habilidade de debate103.
18.3 "Torne-se tolo para vir a ser sábio": ao descartar a sabedoria enganadora deste mundo,
eles parecerão tolos104.
18.3.1 A verdadeira sabedoria se acha em renunciar à sabedoria desta era105.
18.4 Não se pode dirigir uma congregação da mesma forma que se administra um negócio. A
sabedoria do mundo funciona para o mundo, mas não para a igreja106.
18.4.1 A igreja apostólica não tinha nenhum dos "segredos do sucesso" que parecem
tão importantes hoje (propriedades, influência política, líderes comuns, não traziam
convidados famosos), no entanto revolucionaram o mundo.
19 Paulo repete os pensamentos que já havia expressado em 1Co 1.20.
19.1 Visto a sabedoria humana ser tolice para Deus, é um desperdício discutir sobre a
superioridade de um líder humano sobre outro107.
19.2 Cita o Livro de Jó e o Livro dos Salmos para mostrar que Deus despreza a sabedoria
que se origina no coração do homem.
19.3 Aplica Jó 5.13 às pessoas sábias que maquinam favorecer a causa de sua própria
sabedoria.
19.3.1 Trata os sábios são como um pássaro capturado numa rede; não podem escapar.
19.4 A sabedoria do homem é uma armadilha108.
20 Cita uma adaptação do Salmo 94.11 baseado no texto da LXX.
20.1 Mesmo antes de conseguirem formular seus pensamentos, Deus já declara suas
deliberações como sendo vãs.
20.2 O pensamento humano é infrutífero no sentido de que ele é incapaz de produzir qualquer
coisa de valor espiritual que redima o homem do pecado109.
20.3 Pensamento principal até aqui: os sábios deste mundo, que estimavam tanto, são
incapazes de penetrar os mistérios divinos110.

102 MORRIS, op. cit.


103 METZ, op. cit.
104 Ibidem.
105 MORRIS, op. cit.
106 WIERSBE, op. cit.
107 METZ, op. cit.
108 WIERSBE, op. cit.
109 METZ, op. cit.
110 MORRIS, op. cit.
47

21 "Ninguém se glorie nos homens": não deveriam se vangloriar em homens, sejam eles Paulo,
Apolo ou Cefas.
21.1 Os coríntios eram propensos a orgulhar-se da sua sabedoria, e dos mestres a que
estavam ligados111.
21.2 "Porque todas as coisas são vossas": exorta-os a verem que o Senhor tudo lhes
concede, tanto o espiritual como o material.
21.2.1 Se todas as coisas pertencem a todos os cristãos, que motivo há para
competição e rivalidade?112
21.2.2 Suas divisões estavam os privando dos tesouros que tinham em Cristo, pois tudo
é deles, não só os mestres cristãos113.
21.2.3 Como todas as coisas pertencem a Cristo, quem está nEle desfruta de uma
propriedade conjunta114.
22 Paulo começa a elencar as categorias que integram o "tudo" citado.
22.1 "Seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas": são servos enviados para atender às necessidades
espirituais do povo de Deus.
22.2 "Seja o mundo": (“kosmos”, mundo físico115) Cristo fez o mundo, o redimiu, o sustenta e
nomeia o seu povo para ser o seu despenseiro nele.
22.3 “A vida”: Cristo é o doador da vida (2Tm 1.10). Refere-se à vida que temos em Cristo116 e
todas as bênçãos que a abrangem117.
22.4 “A morte”: em Cristo morremos para o pecado (Rm 6.10-11).
22.4.1 Para Paulo a morte é lucro, pois Cristo a venceu (Fp 1.21)118.
22.4.2 A morte, para nós, não é mais um inimigo temido que envia a alma para o além.
Antes, é um mensageiro de Deus que conduz a alma ao céu119.
22.5 “As coisas presentes”: as coisas que Deus soberanamente governa (saúde, enfermidade,
alegria, pesar), tais fatos não fogem do Seu controle.
22.6 “As futuras”: sobre as quais depositamos nossa fé em Cristo, pois nada pode separar-nos
do amor de Deus (Rm 8.28).
22.6.1 Em Cristo só temos perspectivas de triunfo120.

111 Ibidem.
112 WIERSBE, op. cit.
113 MORRIS, op. cit.
114 METZ, op. cit.
115 MORRIS, op. cit.
116 Ibidem.
117 METZ, op. cit.
118 MORRIS, op. cit.
119 MACDONALD, op. cit.
48

22.7 “Todas as coisas são vossas”: essa afirmação está diretamente vinculada a Cristo.
23 “E vós sois de Cristo”: os coríntios pertencem a Cristo.
23.1 Alguns irmãos de Corinto afirmavam que somente eles pertenciam ao Senhor121.
23.2 As grandes posses dos cristãos citadas só são suas por estarem em Cristo122.
23.3 É a Cristo que pertencem e servem, e não a partidos dentro da igreja.
23.3.1 Os coríntios viviam como se fossem seus próprios senhores123.
23.4 “E Cristo, de Deus”: Cristo está sujeito a Deus o Pai, como Paulo explica em outra parte
desta epístola (1Co 15.28).
23.5 Como é importante orar pelos que ministram a Palavra! Cabe a eles alimentar a família
de Deus e conduzir os "bebês" à maturidade. Devem plantar a semente no campo e
orar para que produza em abundância. Devem escavar os tesouros da Palavra e usá-
los para a edificação do templo124.

120 MORRIS, op. cit.


121 MACDONALD, op. cit.
122 MORRIS, op. cit.
123 Ibidem.
124 WIERSBE, op. cit.
49

CAPÍTULO 41

Aqui, Paulo demonstra que o julgamento que os homens fazem dos ministros não possuem tanta
importância, pois só Deus pode fazer um verdadeiro julgamento deles2. Ao avaliar os obreiros e seus
ministérios, devem-se evitar extremos (não se pode ser tão indiferente a ponto de aceitar qualquer
um e nem ser tão crítico a ponto de desaprovar alguém como Paulo). Com isso, Paulo apresenta 3
características do verdadeiro ministro de Jesus Cristo3.

(1-5: fidelidade; 6-13: humildade; 14-21: ternura)

1 "Assim": conecta o ensino do capítulo 3 com o que escreverá a seguir.


1.1 "Nos considerar servos de Cristo": usa o plural para se referir aos apóstolos e seus
auxiliares.
1.1.1 "Servos": (hupēretēs – “υπηρετας”) "servos sob seu senhor". Palavra que
descrevia os escravos que remavam no convés de uma embarcação (“remador
inferior”), mas que passou a significar um trabalhador doméstico (Lc 4.20).
1.1.1.1 Estes escravos estavam sentenciados à morte, realizando seu último
serviço antes de morrer4.
1.1.1.2 A palavra sugere a labuta e o trabalho contínuo envolvido na obra do
evangelho5.
1.1.2 Enfatiza que a igreja deve compreender os apóstolos como servos na Igreja, e não
senhores da Igreja.
1.1.2.1 Os obreiros não são os capitães do navio, mas apenas escravos
obedecendo a ordens. Por acaso um escravo é maior do que outro?6.
1.2 "Encarregados": ou "despenseiros" (oikonomos – οικονομους: mordomo). Refere-se ao
servo a quem o senhor confiou à supervisão da casa. Este é considerado responsável
pelos bens de seu senhor e precisa prestar contas de sua administração (Mt 25.14; Lc
16.2; 19.11-27).

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
3 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
4 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
5 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
6 WIERSBE, op. cit.
50

1.2.1 O despenseiro administra os bens de seu senhor, mas ele próprio não possui
bem algum7.
1.2.2 Contudo, ele estava sempre ciente de que era um escravo, e estava sob a
obrigação de iniciar e executar a vontade do proprietário8.
1.2.3 O mordomo era quem cuidava da alimentação de toda a família9.
1.2.3.1 Não era sua competência prover o alimento, apenas servi-lo. Também
não podia sonegar, adulterar ou substituir o alimento.
1.2.4 Metaforicamente usado para os apóstolos e outros mestres, bispos e
supervisores cristãos10.
1.3 "Mistérios": são despenseiros da revelação de Deus (todo o plano de salvação – cf.
2.711).
2 Os corintos apreciavam a capacidade de falar e a eloquência, mas a exigência básica de um
despenseiro é a fidelidade (Lc 12.42).
2.1 Essa é a qualidade que os Corintos deveriam examinar e estimar nos obreiros.
2.2 Também é um princípio importante para todos os cristãos, pois, 1Pe 4.10 nos ensina que
todos são despenseiros12.
2.3 Talvez não agrade aos membros da família, aos outros servos, mas, se agradar ao senhor,
é um bom despenseiro13.
3 “Pouco me importa se sou julgado por vós”: Paulo não está falando de ações humanas que
precisem ser averiguadas de tempos em tempos; está falando de seu apostolado.
3.1 "Julgado": "anakrinō" – ανακριθω, indica o processo de exame crítico com vista ao
julgamento14.
3.2 “Tribunal humano”: provavelmente faz uma alusão à corte eclesiástica que foi convocada
para provar o apostolado de Paulo (1Co 9.3).
3.2.1 Paulo não tinha receio de ser investigado ou interrogado. Se eles quisessem
convocá-lo perante uma corte humana, ele também consideraria isso de pouca
importância.
3.2.2 O julgamento de seu Senhor é muito mais importante15.

7 WIERSBE, op. cit.


8 METZ, op. cit.
9 LOPES, op. cit.
10 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
11 METZ, op. cit.
12 MORRIS, op. cit.
13 WIERSBE, op. cit.
14 MORRIS, op. cit.
51

3.3 Paulo não exclui o autoexame com vistas a melhorar o serviço, mas à antecipação do
juízo do Senhor16.
3.3.1 Pastores devem estar dispostos a submeterem-se à avaliação da igreja quanto à
sua doutrina e vida. Não devem se tornar reféns do medo ou temer perder a
autoestima.
3.4 “Nem eu julgo a mim mesmo”: Paulo sabe que não pode ser objetivo na avaliação de
seus próprios pensamentos, palavras e ações.
3.4.1 O juízo próprio é perigoso porque uma pessoa facilmente pode argumentar a
favor de seus próprios erros17.
3.4.2 Muitas vezes achamos que sabemos qual é o nosso estado espiritual e o que
nosso serviço efetuou. O resultado pode causar exaltação além dos limites ou
depressão indevida18.
3.4.3 Platão e Sêneca consideravam a consciência como juiz máximo do homem19.
4 "Consciente de que não há nada contra mim": com respeito ao seu apostolado, Paulo está de
consciência limpa.
4.1 "Justifico": "Dedikaiōmai" (δεδικαιωμαι), termo judicial que significa "absolvido de uma
acusação", "declarado 'não culpado'". A absolvição de Paulo não irrompe da sua
avaliação pessoal20.
4.2 "Quem me julga é o Senhor": sua prestação de contas é ao Senhor (cf. 1Co 3.12-13; 2Co
5.10).
4.2.1 É referente à avaliação final pela qual todo cristão passará no tribunal de Deus (Rm
14:10; 1Co 3.14-15; 2Co 5:10)21.
5 "Nada julgueis antes do tempo": encerra a discussão sobre os comentários dirigidos a ele e a
seus cooperadores.
5.1 Exortação a não julgar prematuramente (krinō – κρινετε)22.
5.1.1 É importante provarmos os espíritos (1Jo 4:1)23.
5.1.1.1 A Palavra (Hb 4.12) e irmãos (Mt 18.15-17) nos julgam no presente.

15 WIERSBE, op. cit.


16 MORRIS, op. cit.
17 METZ, op. cit.
18 MORRIS, op. cit.
19 LOPES, op. cit.
20 MORRIS, op. cit.
21 WIERSBE, op. cit.
22 MORRIS, op. cit.
23 WIERSBE, op. cit.
52

5.1.2 Ele não está dizendo que deveriam deixar completamente de julgar. Paulo
proíbe que se critique uma pessoa cuja doutrina e conduta estejam em harmonia
com a Escritura.
5.1.3 Devemos ter cautela em nossa avaliação, pois tendemos a exaltar o espetacular e
o sensacional e depreciar as tarefas simples e menos visíveis24.
5.2 "Motivos dos corações": motivos secretos dos homens. Só o Senhor pode julgar os atos e
motivos secretos (Rm 2.16)25.
5.3 "Cada um receberá seu reconhecimento da parte de Deus": deveriam ser cuidadosos
para não colher louvor prematuro sobre pregadores favoritos, nem derramar escárnio sobre
as pessoas que não são de seu agrado26.

6 "Essas coisas": as metáforas empregadas desde o capítulo 3.


6.1 "Apliquei... mim e a Apolo, por causa de vós": a figura do agricultor, construtor e
despenseiro foram aplicadas a Paulo e a Apolo para benefício dos coríntios.
6.1.1 Foram os que serviram a igreja de Corinto por maior período de tempo.
6.2 "Não ir além do que está escrito": provérbio ou ditado político da época que servia para
promover a unidade.
6.2.1 Provavelmente refere-se às Escrituras do AT.
6.2.2 As Escrituras constantemente exaltam a Deus, não ao homem27.
6.2.2.1 Deviam aprender a subordinação do homem, pois os tinham em
demasiada estima28.
6.2.3 Muitas igrejas exigem de seus pastores mais do que Deus requer deles em sua
Palavra29.
6.2.3.1 Se tiver que examinar alguém, a única base de avaliação é a Palavra de
Deus e não nossas opiniões30.
6.3 "Nenhum de vós se encha de orgulho em favor de um contra o outro": fala sobre as
divisões na igreja.
6.3.1 Macular a imagem de outro para promover a minha é algo vil, e os coríntios
estavam agindo assim31.

24 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
25 MORRIS, op. cit.
26 METZ, op. cit.
27 Ibidem.
28 MORRIS, op. cit.
29 WIERSBE, op. cit.
30 LOPES, op. cit.
53

6.3.2 Precisavam aprender a ser humildes com Paulo e Apolo.


7 Paulo faz 3 perguntas retóricas de resposta negativa.
7.1 "Quem te faz diferente dos demais?": os desafia a mostrar de quem receberam a
superioridade da qual se apropriaram.
7.1.1 Quem deu a eles autoridade para colocar um obreiro contra o outro?32
7.2 "O que tens que não tenhas recebido?": todo dom material e espiritual vem de Deus (Jo
3.27, 30; Tg 1.17). Dessa forma, não há base para arrogância.
7.3 "Se o recebeste por que te orgulhas, como se não o tivesse recebido?": agiam como
se fossem proprietários do que receberam de Deus.
7.4 O princípio aplica-se a nós. Tudo que possuímos (bens, dons, talentos) é uma dádiva de
Deus. Uma vez que não são resultado de nossa própria aptidão, que motivo temos para nos
orgulhar ou envaidecer?33
7.4.1 Dizem: "oro para permanecer humilde". Mas que motivos têm para se orgulhar?34
8 "Já estais satisfeitos! Já estais ricos!": consideravam-se bem-sucedidos na igreja, por isso
cultivavam a falsa noção de superioridade.
8.1 Eles não tinham “fome e sede de justiça” (Mt 5.6) e não eram “pobres de espírito” (Mt 5.3)35.
8.1.1 Não precisavam mais de ensino.
8.2 "Sem nós, já chegastes a reinar!": alimentavam uma autossuficiência.
8.2.1 “Sem nós”: sem a companhia/participação dos apóstolos. Afirmavam ter alcançado
uma posição que nenhum dos apóstolos alcançou36.
8.2.2 Tinham se esquecido de quem os ensinou e nutriu37.
8.3 "Quisera eu reinásseis de fato, para que também nós reinássemos convosco!": Paulo
é irônico referindo-se ao Reino de Deus onde, quando revelado, os crentes reinarão com
Cristo (2Tm 2.12; Ap 3.21).
8.3.1 Agindo como reis eles se colocavam acima dos apóstolos que ainda
aguardavam a vinda do reino.
9 "Deus colocou": não está criticando, mas aceitando serenamente o que Deus fez38.
9.1 "Os apóstolos, como últimos": a figura é derivada da arena. Os condenados entravam no
fim do desfile triunfal até o anfiteatro39.

31 LOPES, op. cit.


32 METZ, op. cit.
33 MACDONALD, op. cit.
34 WIERSBE, op. cit.
35 METZ, op. cit.
36 MORRIS, op. cit.
37 METZ, op. cit.
38 MORRIS, op. cit.
54

9.1.1 Condição oposta daqueles que já se achavam na posição mais alta.


9.1.2 Por causa do apostolado eram ridicularizados, odiados e maltratados.
9.2 "Condenados à morte": refere-se a criminosos condenados que eram obrigados a desfilar
diante do público para serem objetos de escárnio40.
9.3 "Espetáculo": (theatron – θεατρον) termo que deriva a palavra teatro. Embora fosse usada
em relação ao local, também era usada em relação às pessoas expostas41.
9.3.1 Metaforicamente relaciona-se à pessoa que é exibida para ser fitada e transformada
em objeto de diversão42.
9.3.2 Em anfiteatros assistia-se a escravos e criminosos.
9.3.3 Descreve a vida de um apóstolo como um espetáculo para o mundo43.
9.4 "Mundo": (cosmos – κοσμω) universo amplo de seres inteligentes (“tanto anjos como
homens”)44.
9.5 Os ministros não estão no pódio para os aplausos dos homens, mas na arena do teatro,
para serem entregues à morte45.
10 "Somos um absurdo por causa de Cristo": ou "tolo". Da perspectiva humana, os apóstolos
eram tolos ao arriscarem-se por Cristo.
10.1 Os que buscam a sabedoria espiritual tornam-se loucos aos olhos do mundo (1Co 3:18)46.
10.2 "Mas vós, sábios em Cristo": refere-se à sabedoria humana que tanto apreciavam e
buscavam em vez da sabedoria de Cristo.
10.3 "Somo fracos, mas vós, fortes; sois estimados, mas nós, desprezados": Paulo
contrasta isso em um mundo em que a fraqueza é desprezada e a força é louvada.
10.3.1 “Estimados”: “endoxos” (ενδοξοι) – “envolto em glória” ou “livre de pecado”47.
Agiam como se já possuíssem aréolas sobre suas cabeças48.
10.3.2 Os crentes de Corinto se achavam importantes por estarem associados a homens
famosos49.
11 Não está suplicando piedade, mas mostra quem são os verdadeiros servos de Cristo.

39 MORRIS, op. cit.


40 Ibidem.
41 METZ, op. cit.
42 STRONG, op. cit.
43 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
44 MORRIS, op. cit.
45 LOPES, op. cit.
46 WIERSBE, op. cit.
47 STRONG, op. cit.
48 METZ, op. cit.
49 LOPES, op. cit.
55

11.1 Essa descrição concorda com outras passagens (2Co 4.8-9; 6.4-10; 11.23-27; 12.10; Fp
4.12).
11.2 "Até o presente": não está citando um passado distante50.
11.3 "Passamos fome": o trabalhador merece seu salário (Lc 10.7b), os pregadores devem ser
sustentados por quem ouve a pregação (1Co 9.14; 1Tm 5.18), mas Paulo não fez uso
desse direito (1Co 9.12), por tanto, deve ter carecido, algumas vezes de comida, bebida
e agasalho.
11.4 "Esbofeteados": "bater com o punho". É a palavra usada com referência aos maus tratos
dados a Cristo (Mt 26.67)51.
11.5 "Não temos pousada certa": não o descreve como um morador de rua, mas como um
peregrino.
12 “Cansamo-nos, trabalhando com as próprias mãos”: não faltam referências de Paulo se
dispondo ao trabalho (At 18.3; 20.34; 1Co 9.6; 1Ts 2.9; 2Ts 3.8).
12.1 Sua profissão era considerada inferior e a cultura helenista desprezava o trabalho
manual (era para escravos).
12.1.1 Fazendo isso estava rebaixando-se diante dos olhos da sociedade.
12.2 "Quando somos ofendidos, bendizemos; quando perseguidos, suportamos": lembra-
nos as palavras do Senhor aos seus discípulos (Lc 6.28)52.
13 "Somos o lixo do mundo e a escória de todos":
13.1 "Lixo": (perikatharmata – περικαθαρματα) "aquilo que é retirado como resultado de uma
purificação completa"53. Lixo que é removido numa faxina completa.
13.1.1 Pessoas mais abjetas e desprezíveis. Termo aplicado pelos gregos para as
vítimas sacrificadas para expiação pelo povo ou criminosos sacrificados para
aplacar uma peste ou calamidade54.
13.2 "Escória": (peripsēma – περιψημα) comumente empregada em relação ao sacrifício anual
de criminosos ou pessoas deformadas (o "lixo da sociedade"). Eram feitas em benefício da
sociedade.
13.2.1 Os atenienses, a fim de evitar calamidades públicas, anualmente jogavam um
criminoso no mar como uma oferta a Posseidon; por isso, o termo passou a ser

50 MORRIS, op. cit.


51 Ibidem.
52 Ibidem.
53 Ibidem.
54 STRONG, op. cit.
56

usado para uma oferta expiatória. É usado para um homem que em benefício da
religião passa por provas horrendas pela salvação de outros55.
13.2.2 Os apóstolos representavam Jesus, considerado criminoso e sacrificado em
benefício do povo.
13.3 Assim como Jesus, foram considerados os mais vis dos homens56.

14 A severidade de Paulo agora dá lugar à ternura57.


14.1 Já havia comparado a igreja a uma família (3.1-4), agora compara o ministro a um “pai
espiritual”58.
14.2 “Para vos envergonhar”: em outras ocasiões o propósito de Paulo será envergonhá-los
mesmo (1Co 6.5; 15.34).
14.3 Paulo nunca se chamou de "pai" (Mt 23.9). Ao se comparar como "pai espiritual", lembra-
os dos trabalhos importantes que realizou em favor da igreja59.
14.3.1 Ser "pai espiritual" não nos dá domínio sobre a fé das pessoas (2Co 1.24).
14.4 "Advertir": (ou "admoestar" - "noutheteō"; “νουθετω”) repreender por erro cometido, ou
“crítica com amor”60.
14.5 Toda essa censura áspera é uma prova de amor e cuidado (assim como sempre faz 2Co
6.13; Gl 4.19; 1Ts 2.11).
15 Paulo foi o pai espiritual da igreja de Corinto, pois foi quem primeiro lhes ensinou o evangelho.
15.1 "Instrutores": "paidagōgous" (παιδαγωγους) – pedagogo. Responsáveis pelo
acompanhamento educacional de crianças (levar e trazer da escola, disciplinar, castigar,
proteger, cuidar e auxiliar no aprendizado).
15.1.1 Esses escravos eram chamados de "aios" ("tutor")61.
15.1.2 Mesmo assim, o pai que contratava um pedagogo continuava sendo
responsável pela educação do filho e era mais chegado ao filho que o pedagogo.
15.1.3 Não importa quanto proveito eles pudessem ter tido com o ministério de outros,
deviam ouvir a Paulo62.
15.1.4 "Dez mil instrutores": exagero proposital.

55 STRONG, op. cit.


56 MORRIS, op. cit.
57 Ibidem.
58 LOPES, op. cit.
59 WIERSBE, op. cit.
60 METZ, op. cit.
61 Ibidem.
62 MORRIS, op. cit.
57

15.2 "Não teríeis, contudo, muitos pais": cada pessoa pode ter inúmeros professores, mas
apenas um pai biológico.
15.3 Na perspectiva judaica, um mestre que ensinasse aos seus alunos a Torá era considerado
um pai. Confirmando a autoridade do apóstolo diante dos membros que o questionavam.
16 "Imitadores": (“mimētai”; “μιμηται” – mímicos63) os chama a adotarem seu testemunho pessoal de
Cristo, ou seja, conclama-os a imitarem Cristo (1Co 11.1; Fp 3.17; 2Ts 3.7, 9).
16.1 Se alguém está imitando a Paulo, está imitando a Cristo.
16.2 Imitando-o aprenderão a imitar a Cristo64.
16.2.1 Se havemos de recomendar o Evangelho, há de ser porque as nossas vidas
revelam o seu poder.
16.2.2 Os filhos aprendem primeiro pelo exemplo, depois pela doutrina65.
17 "Enviei": ou "estou enviando"? O escritor coloca-se no lugar dos destinatários da carta.
17.1 Não foi Timóteo que enviou a carta (1Co 16.10)66.
17.2 "Timóteo": aprendeu a fé de sua vó e mãe (2Tm 1.5). Converteu-se possivelmente na 1ª
viagem missionária (At 14.8-21). Passou a acompanhar Paulo na 2ª viagem missionária (At
16.1-3).
17.2.1 "Meu filho amado": Paulo também foi o pai espiritual de Timóteo.
17.2.2 "Fiel no Senhor": sua lealdade é registrada em vários textos. Frequentemente
completava as tarefas que Paulo não podia fazer (Ex.: Filipos, Tessalônica e Beréia
- At 17.15; Fp 2.22; 1Ts 3.1-3, 6).
17.3 "Modo de vida": desde que nascem as crianças dependem dos pais (sobrevivência,
cuidado, orientação e ensino), imitam seus pais (modo de vida).
17.3.1 Desse modo afirma que praticava aquilo que pregava, um princípio a ser seguido
por todos os que se dedicam ao serviço cristão67.
17.4 "Como por toda parte eu ensino": o ensino é o mesmo.
17.4.1 Deus não tem padrões diferentes para igrejas diferentes. Pode trabalhar de
maneiras distintas, mas as doutrinas são as mesmas68.
17.4.2 Não há lugar para divisões nem doutrinas contrárias ao evangelho.
17.4.3 Timóteo iria resolver o problema através dos ensinos do evangelho69.

63 WIERSBE, op. cit.


64 MORRIS, op. cit.
65 LOPES, op. cit.
66 WIERSBE, op. cit.
67 MACDONALD, op. cit.
68 WIERSBE, op. cit.
69 MORRIS, op. cit.
58

18 "Andam cheios de arrogância": a arrogância não aparecia apenas na forma de divisão (v. 6),
mas na falta de respeito para com Paulo (1Co 9.1-3; 2Co 10.9-10).
18.1 A arrogância torna uma pessoa cega para a realidade.
18.2 "Como se eu não fosse mais visitar-vos": os líderes arrogantes em Corinto
subestimavam o cuidado amoroso de Paulo para com a igreja.
18.2.1 Paulo sempre visitava as igrejas (At 19.21) e orava diariamente por elas (1.4; Fp
1.3-4; Cl 1.3-4).
18.3 Estariam dizendo que Paulo não ousava encará-los70.
19 "Em breve, porém, irei": fala com determinação que irá em breve. Talvez passe todo o inverno
(16.6-7) e deixará Éfeso depois do Pentecoste (16.8).
19.1 "Se o Senhor quiser": o ministro não é seu próprio Senhor. Está sob a direção Divina.
19.1.1 Apenas um impedimento divino o deteria71.
19.2 "Descobrirei não só o que falam... mas também o poder que possuem": Paulo planeja
permanecer em Corinto para descobrir se tais líderes foram capacitados pelo Espírito
para edificarem a igreja.
19.2.1 O Evangelho não fala apenas aos homens o que devem fazer. Nele Deus lhes dá
poder para fazê-lo72.
19.2.2 Esses arrogantes falavam muito, mas não viviam o evangelho73.
20 O reino de Deus não é simplesmente um bom conselho. Do que adiante falar eloquentemente e
ser vazio?74
20.1 O Reino de Deus é espiritual e não utiliza sabedoria humana ou eloquência emocional75.
20.2 Os homens sabem qual é o bem, mas praticam o mal. Necessitam do poder de Deus para
capacitá-los a viverem como convém ao seu reino.
21 Interroga toda a igreja com duas alternativas de escolha: desejam ser punidos ou amados?
21.1 "Disciplina": referindo-se a autoridade da Palavra para corrigir.
21.1.1 Reter a vara do filho é pecar contra ele76.
21.1.2 O filho que só apanha fica revoltado, o que só recebe carinho fica mimado 77.
21.2 O tom da visita dependerá da atitude dos coríntios78.

70 MORRIS, op. cit.


71 Ibidem.
72 Ibidem.
73 LOPES, op. cit.
74 MORRIS, op. cit.
75 METZ, op. cit.
76 LOPES, op. cit.
77 Ibidem.
78 MACDONALD, op. cit.
59

21.3 Essa pergunta presume que estavam preparados para qualquer uma das situações79.
21.4 Infelizmente Paulo fez uma visita rápida e passou por experiências dolorosas (2Co 2.1;
12.14; 13.1)80.

79 MORRIS, op. cit.


80 WIERSBE, op. cit.
60

CAPÍTULO 51

Neste capítulo, Paulo discute sobre um pecado de incesto na igreja. O apóstolo afirma que tanto o
homem (que cometeu o ato) como a igreja (por não ter agido) são culpados de pecar. Trata das
medidas disciplinares na igreja diante de pecados graves e de natureza pública2.

(1-5: lamentar o pecado; 6-8: julgar o pecado 9-13: expurgar o pecado)

1 "De fato, ouve-se": indica que o incidente era conhecido dentro da igreja de Corinto. Era um
tópico de frequente conversa3.
1.1 Holos: (ολως) "muito seguramente", "indiscutivelmente".
1.2 “Imoralidade”: “porneia” (πορνεια) – “fornicação”. Significa qualquer forma de
perversidade sexual4.
1.3 “Entre vós”: o que preocupou Paulo não foi o problema em si, mas a reação da igreja em
relação à situação5.
1.4 “Nem mesmo entre os gentios se vê”: tal arranjo degradante era contrário até aos
padrões sociais promíscuos dos coríntios6.
1.4.1 Nem mesmo a lei romana permitia uniões deste tipo.
1.5 "Alguém manter relações sexuais com a mulher de seu pai": Paulo passa a impressão
de que o pai ainda vive.
1.5.1 Nos meios judaicos, a expressão "esposa de seu pai" significa "madrasta".
1.5.2 Provavelmente essa mulher era incrédula, pois não é mencionada nenhuma
medida a ser tomada em relação a ela7.
1.5.2.1 Disciplina é para os membros da igreja (1Co 5.13)8.
1.5.3 O texto grego pode significar que teve a madrasta como esposa ou como
concubina9.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
3 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
4 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
5 METZ, op. cit.
6 Ibidem.
7 MACDONALD, op. cit.
8 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
9 MORRIS, op. cit.
61

1.5.4 Alguns rabinos judeus toleravam o casamento de um homem com sua


madrasta (após a morte do pai). Talvez os prosélitos de Corinto tomassem
conhecimento dessa tolerância.
1.5.5 É óbvio, pelo texto, que é uma união ilícita10.
1.5.6 Deus alertou os israelitas repetidamente sobre tal pecado (Lv 18.8, 20; Dt 22.30;
27.20).
1.5.7 “Manter”: sugere que o relacionamento era contínuo (em oposição ao verso 2)11.
2 A igreja negligenciou disciplinar tal pessoa.
2.1 "Estais cheios de arrogância": o mal da arrogância estava em alguns líderes (1Co 4.18-
19), mas Paulo se dirige à toda a igreja.
2.1.1 Paulo tem dificuldade em raciocinar com pessoas a quem falta humildade.
2.1.2 Estavam orgulhosos com seu conhecimento e seus dons12.
2.1.2.1 Gabavam-se do fato de terem uma mente tão aberta que até os impuros
poderiam ser considerados membros de boa reputação13.
2.1.2.2 Orgulhavam-se em ser uma igreja sem imposições, sem fiscalização da
vida alheia14.
2.2 “Não devíeis, pelo contrário”: não sabemos por que o problema não foi tratado (talvez
fosse um homem importante; possuísse um conhecimento superior; demonstrava dons
notáveis que o davam respeito; ou toleraram tal ato para ganhar licença para outros vícios
ou atitudes não cristãs)15.
2.2.1 A disciplina não é uma opção, é uma ordem de Deus16.
2.3 "Lamentar": a igreja deveria expulsar tal homem, mas também se arrepender.
2.3.1 "Epenthēsate": (επενθησατε – “lamentar”) empregado com relação aos mortos.
Pode ser aplicado pela perca do membro da igreja ("devíeis estar chorando a
perda de um membro")17.
2.3.1.1 Tristeza fúnebre. Demonstração pública de pesar pela perca de um
membro da família18.

10 MORRIS, op. cit.


11 METZ, op. cit.
12 Ibidem.
13 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
14 LOPES, op. cit.
15 METZ, op. cit.
16 LOPES, op. cit.
17 MORRIS, op. cit.
18 METZ, op. cit.
62

2.3.1.2 Talvez seja o tipo de tristeza mais profunda e dolorosa que uma pessoa
pode sentir19.
2.3.2 Iniciar um processo de disciplina nunca é prazeroso, mas deve ser obedecido20.
2.4 “Expulsar”: Paulo não sugere que o malfeitor seja tratado com brandura21.
2.5 O pecado do crente tem juízo mais severo, pois está pecando contra o
conhecimento22.
2.6 "Cometeu isso": o grego indica que o homem não continua a praticar o ato de imoralidade
(em contraste com o verso 1).
3 No verso anterior, Paulo dá seu parecer sobre a questão. Agora, dirige a reunião da assembleia
local e bate o martelo sobre o assunto.
3.1 Não temos detalhe do procedimento para a disciplina, mas podemos esperar que a
confirmação por testemunhas teria sido seguida (Mt 18.15-17).
3.1.1 Havia entrado abertamente em um relacionamento, sabendo que desafiava o
costume social, e a nova moralidade da fé cristã. Além disso, persistiu em seu
estado sem qualquer vergonha ou remorso23.
3.2 A igreja falhou em seu dever. Os presentes não fizeram nada. Paulo, que estava longe,
não tardou em agir24.
3.3 “Estou presente em espírito”: pneuma (πνευματι) denota a parte não material da
personalidade humana e pode significar o próprio ser de cada pessoa. Fonte do
discernimento, das emoções e da vontade25.
3.3.1 Refere-se ao espírito racional, o poder pelo qual o ser humano sente, pensa,
decide26.
4 Instrui a igreja a reunir-se em assembleia como se Paulo estivesse presente.
4.1 O pecado público deve ser julgado e condenado publicamente27.
4.2 "Vos reunirdes em nome de nosso Senhor Jesus": Jesus prometeu estar presente em
assembleias (Mt 18.20).
4.2.1 “Em nome de”: sobre a autoridade de28.

19 WIERSBE, op. cit.


20 Ibidem.
21 Ibidem.
22 LOPES, op. cit.
23 METZ, op. cit.
24 MORRIS, op. cit.
25 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
26 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
27 WIERSBE, op. cit.
28 MORRIS, op. cit.
63

4.2.2 O nome é a expressão da natureza de seu portador (caráter, posição, etc)29.


4.2.2.1 Os cristãos nunca atribuíram significado mágico ao nome de Jesus.
4.2.2.2 Representava seu poder e autoridade (Mt 7.22; At 4.10, 12; 1Co 6.11).
4.2.2.3 A oração em seu nome refere-se a orar com base em sua autoridade (Jo
16.23).
4.3 "Estando convosco em espírito, junto com o poder de nosso Senhor Jesus": o
apóstolo está presente em espírito, e o Senhor, em poder30.
4.3.1 A igreja deveria obedecer a Paulo e agir com base na autoridade de Jesus.
4.3.2 A base para o juízo é a autoridade dada por Cristo e a orientação das
Escrituras31.
4.3.2.1 Somente o Evangelho pode formar um critério válido para julgar aqueles
que estão em Cristo e os que não estão.
4.4 A disciplina é um ato coletivo e não apenas da liderança da igreja32.
4.4.1 Se a comunidade não referendar a disciplina, ela gerará mais doença que cura.
5 "Entregai esse homem a Satanás": é semelhante à ordem que Jesus deu aos discípulos: "tratar
um pecador impenitente como um pagão ou cobrador de impostos" (Mt 18.17).
5.1 Essa ordem faz paralelo com 1Tm 1.20.
5.2 Tal ação se refere ao ato de excomunhão que expurga o mal da igreja (v. 2, 7, 13)33.
5.2.1 A ideia é que fora da igreja está a esfera de Satanás (Ef 2.12; Cl 1.13; 1Jo 5.19).
5.3 Os crentes gozam de segurança (Jo 10.28-29), mas uma pessoa fora da igreja, não.
5.4 "Para destruição da carne": o pecador excomungado é atacado por Satanás e, aos
poucos, tem seu corpo físico enfraquecido (ex.: Jó 2.4-6; 2Co 12.7). Durante esse
processo, o pecador tem tempo para arrepender-se.
5.4.1 "Destruição": olethtron (ολεθρον) – “arruinar" e não "destruir"34.
5.4.1.1 Entregue ao mal, esgotará suas forças físicas e arruinará suas
oportunidades de felicidade.
5.4.1.2 Esse sofrimento físico quebraria os desejos e hábitos pecaminosos35.
5.5 "Para que o espírito seja salvo": esse é o propósito principal da disciplina.
5.5.1 Paulo concebe esta punição como medicinal36.

29 PFEIFFER, op. cit.


30 MORRIS, op. cit.
31 METZ, op. cit.
32 LOPES, op. cit.
33 MORRIS, op. cit.
34 METZ, op. cit.
35 MACDONALD, op. cit.
64

5.5.1.1 Devemos considerar a sentença corretiva em vez de punitiva (assim


como em 1Tm 1.20)37.
5.5.1.2 A disciplina deve sempre promover a restauração à comunhão38.
5.5.1.3 Quando um irmão cai, a igreja deve lamentar e ajudar o caído (Gl 6.1-2)39.
5.6 "No dia do Senhor Jesus": não significa que o homem precisa aguardar até o fim dos
tempos para poder ser salvo.
5.6.1 No dia do Senhor ele espera ver o ofensor disciplinado40.
5.6.2 A destruição da carne serve para tornar a alma pecadora novamente sã antes da
morte.
5.6.2.1 Ao ser privado de apoio espiritual ele recobra seu juízo e arrepende-se.
5.6.2.2 Dois exemplos característicos: Gômer (Os 2.7) e o Filho Pródigo (Lc
15.17-18, 24).
5.6.2.3 O contraste entre a experiência presente das coisas do Maligno e as
recordações das coisas de Deus, poderia causar uma revulsão dos
sentimentos e conduta41.
5.6.2.4 Se for definitivamente sensível à graça, a rejeição da igreja pode trazê-lo
à sua razão. O homem seria condenado se continuasse em seu
estado de pecado. Mesmo que ele experimentasse a morte física sob o
juízo de Deus, tal morte seria uma bênção se fizesse com que se
arrependesse antes de morrer42.
5.7 A conduta imoral é uma ameaça à existência da igreja.
5.7.1 Vivemos em uma casa de vidro, onde o mundo nos observa. Quando a igreja
deixa de reprimir um pecado que o mundo condena, se torna ineficaz.
5.7.2 A razão para a expansão de seitas é a falta de credibilidade da igreja.

6 Repete o que havia dito antes (v. 2).


6.1 “Vosso orgulho não é bom”: Os coríntios não só consentiam à situação. Orgulhavam-se
da sua atitude43.

36 MORRIS, op. cit.


37 METZ, op. cit.
38 MACDONALD, op. cit.
39 WIERSBE, op. cit.
40 MORRIS, op. cit.
41 Ibidem.
42 METZ, op. cit.
43 MORRIS, op. cit.
65

6.1.1 Kauchema: (καυχημα) orgulho ou vaidade. Achavam-se superiores


espiritualmente.44.
6.2 "Fermento": pelos ensinos de Jesus, o fermento muitas vezes simbolizava o mal (Mt 16.6,
11. Mc 8.15; Lc 12.1).
6.2.1 É uma perfeita imagem do pecado: pequeno, porém poderoso; trabalha em
oculto; faz a massa "inchar" e se espalha45.
6.2.2 Na época, conheciam os resultados do fermento infectado. Se estivesse
contaminado ameaçava a saúde física das pessoas que comessem o pão.
6.2.3 A ilustração transmite a ideia de sua ampla penetração da imoralidade e
potencial para levar a resultados danosos.
6.2.4 Manter o ofensor no rebanho faria a má influência propagar-se (assim como uma
fruta apodrece a outra)46.
6.2.4.1 Às vezes pensamos o contrário47.
7 "Removei": termo forte que significa "limpar totalmente", "purificar", "eliminar"48.
7.1 Cada cristão é exortado a ser liberto do pecado e viver a vida santa em Cristo.
7.2 A disciplina é preventiva. Deve-se tirar o fermento infectado para salvar a massa nova49.
7.2.1 A disciplina protege os membros da contaminação.
7.2.2 Tirar o fermento é tirar o pecado e não o pecador (Mt 16.23).
7.2.3 O que aconteceu com este homem? (2Co 2.5-11).
7.2.4 Somos chamados a odiar o pecado, não o pecador. Tratar duramente o pecado,
mas receber com ternura o pecador arrependido.
7.3 “Fermento velho”: os velhos hábitos que são maus e corrompem50.
7.4 "Para que sejais massa nova": demonstrarem que são um novo povo em Cristo.
7.4.1 Assim como os judeus tinham de remover o fermento velho de suas casas e comer
pão sem levedura por uma semana inteira, assim os coríntios devem expurgar o
mal de seu meio.
7.4.2 A Páscoa dos judeus foi às pressas e simbolizava a libertação da escravidão (no
nosso caso do pecado).

44 METZ, op. cit.


45 WIERSBE, op. cit.
46 MORRIS, op. cit.
47 LOPES, op. cit.
48 METZ, op. cit.
49 LOPES, op. cit.
50 MORRIS, op. cit.
66

7.5 "Assim como, de fato, sois": os lembra de que foram santificados em Cristo (1Co 1.2;
6.11).
7.5.1 Afirma o fato de que são realmente uma nova massa, portanto não lhes é
necessário reintroduzir o velho fermento51.
7.6 "Já foi crucificado": ele lembra aos coríntios de que os israelitas tiveram de remover
fermento de seus lares antes que pudessem comer o cordeiro pascal.
7.6.1 O sacrifício de Cristo é que torna todas as coisas novas para os cristãos,
emergindo-os em uma vida nova52.
8 "Celebremos a festa": Paulo não está pedindo que observassem a festa judaica ou a ceia.
8.1 Está falando figuradamente sobre a alegria que os cristãos sentem por saber que estão
limpos do pecado.
8.1.1 Usa esse termo de modo geral para referir-se à vida do cristão em sua
totalidade53.
8.2 "Não com fermento velho": a celebração da salvação em Cristo exclui o velho homem.
8.2.1 "Maldade": kakia (κακιας) – “malícia”, “perversidade”. Refere-se à inclinação
(persistência e prazer) para o mal.
8.2.2 “Corrupção”: poneria (πονηριας) – “atividades do diabo”. “Esforço para injuriar o
próximo”54.
8.3 "Pães sem fermento": não contaminados.
8.3.1 "Sinceridade": (ou pureza de mente ou motivos) eilikrineias (ειλικρινειας) – o
oposto da inclinação para o mal (“motivo”).
8.3.2 "Verdade": (αληθειας; aletheia – “de acordo com a verdade”55) verdade em Cristo
(Jo 14.6). A vida nova de santidade. Exata concordância com aquilo que é56
(“ação”).
8.4 Em vez de instruí-los a padrões exclusivos de moralidade, chama a atenção deles para a
verdade em Cristo.
8.4.1 Com essa verdade, são capazes de viver em harmonia com os preceitos de Deus.
8.5 Se alguém comesse a Páscoa com fermento, essa pessoa seria morta57.
8.5.1 Não celebre culto a Deus se há fermento, pecado em sua vida.

51 MORRIS, op. cit.


52 Ibidem.
53 MACDONALD, op. cit.
54 METZ, op. cit.
55 STRONG, op. cit.
56 PFEIFFER, op. cit.
57 LOPES, op. cit.
67

8.5.2 Devemos viver a vida cristã fazendo uma faxina diária em nossa vida.

9 "Já vos escrevi por carta": sugere uma carta no passado, em contraste com v. 11. Seria a carta
Anterior não preservada.
9.1 Paulo escreveu muitas cartas que não são canônicas (1Co 16.3; 2Co 10.10).
9.2 "Não vos associásseis com os imorais": conteúdo da carta Anterior.
9.2.1 Reflete a preocupação de Paulo pelos irmãos que convivem na cidade imoral de
Corinto.
9.2.2 "Associásseis": (συναναμιγνυσθαι – “sunanamignumi”) significa "misturar-se com"
ou “ser íntimo de”58. Proibira-lhes intercâmbio familiar59.
9.3 Parece que os coríntios haviam entendido mal a carta Anterior. Portanto, Paulo agora, nos
versos que seguem, explica o que tinha em mente.
10 Os coríntios entenderam, na carta Anterior, que não deviam se associar com pessoas imorais do
mundo. Isso equivaleria a deixar este mundo.
10.1 O que quis dizer, na carta Anterior, era para não se envolverem com essas pessoas.
10.1.1 Na parábola do trigo e do joio, ambos crescem juntos até a ceifa (Mt 13.30). No
presente o crente vive ao lado do incrédulo.
10.1.2 Os crentes não devem ser isolados, mas sim separados. Não podemos evitar
contato com pecadores, mas podemos evitar a contaminação com o pecado60.
10.2 "Avarentos": (πλεονεκταις – pleonektai) os dominados pelo desejo de ter mais, ou espírito
de engrandecimento próprio61.
10.2.1 Adotavam práticas desonestas nos negócios ou questões financeiras (ex.: fraude
tributária)62.
10.3 "Ladrões": (αρπαξιν – harpages) os que agarraram alguma coisa com voracidade (ladrões
de qualquer tipo)63.
10.3.1 Enriquecem por meios violentos (ameaças)64.
11 "Aquele que, dizendo-se irmão, for imoral...": tal tipo de pessoa não pode pertencer à
comunidade cristã. Suas ações contradizem tudo o que a Igreja ensina.

58 STRONG, op. cit.


59 MORRIS, op. cit.
60 WIERSBE, op. cit.
61 MORRIS, op. cit.
62 MACDONALD, op. cit.
63 MORRIS, op. cit.
64 MACDONALD, op. cit.
68

11.1 Eles não deviam manter íntima comunhão com alguém que se professa de cristão, mas
nega a sua profissão com o seu modo de viver65.
11.1.1 Não devemos ter atitudes que possam ser interpretadas como coniventes com
o pecado66.
11.2 "Imoral ou ganancioso, idólatra ou caluniador, bêbado ou ladrão": a imoralidade sexual
não é o único pecado que a comunidade cristã condena.
11.2.1 Apresenta uma lista dos que devem ser excluídos da associação com os cristãos67.
11.2.2 Ganância e idolatria apontam para a condição social de Corinto, onde o dinheiro
e a idolatria reinavam supremos.
11.2.3 "Caluniador": (λοιδορος – loidoros) alguém que injuria outros (blasfemador,
insultador68) (Mt 5.22)69.
11.2.3.1 Usa de linguagem forte para falar contra outrem70.
11.2.3.2 Serve de advertência para termos controle sobre nosso modo de falar.
11.2.4 “Bêbado” (μεθυσος – methusos: bêbado, intoxicado71): quanto ao consumo de
vinho, não há passagem que prescreva uma abstinência total (com exceção dos
nazireus – Nm 6.3-4; e de outros casos – Lv 10.9; Jr 35.6, 8, 14; Ez 44.21).
11.2.4.1 Textos no NT que não proíbem o uso de bebida alcóolica: Mt 11.19; Jo
2.7-9; 1Tm 5.2372.
11.2.4.1.1 Além da uva, as bebidas eram feitas de grãos e também
maçãs, tâmaras, mel e romãs.
11.2.4.2 As Escrituras condenam o beberrão (1Co 6.10).
11.2.4.3 É aquele que consome em excesso bebidas alcóolicas73.
11.2.4.4 As muitas implicações mostram que a embriaguez era comum ao povo de
Israel no AT (Lv 10.9; Dt 21.20; Pv 20.1; 23.20-21, 30-35; Jl 1.5; Na
1.10)74.
11.3 "Nem sequer comer": não se refere à Santa Ceia, mas às refeições comuns75.

