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FACULDADE DE ECONOMIA
BETTINA SÁ D'ALESSANDRO
Porto Alegre
2017
BETTINA SÁ D'ALESSANDRO
Porto Alegre
2017
RESUMO
Este estudo se propõe a analisar os valores aplicados por meio do Orçamento Geral da
União na cidade de Porto Alegre/RS no período de 2007 a 2017 na área da saúde. Ou
seja, pretende-se analisar os valores investidos em gastos com saúde na respectiva
cidade no período estipulado. Para tal, apresenta-se brevemente a definição do Plano
Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual com o
propósito de, a partir da maior compreensão desses analisar a aplicação de recursos
públicos na saúde e, consequentemente, ter um panorama sobre as maiores lacunas e no
setor de saúde em Porto Alegre.
A partir da análise acima conclui-se que, entre 2007 e 2017, o investimento em saúde
cresceu