65 MORRIS, op. cit.


66 MACDONALD, op. cit.
67 METZ, op. cit.
68 STRONG, op. cit.
69 MORRIS, op. cit.
70 MACDONALD, op. cit.
71 STRONG, op. cit.
72 PFEIFFER, op. cit.
73 MACDONALD, op. cit.
74 PFEIFFER, op. cit.
75 MORRIS, op. cit.
69

11.3.1 Em uma sociedade oriental, não oferecer comida era interpretado como declaração
de guerra (parábola do amigo à meia-noite – Lc 11.5-8).
11.3.1.1 Comer à mesa era uma honra ou gesto de amizade. Era colocar uma
marca pessoal de aprovação nele76.
11.3.2 Era uma função social e religiosa popular77.
11.3.3 A excomunhão resulta numa separação completa entre a comunidade cristã e o
pecador ofensivo (Mt 18.17).
11.4 Em contraste, poderiam seguir os costumes sociais com não cristãos.
11.4.1 Jesus comia com publicanos e pecadores e Paulo permite refeições na casa de
pagãos (1Co 10.27)78.
11.4.2 Mas não os consideravam seus discípulos79.
12 "Os que são de fora": os judeus designavam os que pertenciam a uma religião diferente como
sendo "de fora".
12.1 Há uma diferença entre os de dentro e os de fora. Não cabe a igreja julgar os de fora80.
12.2 Refere-se ao juízo no tempo presente. Em 6.2 refere-se ao juízo final.
12.3 "Não julgais vós os que são de dentro?": pergunta retórica de resposta positiva.
12.3.1 O dever da Igreja é exercer a disciplina com os que estão no âmbito da igreja81.
12.3.2 A igreja deve julgar o pecado na congregação de modo que preserve sua
reputação de santidade e restaure o irmão em pecado82.
12.3.3 Não é um líder eclesiástico individual, mas a igreja toda é responsável por
administrar a disciplina.
13 Qualquer pessoa que afirme ser membro da Igreja precisa prometer obediência a Jesus
Cristo. Mas se optar por viver em desobediência ao Senhor, a congregação deve excluir essa
pessoa de seu rol.
13.1 "Expulsai esse imoral do vosso meio": devem expulsar o transgressor e deixá-lo ao
julgamento de Deus, agora que será um dos "de fora" (cf. Dt 17.7, 12-13)83.
13.1.1 A severidade de deixá-lo sem apoio e cuidado da igreja é comparável à
excomunhão na sociedade judaica do tempo de Jesus. O isolamento total
possibilita o arrependimento real.

76 METZ, op. cit.


77 PFEIFFER, op. cit.
78 MORRIS, op. cit.
79 MACDONALD, op. cit.
80 MORRIS, op. cit.
81 METZ, op. cit.
82 MACDONALD, op. cit.
83 MORRIS, op. cit.
70

13.1.2 A disciplina da igreja é para causar contrição no coração pecador e nutri-lo de


desejo de retornar ao Senhor.
13.2 O anuncio público da expulsão deve ser feito com tristeza e humilhação genuínas,
seguido de orações contínuas pela restauração do caído84.
13.3 O propósito da disciplina. 1) correção do faltoso (v.5): é preciso acompanhar a pessoa
disciplinada; 2) proteção da Igreja (v.6): a disciplina protege da contaminação e do
testemunho aos olhos da sociedade85.
13.4 A aplicação disso tudo ao cenário moderno não é fácil. Mas o ponto principal é que a
igreja não deve tolerar a presença do mal em seu meio86.
13.4.1 A igreja administra a disciplina por amor à sua pureza.
13.4.2 Lembremos o final dessa história (2Co 2.6-8)87.

84 MACDONALD, op. cit.


85 LOPES, op. cit.
86 MORRIS, op. cit.
87 LOPES, op. cit.
71

CAPÍTULO 61

Paulo interrompe a discussão sobre imoralidade para instruí-los com respeito a demandas na
justiça entre os membros da igreja. A discussão sobre julgar (5.12-13) deve ter lembrado o apóstolo
de outro problema na igreja de Corinto. A igreja também é advertida quanto ao perigo de
afundarem-se no pecado, particularmente os pecados sexuais, que parecem ter sido um problema
grave em Corinto. As instruções aqui são de valor perene para a igreja2.

(1-8: disputas judiciais; 9-11: os excluídos do reino de Deus; 12-20: devassidão)

1 "Atreve-se": questiona-os se alguém teria a audácia de fazer o que ele segue expondo.
1.1 Para Paulo, as ações judiciais públicas envolvendo cristãos são impensáveis3.
1.2 "Alguém entre vós": Paulo não dá nenhum exemplo específico. Usa termos gerais. Não se
refere a nenhum caso específico na igreja.
1.3 “Quando há queixa”: a passagem não nega a possibilidade de diferenças reais entre os
cristãos. Mas se opõe a submissão desses casos aos tribunais pagãos4.
1.3.1 As contendas na igreja existem (At 15.36-40; Fp 4.2). Isso ocorre porque os
crentes não são perfeitos. A igreja é uma fábrica de reciclagem de lixo5.
1.4 "Contra outro": o apóstolo não faz distinção entre crente e incrédulo.
1.5 "Levar a questão para ser julgada": uma pessoa que leva outro à justiça não pensa no
efeito prejudicial que a ação poderá causar sobre o acusado.
1.5.1 As partes envolvidas sempre são motivadas por ganância, impaciência, vingança,
hostilidade e obstinação. Essas motivações são incompatíveis com a profissão
cristã.
1.5.2 A prática do amor bíblico se traduz em conciliação. A resolução deve ser
mediada pelo espírito de promover cada um dos interesses.
1.5.3 Um cristão pode pensar em processar alguém? Se puder nisso observar e
cumprir a lei do evangelho, sim (Tg 2.8).

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
3 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
4 Ibidem.
5 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
72

1.6 "Injustos": não indica que os tribunais de Corinto eram corruptos. Expressão aplicada a
todos os de fora da igreja6.
1.6.1 Não eram "justificados", logo eram "não justos" (injustos).
1.6.2 Pessoas que não regulam seu pensamento e viver pela lei de Deus.
1.6.3 A Igreja não deve dar ao mundo a oportunidade de ridicularizá-la e dividi-la.
1.7 "E não pelos santos?": cristãos não devem lavar roupa suja em público. Devem resolver-
se entre o próprio povo de Deus (cf. Mt 18.17).
2 "Não sabeis": Paulo os lembra de lições sobre o final dos tempos.
2.1 "Os santos julgarão o mundo": no Grande Dia do Senhor, os papéis serão invertidos, os
crentes julgarão o mundo pecador, incluindo os juízes terrenos. Não só jugaremos, mas
também reinaremos com Cristo (Dn 7.22; Mt 19.28; Lc 22.30; 2Tm 2.12; Ap 2.26-27; 20.4).
2.1.1 "Julgarão": alguns interpretam esse julgar no sentido de "governar", mas o
contexto é de processo legal e não de governo7.
2.1.1.1 Cristo não afirmou que todos os santos participarão disto, mas Paulo
apela para isto como um fato bem conhecido.
2.2 "Se o mundo será julgado por vocês, como sois incapazes de julgar": ele segue do
maior para o menor. Se realizarão um grande juízo, devem ser capazes de cuidar de
casos comuns entre si.
2.2.1 Os crentes são os futuros juízes das questões eternas e não conseguem tomar
decisões a respeito de questões passageiras dessa vida8.
2.2.2 "Coisas menores": "coisas" (kritēriōn – κριτηριων) significa o lugar de julgamento
ou o meio usado para julgar9. O sentido é: "sois indignos de julgar nos tribunais
menos importantes?"10.
2.2.3 De forma implícita, se somos honrados em julgar o mundo, desonramos a Deus
quando levamos causas judiciais perante um juiz gentio.
2.2.4 A igreja deve saber mediar problemas na congregação e resolver as questões.
2.2.5 Por contraste, Paulo ensina a amar (honrar) Deus e o próximo.
3 "Iremos julgar os anjos?": se inclui quando escreve na primeira pessoa do plural (não só os
apóstolos irão julgar).
3.1 Deus julgará os anjos caídos (Is 24.21-22; 2Pe 2.4; Jd 6; Ap 20.10).

6 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
7 Ibidem.
8 METZ, op. cit.
9 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
10 MORRIS, op. cit.
73

3.1.1 Sabemos que Cristo também será o Juiz (Jo 5.22; At 17.31). Com base em nossa
união com Cristo, haveremos de reinar e julgar com Ele11.
3.2 Os anjos são a ordem mais elevada dos seres submissos a Deus12.
3.3 Os filhos de Deus têm posição mais alta do que os anjos: 1) somos a imagem de Deus;
2) fomos remidos por Cristo; 3) somos ajudados por Cristo (Hb 2.16); 4) Deus envia os
anjos para servirem ao homem (Hb 1.14).
3.4 Mais uma vez, emprega o argumento do maior para o menor.
4 “Constituís como juízes os que são de menos estima”: Paulo os repreende por desprezarem
os irmãos cristãos.
4.1 “Os que são de menos estima”: juízes não cristãos (cf. v. 6).
4.1.1 Os padrões do mundo não são nada para Deus. Os que julgam por eles também
(cf. 1Co 3.19-20)13.
4.1.2 Juízes incrédulos não recebem lugares de maior honra ou privilégio na igreja14.
4.1.2.1 São respeitados pelo trabalho que realizam, mas não têm nenhuma
jurisdição sobre questões eclesiásticas.
4.2 Paulo demonstra preferir um princípio empregado na história bíblica (Êx 18.21-22; 2Cr
19.4-6).
4.2.1 Judeus tinham suas próprias cortes. De acordo com o Talmude, era proibido ir
perante juízes gentios.
4.2.1.1 Para os doutores da lei, tal ação estava na mesma categoria que a
blasfêmia15.
4.2.2 Processos envolvendo dois judeus eram resolvidos numa corte judaica (bêt dîn).
4.2.2.1 Na comunidade judaica, a casa de juízo era quase tão comum quanto a
sinagoga (Beth-keneseth)16.
4.3 Um cristão de pequena importância é tão competente como um juiz não cristão para a
resolução de problemas (v. 2-3).
4.3.1 Juízes profanos julgam de acordo com detalhes técnicos, habilidade de debate, ou
peso de evidências. Os cristãos consideram os problemas à luz da graça de
Deus e da comunhão pessoal, além dos procedimentos legais17.

11 MACDONALD, op. cit.


12 METZ, op. cit.
13 MORRIS, op. cit.
14 MACDONALD, op. cit.
15 METZ, op. cit.
16 Ibidem.
17 Ibidem.
74

5 "Para vos envergonhar": seu sentimento é tão forte que contrasta com 4.1418.
5.1 Este comentário tem o objetivo de humilhá-los com a pergunta que está prestes a fazer19.
5.2 “Será que não há entre vós ao menos um que seja sábio”: Paulo espera que a igreja
nomeie homens respeitáveis e sábios na própria comunidade para servir como juízes.
5.2.1 Paulo não sugere que os coríntios nomeiem juízes para terem uma posição
permanente (cf. v. 7).
5.2.2 Os coríntios orgulhavam-se de sua sabedoria. Agora o apóstolo pergunta se eles
têm ao menos um sábio20.
5.3 "Para julgar as questões": esse versículo envolve mediação e não vingança. O sábio age
como alguém que busca unir as duas partes para acordo mútuo (cf. v. 7a).
5.3.1 "Julgar": no tempo aoristo (grego), tem sentido de "dar uma decisão". A palavra
implica em uma "solução amigável por meio de arbítrio"21.
5.3.1.1 Diakrinai (διακριναι) em vez de krinai22. Pode ser interpretado como o
aprendizado por meio da habilidade de ver diferenças23.
5.4 "Entre seus irmãos": irmãos em Cristo.
6 "Um irmão leva outro irmão ao tribunal": ao levar outro irmão ao tribunal, tal cristão quebra a lei
régia (Tg 2.8).
6.1 Atacar um irmão é atacar-se a si mesmo24.
6.2 Um queixoso que vai à justiça não tem em mente o bem-estar espiritual, emocional, físico e
financeiro do irmão.
6.2.1 Um cristão deve tomar cuidado em uma corte judicial, para não chegar ao foro
com qualquer desejo pecaminoso de vingança. O amor será o melhor guia.
6.3 "E isso perante os incrédulos?": quando cristãos e não cristãos se ajuntam, o crente
colhe resultados danosos (2Co 6.15).
6.3.1 Tal atitude arranha a maior evidência do cristianismo, o amor. “Uma igreja despida diante do
mundo perde a sua autoridade de pregar o evangelho. Perde o poder para dizer ao mundo
que o evangelho transforma, envergonha o evangelho e se torna a vergonha do evangelho” 25.
7 "Uns contra os outros": parece que a prática de processar o outro não era incomum na igreja de
Corinto.

18 MORRIS, op. cit.


19 METZ, op. cit.
20 MORRIS, op. cit.
21 Ibidem.
22 METZ, op. cit.
23 STRONG, op. cit.
24 LOPES, H. D. op. cit.
25 Ibidem.
75

7.1 "Já estais derrotados": um processo judicial já é uma derrota, pois a controvérsia já
deveria ter sido resolvida preliminarmente.
7.1.1 Os danos são ao corpo de Cristo, não aos estranhos26.
7.1.2 Nesses casos ninguém sai ganhando, exceto o diabo!27
7.1.3 O cristão deve evitar danos e contendas dentro da igreja28.
7.2 "Em vez disso, por que não sofreis a injustiça?": essa pergunta subentende uma ordem.
7.2.1 Lembra-nos as palavras de Jesus (Mt 5.39-40; Lc 6.29-30).
7.2.2 Instintivamente protegemos nossas posses, mas não devemos nos apegar a
pertences terrenos, e devemos nos dispor a suportar injustiça.
7.2.3 É melhor suportar uma injustiça ou assumir uma perda financeira do que sofrer
um dano espiritual. O método cristão de evitar as ações judiciais deveria ser o de
sofrer em vez de retaliar29.
7.3 "Por que não sofreis o prejuízo?": Paulo pede que se submetam a perda de bens,
incentivando o amor mútuo e um espírito perdoador (1Pe 2.19-23; Cl 3.13).
7.3.1 É melhor perder dinheiro ou bens do que um irmão em Cristo e nosso
testemunho30.
7.3.2 Se a igreja não conseguir resolver, a última opção que resta é sofrer a perda. Só
faz isso quem considera a igreja e o evangelho mais preciosos do que os bens
materiais31.
7.3.3 Temos o exemplo de Abraão e Ló, Davi e Saul32.
8 Dentro do contexto da comunidade cristã, um cristão deve pôr de lado qualquer desejo de ser
injusto ou defraudador de seu irmão. Deve buscar o bem-estar material de seu semelhante.
8.1 “Fazeis injustiça e cometeis fraude... contra irmãos”: os coríntios pecavam duplamente:
contra padrões éticos e contra o amor fraternal33.
8.1.1 Em vez de demonstrarem a unidade cristã, eles eram culpados de fraude34.
8.1.2 Os processos entre os irmãos de Corinto não eram do tipo "amigáveis"35.

26 MORRIS, op. cit.


27 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
28 LOPES, H. D. op. cit.
29 METZ, op. cit.
30 WIERSBE, op. cit.
31 LOPES, A. N. Um irmão em Cristo me deu prejuízo, e agora? 2018. (42m20s). Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=p15n95rckS0&t=1060s>. Acesso em: 04 mai. 2018.


32 LOPES, H. D. op. cit.
33 MORRIS, op. cit.
34 METZ, op. cit.
35 WIERSBE, op. cit.
76

8.1.3 Paulo está dizendo que existia uma prática injusta, pecaminosa, e danosa entre os
crentes daquela igreja. Não prevalecia a verdade, a justiça, a caridade e o amor,
nem muito menos o perdão36.
8.2 Um cristão pode em alguma circunstância recorrer a uma ação judicial?
8.2.1 Deus instituiu o governo civil, incluindo o judiciário (Rm 13.1-5).
8.2.2 Paulo fez uso do sistema romano para defender-se (ele não iniciou os
processos) e defender o Cristianismo (At 16.37; 22.25; 25.11).
8.2.3 Os cristãos devem se abster de iniciar ações na justiça (o litígio é uma mancha
na comunidade).
8.2.4 Paulo não encoraja o crente a ser ludibriado sem reagir. Essas coisas não deve
haver (v. 9-10) e se houver devem ser resolvidas entre a igreja (v. 1, 5)37.
8.2.4.1 Jesus falou muito mais do dinheiro do que do amor. Justamente devido o
poder que ele tem de nos destruir.
8.2.4.2 Devemos cuidar bem de nossos bens, pois se chegarmos a uma
situação crítica, devemos estar dispostos a sofrer a perca.

9 Paulo distingue os coríntios dos pecadores imorais (que de vontade própria continuam em
seus pecados e se gloriam neles).
9.1 A contenda dentro da igreja deve leva-la a uma autoanálise. O cristão que pratica a
injustiça e o dano constantemente tem de verificar se de fato é salvo38.
9.2 Nesse versículo, cita os pecados sexuais (cometidos a si mesmo).
9.3 "Não vos enganeis": mais uma vez os exorta sobre o autoengano (cf. 3.18).
9.4 Lista de pecados: 1) imorais (qualquer tipo de pecado sexual); 2) idólatras; 3) adúlteros (os
que violam o leito matrimonial)39.
9.4.1 A inclusão de idolatria entre os pecados sexuais deve-se a relação desses pecados
ao culto pagão da época.
9.5 “Homossexuais”: (malakoi – μαλακοι) "homens e meninos que se permitem serem usados
homossexualmente". Denota passividade e submissão.

36 LOPES, H. D. op. cit.


37 LOPES, A. N. op. cit.
38 LOPES, H. D. op. cit.
39 MORRIS, op. cit.
77

9.5.1 Malakoi significa “ser maleável ao toque” e “ser passivo numa relação
homossexual”. A palavra pode significar delicado, ou efeminado, como em homens
que são penetrados (como uma mulher seria) por outro homem40.
9.6 "Nem os que as procuram": (arsenokoitai – αρσενοκοιται) ou sodomitas. Homens que
iniciam práticas homossexuais. São os parceiros ativos dessas práticas.
9.6.1 Arsenokoitai é composta de homem (arsēn) e cama (koitē) e pode ser traduzido,
literalmente, por “deitadores de homens na cama” ou “aqueles que levam machos
para cama”. As melhores traduções referem-se a homens engajados em
comportamento homossexual41.
10 Nesse versículo, cita os pecados relacionados a outros. É quase uma repetição de 5.10-11.
10.1 “Ladrões”: (cleptês – κλεπται) ladrão barato que pega escondido dos outros, com mania de
furtar (cleptomaníaco)42.
10.1.1 O nome é usado para falsos mestres, que não cuidam em instruir homens, mas
abusam de sua confiança para o seu próprio ganho43.
10.2 “Os que cometem fraude”: aqueles que tiram vantagem dos outros de uma forma legal,
porém completamente injusta44.
10.3 “Herdarão o reino de Deus”: os filhos de Deus herdam o reino de Deus, e os pecadores
impenitentes, no entanto, estão excluídos do reino (cf. v. 11).
10.4 Paulo lhes dá um remédio amargo neste ponto, mas adoça com o lembrete do verso 1145.
11 “Alguns de vós éreis assim”: os primeiros pregadores defrontaram-se com pessoas de valores
opostos aos de Cristo46.
11.1 Fora o poder eficaz do Espírito de Deus para converter pessoas como os crentes de
Corinto.
11.2 "Mas fostes lavados": (apelousasthe – απελουσασθε) o lavar é completo (o prefixo
indica limpeza completa). Quando Deus perdoa um pecador arrependido ele apaga toda a
culpa do relatório (Ap 1.5).
11.3 "Santificados": todo o que crê em Jesus é santificado nEle (Jo 17.19).
11.3.1 Refere-se à mudança de vida da pessoa regenerada que passa a viver de forma
que agrada a Deus47.

40 DEYOUNG, K. O que a Bíblia ensina sobre a homossexualidade. São José dos Campos, SP: Fiel, 2015.
41 Ibidem.
42 LOPES, H. D. op. cit.
43 STRONG, op. cit
44 METZ, op. cit.
45 Ibidem.
46 MORRIS, op. cit.
78

11.4 "Justificados": é um ato declarativo de Deus pelo qual o crente é pronunciado justo em
Cristo.
11.4.1 Termo judicial, empregado com relação aos absolvidos.
11.4.2 No grego, os 3 verbos (lavado, santificado e justificado) estão gramaticalmente no
tempo aoristo, descrevendo uma ação única e instantânea.
11.5 "Em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus": trinitarianismo
implícito.
11.5.1 Tanto o lavar, como o santificar e o justificar estão ligados ao Deus trino.
11.6 Essa narrativa nos mostra a graça perdoadora de Deus. Deus perdoa todo e qualquer
pecado (Mt 12.31-32).
11.6.1 A graça perdoadora de Deus pode ser vista: 1) na mulher pecadora na casa de
Simão (Lc 7.48, 50); na mulher pega em adultério (Jo 8.11); em um dos criminosos
na cruz (Lc 23.43); em Paulo que era perseguidor da igreja (At 9.15); e em
Manassés, rei de Judá (2Re 21.1-9, 16; 2Cr 33.1-9; 33.12-13).
11.7 Os coríntios haviam experimentado a conversão, seria trágico se retornassem a velha
maneira de viver48.
11.7.1 Ninguém deve voltar atrás depois de experimentar a graça de Deus49.

12 Paulo dá alguns princípios de discernimento50, utilizando os lemas usados pelos coríntios e


dando uma resposta apropriada a eles.
12.1 "Todas as coisas me são permitidas": esse lema usado pelos coríntios aparece 4x nessa
carta (2x aqui e 2x em 10.23).
12.1.1 Usavam esse princípio da liberdade cristã como máxima para justificar a sua
conduta51.
12.1.1.1 Essa igreja chegou a se orgulhar do pecado de incesto52.
12.1.1.2 O princípio de liberdade era usado principalmente em referência ao
alimento (em oposição à lei dietética judaica - Lv 20.25; At 10.13-14)53.
12.1.1.3 Outras religiões prescreviam regras para salvação. Leis sobre
alimentação eram especialmente comuns.

47 METZ, op. cit.


48 Ibidem.
49 MACDONALD, op. cit.
50 Ibidem.
51 MORRIS, op. cit.
52 LOPES, H. D. op. cit.
53 METZ, op. cit.
79

12.1.1.4 Ao contrário, no Cristianismo, o crente evita coisas más e vãs, mas isto
não detém a sua salvação.
12.1.2 Alguns achavam que podiam fazer o que bem entendessem (inclusive atos
sexuais imorais).
12.2 "Mas nem todas são proveitosas": não podemos fazer qualquer coisa sem atentarmos ao
efeito nocivo que nosso comportamento possa ter sobre nosso semelhante.
12.2.1 A liberdade deve ser exercida à luz de todos os fatos, deve ser benéfica (a nós
e a outros)54.
12.2.1.1 Não temos direito de participar de atividades que possam parecer
inocentes a nós, mas que podem ser prejudiciais aos outros.
12.3 "Mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas": se uma pessoa cede ao pecado,
ela é seu escravo e o pecado é seu mestre (Gn 4.7; Rm 6.16).
12.3.1 Ao reivindicar a sua liberdade cristã, o homem corre o risco de colocar-se na
escravidão das coisas que pratica55.
12.3.2 A liberdade cristã ocorre dentro da comunhão com Cristo.
12.4 Devemos nos perguntar sempre: "isso irá me escravizar? É, de fato, proveitoso para
minha vida?"56.
13 "Os alimentos são para o estômago, e o estômago, para os alimentos": outro ditado
proverbial dos coríntios.
13.1 Alguns libertinos da igreja se consideravam livres para regalar-se no comer e na
imoralidade.
13.1.1 Queriam dar a entender que uma função natural (comer) é semelhante à outra
(fornicação)57.
13.1.1.1 Consideravam o sexo um apetite a ser saciado, não uma dádiva a ser
guardada e usada com cuidado58.
13.1.2 Tais funções (comer) só adquirem um significado espiritual pela motivação e
circunstâncias nas quais ocorrem59.
13.1.2.1 O corpo não pode existir sem alimento, mas pode existir sem a
indulgência sexual.
13.2 Deus criou os alimentos e nosso organismo, um para o outro, mas também impõe limites.

54 METZ, op. cit.


55 MORRIS, op. cit.
56 WIERSBE, op. cit.
57 MORRIS, op. cit.
58 WIERSBE, op. cit.
59 METZ, op. cit.
80

13.3 "Deus, porém, destruirá tanto um quanto o outro": os alimentos são perecíveis, e a vida
humana também.
13.3.1 As funções do corpo cessarão na morte60.
13.3.2 "Destruirá": (katargeō) "reduzir a nada"; “anular”, remove completamente, tornar
inútil. O corpo não está destinado a ser destruído (Fp 3.21)61.
13.3.3 Algumas coisas lícitas podem não ser proveitosas ou nos escravizar e outras tem
valor temporário62.
13.4 "Mas o corpo não é para a imoralidade, e sim para o Senhor, e o Senhor, para o
corpo": não deviam relacionar o apetite sexual com um apetite por comida e bebida.
13.4.1 O consumo moderado de comida e bebida não é questão de moralidade.
Inversamente está a imoralidade, da qual devemos fugir dela.
13.4.2 Deus não destinou o corpo para a fornicação assim como destinou o estômago
para os alimentos63.
13.4.2.1 O Senhor se interessa por nosso corpo, pelo seu bem-estar e uso
apropriado64.
13.4.3 O corpo foi criado para a glória de Deus.
13.4.3.1 É o instrumento em que o homem serve a Deus65.
13.4.3.2 Deus criou o corpo do homem para o trabalho na sua criação (Gn 1.28) e
o casamento para propagação da raça e enriquecimento do casal.
13.4.3.3 O sexo ilícito é contrário ao propósito divino (1Ts 4.3-5).
13.4.4 "O Senhor, para o corpo": assim como o alimento é vital para o funcionamento do
estômago, assim é o Senhor para o funcionamento do corpo (pleno funcionamento
para o qual fomos destinados)66.
13.5 Paralelismo: 1) como o alimento e o estômago são feitos um para o outro, assim o corpo e
o Senhor servem um ao outro; 2) tanto o alimento como o estômago é transitório, mas o
corpo e o Senhor são eternos.
14 O mundo gentio da época considerava o corpo físico insignificante, enquanto a alma tinha
importância total.

60 METZ, op. cit.


61 MORRIS, op. cit.
62 MACDONALD, op. cit.
63 MORRIS, op. cit.
64 MACDONALD, op. cit.
65 MORRIS, op. cit.
66 Ibidem.
81

14.1 Ensinavam que o corpo era uma parte inferior da natureza, que identificava o homem com
os animais. Eles achavam que somente a inteligência e a razão estavam em harmonia com
as esferas mais elevadas da verdade e da realidade67.
14.2 Por isso Paulo frisa a significação do corpo (largamente no capítulo 15).
14.3 Embora seja corruptível, nosso corpo é precioso para Deus, tanto que o vivificará (Rm
8.11; 2Co 4.14; 13.4).
14.3.1 Não seremos corpos desencarnados na eternidade68.
14.3.2 A ressurreição nos proíbe avaliar levianamente o corpo69.
14.3.3 Uma vez que nosso corpo tem uma origem e um futuro tão maravilhoso, como
dedicá-lo a propósitos tão perversos?70
15 "Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo?": mais uma vez Paulo usa de
perguntas retóricas.
15.1 Cristo usa nosso corpo físico para promover a causa do evangelho (somos as mãos e os
pés de Cristo).
15.1.1 A Igreja é o corpo de Cristo (Rm 12.5; 1Co 12.12; Ef 5.29-30).
15.2 “Tomarei”: (airō) significa “levar embora”. Este pecado retira os membros de Cristo do
seu uso apropriado, usurpando-os de seu idôneo Senhor71.
15.3 "Farei deles membros de uma prostituta?": (pornē – prostituta) naquele tempo a
prostituição e a fornicação eram consideradas atividades toleráveis.
15.3.1 Paulo não faz paralelismo, mas contrasta a comunhão sagrada do crente com
Cristo e a de uma relação com uma prostituta.
15.4 "De modo nenhum": Paulo ensina a incompatibilidade da união com Cristo paralela à
união com a prostituição. Algo assim é impensável.
16 "Quem se une a uma prostituta torna-se um corpo com ela?": se uma pessoa tem relações
com uma prostituta, seu ato envolve não apenas seu ser físico, mas também seu ser espiritual.
16.1 Ser identificado com uma meretriz era uma linguagem severa, por ser desprezível como
pessoa72.
16.1.1 Alguns cristãos não viam nada de errado em visitar prostitutas cultuais e em se
entregar à impureza sexual73.

67 METZ, op. cit.


68 MACDONALD, op. cit.
69 MORRIS, op. cit.
70 WIERSBE, op. cit.
71 MORRIS, op. cit.
72 METZ, op. cit.
73 WIERSBE, op. cit.
82

16.2 Afeta nosso ser interior e o orienta material, social e religiosamente.


16.2.1 "Se une": (kollōmenos) se refere a mais do que uma união física; envolve um
apego de implicações espirituais (cf. v. 17). Ex.: Israel (Dt 10.20) e Salomão (1Re
11.2, 8).
16.2.1.1 Significa estar colado a algo.
16.3 "Os dois serão uma só carne": alude ao relato da criação de Eva onde o verbo "unir-se"
ocorre (Gn 2.24).
16.3.1 Um casal cristão são um só corpo em Cristo (Mt 19.5; Ef 5.31).
16.3.2 Quando o esposo tem relações com uma prostituta, ele torna-se um só com ela e
quebra seus laços com o Senhor, e está sob a maldição de Deus (cf. v. 9).
16.3.3 Não está sugerindo que se unir a uma prostituta é o mesmo que se casar com ela.
Casamento envolve compromisso74.
17 Paulo já havia dado ênfase à estrutura física (nosso corpo como membro de Cristo), agora
menciona o relacionamento de nosso espírito unido a Cristo.
17.1 Um crente torna-se unido ao Senhor por meio da presença do Espírito Santo que nele
habita (1Co 15.45; 2Co 3.17; Ef 1.13-14).
18 "Fugi da imoralidade": esse mandamento foi exemplificado por José (Gn 39.12).
18.1 Fugir é o único modo de tratar da fornicação75.
18.1.1 Em relação às tentações sexuais a Bíblia nunca nos manda resistir, mas fugir76.
18.1.2 Significa correr de algo, sair do alcance do perigo (pensar, raciocinar e
argumentar sobre este pecado)77.
18.2 "Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo": a fornicação é um
pecado que prejudica corpo e alma.
18.2.1 A fornicação envolve o corpo como o próprio centro, o motivo e o local do
pecado78.
18.2.1.1 O sexo não é apenas parte do corpo. Ser do sexo "masculino" ou
"feminino" envolve a pessoa como um todo. Logo, a experiência sexual
afeta a personalidade por inteiro79.

74 WIERSBE, op. cit.


75 MORRIS, op. cit.
76 LOPES, H. D. op. cit.
77 METZ, op. cit.
78 Ibidem.
79 WIERSBE, op. cit.
83

18.2.2 E a dependência química? Também prejudicam o corpo! Essas substâncias


entram no corpo e vem de fora do corpo. A fornicação busca gratificação do
próprio corpo. Nesse sentido ele é distinto dos outros pecados.
18.2.3 Paulo não diz que esse é o pior pecado de todos. Mas sua relação com o corpo é
única80.
19 "O vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós": se o Espírito habita em
nós, devemos evitar entristecê-lo (Ef 4.30) ou apagar sua chama (1Ts 5.19).
19.1 Saber disso anula qualquer conduta que não seja apropriada para o templo de Deus81.
19.2 O templo de Deus é santo e precioso. Fornicar é profanar e o danificar.
19.3 "O qual tendes da parte de Deus": a origem do Espírito é de Deus.
19.4 "Não sois de vós mesmos": o corpo físico do cristão pertence ao Senhor porque ele nos
criou, redimiu e habita em nós.
19.4.1 Uma vez que o crente é templo de Deus, não pode pensar de si como
independente, como pertencente a si próprio82.
19.4.2 O Deus triúno reivindica que pertencemos a ele, mas nos deixa livres para
consagrar e ceder nosso corpo a ele.
20 "Fostes comprados por preço": alude à morte de Cristo na cruz, onde pagou por nossa
redenção.
20.1 Paulo não menciona a ocasião nem o preço, mas não é preciso83.
20.2 "Comprados": traz a ideia do mercado de escravos, onde eram comprados e vendidos.
20.2.1 Significa um pagamento que resulta em uma mudança de proprietário84.
20.2.2 Manumissão sacra: processo em que um escravo economizaria o preço da sua
liberdade, pagá-lo-ia ao tesouro do templo, e então seria adquirido como escravo
pelo deus. Para os homens, seria alguém livre85.
20.2.3 Fomos comprados por Cristo para servi-lo. Cristo agora é nosso dono e mestre
(1Co 7.22-23).
20.3 "Glorificai a Deus no vosso corpo": devemos usar o próprio corpo para honrar a Deus
(Rm 12.1; Fp 1.20-21).
20.3.1 Catecismo do séc. XVII (Breve Catecismo de Westminster86, pergunta e resposta
1): "Qual é o fim principal do homem? Glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre".

80 MORRIS, op. cit.


81 Ibidem.
82 Ibidem.
83 Ibidem.
84 METZ, op. cit.
85 MORRIS, op. cit.
84

20.3.2 O motivo primordial do cristão é glorificar a Deus87.


20.3.3 O Espírito Santo nos foi dado com o propósito de glorificarmos a Cristo (Jo 16.14)88.
20.3.3.1 Glorifiquemos a Deus no nosso corpo como um instrumento de justiça e
não do pecado (Rm 6.12-14).

86 Formulado por teólogos ingleses e escoceses da Assembleia de Westminster, no séc. XVII, é um catecismo resumido
(conjunto de instruções), de orientação calvinista, composto de 107 questões.
87 MORRIS, op. cit.
88 LOPES, H. D. op. cit.
85

CAPÍTULO 7

Dos capítulos 7-16, Paulo responde a carta da igreja de Corinto. Aqui aconselha sobre problemas
matrimoniais. Lembremo-nos que está respondendo perguntas específicas, não desenvolvendo uma
teologia do casamento1. Portanto, é necessário considerar o que o resto da Bíblia fala sobre o
assunto. Paulo dirige seus conselhos a 3 grupos de cristãos.

(1-7: princípios gerais; 8-9: solteirismo; 10-16: divórcio; 17-24: permanência; 25-40: solteiros)

1 “Quanto às coisas sobre as quais escrevestes”: Paulo agora responde questionamentos de


uma carta que recebeu dos coríntios com dúvidas sobre a Carta Anterior.
1.1 “Que é bom que o homem não tenha relações com mulher”: parece que na carta eles
supervalorizavam o celibato como algo mais digno espiritualmente.
1.1.1 Paulo está citando uma frase da carta que recebera dos coríntios, pois estaria
contra o pronunciamento divino (Gn 2.18) e a procriação (Gn 1.28). Paulo tem o
matrimônio como elevado (Ef 5.22, 33)2.
1.1.2 Provavelmente Paulo teria afirmado que é bom o homem estar solteiro (cf. 1Co
7.7a, 8). Por isso explica o porquê (1Co 7.26, 28-29, 32, 35).
1.1.2.1 Solteiro são livres para servir a Deus sem preocupações das
responsabilidades maritais3.
1.2 Havia na antiguidade uma admiração pelas práticas ascéticas, incluindo-se o celibato4.
1.2.1 Provavelmente um grupo de crentes em Corinto defendia a abstinência sexual
total (se fosse referente apenas ao casamento, teria a expressão esposo, anēr –
ανηρ, e esposa, gynē – γυναικι)5.
1.2.2 Outros podem ter interpretado erroneamente às palavras de Jesus (Lc 20.35)6.
1.3 Paulo não diz que o celibato é preferível ao casamento7.
1.3.1 “É bom”: não "necessário/melhor"8. Para melhor interesse ou circunstância9.

1 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
2 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
3 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
4 Ibidem.
5 KISTEMAKER, op. cit.
6 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
7 KISTEMAKER, op. cit.
86

1.3.2 Nos versos decorrentes fala favoravelmente ao casamento. Os apóstatas é que


proibiam o casamento (1Tm 4.3).
1.3.2.1 Embora haja algumas vantagens no celibato, há uma realização mais
completa no casamento (1Co 11.11)10.
1.3.2.2 O matrimônio é digno de honra (Hb 13.4)11.
1.3.3 Devido à filosofia gnóstica, acética e maniqueísta, juntamente com o desejo da
igreja romana de centralizar o poder, o celibato tornou-se aceito e, posteriormente
exaltado. Muitos concílios no início do séc. IV começaram a pedir e, em seguida,
exigir que os clérigos permanecessem solteiros. Em 1123, no 1º Concílio de
Latrão, o celibato tornou-se obrigatório12.
2 “Por causa da imoralidade”: Paulo considera o solteirismo bom, mas devido a imoralidade ser
uma tentação aos coríntios (cf. 1Co 6.12-20), ele os adverte a não ficarem solteiros (cf. 1Co 7.9a).
2.1 Literalmente "por causa das fornicações". Ilustrando as relações sexuais ilícitas que
alguns cristãos tinham com prostitutas devido à incontinência13.
2.1.1 Por isso enfatiza o relacionamento monogâmico e iguala homem e mulher.
2.2 “Cada homem tenha sua mulher”: o casamento é heterossexual e monogâmico.
2.2.1 A monogamia é o princípio ordenado por Deus (Mt 19.8b)14.
2.2.2 O celibato, embora honroso, não é regra (contra o Romanismo).
2.2.2.1 “Tenha”: não é uma permissão. É uma ordem15.
2.2.3 Cada um tem seu dom (1Co 7.7b, 17).
2.2.4 O casamento é bom e não deve ser rejeitado (1Tm 4.1-4)16.
2.3 Casamento não deve ser visto como uma fuga para os fracos (sexuais), embora auxilie
no combate a tentações (cf. 1Co 7.9a).
3 “Cumpra a sua responsabilidade”: cônjuges devem cumprir suas responsabilidades conjugais.
3.1 As palavras "cumprir" e "responsabilidade" (tēn opheilēn – apodidomi / την οφειλομενην –
αποδιδοτω) dão a ideia de dívida. Casamento sem sexo é proibido17.
3.2 Sexo é uma responsabilidade do casamento (contra a fornicação).

8 MORRIS, op. cit.


9 METZ, op. cit.
10 MORRIS, op. cit.
11 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
12 KÖSTENBERGER, A. J.; JONES, D. W. Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. 2. ed. São

Paulo: Vida Nova, 2015.


13 KISTEMAKER, op. cit.
14 Ibidem.
15 MORRIS, op. cit.
16 KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.
17 KISTEMAKER, op. cit.
87

4 “Não tem autoridade sobre o próprio corpo”: ambos têm o corpo submisso ao cônjuge.
4.1 “Ouk exousiazei” (ουκ εξουσιαζει): plena autoridade18.
4.2 O esposo é o cabeça da mulher (1Co 11.3; Ef 5.23), mas com respeito à sexualidade, há
completa igualdade19.
4.3 No sexo não deve haver sentimento egoísta. Cada um deve satisfazer seu parceiro.
4.3.1 Qualquer conduta excessiva ou abusiva é proibida20.
4.3.2 A chantagem sexual no casamento é pecado, pois nenhum dos cônjuges tem
autoridade sobre o seu corpo21.
4.4 O livro de Cantares apresenta uma restauração do estado original do desejo do marido
para a sua esposa22.
5 “Não vos negueis um ao outro”: a ordem é para que tenha sexo no casamento.
5.1 Não é bom que se tenha recusa nem chantagem.
5.1.1 Implicitamente alguns casais estavam recusando-se um ao outro23.
5.1.1.1 O verbo dá a entender o roubo de posses ou direitos de outra pessoa.
5.1.2 O boicote sexual no casamento é pecado (desculpas infundadas para fugir da
relação sexual), pois é uma desobediência ao mandamento bíblico24.
5.2 “A não ser...”: a única exceção é em comum acordo, com tempo não prolongado e com
a finalidade de consagração à oração.
5.2.1 "Comum acordo": frisa a igualdade dos sexos com respeito às relações íntimas25.
5.3 Oração diária é marca do cristão sincero, mas na vida conjugal, algumas crises pedem
oração especial26.
5.4 “Uni-vos de novo”: não pode ser perpétuo ou ser uma desculpa para separar-se.
5.4.1 “Para que Satanás não vos tente”: isso evita as tentações malignas devido à
falta de controle.
5.4.1.1 A recusa em entregar-se ao outro é um convite a Satanás para tentar
o cônjuge a buscar satisfação em outro lugar27.
5.4.1.2 Por isso Paulo é tão enfático sobre a relação sexual no casamento28.

18 MORRIS, op. cit.


19 KISTEMAKER, op. cit.
20 METZ, op. cit.
21 LOPES, op. cit.
22 KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.
23 KISTEMAKER, op. cit.
24 LOPES, op. cit.
25 KISTEMAKER, op. cit.
26 Ibidem.
27 WIERSBE, op. cit.
28 LOPES, op. cit.
88

5.4.2 Uma das ameaças à vida sexual dos casais é a pornografia29.


5.4.2.1 O leito conjugal deve ser sem mácula (Hb 13.4). Muitos adoecidos por
esse vício desonram e humilham suas esposas querendo importar
essas práticas para o leito conjugal.
5.4.2.2 Sexo é bom e prazeroso, mas precisa ser santo e puro!
6 “Digo isso”: sobre a exceção para consagração.
6.1 “Concessão e não como mandamento”: não deve ser entendido como doutrina.
6.1.1 “Concessão” (sungnōmēn – συγγνωμην) = em opinião30.
6.1.2 Não podemos usar isso como imposição ou regra na igreja.
7 “Desejaria que... estivessem na mesma condição em que estou”: a condição de Paulo era o
solteirismo ou viuvez quando escreveu a carta (cf. 1Co 7.8 – contra essa posição ver 9.5).
7.1 É certo de que ele não era viúvo. Pois como poderia desejar que alguém fosse viúvo?31
7.2 Tendo em vista seu entendimento profundo da vida matrimonial, há possibilidade de que
tenha sido casado em alguma época32.
7.2.1 Para ordenar um rabino, a Lei exigia que o candidato fosse casado. Os rabis eram
ensinados que todo judeu deveria casar-se para procriar.
7.2.2 Judeus consideravam o casamento uma obrigação sagrada e a família o centro da
sociedade33.
7.2.3 Ter direito a voto indica que ele era membro do Sinédrio, onde participavam apenas
homens casados (At 26.10)34.
7.3 Porque teria o desejo pessoal dessa posição para todos? (cf. 7.26, 28-29, 32, 35).
7.3.1 Paulo ensina que, embora o casamento seja bom e recomendável, nem todas as
pessoas devem ser casadas ou buscar o casamento35.
7.4 Sexo não é pecado e casamento não é obrigação para todos36.
7.5 “Cada um tem o seu dom da parte de Deus”: ser celibatário é um dom. Uma situação
não é superior à outra e cada um vive conforme o Senhor tem chamado (cf. 1Co 7.17).
7.5.1 Charisma se refere a dons espirituais. Nessa passagem, Paulo se refere ao dom
da continência e não ao do casamento37.

29 LOPES, op. cit.


30 MORRIS, op. cit.
31 METZ, op. cit.
32 KISTEMAKER, op. cit.
33 METZ, op. cit.
34 Ibidem.
35 KISTEMAKER, op. cit.
36 LOPES, op. cit.
37 KISTEMAKER, op. cit.
89

7.5.1.1 Quando Deus retira a necessidade de casamento de uma pessoa, ele a


contempla com o dom da continência (Mt 19.11-12).
7.5.1.2 Os que não receberam tal dom não devem tentar permanecer solteiros38.
7.5.1.2.1 Tais pessoas devem seguir o padrão de inclinação natural
do plano divino para o casamento39.
7.5.1.2.2 O celibato é permitido, mas não ordenado (Mt 19.11) É por
isso que o romanismo enfrenta problemas com a sexualidade
de seus sacerdotes40.

8 "Solteiros": (tois agamois – τοις αγαμοις) termo redundante para solteiros, divorciados e viúvos41.
8.1 Viúvas são distintas por ser uma classe especial na igreja. Eram sustentadas pela igreja e
tinham seu próprio ministério (1Tm 5.3-16).
8.2 “Seria bom”: para solteiros e viúvas o princípio é o mesmo: “é bom ficar solteiro”.
8.2.1 Por quê? (cf. 1Co 7.26, 32-35).
9 “Se não conseguirem dominar-se, que se casem”: devido à falta de controle, solteiros e viúvas,
devem casar-se (cf. 1Co 7.36-38).
9.1 “Dominar-se”: (egkratevomai – εγκρατευονται) “possuir em si poder de se controlar”42.
9.2 Paulo insistia com as viúvas jovens para que se casassem (1Tm 5.14).
9.3 Ficar sem casar só se receberem o dom da continência43.
9.3.1 Quem tem incontinência devem desfrutar da satisfação sexual que o casamento
proporciona44.
9.4 “Melhor casar do que arder de paixão”: casamento é o único meio santo para a
satisfação sexual.
9.4.1 Se não fosse assim, orientaria outro meio (contra a fornicação, adultério,
masturbação, mancebia, etc).
9.5 Paulo está tratando e respondendo perguntas específicas de Corinto, e não
apresentando um princípio para todo cristão45.

38 MORRIS, op. cit.


39 METZ, op. cit.
40 LOPES, op. cit.
41 KISTEMAKER, op. cit.
42 METZ, op. cit.
43 MORRIS, op. cit.
44 KISTEMAKER, op. cit.
45 METZ, op. cit.
90

QUESTÂO INTRIGANTE

 Solteiros devem ser impedidos de serem oficiais?


o Paulo, João Batista e Jesus eram solteiros.
o O requisito de 1Tm 3.1-13 é a fidelidade conjugal.

POSIÇÕES DA IGREJA QUANTO AO DIVÓRCIO E NOVO CASAMENTO46

 Pais da Igreja: aceita o divórcio por causa do adultério e abandono pelo cônjuge incrédulo,
mas não o novo casamento (“divórcio permitido, novo casamento proibido”).
 Erasmo de Roterdã47: aceita o divórcio e novo casamento para a parte inocente por
imoralidade sexual e por abandono (“divórcio e novo casamento permitidos”). Encontra-se na
Confissão de Fé de Westminster e representa a opinião da maioria dos evangélicos hoje.
 3ª postura: não aceita o divórcio nem o novo casamento no caso de adultério e aceita o
divórcio, mas não o novo casamento no caso de abandono (“divórcio proibido, novo
casamento proibido”).
 4ª postura: não aceita o divórcio nem o novo casamento no caso de adultério, mas aceita
o divórcio e novo casamento no caso de abandono (“divórcio e novo casamento proibidos /
divórcio e novo casamento permitidos”).

Novo
Divórcio Em que situação? Em que situação?
casamento

Pais da Igreja SIM Adultério e abandono NÃO -

Erasmo de Roterdã SIM Adultério e abandono SIM Para a parte inocente

3ª postura SIM Abandono NÃO -

4ª postura SIM Abandono SIM Para a parte inocente

10 “Ordeno aos casados”: o foco é o de casamentos em que ambos são cristãos48.


10.1 “Não eu, mas o Senhor”: esse tema já havia sido discutido por Cristo, os outros não.

46 KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.


47 Teólogo e humanista neerlandês.
48 MORRIS, op. cit.
91

10.1.1 Faz distinção entre o seu ensino e o de Cristo, pois não vai tratar aquilo que o
Senhor já decidiu49.
10.1.2 Refere-se às palavras de Jesus em: Mt 5.31-32; 19.3-9; Mc 10.2-12; Lc 16.1850.
10.1.3 O relato da criação ensina que a união do matrimônio não deve ser quebrada.
Malaquias faz a mesma implicação (Ml 2.14-16).
10.1.4 Divórcio no AT: a lei não legitimava o divórcio e/ou o novo casamento, apenas
tentava minimizar uma prática já existente (Dt 24.1-4)51.
10.1.4.1 No tempo de Jesus os rabinos possuíam duas interpretações para a
lei: 1) em caso de imoralidade sexual (escola de Shammai); e 2) em
caso de desagrado (escola de Hillel). A última interpretação era a mais
influente na época (Mt 19.3, 10).
10.1.4.2 A lei não fala sobre divórcio por adultério, pois a pena para o adultério
era a morte e não o divórcio (Lv 20.10; Dt 22.22). Possivelmente refere-
se a objeções que o marido poderia considerar (esterilidade, defeitos
de nascença, comportamento imoral, menstruação irregular, etc).
10.1.4.3 O ato de não retomar a esposa servia para evitar divórcios precipitados.
10.1.5 Jesus permite uma exceção somente em caso de infidelidade (Mt 5.31-32; 19.9).
10.1.6 A opinião de Jesus: também afirma que o divórcio não é o ideal de Deus (Mt
19.6)52.
10.1.6.1 Usa duas passagens – Gn 1.27; 2.24. Usar duas passagens bíblicas era
um recurso rabínico para corroborar um argumento (Gezerah Shawah).
10.1.6.2 Os estatutos mosaicos foram introduzidos para reconhecer a realidade
do coração humano (Mt 19.7-8; Mc 10.5; Rm 7.7).
10.1.6.3 Mas Jesus (e Moisés) permitiu, não exigiu o divórcio em caso de
imoralidade (Mt 19.9) – em oposição a Hillel e Shammai (Mt 19.10).
10.1.7 Não menciona a exceção permitida por Cristo, pois está respondendo perguntas
e não escrevendo um tratado53. Porém, não deixa de corroborar com Cristo.
10.2 “Não se separe”: não deve haver divórcio em um casamento entre cristãos.

49 LOPES, op. cit.


50 KISTEMAKER, op. cit.
51 KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.
52 Ibidem.
53 MORRIS, op. cit.
92

10.2.1 Às pessoas arrependidas de terem casado, ou que veem poucas esperanças


em seu casamento, a resposta de Paulo é: casou-se, aguente! Leve em frente,
não pule fora!54
10.3 Algumas mulheres da igreja poderiam ter consultado Paulo a esse respeito. No mundo
greco-romano a mulher tinha o direito de divorciar-se55.
10.3.1 O divórcio era uma questão livre e fácil em todas as cidades sob o governo
romano. A lei judaica também permitia um homem dar carta de divórcio por
razões insignificantes56.
11 “Se, porém, ela se separar”: mesmo sendo inconcebível, a ocorrência de divórcio é provável57.
11.1 “Que não se case, ou que se reconcilie”: se ocorrer o divórcio não deve haver novo
casamento ou deve reconciliar-se.
11.1.1 "Reconciliação": o termo nunca é usado com respeito à parte inocente. Quem
inicia o divórcio é quem deve fazer os esforços de reconciliação58.
11.1.1.1 Paulo demonstra não aprovar o divórcio.
11.1.1.2 Ele liga a primeira afirmação à segunda. Enquanto a mulher
permanecer sem se casar, há esperança para a reconciliação.
11.2 Às pessoas que acham que o casamento se tornou insustentável, Paulo diz: separe e
fique sozinho ou reconcilie59.
11.2.1 Assim, reafirma o ensino de Jesus: 1) não deve haver divórcio (Mt 19.6); 2) só em
caso de adultério (Mt 19.9).
11.3 Para Paulo, aqui, o divórcio só poderia ser lícito em caso de abandono por incrédulo (cf.
1Co 7.15) ou morte (cf. Rm 7.2-3; 1Co 7.39) – e por adultério (adicionando o ensino de
Jesus).
11.4 "O marido não se divorcie": o que é verdade para a mulher é igualmente verdade para o
marido60.
11.5 É melhor que ocorra a confissão, perdão e reconciliação; mas, caso não ocorram, a parte
inocente pode obter divórcio em último recurso61.
11.5.1 A tendência atual assustadora de aumento no número de divórcios entre os
cristãos deve entristecer profundamente o coração de Deus.

54 LOPES, op. cit.


55 KISTEMAKER, op. cit.
56 METZ, op. cit.
57 KISTEMAKER, op. cit.
58 Ibidem.
59 LOPES, op. cit.
60 KISTEMAKER, op. cit.
61 WIERSBE, op. cit.
93

11.6 Deus colocou muros ao redor do casamento não para fazer dele uma prisão, mas um lugar
seguro62.
12 "Mas eu, não o Senhor": Paulo agora usa sua autoridade como apóstolo para tratar de assuntos
que Cristo não tratou (casamento misto).
12.1 Nesta ocasião não temos ordem expressa de Cristo, e Paulo põe às claras a situação 63.
12.2 "Digo aos outros": vai tratar com o último grupo de pessoas (falou aos casados, solteiros e
agora, aos crentes casados com ímpios)64.
12.3 "Se algum irmão tem mulher incrédula": em todo o AT, Deus proíbe seu povo de se
casar com gentios, isso também nos vale hoje (1Co 7.39b).
12.3.1 É um ato de desobediência um cristão casar-se com um incrédulo (2Co 6.14-15)65.
12.3.2 BAM – “se um irmão desposou uma mulher pagã" (vv. 12-13).
12.3.3 Nessa situação, um marido foi convertido, mas a esposa permaneceu incrédula.
12.3.4 Alguns irmãos nessa situação deveriam enfrentar dificuldades em casa e,
provavelmente, perguntaram se deviam permanecer casados66.
12.4 "Não se divorcie dela": Paulo reafirma a permanência do casamento.
12.4.1 A salvação não altera o estado civil; pelo contrário, intensifica a relação
matrimonial67.
13 O mesmo vale para uma irmã que se converteu e seu marido não.
14 “É santificado”: o cônjuge crente pode ganhar o seu cônjuge para Cristo (1Pe 3.1). Sua
conduta é afetada pela do cônjuge cristão68.
14.1 Existe uma maior probabilidade de que o incrédulo seja salvo tendo um cônjuge Cristão
do que o contrário69.
14.1.1 O casamento não é um meio de conversão70.
14.2 Aqui não têm significado "santo em Cristo perante Deus". Isto só pode ser atribuído a
um crente71.
14.3 Hagiazo (ηγιασται) – “reconhecido, respeitado"72. Deus reconhece o ímpio por amor ao
cristão.

62 LOPES, op. cit.


63 MORRIS, op. cit.
64 KISTEMAKER, op. cit.
65 LOPES, op. cit.
66 WIERSBE, op. cit.
67 Ibidem.
68 KISTEMAKER, op. cit.
69 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
70 LOPES, op. cit.
71 METZ, op. cit.
94

14.3.1 A santificação do crente, de algum modo, abriga o cônjuge. As bênçãos


provenientes da comunhão com Deus se estendem aos familiares73.
14.3.2 Através do cônjuge crente, as bênçãos de um casamento santificado são
conferidas sobre o cônjuge descrente e lhe é dado mais do que a sua descrença
merece74.
14.3.3 O descrente é colocado em uma posição de privilégio espiritual: ter alguém que
ore por ele e influencie de forma positiva o lar75.
14.3.3.1 Possibilita o incrédulo conhecer o evangelho ser abençoado por ele e
trazido para mais perto de Deus76.
14.4 "São santos": hagios (αγια) – “algo muito santo”77.
14.4.1 Da mesma maneira o filho, pode ser salvo tendo um pai cristão78.
14.4.2 Os filhos são herança do Senhor (Sl 127.3) e estão debaixo do pacto (Gn 17.7)79.
14.4.3 Não é errado ter filhos quando somente um dos cônjuges é cristão80.
14.5 O casamento misto não é menos abençoado por Deus.
15 "Se o incrédulo se separar, que se separe": se o incrédulo se recusa a apoiar a fé do outro e
acha impossível viver em uma atmosfera cristã, o crente deve deixá-lo ir81.
15.1 Assim não será mais considerado santificado.
15.2 O incrédulo é quem deve ter toda a responsabilidade pelo divórcio.
15.3 "Sujeitos à servidão": refere-se aos votos do casamento, sendo livre para um novo
matrimônio? NÃO – Kistemaker; Wiersbe SIM – Morris; Metz; Köstenberger (cf. Rm 7.2;
1Co 7.39b).
15.3.1 Douloo (δεδουλωται): entregar-me totalmente às necessidades e ao serviço de
alguém, torna-me um servo para ele82.
15.3.2 O cristão está livre da obrigação de sustentar o casamento e de uma vida de
perseguição, abuso e agonia causada pelo pagão83.

72 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2010.
73 MORRIS, op. cit.
74 METZ, op. cit.
75 MACDONALD, op. cit.
76 LOPES, op. cit.
77 STRONG, op. cit.
78 WIERSBE, op. cit.
79 LOPES, op. cit.
80 MACDONALD, op. cit.
81 KISTEMAKER, op. cit.
82 STRONG, op. cit.
83 METZ, op. cit.
95

15.3.3 O abandonador logo arranja um novo matrimônio automaticamente o primeiro


laço matrimonial (seria um adultério implícito)84.
15.3.3.1 Insistir em que o abandonado não volte a se casar é colocar sobre ele
um julgo que na maioria das vezes não será capaz de suportar.
15.4 "Nos chamou para vivermos em paz": Paulo recomenda ao cristão buscar paz com o
cônjuge incrédulo (cf. v. 11), e prover oportunidade de retornar e restabelecer o
casamento (ex.: Os 2.7).
15.4.1 O casamento deve seguir a linha que conduza à paz. Seja viver com o pagão ou
não85.
16 Não há certeza de conversão em um casamento misto.
16.1 “Como sabes... se salvarás”: somos incapazes de efetuar a salvação. Porém, somos
instrumentos na mão de Deus para isso86.
16.1.1 O cônjuge cristão sempre deve ter esperança em Deus.
16.1.2 Porém agarrar-se a um casamento onde o pagão está determinado a divorciar-
se não levaria a nada. O esforço não é justificado pelo resultado incerto87 (Mt 7.6).
16.1.3 O cristão está na obrigação de ganhar o parceiro (1Pe 3.1), porém, não deve se
condenar pelo fracasso 88.

QUANTO AO NOVO CASAMENTO?

 A lei permitia em caso de divórcio, mas não com a mesma pessoa (Dt 24.1-4)89.
 Na incerteza o que é menos mal? 90
o Não permitir o novo casamento é correr o risco de impor exigências rigorosas
demais para com a parte inocente.
o O perigo inverso é o de ser mais tolerante que a Bíblia.
o Pela falta de plena certeza, parece prudente pecar por excesso de misericórdia do
que de legalismo.

84 MACDONALD, op. cit.


85 MORRIS, op. cit.
86 KISTEMAKER, op. cit.
87 MORRIS, op. cit.
88 METZ, op. cit.
89 KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.
90 Ibidem.
96

Divórcio Em que situação? Novo casamento Em que situação?

NÃO É odiável para Deus - -

SIM Adultério e Abandono SIM Adultério e Abandono

ORIENTAÇÕES

Casamento entre cristãos Casamente misto

1) Não se divorcie (v. 12-13).


1) Não se divorcie (v. 10);
2) Seus familiares serão abençoados (v.
2) Se ocorrer? Reconciliem-se (v. 11).
14).
3) Busque o caminho da paz no lar (v. 15c).
4) Se não há paz? O não crente deve se
responsabilizar pelo divórcio (v. 15a). E
não force a união (v. 16).

17 "Cada um viva como o Senhor lhe determinou": em qualquer situação (que em si não seja
pecaminoso91) em que a pessoa esteja quando se torna cristã, ela deve permanecer ali92.
17.1 O cristão tem a obrigação de cumprir todos os deveres do relacionamento em particular
no qual está envolvido na época de sua conversão93.
17.2 Se for chamado para o casamento ou celibato, deve seguir esse caminho. Se for
chamado já casado, não deve romper esse relacionamento94.
17.3 “Chamou”: (kaleo – κεκληκεν) sempre se refere à chamada de Deus aos homens para
participar da redenção95.
17.3.1 Novos convertidos pensam muitas vezes que o único meio de agradecer a Deus
pela salvação é tornar-se um pastor ou missionário96 (Ex.: sapateiro e Lutero).

91 MACDONALD, op. cit.


92 KISTEMAKER, op. cit.
93 METZ, op. cit.
94 MACDONALD, op. cit.
95 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
96 KISTEMAKER, op. cit.
97

17.4 Esse mandamento não implica que o crente não pode mudar de posição, emprego ou
residência.
17.4.1 Acautela-nos quanto a procurar mudança simplesmente por ser cristão97.
17.4.1.1 A menos que esta ocupação seja visivelmente incompatível com o
cristianismo.
17.4.2 O novo convertido não deve usar o evangelho como uma desculpa para livrar-se
de uma situação infeliz ou uma mudança desnecessária98.
17.5 “É isso que ordeno”: a regra para o crente é ficar onde o Senhor o pôs e viver dignamente
de seu chamado.
17.6 Reafirma esse mandamento (vv. 20, 24).
18 Paulo agora trata das questões de vínculo racial. Provavelmente havia judeus convertidos
casados com esposas judias99.
18.1 "Desfazer sua circuncisão": ("desfazer": επισπασθω) da época de Antíoco Epifanes100
(175-164 a.C.) em diante, haviam judeus que, para esconder dos perseguidores o sinal
externo de sua nacionalidade, a circuncisão, procuravam artificialmente forçar a natureza a
reproduzir o prepúcio, estendendo ou estirando-o com um instrumento de ferro o que dele
ficou, para cobrir as glândulas101.
18.1.1 Jovens judeus submetiam-se a essa operação cirúrgica para serem aceitos no
mundo helenista (1 Mac 1.15 - "dissimularam os sinais da circuncisão, afastaram-
se da aliança com Deus, para se unirem aos estrangeiros e venderam-se ao
pecado")102.
18.1.2 Os ortodoxos reagiram dando valor excessivo a circuncisão, como a mais alta
honra de Israel. Atribuíram circuncisões a Adão, Sete, Noé e Melquisedeque103.
18.1.2.1 No NT os cristãos negaram ser necessária a circuncisão para se
tornar membro da igreja (At 15.1). A verdadeira circuncisão era um selo
de fé (Rm 2.28-29; 4.9-11; Fp 3.3).
18.2 Deus nos chama para sermos testemunha no contexto cultural do qual Deus nos
colocou104.

97 MORRIS, op. cit.


98 METZ, op. cit.
99 MACDONALD, op. cit.
100 Foi um grande perseguidor dos judeus. Governou a Síria e gerou a Revolta dos Macabeus (TOGNINI, E. O período

interbíblico: 400 anos de silêncio profético. São Paulo: Hagnos, 2009).


101 STRONG, op. cit.
102 MORRIS, op. cit.
103 PFEIFFER, op. cit.
104 KISTEMAKER, op. cit.
98

18.2.1 O modo de vida cristão não depende de ritos externo, nem os exige105.
19 "A circuncisão nada é": para um judeu isso era uma incoerência. Circuncidar é mandamento
(Gn 17.10-14)106.
19.1 Neste caso a circuncisão é usada como um símbolo mais abrangente (a observância
dos sábados, das festas, etc)107.
19.2 Paulo distingue a observância exterior de um espírito interior de obediência (Gl 5.6)108.
19.2.1 Uma crença correta entende a obediência como expressão da alegria e gratidão
pela salvação e não como meio para obter a mesma.
19.3 Nenhuma questão ritual pode ser colocada ao lado da obediência aos
mandamentos109.
20 Reafirma o princípio do v. 17, mas com uma adição.
20.1 "Permaneça": dá a ideia de continuidade110.
20.2 “Na condição”: o apóstolo está tratando de coisas que não são erradas em si mesmas,
como a escravidão tratada a seguir111.
20.3 O evangelho é pregado em primeiro lugar para mudar a vida espiritual de uma pessoa.
Mudanças posicionais podem vir mais tarde112.
21 Volta-se das divisões religioso-culturais (ou raciais) para as sociais113.
21.1 "Não se preocupes com isso": porque Paulo não condena a escravidão como instituição
criminosa? Para não perturbar a estrutura social existente de forma abrupta, mas aos
poucos pela expansão do Evangelho114.
21.1.1 A liberdade em Cristo eleva um homem acima de sua posição social115.
21.1.2 É possível ser escravo e, ainda assim, desfrutar as mais excelentes bênçãos do
Cristianismo116.
21.2 É difícil entender o impacto dessa nova doutrina sobre o mundo romano117.

105 METZ, op. cit.


106 KISTEMAKER, op. cit.
107 METZ, op. cit.
108 KISTEMAKER, op. cit.
109 MORRIS, op. cit.
110 Ibidem.
111 MACDONALD, op. cit.
112 METZ, op. cit.
113 MORRIS, op. cit.
114 KISTEMAKER, op. cit.
115 METZ, op. cit.
116 MACDONALD, op. cit.
117 WIERSBE, op. cit.
99

21.2.1 É possível que a igreja fosse a única agremiação no império em que escravos e
homens livres, homens e mulheres, ricos e pobres poderiam ter comunhão em pé
de igualdade (Gl 3.28).
21.2.2 Essa nova equidade trouxe alguns mal-entendidos na igreja.
21.2.2.1 Escravos não deveriam exigir a liberdade de seus senhores cristãos em
função de sua igualdade diante de Deus.
21.3 "Aproveita a oportunidade": (ou “não é exigido que se torne livre”118) a Bíblia não proíbe
qualquer homem de melhorar a sua posição social e econômica por meios corretos119.
21.3.1 Uma pessoa livre tem melhor condição de difundir o Evangelho120.
21.3.2 Um escravo poderia ser liberto por: 1) testamento legal; 2) recompensa de um
senhor generoso; 3) Manumissão sacra121.
22 "É um liberto do Senhor": os cristãos escravos da igreja deveriam olhar para sua posição diante
da liberdade que receberam em Cristo (Jo 8.36)122.
22.1 Libertos do pecado e da culpa em Cristo.
22.2 "Sendo livre é escravo de Cristo": quando chamados por Deus, nos tornamos escravos
de Deus (Ef 6.6).
22.2.1 Ambos são livres e ambos são escravos123.
22.3 As circunstâncias externas têm pouca importância. O importante é a relação com o seu
Senhor. Ao lado disso, nada importa124.
22.3.1 De acordo com a lei romana, um liberto por um benfeitor generoso era obrigado a
tomar o nome de seu senhor, viver em sua casa, e consultá-lo em assuntos de
negócios. O cristão, da mesma forma, tem uma dívida para com Cristo125.
23 "Fostes comprados por preço": repetição de 6.20 (no contexto de imoralidade)126.
23.1 No contexto atual, lembra-nos de que nossa liberdade foi paga por preço, o sangue de
Cristo (1Pe 1.18-19).
23.2 “Não vos façais escravos”: na Manumissão Sacra (ver 6.20) o escravo vendido ao deus
nunca mais seria comprado de novo para a escravidão. Paulo poderia ter essa ideia em
mente127.

118 MACDONALD, op. cit.


119 METZ, op. cit.
120 MORRIS, op. cit.
121 METZ, op. cit.
122 KISTEMAKER, op. cit.
123 METZ, op. cit.
124 MORRIS, op. cit.
125 METZ, op. cit.
126 KISTEMAKER, op. cit.
100

23.2.1 O cristão deve resguardar a sua liberdade128.


23.2.1.1 Essa passagem é chamada de "a primeira petição da abolição da
escravatura", pois Paulo demonstra não tolerar a escravidão (cf.
Filemon; 1Tm 1.10).
24 "Diante de Deus": nossa vida está diante dos olhos do Senhor129.
24.1 Ou "com Deus" (melhor tradução). A vida deve ser continuada em comunhão com Deus.
Seja qual for a circunstância (física, religiosa, cultural ou social)130.
24.2 Qualquer condição de vida é santificada se vivida com o Senhor131.
24.3 Costumeiramente pensamos que uma mudança de circunstância é sempre uma
solução para nossos problemas. No entanto, em sua maioria, o problema é de caráter
interior, não relacionado com algo a nosso redor132.
24.3.1 Muitos casais passam pelo divórcio e buscam a felicidade em outras
circunstâncias só para descobrir que levaram seus problemas consigo.

25 “Solteiros”: (παρθενων – parthenos) virgem com idade de casar; quem nunca teve relações;
quem se absteve de prostituição para manter a castidade133 (termo abrangente).
25.1 Esse termo é usado, na maioria esmagadora dos casos, relacionado às mulheres
(também no capítulo atual – vv. 28, 34, 36, 37). Refere-se à Igreja (2Co 11.2) e aos 144 mil
(Ap 14.4)134.
25.1.1 Todos os termos usados por Paulo são femininos; provavelmente foram as
mulheres da igreja que o questionaram sobre isso.
25.1.2 É provável que tenha em mente o estado da virgindade135.
25.1.3 Pela oposição do v. 28 (“mas... e se”) parece que o termo aqui é abrangente.
25.2 "O meu parecer": como o Senhor Jesus não mencionou nada sobre a conduta dos
solteiros, Paulo usará seu entendimento para isso.
25.2.1 Aqui, ele dá sua opinião, não doutrina136.
25.2.1.1 Tudo tratado anteriormente é mandamento. Essa parte não.

127 MORRIS, op. cit.


128 METZ, op. cit.
129 KISTEMAKER, op. cit.
130 MORRIS, op. cit.
131 MACDONALD, op. cit.
132 WIERSBE, op. cit.
133 STRONG, op. cit.
134 PFEIFFER, op. cit.
135 KISTEMAKER, op. cit.
136 Ibidem.
101

25.3 "Tem sido fiel": assim como o testemunho do próprio Apóstolo os solteiros devem
permanecer fiéis (virgens).
25.3.1 “Fiel”: (πιστος – pistos) no capítulo atual é usado para indicar aquele que crê, os
crentes (vv. 14-15).
26 Paulo aconselha a permanência no estado de solteiro devido à situação atual da igreja
(perseguição – cf. vv. 28-29a; e melhor disposição para a obra – cf. 32-35).
26.1 “Considero, pois, que é bom”: se não é doutrina, então a solteira pode casar-se.
26.2 “Por causa da dificuldade do momento”: a crise que afligia a comunidade de Corinto era
a perseguição que os cristãos tinham de suportar (vv. 26-31) ou uma fome na terra
(11.21)137.
26.2.1 É possível que houvesse pressões políticas e sociais das quais não temos registro.
Diante dessas dificuldades, o mais aconselhável era permanecer solteiro. No
entanto, isso não era motivo para divórcio138.
27 Mais uma vez reforça a lei da permanência (vv. 17, 20 e 24).
27.1 "Não procures separação": se alguém se converte dentro de um casamento não deve
procurar se separar.
27.1.1 O contexto geral inclui tanto casais casados quanto noivos. Do ponto de vista
judaico, um noivado era equivalente a um casamento (Dt 22.23-24)139.
27.2 “Estás solteiro”: não tem em mente, aqui, divorciados, pois já havia tratado deles140.
27.2.1 A expressão não pode significar apenas viúvo ou divorciado, mas livre dos laços
matrimoniais, podendo incluir quem nunca se casou141.
27.3 "Não procures casamento": com base no argumento dos versículos 26 e 28.
27.3.1 “Me zeteo gune” (μη ζητει γυναικα): lit. “não procure mulher, esposa, etc”142.
Refere-se a homens.
28 “Não pecaste”: a ordem para o solteiro não casar-se no versículo anterior não é uma doutrina,
mas um conselho, tendo em vista que não é pecado um solteiro casar-se.
28.1 “Gostaria de poupar-vos”: ele deseja que os jovens não sofram devido à situação atual.
28.1.1 Os que se casarem devem estar preparados para aceitar as provações que
poderão decorrer dessa decisão143.

137 KISTEMAKER, op. cit.


138 WIERSBE, op. cit.
139 KISTEMAKER, op. cit.
140 Ibidem.
141 MACDONALD, op. cit.
142 STRONG, op. cit.
143 WIERSBE, op. cit.
102

29 "O tempo se abrevia": a igreja apostólica cria na volta iminente de Jesus Cristo.
29.1 Usa frases poéticas para chamar nossa atenção à temporalidade desta era, a rapidez
dos acontecimentos e brevidade da vida (v. 29a = 31b)144.
29.2 "O tempo": refere-se à era do fim dos tempos (Mt 24.22). Desse modo, os crentes devem
concentrar-se nos fundamentos eternos145.
29.3 Para Paulo um solteiro não teria tempo de preparar ou aproveitar um casamento.
29.4 "Vivam como se não tivessem": ou seja, dediquem-se mais ao reino de Deus.
29.4.1 Não significa que o homem casado deve deixar de se comportar como convém a
um marido. Seu relacionamento, no entanto, precisa ser em tudo subserviente à
sua relação prioritária com o Senhor146.
29.4.2 Não está defendendo a separação. Alerta para a limitação do casamento a este
século (Mt 22.30)147.
29.4.2.1 A teologia mórmon do casamento eterno é herética148.
29.4.2.1.1 Em um casamento somos um só corpo, não um só espírito.
29.4.2.2 Devemos viver como se fossemos deixar este mundo iminentemente.
29.4.2.3 As coisas terrenas não devem ser nossos objetivos máximos.
29.4.2.4 Os cristãos estão no mundo, mas não são dele (Jo 17.14, 16).
30 Não devemos nos apegar a relacionamentos, problemas, prazeres, bens ou ao próprio mundo,
pois na volta de Cristo, tudo isso passará.
30.1 “Choram”: (κλαιοντες – klaio) chorar de profunda tristeza, enlutar149.
30.2 A vida cristã, em certo sentido, é contraditória (2Co 6.10)150.
30.3 Os que choram estão sujeitos a deixar-se dominar pelo seu choro. Os que se alegram,
ficam absorvidos em sua felicidade. Os que compram concentram-se em suas novas
possessões151.
31 “Usassem”: (καταχρωμενοι – katachraomai) usar de mais ou mal152.
31.1 Jesus nos ensinou sobre a administração responsável das posses terrenas153.

144 KISTEMAKER, op. cit.


145 Ibidem.
146 MACDONALD, op. cit.
147 KISTEMAKER, op. cit.
148 LOPES, op. cit.
149 STRONG, op. cit.
150 KISTEMAKER, op. cit.
151 MORRIS, op. cit.
152 STRONG, op. cit.
153 KISTEMAKER, op. cit.
103

31.2 “Porque a forma deste mundo passa”: por conhecer a epístola de Paulo, o apóstolo João
escreve palavras quase idênticas em 1Jo 2.17a154.
31.2.1 Não há nada de sólido e duradouro no sistema do presente mundo155.
32 “Livres de preocupações”: melhor tradução “ansiedades”156.
32.1 Reafirma o v. 28157.
32.2 “Se ocupa das coisas do Senhor”: com tal liberdade, o solteiro se empenha em qualquer
função que o Senhor o tenha colocado.
32.3 “Agradá-lo”: (αρεσει – aresko) acomodar-se a opiniões, desejos e interesses de outros158.
33 "Coisas do mundo": trabalho, filhos, contas, lar, etc.
33.1 Isto não denota "mundanismo". É um lembrete de que o casado tem que levar em
consideração os interesses da sua família. Suas obrigações exigem alguma atenção às
coisas deste mundo159.
33.2 "Se ocupa": tem sentido positivo, não é uma crítica160.
33.3 "Agradar": é função dos casados agradar seus cônjuges (cuidar de seu bem-estar).
34 "Fica dividido": o casado tem obrigação dupla (1Tm 5.8)161.
34.1 Dois conjuntos de obrigações são mais difíceis de cumprir do que um162.
34.2 "Mulher que não é casada e a virgem": ou a viúva e a virgem.
34.2.1 A solteira se consagra porque não há restrições que a impeçam disso163.
34.3 "Santas": naturalmente, refere-se à consagração164.
34.4 "Coisas do mundo": do que é secular e terreno165.
34.4.1 A esposa dedica-se ao cuidado do lar como para o Senhor (Ef 5.22).
35 “Limitar”: (βροχον – brochos) laço (armadilha); pela habilidade ou força, um terceiro é
constrangido a obedecer alguma ordem166.
35.1 “Vos dediqueis ao Senhor... sem distração alguma”: é um fato histórico que poderia ter
sido melhor tanto para John Wesley quanto para George Whitefield permanecerem solteiros

154 KISTEMAKER, op. cit.


155 MORRIS, op. cit.
156 KISTEMAKER, op. cit.
157 MORRIS, op. cit.
158 STRONG, op. cit.
159 MORRIS, op. cit.
160 KISTEMAKER, op. cit.
161 Ibidem.
162 METZ, op. cit.
163 KISTEMAKER, op. cit.
164 MORRIS, op. cit.
165 KISTEMAKER, op. cit.
166 STRONG, op. cit.
104

– a esposa de Wesley acabou por deixá-lo, e Whitefield viajava tanto que sua esposa
passava longos períodos sozinha167.
36 Aqui não se têm clareza. Quem é esse "alguém"? Noivo ou pai? Provavelmente o noivo168.
36.1 "Forma desonrosa": prolongamento do noivado.
36.2 "Que se casem": reafirma o que expressa no v. 28.
37 "Firme no coração, não tem necessidade, mas domínio": certeza do chamado para o celibato.
37.1 Nesse caso é melhor desfazer o noivado do que recusar sua vocação (v. 17).
37.2 "Não se casar com sua noiva, fará bem": noivados judaicos não deviam ser
desmanchados (o homem era obrigado a sustentar a virgem por 1 ano em caso de
dissolução). Não sabemos se a igreja coríntia seguia essa lei judaica169.
38 "Faz melhor": com base nos argumentos sobre as vantagens do solteirismo (vv. 26a, 28b, 32-35).
39 "Enquanto ele vive": só a morte deixa o esposo livre dos laços do casamento (Rm 7.2)170.
39.1 "Se o marido morrer, ela ficará livre": viúvos podem contrair novas núpcias (1Tm 5.14).
39.2 "Que seja no Senhor": esse novo matrimônio não pode assumir um jugo desigual.
39.3 Nos séculos II e III, Tertuliano, aconselhou as viúvas a não se casarem de novo, chamando
isso de adultério171.
40 "Segundo o meu parecer": Paulo demonstra que essa posição não é uma doutrina, mas um
conselho pessoal.
40.1 "Tenho o Espírito": possivelmente um argumento a favor de sua autoridade apostólica.
40.1.1 Seu conselho é mais do que uma opinião pessoal. Tem o respaldo da influência do
Espírito Santo172.
40.1.2 Paulo está cônscio da capacitação divina sobre ele173.
40.2 Toda pessoa que está pensando em se casar deve se fazer as seguintes perguntas: 1)
Qual o dom que recebi? 2) A pessoa com quem desejo casar é cristã? 3) É certo casar nas
atuais circunstâncias? 4) De que maneira o casamento afetará meu serviço ao Senhor? 5)
Estou preparado para assumir esse compromisso?174

167 WIERSBE, op. cit.


168 KISTEMAKER, op. cit.
169 Ibidem.
170 Ibidem.
171 Ibidem.
172 Ibidem.
173 MORRIS, op. cit.
174 WIERSBE, op. cit.
105

CAPÍTULO 8

Na época de Paulo, os sacrifícios pagãos eram atos religiosos que envolviam a família. Os
animais oferecidos tinham certas partes queimadas no altar, outras tomadas pelo sacerdote, e o resto
da refeição consagrada era devolvido à família que havia feito a oferta. A família comia a carne com
amigos e parentes em festa. Outras vezes, a carne consagrada era vendida nos mercados1. Os
coríntios tinham dúvidas distintas: tomar parte em festividades idolátricas, e comer comida
previamente sacrificada comprada em armazéns2.

Paulo trata o mesmo assunto em Rm 14, mas em contextos distintos3.

(1-13: a liberdade cristã)

1 “Quanto”: volta-se à próxima pergunta da carta que recebeu dos coríntios4.


1.1 “Carne sacrificada aos ídolos”: (ειδωλοθυτων – eidolothuton) carne que sobrava dos
sacrifícios pagãos que era consumida nas festas ou vendida (pelo pobre e o miserável) no
mercado5 (com preços baixos enquanto que no templo a carne sempre era disponível6).
1.1.1 As carnes de sacrifício também eram as melhores, pois os animais deveriam ser
perfeitos7.
1.1.2 Apenas certas partes da carcaça eram usadas na cerimônia sacrificial8.
1.1.2.1 A lei judaica e o Concílio de Jerusalém (At 15.29; 21.25; Ap 2.14, 20)
proibiam comer essa carne.
1.1.2.2 Os coríntios debatiam se a proibição era abrangente ou flexível9.
1.2 “Todos temos conhecimento”: a igreja de Corinto foi agraciada com o conhecimento da
verdade (cf. 1Co 1.5).

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
3 MARTINS, Y. Como lidar com fracos na fé, escândalos e diferenças teológicas. 2017. (17m08s). Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=HsKya-0H36A&list=PLRPNvughqc8Qkipu-tZcL-LBe516QbiUM&index=42&t=0s>.
Acesso em: 30 jun. 2018.
4 KISTEMAKER, op. cit.
5 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
6 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
7 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
8 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
9 KISTEMAKER, op. cit.
106

1.2.1 Afirma que todos os cristãos, não só em Corinto, têm conhecimento10.


1.2.2 “Conhecimento”: (γνωσιν – gnosis) conhecimento mais profundo, mais perfeito e
mais amplo da religião (1Co 13.2; Cl 1.9)11.
1.2.3 Paulo refere-se, especificamente, ao conhecimento de que o ídolo não é nada
(1Co 8.4-6).
1.3 “Dá ocasião à arrogância”: a sabedoria fez muitos dos irmãos coríntios caírem em
soberba (cf. 1Co 4.6-21). Por isso Paulo os exorta.
1.3.1 Paulo não diz que conhecimento é ruim, mas sem amor não edifica.
1.4 “O amor edifica”: Paulo lembra o que ensinará mais tarde, de que todas as relações entre
os irmãos devem ser regidas pelo amor.
1.4.1 O amor é o guia para a liberdade cristã12.
1.4.2 O amor não é arrogante (1Co 13.4). O conhecimento subordinado ao amor torna-se
útil13.
1.4.3 “Edifica”: (οικοδομει – oikodomei) metáf. promover crescimento em sabedoria
cristã, afeição, graça, virtude, santidade, bem-aventurança, crescer em sabedoria
e piedade14.
1.4.3.1 Devemos sempre buscar o caminho da edificação mútua (Rm 14.19).
2 “O ponto em que é necessário conhecer”: o verdadeiro conhecimento pleno leva-nos a
verdadeira humildade.
2.1 O que nos é necessário conhecer? O conhecimento pessoal de Deus (v. 6) que, diante de
sua majestade, reconhecemos nossas limitações15.
2.2 Não existe verdadeiro conhecimento sem amor16 (Ef 4.15; 2Pe 3.18).
2.2.1 Não podemos ser cheios no conhecimento, mas vazios no coração17.
2.3 É possível crescer em conhecimento bíblico e, no entanto, não crescer na graça de Deus
nem no relacionamento pessoal com Deus18.
2.3.1 Os cristãos mais fortes tinham conhecimento, mas não o usavam em amor. Em vez
de edificar os irmãos mais fracos, apenas se tornavam cada vez mais presunçosos.
3 Enfatizando o amor, contrasta com o verso 2 que enfatiza o conhecimento19.

10 KISTEMAKER, op. cit.


11 STRONG, op. cit.
12 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
13 KISTEMAKER, op. cit.
14 STRONG, op. cit.
15 KISTEMAKER, op. cit.
16 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
17 LOPES, op. cit.
18 WIERSBE, op. cit.
107

3.1 O importante não é que conhecemos a Deus, mas que Ele nos conhece (Gl 4.9; 2Tm
2.19)20.
3.1.1 É evidente que Deus conhece todas as pessoas e, em outro sentido, conhece de
maneira especial aqueles que creem em Cristo21.
3.2 “Conhecido por ele”: significa que “alguém foi aprovado por Deus, tem o seu favor”22.
3.3 Nesses 3 versículos Paulo faz uma repreensão aos que colocam o saber em posição
demasiado elevada.
4 “O ídolo no mundo não é nada”: o ídolo é insignificante (Sl 115.4-8; 135.15-18; Is 44.12-20).
4.1 O mundo pagão considerava que o ídolo mudo era habitado por espíritos invisíveis23.
4.2 Se não há ídolos verdadeiros, eles estão livres para comer da carne que foi dedicada a
tais ídolos24.
5 "Supostos": coloca em dúvida a existência do que os gentios dizem serem deuses. Está
repudiando dos ídolos. Estes existem apenas em nome.25.
5.1 Acreditavam que Júpiter, Juno, Mercúrio, Apolo e Marte habitavam no céu. E Ceres, Netuno
e Pluto sobre a terra26.
5.2 Deuses e senhores são sinônimos. Modo como se referiam à divindade27.
5.2.1 Paulo não estabelece diferença alguma entre as divindades cultuadas no mundo
pagão.
6 Os cristãos contrastam-se agudamente com os idólatras28.
6.1 Diferente dos deuses pagãos, o nosso Deus é único, não está confinado a um local e é
nosso Pai (próximo)29.
6.2 Paulo não chama Jesus de Deus, mas dá a entender que Jesus é divino.
6.2.1 Incluindo Jesus nessa divindade única30.
7 “Nem todos têm esse conhecimento”: de que o ídolo não é nada (1Co 8.4-6).
7.1 Têm em mente os cristãos que tinham vindo há pouco tempo do paganismo, cuja fé é
fraca por causa da ignorância31.

19 KISTEMAKER, op. cit.


20 MORRIS, op. cit.
21 MACDONALD, op. cit.
22 METZ, op. cit.
23 Ibidem.
24 KISTEMAKER, op. cit.
25 Ibidem.
26 MACDONALD, op. cit.
27 MORRIS, op. cit.
28 Ibidem.
29 KISTEMAKER, op. cit.
30 MORRIS, op. cit.
108

7.2 “Acostumados até agora com o ídolo”: refere-se aos costumes do paganismo do qual
tinham recentemente saído, tendo certa influência sobre os cristãos fracos32.
7.2.1 Para esses o ídolo ainda era alguma coisa, assim como um ex-viciado que entra
em contato com as drogas.
7.2.1.1 Estavam tão acostumados a pensar no ídolo como real, que não
conseguiam desfazer-se completamente desses pensamentos33.
7.2.1.2 Alguns, por costume, ainda achavam que as carnes sacrificadas
pertenciam ao ídolo.
7.2.1.3 Habituados com os Ídolos acreditavam que comer carne sacrificada era
uma forma de idolatria34.
7.3 “Se contaminam”: o pecado ocorre pela consciência fraca (falta de conhecimento).
7.3.1 Pela falta de conhecimento, esses irmãos achavam estar pecando (NTLH).
7.3.1.1 Eles mantinham as velhas associações35.
7.3.2 Se comessem comida de um templo, considerariam que de alguma forma
tinham participado da adoração de ídolos36.
7.4 “Consciência fraca”: (συνειδησις αυτων ασθενης – “a própria consciência diferenciadora
do bem e mal frágil”37) possivelmente uma dificuldade em se afastar do que realmente é
pecado em algumas situações.
7.4.1 Consciência é aquilo que estimula alguém a fazer o que é certo e se afastar do
que é errado38.
7.4.1.1 É uma característica inata do homem, que se torna ativa na idade da
responsabilidade (senso de consciência moral).
7.4.1.2 A consciência depende do conhecimento. Quanto mais conhecimento
possuímos e praticamos, mais forte se torna a consciência39.
7.4.2 Para Paulo é o “fraco na fé” (Rm 14.1), que não compreende o cristianismo
plenamente (1Co 8.7a) e acusado pela consciência em questões neutras (1Co
8.7b)40.

31 KISTEMAKER, op. cit.


32 Ibidem.
33 MORRIS, op. cit.
34 MACDONALD, op. cit.
35 MORRIS, op. cit.
36 KISTEMAKER, op. cit.
37 STRONG, op. cit.
38 PFEIFFER, op. cit.
39 WIERSBE, op. cit.
40 PFEIFFER, op. cit.
109

7.4.3 Um irmão mais fraco é aquele que não desfruta de sua liberdade Cristã
plenamente (ex.: Judeu que se converte e não come carne de porco)41.
8 “Não é a comida que nos recomendará”: regras dietéticas não nos santificam ou torna-nos
aceito, muito menos nos contaminam (Rm 14.17).
8.1 Afirma um ensino de Cristo (Mt 15.11; Mc 7.18).
8.2 Esse tema é amoral. Nem virtuoso, nem pecaminoso42.
9 Chamando todos os alimentos de comuns, se recusavam a ver o ponto de vista daqueles cuja
consciência os incomodava quando comiam algo sacrificado43.
9.1 Paulo exige que os fortes preocupem-se com os fracos44.
9.2 “Liberdade”: (εξουσια – exousia) “autoridade”. Provavelmente a atitude dos fortes estava
servindo de modelo ou obrigação para os fracos (cf. v. 10)45.
9.3 “Não se torne em motivo de tropeço”: a nossa liberdade de consciência pode tornar-se
uma cilada para a consciência do fraco, fazendo-lhe pecar.
9.3.1 "Tropeço": (προσκομμα – proskomma) "algo que faz a pessoa tropeçar e dificulta o
avanço"46.
9.3.1.1 Os feitos dos fortes não devem dificultar o progresso dos fracos. Não
podemos impor nossos padrões de certo e errado a outros, cuja
consciência reage diferentemente.
9.3.2 A liberdade cristã deve sempre ser observada no contexto do amor para com o
próximo (Gl 5.13)47.
9.3.2.1 Aqueles que são fortes causam ofensa ao pressionarem
indevidamente os fracos para promoverem seus direitos.
9.3.2.2 Nenhum cristão tem liberdade se isso significar dano a outras pessoas48.
9.4 É preciso ter sabedora para adotar uma postura coerente dentro da liberdade cristã49.
10 “Comendo à mesa no templo de ídolos”: alguns irmãos em Corinto estavam comendo dentro
dos templos pagãos.
10.1 Os sacrifícios eram geralmente acompanhados por um banquete envolvendo o
consumo de, no mínimo, parte da carne sacrificada (1Sm 9.13; 2Sm 6.18-19)50.

41 MACDONALD, op. cit.


42 LOPES, op. cit.
43 KISTEMAKER, op. cit.
44 MORRIS, op. cit.
45 MARTINS, op. cit.
46 MORRIS, op. cit.
47 KISTEMAKER, op. cit.
48 MORRIS, op. cit.
49 LOPES, op. cit.
110

10.1.1 Era possível que Erasto, o tesoureiro (diretor de obras públicas) de Corinto (Rm
16.23) e cristão, devesse comparecer a festas desse tipo51.
10.1.1.1 Tomar refeições em locais associados a ídolos era uma prática social
aceita (prática integrante da etiqueta formal na sociedade)52.
10.1.1.1.1 Privar-se dessas reuniões, era eliminar-se da maior parte das
relações sociais.
10.1.1.2 Aqui ele chama a atenção para o efeito que essa ação poderá ter sobre
um irmão mais fraco.
10.1.1.3 Paulo se contradiz com 10.14-22? Não! No capítulo 8 ele se dirige aos
irmãos fortes e no 10, aos fracos.
10.2 “Incentivado”: (οικοδομηθησεται – oikodomeo) “edificar, construir”53. Provavelmente
fazendo alusão ao modo errado de edificação da Igreja (1Co 3.10b).
10.2.1 O fraco peca se agir contra sua consciência54.
10.2.2 Os imaturos podem decidir imitar os irmãos mais fortes e, desse modo, serem
levados a pecar55.
10.2.2.1 Violentando a própria consciência para conseguir viver assim como os
fortes56.
11 Por que o irmão de consciência fraca peca? Porque será impulsionado a agir sem fé, e tudo
que não provém da fé é pecado (Rm 14.23).
11.1 A consciência ferida de um crente causa uma falta de autoestima 57.
11.2 “É destruído”: mais uma vez refere-se à metáfora do templo (1Co 3.10b; Rm 14.20a).
11.2.1 Como a sua perspectiva é diferente, a sua reação também será diferente. Ele
dedicará algum respeito ao ídolo, ou será atraído pela atmosfera idólatra58.
11.3 “Por quem Cristo morreu”: se Cristo morreu para salvar um homem, será que um cristão
“forte” não estaria disposto a abrir mão de algo para ajudar a alcançar o mesmo objetivo?59
12 Pecamos ao ferir a consciência fraca dos outros.
12.1 Isso é sério! Insensibilidade contra irmãos é um insulto contra Cristo60.

50 PFEIFFER, op. cit.


51 KISTEMAKER, op. cit.
52 MORRIS, op. cit.
53 STRONG, op. cit.
54 MACDONALD, op. cit.
55 WIERSBE, op. cit.
56 MARTINS, op. cit.
57 KISTEMAKER, op. cit.
58 METZ, op. cit.
59 Ibidem.
60 KISTEMAKER, op. cit.
111

12.1.1 Jesus e seus santos são um, de modo que uma ofensa contra um crente é uma
ofensa contra Jesus (Mt 25.40, 45).
12.1.2 É fácil pensar em certos membros como destituídos de importância. Mas não são.
Cristo vive neles61.
12.2 O forte possui responsabilidade maior: não desprezar o fraco na fé (Rm 14.1, 3) e andar
em amor (1Co 8.1b), até mesmo abrindo mão de sua liberdade para edificação do irmão
fraco62.
13 “Nunca mais comerei”: devemos evitar aquilo que, mesmo não sendo pecado, fere a consciência
fraca do irmão.
13.1 O importante não são nossos direitos, nem nossa comodidade, mas o bem-estar da
irmandade63.
13.2 “Não lhe servir de tropeço”: não devemos pecar, nem ser a causa do pecado de outrem.
13.2.1 Os fortes devem adaptar o seu comportamento às consciências dos fracos64.
13.3 O cristão tem o dever de ser um exemplo da graça de Deus65.
13.4 Paulo também ensina que o irmão fraco não deve julgar o forte (Rm 14.3)66.
13.5 Os cristãos fracos se mostram propensos a julgar e criticar os cristãos mais fortes. Isso
torna difícil os mais fracos pelos mais fortes67.

61 MORRIS, op. cit.


62 PFEIFFER, op. cit.
63 MORRIS, op. cit.
64 Ibidem.
65 METZ, op. cit.
66 PFEIFFER, op. cit.
67 WIERSBE, op. cit.
112

CAPÍTULO 9

Neste capítulo Paulo relaciona o tema de liberdade de escolha cristã a seu apostolado a fim de
ilustrar o princípio exposto no capítulo anterior1. Mesmo sendo livre e tendo direitos apostólicos, pelo
Evangelho, ele muitas vezes se recusa a exercer sua liberdade. É isso que Paulo espera dos coríntios.
Se podia privar-se de sua provisão como pregador, os coríntios também podiam privar-se de alguma
expressão pessoal de liberdade2.

(1-3: defesa de Paulo; 4-14: direitos apostólicos; 15-27: recusa aos direitos)

1 Paulo faz 4 perguntas retóricas que comprovam seu apostolado.


1.1 “Não”: o termo usado é ουκ, aplicado para perguntas que esperam respostas afirmativas3.
1.2 "Não sou eu livre": trata da liberdade que todo cristão goza em Jesus Cristo4.
1.3 "Não sou eu apóstolo": desde sua conversão, recebia críticas por não satisfazer as
exigências apostólicas (At 1.21-26)5.
1.3.1 Por não pertencer ao grupo apostólico original alguns questionavam o seu direito6.
1.4 Ter “visto” a Jesus é um critério apostólico (At 1.21-22).
1.4.1 Qualificando-o como testemunha da ressurreição7.
1.5 "Resultado do meu trabalho": os coríntios tinham que admitir que Paulo pregara o
Evangelho, caso contrário ainda estariam vivendo em trevas8.
1.5.1 Deveriam fazer um autoexame: somos salvos? Quem nos conduziu a Cristo?9
1.5.2 Os apóstolos receberam o poder de realizar sinais e prodígios, como os que Deus
operou pelas mãos de Paulo em Corinto (2Co 12.12; Hb 2.4)10.
2 "Outros": não sabemos com certeza quem eram esses que semeavam dúvida no coração dos
coríntios11.

1 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
2 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
3 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
4 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
5 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:

Cultura Cristã, 2003.


6 MORRIS, op. cit.
7 Ibidem.
8 KISTEMAKER, op. cit.
9 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
10 WIERSBE, op. cit.
113

2.1 “Selo”: (σφραγις – “sphragis”) aquilo pelo qual algo é confirmado, provado, autenticado,
como por um selo (um sinal ou prova)12.
2.1.1 Um selo (marca estampada em barro, ou cera, ou substância parecida) era
importante numa época em que muitos não sabiam ler13.
2.1.2 Dá a outro o direito de posse14.
3 “Esta é a minha defesa”: os argumentos citados nos vv. 1-2 ou nos vv. 3-415.
3.1 “Acusam”: (ανακρινουσιν – “anakrinousin”) investigar, examinar, verificar, analisar
cuidadosamente, questionar16.

4 Não está referindo-se à carne de ídolo ou qualquer alimento ou bebida, mas ao direito de ser
mantido pela igreja17.
4.1 Os coríntios que foram ensinados por Paulo tinham a obrigação de sustentá-lo (Lc 10.7;
1Co 9.14; 1Tm 5.17-18). Mas ele exerceu seu ofício de graça (vv. 15-18)18.
4.2 Paulo também trabalhou para seu sustento em Tessalônica (1Ts 2.9) e em Éfeso (At 20.33-
34)19.
5 “Levar conosco esposa”: os apóstolos tinham o direito de viajar com a esposa crente como
companheira de viagem20.
5.1 Os apóstolos tinham direito de casar-se (contra o Romantismo)21.
5.2 Aqui fica implícito que a esposa também seria sustentada pela igreja22.
5.3 “Os demais apóstolos, os irmãos do Senhor e Cefas”: provavelmente os demais
missionários (com base no v. 6), Tiago, José, Simão e Judas (irmãos de Jesus – Mt 13.55;
Mc 6.3) e Pedro, respectivamente.
5.3.1 “Irmãos”: (αδελφοι – “adelphos”) um irmão, quer nascido dos mesmos pais ou
apenas do mesmo pai ou da mesma mãe23.

11 KISTEMAKER, op. cit.


12 STRONG, op. cit.
13 MORRIS, op. cit.
14 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
15 KISTEMAKER, op. cit.
16 STRONG, op. cit.
17 METZ, op. cit.
18 KISTEMAKER, op. cit.
19 LOPES, op. cit.
20 KISTEMAKER, op. cit.
21 LOPES, op. cit.
22 MORRIS, op. cit.
23 STRONG, op. cit.
114

5.3.1.1 Os meios-irmãos de Jesus não criam durante seu ministério terreno (Jo
7.5). Mas depois de sua ressurreição, Jesus apareceu a Tiago (1Co 15.7)
e seus demais irmãos e mãe estavam no cenáculo no dia de sua
ascensão (At 1.14)24.
5.3.2 Porque coloca Pedro em posição singular? Pela preferência que alguns irmãos
tinham para com ele (1Co 1.12).
6 Existia na Igreja o direito de sustento aos Apóstolos e Missionários.
6.1 “Somente eu e Barnabé”: todos os outros apóstolos habituaram-se a serem sustentados
pela igreja, com exceção de Paulo e Barnabé25.
6.2 “Barnabé”: (βαρναβας – “filho do descanso/consolação ou de profecia”) o sobrenome de
José, um levita, nativo de Chipre. Ele era um distinto mestre cristão, companheiro e amigo
de Paulo26 (At 4.36).
6.2.1 Por ser levita, Barnabé aprendeu um ofício para se sustentar (assim como Paulo
que era fariseu) 27.
6.2.1.1 Não temos prova de que Barnabé tenha visitado a igreja de Corinto. O ato
de citar Barnabé pode implicar que o relacionamento entre eles
estava restaurado (At 15.39-40).
6.3 Desde o AT Deus instituiu o dízimo como recurso para o sustento do templo e de seus
trabalhadores. Portanto, sempre que possível, os pastores devem trabalhar em tempo
integral na pregação e no ensino da Palavra de Deus, sendo sustentados pela igreja 28.
7 Apresenta 3 perguntas retóricas de respostas negativas29.
7.1 “Quem serve ao exército”: soldados recebiam provisões para suprir as necessidades da
vida. Nenhum deles prestaria serviço à própria custa.
7.2 “Quem planta uma vinha”: lembra um provérbio da lei mosaica (Dt 20.6).
7.3 “Rebanho”: (ποιμνην – “poimne”) rebanho (esp.) de ovelhas30.
7.4 Na Escritura o povo de Deus é muitas vezes retratado como sendo um exército (Jl 2.11),
uma vinha (1Co 3.6-9) e um rebanho (Jo 10; At 20.28).
8 Paulo não se baseia apenas em observações da vida. Ele fundamenta-se na Palavra de Deus31.

24 KISTEMAKER, op. cit.


25 MORRIS, op. cit.
26 STRONG, op. cit.
27 KISTEMAKER, op. cit.
28 Ibidem.
29 Ibidem.
30 STRONG, op. cit.
31 KISTEMAKER, op. cit.
115

8.1 A lei vai além ensinando a compaixão e cuidado com o próximo: uma vestimenta
deveria ser restituída depois do pôr-do-sol (Dt 24.10-13); o trabalhador deveria receber seu
salário diário (Dt 24.14-15); o fazendeiro deveria deixar alguns grãos no processo da
colheita (Dt 24.19-22)32.
9 Citação de Dt 25.4 (1Tm 5.17-18).
9.1 “Não atarás a boca do boi”: os israelitas pisavam os grãos de trigo da colheita com tábuas
pesadas por pedras que eram puxadas por bois ou cavalos. O boi podia comer tanto grão
quanto quisesse enquanto puxava o peso. Se um judeu amordaçasse o boi, correria o
risco de ser açoitado na sinagoga33.
9.2 “Deus está preocupado com bois”: Paulo argumenta do menor para o maior: se Deus
quer que o fazendeiro tome conta do animal, ele não requer que o homem cuide melhor
ainda de seu semelhante?34
9.2.1 Deus se preocupa com bois, mas podemos aplicar o princípio espiritual a nossa
vida e serviço35.
10 “É claro que é em nosso favor”: Deus ordenou que o homem cuidasse de seus animais, num
nível mais elevado, ele instrui os membros da Igreja a cuidarem dos ministros do Evangelho36.
10.1 "Esperança de participar da colheita": o obreiro tem prazer em compartilhar o produto
de seu trabalho.
11 Explica o verso anterior. Ele e seus companheiros semearam a Palavra de Deus e esperam uma
resposta espiritual e material da Igreja37.
11.1 A Igreja sempre sai no lucro. Ganha o que é eterno e doa o que é temporário (cf. Rm
15.27).
11.1.1 O salário do pastor é muito inferior diante daquilo que ele oferece38.
12 "Outros": outros evangelistas (Apolo e Pedro, por exemplo)39.
12.1 "Nós ainda mais": o fundador da igreja de Corinto tinha muito mais direito a esse tipo de
coisa40.
12.2 "Nunca exercemos tal direito": em Corinto, Paulo ficou com Áquila e Priscila (At 18.2-3).

32 METZ, op. cit.


33 KISTEMAKER, op. cit.
34 Ibidem.
35 MACDONALD, op. cit.
36 KISTEMAKER, op. cit.
37 Ibidem.
38 MACDONALD, op. cit.
39 KISTEMAKER, op. cit.
40 MORRIS, op. cit.
116

12.2.1 Passou a dedicar-se integralmente ao Evangelho com a chegada de Silas e


Timóteo (At 18.5), pois trouxeram ofertas da Macedônia (2Co 11.9; Fp 4.14-16).
12.2.2 Um ministro pode ser empregado em outro trabalho, mas é melhor dedicar-se ao
chamado glorioso do ministério da Palavra.
12.3 "Suportar": (στεγομεν – “stego”) "acobertar com silêncio" ("ficar quieto por amor a outros").
12.3.1 Fizeram isso, provavelmente, para que nenhum convertido achasse que
estavam interessados em dinheiro.
12.4 “Obstáculo”: faz referência a uma vala na estrada para impedir o avanço. Paulo evitou
fazer qualquer coisa que impedisse o avanço do Evangelho41.
12.4.1 Seu desejo era dar exemplo para os outros cristãos (2Ts 3.6-9)42.
13 Paulo faz relação entre a ordem de sustento dos levitas e a compensação para os ministros do
Evangelho no NT43.
13.1 Como a tribo de Levi não tinha herança em Israel, Deus estipulou que os levitas
recebessem sua renda das ofertas (Lv 7.6, 8-10, 28-36; Dt 18.1).
13.2 O princípio de provisões para os sacerdotes é o mesmo para os pregadores do
evangelho.
13.3 "Servem": (προσεδρευοντες – “prosedreuo”) "não sair do lado de alguém"44. Os sacerdotes
estavam sempre à disposição. O Cristianismo exige do ministro a mesma dedicação do
sistema antigo45.
13.4 Um pregador é servo do Evangelho e não da Igreja, mesmo que sirva a Igreja (assim
como os levitas).
14 Paulo agora expõe uma autoridade superior que a dos apóstolos (Mt 10.10; Lc 10.7; cf. Gl 6.6;
1Tm 5.18)46.
14.1 Ai daquele que vive do Evangelho sem pregá-lo.
14.2 Se o Senhor ordenou, por que Paulo não exigiu o seu direito de ser sustentado pela igreja
em Corinto? A resposta segue nos próximos versos47.

41 MORRIS, op. cit.


42 WIERSBE, op. cit.
43 KISTEMAKER, op. cit.
44 STRONG, op. cit.
45 METZ, op. cit.
46 KISTEMAKER, op. cit.
47 MACDONALD, op. cit.
117

15 “Não tenho me servido de nenhuma dessas coisas”: as cidades gregas eram repletas de
oradores que eram interessados apenas em dinheiro. Paulo recusou-se a qualquer comparação
(1Co 2.1-5; 2Co 2.17)48.
15.1 “Nem escrevo isso para que assim se faça comigo”: Paulo não escrevia para exigir o
direito de sustento.
15.2 Afasta a possibilidade de os coríntios pagarem-no em uma viagem futura49.
15.2.1 Paulo não diz que todos os obreiros devem seguir seu exemplo
obrigatoriamente.
15.3 "Minha glória": não deve ser interpretada como um egocentrismo. καυχημα (kauchema)
significa uma alegre percepção do valor moral das próprias ações (NTLH e NVI)50.
16 "Tal obrigação me é imposta": Paulo não merece crédito por fazer a sua obrigação (missão
recebida no caminho de Damasco)51.
16.1 "Imposta": "fortemente impulsionado".
16.2 “Ai de mim”: descreve um sofrimento pela desobediência ao mandado para pregar (Jr
20.9; Am 3.8; At 4.20)52.
16.2.1 Não fazer aquilo para o qual foi chamado é se rebelar diretamente contra Deus
(Rm 1.14)53.
16.2.2 Pregar o Evangelho é uma obrigação pesada54.
17 "Faço de boa vontade, tenho recompensa": Paulo informa que, se tivesse ido pregar por
escolha própria, teria esperado recompensa55 (“de minha iniciativa” – BAM).
17.1 "Mas, se não é de boa vontade": se realizamos algo apenas por que nos foi designado por
um mestre, nos tornamos um mordomo que, terminando seu serviço, não recebe nenhuma
palavra de gratidão por seu trabalho (Lc 17.10).
18 “Minha recompensa”: é pregar o Evangelho gratuitamente. Ele vê isso como um privilégio (Ef
3.8-9)56.
18.1 Pregar o Evangelho gratuitamente evidencia, de maneira indiscutível, sua motivação pura.
19 "Sendo livre": refere-se às restrições alimentares que a lei mosaica impunha sobre os judeus.
19.1 Paulo era livre alimentar e financeiramente (questões amorais/neutras)57.

48 WIERSBE, op. cit.


49 KISTEMAKER, op. cit.
50 METZ, op. cit.
51 Ibidem.
52 KISTEMAKER, op. cit.
53 METZ, op. cit.
54 MORRIS, op. cit.
55 KISTEMAKER, op. cit.
56 Ibidem.
118

19.2 "De todos": todos os homens.


19.3 "Tornei-me escravo de todos": sendo apóstolo (com plenos direitos) escolheu ser servo
de todos os crentes (Mt 20.25-27).
20 "Tornei-me judeu": adaptou-se a costumes judaicos quando procurava ganhar os judeus para
Cristo (At 16.3; 18.18; 21.26)58.
20.1 As duas orações do versículo aplicam-se aos judeus e também a cristãos que têm
consciência fraca.
20.2 "Embora eu não esteja": acrescenta uma rejeição a disposição de observar a lei mosaica.
20.2.1 O fim da lei é Cristo (Rm 10.4). O Cristão está debaixo da graça (Rm 6.14).
Contudo, Paulo conformava-se com práticas que o habilitariam a abordar os
que vivem debaixo da lei com maior aceitabilidade59.
20.2.2 Paulo não era incoerente ou hipócrita, apenas flexível em suas próprias ideias a
fim de ser um pregador mais eficiente, para viver em sociedade60.
20.2.2.1 Um pregador precisa conhecer a Palavra e as pessoas para quem prega.
Uma abordagem flexível constrói pontes ao invés de muros, abrindo
caminho para a evangelização61.
20.3 “Para ganhar”: receava menos sacrificar sua própria liberdade do que usá-la de forma que
comprometesse a salvação de alguns62.
21 "Para os que estão sem lei": pode estar dirigindo-se tanto a gentios não cristãos, quanto a
gentios cristãos de consciência forte63.
21.1 "Como se estivesse sem lei": com os gentios, Paulo deixava de observas as leis judaicas
de alimentação, circuncisão e dias especiais.
21.2 "Não estando sem lei": esclarece que um cristão não é uma pessoa fora da lei.
21.2.1 "Lei de Cristo": ser livre não é estar debaixo da lei nem fora da lei, e sim em
Cristo.
21.2.1.1 Todas as adaptações de Paulo eram limitadas pela lei de Cristo.
21.2.1.2 Viver sob a graça não é sinônimo de viver como quiser. Jesus não é
só o caminho para a salvação, mas também a regra de conduta do
salvo64.

57 KISTEMAKER, op. cit.


58 Ibidem.
59 MORRIS, op. cit.
60 METZ, op. cit.
61 LOPES, op. cit.
62 METZ, op. cit.
63 KISTEMAKER, op. cit.
119

21.2.2 Cristo aboliu as leis civis e cerimoniais. Os mandamentos morais de Deus


permanecem (Gl 6.2).
21.2.3 Na lei de Cristo o cristão está, ao mesmo tempo, dentro da lei de Deus (1Co 7.19).
21.3 "Ganhar os que estão sem lei": ao por sua fé em Cristo, o ímpio ordena a própria vida de
acordo com a lei de Cristo.
22 "Tornei-me fraco": pode ter dupla conotação, os de consciência fraca e os economicamente
fracos (1Co 1.26-28)65.
22.1 Seu trabalho de fabricar tendas era uma demonstração dessa identidade com os
economicamente fracos.
22.2 "Tornei-me tudo": Paulo seguiu o modelo de Jesus que comeu com cobradores de
impostos, prostitutas (Mt 11.19); aproximou-se de mulher samaritana (Jo 4.9); acomodando-
se à cultura e circunstâncias das pessoas a quem pregava. O Evangelho, porém, não
mudava.
22.3 "Vir a salvar alguns": o seu objetivo mostra o empenho missionário de Paulo.
22.3.1 Paulo trabalha para pregar a todos, mas sabe que só alguns responderão ao
Evangelho (Rm 11.14).
22.4 Esses versículos não devem ser usados para justificar a alteração de algum princípio
bíblico. Apenas descreve a disposição de adaptar-se a costumes e hábitos a fim de
conseguir a atenção delas para o Evangelho66.
23 “Por causa do Evangelho”: a fim de ministrar o Evangelho com eficácia a todos67.
23.1 "Coparticipante": no aspecto de Paulo se tornar sócio nas bênçãos que os convertidos
a Cristo recebem. Regozija-se com eles.
23.2 No interesse do evangelho, os ministros precisam adaptar-se às pessoas e à
comunidade na qual são colocados. Sem nunca transigir nas demandas do evangelho,
seu propósito deverá ser sempre levar as pessoas ao conhecimento salvífico de
Jesus Cristo (Jo 17.3).
24 A 16 km de Corinto ocorria, a cada dois anos, os Jogos do Istmo. No tempo que passou em
Corinto, Paulo deve ter acompanhado alguns desses eventos. Ele usa essa ilustração para falar
aos coríntios68.

64 MACDONALD, op. cit.


65 KISTEMAKER, op. cit.
66 MACDONALD, op. cit.
67 KISTEMAKER, op. cit.
68 Ibidem.
120

24.1 Os Jogos do Istmo consistiam de 5 provas: salto, lançamento de disco, corrida, luta de
boxe e luta livre69.
24.2 “Estádio”: (σταδιω – stadion) lugar no qual competições de corrida eram organizadas.
Percursos como este foram encontrados na maioria das grandes cidades gregas, e eram
parecidos ao do Olimpo, que tinha 600 pés gregos em extensão (~200 m)70.
24.3 "Correi de tal maneira que o alcanceis": exorta a levarmos a vida espiritual a sério, onde
precisamos nos esforçar pelo crescimento espiritual.
24.3.1 “Correi”: (τρεχω – trecho) metaf. gastar as energias em executar ou realizar algo.
Aparece na literatura grega denotando incursão em risco extremo, que requer o
uso de todas as habilidades de alguém para alcançar vitória71.
25 “Exercem”: (αγωνιζομενος – agonizomai) reflete a luta de corpo e mente que o atleta se sujeita
(2Tm 2.5)72.
25.1 “Domínio próprio”: (εγκρατευεται – egkrateuomai) imagem derivada de atletas que, ao
preparar-se para os jogos, abstêm-se de comida prejudicial à saúde, vinho e indulgência
sexual73 (esse rigoroso treinamento durava 3-10 meses74).
25.2 "Coroa perecível": os atletas ganhavam uma coroa de pinho, louro ou de salsa (no fim a
salsa já estaria murcha!).
25.3 "Coroa que não se acaba": em contraste, o crente recebe justiça, vida eterna e glória (uma
coroa de valor eterno) – 2Tm 4.8.
25.3.1 Se os atletas se aplicam para ganhar uma coroa perecível, os cristãos devem
fazer o mesmo, diante de seu prêmio.
25.4 A abnegação do atleta treinando por seu prêmio fugaz é uma censura a todo serviço
cristão frouxo e sem entusiasmo75.
25.4.1 Note-se que o atleta nega a sim próprio muitos prazeres lícitos. O cristão tem que
evitar, não somente o pecado, mas toda coisa que impeça a sua completa
eficiência.
26 "Corro não como quem não tem alvo": como um corredor que fica de olho na chegada, pois é
sua direção (Fp 3.13-14)76.

69 METZ, op. cit.


70 STRONG, op. cit.
71 Ibidem.
72 KISTEMAKER, op. cit.
73 STRONG, op. cit.
74 MORRIS, op. cit.
75 Ibidem.
76 KISTEMAKER, op. cit.
121

26.1 "Alguém que golpeia o ar": às vezes um boxeador esmurra, mas não acerta o adversário
e expõe-se a um contra-ataque.
26.1.1 Mostra que não está desperdiçando seus socos no ar. O apóstolo não perde
oportunidades na luta pelo Evangelho.
27 “Aplico socos”: (υπωπιαζω – hupopiazo) bater tanto a ponto de provocar contusões. Como um
boxeador que esmurra seu corpo, trata-o rudemente, disciplina-o pelo sofrimento77.
27.1 "Escravizar": uma metáfora para indicar o exercício de autocontrole para o seu propósito78.
27.2 "Depois de pregar aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado": controla seu
estilo de vida para que não seja acusado de pregar o Evangelho e negá-lo com a vida79.
27.2.1 “Reprovado”: refere-se aos galardões (1Co 3.14-15)80.
27.2.2 Dessa maneira mostrou que praticava o que ensinou no capítulo 8.

77 STRONG, op. cit.


78 KISTEMAKER, op. cit.
79 Ibidem.
80 MORRIS, op. cit.
122

CAPÍTULO 10

Paulo mostrou que a indevida demonstração de liberdade pode ferir o irmão fraco (cap. 8) e
prejudicar o ministério da Palavra (cap. 9). Agora mostra que esse uso de liberdade, de maneira
indevida, pode provocar decadência espiritual1. O apóstolo exemplifica seu ensino lembrando aos
leitores acontecimentos da história de Israel e usa esses incidentes como exemplos reais 2.

(1-13: advertências da história; 14-22: contra a idolatria; 23-33: liberdade de consciência)

1 “Pois”: essa conjunção liga o assunto atual ao anterior3.


1.1 “Nossos pais”: dá a entender que a nação de Israel assume o papel de antepassado
espiritual tanto para cristãos judeus como para gentios4.
1.2 “Debaixo da nuvem”: Paulo menciona o êxodo e a travessia do Mar Vermelho (Êx 13.21)5.
1.2.1 A nuvem e a coluna representavam a presença de Deus sobre seu povo.
1.2.1.1 “Nuvem”: (νεφελην – “nephele”) nuvem que conduziu os Israelitas no
deserto6.
1.2.2 "Todos passaram pelo mar": demonstra a fidelidade de Deus para com seu povo
no passado e garante sua confiabilidade no presente.
1.2.2.1 “Mar”: (θαλασσης – “thalassa”) usado especificamente para Mar
Mediterrâneo ou Mar Vermelho7.
2 “Batizados em Moisés”: Paulo faz uma ligação entre o sentido cristão do batismo em Cristo com
o êxodo8.
2.1 Tais experiências tiveram o efeito de unir o povo como seguidores de Moisés de maneira
tal, que se diz que foram batizados (dentro da ideia de que Moisés é um tipo de Cristo) 9.
2.1.1 Assim como o batismo submete o homem à liderança de Cristo, da mesma forma a
participação nos grandes eventos do Êxodo submeteu os israelitas a Moisés10.

1 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
2 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
3 Ibidem.
4 Ibidem.
5 Ibidem.
6 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
7 Ibidem.
8 KISTEMAKER, op. cit.
9 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
123

2.2 Compara a remissão do crente em Cristo com a remissão do povo hebreu por intermédio de
Moisés.
2.2.1 O batismo para o cristão simboliza uma separação do pecado e consagração a
Deus, sendo a marca da participação na sua redenção.
2.2.2 Moisés foi o mediador do primeiro pacto (Êx 24.4-8). Cristo é o Mediador do
novo pacto (Hb 7.22; 8.6; 9.15).
2.2.3 Assim como o povo de Deus tornou-se uma nação com Moisés, do mesmo modo o
povo de Deus hoje é o que é em Cristo.
2.3 "Na nuvem e no mar": ambos foram o meio pelo qual Deus separou o seu povo dos
egípcios (Êx 14.19-20; 23.31), relacionando-as com a identificação do povo de Deus.
2.3.1 Paulo usa-os em sentido figurado porque o povo nem entrou na nuvem, nem
mergulhou no mar11.
3 “Alimento”: em referência ao maná (Êx 16.15)12.
3.1 “Espiritual”: não quer dizer “imaterial” ou “invisível”, mas que foi dado de modo
sobrenatural13.
4 "Bebiam da rocha espiritual": referência à rocha que, ao ser ferida por Moisés, jorrava água
potável (ÊX 17.6; Nm 20.11)14.
4.1 A provisão com maná e água da rocha exemplifica o cuidado de Deus para com o seu
povo. A cada dia Deus matou a sede e a fome do seu povo.
4.2 O maná, a água e a própria rocha tinham sentidos espirituais, apontando para uma
fonte espiritual que é Cristo.
4.3 "Que os acompanhava": pode estar se referindo a lenda da rocha que fornecia água aos
israelitas.
4.3.1 Há uma lenda judaica de que uma rocha seguia os israelitas em todas as suas
peregrinações no deserto15. Porém, Paulo refere-se à preexistência de Cristo16.
4.3.1.1 O rio que saia da rocha seguia pelo caminho (cf. Sl 105.41)17.
4.3.1.2 Às vezes, o suprimento de água veio de uma rocha, outras vezes, de um
poço (Nm 21.16-18). Foi Deus quem proveu a água18.

10 METZ, op. cit.


11 Ibidem.
12 KISTEMAKER, op. cit.
13 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
14 KISTEMAKER, op. cit.
15 MORRIS, op. cit.
16 METZ, op. cit.
17 MACDONALD, op. cit.
18 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
124

4.3.2 Cristo esteve presente no deserto como está presente na Igreja hoje. A
rejeição dos israelitas que o provaram é uma lição apropriada e um lembrete para
esses coríntios que se envolvem com idolatria.
5 "Deus não se agradou da maior parte deles": apesar de todo o seu maravilhoso cuidado diário,
a vontade do povo hebreu era de voltar para o Egito e servir aos ídolos que eles mesmos
haviam feito e trazido consigo (Am 5.25-26; At 7.42-43)19.
5.1 As gerações que mais viram milagres foram as mais endurecidas20.
5.2 Os israelitas estavam no deserto, mas seus corações ainda estavam no Egito21.
5.3 "Maior parte deles": na realidade, só dois homens (Calebe e Josué) agradavam a Deus e
entraram na terra prometida. O restante morreu no deserto (Nm 14.29-30).
5.3.1 Média de cerca de 90 mortes por dia durante aquele período inteiro (38 anos no
deserto). Um lembrete severo e diário da ira de Deus.
5.4 “Prostrados”: (κατεστρωθησαν – “katastronnumi”) espalhar sobre (o chão); prostrar, matar
(Nm 14.16)22. Paulo dá um toque pitoresco (deserto coberto com cadáveres23) para
retratar a sentença de Deus24.
5.4.1 Os corpos saciados com alimento e água se espalharam por todo deserto25.
5.5 Por analogia, Paulo deseja que os coríntios saibam que seu recebimento do batismo e da
Ceia do Senhor não lhes garantia a vida eterna. Sem o compromisso diário com Cristo,
falta-lhes a segurança eterna e eles enfrentam a morte espiritual.
5.5.1 O descuido dos israelitas foi a causa de sua desaprovação26.
5.5.2 Ler a Bíblia, ser sido batizado, participar da ceia, frequentar a igreja, ouvir a
mensagem de Deus, cantar e orar ao Senhor não lhe garante o sucesso espiritual 27.
6 "Essas coisas": os acontecimentos históricos que Paulo havia mencionado anteriormente (a
nuvem, a travessia pelo Mar, os suprimentos e a desobediência do povo israelita)28.
6.1 “Exemplo”: (τυποι – “tupos”) num sentido ético, exemplo dissuasivo, padrão de
advertência (cf. v. 11)29.
6.2 Não devem ser tomadas como simples história. Deus tinha um propósito nelas30.

19 KISTEMAKER, op. cit.


20 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
21 MACDONALD, op. cit.
22 STRONG, op. cit.
23 METZ, op. cit.
24 MORRIS, op. cit.
25 MACDONALD, op. cit.
26 Ibidem.
27 LOPES, op. cit.
28 KISTEMAKER, op. cit.
29 STRONG, op. cit.
125

6.3 O exemplo de Israel era uma advertência sobre o que poderia acontecer se eles se
tornassem muito confiantes, e fizessem um mau uso da sua liberdade31.
6.4 “Não cobicemos as coisas más”: o perigo da liberdade é a cobiça das coisas más (da
velha vida), assim como aconteceu com os israelitas (Nm 11.4)32.
6.4.1 Os coríntios eram culpados dos mesmos pecados dos israelitas: imoralidade
(1Co 6); idolatria (1Co 8; 10) e murmurações (2Co 12.20-21)33.
7 Refere-se à vez em que Arão permitiu que o povo fizesse um ídolo (Êx 32.1-20)34.
7.1 "O povo assentou-se para comer...": citação da tradução Septuaginta de Êx 32.6.
7.1.1 O texto aponta para uma típica festividade idolátrica35.
7.2 “Se divertir”: (παιζειν – “paizo”) proporcionar hilaridade pelo canto engraçado, dança36.
7.2.1 Em ritos pagãos, as pessoas comiam e bebiam para honrar um ídolo. Danças que
seguiam à refeição frequentemente degeneravam em libertinagem (pecado sexual –
cf. v. 8).
7.2.2 Os coríntios que entravam nos templos na ocasião de festivais pagãos se
expunham a situações que poderiam levá-los a pecar.
8 Alusão ao evento em que os israelitas, instigados por Balaão, adoraram Baal-Peor, e se deram à
imoralidade (Nm 25.1-9; 31.16)37.
8.1 Este versículo lembra o grave perigo a que a tolerância para com a idolatria expõe os
homens38.
8.2 “Vinte e três mil”: o relato histórico de Moisés diz 24 mil (Nm 25.9). Números e 1Coríntios
usam números redondos. Paulo pode ter arredondou para o mínimo; Moisés para o máximo
(Josefo dá 14 mil apenas).
8.2.1 Ou pode também ter descontando os que foram mortos pelos juízes (Nm 25.5)39.
8.2.2 Paulo diz que pereceram de praga num só dia 23 mil pessoas. No AT, o número
24 mil descreve o total de pessoas que morreram de praga40.
9 Faz referência ao incidente das cobras (Nm 21.4-9)41.

30 MORRIS, op. cit.


31 METZ, op. cit.
32 Ibidem.
33 WIERSBE, op. cit.
34 KISTEMAKER, op. cit.
35 MORRIS, op. cit.
36 STRONG, op. cit.
37 KISTEMAKER, op. cit.
38 MORRIS, op. cit.
39 Ibidem.
40 MACDONALD, op. cit.
41 KISTEMAKER, op. cit.
126

9.1 “Tentemos”: (εκπειραζωμεν – “ekpeirazo”) provar, testar (inteiramente); colocar à prova o


caráter e o poder de Deus42.
9.1.1 A ideia é de ver até que ponto uma pessoa pode ir43.
9.1.2 Eles estavam tentando a Deus ao levar sua liberdade cristã ao limite44.
10 Murmuraram quando se levantaram contra Moisés (Nm 16.1-36)45.
10.1 “Destruidor”: em Sabedoria de Salomão 18.20-25, o escritor relata a presença de um
destruidor que infligia mal sobre Israel nessa narrativa.
10.2 Com esse exemplo tirado dos anais de Israel, o apóstolo aponta habilmente os perigos
de fazer reclamações contra Deus e seus servos.
11 Deus considerou apropriado registrar esses acontecimentos como lições instrutivas para advertir
seu povo em gerações sucessivas e em outras culturas. Deus espera que seu povo tome nota
da história bíblica46.
11.1 "Foi escrito como advertência": Deus admoesta seu povo pela sua Palavra Escrita.
11.2 “Sobre quem o fim dos tempos já chegou”: esse período inicia-se na encarnação de
Cristo e conclui-se em seu retorno.
11.2.1 Aqui existe a ideia de que a vinda de Cristo tem significado decisivo, pondo fim
a todas as eras anteriores47.
11.3 O pecado na igreja de hoje é muito mais sério do que o do povo que estava debaixo
da lei, pois podemos aprender com o exemplo deles48.
12 Paulo conclui seu levantamento da história de Israel e aplica as lições dela aos coríntios49.
12.1 “Aquele que pensa estar em pé”: os que confiam em si mesmo50.
12.1.1 Talvez se refira ao cristão que acredita ser capaz de satisfazer sua carne sem
ser afetado51.
12.1.2 Os coríntios orgulhavam-se de sua posição. Os israelitas foram presunçosos da
mesma maneira e só colheram desgraça.

42 STRONG, op. cit.


43 MORRIS, op. cit.
44 METZ, op. cit.
45 KISTEMAKER, op. cit.
46 Ibidem.
47 MORRIS, op. cit.
48 WIERSBE, op. cit.
49 KISTEMAKER, op. cit.
50 MORRIS, op. cit.
51 MACDONALD, op. cit.
127

12.1.3 Lembra os cristãos experientes e fortes na fé que não devem se tornar seguros
demais de sua capacidade de superar a tentação. A experiência deve ser
contrabalançada pela cautela52.
12.1.3.1 Nunca chegamos a um ponto de nossa jornada cristã em que nos vemos
inteiramente livres das tentações e de possíveis fracassos.
12.2 "Não caia": o exemplo de estar de pé e de cair representa um estado de fidelidade e um
estado de desobediência53.
12.2.1 “Caia”: (πεση – “pipto”) perder a autoridade, não ter mais força; falhar em
participar54.
12.2.2 Não está sugerindo a possibilidade de perderem a salvação, mas teme que
alguns deles sejam "desqualificados" (cf. 1Co 9:27), por Deus e incapazes de
receber qualquer recompensa55.
13 "Nenhuma tentação que não fosse humana": que alívio saber que Deus colocou limites!56
13.1 “Tentação”: (πειρασμος – “peirasmos”) experimento, tentativa, teste, prova57.
13.2 “Podeis resistir”: Deus impõe os limites para a tentação da pessoa de acordo com o que
ela pode suportar.
13.3 “Providenciará uma saída”: Deus salva o seu povo nas tentações, assim como fez com Ló
(2Pe 2.7-9). Assim como um pastor fiel salva sua ovelha extraviada, assim Deus guarda
seu povo e o livra dos apuros.
13.3.1 "Saída": (εκβασιν – “ekbasis”) caminho para fora58. Usado como referência a uma
passagem na montanha. A ideia é de um exército preso nas montanhas que
descobrem uma passagem para que possam escapar em segurança59.
13.3.2 O cristão que pensa ser capaz de permanecer em pé pode cair; mas o cristão que
foge é capaz de ficar em pé60.
13.4 "Para que possais suportar": o propósito do escape é de não desanimar diante da
tentação.
13.5 Alguns irmãos “fortes” da igreja estavam sendo tentados ao usar sua liberdade. Ao invés
da tentação vir até eles, eles estavam indo até a tentação.

52 WIERSBE, op. cit.


53 METZ, op. cit.
54 STRONG, op. cit.
55 WIERSBE, op. cit.
56 KISTEMAKER, op. cit.
57 STRONG, op. cit.
58 Ibidem.
59 METZ, op. cit.
60 WIERSBE, op. cit.
128

14 Dirige-se aos coríntios que dizem ser fortes para resistir a festas em templos pagãos61.
14.1 “Fugi”: (φευγετε – “pheugo”) escapar com segurança do perigo62.
14.1.1 O verbo está no imperativo presente, sugerindo que os coríntios deveriam adotar a
prática de fugir da presença do pecado63.
14.1.1.1 Não devemos fugir apenas da idolatria, mas de tudo que possa se
aproximar dela, ou mesmo levar a ela.
14.1.1.2 Ou seja, qualquer ritual que possua conotação idólatra64.
14.1.2 O cristão não deve experimentar o ponto máximo onde pode ir, mas a distância a
que pode fugir65.
14.2 Mesmo o ídolo não sendo nada, seu ambiente é religioso e implica culto. Então há o
perigo de trangredir o 1º mandamento da Lei.
14.3 “Idolatria”: embora a referência aqui seja específica, ela também pode ser aplicada a tudo
que possa ser colocado no coração, que possa vir a tomar o lugar da devoção a
Cristo66.
15 “Sensatas”: (φρονιμοις – “phronimos”) inteligente, sábio (ARC e NTLH)67.
15.1 Paulo apela para o orgulho que possuiam de sua sabedoria68.
15.2 “Julgai”: (κρινατε – “krino”) separar, colocar separadamente, selecionar, escolher69.
15.2.1 Devem discernir o que é central neste assunto e o que é periférico70.
15.3 Para isso, Paulo irá usar duas ilustrações: a Santa Ceia e os sacrifícios judaicos71.
16 "Cálice da bênção": durante a Páscoa judaica, os participantes bebiam, a intervalos
preestabelecidos, de 4 copos. O 3º cálice era conhecido como “o cálice da bênção”. Na
apresentação desse terceiro cálice, Jesus instituiu a Ceia do Senhor (Lc 22.17-20)72.
16.1 “Que abençoamos”: refere-se à espécie de oração usada sobre ele, que tem o efeito de
agradecer73 e consagrar o cálice (separá-lo para um uso santo)74.

61 KISTEMAKER, op. cit.


62 STRONG, op. cit.
63 METZ, op. cit.
64 LOPES, op. cit.
65 MORRIS, op. cit.
66 METZ, op. cit.
67 STRONG, op. cit.
68 MORRIS, op. cit.
69 STRONG, op. cit.
70 KISTEMAKER, op. cit.
71 LOPES, op. cit.
72 KISTEMAKER, op. cit.
73 METZ, op. cit.
74 MORRIS, op. cit.
129

16.2 “Comunhão do sangue... do corpo de Cristo”: na Ceia os elementos (pão e vinho) que
são comidos simbolizam a união do cristão com o Senhor.
16.2.1 Representa a verdadeira participação na obra redentora de Cristo75.
16.2.2 Quando bebemos do cálice dizemos que somos participantes de todas as bençãos
que fluem do sangue de Cristo. A mesma ideia se aplica ao pão que, ao comermos,
declaramos que somos salvos por meio da oferta do corpo de Cristo na cruz,
portanto somos membros do seu corpo76.
16.3 Na instituição da Antiga Aliança, os líderes de Israel (Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e 70
anciãos) subiram ao Sinai e participaram de uma refeição pactual com Deus (Êx 24.9-
11).
17 “Há somente um pão”: o Cristianismo e o paganismo são mutuamente excludentes77.
17.1 O único pão que era usado na Ceia simbolizava a unidade78.
17.2 “Somos um só corpo, pois todos participamos do mesmo pão”: na Ceia não é apenas
a união com Cristo que é exemplificada, mas a união dos cristãos.
18 “Participantes do altar”: trata-se da oferta pacífica. O povo sacrificava no templo e, parte da
oferta era queimada no altar; outra parte era reservada ao sacerdote, e outra parte era entregue
ao ofertante e seus amigos para ser consumida no mesmo dia. Todos os que comiam do
sacrifício se identificavam com Deus e com a nação de Israel79.
18.1 Assim como acontecia com o povo de Israel, participar do banquete oferecido a um ídolo
em seu templo representa comunhão com ele.
18.2 Os que recebem o alimento do sacrifício entram em comunhão com tudo que o altar
representa80.
19 Reintera o que ensinou em 1Co 8.4-6.
19.1 "Estou dizendo": a declaração enigmática de Paulo no versículo anterior pode ser mal-
interpretada e precisa ser expandida81.
19.1.1 A dificuldade está no pecado de adorar um ídolo aderindo a crenças que estão
envolvidas no ato de se juntar a esse culto.
20 “Sacrificaram-nas a demônios”: Paulo não se refere aos gentios, mas aos israelitas que
cultuaram o bezerro de ouro no deserto (Dt 32.15-18)82.

75 METZ, op. cit.


76 MACDONALD, op. cit.
77 KISTEMAKER, op. cit.
78 MORRIS, op. cit.
79 MACDONALD, op. cit.
80 MORRIS, op. cit.
81 KISTEMAKER, op. cit.
130

20.1 “Comunhão”: (κοινωνους – “koinonos”) companheiro, sócio, que compartilha na


adoração, cúmplice83.
20.2 Paulo ensina que o culto de ídolos é vão e vazio. Mas ele também enxerga por trás dos
ídolos a presença de Satanás e suas legiões.
20.2.1 Só porque os ídolos não são nada, isso não quer dizer que podem ser tratados
sem risco84.
20.2.1.1 Há forças demoníacas associadas ao culto idólatra. O homem que toma
parte nesses rituais está se colocando sob a sua influência85.
20.2.2 A ênfase agora não está no objeto de madeira ou pedra, mas no conceito
"idolatria".
20.2.3 Embora um ídolo em si nada seja, os demônios que induzem as pessoas a
adorar um ídolo são poderosos.
20.2.3.1 Eles fazem uso da inclinação dos homens para cultuarem ídolos86.
20.3 Quando os coríntios fortes participavam de um festival que honrava um ídolo num templo
pagão, eles realmente adoravam demônios.
20.3.1 Se na Santa Ceia o crente está em contato com Jesus, na mesa do ídolo ele está
em contato com os demônios87.
20.3.2 A essência desse assunto reside na participação do culto ao ídolo, que
representava uma reversão ao paganismo88.
21 Pelo fato de terem comunhão com Cristo, eles não devem ter nada que fazer com os ídolos.
Ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6.24; Lc 16.13)89.
21.1 No apogeu dos banquetes pagãos eram feitas três saudações em honra aos deuses. Um
crente não podia tomar parte em tal rito sem ofender a sua consciência90.
21.2 Sentar-se à mesa de um ídolo poderia significar ter comunhão ("se associar") com
demônios91.

82 KISTEMAKER, op. cit.


83 STRONG, op. cit.
84 MORRIS, op. cit.
85 METZ, op. cit.
86 MORRIS, op. cit.
87 LOPES, op. cit.
88 METZ, op. cit.
89 KISTEMAKER, op. cit.
90 METZ, op. cit.
91 WIERSBE, op. cit.
131

22 "Provocando os ciúmes do Senhor": outra alusão ao Cântico de Moisés (Dt 32.16). Devem
atentar para a lição que Israel teve de aprender no deserto e não cometer o pecado da idolatria
(“participando da mesa de demônios”)92.
22.1 O ciúme pode transformar um amigo em inimigo: José e seus irmãos (Gn 37.4, 28).
22.1.1 Esse sentimento deve ser entendido no contexto da posição de Israel como povo
especial de Deus.
22.1.2 Os coríntios não percebem o significado de tomar parte nas festas idólatras93.
22.2 “Somos mais fortes do que ele”: um coríntio que afirma ser forte deve perguntar a si
mesmo se pensa que é mais forte do que o próprio Deus, por querer e fazer o que
Deus não quer.
22.2.1 Alguns diziam: “a minha consciência não me acusa”94.
22.2.2 Provocar o Senhor é loucura95. É perigoso brincar com o pecado e tentar a Deus96.
22.2.3 O cristão deve temer desagradar o Senhor ou provocar sua indignação justa 97.
22.3 Paulo está dizendo que o crente é livre, mas não para fazer o que Deus condena98.

23 Semelhante a 1Co 6.12 (sobre a imoralidade), porém, em contexto diferente (liberdade).


23.1 “Nem todas são proveitosas”: réplica para o lema coríntio99.
23.2 "Edificantes": edificar sempre é em benefício de outra pessoa (cf. 1Co 8.1)100.
23.2.1 Significa construir, fortalecer ou alimentar101. Sempre devemos agir de maneira
que fortaleça os outros na fé, e não os coloquem em dúvida de fé.
23.2.2 É mais importante evitar questões que não edificam do que afirmar os próprios
direitos102.
23.3 O cristão tem o direito de fazer qualquer coisa que não seja pecaminosa em si, porém
considerações sobre a conveniência e o bem-estar dos outros colocam limites práticos
a esta liberdade103.

92 KISTEMAKER, op. cit.


93 MORRIS, op. cit.
94 LOPES, op. cit.
95 MORRIS, op. cit.
96 WIERSBE, op. cit.
97 MACDONALD, op. cit.
98 LOPES, op. cit.
99 KISTEMAKER, op. cit.
100 KISTEMAKER, op. cit.
101 METZ, op. cit.
102 MORRIS, op. cit.
103 METZ, op. cit.
132

23.4 A marca da maturidade é a capacidade de contrabalançar nossa liberdade com


responsabilidade; de outro modo, deixa de ser liberdade e se transforma em anarquia104.
24 Princípio análogo ao princípio do amor (cf. Mt 22.39; Rm 13.10; 15.2; 1Co 8.1b; Fp 2.4).
24.1 “Próprio bem”: interesse próprio. Não devemos usar nossa liberdade de modo
egoísta105.
24.2 Edificar e buscar o bem de outra pessoa é a mesma coisa106.
24.2.1 Nosso objetivo deve ser levar-nos uns aos outros à perfeição107.
24.2.2 Não somos livres para prejudicar outro cristão108.
25 Paulo começa a aplicar os princípios de liberdade cristã a circunstâncias que os leitores
encontrariam109.
25.1 “Mercado”: conhecido como o makellon. Os rabis estipulavam que os judeus não
comprassem carne sacrificada nos mercados. Provavelmente alguns desses judeus
pertencessem ao grupo de Cefas e estivessem questionando outros irmãos ao consumo de
carne sacrificada.
25.2 Paulo mostra que, fora do ambiente religioso, a carne perde seu significado idólatra.
25.3 É óbviu que Paulo se dirige aos irmãos de consciência fraca.
26 Citação do Salmo 24.1 (cf. Sl 50.12; 89.11).
26.1 Tudo que existe pertence ao Senhor e não a ídolo.
26.2 A literatura judaica afirma que essa citação era usada em orações na hora da refeição110.
26.3 Mesmo que algo tenha acontecido com o alimento, sua origem divina faz com que seja
certo comê-lo111.
26.4 O mau uso de alguma coisa por parte do mundo não precisa impedir o crente de usá-
la para o Senhor112.
27 “Incrédulo vos convidar”: os coríntios poderiam participar da comida sacrificada em um
ambiente que não fosse de culto.
27.1 “Comei de tudo”: cf. Lc 10.8.
27.2 “Sem nada perguntar”: fazer perguntas sobre a comida e depois se recusar a comê-la
seria uma afronta desnecessária para o anfitrião113.

104 WIERSBE, op. cit.


105 MORRIS, op. cit.
106 KISTEMAKER, op. cit.
107 METZ, op. cit.
108 WIERSBE, op. cit.
109 KISTEMAKER, op. cit.
110 KISTEMAKER, op. cit.
111 MORRIS, op. cit.
112 METZ, op. cit.
133

27.2.1 O cristão tem compromissos familiares e sociais que não devem ser desfeitos.
Mediante esses elos, poderão fazer progredir a causa de Cristo.
27.2.2 Não devemos erguer uma barreira desnecessária entre nós e um anfitrião gentio.
28 “Se alguém vos disser”: ao expressar que a carne é sacrificada, o informante dá a entender
que ele a reconhece como tal, considerando um favorecimento a idolatria o ato de comê-la114.
28.1 “Por causa daquele que vos advertiu e por motivo de consciência”: a restrição é
devido à fragilidade de consciência daquele que advertiu (cf. v. 29), para não dar a
impressão de tolerância para com a idolatria.
28.2 O informante parece ser um cristão escrupuloso (maioria dos intérpretes), o próprio
anfitrião gentio, ou um incrédulo115.
29 “Mas da consciência do outro”: a negação afetaria a consciência de um gentio (cf. v. 32)116.
29.1 Ao ser informado o cristão é colocado à prova. O gentio está observando para ver se ele
vive de acordo com os princípios cristãos.
29.2 “Por que seria julgada a minha liberdade”: outros nos condenarão se nós exercermos
nossa liberdade cristã de modo impróprio.
29.2.1 A ação que para o forte é simples exercício da liberdade não deve ser
transformada em meio de ofensa a outrem117.
30 A pergunta segue a lógica da anterior. Se seu próximo discorda de sua decisão de comer da
carne sacrificada, a sua oração é ineficaz118.
30.1 Se um cristão não pode orar sinceramente por causa de crítica adversa, ele deve se
abster de comer carne sacrificial e assim evitar trazer um possível descrédito à causa de
Cristo (Rm 14.16).
31 “Fazei tudo para a glória de Deus”: a liberdade deve ser usada para que Deus seja glorificado
(cf. Cl 3.17).
31.1 Devemos viver a vida, até nas atividades diárias, de forma que exalte a bondade e a
graça de Deus119.
31.1.1 Não podemos glorificar a Deus a não ser que nossa vida esteja em harmonia
com ele e seus preceitos.
31.1.2 O mundo deve poder ver que somos povo de Deus.

113 KISTEMAKER, op. cit.


114 MORRIS, op. cit.
115 KISTEMAKER, op. cit.
116 KISTEMAKER, op. cit.
117 MORRIS, op. cit.
118 KISTEMAKER, op. cit.
119 KISTEMAKER, op. cit.
134

31.1.3 Nas atividades que não são especificamente boas ou más a questão principal
deverá ser: “O que poderá trazer glória à causa de Deus?”120 Antes de participar
desta atividade, poderei curvar a cabeça e perdir que o Senhor seja engrandecido
por meio daquilo que estou prestes a fazer?121
31.2 Não podemos glorificar a Deus fazendo outro cristão tropeçar122.
32 Retorna ao princípio em 1Co 8.9 e adiciona os gentios também como fracos que devem ser
cuidados segundo a nossa liberdade.
32.1 Um cristão deve procurar viver de modo inculpável onde quer que esteja123.
33 “Agradar”: viver de maneira que não promova barreiras a tais pessoas.
33.1 Não é o exercício da liberdade pessoal que atrai os homens, mas o exercício da “liberdade
de servir” aos semelhantes124.
33.2 “Para que sejam salvos”: aqui se inclui os judeus, gregos e, também, a Igreja de Deus. O
objetivo do uso da liberdade em amor é para salvar o perdido (tornando-o mais receptivo ao
evangelho) e salvar o salvo de sua consciência fraca.
33.2.1 Temos também a responsabilidade de procurar ganhar almas para Cristo. Não
devemos colocar qualquer empecilho para que outros creiam no Senhor125.

CAPÍTULO 11

1 “Sede meus imitadores”: conclui exigindo-os uma vida como a do apóstolo, que abre mão de
sua liberdade e direitos para o benefício do próximo.
1.1 “Como também eu sou de Cristo”: nós seguimos Cristo, não no sentido de suportar a
agonia e a dor no Getsêmani e no Calvário. Mas é mostrando nosso amor e gratidão e
guardando seus preceitos que caminhamos nos passos dele126.
1.1.1 Ao dizer isso, Paulo os induz para longe de si. A razão para imitá-lo é que ele
imita a Cristo. O seu exemplo os dirigirá ao Salvador127.

120 METZ, op. cit.


121 MACDONALD, op. cit.
122 WIERSBE, op. cit.
123 KISTEMAKER, op. cit.
124 METZ, op. cit.
125 WIERSBE, op. cit.
126 KISTEMAKER, op. cit.
127 MORRIS, op. cit.
135

IMPLICAÇÕES CONTEMPORÂNEAS

Embora as culturas tenham mudado e o ambiente seja diferente, a luta entre o Cristianismo e o
paganismo continua. As pressões constantes sobre os cristãos no mundo de hoje os testam.
Vigiados de perto pelo mundo, espera-se que os cristãos honrem sua palavra, mantenham sua
integridade moral e evitem até mesmo a aparência do mal128.

Diariamente os cristãos precisam tomar decisões que muitas vezes exigem concessões. Paulo dá o
princípio básico de fazer tudo: a glória de Deus129. Esses princípios se aplicam perfeitamente a
questões de vestuário, comida e bebida, padrões de vida e formas de lazer130.

A maneira de usarmos nossa liberdade e de nos relacionarmos com os outros indica se temos
maturidade em Cristo. Os irmãos e irmãs fortes e fracos precisam trabalhar juntos em amor, a fim de
edificar uns aos outros e de glorificar a Jesus Cristo131.

Para decidir assuntos adiáforos (aquilo que não é obrigatório, nem proibido; moralmente indiferente132)
semguem os princípios que devemos ponderar133:

 É lícito? (1Co 9.21b; 10.23a);


 Edifica-me? (1Co 10.23);
 É escravizante? (1Co 6:12b);
 É útil para outras pessoas? (1Co 8:9; 10.24, 33);
 Glorifica ao Senhor? (1Co 10:31);
 Contribuirão para ganhar almas para Cristo? (1Co 10:33).

128 KISTEMAKER, op. cit.


129 KISTEMAKER, op. cit.
130 MACDONALD, op. cit.
131 WIERSBE, op. cit.
132 CAMPOS JR. H. C. Tomando decisões segundo a vontade de Deus. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2013.
133 WIERSBE, op. cit.
136

CAPÍTULO 11

Aqui é abordado o comportamento dos homens e mulheres no culto1 e a Ceia do Senhor. Algumas
mulheres "emancipadas" de Corinto tinham dispensado o uso do véu no culto o que era uma marca de
baixa moral2 (talvez pelo espírito da liberdade que prevalecia na igreja, alguns podem ter entendido
que não havia mais necessidade de observar tal costume3). As instruções acerca do uso do véu não
poderiam ser restringidas somente ao culto público4. Outros estavam tumultuando a Ceia5.

(2-16: o homem e a mulher no culto; 17-34: a Ceia do Senhor)

2 “Eu vos elogio”: com exceção da seção introdutória (1.4-9), nenhuma outra passagem nessa
epístola tem palavras de louvor pelos coríntios6.
2.1 "Em tudo vos lembrais de mim": pode se referir às orientações para o culto público7.
2.2 “Tradições”: (παρεδωκα – “paradidomi”) comandos, ritos; proferir pela narração, relatar8.
2.2.1 Eram os ensinos apostólicos que deveriam ser mantidos (cf. Lc 1.1-2; 2Ts 2.15;
2Tm 2.2). Tais ensinos eram considerados de grande importância (Hb 2.3). Não
confundir com a interpretação oral do AT (Halakah; ou Mishna e Talmude) que
foram censuradas por Jesus (Mt 15.1-6; Mc 7.3-13; Cl 2.8)9 (ARC – preceitos; BAM
e NTLH – instruções).
2.3 Uma igreja que merece louvor é aquela que segue com firmeza a Palavra de Deus.
3 Embora façam bem em seguir o ensino dos apóstolos, devem saber que a autoridade da Igreja
é Cristo, assim como o homem é para a mulher e Deus é para Cristo (Gl 1.8).
3.1 “Cabeça”: (κεφαλη – “kephale”) autoridade10; mestre senhor11.
3.2 Esse é o princípio de liderança da igreja: o Pai – Cristo – homem – mulher12.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
3 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
4 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
5 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
6 KISTEMAKER, op. cit.
7 MORRIS, op. cit.
8 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
9 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
10 Ibidem.
11 STRONG, op. cit.
12 WIERSBE, op. cit.
137

3.3 “Da mulher”: indica a esposa (paralelo a Ef 5.22-23)13.


3.3.1 Esta autoridade não implica necessariamente superioridade de uma parte e
inferioridade de outra. Assim como Cristo em sua essência é igual ao Pai, a mulher
em seu ser e valor é igual ao homem.
3.4 Paulo comenta a favor de um companheirismo onde o homem é o chefe (cf. v. 11)14.
3.4.1 Dessa forma, o marido é igual à esposa, mas é também o chefe da casa15.
3.4.2 Na posição que Deus a estabeleceu, ela está sujeita ao marido. Assim como Cristo
se submeteu ao Pai, a mulher deve se submeter ao marido como cabeça16.
4 Paulo faz referência ao culto público, tendo em vista o contexto dos caps. 11-1417.
4.1 “Ora ou profetiza”: fala sobre a oração audível pronunciada no culto.
4.1.1 “Profetizar”: (προφητευων – “propheteuo”) pregar, ensinar ou explicar a revelação
de Deus.
4.2 “Cabeça coberta”: era um sinal de honradez e sujeição da mulher para com o homem18.
4.2.1 As roupas dos homens e das mulheres eram muito parecidas, exceto pela
“cobertura da cabeça”. Uma mulher decente usava véu. Somente as prostitutas
tinham ousadia e coragem de sair às ruas sem o véu19.
4.2.2 Paulo faz objeção ao obscurecimento da distinção entre gêneros. Orienta a
demonstrarem a distinção visual entre homens e mulheres20.
4.2.3 Durante o culto (e até nas devocionais21) e orações, judeus e romanos
costumavam cobrir a cabeça com uma veste ou manto (judeu), ou toga
(romanos), em sinal de reverência22.
4.2.3.1 Entre os homens gregos, somente os escravos cobriam a cabeça em
público, pois isso era sinal de liberdade23.
4.2.3.2 Orar de cabeça descoberta era algo novo para Paulo24.
4.2.4 Os coríntios também deveriam ser diferentes dos pagãos em sua prática cristã25.

13 KISTEMAKER, op. cit.


14 MORRIS, op. cit.
15 METZ, op. cit.
16 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
17 KISTEMAKER, op. cit.
18 PFEIFFER, op. cit.
19 LOPES, op. cit.
20 KISTEMAKER, op. cit.
21 Ibidem.
22 PFEIFFER, op. cit.
23 METZ, op. cit.
24 MORRIS, op. cit.
25 KISTEMAKER, op. cit.
138

4.2.5 O termo εχων (echo – “cobrir”) dá a ideia de “posse”; “poder sobre”; ou “debaixo
da autoridade de alguém”26.
4.3 “Desonra sua cabeça”: sua própria cabeça ou o seu cabeça (Cristo)27.
4.3.1 Como o homem não está sujeito deste modo a nenhuma criatura, desonra sua
cabeça, se a cobre quando ora28. Pois indica não reconhecer Cristo como sua
autoridade29.
5 Primeiramente, Paulo demonstra que mulheres podem participar do culto público, ou solene
(orando e/ou profetizando).
5.1 Há uma igualdade entre homens e mulheres na igreja. No AT o homem era
representante da mulher, mas no NT homem e mulher são um só em Cristo (Gl 3.28)30.
5.1.1 O ministério das mulheres deve ser exercido reconhecendo a dignidade dela e
sujeição ao marido31.
5.2 Paulo se preocupa com a atitude de conservar um relacionamento adequado nos lares,
e com o sustento da boa reputação da mulher cristã32.
5.2.1 Descobrir a cabeça em público, era um gesto de renuncia à subordinação de seu
marido, apropriando-se da autoridade que pertence a ele33.
5.3 “Como se estivesse com a cabeça rapada”: até hoje, uma mulher ter a cabeça rapada é
humilhante e vergonhoso34.
5.3.1 Adúlteras tinham seus cabelos tosados para serem identificadas como prostitutas.
5.3.1.1 Inclusive no meio judeu (Nm 5.18)35.
5.3.2 Paulo quer dizer que desonrar o marido atrairia maus olhares da sociedade,
causando vergonha a sua família e a si mesma.
5.3.2.1 Uma mulher sem véu em um culto em Corinto seria o mesmo que uma
mulher com traje de banho em um culto hoje36.
5.3.3 A subordinação ao homem também deve ser reconhecida no culto37.

26 STRONG, op. cit.


27 KISTEMAKER, op. cit.
28 MORRIS, op. cit.
29 MACDONALD, op. cit.
30 KISTEMAKER, op. cit.
31 LOPES, op. cit.
32 METZ, op. cit.
33 KISTEMAKER, op. cit.
34 Ibidem.
35 METZ, op. cit.
36 LOPES, op. cit.
37 MORRIS, op. cit.
139

5.4 O NT não permite às mulheres ocupação no presbitério (1Tm 3.2); pois não devem exercer
autoridade sobre os homens (1Tm 2.11-15) e nem julgar profecias (1Co 14.24-35)38.
5.5 Algumas irmãs de Corinto começaram um movimento de libertação da mulher,
quebrando paradigmas e causando confusão no culto39.
6 Não se subemeter a autoridade do marido é tão vergonhoso quanto rapar a cabeça
(assemelhar-se a uma prostituta)40.
6.1 Coloca a esposa na posição de escolher: 1) sair sem véu e rapar a cabeça para fazer
companhia às mulheres de má fama; ou 2) usar o véu e associar-se às mulheres
respeitáveis.
6.1.1 Quem deve tomar a decisão é a mulher, e não o marido, de acordo com sua
disposição para ser submissa.
6.2 Como as culturas diferem, o que deve ser mantido é o princípio de que as mulheres devem
honrar e respeitar seus maridos e estes devem amá-las e guia-las.
6.3 O véu era uma questão de segurança. Protegia a reputação e o casamento da mulher41.
7 "Pois": essa conjunção dá a entender que a passagem inteira é uma explicação dos versículos
anteriores (vv. 5-6)42.
7.1 “Imagem”: (εικων – “eikon”) alguém no qual a semelhança de outro é vista43.
7.1.1 O homem foi designado para ser um representante do seu Criador a fim de
exibir os seus atributos44.
7.1.2 Na relação de autoridade com a criação e com sua esposa, o homem retrata o
domínio de Deus sobre a criação e a autoridade de Cristo sobre sua Igreja45.
7.2 A mulher tem o lugar que lhe é próprio, mas não é o lugar do homem46.
7.3 "É a glória do homem": a mulher não é a imagem do homem. Eva foi criada a imagem de
Deus também (Gn 1.27).
7.3.1 Ela é de tamanha significância que é chamada de glória do homem47.
7.3.2 Esta expressão lhe assegura um alto lugar e, ao mesmo tempo, o distingue do
lugar do homem48.

38 WIERSBE, op. cit.


39 LOPES, op. cit.
40 KISTEMAKER, op. cit.
41 LOPES, op. cit.
42 KISTEMAKER, op. cit.
43 STRONG, op. cit.
44 METZ, op. cit.
45 KISTEMAKER, op. cit.
46 MORRIS, op. cit.
47 Ibidem.
48 Ibidem.
140

7.4 "Glória": o homem rende glória a Deus honrando-o; do mesmo modo a esposa traz glória
ao seu marido.
7.5 Ao usar o relato da criação, Paulo mostra que esse princípio de submissão não é algo a
ser praticado em uma época específica49.
8 “Veio”: (εκ – “ek”) de dentro de, de, por, fora de50.
9 Na criação, Deus fez uma distinção eterna entre os sexos, revelando o propósito de ambos51.
9.1 "Por causa do homem": o fato de Eva ter sido criada para dar assistência a Adão sugere
que ela é sujeita a ele. Deus deu a mulher um papel de apoio e submissão (Gn 2.18).
9.2 Nem em sua origem (v. 8), nem no propósito para o qual ela foi criada, pode a mulher
reinvindicar prioridade, ou mesmo igualdade52.
10 “Autoridade”: (εξουσιαν – “exousia”) poder de escolher, liberdade de fazer como se quer53.
10.1 Não significa autoridade da mulher, mas sua sujeição à autoridade do marido54.
10.2 "Trazer autoridade sobre a cabeça": trazer poder, honra e dignidade. Ao cobrir a sua
cabeça a mulher assegura o seu próprio lugar de dignidade e autoridade, ao mesmo
tempo em que reconhece sua subordinação55.
10.3 “Por causa dos anjos”: os escritos de Qumran nos ensina que, numa assembleia sagrada,
é uma ofensa aos santos anjos presentes nos cultos uma mulher sem véu56.
10.3.1 Reflete a crença de que toda a criação de Deus participa de alguma forma, da
adoração pública57.
10.3.2 Uma mulher possui autoridade à medida que mostra respeito na presença dos
anjos de Deus.
10.3.3 Os anjos testemunharam a usurpação de autoridade pela mulher na queda. Seria
um modo de dar bom testemunho as mulheres diante deles58.
10.3.4 Os anjos também conhecem seu devido lugar e demonstram respeito ao
cobrirem o rosto ao adorar a Deus (Is 6.2-3)59.
11 Expressão incomum para a época.
11.1 Paulo evita ser entendido de forma indevida60.

49 MACDONALD, op. cit.


50 STRONG, op. cit.
51 KISTEMAKER, op. cit.
52 MORRIS, op. cit.
53 STRONG, op. cit.
54 MACDONALD, op. cit.
55 MORRIS, op. cit.
56 KISTEMAKER, op. cit.
57 METZ, op. cit.
58 MACDONALD, op. cit.
59 WIERSBE, op. cit.
141

11.2 “Independente”: (χωρις – “choris”) separado, a parte; sem algo; ao lado61.


11.3 Paulo transmite a idéia de que, com respeito ao nascimento natural, homens e mulheres
compartilham de igualdade e são interdependentes62.
11.4 Portanto, o homem não deve jactar-se de sua posição63.
12 "O homem nasce da mulher": não se refere ao relato de Gênesis, mas ao processo comum de
nascimento64.
12.1 "Tudo vem de Deus": não se deve pensar no homem e na mulher como seres
independentes.
13 Paulo omite o verbo profetizar, pois a ênfase aqui não está na função, mas na maneira65.
13.1 "É adequado": participar de um culto exige um decoro apropriado (Is 6.2-3).
13.2 "Cabeça descoberta": a mulher deve manter sua honra e dignidade feminina em público.
14 “Natureza”: (φυσις – “phusis”) natureza das coisas, força, leis, ordem da natureza66 (instinto) – cf.
Tg 3.7.
14.1 O cabelo longo era uma das distinções do sexo feminino. Os homens cortavam seus
cabelos frequentemente67, mantendo o cabelo mais curto que o das mulheres (na maioria
das culturas)68.
14.1.1 Em alguns casos, entre os antigos gregos (os espartanos e alguns filósofos),
homens tiveram cabelo comprido, mas em termos gerais homens tinham cabelo
curto69.
14.1.2 Já as mulheres deixavam o cabelo crescer70.
15 As diferenças criacionais do sexo devem ser demonstradas também no código de vestuário71
(Dt 22.5).
15.1 Na cultura atual um chapéu não significa subordinação ao marido. O princípio aqui é que a
mulher seja distintamente feminina com respeito ao cabelo e a roupa e que cumpra o
papel que Deus tencionou desde a criação72.

60 MORRIS, op. cit.


61 STRONG, op. cit.
62 KISTEMAKER, op. cit.
63 MORRIS, op. cit.
64 Ibidem.
65 KISTEMAKER, op. cit.
66 STRONG, op. cit.
67 PFEIFFER, op. cit.
68 MACDONALD, op. cit.
69 MORRIS, op. cit.
70 KISTEMAKER, op. cit.
71 Ibidem.
72 Ibidem.
142

15.2 O véu é apenas um sinal exterior de uma graça interior. A mulher pode cobrir a cabeça e,
ainda assim, não ser verdadeiramente submissa73.
16 "Alguém": o termo que Paulo enprega é geral não se dirigindo nem a homens, nem a mulheres,
muito menos a um grupo de pessoas74.
16.1 “Quiser discutir”: (φιλονεικος – “philoneikos”) que gosta de briga, contencioso75.
16.1.1 Pessoas assim só prolongam indefinidamente uma argumentação76.
16.2 "Nós": os líderes das igrejas (os apóstolos).
16.3 "Tampouco as igrejas de Deus": Paulo apela ao testemunho da Igreja Cristã inteira.
16.4 Há princípios na igreja que são indiscutíveis, incontestáveis, indubitáveis e inegociáveis.
16.4.1 A decência do cristão no culto e a distinção sexual e posicional são uma delas
(cf. 1Co 14.40)77.
16.4.2 Esse princípio elimina os chamados unissex78.
16.5 Paulo poderia ter resolvido esse problema por meio de decretos; porém, explicou
pacientemente os princípios que apoiavam os ensinamentos que havia transmitido à
igreja79.

17 “Não vos elogio”: agora, Paulo faz um contraste com a afirmação positivo do v. 280.
17.1 “Dou”: (παραγγελλων – “paraggello”) transmitir, declarar, comandar, ordenar81.
17.2 “Vossas reuniões causam mais mal do que bem”: Paulo soube do comportamento
impróprio dos coríntios durante a celebração da Ceia.
17.2.1 A Comunhão estava tendo um efeito dilacerante82, de declínio espiritual83.
17.2.2 Isso nos mostra que é possível sair de cultos prejudicados, e não edificados84.
18 “Há divisões entre vós”: as divisões mencionadas aqui diferem das mencionadas no início da
carta. Os abastados se separavam dos mais humildes na celebração da Ceia (cf. v. 21-22).
18.1 “Divisões”: (σχισματα – “schisma”) rasgão85.

73 MACDONALD, op. cit.


74 KISTEMAKER, op. cit.
75 STRONG, op. cit.
76 MORRIS, op. cit.
77 Ibidem.
78 WIERSBE, op. cit.
79 Ibidem.
80 KISTEMAKER, op. cit.
81 STRONG, op. cit.
82 MORRIS, op. cit.
83 METZ, op. cit.
84 MACDONALD, op. cit.
85 STRONG, op. cit.
143

18.1.1 As divisões afetaram até a mais santa das práticas de culto86.


18.2 “Quando vos reunis como igreja”: refere-se a cultos. Os cultos eram celebrados em
casas particulares ou, às vezes, ao ar livre. Provavelmente a igreja em Corinto se reunia
nas casas de membros prósperos87.
18.2.1 Durante os cultos, as cartas de Paulo eram lidas. O próprio os instruía a trocarem
cartas (Cl 4.16; 1Ts 5.27). Essas cartas eram colocadas no mesmo nível das
Escrituras do AT e recebiam status canônico.
18.3 “Em parte acredito nisso”: Paulo tem cautela para evitar que o causem de falar
irrefletidamente88.
18.3.1 Paulo não era daquele que acreditava em tudo que ouvia, mas reconhecia parcela
de verdade nos boatos89.
19 “Divergências”: (αιρεσεις – “hairesis”) um grupo de homens escolhendo seus próprios
princípios (seita ou partido). Dissensões originadas da diversidade de opiniões e objetivos90.
19.1 A princípio não possui sentido pejorativo, mas pode ser uma das "obras da carne" (Gl
5.20). É este o sentido aqui, relacionando-se com as "divisões" do v. 1891.
19.1.1 Geralmente é assossiada a uma escolha errada, portanto falsa doutrina92.
19.2 “É até necessário”: aparente contradição com o v. 18. As dissensões são separações
voluntárias daqueles que não ensinam a doutrina de Cristo93.
19.2.1 Esse versículo parece ter a forma de uma sátira94.
19.3 “Os aprovados se tornem manifestos”: os crentes verdadeiros devem se apartar de
grupos hostis ao evangelho (2Co 6.14-18)95.
19.3.1 "Aprovados": (δοκιμοι – “dokimos") aprovado, particularmente de moedas e
dinheiro96. Os aprovados são conhecidos quando surgem divisores97.
19.4 “Em vosso meio”: descrentes se infiltram no meio da igreja com seu ensino e estilo de
vida causando rupturas98.

86 MORRIS, op. cit.


87 KISTEMAKER, op. cit.
88 Ibidem.
89 MORRIS, op. cit.
90 STRONG, op. cit.
91 MORRIS, op. cit.
92 METZ, op. cit.
93 KISTEMAKER, op. cit.
94 METZ, op. cit.
95 KISTEMAKER, op. cit.
96 STRONG, op. cit.
97 MORRIS, op. cit.
98 KISTEMAKER, op. cit.
144

20 “Não é para comer a ceia do Senhor”: as desordens eram tantas que davam ao ritual um caráter
diferente. Não é mais do Senhor99.
20.1 A Santa Comunhão é o mais solene e digno dos ofícios litúrgicos.
20.1.1 Junto com o batismo constitui os sacramentos propostos pelo Senhor100.
20.2 Paulo, aqui, combate o ritualismo. Você pode celebrar a Ceia e, ainda assim, não usufruir
das bênçãos da comunhão da Mesa do Senhor devido motivação errada101.
21 A igreja primitiva realizava a festa de amor (ou da fraternidade; ou ágape), onde se ajuntavam
nos lares e juntos faziam refeições em comum (At 2.46) e participavam da Ceia (At 20.7, 11)102.
21.1 A festa do Ágape não era apenas um tempo de comunhão, mas, sobretudo, um ato de
amor para com os irmãos mais pobres na igreja103.
21.2 Com o tempo a discriminação tornou-se comum (Jd 12; 2Pe 2.13).
21.2.1 Por volta do ano 150 d.C. o costume de fazer uma refeição junto com a Ceia do
Senhor foi abandonado104.
21.3 “Cada um toma antes a sua própria refeição”: os proeminentes estavam recebendo
tratamento preferencial e não esperavam que os outros chegassem (v. 33).
21.3.1 Fica claro que cada um levava sua comida. Refeições onde os ricos
compartilhavam com os pobres eram comuns no paganismo (chamadas eranoi)105.
21.3.2 É bem provável que essa refeição fosse a única em que alguns dos membros mais
pobres se alimentavam adequadamente, e o desprezo dos mais ricos não
afetava apenas o estômago, mas também a dignidade deles106.
21.4 “Um fica com fome”: os que chegavam tarde viam que todo o alimento tinha acabado.
21.4.1 Escravos, muitas vezes, não podiam chegar cedo107.
21.5 “Outro se embriaga”: os afluentes bebiam excessivamente.
21.5.1 Methuo (μεθυει) – também pode significar comer e beber até à completa
satisfação, e este pode ser o seu significado aqui108.
21.5.2 A atitude desses irmãos era um completo contraste com a oferta altruísta
sacrificial de Cristo celebrada109.

99 MORRIS, op. cit.


100 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
101 LOPES, op. cit.
102 KISTEMAKER, op. cit.
103 LOPES, op. cit.
104 METZ, op. cit.
105 MORRIS, op. cit.
106 WIERSBE, op. cit.
107 MORRIS, op. cit.
108 METZ, op. cit.
109 LOPES, op. cit.
145

21.6 Vemos que as divisões do v. 18 eram baseadas na situação financeira e posição


social110.
22 “Não tendes casas onde comer e beber?”: Paulo mostra que a finalidade das refeições
coletivas na igreja não era apenas o de saciar a fome.
22.1 “Desprezais a igreja de Deus”: em Corinto existiam membros ricos na igreja que estavam
desprezando os pobres111.
22.1.1 Na perspectiva espiritual deveria ser o oposto (Tg 1.9).
22.1.2 Desprezar a igreja é desprezar pessoas e não uma instituição.
22.1.3 A humilhação entre irmãos é totalmente incoerente com a fé cristã112.
22.2 Bebedeira e desprezo a outros irmãos não é a forma mais adequada de preparar-se para a
Ceia do Senhor113.
23 Esta carta foi escrita antes de qualquer dos evangelhos, o que significa que este é o mais antigo
relato que temos da instituição da Ceia do Senhor e de palavras de Jesus114.
23.1 As palavras dessa passagem em particular (vv. 23-26) são a fórmula usada para a
observância da Ceia115.
23.1.1 É bastante semelhante ao relato do Evangelho de Lucas (Lc 22.19-20).
23.1.2 Paulo tenta mostrar que a Ceia não é uma refeição comum, mas um sacramento
solene ao Senhor116.
23.2 “Recebi do Senhor”: Paulo deve ter recebido as palavras da instituição da Ceia por
intermédio de outros apóstolos (Gl 1.18).
23.3 “Vos entreguei”: os mostra a maneira apropriada de celebrar a Ceia.
23.3.1 "Recebi" e "entreguei" são termos técnicos que indicam o corrente da tradição (cf.
v. 2; 15.3).
23.4 “Na noite em que foi traído”: revela o caráter que esse sacramento deveria despertar:
força e consolo aos cristãos. Assim como ocorreu na noite em que foi instituída117.
23.4.1 O fato da Ceia ter sido instituída a noite não quer dizer que deva ser celebrada
somente no final do dia118.

110 MORRIS, op. cit.


111 KISTEMAKER, op. cit.
112 MACDONALD, op. cit.
113 WIERSBE, op. cit.
114 MORRIS, op. cit.
115 KISTEMAKER, op. cit.
116 MACDONALD, op. cit.
117 MORRIS, op. cit.
118 MACDONALD, op. cit.
146

24 “Isto é o meu corpo”: o pão que Jesus segurava não se tornou seu corpo físico. Era um símbolo
que representava Seu corpo (assim como a pomba que pousou em Jesus em seu batismo)119.
24.1 Transubstanciação (dogma romanista que assevera a transformação literal do pão e vinho
em corpo e sangue de Cristo); consubstanciação (doutrina luterana que crê na presença
do verdadeiro corpo de Cristo contido nos elementos – assim como a alma está em um
corpo)120; e presença simbólica e espiritual (os elementos simbolizam o corpo e sangue
de Cristo como sinal visível de sua presença especial)121.
24.2 "Dado por vós": o que aconteceu com o corpo de Cristo foi pelo Seu povo122.
24.3 “Fazei isto em memória de mim”: refere-se a nós que, ao celebrarmos a Ceia, nos
lembramos de sua morte na cruz (v. 26).
24.3.1 Os coríntios não estavam refletindo sobre a morte de Jesus e suas implicações.
24.3.2 Na Ceia o sacrifício de Cristo não é repetido, mas recordado123.
24.4 Qual o sentido da Ceia do Senhor quando um cristão participa dos elementos? Nela,
Jesus nos convida a participar de sua mesa nos considerando parceiros no novo pacto
que Deus fizera. Portanto é uma ocasião para refletir, alegrar-se e agradecer.
24.4.1 Portanto a Ceia não é só uma ocasião para pensarmos em Cristo. Mas um meio
de comunhão com o sacrifício de Cristo, onde a fé apropría-se das bênçãos que
fluem do Cristo glorificado (Edwards)124.
24.4.2 O comer o beber juntos tem o significado de uma refeição de aliança, onde as
duas partes comungam e prometem lealdade uma a outra125.
25 “Depois de comer”: dá a entender que depois que o pão foi distribuído e comido, o copo foi
cheio pela terceira vez, conforme o costume, e então passado aos discípulos126.
25.1 Numa refeição pascal judaica, os participantes bebiam, com intervalos, de quatro copos.
O terceiro copo era conhecido como "o copo da bênção" (cf. 1Co 10.16).
25.2 “Nova aliança no meu sangue”: o cálice representa a nova aliança. Sangue de animal foi
aspergido no primeiro pacto (Êx 24.8). No Novo, O sangue de Cristo.
25.2.1 Essa nova aliança foi profetizada em Jr 31.31-34, mostrando que a velha aliança
não era permanente127.

119 KISTEMAKER, op. cit.


120 MACDONALD, op. cit.
121 GRUDEM, W. A. Teologia sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999.
122 MORRIS, op. cit.
123 PFEIFFER, op. cit.
124 MORRIS, op. cit.
125 PFEIFFER, op. cit.
126 KISTEMAKER, op. cit.
127 MORRIS, op. cit.
147

25.2.2 Ao estabelecer um novo pacto, Deus tornou obsoleto o antigo (Hb 8.13).
25.2.2.1 Todo o sistema judaico é substituído pelo cristão, e tudo se centraliza
na morte do Senhor128.
25.2.3 Todo crente que bebe do copo e come do pão à mesa do Senhor é um membro do
pacto que Cristo ratificou em seu sangue (cf. 1Co 10.17).
25.3 “Fazei isto todas as vezes”: pela segunda vez ordena a celebrarem a Ceia.
25.3.1 Jesus não deu uma agenda fixa, mas manda que seu povo parta o pão
regularmente. A obrigação é lembrar o sacrifício de Cristo.
25.3.2 O costume dos discípulos era reunir-se no primeiro dia da semana para
partirem o pão (At 20.7a)129.
26 “Proclamais a morte do Senhor”: quando a igreja celebra a Ceia no ambiente de um culto, os
ministros devem proclamar o significado da morte de Cristo130.
26.1 Isso ocorre tanto em palavras quanto em símbolos, pois a eucaristia é um sermão
dramatizado131.
26.2 "Até que ele venha": a Igreja proclama tanto a morte como a volta de Jesus.
26.2.1 Na Igreja da segunda metade do séc. I, os crentes celebravam a Comunhão e
depois oravam: Maranata (vem, ó Senhor).
26.2.1.1 Haverá um banquete messiânico final, quando a obra da salvação for
consumada (Mt 26.29)132.
26.2.2 Deixa claro que essa prática deve ser observada até a vinda de Cristo133.
27 "De maneira indigna": sem observar a conduta de santidade em Cristo e/ou considerar a
celebração um mero ritual134.
27.1 Alguns coríntios mostravam falta de amor, outros tratavam a Ceia como uma festa.
27.2 Paulo não diz que devemos ser dignos de participar da Ceia, mas apenas que devemos
fazê-lo de maneira digna135.
27.3 “Será culpado”: assim como desrespeitar um símbolo de uma nação representa desprezo
por ela, tais pessoas desrespeitam Cristo e sua obra (Hb 10.29).
27.3.1 Tomar a Ceia com pecados não confessados é se tornar réu do corpo e do sangue
de Cristo, pois foi o pecado que o pregou à cruz136.

128 MORRIS, op. cit.


129 MACDONALD, op. cit.
130 KISTEMAKER, op. cit.
131 MORRIS, op. cit.
132 PFEIFFER, op. cit.
133 MACDONALD, op. cit.
134 KISTEMAKER, op. cit.
135 WIERSBE, op. cit.
148

28 “Examine”: Paulo nos aconselha a autoexaminarmos antes de celebrar a Ceia137.


28.1 Deixar de fazê-lo resultará em comungar "indignamente" (v. 27)138.
28.2 Por isso a Ceia é para pessoas que expressam fé verdadeira em Jesus.
28.3 “E dessa forma coma”: o ensino de Paulo é totalmente positivo. Ele não diz que após um
autoexame, deve-se deixar a mesa do Senhor em desespero. Pelo contrário, aconselha a
examinar seu coração e, em seguida, cheio de uma fé sincera, comer do pão, e beber do
cálice139.
28.3.1 Você não deve fugir da Ceia por causa do pecado, mas do pecado por causa da
Ceia; correr do pecado para Deus e não de Deus para o pecado140.
28.4 “Coma do pão e beba do cálice”: a referência ao pão e o cálice mostra que o pão
continua pão141.
29 “Consciência”: (διακρινων – “diakrino”) fazer distinção; separar142.
29.1 Os coríntios deveriam fazer uma distinção clara entre o pão da festa da fraternidade e o
pão da Ceia143.
29.1.1 Devemos participar da Ceia sem descrença nem desobediência (por representar
a santidade de Cristo).
29.2 "Corpo do Senhor": forma abreviada para o pão e o cálice da Ceia144.
29.2.1 Alguns acham que o corpo é a igreja (como no cap. 12)145.
29.2.2 É possível que essa frase tenha um sentido duplo: devemos reconhecer seu
corpo no pão e também na igreja a nosso redor (cf. v. 33)146.
29.3 “Própria condenação”: Paulo não quer dizer que a pessoa que comunga erroneamente
incorre na pena eterna, mas cai sob medida de condenação apropriada a seu ato147.
29.4 No AT era exigido um autoexame antes dos judeus participarem das 3 festas (Páscoa,
Primeiros Frutos e Tabernáculos). De modo semelhante o NT nos exige o mesmo antes de
ceiarmos.

136 WIERSBE, op. cit.


137 KISTEMAKER, op. cit.
138 MORRIS, op. cit.
139 METZ, op. cit.
140 LOPES, op. cit.
141 MORRIS, op. cit.
142 STRONG, op. cit.
143 KISTEMAKER, op. cit.
144 Ibidem.
145 MORRIS, op. cit.
146 WIERSBE, op. cit.
147 MORRIS, op. cit.
149

29.4.1 Mas quem pode ser admitido a celebrar? (Sl 15.1). Em 1563 Zacharius Ursinus
formulou uma resposta a essa pergunta: Aqueles que estão descontentes consigo
mesmos por causa de seus pecados mas que confiam, contudo, que seus pecados
estão perdoados e que sua fraqueza continuada está coberta pelo sofrimento e
morte de Cristo, e que também desejam mais e mais fortalecer sua fé e levar uma
vida melhor. Hipócritas e aqueles que não são arrependidos, entretanto, comem e
bebem juízo sobre si.
29.5 Apesar de a confissão ser um elemento importante, a Ceia não deve ser uma ocasião de
"autópsia espiritual" e tristeza148.
30 "Por causa disso": da negligência dos coríntios149.
30.1 "Muitos fracos e doentes, e muitos que já dormem": Paulo deve ter recebido
informações da saúde física dos irmãos em Corinto.
30.1.1 “Fracos”: (ασθενεις – “asthenes”) está relacionado a enfermidades; “doentes”:
(αρρωστοι – “arrhostos”) quer dizer enfermidade e decadência; “dormem”:
(κοιμωνται – “koimaomai”) é usada freqüentemente no NT para indicar a morte
daqueles que pertencem a Cristo150.
30.1.2 Paulo discerne que as doenças e mortes ocorridas estavam relacionadas à
observância inapropriada da Ceia.
30.1.3 Males espirituais podem ter resultados físicos151.
30.1.4 Por não julgarem seus pecados, o Senhor tomou medidas disciplinares152.
31 “Se julgássemos a nós mesmos”: Paulo não diz que os irmãos devem julgar uns aos outros,
mas que cada um deve julgar a si mesmo para não ser condenado153.
31.1 “Julgássemos”: isto é, distinguir entre o que somos e o que deveríamos ser154.
31.2 “Seríamos”: o apóstolo se inclui.
31.3 Os problemas com enfermidades e mortes em Corinto eram disciplinas de Deus (cf. v. 32).
Isso não quer dizer que seja a maneira que Deus nos julgue hoje por negligência.
32 “Para não sermos condenados com o mundo”: Deus não nos castiga, nos disciplina. Ele
castigou seu Filho. Se Ele nos punisse, Cristo não teria carregado todos os nossos pecados. (2Co
7.10; Hb 12.5-7, 10)155.

148 WIERSBE, op. cit.


149 KISTEMAKER, op. cit.
150 METZ, op. cit.
151 MORRIS, op. cit.
152 MACDONALD, op. cit.
153 KISTEMAKER, op. cit.
154 MORRIS, op. cit.
150

32.1 “Condenados”: o termo grego é diferente do encontrado nos vv. 29, 31 (juízo ou castigo).
O primeiro é um aviso em tempo, este é uma sentença irrevogável (κατακριθωμεν – “julgar
digno de punição”156). Se nos tornarmos endurecidos pereceremos com os incrédulos.
32.2 As ordenanças de Cristo podem nos tornar melhores, se nos quebrantarmos; ou nos tornar
mais endurecidos157.
33 “Esperai uns pelos outros”: os coríntios deveriam expressar amor esperando uns pelos
outros158.
33.1 Contrastando com o que faziam (v. 21)159.
33.2 Não temos mais a prática do Ágape atualmente, mas o princípio permanece. Ao ceiarmos
devemos dar falta daqueles irmãos que não estão assentados conosco160.
34 “Que coma em casa”: deveriam diferenciar a Ceia da festa de confraternização161.
34.1 Participar da Ceia não tem o propósito de satisfazer a fome física, mas o desejo
espiritual de comunhão com Cristo e seu povo.
34.2 "Às demais coisas": não sabemos do que se trata. Não precisavam ser reveladas.

155 KISTEMAKER, op. cit.


156 STRONG, op. cit.
157 LOPES, op. cit.
158 KISTEMAKER, op. cit.
159 MACDONALD, op. cit.
160 LOPES, op. cit.
161 KISTEMAKER, op. cit.
151

CAPÍTULO 12

Paulo parte da celebração apropriada da Ceia para a questão dos dons espirituais, mostrando como
avaliar e usar os dons1. Dotes espirituais especiais (transes, linguajar extático, etc) eram aceitos
como contatos com a divindade. Por isso, para muitos crentes primitivos, coisas parecidas eram
marcas de um homem espiritual2. Alguns que haviam recebido dons de línguas e sinais usavam seus
dons para exibirem-se. Paulo corrige as atitudes estabelece controles para o exercício dos dons3.

(1-11: os dons espirituais; 12-31: a unidade)

1 “A respeito dos dons espirituais”: ainda dentro da temática do culto, Paulo agora trata dos dons
espirituais.
1.1 “Dons espirituais”: (πνευματικων – “pneumatikos") que pertence ao Espírito Divino;
alguém que está cheio e é governado pelo Espírito de Deus4.
1.2 “Ignorantes”: o cuidado de Paulo mostra que a igreja deve ter entendimento em relação
aos dons espirituais.
1.2.1 Os ignorantes são aqueles que não conhecem nada sobre os dons. Havia gente na
igreja que ignorava esse assunto5.
1.2.2 Esse entendimento permite um uso apropriado dos dons. Tendo em vista que
alguns irmãos da igreja exibiam esses dons como distintivos de superioridade6.
1.2.3 Conhecer os dons nos liberta de fardos e da autodepreciação7.
2 “Quando gentios”: refere-se ao fato de que, quando gentios, cultuavam por obrigação e sem
entendimento do que faziam, de forma costumeira.
2.1 “Induzidos e levados”: (ηγεσθε απαγομενο – “igesthe apagomeno”) conduzidos à força8.
2.1.1 Os idólatras não são tratados como homens livres, mas pressionados9.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
3 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
4 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
5 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
6 KISTEMAKER, op. cit.
7 CAMPOS JR, H. C. Dons espirituais: Parte 1. (1h08min10s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vNrB

XuHRgmQ>. Acesso em: 17 ago. 2018.


8 STRONG, op. cit.
9 MORRIS, op. cit.
152

2.2 As religiões gregas de mistério tinham as experiências espirituais como norma. As


pessoas eram acostumadas, por algum tipo de força, a entrar em transe ter ou alguma
atitude estranha10.
2.2.1 Alguns crentes queriam importar essas práticas para a igreja.
2.3 Agora, em Cristo, deveriam fazer o oposto. Cultuar com entendimento.
2.4 "Ídolos mudos": incapazes de responder aos que os invocam11.
3 Paulo estabelece um critério para identificar quem tem o Espírito Santo12.
3.1 "Maldito seja Jesus": é uma expressão de negação do senhorio de Cristo (rejeitado por
Deus). O Espírito leva os homens a atribuírem senhorio a Cristo13.
3.1.1 O Espírito Santo não leva uma pessoa a falar e agir de maneira contrária a Jesus14.
3.2 "Jesus é Senhor": uma pessoa que confessa o senhorio de Jesus está cheia do Espírito
Santo. Nesse crente o Espírito Santo habita15.
3.2.1 O batismo com o Espírito Santo é a inserção no corpo de Cristo. Todo aquele que
foi regenerado, também foi batizado pelo Espírito no corpo de Cristo. Não é o
falar em línguas que evidencia essa ligação do corpo, mas a conversão16.
3.2.1.1 A doutrina da experiência com o Espírito Santo em duas (segunda
bênção) etapas não é sustentado pelas Escrituras17.
3.2.2 O impossível não seria pronunciar tais palavras, mas afirmá-las
experimentalmente18.
3.2.2.1 Um escarnecedor que vive em pecado até pronuncia essas palavras, mas
não se trata de uma confissão sincera19.
3.2.2.2 O homem genuinamente espiritual é reconhecido por suas declarações20.
3.3 Não são os dons que evidenciam se uma pessoa possui o Espírito Santo (Mt 7.22-23).
3.3.1 Se fossemos medir o grau de espiritualidade de uma igreja pelos dons, a igreja de
Coríntios seria campeã21.
3.3.2 Se o exercício de um dom é adverso a Cristo, ele não é da parte de Deus22

10 LOPES, op. cit.


11 MORRIS, op. cit.
12 CARSON, D. A. A manifestação do Espírito: a contemporaneidade dos dons à luz de 1 Coríntios de 12-14. São Paulo:

Vida Nova, 2013.


13 MORRIS, op. cit.
14 LOPES, op. cit.
15 KISTEMAKER, op. cit.
16 LOPES, op. cit.
17 GRUDEM, W. A. Cessaram os dons espirituais? 4 pontos de vista. São Paulo: Editora Vida, 2003.
18 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
19 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
20 MORRIS, op. cit.
21 LOPES, op. cit.
153

3.4 Teologia Pentecostal Tradicional: todo crente ao experimentar a salvação possui o


Espírito Santo habitando nele (1Co 3.16; Gl 3.2; 4.6)23.
3.4.1 Pois é o Espírito Santo quem leva o pecador a Cristo (Jo 16.7-8).
4 “Diversidade”: revela a abrangência dos dons, sugerindo distinção entre eles. A Igreja possui
unidade em diversidade, assim como uma árvore que possui várias folhas, mas nenhuma
idêntica a outra24.
4.1 “Dons”: (χαρισματων – “charisma”) graça ou dons – poderes extraordinários, que capacita
os cristãos a servirem a igreja de Cristo25.
4.1.1 A idéia é de “alguma coisa que foi concedida”, e nesse sentido todos os cristãos
recebem dons de Deus26.
4.1.1.1 Os dons procedem da graça de Deus. Nenhum homem tem
competência para distribuir dons27.
4.1.2 Não devem ser confundidos com talentos naturais ou fruto do Espírito (Gl 5.22-
23)28.
4.2 Os coríntios agiam como se houvessem apenas o dom de línguas29.
4.2.1 Desejavam mais o dom de línguas talvez devido o amor pela oratória30.
4.3 “Mas o Espírito é o mesmo”: dons não são motivos para divisão ou jactância, pois têm
origem na mesma fonte, que é o Espírito Santo – NTLH e NVT (cf. 1Co 4.7).
4.3.1 Um dom não pode ser superior ou inferior a outro31.
4.3.2 O Espírito não inicia separação. Ao contrário, ele promove unidade.
5 “Ministérios”: (διακονιων – “diakonia”) serviço, ofício (trabalho, ocupação)32.
5.1 Diácono era o responsável por servir as mesas que passou a ser um ofício na igreja33.
5.2 “Mas o Senhor é o mesmo”: cargos ou posições também não são motivos para divisão ou
jactância, pois todos exercem serviência ao mesmo Senhor – NTLH e NVT.
5.2.1 O serviço na igreja deve ser prestado no Espírito de Jesus (Jo 13.13-16)34.

22 MORRIS, op. cit.


23 SILVA, E. S. Declaração de fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD/CGADB, 2017. p. 166.
24 KISTEMAKER, op. cit.
25 STRONG, op. cit.
26 METZ, op. cit.
27 LOPES, op. cit.
28 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
29 MACDONALD, op. cit.
30 PFEIFFER, op. cit.
31 METZ, op. cit.
32 STRONG, op. cit.
33 PFEIFFER, op. cit.
34 KISTEMAKER, op. cit.
154

5.2.2 Servimos de formas diferentes, mas temos em comum o fato de servirmos ao


Senhor35.
6 “Realizações”: (ενεργηματων – “energema”) aquilo que foi feito; o resultado de uma operação36.
6.1 “Mas é o mesmo Deus quem realiza”: realizações também não devem ser usadas para
divisão ou orgulho, pois tudo é realizado por Deus em seus servos – NTLH e NVT (Fp 2.13).
6.2 “Realiza”: (ενεργων – “energeo”) ser eficaz, atuar, produzir ou mostrar poder.
6.2.1 De onde derivamos: energia, enérgico e energizar. Uma ação só tem resultado
pelo poder energizador de Deus37.
6.2.2 O mesmo poder que opera um dom “espetacular” opera em dons “menos
perceptíveis”38.
6.3 Paulo observa que os dons se originam do Deus triúno (vv. 4-6): "há variedades de
dons, ministérios, realizações; mas o mesmo Espírito, Senhor, Deus, opera todas as
coisas em todas as pessoas"39.
6.3.1 O dom, a esfera de serviço do dom e o poder para usar o dom vêm de Deus.
Portanto ninguém tem do que se gloriar ou competir40.
6.3.2 Deus não pode distribuir dons, serviços e operações que conflitem entre si. Assim
como as pessoas da trindade não entram em conflito41.
6.3.2.1 Todos os textos sobre dons estão no contexto de unidade e amor42.
7 "É dada a cada um": todo crente recebe dons do Espírito conforme a Sua vontade43.
7.1 "Manifestação do Espírito": o Espírito se manifesta na vida de cada cristão pela
concessão de dons44.
7.1.1 Paulo agrupa dons, ministérios e realizações debaixo dessa expressão45.
7.1.2 Todo cristão tem uma função a exercer.
7.2 “Comum”: (συμφερον – “sumphero”) carregar com outros; contribuir a fim de ajudar46.
7.2.1 Todos os dons espirituais têm a finalidade de edificar ou servir ao próximo (1 Co
14.26b; Ef 4.11-12).

35 MACDONALD, op. cit.


36 STRONG, op. cit.
37 KISTEMAKER, op. cit.
38 MACDONALD, op. cit.
39 KISTEMAKER, op. cit.
40 WIERSBE, op. cit.
41 METZ, op. cit.
42 CAMPOS JR, H. C. Dons espirituais: introdução. 2015. (51min46s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=

BsXkuZ647OE>. Acesso em: 17 ago. 2018.


43 KISTEMAKER, op. cit.
44 MACDONALD, op. cit.
45 CARSON, op. cit.
46 STRONG, op. cit.
155

7.2.2 Ninguém está permitido a usar um dom em proveito pessoal. Claro que um
dom pode trazer benefício para a pessoa em si, mas esse não é o objetivo primário.
7.2.3 Os coríntios precisavam ser lembrados disso, pois usavam os dons de maneira
egoísta, para promover a si mesmos47.
7.3 Paulo exemplifica como sedá essa manifestação (vv. 4-7) nos próximos versículos.
8 “Palavra de sabedoria”: conselhos sábios – NVT.
8.1 No grego, λογος σοφιας (logos sophia), “fala de inteligência ampla e plena sobre assuntos
diversos”48.
8.2 É a habilidade de falar sabiamente por meio do Espírito (At 6.10; Tg 1.5)49.
8.2.1 Aplicando nosso conhecimento aos julgamentos ou à prática50.
8.2.2 É o poder de compreender divinamente a verdade de Deus51 para a resolução
de problemas, defesa da fé, ou conselhos práticos52.
8.3 “Palavra de conhecimento”: mensagem de conhecimento especial – NVT.
8.3.1 No grego, λογος γνωσεως (logos gnōsis), “fala de conhecimento mais profundo e
perfeito sobre coisas lícitas e ilícitas para os cristãos” (sabedoria moral)53.
8.3.2 Conhecimento que não depende do intelecto, mas do relacionamento pessoal
com Deus54, aplicando a verdade de Deus a uma determinada situação55.
8.4 Palavra de sabedoria e palavra de conhecimento são classificados como dons de fala e
pedagógicos56.
8.4.1 Ambos são usados pelo Espírito para a solução de problemas extraordinários na
igreja e na pregação57.
9 “Fé”: grande fé – NVT.
9.1 No grego, πιστις (pistis), fé com a idéia predominante de confiança58. Uma fé excepcional59.
9.2 Todos os crentes verdadeiros têm fé em Jesus Cristo, portanto não se refere à fé que
salva, mas a confiança completa e imperturbável da operação divina (Mt 17.20; At
27.25; 1Co 13.2)60.

47 WIERSBE, op. cit.


48 STRONG, op. cit.
49 KISTEMAKER, op. cit.
50 METZ, op. cit.
51 WIERSBE, op. cit.
52 MACDONALD, op. cit.
53 STRONG, op. cit.
54 KISTEMAKER, op. cit.
55 WIERSBE, op. cit.
56 KISTEMAKER, op. cit.
57 SILVA, op. cit. p. 173-174.
58 STRONG, op. cit.
59 PFEIFFER, op. cit.
156

9.2.1 A fé que é recompensada com milagres, que tem resultados visíveis61.


9.3 “Dons de curar”: ou poder de curar doenças – BAM; NTLH.
9.3.1 No grego, χαρισματα ιαματων (charismata iama), “dom de meios de cura”62.
9.3.2 O plural pode ser devido as curas serem de doenças de várias naturezas (física,
emocional, demoníaca, etc)63.
9.3.3 Na presente era o corpo está condenado à morte por causa do pecado (Rm
8.10, 23; 2Co 4.16)64.
9.3.3.1 Em nenhum trecho das Escrituras os santos são instruídos a ministrar
cura uns aos outros, mas nos ensina a orar pela cura (Tg 5.16).
9.3.3.2 Quando a igreja realiza campanhas especiais de cura, isso parece
estranho.
9.3.4 Contudo, essa cura não é permanente e Deus pode escolher não restaurar a
saúde de uma pessoa (2Co 12.8-9; Fp 2.27; 1Tm 5.23; 2Tm 4.20)65.
9.3.4.1 A cura pode ser outorgada milagrosamente mediante as orações ou
através dos processos naturais que o Senhor dotou a criação66.
9.3.4.2 Nos casos em que Deus opta em não curar, devemos nos lembrar de Rm
8.28 (cf. Sl 119.67, 71)67.
9.3.5 O uso de remédios e capacidade médica devem ser usados pelos cristãos,
entendendo ser parte de toda a criação que Deus considerou “muito bom” (Gn
1.31; Sl 24.1)68.
9.3.5.1 Quando nos recusamos a tomar medicamentos (em casos que
ponham em risco a vida), parece que estamos errando, tentando o Senhor
(Lc 4.12).
9.3.5.2 Evidentemente é errado confiar em médicos ou em remédios em vez
de confiar no Senhor (2Cr 16.12-13; 2Rs 20.5-7).
10 “Realização de milagres”: (ενεργηματα δυναμεων – “energemata dunameōn”) resultado da
operação de poder69.

60 KISTEMAKER, op. cit.


61 METZ, op. cit.
62 STRONG, op. cit.
63 CAMPOS JR, H. C. Dons espirituais: Parte 4. (1h08min31s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Tdmc

mPfVpUQ>. Acesso em: 17 ago. 2018.


64 GRUDEM, 2003. op. cit.
65 KISTEMAKER, op. cit.
66 GRUDEM, 2003. op. cit.
67 GRUDEM, W. A. Teologia sistemática: atual e exaustiva. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2010.
68 Ibidem.
69 STRONG, op. cit.
157

10.1 São atos sobrenaturais (que contrariam o normal)70.


10.1.1 Transformação de matéria; ressurreição; controle de elementos; proteções
miraculosas, etc71.
10.1.1.1 São difíceis de serem simulados72.
10.1.2 Era a marca distinta de um apóstolo (2Co 12.12; Hb 2.3-4) e eram realizados na
igreja apostólica para confirmar a mensagem do Evangelho (At 6.8; 8.7; Hb 2.4).
10.1.3 Calvino relaciona esse dom aos casos de Elimas (At 13.11) e a morte de Ananias e
Safira (At 5.5, 9-10)73.
10.2 Exorcismo não é operação de milagres, mas algo que exige fé para ser realizado (Mt
17.19-20).
10.2.1 Os incrédulos estão escravizados, não só pelo pecado, mas também pelos
poderes malignos (Ef 2.1-3)74.
10.2.1.1 Essa escravidão pode exercer vários graus de controle sobre o corpo
(Lc 9.38-39; 22.3-4).
10.2.1.2 O remédio primário para alcançar a liberdade é a verdade.
10.3 Os milagres e curas eram realizados pelos apóstolos e diáconos no início da igreja (At
5.12, 16b; 6.8; 8.6-7).
10.3.1 Receberam esse poder em momentos especiais, não o tendo como um dom
permanente que se tornava efetivo em todas as ocasiões75.
10.3.1.1 Alguns marcam dia e hora para os milagres e curas76.
10.3.2 Eram realizadas para fortalecer a fé e ampliar o círculo de crentes, nunca teve
a intenção de apenas promover um bem-estar físico.
10.3.3 O dom de cura hoje não deve ser comparado ao da época da igreja apostólica,
nem podemos afirmar que seja um dom permanente a alguns indivíduos (Hb
4.16; Tg 5.16).
10.3.4 As marcas de um Apóstolo (2Co 12.12) sugerem que certas obras milagrosas
relacionavam-se aos apóstolos77.

70 KISTEMAKER, op. cit.


71 MACDONALD, op. cit.
72 CAMPOS JR, Parte 4 op. cit.
73 METZ, op. cit.
74 GRUDEM, 2003. op. cit.
75 METZ, op. cit.
76 CAMPOS JR, Parte 4 op. cit.
77 GRUDEM, 2003. op. cit.
158

10.3.4.1 2Co 12.12 não diz que sinais, maravilhas e milagres só podem ser
realizados pelos apóstolos, mas que semelhantes fenômenos, juntamente
com outras evidências, são marcas de um apóstolo genuíno.
10.3.5 Milagres como sinais foram exceções na história. Ocorriam em gerações
incrédulas e não garantem fé. Quem anseia sinais apenas quer viver por vista (2Co
5.7)78.
10.3.6 As atividades milagrosas se concentravam em certos períodos (Moisés; Elias e
Eliseu; Cristo e os apóstolos)79.
10.3.6.1 Os escritos que se seguem após a era apostólica contêm poucas
evidências de milagres, além disso, as curas durante esse período
ocorriam primariamente mediante a oração. Quanto a milagres e
sinais, as epístolas do NT não mencionam nenhuma ação de milagres
ou sinais que não estejam relacionados ao ministério dos Apóstolos.
10.3.6.2 O ministério dos milagres para testificar e autenticar os apóstolos e sua
mensagem cessou, mas continua na igreja para a edificação.
10.3.6.3 As curas podem ser um sinal da propagação do Evangelho (China).
10.3.6.4 Isso sugere que devemos ser receptivos, em todas as épocas, ao que
Deus deseja fazer.
10.4 A definição do “evangelismo com poder" como proclamação apoiada por milagres é, até
certo ponto, um equívoco80.
10.4.1 As Escrituras atribuem poder a Palavra de Deus (Is 55.11; Jo 6.63; Rm 1.16; 2Tm
3.15; Hb 4.12).
10.4.2 Relatos de milagres predominam mais nas igrejas emergentes.
10.4.3 As Escrituras recomendam o poder do amor e das boas obras para persuadir
(Mt 5.16; Jo 17.21). Esse foi o sucesso da igreja primitiva.
10.5 Fé, curas e milagres são classificados como dons sobrenaturais81.
10.5.1 Curas e milagres são classificados como sinais82.
10.5.2 Apontavam para a autoridade de Cristo (Jo 20.30-31)83.
10.5.3 Nas Escrituras “sinais e maravilhas" acompanham aqueles cujos ministérios
proféticos ocorrem em certos momentos cruciais na história da salvação84.

78 CAMPOS JR, Parte 4 op. cit.


79 GRUDEM, 2003. op. cit.
80 Ibidem.
81 KISTEMAKER, op. cit.
82 WIERSBE, op. cit.
83 CAMPOS JR, Parte 4 op. cit.
159

10.6 OBS.: em nenhuma parte das Escrituras a ministração dos dons produz manifestações
físicas sobrenaturais (estremecer ou cair)85.
10.6.1 Por sermos seres psicossomáticos, as experiências espirituais vão sempre causar
impacto na dimensão física (sentimental).
10.6.2 O Espírito produz domínio próprio (1Co 14.32-33; Gl 5.23).
10.7 “Profecia”: anunciar a mensagem de Deus – NVI.
10.7.1 No grego, προφητεια (propheteia), discurso que emana da inspiração divina86.
10.7.1.1 No NT representa a função de "declarar, proclamar, tornar conhecido"87.
10.7.2 Embora tenha semelhanças com a profecia no AT, a profecia do NT é distinta88.
10.7.2.1 Em vários pontos o AT aponta para um tempo em que haveria uma
capacitação maior do Espírito Santo que se estenderia a todo o povo
de Deus (Nm 11.29; Jl 2.28-29). João Batista aumenta a expectativa
dessa profecia (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33; At 1.5)89.
10.7.2.2 Os herdeiros e sucessores legítimos dos profetas do AT não eram os
profetas do NT, mas sim os Apóstolos90.
10.7.2.3 Os profetas do AT escreveram suas palavras como Palavra de Deus nas
Escrituras (Nm 22.38; Dt 18.18-20; Jr 1.9; Ez 2.7). No NT essa função foi
exercida pelos apóstolos, sendo eles os profetas do NT (1Co 2.13;
2Co 1.1; 11.12-13; 12.11-12; Gl 1.1; Ef 1.1; 1Pe 1.1; 2Pe 1.1; 3.2)91.
10.7.2.3.1 Nenhum profeta do NT introduziu sua profecia com: “assim diz
o Senhor”.
10.7.2.4 Embora ouvesse predição e exposição das Escrituras, a ênfase da
profecia no AT era a apresentação da mensagem de Deus (escola de
profetas – 2Rs 6.1-7).
10.7.2.5 Paulo refere-se a uma profecia de função permanente e não ocasional
(At 13.1; 19.6).
10.7.3 Na era apostólica ele é o porta-voz para predições (At 11.28; 21.11); intérprete
da vontade de Deus à igreja (Ef 4.11-12)92.

84 GRUDEM, 2003. op. cit.


85 Ibidem.
86 STRONG, op. cit.
87 GRUDEM, 2010. op. cit.
88 METZ, op. cit.
89 GRUDEM, 2010. op. cit.
90 CARSON, op. cit.
91 GRUDEM, 2010. op. cit.
92 KISTEMAKER, op. cit.
160

10.7.3.1 Com o Cânon fechado cessaram as predições. Os profetas explicavam


e ensinam (1Co 14.31) as Escrituras ao exortarem os membros.
10.7.3.1.1 Uma vez que lançaram os alicerces da igreja (Ef 2.20),
apóstolos e profetas [predições] são desnecessários, visto
estarem completos93.
10.7.3.2 Está sujeita ao exame da igreja (1Co 14.29; 1Ts 5.20-21), que deve
examinar os pronunciamentos à luz das Escrituras (At 17.11), que são o
padrão para ambos (Rm 12.6).
10.7.3.3 Não dá para imaginar um profeta do AT sendo avaliado como 1Co
14.29; 1Ts 5.19-2194.
10.7.3.4 Deve ser exercido de modo ordeiro segundo as instruções de Paulo
(1Co 14.19-33) e seu conteúdo deve ser edificante (1Co 14.3-4)95.
10.7.4 A marca de um verdadeiro profeta não é a predição, mas a exposição do que
Deus disse96.
10.7.4.1 Devemos rejeitar qualquer suposto profeta que afirme novas
revelações97.
10.7.4.2 Portanto não é a revelação profética que informará uma decisão em
nossa vida, mais uma avaliação sobre do que seria apropriado ou
aconselhável diante das circunstâncias e que agradaria a Deus. Paulo
pensou sobre a situação de Epafrodito (Fp 2.25); sobre o juízo de um
irmão (1Co 6.5); sobre viagens (1Co 16.4)98.
10.7.5 Portanto, a profecia é o dom que exorta e capacita certas pessoas a transmitir
revelações de Deus à sua igreja99.
10.7.5.1 Um profeta é um pregador que possui autoridade, pregando de modo
incisivo e eficaz100.
10.7.5.2 As cartas pastorais não se referem à profecia (como novas revelações),
mas o enfoque delas é o ensino, exortação e recomendação das
Escrituras101

93 WIERSBE, op. cit.


94 GRUDEM, 2010. op. cit.
95 GRUDEM, 2003. op. cit.
96 MORRIS, op. cit.
97 MACDONALD, op. cit.
98 GRUDEM, 2003. op. cit.
99 METZ, op. cit.
100 MACDONALD, op. cit.
101 GRUDEM, 2003. op. cit.
161

10.7.5.2.1 Em momento algum lemos exortações para “dar ouvidos” ou


“obedecer” a palavra de profetas, mas enfoca a autoridade das
Escrituras (2Tm 2.15; 3.16; 2Pe 1.19-20; 3.16; Jd 3)102.
10.7.5.3 Seu ministério é edificar, encorajar e consolar (1Co 14.3)103; até revelar
pecados (1Co 14.24b-25) e ensinar (1Co 14.31)104.
10.8 “Discernir os espíritos”: distinguir os dons do Espírito – NTLH; ou distinguir se uma
mensagem é do Espírito ou de outro – NVT.
10.8.1 No grego, διακρισεις πνευματων (diakrisis pneumata), habilidade de julgar
espíritos105. Julgar se alguém fala ou age pelo Espírito Santo ou falso
espírito106.
10.8.2 É exercido por meio da Palavra (1Jo 4.1-3; 2Pe 2.1-2; Jd 4)107.
10.8.3 É algo que deve ser praticado por todo cristão nalguma medida108.
10.9 “Variedade de línguas”: (γενη γλωσσων – “genos glossa”) grupo ou agregado de idiomas
ou dialetos estrangeiros109. Não é uma fala extática (em êxtase)110.
10.9.1 Os que falam em línguas sempre estão cientes do que acontece a sua volta e
são capazes de controlar seu dom (1Co 14.27-28)111.
10.9.1.1 Isso torna insustentável a ideia de que, os que falam em línguas, perdem
a consciência ou autocontrole, sendo forçados a falar contra a vontade.
10.9.2 Não são línguas dos anjos (1Co 13.1 é uma hipérbole)112 nem de fogo.
10.9.2.1 Nem é uma regra para todo crente possuir tal dom (1Co 12.29-30).
10.9.2.2 Todos os crentes receberam o dom do Espírito, mas nem todos possui o
dom de línguas (1Co 12.10, 30)113.
10.9.3 É a capacidade de orar ou louvar a Deus em um idioma estrangeiro sem tê-lo
aprendido114 e não compreendido pelo locutor115.
10.9.4 É um tipo de oração (At 2.11; 1Co 14.2)116.

102 GRUDEM, 2010. op. cit.


103 WIERSBE, op. cit.
104 GRUDEM, 2010, op. cit.
105 STRONG, op. cit.
106 PFEIFFER, op. cit.
107 KISTEMAKER, op. cit.
108 MORRIS, op. cit.
109 STRONG, op. cit.
110 PFEIFFER, op. cit.
111 GRUDEM, 2010, op. cit.
112 CAMPOS JR, Parte 4 op. cit.
113 GRUDEM, op. cit.
114 MACDONALD, op. cit.
115 GRUDEM, 2010, op. cit.
162

10.9.4.1 Não existe nenhuma evidência de que o falar em línguas sirva a um


propósito evangelístico. O povo reunido não houve evangelismo; ouve
louvor!117
10.9.4.2 Sua função é distinta da profecia (comunicação “Deus→homem”;
língua = comunicação “homem→Deus”)118.
10.9.5 Existem apenas três ocasiões em que as línguas são mencionadas em Atos (2.4;
10.46; 19.6). Nesses casos o dom serviu de sinal do recebimento do Espírito na
inauguração da nova era do Espírito e sua propagação entre os povos119.
10.9.5.1 O argumento de que as línguas servem para crescimento pessoal, é de
difícil aceitação, pois os meios de santificação estão disponíveis a
todos igualmente.
10.9.5.2 Todo dom, de uma maneira ou de outra, edifica quem o usa. Isso só
se torna errado se a edificação a si mesmo tornar-se um fim por si só.
10.9.5.3 Quando os crentes se reunirem (1Co 14.26), se alguém falar em
línguas, esse deve ser interpretado (v. 27). De outra forma, quem fala
em línguas deve ficar calado na igreja (v. 28).
10.10 “Interpretação de línguas”: (ερμηνεια γλωσσων – “hermeneia glossa”) interpretação de
idiomas ou dialetos120.
10.10.1 É o poder de compreender um idioma que nunca se ouviu antes e transmitir a
mensagem no idioma local121.
10.10.2 Enquanto alguém estivesse falando sobre as coisas de Deus em uma língua onde
vários dos presentes não compreendiam, uma das pessoas deveria interpretar
imediatamente o que estava sendo dito àquela parte da congregação que não
entendia a língua122.
10.11 A lista de dons elencada aqui começa com os dons relacionados ao intelecto e termina
com os relacionados às emoções. Os coríntios haviam invertido essa ordem123.
10.12 Os dons de profecia, discernimento, línguas e interpretação são classificados como dons
de fala e comunicativos124.

116 CARSON, op. cit.


117 GRUDEM, 2003. op. cit.
118 GRUDEM, 2010, op. cit.
119 GRUDEM, 2003. op. cit.
120 STRONG, op. cit.
121 MACDONALD, op. cit.
122 METZ, op. cit.
123 MACDONALD, op. cit.
124 KISTEMAKER, op. cit.
163

10.13 A teologia pentecostal tradicional diferencia a língua como sinal e como dom de acordo
com a função125.
11 “Realiza”: no v. 6 é Deus quem realiza. Esse versículo confirma, mais uma vez, a trindade.
11.1 “Distribuindo-as individualmente”: o Espírito Santo é quem distribui os dons a cada
pessoa (1Pe 4.10).
11.1.1 Ninguém possui todos os dons ou é isento de dons126.
11.2 “Conforme deseja”: não temos autoridade para dizermos qual dom devemos ter. O
Espírito concede o que deseja a cada um (ARC; BAM; NTLH; NVT).
11.2.1 O Espírito de Deus sabe do que a igreja precisa127.
11.3 Outras listas de dons: Rm 12.4-8 (ensino; encorajamento; contribuição; governo;
misericórdia); 1Co 12.28 (apóstolos; socorro)128; Ef 4.11 (evangelistas; pastores)129.
11.3.1 Pedro classifica os dons: dons de fala (apóstolo; profeta; evangelista; pastor;
mestre) e dons de serviço (1Pe 4.10-11).
11.4 A falta de um dom não deve ser uma desculpar para não exercer uma função de um dom
que não possua130.
11.4.1 Todos devem: ensinar (Cl 3.16), aconselhar (1Ts 5.11), evangelizar (At 1.8),
socorrer (Gl 6.2), contribuir (2Co 9.7) e governar (Gn 1.28).
11.5 Não devemos confundir dom com ofício/cargo. Ofícios exigem dons específicos:
presbíteros – ensino (1Tm 3.2); governo (1Tm 3.4-5; 5.17) e exortação (At 20.28; 1Pe 5.1-
4); diáconos – dons de serviço (socorro; contribuição; liderança; misericórdia)131.

OUTROS DONS132:

 Apóstolos (1Co 12.28; Ef 4.11) não como os Doze e Paulo, mas mensageiros133 que abrem
novas frentes de trabalho missionário134 (plantadores de igrejas). Ao chama-los de missionários e
não apóstolos, evitamos que se crie a ideia de semelhança aos primeiros apóstolos135.

125 SILVA, op. cit. p. 175.


126 KISTEMAKER, op. cit.
127 Ibidem.
128 PFEIFFER, op. cit.
129 WIERSBE, op. cit.
130 CAMPOS JR, Parte 1 op. cit.
131 CAMPOS JR, H. C. Dons espirituais: Parte 2. (46min30s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=StYqku7

2bOs&t=942s>. Acesso em: 17 ago. 2018.


132 WIERSBE, op. cit.
133 MACDONALD, op. cit.
134 CAMPOS JR, Parte 1 op. cit.
135 MACDONALD, op. cit.
164

 Os mestres (doutores ou ensino – Rm 12.7b; 1Co 12.28; Ef 4.11) instruem os convertidos acerca
das verdades doutrinárias da vida cristã, de acordo com a Palavra de Deus, tornando a Bíblia de
fácil entendimento136 e aplicação137. É um chamado extremamente sério (Tg 3.1).
 O evangelista (Ef 4.11) dedica-se a compartilhar o evangelho com os perdidos com fácil
explicação138. Todos os ministros devem atuar como evangelistas (2Tm 4.5).
 Os socorros (ministrar, servir ou diaconia – Rm 12.7a; 1Co 12.28) servem conforme as
necessidades dos outros139. São encarregados das questões materiais da igreja (ofício)140.
 Dom de governos (presidir, liderar ou autoridade – Rm 12.8; 1Co 12.28) referem-se aos que
sabem liderar outros. Assumem fados difíceis e não são perfeitos (Lc 22.33, 61; Jo 21.17)141. Está
relacionado ao ofício dos presbíteros (e, talvez, dos diáconos)142.
 O encorajamento (exortação/ânimo ou pastores – Rm 12.8a; Ef 4.11) repreende e encoraja.
 Contribuir (repartir ou distribuir – Rm 12.8) capacidade de perceber143 e promover o auxílio
material as pessoas necessitadas e aos ministros da igreja. Não está relacionado com ter muito
dinheiro (2Co 8.1-3)144.
 Demonstrar misericórdia (ajuda – Rm 12.8) atende os que estão na miséria (necessidades que
os demais não suportam – doenças degenerativas, presidiários, viciados, mendingos, meninos de
rua, prostitutas, etc)145.

COMO DESCOBRIR MEU DOM?146

 Dons precisam ser descobertos. Timóteo sabia qual era o seu dom (1Tm 4.14; 2Tm 1.6).
 Dica: engajamento revela as aptidões para serviços (aptidão é mais importante que desejo).
.1 Os líderes devem proporcionar oportunidades para que os dons sejam utilizados147.
 A igreja confirma o dom ao ser abençoada. Não é você que diz o dom que possui, são os
outros (a imposição de mãos era um sinal de reconhecimento de autoridade).

136 CAMPOS JR, Parte 1 op. cit.


137 MACDONALD, op. cit.
138 CAMPOS JR, Parte 1 op. cit.
139 CAMPOS JR, Parte 2 op. cit.
140 MACDONALD, op. cit.
141 CAMPOS JR, Parte 2 op. cit.
142 MACDONALD, op. cit.
143 Ibidem.
144 CAMPOS JR, Parte 2 op. cit.
145 Ibidem.
146 CAMPOS JR, H. C. Dons espirituais: Parte 3. (34min02s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Cfd4XJ

O2ljI>. Acesso em: 17 ago. 2018.


147 GRUDEM, 2010, op. cit.
165

 Para indivíduos que não sabem quais são os seus dons, podem começar indagando quais
necessidades e oportunidades de serviço existem em sua igreja148.
.1 Especificamente quais os dos mais necessários para a edificação da igreja no momento. Os
melhores dons são aquieles que edificam a igreja.

JÁ SEI QUAL O MEU DOM (DICA)149

 Dons nos quais o Espírito utiliza nossas capacidades pessoais seriam mais eficazes mediante o
treinamento, especialmente todos os dons que, comunicam a verdade de Deus, tendo por base
as Escrituras (1Tm 4.13-14; 2Tm 2.15).
 Não há duas pessoas cujos dons sejam exatamente iguais150.
1 Os dons podem variar quanto ao poder (Rm 12.6; 2Tm 1.6). Aparentemente o pouco uso de
um dom o torna enfraquecido.
 Deve se ter coragem para exercer o dom e não ser pego pelo desânimo. Timóteo precisou ser
encorajado.

12 Paulo assemelha a igreja a um corpo (igualmente como faz em Rm 12.4-8 e Ef 4.16).


12.1 Anteriormente tratou os membros individualmente, de acordo com os dons. Agora trata de
forma comunitária151.
12.2 Assim como os membros do corpo, cada cristão tem seu dom que é necessário ao
funcionamento da igreja (cf. v. 21-24).
12.2.1 Nesse corpo, o emprego de cada dom é projetado para servir não àquele
membro individual, mas sim à Igreja toda152.
12.3 A unidade dos cristãos, como a unidade física do corpo, é vital153.
12.4 “Relação a Cristo”: Paulo usa uma metonímia onde relaciona a Igreja com o próprio Cristo
(cf. Mt 10.40; 25.45; At 9.4)154.
13 O que une os membros da igreja e Cristo é o Espírito de Santo que receberam.
13.1 Nossa união como corpo de Cristo é espiritual. É por isso que o ecumenismo é um grande
equívoco. Não existe unidade fora da verdade. Não há unidade fora do Espírito Santo155.
148 GRUDEM, 2010, op. cit.
149 GRUDEM, 2003. op. cit.
150 GRUDEM, 2010, op. cit.
151 KISTEMAKER, op. cit.
152 Ibidem.
153 METZ, op. cit.
154 KISTEMAKER, op. cit.
166

13.2 “Todos fomos batizados”: todos os crentes foram batizados no Espírito Santo e inseridos
no corpo156.
13.2.1 O cristão se torna membro da Igreja no momento em que é regenerado.
13.2.2 Não é sinônimo do batismo com água (Mt 3.11; Jo 1.33; At 1.5)157.
13.2.3 Todos os cristãos experimentaram esse batismo definitivo158.
13.3 “Beber”: (εποτισθημεν – epotisthemen) metáf. imbuir, saturar a mente de alguém159.
13.3.1 Às vezes o verbo é empregado com referência a irrigação, dando ideia de
suprimento abundante160.
13.3.1.1 Sugere uma íntima comunhão, ou uma presença interior161.
13.3.1.2 No batismo com o Espírito, este passa a habitar dentro dos cristãos,
agindo em sua vida162.
13.3.2 A repetição da palavra "todos" e tempo do verbo "beber" sugere que Paulo refere-
se ao mesmo batismo citado (cf. Gl 3.27-28)163.
13.3.2.1 Ou cita duas experiências compartilhadas por todos os crentes164.
14 Assim como o corpo humano, com seus vários membros, foi criado para funcionar bem, a Igreja,
com seus numerosos membros, deve ter um desempenho harmonioso165.
14.1 Paulo ensinará que nenhum membro deve se comparar a qualquer outro membro, pois
cada um é diferente e cada um é importante166.
15 Paulo ilustra partes do corpo dialogando entre si (vv. 15-16)167.
15.1 Quando os membros perdem o sentido de unidade, enfrentam um perigo duplo: os que se
sentem inferiores podem abandonar a igreja (vv. 15-20), e os que se sentem superiores
podem perder seus valores espirituais, tornando-se hipócritas (vv. 21-26)168.
15.2 Anima os que andam desanimados por serem "menos dotados"169.
15.3 Paulo interessa-se em eliminar todo ciúme com respeito a um dom específico que um
membro não tenha recibido.

155 LOPES, op. cit


156 KISTEMAKER, op. cit.
157 MACDONALD, op. cit.
158 WIERSBE, op. cit.
159 STRONG, op. cit.
160 MORRIS, op. cit.
161 METZ, op. cit.
162 MACDONALD, op. cit.
163 KISTEMAKER, op. cit.
164 METZ, op. cit.
165 KISTEMAKER, op. cit.
166 WIERSBE, op. cit.
167 KISTEMAKER, op. cit.
168 METZ, op. cit.
169 MORRIS, op. cit.
167

15.4 Pé: (πους – pous) no oriente coloca-se o pé sobre o derrotado; os discípulos ouvem seu
mestre aos pés170. Pode referir-se a uma posição inferior.
16 Pé e mão se sobrepõem, assim como olho, ouvido e olfato; pois inclinamo-nos a invejar o que
nos sobrepuja e não ao que pertence a uma classe diversa171.
17 Paulo esclarece a questão da dependência mútua172.
17.1 Mostra a necessidade das diferentes funções e a inferência de que nenhum membro
pode realizar a função de outro173.
17.2 É um absurdo nutrir ciúmes por causa dos dons.
18 Todo membro deve reconhecer que Deus não se esqueceu de ninguém na distribuiçao dos
dons. Não há espaço para o ócio na igreja174.
18.1 A posição de cada membro no corpo deriva de designação divina, e não de qualquer
coisa inferior a isso175.
18.1.1 Devemos imaginar que o Senhor cometeu um erro quando concedeu os dons?176
18.2 Devemos confiar em Deus e sermos gratos pelo dom que recebemos, usando-o para a
Sua glória e edificação dos irmãos em Cristo177.
19 Não importa quão importante seja algum membro, não pode existir corpo formado só dele178.
20 ...
21 Assim como é insensatez invejar o dom de outro, é insensatez depreciar o dom de alguém179.
21.1 Existe uma interdependência entre os diversos dons para a edificação.
21.1.1 Assim como em um corpo, quando uma parte do corpo se torna independente, gera
um problema sério que pode levar a uma enfermidade e até mesmo à morte180.
21.2 Paulo personifica o olho e a cabeça como membros que querem independência das
outras partes do corpo181.
21.2.1 O que o olho e a cabeça realizariam sem o resto do corpo?
21.2.2 Um membro da igreja não deve sentir-se autosuficiente, pois isso fere o ensino
sobre ser servo (1Co 9.19; 2Co 4.5; Gl 5.13).

170 STRONG, op. cit.


171 MORRIS, op. cit.
172 KISTEMAKER, op. cit.
173 MORRIS, op. cit.
174 KISTEMAKER, op. cit.
175 MORRIS, op. cit.
176 WIERSBE, op. cit.
177 MACDONALD, op. cit.
178 MORRIS, op. cit.
179 MACDONALD, op. cit.
180 WIERSBE, op. cit.
181 KISTEMAKER, op. cit.
168

21.3 Necessidade: (χρειαν – chreia) necessidade; responsabilidade, negócio182.


22 A idéia é que todos os membros do corpo, tanto os visíveis quanto os invisíveis, são
necessários183.
22.1 Ninguém na igreja deve desprezar quaisquer dos membros chamando-os de fracos, pois
esses são essenciais ao bem-estar da congregação184.
22.2 Assim como em uma sociedade, onde os trabalhadores mais humildes são os mais
necessários185.
23 "Em nós são vergonhosos": refere-se àquelas partes em que sua exposição é indecente e gera
vergonha (órgãos excretores e reprodutores186). Tais partes recebem maiores cuidados187.
23.1 Assim como no corpo, alguns dons são atraentes e outros não. Por isso devemos
destaca-los para minimizar essas distinções188.
24 “Formou”: (συνεκερασε – sugkerannumi) misturar, unir189. Significa uma fusão harmoniosa190.
25 "Para que não haja divisão": esta ação de Deus é dirigida à prevenção da divisão191.
25.1 O cuidade de uns com os outros deve ser a marca registrada da igreja (Lv 19.18; Mt
22.39; Jo 17.21)192.
25.2 A ênfase excessiva sobre um dom resultará em conflito e divisão193.
26 “Se alegram com ele”: Paulo não fala de coparticipação na honra, mas no regozijo194.
26.1 Os membros da igreja expressam amor cristão de formas tangíveis, à medida em que
nutrem, instruem, treinam, equipam e apóiam outros irmãos com os dons e talentos que
Deus lhes concedeu195.
27 "Corpo de Cristo": figura de linguagem para a Igreja (Ef 1.22-23; Cl 1.24)196.
27.1 Nenhum pode ter a pretensão de ser o todo, mas nenhum é excluído197.
27.2 Paulo agora passa das ideias gerais para questões específicas198.
28 Em ordem descendente, Paulo enumera 3 ofícios, e lista também 5 dons199.

182 STRONG, op. cit.


183 METZ, op. cit.
184 KISTEMAKER, op. cit.
185 MORRIS, op. cit.
186 METZ, op. cit.
187 KISTEMAKER, op. cit.
188 MACDONALD, op. cit.
189 STRONG, op. cit.
190 MORRIS, op. cit.
191 Ibidem.
192 KISTEMAKER, op. cit.
193 MACDONALD, op. cit.
194 MORRIS, op. cit.
195 KISTEMAKER, op. cit.
196 Ibidem.
197 MORRIS, op. cit.
198 METZ, op. cit.
169

28.1 Divide a lista em duas partes (ofícios-dons), pois estava interessado em estabelecer a
supremacia dos ofícios sobre os dons200.
28.1.1 "Designou": (τιθημι – tithemi) é usado com frequência para uma designação para
um ofício (Jo 15.16; At 20.28).
28.1.2 Sofria oposição de parte da igreja de Corinto quanto ao seu apostolado. Com isso
estava lembrando-os que o apostolado era o ofício mais elevado na igreja.
28.2 “Deus designou”: a atribuição de um cargo vem do próprio Deus, mesmo que sejam os
membros da igreja que os ordenem (At 13.2-3; Hb 5.4).
28.3 "Apóstolos": eram embaixadores de Cristo, para proclamar, ensinar e registrar a boa-nova.
28.3.1 Em toda a carta (menos em 1Co 9.5) o termo é usado para Paulo e os Doze.
Somente os Doze e Paulo poderiam ser os primeiros em uma lista de importância
na igreja201.
28.3.2 Foi temporário e cessou com a morte do último (João ~ 98 d.C.).
28.3.3 Sempre foram tidos em alta estima, como guardiões do Evangelho202.
28.4 "Profetas": diferente dos apóstolos (que serviam a igreja toda), os profetas serviam à
congregação local (At 13.1).
28.4.1 Nunca atuava como um apóstolo. Falavam pela autoridade do Espírito Santo, mas,
em ordem de importância, vinham depois dos apóstolos e deviam ser avaliados
(1Co 14.29).
28.4.2 Ocupavam-se em ensinar os membros das igrejas locais, dando instruções sobre
a conduta cristã.
28.5 "Mestres": recebiam estima maior que os profetas. Já possuíam as Escrituras e, com elas,
ensinavam a doutrina e as tradições.
28.5.1 Eram essenciais para ajudar a firmar os cristãos na fé203.
28.5.2 A tão alta posição desse ofício indica a importância ligada ao ensina na era
apostólica204.
28.5.2.1 Livros eram tão caros que só os ricos podiam adquirí-los.
28.5.2.2 Um só evangelho representava, em papiro, o salário de um ano. E um NT
o pagamento de oito anos a um operário especializado.
28.5.3 O trabalho do mestre é muito relacionado ao do pastor (Ef 4.11).

199 KISTEMAKER, op. cit.


200 LOPES, A. N. Apóstolos: a verdade bíblica sobre o apostolado. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
201 Ibidem.
202 MORRIS, op. cit.
203 WIERSBE, op. cit.
204 MORRIS, op. cit.
170

28.6 "Socorrem": prestam assistência; refere-se à obra dos diáconos205.


28.7 “Línguas”: Paulo coloca o dom de línguas em último lugar talvez por alguns crentes de
Corinto estarem valorizando excessivamente tal dom.
29 Todas as perguntas destes dois versículos são introduzidas com a partícula mē (μη)206, que é uma
partícula de negação qualificada207.
29.1 “São todos”: ninguém na Igreja pode afirmar possuir todos os dons. Os membros
dependem um do outro208.
30 Qualquer sugestão explícita ou implícita de que todos devem ter o dom de línguas é contrária a
palavra de Deus209.
30.1 Portanto é errado ensinar que as línguas são sinal do batismo do Espírito.
31 Esse versículo introduz o capítulo 13210.
31.1 "Procurai com zelo": por que Paulo instrui os coríntios a procurar com zelo pelos dons
melhores, quando num versículo anterior (v. 11) ele escreve que o Espírito Santo os
distribui conforme seu desígnio?
31.1.1 Todos os dons são necessários, mas isso não nega que alguns sejam mais
importantes que outros211.
31.2 "Melhores": (κρειττονα – kreitton) mais útil, mais vantajoso212.
31.2.1 Alguns dons proporcionam mais benefícios para o corpo que outros213.
31.2.2 Até mesmo no corpo humano, há algumas partes sem as quais podemos
sobreviver, mesmo que sua ausência acarrete em certas deficiências214.
31.2.3 Os melhores dons são aqueles que edificam a igreja (1Co 14.12; cf. Mt 7.7).
31.3 A igreja determina quais são os dons mais necessários, mas também deve ser guiada
pelas prioridades divinas215.
31.4 Dirige-se aos Coríntios como igreja local, e não como indivíduos. Como congregação
devem almejar ter em seu meio boa variedade de dons que os edifiquem216.

205 MORRIS, op. cit.


206 Ibidem.
207 STRONG, op. cit.
208 KISTEMAKER, op. cit.
209 MACDONALD, op. cit.
210 KISTEMAKER, op. cit.
211 METZ, op. cit.
212 STRONG, op. cit.
213 MACDONALD, op. cit.
214 WIERSBE, op. cit.
215 METZ, op. cit.
216 MACDONALD, op. cit.
171

31.5 “Um caminho muito superior”: seu propósito é encorajá-los a buscarem o amor e não
apenas os dons. Isso porque os dons só podem ser vistos sob a perspectiva correta à luz
do amor217.
31.5.1 A unidade e a diversidade devem ser contrabalançadas pela maturidade, e a
maturidade é decorrente do amor218.

217 METZ, op. cit.


218 WIERSBE, op. cit.
172

CAPÍTULO 13

A palavra amor foi esvaziada, distorcida, e adulterada em seu significado 1. Paulo apresenta o amor
sem sentimentalismo, sensualidade ou sexualidade. Esses sentidos foram adicionados ao termo pelo
mundo. O amor descrito aqui é divino e transcende os sentidos terrenos. O emprego dos dons
espirituais deve existir no ambiente desse amor, pois o objetivo do amor é ajudar outros, e não
agradar a si mesmo2, além dos dons espirituais serem inúteis e até mesmo destrutivos, se não forem
ministrados em amor3. Sem ele os crentes são incapazes de compartilhar os benefícios desses dons 4.
Este capítulo é considerado a coisa mais grandiosa, vigorosa e profunda que Paulo escreveu5.

(1-3: requisito; 4-7: suas virtudes; 8-13: sua perfeição)

1 Nos 3 primeiros versos Paulo frisa a importância do amor no exercício dos dons.
1.1 “Línguas dos homens e dos anjos”: uma hipérbole.
1.1.1 Não sabemos que linguagem sobrenatural os anjos falam (cf. 2Co 12.4), mas
sempre se comunicam com as pessoas em termos humanos6.
1.2 “Prato”: (κυμβαλον – kumbalon) címbalo [sino; gongo], i.e., prato côncavo de bronze [ou
prata], que, quando bate com outro, produz um som musical7.
1.2.1 O nome está sempre na forma plural ou dupla, indicando que possuía mais de uma
parte. Eram discos presos horizontalmente, ou taças/cones com um cabo de
madeira. Existiam os maiores e mais ruidosos e os menores com um tom mais alto.
Provavelmente eram usados para marcar o compasso para os corais levíticos8.
1.2.2 O som de gongos e címbalos era bem conhecido em Corinto9.
1.2.2.1 Nas religiões de mistério eram usados para invocar a deidade (Dionísio,
deus da natureza; e Cibele, deusa dos animais selvagens). Seus sons
cansava e incomodava as pessoas10.

1 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
2 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
3 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
4 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:

Cultura Cristã, 2003.


5 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
6 KISTEMAKER, op. cit.
7 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
8 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
9 MORRIS, op. cit.
173

1.2.3 A ideia é de um inexpressivo som de metal em lugar de música11.


1.3 “Não tivesse amor”: na Igreja a falta de amor está muitas vezes em evidência12.
1.3.1 “Amor”: (αγαπην – agapē) não se usava comumente antes do NT. É uma palavra
nova para uma nova ideia. Diferente do conceito conhecido da época, o amor
cristão é [cuidado e compaixão13] voltado para os indignos. Vemos os outros
como Deus os vê (aqueles por quem Cristo morreu)14.
1.4 Usar o dom de línguas (ou “a mais excelente língua) sem a intenção de edificar o próximo
(amor) é como, apenas, fazer barulho.
2 Cita 2 dons: profecia e fé. Tais, sem amor, não seriam nada, ou seriam em vão.
2.1 “Mistérios”: qualquer verdade oculta que tenha que ser entendida de forma sobrenatural
(cf. 1Co 14.2)15.
2.1.1 Os dois termos (mistérios e conhecimento) estão intimamente ligados à
profecia (1Co 2.7; 4.1; Ap 10.7). Um profeta recebe discernimento a respeito dos
mistérios de Deus e os explica para o povo16.
2.2 “Mover montanhas”: provérbio judeu que trás a ideia de tornar o impossível possível17.
3 Menciona o dom de contribuição.
3.1 “Distribuísse”: (ψωμισω – psōmizō) “alimentar ao colocar um pedaço de comida na
boca”18; "dar por parcelas", diferente do que Jesus disse ao jovem rico (Mt 19.21)19.
3.1.1 Esse "dar em pequenas porções" significa, dar a grande número de pessoas20.
3.2 “Entregasse meu corpo para ser queimado”: é uma metáfora. Em uma perseguição você
é assassinado à força (Dn 3.19-20)21.
3.2.1 Havia uma ideia meritória quanto a ofertas dadas com sacrifício nas religiões de
mistério (pais sacrificavam os próprios filhos e outros entregavam a si mesmos)22.
3.2.2 Representa a pior coisa que pode suceder ao corpo. Os homens do séc. I
honravam atos de caridade e sofrimento23.

10 LOPES, op. cit.


11 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
12 KISTEMAKER, op. cit.
13 METZ, op. cit.
14 MORRIS, op. cit.
15 PFEIFFER, op. cit.
16 KISTEMAKER, op. cit.
17 Ibidem.
18 STRONG, op. cit.
19 KISTEMAKER, op. cit.
20 MORRIS, op. cit.
21 KISTEMAKER, op. cit.
22 LOPES, op. cit.
23 MORRIS, op. cit.
174

3.3 “Nada disso me traria benefício”: não edificaria nem a ele mesmo.
3.3.1 Sem amor, todo o sacrifício se perde e nada se ganha24.
3.4 Paulo mostra que, mesmo que executemos com “perfeição” os dons, eles não servirão
de nada se não forem exercidos em um ambiente de amor.

4 “Paciente”: [sogredor – ARC] (μακροθυμει – makrothumeo) espírito paciencioso; não desanima25.


4.1 A palavra indica paciência com pessoas, antes que com as circunstâncias26.
4.2 O sentido é de aceitar os traços desagradáveis da personalidade de outro e mostrar
paciência. Pois, assim como Deus é paciente conosco, nós precisamos demonstrar o
mesmo (parábola do credor – Mt 18.23-35)27.
4.3 “Benigno”: (χρηστευεται – chresteuomai) usar de bondade.
4.4 “Invejoso”: [ciumento – NTLH] (ζηλοι – zeloo) estar cheio ou ferver de ciúme, ódio, raiva.
4.4.1 Em um contexto desfavorável significa ser zeloso contra uma pessoa28.
4.4.2 Nesse versículo, o ciúme se refere a um vício29.
4.4.2.1 Existem vários exemplos dos efeitos desastrosos que o ciúme tem sobre
relacionamentos: Caim (Gn 4.3-5, 8); os irmãos de José (Gn 37.11, 28);
os sacerdotes (At 5.17-18); os judeus (At 13.45, 50).
4.4.3 Nos lembra que o amor não se aborrece com o sucesso dos outros30.
4.5 “Vangloria”: [leviandade – ARC; orgulho – BAM, NTLH] (περπερευεται – perpereuomai)
gabar-se [um gabola].
4.5.1 Descreve alguém que exibe suas habilidades para ser reconhecida31.
4.5.2 Alguém que louva suas próprias qualidades. Os coríntios se orgulhavam de seus
dons32.
4.6 “Orgulha”: [ensoberbece – ARC; arrogante – BAM; vaidoso – NTLH] (φυσιουται – phusioo)
inflamar, encher, fazer crescer.
4.6.1 A arrogância é egoísmo inflado; o amor é humildade genuína. Os dois são
mutuamente excludentes33.

24 LOPES, op. cit.


25 STRONG, op. cit.
26 MORRIS, op. cit.
27 KISTEMAKER, op. cit.
28 METZ, op. cit.
29 KISTEMAKER, op. cit.
30 MORRIS, op. cit.
31 KISTEMAKER, op. cit.
32 METZ, op. cit.
33 KISTEMAKER, op. cit.
175

4.7 Interessante que os coríntios eram impacientes (1Co 11.21, 33; 14.29-32); invejosos
(1Co 12.15-16); soberbos (1Co 4.6, 18-19; 5.2)34.
5 “Indecência”: [escandaloso – BAM; grosseiro – NTLH; maltrata – NVI] (ασχημονει –
aschemoneo) agir indecorosamente35.
5.1 Tem em mente o comportamento impróprio em qualquer situação, estendendo-se a todos
os aspectos do comportamento (palavras, atitudes, aparência)36.
5.2 “Não busca os próprios interesses”: o amor não procura egoisticamente os seus
interesses, mas se preocupa com aquilo que ajudará outros37.
5.2.1 Paulo foi um exemplo vivo aos coríntios de que o amor não é egoísta (1Co 9.18;
10.24, 33)38.
5.2.2 Só há contenda quando você briga pelos seus interesses, quando egoísmo
está na frente. Mas quando você coloca a causa do outro na frente da sua
necessidade não existe contenda39. Os coríntios eram assim (1Co 6.7).
5.3 “Enfurece”: [irrita – ARC; ira – NVI] (παροξυνεται – paroxynein) incitar alguém à ira.
5.3.1 Ninguém é imune à irritação causada por outros (Êx 32.19-24). A ira justa é
permissível e em certos casos até necessária (Jo 2.13-17). Mas pode nos fazer
pecar quando extravassa (Sl 4.4; Ef 4.26)40.
5.4 “Guarda ressentimento do mal”: [suspeita mal – ARC; guarda rancor – BAM; guarda
mágoas – NTLH] (λογιζεται το κακον – logizomai to kakos) contabilizar algo de uma
natureza perversa.
5.4.1 Quando os males são perdoados, eles devem ser logo esquecidos e nunca mais
mencionados41.
5.4.2 O amor está sempre pronto para pensar o melhor das pessoas, e não lhes imputa
o mal42.
6 O amor não se alegra diante do que é errado, mas diante do que é certo (NTLH).
6.1 O amor e a verdade são sócios inseparáveis que residem no próprio Deus43.
6.2 A natureza humana possui certa maldade que se compraz na injustiça44.

34 WIERSBE, op. cit.


35 STRONG, op. cit.
36 KISTEMAKER, op. cit.
37 MACDONALD, op. cit.
38 KISTEMAKER, op. cit.
39 LOPES, op. cit.
40 KISTEMAKER, op. cit.
41 Ibidem.
42 MORRIS, op. cit.
43 KISTEMAKER, op. cit.
44 MACDONALD, op. cit.
176

6.3 Não se alegra com o mal de nenhuma espécie45.


7 “Sofre”: [desculpa – BAM] (στεγει – stegō) telhado; cobrir; suportar46.
7.1 O amor é como uma capa que cobre o que não agrada outra pessoa (1Pe 4.8)47.
7.1.1 Não divulgando desnecessariamente as falhas de outros48.
7.1.2 Alguns estavam usando mal a sua liberdade, fazendo tropeçar os mais fracos.
“Tudo sofre” significa abrir mão de um direito em favor do outro (1Co 6.7; 8.13)49.
7.2 “Crê”: (πιστευει – pisteuo) acreditar; ter confiança.
7.2.1 Ter confiança nos outros50.
7.2.2 Não implica em o amor ser enganado por simulações, mas em sempre dispor-se a
conceder o benefício da dúvida51.
7.2.3 Uns duvidavam de Paulo, dando créditos a mentirosos (1Co 4.3; 9.2-3)52.
7.3 “Tudo espera”: a esperança nunca está focalizada em si, e sim, em Deus53.
7.3.1 Não se refere a um otimismo irracional, mas a uma recusa de tomar o fracasso
como final54.
7.4 “Suporta”: (υπομενει – hupomenō) ficar, i.e., permanecer, não retirar-se ou fugir.
7.4.1 Está relacionado a suportar em circunstâncias ruins (2Tm 2.12a; 1Pe 2.19-20)55.
7.4.2 O verbo denota a resistência do soldado que, no grosso da batallha, não
fraqueja, mas continua a lutar vigorosamente56.
7.5 Todas as características do amor aparecem no fruto do Espírito (Gl 5.22-23). É por isso
que o amor edifica: libera o poder do Espírito em nossa vida e na igreja57.
7.6 A única saída para uma igreja carnal e imatura (como a de Corinto) é o remédio do amor58.

8 “Jamais é vencido”: diferentemente dos dons, o amor é eterno.


8.1 O amor é eterno porque é um dos atriburos de Deus (1Jo 4.8)59.

45 MORRIS, op. cit.


46 STRONG, op. cit.
47 KISTEMAKER, op. cit.
48 MACDONALD, op. cit.
49 LOPES, op. cit.
50 METZ, op. cit.
51 MORRIS, op. cit.
52 LOPES, op. cit.
53 KISTEMAKER, op. cit.
54 MORRIS, op. cit.
55 KISTEMAKER, op. cit.
56 MORRIS, op. cit.
57 WIERSBE, op. cit.
58 LOPES, op. cit.
59 KISTEMAKER, op. cit.
177

8.1.1 E porque continuaremos amando ao Senhor e uns aos outros60.


8.1.2 Dons são para a igreja militante. O amor é também para a Igreja triunfante61.
8.2 “Vencido”: (εκπιπτει – ekpipto) metáf. perecer, cair62.
8.3 “Extintas”: (καταργηθησονται – katargeo) desempregado, inativo, inoperante; sem
eficiência; fazer cessar, pôr um fim, pôr de lado, anular, abolir63.
8.3.1 Quando estivermos diante de Deus, não haverá mais a necessidade de profecias;
não estaremos separados por línguas; e conheceremos toda a revelação de Deus64.
9 “Parcialmente”: ao contrário do amor, os dons são uma sobra do por vir.
9.1 Os dons ocorrem de forma fragmentária, isto é, nosso conhecimento e nossa profecia são
incompletos65.
10 “Vier”: (ελθη – erchomai) em relação a pessoas ou como uma metáfora66.
10.1 “Completo”: (τελειον – teleios) que não carece de nada necessário para estar completo.
10.1.1 O versículo aponta para a consumação67.
10.2 “O que é parcial será extinto”: os dons cessarão.
10.2.1 Os dons espirituais imperfeitos sobre a terra serão superados pelo estado perfeito
de conhecimento na consumação68.
10.3 Os versos 8-13 costumam ser interpretados de duas maneiras: 1) cessacionísta (os dons
cessaram quando o Cânon das Escrituras foi completado) ou 2) continuísta (os dons
cessarão quando os cristãos entrarem no estado eterno)69.
11 “Criança”: (νηπιος – nepios) metáf. infantil, imaturo, inexperiente70.
11.1 Compara a vida terrena do crente e sua subseqüente perfeição na presença do Senhor71.
11.1.1 Na infância a fala, o entendimento e o pensamento são limitados e imaturos72.
11.2 "Acabei com as coisas de criança": o que nos interessa quando criança não mais nos
atrai ao tornarmos adulto73.

60 MACDONALD, op. cit.


61 LOPES, op. cit.
62 STRONG, op. cit.
63 Ibidem.
64 METZ, op. cit.
65 KISTEMAKER, op. cit.
66 STRONG, op. cit.
67 KISTEMAKER, op. cit.
68 Ibidem.
69 MACDONALD, op. cit.
70 STRONG, op. cit.
71 KISTEMAKER, op. cit.
72 MACDONALD, op. cit.
73 KISTEMAKER, op. cit.
178

11.2.1 No presente nós recebemos a revelação de Deus, que é suficiente para nossa
salvação. Mas percebemos que nosso conhecimento permanece parcial, até que
vejamos Cristo face a face. Naquele dia entenderemos o desígnio e o propósito de
Deus plenamente.
11.3 Os coríntios eram como crianças usando brinquedos que, um dia, deixariam de existir74.
11.3.1 Crianças vivem em função de coisas temporárias; adultos, de coisas permanentes.
12 Paulo usa outra ilustração: uma pessoa que se vê no espelho75.
12.1 "Espelho": um espelho no tempo de Paulo era um pedaço de metal polido que muitas
vezes era colocado deitado sobre uma mesa.
12.1.1 O reflexo nessa chapa de metal não pode ser comparado com a realidade.
12.2 "Face a face": refere-se à revelação pessoal de Deus com alguém, de forma clara e direta
(Êx 33.11; Nm 12.8; Dt 5.4; 34.10).
12.3 “Agora conheço em parte”: atualmente somos incapazes de captar todo o sentido das
Escrituras, mas no futuro Deus nos concederá o pleno conhecimento de sua revelação.
12.4 "Conhecerei plenamente": (επιγνωσομαι – epiginosko) conhecimento completo76.
13 Em contraste com as coisas temporárias, Paulo coloca estas realidades eternas77.
13.1 Os três são os princípios morais centrais do cristianismo78.
13.1.1 Em resumo, o fruto do Espírito é mais importante que os dons do Espírito.
13.2 “O maior deles é o amor”: a fé se transformará em visão e a esperança se cumprirá79.
13.2.1 A fé sem o amor é fria, e a esperança sem ele é horrenda. O amor é o fogo que
incendeia a fé e a luz que torna a esperança segura80.

74 WIERSBE, op. cit.


75 KISTEMAKER, op. cit.
76 MORRIS, op. cit.
77 Ibidem.
78 MACDONALD, op. cit.
79 WIERSBE, op. cit.
80 LOPES, op. cit.
179

CAPÍTULO 14

Agora Paulo discursa sobre o dom de profetizar e o de falar em línguas1. Esclarece que o exercício
das línguas é legítimo, mas refreia o exagero2. Ao que parece, havia uma tendência na igreja de
perder o domínio próprio ao exercitar os dons, portanto Paulo os lembra dos princípios
fundamentais que devem reger os encontros da igreja que são três: edificação, entendimento e
ordem3.

(1-12: princípio da edificação; 13-25: princípio do entendimento; 26-40: princípio da ordem)

1 “Segui”: (διωκετε – diokete) metáf., perseguir; esforçar-se com todo o empenho para adquirir4.
Indica uma ação que não termina nunca5.
1.1 O amor deve ser buscado como algo indispensável.
1.1.1 Ou seja, deve-se sempre procurar servir aos outros6.
1.1.2 Resumindo, exorta-os a porem em prática a mensagem do capítulo anterior7.
1.2 “Desejai intensamente”: (ζηλουτε – zeloo) desejar sinceramente, esforçar-se muito por8.
1.2.1 Não é ruim procurar/desejar os dons9.
1.2.2 Os dons são distribuídos pelo Espírito, mas podemos pedir os dons que são
mais valiosos para igreja10.
1.3 “Principalmete o de profetizar”: Paulo coloca a profecia em uma categoria superior.
1.3.1 O dom da profecia está intimamente ligado à pregação11.
1.3.2 Não devemos imaginar o profeta do NT como uma pessoa que prenuncia o futuro,
pois até mesmo os profetas do AT não se atinham a fazer previsões12.
2 “Línguas não fala aos homens”: o conteúdo das línguas é direcionado a Deus (cf. At 2.11).

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
3 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
4 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
5 MORRIS, op. cit.
6 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
7 KISTEMAKER, op. cit.
8 STRONG, op. cit.
9 MORRIS, op. cit.
10 MACDONALD, op. cit.
11 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
12 WIERSBE, op. cit.
180

2.1 Falar em língua é um culto particular dirigido a Deus, comparável à oração pessoal13.
2.2 A interpretação não muda a essência do dom. Mesmo com a interpretação, variedade de
língua é palavra de homem para Deus e não palavra de Deus para o homem14.
2.2.1 É oração e não pregação.
2.3 “Ninguém o entende”: ninguém entende a língua falada; nem mesmo o locutor15.
2.3.1 Algumas traduções (ARC; NTLH) referem-se a uma língua estranha ("outra
língua"), mas o NT não diz coisa alguma sobre "línguas estranhas". Desde o
começo da igreja, as línguas eram conhecidas e podiam ser identificadas pelos
ouvintes (At 2.4, 6, 8, 11)16.
2.3.1.1 Talvez fosse uma língua estranha para os que falavam e para os que
ouviam, mas não era desconhecida no mundo (1Co 14.10-11, 21).
2.4 “Pelo Espírito”: significa o espírito da própria pessoa, tomado de exaltação e de emoção17.
2.5 “Mistérios”: conteúdo que, sem interpretação, é incognoscível para os homens18.
3 “Quem profetiza, fala aos homens”: inversamente ao dom de línguas, o conteúdo da profecia é
direcionado aos homens.
3.1 “Edificação, exortação e consolação”: é o objetivo/resultado da profecia.
3.1.1 Os propósitos da profecia são os mesmos propósitos da Palavra (2Tm 3.16-17)19.
3.1.2 A mensagem anima e inspira os ouvintes a enfrentar os problemas diários. Visa
aplicar a verdade de Deus às vidas humanas para que compreendam e
cresçam20.
3.1.3 Dessa forma, a profecia é um inspirado pronunciamento que todos os homens
entendem21.
3.2 O que é o dom de profecia? Não é o recebimento de uma nova revelação ou inspiração
divina (Gl 1.8) 22.
3.2.1 É a explanação, a exposição, e a explicação fiel da Palavra de Deus conforme
está nas Escrituras. A proporção da fé é o conteúdo das Escrituras (Rm 12.6; cf.
1Pe 4.11; Jd 3).

13 KISTEMAKER, op. cit.


14 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
15 Ibidem.
16 WIERSBE, op. cit.
17 METZ, op. cit.
18 MORRIS, op. cit.
19 LOPES, op. cit.
20 KISTEMAKER, op. cit.
21 METZ, op. cit.
22 LOPES, op. cit.
181

4 “Edifica a si mesmo”: esse seria o modo errado do uso do dom de língua (cf. 1Co 12.7; 13.1,
5a). Paulo usa de sarcasmo.
4.1 Paulo não trata de uma vida de oração na privacidade do lar, mas do uso do dom de
línguas na igreja local23.
4.1.1 O contexto indica que Paulo não defende o uso desse dom para autoedificação,
condenando qualquer forma de uso que não resulte na edificação dos outros.
4.2 Se o falar em línguas não transmite uma mensagem aos ouvintes, a igreja não recebe
benefício nenhum24.
4.2.1 Se usado em amor beneficia os outros e não apenas o que fala (cf. 1Co 13.5)25.
4.3 Isso mostra a importância do ensinamento doutrinário na igreja. Nossa adoração deve
ser exercida com entendimento, do contrário, transforma-se em emocionalismo
supersticioso26.
4.4 “Profetiza edifica a igreja”: Paulo explica porque o dom de língua é inferior ao de profecia.
4.4.1 A profecia deve sempre ser falada em um pano de fundo de amor pelo próximo27.
5 “Gostaria”: a alusão às palavras de Moisés (Nm 11.29)28.
5.1 "Thelo" (θελω) expressa um desejo improvável de ser realizado (cf. 7.7)29.
5.2 “A não ser que”: o que caracteriza o dom como superior ou inferior é a forma como ele é
exercido: de forma egoista ou altruísta.
5.2.1 O falar em línguas é aceitável, contanto que quem fala interprete sua mensagem 30.
5.3 "Para que a igreja receba edificação": o critério de avaliação de qualquer dom é o seu
valor para a igreja31.
5.3.1 Os melhores dons são os que mais edificam a igreja. O critério é a edificação32.
5.3.2 Dessa forma o apóstolo indica que o dom de línguas deve ser interpretado.
6 “Se eu for até vós”: descreve sua próxima visita a Corinto33.
6.1 “Que benefício vos trarei”: uma falta de comunicação significa uma falta de amor. Os
dons que o Espírito Santo distribui têm o propósito de servir à igreja para que todos os
membros possam se beneficiar deles34.

23 MACDONALD, op. cit.


24 KISTEMAKER, op. cit.
25 MACDONALD, op. cit.
26 WIERSBE, op. cit.
27 KISTEMAKER, op. cit.
28 Ibidem.
29 METZ, op. cit.
30 KISTEMAKER, op. cit.
31 METZ, op. cit.
32 MORRIS, op. cit.
33 Ibidem.
182

6.2 “Revelação”: (αποκαλυψει – apokalupsis) uma revelação de verdade, instrução;


concernente a coisas antes desconhecidas35.
6.2.1 Pode ser considerada como os acréscimos ao NT que estavam sendo
desenvolvidos na época; ou discernimentos da Palavra de Deus revelados aos
apóstolos e profetas (Ef 3.5; Fp 3.15)36.
6.2.2 Parece denotar algum ponto específico que Deus poderia revelar e um dos irmãos,
que poderia transmitir a outros (cf. v. 26)37.
7 “Senão formarem sons”: uma melodia bem tocada fala ao fundo da alma. Sons discordantes
sem propósito, não significam nada38.
7.1 Nenhum instrumento produz qualquer música compreensível, a não ser que sejam tocados
de acordo com alguma forma ou ordem39.
8 Alude a um corneteiro na muralha da cidade, que alerta os cidadãos para o iminente ataque40.
8.1 A trombeta transmite as vozes de comando do chefe a homens que estão longe dele41.
8.2 Se o corneteiro de um batalhão não sabe se está dando um toque de "Recuar!" ou de
"Atacar!", por certo os soldados também não saberão o que fazer42.
8.3 Se o sinal for incerto, o resultado será a confusão e a desordem43.
9 "Palavras que se podem compreender": a responsabilidade de falar de maneira clara e
inteligível está agora diante dos coríntios44.
9.1 “Falando ao vento”: línguas sem interpretação, no culto, é insignificante. É falar em vão45.
10 “Nenhuma delas sem sentido”: todas as línguas têm sentido/linguística.
10.1 Aqui temos um bom motivo para crer que, quando Paulo escreve, refere-se a línguas
conhecidas, não a alguma língua "celestial"46.
11 “Serei estrangeiro para que fala”: o dom de línguas usado indevidamente gera
distanciamento/divisão e, consequentemente, destruição do corpo e não a edificação (ex.: Babel).
11.1 "Bárbaros" (estrangeiro), denota o homem cuja linguagem não faz sentido. Tal palavra é
empregada de modo pejorativo47.

34 KISTEMAKER, op. cit.


35 STRONG, op. cit.
36 KISTEMAKER, op. cit.
37 MORRIS, op. cit.
38 Ibidem.
39 METZ, op. cit.
40 KISTEMAKER, op. cit.
41 MORRIS, op. cit.
42 WIERSBE, op. cit.
43 METZ, op. cit.
44 KISTEMAKER, op. cit.
45 METZ, op. cit.
46 WIERSBE, op. cit.
183

11.1.1 A linguagem ininteligível, que era motivo de orgulho para os corìntios, tranforma-
se em algo que os torna nada mais que "bárbaros". Isto para um grego era muito
ruim.
11.2 Uma língua falada deve transmitir sentido, senão é ineficaz e impotente48.
12 Devemos destacar-nos em edificar a igreja com os dons espirituais que recebemos49.
12.1 A coisa de valor para o cristão é que possa edificar outros50.
12.2 Se o crente quiser promover o bem-estar da igreja, ele analisará os seus dons de acordo
com este critério51.
12.2.1 Por isso o cristão deve contrabalançar seu zelo pelos dons com o desejo de
promover a edificação da igreja52.

13 "Por isso": liga esse versículo com a passagem anterior que fala de edificação e inteligibilidade 53.
13.1 “Para que possa interpretar”: o ambiente descrito não é a privacidade da casa, mas um
culto público. Nesse ambiente a palavra precisa ser sempre lúcida e instrutiva.
13.1.1 O dom de línguas não é uma condição final. Quem fala em línguas deve orar
para também interpretar54.
14 "Porque": Paulo explica o versículo 1355.
14.1 “O meu espírito ora”: no sentido de que seus sentimentos são expressos (seu
interior56), ainda que não na linguagem habitual57.
14.2 “Infrutífera”: (ακαρπος – acarpos) metaf. sem fruto, estéril, sem produzir o que se deve58.
14.2.1 NTLH – “mas a minha inteligência não tomará parte nisso”.
14.2.2 Um homem cuja mente é infrutífera não está sendo fiel à sua vocação cristã59.
14.2.3 O cristão precisa do intelecto para o pleno gozo da experiência cristã60.
15 "Orarei com o espírito, mas também com a mente": Paulo rejeita a oração com o espírito, mas
sem a mente no culto público61.

47 MORRIS, op. cit.


48 KISTEMAKER, op. cit.
49 Ibidem.
50 MORRIS, op. cit.
51 METZ, op. cit.
52 MACDONALD, op. cit.
53 KISTEMAKER, op. cit.
54 MORRIS, op. cit.
55 KISTEMAKER, op. cit.
56 WIERSBE, op. cit.
57 MACDONALD, op. cit.
58 STRONG, op. cit.
59 MORRIS, op. cit.
60 METZ, op. cit.
184

15.1 Nunca defendeu um culto catártico, de êxtase emocional62.


15.2 Orar exige concentração intensa da mente. Por isso orar sem empenhar a mente é inútil.
15.2.1 Não podemos ser despojados do nosso entendimento na adoração. Nosso culto
precisa ser racional (Rm 12.1-2)63.
15.3 “Orarei... Cantarei”: no culto os membros oram e cantam (Ef 5.19; Cl 3.16). Quando
oramos e cantamos devemos prestar muita atenção às palavras e à música.
15.3.1 Todas as expressões no culto devem ser realizadas com entendimento.
15.4 O intelecto não é assegurado como diminuição do fervor espiritual64.
15.4.1 Muitas vezes as orações são elevadas numa espécie de jargão emocional, e os
hinos são escolhidos com base em melodias atraentes, em vez de em sólida
teologia.
15.5 Não é errado orar ou cantar "em espírito", mas é melhor incluir a mente e entender o que
estamos orando ou cantando65.
15.5.1 Para que o locutor seja edificado, deve entender o que diz. Por isso deve orar
pela interpretação (v. 13).
16 "Como dirá amém": na conclusão de uma oração era costume o auditório pronunciar um amém
(termo hebraico que significa "assim seja!") como sinal de aprovação do que fora dito66.
16.1 Expressão pela qual o orador faz da oração proferida por outrem, sua própria oração67.
16.2 Se não entendiam a língua expressa na oração, não poderiam dizer amém.
16.2.1 Nos cultos da igreja primitiva eles cantavam; liam porções das Escrituras;
confessavam a fé com credos; pregavam; oravam e administravam o batismo e a
ceia. Os sermões e orações eram testados.
16.2.2 Esse versículo autoriza o uso inteligente do “amém” durante os cultos68.
16.3 "Não instruído": inquiridores ou prosélitos; pessoas não comprometidas com o
cristianismo, mas interessadas ou novos na fé69.
17 “Agradeces de modo adequado”: Paulo reclama quanto a forma em que se expressa o louvor.
Repreende a desconsideração para com "o outro"70.

61 KISTEMAKER, op. cit.


62 LOPES, op. cit.
63 Ibidem.
64 MORRIS, op. cit.
65 WIERSBE, op. cit.
66 KISTEMAKER, op. cit.
67 MORRIS, op. cit.
68 MACDONALD, op. cit.
69 MORRIS, op. cit.
70 KISTEMAKER, op. cit.
185

17.1 Qualquer pessoa que lidera um culto precisa falar de maneira inteligível.
18 "Falo em línguas": fala como uma revelação (talvez fosse uma surpresa para os leitores)71.
18.1 "Mais que todos vós": não se refere à frequência, mas à qualidade.
18.1.1 O importante é a qualidade da comunicação72.
18.2 O apóstolo possuía a habilidade de falar em outros idiomas, mas a referência aqui é, sem
dúvida, ao dom de línguas73.
19 "Na igreja": indica a conduta em um culto público. Não refere-se a privacidade da sua casa74.
19.1 A igreja é o local onde o povo de Deus cultua em comunidade, sendo edificados pelo
ensino e pregação da Palavra.
19.2 Paulo não tinha nenhum interesse em exibir seu dom75.
20 "Irmãos": esse termo, geralmente, significa que o assunto é delicado (cf. vv. 6, 26, 39)76.
20.1 "Crianças no entendimento": os coríntios demonstravam modos infantis em seu pensar.
20.1.1 Paulo tinha em mente as palavras de Jr 4.22.
20.1.2 O sentido é: "parem de ser meninos no entendimento"77.
20.1.2.1 É característico da criança preferir o divertido ao útil, o brilhante ao sólido.
20.1.3 Ecoa as palavras de Jesus aos discípulos (Mt 10.16).
20.1.4 Tratando-se de conhecer o pecado, deveriam ser inocentes como "criancinhas",
mas tratando-se de entendimento espiritual, homens e mulheres maduros78.
20.1.4.1 Há quem acredite que falar em línguas é sinal de maturidade espiritual,
mas Paulo ensina que é possível exercitar esse dom sem
espiritualidade nem maturidade.
21 “Está escrito”: cita Is 28.11-12, cujo o contexto expressa a rejeição dos clérigos que zombam
do profeta por falar de modo simples e claro (Is 28.10, 13). Por isso Deus lhes enviou os assírios,
cujos soldados lhes falariam em língua estrangeira, sendo uma maldição por sua incredulidade.
Seriam exilados (Dt 28.49; Is 33.19; Jr 5.15)79.
21.1 Ouviram a voz de Deus através das severas ordens dos invasores estrangeiros80.

71 KISTEMAKER, op. cit.


72 WIERSBE, op. cit.
73 MACDONALD, op. cit.
74 KISTEMAKER, op. cit.
75 MACDONALD, op. cit.
76 KISTEMAKER, op. cit.
77 MORRIS, op. cit.
78 WIERSBE, op. cit.
79 KISTEMAKER, op. cit.
80 METZ, op. cit.
186

21.2 Da mesma forma, os que não cressem ouviriam línguas, e não conseguiriam entender o
seu maravilhoso significado81.
22 "Línguas são um sinal": falar em língua é sinal de Deus que serve como juízo sobre eles82.
22.1 Esse incrédulo está sob o mesmo juízo que o judeu incrédulo nos dias de Isaías.
22.2 Falar em línguas tende a alienar, em vez de atrair descrentes a Deus (cf. vv. 23-25).
22.3 "A profecia, porém": a profecia é como um sinal de bênção de Deus sobre seu povo.
22.3.1 O falar em línguas sem interpretação nunca pode ser um recurso evangelístico,
mas a profecia serve como instrumento eficaz para levar pessoas à conversão.
23 Paulo ilustra seu argumento apelando para um exagero: todos reunidos (só se fosse ao ar livre) e
todos falarem em línguas83.
23.1 "Não dirão que estais loucos?": foi o que aconteceu no Pentecoste (At 2.13). Se isso
acontecesse em Corinto, a igreja se tornaria alvo de risos.
23.1.1 Paulo estava alarmado com o fato de que, ao invés de ajudar a converter os
pecadores, o ato de falar em línguas de forma desordenada poderia despertar
somente o escárnio e o desprezo dos descrentes84.
24 Paulo também pinta uma cena hipotética aqui (se todos profetizassem o culto nunca acabaria)85.
24.1 "Incrédula ou não instruída entrar": os cultos devem ser abertos ao público. Jesus
ensinava abertamente a todos e nada dizia em secreto (Jo 18.20).
24.2 "Convencida de seu pecado": o Espírito Santo, por meio das Escrituras, leva as pessoas
ao arrependimento e a um conhecimento salvífico do Senhor (Jo 16.8-11).
24.2.1 Mesma palavra usada em Jo 16.8 para à obra do Espírito Santo86.
24.2.2 A profecia também produz convencimento de pecado87.
24.3 "E julgada": aos crentes foi dada a tarefa de julgar à luz das Escrituras (1Co 6.2).
24.3.1 Devemos emitir juízos em algumas situações (Mt 18.17; 1Co 5.3-5, 11; 2Co 11.13;
1Tm 3; Tt 1; 2Pe 2.12-13; 2Jo 7-11)88.
24.3.2 Devem analisar uma pessoa que recebeu a luz do evangelho, aceitou Jesus em fé,
renunciou sua vida passada de pecado, e agora deseja ser membro da igreja.

81 MORRIS, op. cit.


82 KISTEMAKER, op. cit.
83 Ibidem.
84 METZ, op. cit.
85 KISTEMAKER, op. cit.
86 METZ, op. cit.
87 LOPES, op. cit.
88 NOZIMA, H. Julgar ou não julgar? Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/julgar_nozima.htm>.

Acesso em: 26 out. 2018.


187

25 "Se tornarão manifestos": a Palavra de Deus proclamada expõe o pecado na vida de um


pecador e torna todas as coisas visíveis a ele (cf. Ef 5.13-14)89.
25.1 O Espírito Santo aplica a verdade de Deus à necessidade dessa pessoa e o coração dela é
descoberto90.
25.2 "Com o rosto em terra, adorará": quadro de completa submissão a Deus. A posição
descreve a indignidade de alguém quando o próprio Deus está presente (cf. 1Rs 18.39).
25.3 "Afirmando que...": cita mais uma vez Isaías (Is 45.14; cf. Zc 8.23), retratando uma pessoa
convencida de pecado.
25.4 "Deus está entre vós": "Emanuel".
25.5 A profecia produz os resultados redentores procurados pela igreja de Deus91.
25.6 Devemos nos concentrar em compartilhar a Palavra de Deus de modo que a igreja seja
fortalecida e cresça (edificação). Nos lembrando de que, a fim de trazer algum benefício, o
que compartilhamos precisa ser compreensível (entendimento)92.

26 "Irmãos": sempre que ensina um tópico sensível, chama-os de irmãos (cf. vv. 6, 20, 26, 39)93.
26.1 Ele corrige o comportamento desordenado dos cultos coríntios.
26.2 “Quando vos reunis”: evidencia o contexto de culto94.
26.3 "Cada um tem...": descreve um culto que envolve muitos membros. Menciona ao acaso
algumas partes do culto.
26.3.1 Paulo aprova cultos que davam liberdade para o Espírito falar por intermédio de
vários irmãos95.
26.4 "Hino": (salmo ou cântico) sempre foi parte comum dos cultos. Podia ser acompanhado ou
não por instrumento.
26.5 "Revelação": está no contexto de profecia (cf. vv. 29-30).
26.5.1 O ensino e a revelação são relacionados à exposição da Palavra.
26.6 "Tudo... visando à edificação": há vários ingredientes no culto, mas a regra orientadora
é a edificação96. Nas reuniões o princípio do amor deve ser aplicado.
26.6.1 As expressões e ações no culto devem ser realizados observando o próximo.

89 KISTEMAKER, op. cit.


90 LOPES, op. cit.
91 METZ, op. cit.
92 WIERSBE, op. cit.
93 KISTEMAKER, op. cit.
94 MORRIS, op. cit.
95 MACDONALD, op. cit.
96 MORRIS, op. cit.
188

26.6.2 Cada parte do culto deve contribuir para a edificação da igreja97.


26.6.3 A igreja de Corinto tinha problemas específicos com a desordem em seus cultos
(cf. 1Co 11.17-23)98.
27 "Somente dois, quando muito três": Paulo estipula um limite de participação em uma reunião.
27.1 "Um de cada vez": exige ordem na reunião.
27.1.1 Ao que parece, em Corínto, os que exerciam esse dom falavam simultaneamente,
causando confusão99.
27.2 "Haja intérprete": (εις διερμηνευετω – “heis diermeneuo”) "um [numeral] interprete" (NTLH
e NVI)100.
27.2.1 Não se deve usar o dom de línguas sem que haja intérprete101.
27.2.2 Quem se levanta em línguas deve certificar-se de que alguém o interpretará102.
28 "Permaneça calado na igreja": isso revela que a pessoa que tem o dom de línguas possui o
controle de suas faculdades103.
28.1 "Na igreja": há abertura para o exercício do dom, sem intérprete, na privacidade do lar.
29 Aqui Paulo tem em mente mais a pregação regular e o ensino da Bíblia do que uma
declaração profética ocasional104.
29.1 Profetas são aqueles que, pelo Espírito, proclamam a Palavra de Deus à igreja.
29.2 “Dois ou três”: a profecia (e qualquer outro dom) também está sujeita à disciplina105.
29.2.1 Aqui o apóstolo está novamente preocupado com o fato um dom tornar-se
dominante. Paulo não permite uma excessiva exposição de qualquer dom106.
29.3 "Julguem o que foi dito": os demais profetas ou os membros da igreja.
29.3.1 Ou refira-se aos capazes de discernir. O profeta deve ser examinado pelos que
forem qualificados para isso107.
29.3.2 O dom de profecia não está acima do julgamento da congregação108.

97 METZ, op. cit.


98 WIERSBE, op. cit.
99 MORRIS, op. cit.
100 STRONG, op. cit.
101 MORRIS, op. cit.
102 MACDONALD, op. cit.
103 KISTEMAKER, op. cit.
104 Ibidem.
105 MORRIS, op. cit.
106 METZ, op. cit.
107 MORRIS, op. cit.
108 LOPES, op. cit.
189

29.3.3 A avaliação deve ser feita de acordo com a Palavra de Deus (At 17.11; 1Ts 5.21;
Didache 11.7 – “Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob
inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado”).
29.3.4 Isso é importante para não confundir Palavra de Deus com próprias emoções109.
29.3.5 Quem profetiza está sujeito a cometer erros110.
30 "Revelação a alguém que estiver sentado": alguns profetas eram selecionados para os cultos,
mas se outro, não selecionado, desejasse falar, o orador indicado poderia ceder a vez111.
30.1 Sob a direção de Deus não há competição112.
30.2 "Revelação": uma revelação profética era uma aplicação da verdade já revelada
esclarecendo-a ou desvendando intenções divinas não pré-conehcidas113.
31 “Todos podereis profetizar”: ninguém deve monopolizar uma reunião114.
32 "Espírito dos profetas": provavelmente o "dom" dos profetas115.
32.1 Dá-nos a ideia de que alguns coríntios achavam que, quanto mais uma pessoa fosse
cheia do Espírito de Deus, menos autocontrole apresentaria116.
32.2 "Está sujeito ao controle": profeta não perde o controle quando recebe uma revelação.
32.2.1 Na verdadeira profecia, o controle e a consciência nunca se perdem117.
32.2.2 Domínio próprio é um fruto do Espírito (Gl 5.23)118.
33 “Deus não é Deus de desordem”: se uma reunião se torna paulco de balbúrdia, podemos
assegurar que o Espírito de Deus não está no controle119.
33.1 Nosso domínio próprio é uma das evidências de que o Espírito está, de fato, operando
em uma reunião de cristãos120.
33.1.1 A confusão vem de Satanás, não de Deus (Tg 3.15-16).
33.2 “Todas as igrejas”: as instruções que dará, e está dando, valem para todas as igrejas.
34 Nos versículos seguintes, nos explica o v. 29 com regras de conduta e avaliação de profecias121.
34.1 "Devem permanecer caladas": essa ordem não é uma proibição total (cf. 1Co 11.5).

109 WIERSBE, op. cit.


110 METZ, op. cit.
111 Ibidem.
112 WIERSBE, op. cit.
113 KISTEMAKER, op. cit.
114 MACDONALD, op. cit.
115 KISTEMAKER, op. cit.
116 MACDONALD, op. cit.
117 METZ, op. cit.
118 WIERSBE, op. cit.
119 MACDONALD, op. cit.
120 WIERSBE, op. cit.
121 KISTEMAKER, op. cit.
190

34.1.1 Paulo não está impedindo que as mulheres falem, mas diz para respeitarem o
marido (ou presbítero) de acordo com a Lei (vv. 34-36).
34.1.2 Aplica-se ao contexto imediato da avaliação das mensagens proféticas122.
34.1.2.1 Ao que parece a grande responsabilidade de manter a integridade
doutrinária na Igreja primitiva cabia aos homens, especialmente aos
presbíteros (1Tm 2.11-12).
34.1.3 O apóstolo proibe as mulheres tomarem parte na discussão ou interpretação
do que fora dito por algum profeta ou mestre durante o serviço divino123.
34.1.4 “Falar”: em Hb 1.1 significa “falar com autoridade”124.
34.2 "Estejam submissas como... a lei ordena": a lei é a Escritura do AT. Gn 2.18-24 [ou Gn
3.16?] ensina a ordem da criação.
34.2.1 O lugar da mulher é de submissão ao homem125.
34.2.2 As mulheres são proibidas de falar quando seus maridos (ou presbítero) estão
profetizando, honrando-os de acordo com a Lei.
35 "Se quiserem aprender": Paulo não está excluindo as mulheres do aprendizado (cf. Lc 10.38-
42), nem de ensinarem (cf. At 18.26)126.
35.1 "Perguntem em casa ao marido": eles são responsáveis pelo discipulado das esposas.
35.1.1 Para as solteiras e viúvas: “perguntem ao homem da casa”127.
35.1.2 Infelizmente a realidade hoje é oposta128.
35.2 "Porque... é vergonhoso": diferentemente do lar, se um marido for questionado por sua
esposa em público, corre o risco de ser desonrado.
35.2.1 Nenhum homem gosta de ser criticado publicamente por sua esposa.
35.3 Com essa ordem, Paulo evita embaraços entre as mulheres e os homens a quem Cristo
deu autoridade para reger a igreja (1Tm 5.17).
36 Faz duas perguntas retóricas ligadas à sua observação anterior (v. 33b)129.
36.1 Nenhuma denominação é um grupo exclusivo que caminha pelos próprios caminhos e
estabelece seus próprios princípios espirituais130.

122 WIERSBE, op. cit.


123 METZ, op. cit.
124 MACDONALD, op. cit.
125 Ibidem.
126 KISTEMAKER, op. cit.
127 MACDONALD, op. cit.
128 WIERSBE, op. cit.
129 KISTEMAKER, op. cit.
130 METZ, op. cit.
191

37 “Se alguém se considera profeta ou espiritual”: novas revelações eram um grande perigo que
ocorria na igreja de Corinto e é um grande perigo ainda hoje131.
37.1 Alguns questionavam a autoridade de Paulo e julgavam não precisarem mais de um pastor.
37.2 "Reconheça": espirituais demonstram conformidade com o mandamento do Senhor132.
37.2.1 Esse verso mostra, mais uma vez, que a mensagem do profeta deve estar em
consonância com a Escritura.
37.2.1.1 Um profeta verdadeiro se coloca debaixo das Escrituras133.
37.2.2 "As coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor": mostra que sua
carta é divinamente inspirada.
37.2.3 Uma pessoa demonstra ser espiritual reconhecendo a Palavra134.
38 "Não será reconhecida": semelhante a Mt 10.33 e 2Tm 2.12135.
38.1 O texto pode estar referindo-se ao dia do juízo136.
38.2 A comunhão na Igreja tem como base a Palavra, e os que optam por uma rejeição
deliberada da Palavra estão, automaticamente, rompendo a comunhão137.
39 Quase repete palavra por palavra o v. 1138.
39.1 "Não proibais": aparentemente alguns estavam proibindo outros de falar em línguas.
39.1.1 O uso errado de um dom não deve nos levar ao extremo de proibí-lo. Os
Coríntios usavam a ceia de forma errada e Paulo não os proibiu de celebra-la139.
39.1.2 O dom de línguas em seu lugar e ocasião é valioso140.
40 "Decência": (ευσχημονως – euschemonos) apropriadamente. "Ordem": (ταξιν – taxis) uma
sucessão fixa que observa um tempo fixo141.
40.1 O culto público é muito importante. Tudo nele deve ser feito o mais decente possível, e
com a devida ordem142.
40.1.1 A falta de decoro e a inovação indevida são desencorajadas.
40.2 A adoração exagerada pode ser caótica e confusa143.

131 LOPES, op. cit.


132 KISTEMAKER, op. cit.
133 LOPES, op. cit.
134 METZ, op. cit.
135 KISTEMAKER, op. cit.
136 MORRIS, op. cit.
137 WIERSBE, op. cit.
138 KISTEMAKER, op. cit.
139 LOPES, op. cit.
140 METZ, op. cit.
141 STRONG, op. cit.
142 MORRIS, op. cit.
143 METZ, op. cit.
192

CAPÍTULO 15

O conteúdo desse capítulo difere dos anteriores. Aqui é discutido uma questão doutrinária. Alguns
coríntios negavam a ressurreição dos mortos1 devido o dualismo filosófico2 grego de que a matéria
é a origem do mal3, por isso os gregos não acreditavam na ressurreição (At 17.32)4. Paulo ensina a
doutrina da ressurreição de Cristo a partir das Escrituras e de numerosos relatos de testemunhas
oculares5. Em nenhum lugar na Bíblia essa doutrina é tratada de maneira tão profunda 6.

(1-19: a Ressurreição; 20-34: a realidade da Ressurreição; 35-58: o corpo da Ressurreição)

1 ...
2 “Por meio dele”: o evangelho, puro, é o meio de alcance da salvação.
2.1 Por si só não salva, mas Deus por meio do evangelho salva uma pessoa em Cristo7.
2.2 “Crido inutilmente”: pessoas que em certo tempo creram, mas se recusaram a basear-se
com firmeza na Palavra de Deus, quebram o acordo da fé com Deus, ou seja, uma fé
temporal que de nada vale (Mt 7.22-23; 25.11-12; Hb 4.2)8.
2.2.1 Se a adesão ao Evangelho também é tal que o homem não confia realmente em
Cristo, a crença é infundada e vazia. Não têm a fé salvadora9.
3 “Vos entreguei o que também recebi”: semelhante a 1Co 11.23. O evangelho não é um ensino
formulado pelo prórprio Paulo10.
3.1 “Morreu pelos nossos pecados”: nossos pecados foram a razão da morte de Cristo.
3.1.1 Expressa tanto a ideia de representante quanto de substituto – vicário11 (Rm 5.8;
8.32; Gl 1.4; Tt 2.14).
3.1.2 Cristo morreu para satisfazer Deus e corresponder às demandas da lei (Rm
3.25-26; 5.9-19).

1 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
2 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
3 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
4 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
5 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:

Cultura Cristã, 2003.


6 LOPES, op. cit.
7 KISTEMAKER, op. cit.
8 Ibidem.
9 MORRIS, op. cit.
10 KISTEMAKER, op. cit.
11 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
193

3.2 “Segundo as Escrituras”: Paulo demonstra que o evangelho está arraigado no AT.
3.2.1 O Evangelho não foi nenhuma ideia tardia. A morte expiatória de Cristo foi algo
predito muito tempo antes12.
3.2.2 O apóstolo aponta para a profecia de Isaías (Is 53.5-9; cf. Sl 22.16).
4 “Foi sepultado; e ressuscitou... segundo as Escrituras”: diversos textos profetizaram a obra
de Cristo (Sl 16.9-11; Os 6.2; Jn 1.17 – cf. Mt 12.40; Lc 24.45-46).
5 Paulo enumera os aparecimentos pós-ressurreição de Jesus13.
5.1 "Apareceu a Cefas": o primeiro homem a ver Jesus foi Pedro (Lc 24.34; cf. Mc 1.7; Jo
21.15-19).
5.1.1 Foi um gesto comovente. O mesmo discípulo infiel que negou três vezes o Senhor
teve o privilégio de receber uma aparição particular de Jesus ressurreto14.
5.2 “Depois aos Doze”: ocorrido na noite do dia de Páscoa (Lc 24.36; Jo 20.19)15.
6 "Apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez": em uma corte de lei judaica, a
presença de duas ou três testemunhas era compulsória para se provar a veracidade de um
acontecimento16.
6.1 Aparentemente, o fato era muito conhecido naquela época, de forma que Paulo pode
usá0lo como uma evidência bastante convincente17.
6.2 "A maior parte deles ainda vive": dá a entender que os céticos poderiam procurar as
testemunhas.
7 "Apareceu a Tiago": ½ ano antes da morte de Jesus, seus irmãos não criam nele (Jo 7.5)18.
7.1 Seus irmãos creram e estavam com os apóstolos no cenáculo (At 1.13-14).
7.2 Aparentemente, a ressurreição o havia convencido da verdade a respeito de Cristo19.
7.3 "A todos os apóstolos": citação abrangente. Um apóstolo era tanto uma testemunha da
ressurreição como um nomeado pelo próprio Cristo.
7.3.1 Provavelmente refere-se à aparição ocorrida na ascensão (At 1.1-3)20.
8 "Nascido fora do tempo": (εκτρωματι – ektrōmati) aborto, abortivo; nascido fora de tempo21.
8.1 As palavras no contexto contrastam entre ele e os outros a quem Jesus apareceu22.

12 MORRIS, op. cit.


13 KISTEMAKER, op. cit.
14 MACDONALD, op. cit.
15 MORRIS, op. cit.
16 KISTEMAKER, op. cit.
17 METZ, op. cit.
18 KISTEMAKER, op. cit.
19 METZ, op. cit.
20 MORRIS, op. cit.
21 STRONG, op. cit.
22 KISTEMAKER, op. cit.
194

8.2 Denota um filho nascido de forma violenta, referindo-se à conversão de Paulo, que foi
dramática e excepcional23.
8.3 Outros acham que, por ser uma palavra de expressão injuriosa, talvez foi usada por seus
opositores24.
8.3.1 Podem ter combinado um insulto à sua aparência (2Co 10.10) com uma crítica à
sua doutrina: "muito longe de ter nascido de novo, Paulo era um aborto".
8.4 Ou refere-se a um bebê prematuro que fica aquém de um bebê que nasce no tempo certo25.
9 “O menor dos apóstolos”: não é menor em posição (1Co 9.5-6; Gl 2.11). Paulo é um apóstolo
completo, mas com um profundo senso de indignidade por perseguir a igreja (1Tm 1.15)26.
9.1 Humildemente reconhece não pertencer ao círculo dos Doze, os quais era subordinado
(Gl 2.1-2)27.
10 "Sou o que sou": não diz "sou quem eu sou", pois olha para si não como pessoa, mas como
um instrumento28.
10.1 "Não foi ineficaz": está dizendo que a graça de Deus produziu resultados extraordinários.
10.2 “Trabalhei”: (εκοπιασα – kopiaō) trabalhar com empenho exaustivo29.
10.3 "Todavia não eu": Paulo não assume o crédito pela obra executada.
10.4 “Mas a graça”: a graça de Deus o transformou de perseguidor em zeloso pregador30.
11 Paulo indica que não está interessado em pessoas, e sim na causa e no efeito do evangelho31.
11.1 “É isso que pregamos”: sempre houve uniformidade no evangelho dos apóstolos.
11.1.1 Essa é a mensagem do Evangelho. Qualquer outra coisa é inovação32.
11.2 Aqui termina de mostrar a ressurreição, que não é um fato científico, mas uma prova
judicial que possui evidências incontestáveis (Lc 1.3)33.
12 Utiliza-se de um método de raciocínio chamado reductio ad absurdum ("redução ao
absurdo"34)35.

23 METZ, op. cit.


24 MORRIS, op. cit.
25 MACDONALD, op. cit.
26 MORRIS, op. cit.
27 KISTEMAKER, op. cit.
28 Ibidem.
29 STRONG, op. cit.
30 MORRIS, op. cit.
31 KISTEMAKER, op. cit.
32 MORRIS, op. cit.
33 LOPES, op. cit.
34 Tipo de argumento lógico no qual alguém assume uma ou mais hipóteses e, a partir destas, deriva uma consequência

absurda ou ridícula, e então conclui que a suposição original deve estar errada (Wikipédia: a enciclopédia livre).
35 METZ, op. cit.
195

12.1 "Cristo": representa o evangelho que se originou com ele e que os apóstolos continuam a
proclamar36.
12.2 "Dizem alguns dentre vós que não há ressurreição": esses não haviam rejeitado a
doutrina, mas a reinterpretaram, dizendo que a ressurreição de Cristo foi espiritual.
12.2.1 Influenciados pela filososfia grega, argumentavam que a alma imortal retorna a
Deus, mas o corpo mortal desce para o túmulo, sendo aniquilado (Ec 12.7).
12.2.2 Não sabemos quantos questionavam esta doutrina, mas à vista do longo discurso
desse capítulo, presume-se que eram influentes.
12.3 Questionar esse fato é iniciar uma reação em cadeia que na verdade irá anular todo o
Evangelho37.
13 Negar uma ressurreição do corpo é concluir que o corpo de Cristo ainda está no túmulo e sua
obra redentora é infrutífera38.
13.1 Evangelho sem doutrina da ressurreição não tem redenção.
13.2 Em Corinto as pessoas estavam defendendo a ressurreição de Cristo, mas negando a
ressurreição dos mortos39.
14 "Então a nossa pregação é inútil": a lógica de Paulo é fato. Sem redenção, a pregação é vazia,
os apóstolos são charlatões e a fé dos fiéis é vã40.
14.1 “Também a vossa fé”: a fé do cristão depende do Evangelho que a faz surgir (Rm 10.17;
1Co 15.2). Se o Evangelho é falso, assim também é a fé produzida por ele41.
15 "Falsas testemunhas de Deus": não seriam apenas enganadores de homens, mas testificando
falsidades sobre Deus, sendo culpados perante o próprio Deus42.
15.1 Desse modo estariam na mesma categoria dos falsos profetas do AT e NT (Dt 18.20).
16 Repete o v. 1343.
17 Paulo estende sua lógica para que vejam o efeito de uma negação da ressurreição44.
17.1 Repete a afirmação do v. 1445.
17.2 "Vossa fé é inútil e ainda estais nos vossos pecados": um Cristo morto é incapaz de
justificar os crentes.

36 KISTEMAKER, op. cit.


37 METZ, op. cit.
38 KISTEMAKER, op. cit.
39 LOPES, op. cit.
40 KISTEMAKER, op. cit.
41 MORRIS, op. cit.
42 KISTEMAKER, op. cit.
43 Ibidem.
44 Ibidem.
45 MORRIS, op. cit.
196

17.2.1 Cristo morto sem ressurreição, seria um Cristo condenado, não justificado46.
17.2.2 Sem a justificação não existe fé salvífica; sem fé não existe perdão de pecados; e
sem perdão de pecados não há salvação.
18 "Estão perdidos": outra implicação lógica em negar a ressurreição é que os que morreram em
Cristo estão perdidos, condenadas a morte eterna47.
18.1 Seria trágica a condição dos cristãos que morreram acreditando nela48.
19 “Os mais dignos de compaixão”: os sofrimentos acumulados durante a vida na terra seriam
acrescentados a mais cruel decepção depois dessa vida49.

20 "Mas": aponta um contraste do que ele até agora falou50.


20.1 "Na verdade, Cristo ressuscitou": as evidências: o túmulo vazio e os aparecimentos (v. 3-
8)51. Não há dúvida nenhuma na mente de Paulo.
20.1.1 Ele não só ressuscitou historicamente, mas permanece ressurreto52.
20.2 “Dentre os mortos”: há uma diferença entre a ressurreição dos mortos e a ressurreição
dentre os mortos53.
20.3 “Sendo ele o primeiro”: Jesus não foi o primeiro a ressucitar, mas sim, o primeiro a ser
glorificado na ressurreição (cf. v. 23).
20.3.1 Ele foi o primeiro a ressurgir para uma vida que não conhece morte.
20.4 Ao ressuscitá-lo dentre os mortos, Deus testificou sua satisfação total com a obra
redentora de Cristo54.
20.4.1 Se não houvesse ressuscitado seria impossível saber se sua morte havia sido de
mais valor que a de qualquer outra pessoa.
20.5 “Primeiro”: refere-se as primícias do AT. Os israelitas ofereciam um molho do primeiro
grão colhido (Lv 23.9-11) e, sete semanas depois, outra oferta de grão novo (Lv 23.15-
17)55.
20.5.1 O termo indica que o primeiro molho da futura colheita será seguido pelo
restante dos molhos.

46 MORRIS, op. cit.


47 KISTEMAKER, op. cit.
48 METZ, op. cit.
49 Ibidem.
50 MORRIS, op. cit.
51 KISTEMAKER, op. cit.
52 MORRIS, op. cit.
53 MACDONALD, op. cit.
54 Ibidem.
55 KISTEMAKER, op. cit.
197

20.5.1.1 O primeiro feixe consagrava toda a colheita, era o penhor da


consagração56.
20.5.2 Cristo é a garantia de que todos que lhe pertencem compartilharão de sua
ressurreição.
20.5.2.1 Representa, para a multidão de crentes que irá ressuscitar, o que a
primeira espiga madura representa para toda a colheita57.
21 O pecado de Adão trouxe uma desgraça de amplo alcance. Da mesma forma a ressurreição de
Cristo nos traz bênçãos de amplo alcance58.
22 "Em Adão todos morrem": alude ao AT (Gn 3.17-19), que revela que, devido o pecado, Adão e
Eva e sua descendência tornaram-se sujeitos à morte (cf. Rm 5.12, 18)59.
22.1 "Todos serão vivificados": não significa uma salvação universal.
22.1.1 O sentido é que todos os que têm origem/ligação em Adão, morrem; e todos os
que, pela fé, são incorporados em Cristo, vivem (v. 23 – “os que lhe pertencem”).
22.1.2 Em Adão, todos os que devem morrer, morrem; em Cristo, todos os que devem
viver, vivem60.
22.1.3 Assim como o cabeça natural da raça humana foi responsável pela imposição da
morte a todos os membros da família humana, também o Cabeça da igreja
transmite a ressurreição àqueles que são membros da família de Cristo 61.
22.1.4 Haverá uma ressurreição geral, para justos e injustos (Dn 12.2; Jo 5.29).
23 "Depois os que lhe pertencem na sua vinda": a ressurreição do seu povo ocorrerá em dois
estágios (1Ts 4.16-17)62.
24 "Então virá o fim": essa brevidade não apoia o ensino de um reino intermediário antes da
consumação63.
24.1 “Então”: (ειτα – eita) próximo, depois disto64.
24.2 "Entregar o reino a Deus": será a obra de Cristo no fim.
24.2.1 O reino foi confiado a Cristo pelo período que vai da primeira até a segunda vinda;
desde sua ressurreição até a ressurreição de seu povo (Mt 28.18).

56 MORRIS, op. cit.


57 METZ, op. cit.
58 MORRIS, op. cit.
59 KISTEMAKER, op. cit.
60 MORRIS, op. cit.
61 METZ, op. cit.
62 KISTEMAKER, op. cit.
63 Ibidem.
64 MORRIS, op. cit.
198

24.3 "Domínio... autoridade... poder": essas expressões eram usadas pelos judeus para
designar os demônios (Ef 6.12).
25 "Porque": explica o significado e o tempo de duração do reinado de Cristo65.
25.1 "Necessário": para completar o plano divino da redenção.
25.2 "Até que tenha posto...": faz referência a Sl 110.1.
26 O domínio, autoridade e poder que a morte exerce sobre a humanidade será abolido quando todo
o povo de Cristo tiver sido ressuscitado e glorificado (Ap 20.14; 21.4)66.
27 "Sujeitou todas as coisas debaixo de seus pés": compreende tudo o que pertence ao universo
(cf. Ef 1.22)67.
27.1 "Não inclui quem lhe sujeitou": logicamente o não-criado não está em sujeição a Cristo.
28 “Para que Deus seja tudo em todos”: todas as coisas serão devolvidas a Deus68.
29 "Os que se batizam em favor dos mortos?": agora trata das pessoas que estão sendo
batizadas em benefício dos mortos69.
29.1 Não há evidência de que igrejas na era apostólica praticassem algo do tipo.
29.2 Poderia ser um costume local que não era necessariamente aprovado70.
29.3 Mas, provavelmente, alguns crentes se faziam batizar em favor de amigos que tinham
morrido sem receber o sacramento71.
29.3.1 "Os que": Paulo não se detém em condenar a prática, porém, dissocia-se dela.
29.4 "Por que então?": tal prática é sem sentido quando os mortos não ressurgem do túmulo.
30 Refere-se a ele próprio e seus companheiros. Atos relata muitos dos perigos que Paulo
enfrenteou em suas viagens (2Co 4.8-11; 11.23-28)72.
30.1 "Por que": por que suportaria esses perigos se não há esperança de renovação de vida?
31 Expressa uma satisfação nos coríntios, mesmo tendo muitas coisas pelas quais repreendê-los73.
31.1 Os riscos valiam a pena, pois os coríntios eram um exemplo dos resultados do ministério74.
32 "Lutei com feras em Éfeso": de modo figurado ilustra que os encontros em Éfeso eram
perigosos (At 19.23-41; 2Co 1.8-10)75.
32.1 "Comamos e bebamos": citação literal de Is 22.13.

65 KISTEMAKER, op. cit.


66 Ibidem.
67 Ibidem.
68 MORRIS, op. cit.
69 KISTEMAKER, op. cit.
70 METZ, op. cit.
71 MORRIS, op. cit.
72 KISTEMAKER, op. cit.
73 MORRIS, op. cit.
74 METZ, op. cit.
75 KISTEMAKER, op. cit.
199

32.1.1 Provérbio proferido pelo povo de Jerusalém quando tiveram o país devastado (cf.
Lc 12.19-20).
33 Paulo os adverte para não deixarem se enganar por membros da sociedade76.
33.1 Citação de um provérbio da obra Thais, do poeta grego Menander.
33.2 A influência das pessoas que negavam a ressurreição era venenosa quando não corrigida.
33.3 Manter o tipo errado de companhia pode corromper os bons hábitos cristãos, e afastar os
homens da verdade77.
34 "Voltai à sobriedade": os manda abrir os olhos78.
34.1 "Não pequeis mais": duvidar do evangelho é se colocar em crise espiritual.
34.1.1 A doutrina leva à conduta, e a doutrina errônea terá que levar por fim a um
comportamento pecaminoso79.
34.2 "Não têm conhecimento de Deus": tais não conhecem a Deus e/ou sua Palavra (cf. v. 12).
34.3 "Digo isso para a vossa vergonha": ignorância de Deus e de sua Palavra constitui
vergonha para qualquer cristão.

35 "Mas alguém dirá": Paulo antecipa/imagina os questionamentos dos coríntios80.


35.1 "Como ressuscitam os mortos?": eles duvidavam que um corpo decomposto pudesse ser
ressuscitado de algum modo.
35.1.1 Questionam a mecânica do processo81.
35.2 "Com que espécie de corpo virão?": questionam se um corpo ressuscitado é exatamente
igual ao corpo que morreu.
35.2.1 "Com que espécie": (ποιω – poios) "de que tipo ou natureza"82.
35.2.1.1 Conhecendo a rápida decomposição do corpo, poderiam questionar a
forma ou matéria que comporia esse "novo" corpo83.
35.2.2 Se não é igual, como se pode falar em uma ressurreição?
36 "Insensato!": (αφρον – aphron) "sem sentido, tolo (NTLH), estúpido, sem inteligência"84.
36.1 A aspereza indica a indignidade que Paulo tem para tais argumentos85.

76 KISTEMAKER, op. cit.


77 MORRIS, op. cit.
78 KISTEMAKER, op. cit.
79 MORRIS, op. cit.
80 KISTEMAKER, op. cit.
81 MORRIS, op. cit.
82 STRONG, op. cit.
83 MORRIS, op. cit.
84 STRONG, op. cit.
85 MORRIS, op. cit.
200

36.2 "Aquilo que semeia": usa uma ilustração do mundo das plantas (vv. 36-38).
36.3 "Morrer": o processo de germinação faz com que a semente se desintegre86.
36.3.1 A morte da semente é condição para o crescimento da planta87.
36.3.2 A questão é que a vida procede da morte.
37 "Não semeais o corpo que vai nascer": no mundo o que é semeado não é idêntico ao que é
desenvolvido embora seja relacionado com ele88.
37.1 Há um sentido de continuidade e descontinuidade.
37.1.1 O corpo glorificado de Jesus mostrou continuidade (Lc 24.31; Jo 20.27) e
descontinuidade (Jo 20.19, 26).
37.2 A semente que morre não se parece nem um pouco com o que aparece depois89.
37.2.1 O corpo que é ressuscitado é incomparavelmente mais glorioso do que o corpo
que é enterrado.
37.3 O corpo ressurreto possui identidade de espécie e continuidade de substância, mas é
purificado da corrupção, desonra e fraqueza (cf. vv. 53-54)90.
37.4 Já os rabis defendem que o corpo que ressuscitará será idêntico ao que morreu91.
38 "Corpo apropriado": o fato é que, embora nossos corpos sejam "semeados" em desonra e
fraqueza, ressuscitarão em glória e em poder, apropriado para a existência celeste92.
38.1 Se, na ressurreição, Deus simplesmente juntasse nossos pedaços, não melhoraríamos em
nada93.
39 "Humanos... animais... aves... peixes": Paulo cita a ordem invertida do relato da criação (Gn
1.20-27)94.
39.1 Prepara o caminho para o pensamento, de que há diferença entre o corpo que temos
antes e o corpo que teremos após a ressurreição95.
39.2 Para os que amam seus animais de estimação, é importante observar que Paulo não diz
aqui que os animais serão ressuscitados. Apenas as usa como exemplo96.
40 “Corpos celestes”: astros (Kistemaker, Metz, MacDonald) ou seres (Morris)?

86 KISTEMAKER, op. cit.


87 MORRIS, op. cit.
88 KISTEMAKER, op. cit.
89 MORRIS, op. cit.
90 MACDONALD, op. cit.
91 MORRIS, op. cit.
92 Ibidem.
93 WIERSBE, op. cit.
94 KISTEMAKER, op. cit.
95 MORRIS, op. cit.
96 WIERSBE, op. cit.
201

41 Se Deus cercou os luminares de glória indescritível, não será também capaz de vestir os seres
humanos com um corpo transformado e glorificado?97
41.1 Assim como os astros, cada um tem sua glória distinta. Paulo vê evidências deste princípio
de diferenciação98.
41.2 Isso indica uma diferença análoga de glória entre os ressurretos. Não teremos a mesma
aparência física, mas seremos distintamente reconhecidos99.
41.3 Embora todos os corpos dos salvos na ressurreição estarão glorificados, nem todos os
corpos terão o mesmo fulgor100.
41.3.1 Assim como há diferentes estrelas em fulgor, assim também os corpos dos salvos
vão diferir em glória uns dos outros. Essa é a questão bíblica dos galardões!
42 "Semeia-se": retorna a ideia apresentada nos vv. 36-37101.
42.1 Jesus transformará nossos corpos conforme o seu próprio corpo glorioso (Fp 3.21)102.
42.2 "Imperecível": a sujeição à deterioração é uma propriedade do corpo terreno do
homem. Mas o corpo que se há de tomar será incorruptível (Rm 8.19-23).
42.2.1 Não teremos rugas, cicatrizes, excesso de peso nem vestígios do pecado103.
43 "Desonra": inclui todas as misérias e condições humilhantes dessa vida terrena104.
43.1 "Glória": receberemos um corpo glorificado (Cl 3.4)105.
43.1.1 Essa afirmação parecia loucura diante da ideia de ressurreição dos gregos106.
43.1.2 Há corpos deformados, mutilados, enfraquecidos, doentes, porém, o apóstolo Paulo
diz que o corpo que vai ressuscitar é um corpo glorioso. Esse corpo vai brilhar
como sol no seu fogo107.
43.2 "Fraqueza": não importa o quanto cultivemos esse corpo, ele continuará sendo fraco. A
morte é o símbolo da impotência desse corpo108.
44 "Corpo espiritual": se refere ao corpo mudado e glorificado de Jesus (ilimitado por tempo e
espaço)109.
44.1 Não significa que é um corpo imaterial, mas que assume uma dimensão diferente.

97 KISTEMAKER, op. cit.


98 MORRIS, op. cit.
99 MACDONALD, op. cit.
100 LOPES, op. cit.
101 MORRIS, op. cit.
102 KISTEMAKER, op. cit.
103 MACDONALD, op. cit.
104 METZ, op. cit.
105 KISTEMAKER, op. cit.
106 MORRIS, op. cit.
107 LOPES, op. cit.
108 MORRIS, op. cit.
109 KISTEMAKER, op. cit.
202

44.1.1 O corpo ressurreto de Cristo era constituído de carne e osso (Lc 24.39)110.
44.2 "Há também": cada um de nós tem um corpo físico e também um espiritual.
45 Paulo faz um paralelo entre Adão e Cristo (cf. vv. 21-22)111.
45.1 "Tornou-se ser vivente": citação de Gn 2.7.
45.2 "Que dá vida": por meio de Cristo, Deus dá vida eterna a todo crente (Jo 3.16; 10.10).
46 Insiste na correta ordem das coisas112.
47 "Da terra... do céu": Paulo dá força ao contraste de origens entre Adão e Cristo113.
47.1 Essa expressão abrange seus respectivos descendentes físicos e espirituais. Adão
representa a raça humana e Cristo, os remidos.
47.2 A origem indica suas características. Homem terreno, características terrenas. Homem
espiritual, características espirituais114.
48 "Assim também são os da terra": Adão e todos os seus descendentes têm sua origem no pó da
terra115.
48.1 "Assim também são os do céu": Cristo nos confere glória celestial (2Co 3.18).
48.1.1 Os cristãos não são somente terrenos. São também celestiais, dado o seu
relacionamento com Cristo116.
49 "Trouxemos a imagem do homem terreno": todos os descendentes de Adão continuam a levar
a imagem dele117.
49.1 "Traremos também a imagem do homem celestial": teremos a imagem do Filho (externa
e internamente – Rm 8.29; Fp 3.21; 1Jo 3.2) com uma exceção: Jesus é preeminente (Cl
1.18).
49.1.1 "Imagem": (εικονα – eikon) transmite o significado de representação ou
manifestação118.
49.1.2 “Traremos”: o tempo do verbo é futuro, apontando para a ressurreição do corpo.

50 Paulo explica o modo pelo qual os crentes receberão seus novos corpos119.
50.1 "Mas digo isto": fortalece o significado e importância do que vem a seguir120.

110 MACDONALD, op. cit.


111 KISTEMAKER, op. cit.
112 MORRIS, op. cit.
113 KISTEMAKER, op. cit.
114 MACDONALD, op. cit.
115 KISTEMAKER, op. cit.
116 MORRIS, op. cit.
117 KISTEMAKER, op. cit.
118 METZ, op. cit.
119 KISTEMAKER, op. cit.
203

50.2 "Carne e sangue": figura de linguagem que designa o corpo corruptível (físico).
50.2.1 A combinação tem significação física e é um modo comum de referir-se à vida
atual (cf. Gl 1.16; Hb 2.14)121.
50.2.2 Expressão semita que ocorre repetinamente em fontes rabínicas para denotar a
fragilidade do homem.
50.3 "Não pode herdar o reino": o corpo mortal em seu estado atual não pode entrar na
presença de Deus.
50.3.1 "Herdar": (κληρονομει – kleronomeo) tornar-se participante de; obter122.
50.3.1.1 No NT seu sentido amplia-se incluindo "posse"123.
51 Paulo conta uma revelação de Deus por intermédio dele sobre a futura mudança que acontecerá
aos crentes (faz menção a mesma revelação em 1Ts 4.15-17)124.
51.1 "Nem todos iremos falecer": alguns crentes não enfretarão a morte, mas "todos" serão
mudados na volta de Cristo.
52 “Momento”: (ατομω – atomos) um momento de tempo; que não pode ser dividido125.
52.1 "Abrir e fechar": (ριπη – rhipe) batida, instante de tempo.
52.1.1 Em nosso idioma equivale a uma "fração de segundo", significando o tempo mais
breve possível126.
52.1.2 Tudo para expressar a mais curta fração de tempo possível127.
52.2 “Ao som da última trombeta”: o AT e o NT, assim como os escritos apócrifos e os
rabínicos, fazem referência ao soar da trombeta para anunciar a revelação do dia do juízo
(Mt 24.31; 1Ts 4.16)128.
52.2.1 “Trombeta”: era usada frequentemente com relação a festas e vitória. Ambas as
ideias vão bem aqui129.
52.3 “Os mortos ressuscitarão”: no dia final uns vão ressuscitar para a ressurreição da vida e
outros para ressurreição do juízo (Dn 12.2; Jo 5.28-29)130.
52.3.1 Os que não forem salvos ressuscitarão e receberão um corpo adequado a seu
ambiente no inferno (Mt 25.41; 2Ts 1.9-10; Ap 20.15)131.

120 MORRIS, op. cit.


121 Ibidem.
122 STRONG, op. cit.
123 MORRIS, op. cit.
124 KISTEMAKER, op. cit.
125 STRONG, op. cit.
126 KISTEMAKER, op. cit.
127 MORRIS, op. cit.
128 KISTEMAKER, op. cit.
129 MORRIS, op. cit.
130 LOPES, op. cit.
204

53 "Revista": (ενδυσασθαι – enduo) entrar numa (roupa), vestir, vestir-se132.


53.1 Esse texto transmite uma ideia de continuidade do corpo, pois é o corpo terreno que será
revestido de incorruptibilidade e imortalidade133.
53.2 Um corpo perecível e mortal é totalmente incompatível com a vida vindoura134.
54 "A morte foi engolida pela vitória": cita Is 25.8 com júbilo135.
54.1 "A morte foi engolida pela vitória": o que Deus planejou desde muito tempo, e tinha
revelado ao profeta, cumprirá da maneira que Paulo esboça136.
54.1.1 Assim que os salvos receberem esse novo corpo, terá se cumprido a Palavra137.
54.1.2 A expressão indica a completa destruição da morte (Ap 20.14; 21.4).
55 "Onde está, ó morte": cita Os 13.14 com tom de zombaria138.
55.1 "Aguilhão": mesma palavra que Cristo usou para com Paulo (At 26.14).
55.1.1 Kentron (κεντρον) refere-se ao ferrão de animais (abelhas, escorpiões, etc). Este
uso metafórico retrata a malignidade da morte139.
55.1.2 O aguilhão [seja a ferramenta ou ferroada de escorpião] põem medo no coração do
homem.
56 Paulo explica em um único versículo a relação entre o pecado, a lei e a morte140.
56.1 "O aguilhão da morte é o pecado": o pecado é a causa da morte [é o que ela usa para
nos tragar] (Rm 6.23a).
56.2 "A força do pecado é a lei": a lei tem função causativa, despertando paixões
pecaminosas (Rm 7.5, 7).
56.2.1 A lei é incapaz de levar os homens a um estado de salvação (parábola do jovem
rico – Mc 10.19-21)141.
56.2.1.1 Na verdade, coloca diante do homem o padrão que ele nunca
alcançará, fazendo todos nós pecadores e condenando-nos.
56.3 O pecado exige condenação, e a lei é quem a pronuncia142.

131 WIERSBE, op. cit.


132 STRONG, op. cit.
133 KISTEMAKER, op. cit.
134 MORRIS, op. cit.
135 KISTEMAKER, op. cit.
136 MORRIS, op. cit.
137 METZ, op. cit.
138 KISTEMAKER, op. cit.
139 MORRIS, op. cit.
140 KISTEMAKER, op. cit.
141 MORRIS, op. cit.
142 MACDONALD, op. cit.
205

56.4 A morte vem da ira de Deus contra os nossos pecados; então acabe com o pecado e a
morte não será mais capaz de nos ferir.
56.5 Não é propriamente a morte a coisa maligna. Pois a morte, sem o aguilhão do pecado, é
lucro (Fp 1.21, 23)143.
56.5.1 O aguilhão não está na morte, mas no pecado [o problema é o pecado].
56.5.2 Negar a ressurreição é negar a vitória sobre o pecado, pois será nela que
venceremos completamente o pecado e, consequentemente a morte144.
57 Expressa sua gratidão pela vitória obtida por meio de Cristo145.
57.1 Sua morte nos libertou do pecado declarando-nos justos diante de Deus. O Senhor
ressuscitado segura triunfantemente as chaves da morte e do inferno (Ap 1.18).
57.2 A morte de Cristo satisfez as exigências da lei (Gl 3.13). Jesus tratou do problema do
pecado. Extraiu o aguilhão da morte146.
58 Esta súplica surge de toda epístola e não apenas do capítulo147.
58.1 "Sede firmes e constantes": em meio aos ataques de ensinos divergentes, Paulo os
exorta a não oscilarem.
58.1.1 Os coríntios eram inclinados à volubilidade, mudando de uma posição para outra
sem motivo148.
58.2 “Sempre atuantes”: a doutrina da ressurreição nos dá uma consciência de ilimitado e
interminável poder para agir149.
58.3 "Obra do Senhor": compreende a pregação e ensino do evangelho; aplicação do conteúdo
da Escritura à vida; amor e edificação mútua.
58.4 "O vosso trabalho não é inútil": os atos feitos por amor e gratidão a Deus não são
esquecidos (Mt 19.29; Hb 6.10).
58.5 "Trabalho": (κοπος – kopos) intenso trabalho unido a aborrecimento e fadiga150.
58.6 A realidade da ressurreição muda tudo. Permite-nos prosseguir em meio a circunstâcias
difíceis e aflitivas151.
58.7 Se cremos verdadeiramente na ressurreição do corpo, usaremos nosso corpo atual para
a glória de Deus (1Co 6.9-14)152.

143 MORRIS, op. cit.


144 METZ, op. cit.
145 KISTEMAKER, op. cit.
146 MORRIS, op. cit.
147 KISTEMAKER, op. cit.
148 MORRIS, op. cit.
149 Ibidem.
150 STRONG, op. cit.
151 MACDONALD, op. cit.
206

Questões que as Escrituras silenciam e somos incapazes de responder153:

1) Uma pessoa idosa cujo corpo foi assolado por uma enfermidade incurável será
ressuscitada como jovem?
2) Um infante que morreu por acidente ou doença será como um adulto?
3) Nós não só reconheceremos nossos queridos como também conheceremos os santos
de outras eras?
a. Após a morte a memória é preservada (Lc 16.27-28).
4) Haverá um continuum ligando as pessoas com os membros de sua família?
a. O casamento cessará (Mt 22.30).
b. A parábola do rico e de Lázaro demonstra que sim (Lc 16.27-28).

152 WIERSBE, op. cit.


153 KISTEMAKER, op. cit.
207

CAPÍTULO 16

Neste capítulo são feitas algumas instruções finais, exortações e saudações. Paulo revela seus
planos de viagem (At 19.21; 24.17; 2Co 8-9). Seu objetivo com a viagem era coletar ofertas para os
irmãos da Judeia como forma de fomentar a unidade das igrejas judaica e gentílica1.

(1-4: a coleta para os santos; 5-12: conclusão; 13-24: exortações e saudações)

1 “Quanto à coleta para os santos”: Paulo agora trata da oferta para os irmãos pobres.
1.1 Um dos serviços mais importantes de Paulo durante sua 3ª viagem missionária foi o
de levantar uma oferta especial para os cristãos pobres de Jerusalém2.
1.1.1 Paulo não só pregava o Evangelho, mas também tentava ajudar os necessitados.
1.2 Provavelmente foi outra dúvida incluída na carta que a igreja lhe enviou3.
1.2.1 Era uma oferta especial, não era para necessidades locais.
1.3 “Coleta”: (λογιας – logeia) valor (dinheiro) arrecadado para assistência ao pobre [NTLH]4.
1.3.1 Encontrada apenas aqui5.
1.4 Paulo ensinava que os crentes gentios deviam compartilhar bênçãos materiais
alegremente com os cristãos de Jerusalém, por terem compartilhado com eles bênçãos
espirituais (Rm 15.26-27)6.
1.4.1 A igreja é obrigada a cuidar de sua própria gente e de outros que estão
necessitados (Gl 6.10; Tg 2.15-16; 1Jo 3.17).
1.4.2 Nos primeiros anos do Cristianismo não haviam cristãos pobres (At 4.34), mas com
a perseguição os cristãos deixaram suas posses e negócios, tornando-se pobres.
1.4.2.1 Uma grande escassez de alimento cooperou para o fato (At 11.28-30)7.
1.4.2.2 Muitos cristãos também eram visitantes na festa de Pentecostes que,
após conversão, abandonaram suas carreiras para permanecerem em
Jerusalém com a igreja8.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
3 KISTEMAKER, op. cit.
4 STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,

2010.
5 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
6 KISTEMAKER, op. cit.
7 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
208

1.4.3 Auxiliar os pobres em Jerusalém foi uma promessa feita pelo apóstolo (Gl 2.9-10).
1.4.4 Juntamente com Barnabé, já havia entregue fundos de Antioquia para combater a
fome na Judeia (At 11.29-30).
1.4.5 Além de suprir os necessitados, Paulo era motivado pela necessidade de unir os
crentes gentios e judeus9.
1.5 “Fazei... o mesmo que... às igrejas da Galácia”: a orientação é que façam como os
gálatas.
1.5.1 Essas igrejas são aquelas que Paulo e Barnabé haviam fundado durante a 1ª
viagem missionária (Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe – At 13-14) 10.
1.5.1.1 Lucas menciona que Gaio, de Derbe, e Timóteo, de Listra, os
acompanhava como representantes das ofertas (At 16.1; 20.4; 24.17).
2 “No primeiro dia da semana”: um domingo (NTLH). O dia comum de culto da igreja primitiva.
2.1 Fraseado judaico costumeiro para o que nós chamamos de domingo (cf. Mt 28.1; Jo 20.19,
26; At 20.7; Ap 1.10)11.
2.1.1 Pelo visto era o dia das principais reuniões da igreja, o que também ocorria na
Galácia e, consequentemente, em outros lugares12.
2.1.2 Os cristãos primitivos comemoravam o primeiro dia da semana devido a
ressurreição de Jesus e o escolheram para culto e comunhão.
2.2 Oferta é um elemento de culto em resposta agradecida pelas bênçãos13.
2.2.1 Assim como Deus ensinou o povo de Israel a honrá-lo com sua prosperidade (Pv
3.9), assim nos ensina a honrá-lo com liberalidade (Lc 6.38; 21.1-4).
2.2.2 É um ato de adoração, um sacrifício espiritual, e não apenas uma obrigação (Fp
4.18)14.
2.3 Alguns acham que, na época, o salário era semanal. De qualquer forma, isso nos ensina
que a prática de ofertar é sistemática15.
2.4 "Cada um de vós": indica que todos os irmãos (com fonte de renda) devem contribuir16.
2.5 "Separe o que puder": é importante que cada crente faça isso regularmente17.

8 WIERSBE, op. cit.


9 Ibidem.
10 KISTEMAKER, op. cit.
11 Ibidem.
12 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
13 KISTEMAKER, op. cit.
14 WIERSBE, op. cit.
15 Ibidem.
16 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
17 KISTEMAKER, op. cit.
209

2.6 “De acordo com o seu ganho”: a primeira regra é a da proporcionalidade.


2.6.1 Paulo não cita proporção. O dízimo é um bom começo para a prática da
mordomia, mas não devemos nos ater a ele. À medida que o Senhor nos dá mais,
também devemos planejar contribuir mais18.
2.6.1.1 A contribuição é uma graça de Deus. Ao compreender o valor real
dessa graça, temos o desejo de expressá-la com outros.
2.6.2 Também deveriam ser de livre vontade (2Co 8.3) e com alegria (2Co 9.7).
2.7 "E o guarde": provavelmente na tesouraria visto reprovar a coleta em sua chegada19.
2.8 "Não se façam coletas quando eu chegar": essa é a segunda vez que Paulo os lembra
de sua visita futura20.
2.8.1 A 1ª para chamar a atenção (1Co 4.18-21); a 2ª para verificar se realmente
fizeram as ofertas.
2.8.2 Paulo demonstra evitar doações às pressas. Quer fazer tudo apropriadamente.
2.8.3 Acabariam contribuindo sem preparar devidamente o coração e a carteira21.
3 Alguns irmãos de Corinto levariam a oferta como representantes.
3.1 Os coríntios os escolheriam, e Paulo os recomendaria22.
3.2 Paulo age em harmonia com o que discutiu no cap. 9 (1Co 9.7-18)23.
3.2.1 As igrejas da Macedônia fizeram o mesmo.
3.2.2 Dessa forma Paulo nunca poderia ser acusado de estar aumentando seus
próprios bens.
3.2.3 Não sabemos quem foi o irmão escolhido para levar a oferta, pois não é citado
(At 20.4).
3.3 Esse versículo nos ensina que os recursos financeiros da igreja não devem ser confiados a
apenas uma pessoa24.
3.4 Todo ministério deve ser extremamente profissional em suas questões financeiras25.
3.5 "Enviarei, com carta de recomendação": na época, as pessoas enviadas em missões
muitas vezes portavam credenciais escritas pelo agente ou agência que recomendava o
portador (At 9.2; 15.23; 22.5; Rm 16.1; 2Co 3.1-3)26.

18 WIERSBE, op. cit.


19 MORRIS, op. cit.
20 KISTEMAKER, op. cit.
21 MACDONALD, op. cit.
22 MORRIS, op. cit.
23 KISTEMAKER, op. cit.
24 MACDONALD, op. cit.
25 WIERSBE, op. cit.
26 KISTEMAKER, op. cit.
210

3.6 “Jerusalém”: a oferta era para irmãos pobres de Jerusalém.


4 Paulo parece evitar a administração pessoal da oferta (2Co 8.20-21).
4.1 Recusou se responsabilizar pela coleta, proteção e entrega da quantia27.

5 Paulo demonstra seus planos de viagem.


5.1 Lucas registra esse plano do apóstolo, ir até Corinto via Macedônia e de lá, à Jerusalém (At
19.21)28.
5.1.1 Nessa viagem ficou na Grécia por 3 meses (At 20.1-3a), período do inverno (nov
– fev), quando a viagem por mar era impossível (cf. 1Co 16.6).
5.1.2 Provavelmente, após enviar a carta, pensou em outra rota: Corinto – Macedônia –
Corinto – Jerusalém (2Co 1.15-16); mas mudou de ideia (2Co 2.1).
5.1.3 No fim, fez uma visita rápida e dolorosa a Corinto, voltando à Éfeso. Prosseguiu,
então, para Trôade, a fim de esperar por Tito (que fora enviado a Corinto), visitou a
Macedônia e, de lá, foi para a Judeia (2Co 2.12-13; 7.5-7)29.
5.2 "Macedônia": região no norte da Grécia que incluiam as cidades de Neápolis, Filipos,
Anfípolis, Apolônia, Tessalônica (capital) e Beréia30.
6 “Me encaminheis”: de lá ele iria à Judeia (2Co 1.15-16).
6.1 A igreja era obrigada a prover as necessidades dos missionários e encaminhá-los em
suas viagens (Rm 15.24; 1Co 16.11; 2Co 1.16; Tt 3.13; 3Jo 6)31.
6.2 Paulo esperava que eles fornecessem o dinheiro para suas despesas de viagem32.
7 "Ficar convosco algum tempo": os numerosos problemas morais e espirituais dos membros
exigiam um bom tempo33.
8 “Éfeso”: capital da província romana da Ásia conhecida por seu templo à Ártemis (Diana) – uma
das 7 maravilhas do mundo antigo34.
8.1 Esse versículo deixa claro que essa carta foi escrita em Éfeso35.

27 KISTEMAKER, op. cit.


28 Ibidem.
29 WIERSBE, op. cit.
30 PFEIFFER, op. cit.
31 KISTEMAKER, op. cit.
32 METZ, op. cit.
33 KISTEMAKER, op. cit.
34 PFEIFFER, op. cit.
35 MACDONALD, op. cit.
211

8.2 “Pentecostes”: segunda das 3 grandes festas judaicas (Dt 16.16). Era celebrado no 50º
(quinquagésimo) dia após a festa dos Pães Asmos. Também conhecida como Festa das
Semanas (Êx 34.22), da Colheita (Êx 23.16), e das Primícias (Nm 28.26)36.
8.2.1 Os judeus modernos acreditam que a festa comemora a entrega da Lei (dada a
Moisés no 50º dia após o êxodo).
8.2.2 Os cristãos comemoravam o derramamento do Espírito Santo em Jerusalém37.
9 “Porta”: (θυρα – thura) a expressão (“uma porta aberta”) é usada para referir-se à oportunidade
de fazer algo38 (cf. 2Co 2.12; Cl 4.3).
9.1 Paulo tinha muito trabalho em Éfeso: pregava em público (no salão de Tirano) e de casa
em casa (At 19.9-10; 20.20-21)39.
9.2 "Há muitos adversários": o sucesso no ministério é contrabalançado com adversidades
para nos manter alertas e evitar a autoconfiança40.
9.2.1 Faz parte das condições em que servimos a Deus. Quando temos grandes
oportunidades de serviço, também há grandes dificuldades em no caminho. At 19
mostra quão grandes eram os adversários de Paulo em Éfeso41.
9.2.2 A maior parte das pessoas não procura a oposição, mas o leal servo de Cristo
não iria fugir dela42.
9.3 Paulo era tão cauteloso com o tempo quanto era com o dinheiro (Ef 5.15-16). Um
cristão não pode ter o luxo de perder tempo ou oportunidades43.
9.3.1 Aprendemos com isso que, mesmo que nossos planos mudem, o plano divino
permanece dentro da vontade soberana.

10 "Se Timóteo chegar": provavelmente o enviou pela Macedônia acompanhado de Erasto44 (At
19.22) sem tempo para chegada. Ele retornou até a escrita da 2ª carta (2Co 1.1)45.
10.1 A carta chegou antes de Timóteo, pois foi por navio à Corinto.
10.2 "Não tenha nada que recear": provavelmente a idade de Timóteo (~20) tem algo haver
com o relacionamento dele e a igreja em Corinto (cf. 1Tm 4.12).

36 PFEIFFER, op. cit.


37 KISTEMAKER, op. cit.
38 STRONG, op. cit.
39 KISTEMAKER, op. cit.
40 Ibidem.
41 MORRIS, op. cit.
42 METZ, op. cit.
43 WIERSBE, op. cit.
44 MORRIS, op. cit.
45 KISTEMAKER, op. cit.
212

10.2.1 Timóteo não era totalmente saldável (1Tm 5.23), era tímido (2Tm 1.7) e
necessitava de instrução (1Tm 5).
10.2.2 E a igreja estava dividida em grupos que eram muito críticos46.
10.3 "Ele trabalha na obra do Senhor": a autoridade não é de Paulo ou Timóteo, mas da obra
de Deus. Por isso Paulo o iguala a si: "assim como eu".
11 O NT não fornece informação sobre o trabalho de Timóteo em Corinto47.
11.1 “Ninguém o menospreze”: uma igreja não deve esperar que todos os servos de Deus
sejam como Paulo. Os jovens que estão começando a servir têm grande potencial e devem
ser encorajados pela igreja48.
12 "Quanto ao irmão Apolo": tudo indica que, na carta escrita pelos coríntios, eles perguntaram ou
convidaram Apolo para ir à igreja49.
12.1 “Apolo”: era o erudito orador de Alexandria comissionado pelos efésios para ministrar
aos coríntios (At 18.24-19.1).
12.1.1 Era estimado em Corinto e, evidentemente expressaram o desejo de que ele lhes
fizesse outra visita50.
12.2 "Pedi-lhe muito": é evidente que em nenhum sentido Paulo e Apolo eram rivais51.
12.3 Esse texto mostra que Paulo e Apolo chegaram a conhecer-se pessoalmente
12.4 "Não quis ir agora": não sabemos o motivo.
12.4.1 Paulo não tinha autoridade de enviar homens contra a vontade deles52.
12.5 "Quando tiver oportunidade": não é que Apolo não quisesse ir, mas esperava uma boa
oportunidade53.

13 Nessas exortações Paulo não trata de ações momentâneas54.


13.1 "Vigiai": o povo de Deus deve sempre estar alerta contra as forças das trevas55.
13.1.1 Gregoreuo (γρηγορειτε): tomar cuidado para que, por causa de negligência e
indolência, nenhuma calamidade destrutiva repentinamente surpreenda alguém56.

46 METZ, op. cit.


47 KISTEMAKER, op. cit.
48 WIERSBE, op. cit.
49 KISTEMAKER, op. cit.
50 MORRIS, op. cit.
51 Ibidem.
52 WIERSBE, op. cit.
53 MORRIS, op. cit.
54 Ibidem.
55 KISTEMAKER, op. cit.
56 STRONG, op. cit.
213

13.1.2 Implica num determinado esforço para manter-se atento57.


13.1.3 Existiam muitos e evidentes males e fraquezas na igreja de Corinto: dissensões,
heresias, imoralidade e intemperança58.
13.2 "Permanecei firmes na fé": assim como um soldado que defende firmemente os
interesses de sua nação, é o cristão em relação aos ensinos da Palavra.
13.2.1 Trata-se da estabilidade de cristão59.
13.3 "Portai-vos corajosamente": (ανδριζεσθε – andrizesthe) "portar-se como homem". No
reino de Deus não há lugar para covardes.
13.3.1 Paulo já havia advertido quanto a imaturidade dos coríntios (1Co 3.1)60.
13.4 “Sede fortes”: a força do cristão não é algo inato, inerente; ele a deriva de Deus61.
13.4.1 Portanto significa exercitar-se no Senhor62.
14 O amor é mais do que um acompanhamento das ações cristãs. É a própria atmosfera na qual o
cristão vive, move-se e subsiste63.
14.1 Personagens que exemplificam bem essa imagem de cristão são Abrahan Lincoln
(homem feito de "aço aveludade") e Aslan (feroz e amoroso)64.

15 Aparentemente os membros da igreja em Corinto não estavam respeitando os oficiais da igreja 65.
15.1 “Acaia”: região sul da Grécia (At 19.21; Rm 15.26; 2Co 1.1; 1Ts 1.7-8)66.
15.2 "Têm se dedicado ao serviço": tornaram-se líderes importantes na igreja. Belo exemplo
de uma família inteira servindo na igreja67.
16 ...
17 O grupo forma uma comissão oficial da igreja68.
17.1 "Supriram o que me faltava da vossa parte": talvez tenham feito por Paulo aquilo que os
coríntios estavam impossibilitados de fazer em razão da distância69.
17.2 A atitude deles mostra que é importante a igreja revigorar e encorajar o pastor da igreja.

57 MORRIS, op. cit.


58 METZ, op. cit.
59 MORRIS, op. cit.
60 WIERSBE, op. cit.
61 MORRIS, op. cit.
62 METZ, op. cit.
63 MORRIS, op. cit.
64 WIERSBE, op. cit.
65 KISTEMAKER, op. cit.
66 PFEIFFER, op. cit.
67 WIERSBE, op. cit.
68 Ibidem.
69 MACDONALD, op. cit.
214

17.2.1 Por vezes tratamos apenas de nossos problemas com os líderes espirituais.
18 "Revigoraram o meu espírito assim como o vosso": levaram notícias da igreja a Paulo e, de
Paulo, à congregação em Corinto70.

19 "Igrejas da Ásia": congregações da província da Ásia (chamada hoje de Ásia Menor), da qual
Éfeso era capital71.
19.1 “Áquila e Prisca”: casal missionário em Éfeso e depois Roma. Colocaram sua casa a
serviço (Rm 16.4)72.
19.1.1 Das 6 vezes que o casal é citado, em 4 o nome de Prisca vem primeiro,
evidentemente por seus prórpios méritos notáveis (deve ter sido uma mulher
extraordinária).
19.1.2 Devemos ser gratos a Deus por maridos e esposas como Áquila e Priscila, que
juntos trabalham para servir ao Senhor e ajudar o pastor (Rm 16.3-5)73.
19.1.2.1 Pessoas com esse tipo de dedicação e espírito de sacrifício não são
fáceis de achar, mas são instrumentos poderosos para a igreja local.
19.2 "A igreja que se reúne na casa deles": nos mostra a simplicidade da vida comunitária dos
cristãos da época, que se reuniam nos lares.
19.3 Paulo ganhava almas para Cristo, e também amigos que se consagravam ao serviço de
Deus74.
19.3.1 O dinheiro e as oportunidades não têm valor algum sem as pessoas. O maior
patrimônio da Igreja é seu povo, no entanto, muitas vezes a Igreja não lhe dá o
devido valor.
20 "Beijo santo": no tempo e na cultura esse beijo era costumeiro e esperado, inclusive entre
homens75. O termo "santo" evita qualquer mal-entendido76.
20.1 Consistia de um abraço normal, incluindo o ato de enconstar levemente as faces e
poderia tocoar os lábios na face da outra pessoa.
20.2 Era um sinal de paz e amizade, indicando a ausência de malícia ou má vontade77.

70 MACDONALD, op. cit.


71 Ibidem.
72 MORRIS, op. cit.
73 WIERSBE, op. cit.
74 Ibidem.
75 MACDONALD, op. cit.
76 KISTEMAKER, op. cit.
77 METZ, op. cit.
215

20.3 Há referências a esse ósculo santo (Rm 16.16; 2Co 13.12; 1Ts 5.26) e a um óculo de amor
(1Pe 5.14)78.
20.3.1 Todas as passagens referem-se a uma saudação, e não a um ato litúrgico ("beijo
da paz" trocado durante o culto).
20.4 Em nossa sociedade pervertida, o uso do ósculo como saudação pode representar uma
tentação e gerar problemas morais. Por esse motivo, o aperto de mão substitui o ósculo
entre os irmãos do Ocidente79.
21 "Próprio punho": as cartas, muitas vezes, eram ditadas pelo autor e escritas por um escriba80.
21.1 O seu manuscrito era a marca da autenticidade (2Ts 3.17)81.
21.1.1 Como era seu costume, é provavel que tenha feito no caso das outras cartas.
22 "Seja maldito": Paulo invoca maldição sobre os que se opõe ao Senhor82.
22.1 Quem não ama o Filho de Deus comete ofensa contra o próprio Deus83.
22.2 Não amar a Cristo significa não crer nele84.
22.3 "Vem, Senhor!": a expressão em aramaico é "Maranata".
22.3.1 É empregada em forma de maldição, para que o Senhor venha como juiz.
22.3.2 É uma oração da igreja primitiva palestina que expressa a ansiosa esperança
que a Igreja daqueles tempos tinha do rápido retorno do Senhor85.
23 A conclusão dessa epístola é a bênção usual registrada em muitas epístolas.
24 Termina a carta enviando-lhes o seu amor, expressando a estima e afeição que tinha para com
os coríntios86.
24.1 O amor de Paulo foi indubitavelmente expresso nesta carta87.
24.2 A severidade do apóstolo é sua maior prova de amor (Pv 27.6)88.

78 MORRIS, op. cit.


79 MACDONALD, op. cit.
80 KISTEMAKER, op. cit.
81 MORRIS, op. cit.
82 KISTEMAKER, op. cit.
83 MACDONALD, op. cit.
84 WIERSBE, op. cit.
85 MORRIS, op. cit.
86 Ibidem.
87 MACDONALD, op. cit.
88 WIERSBE, op. cit.
216

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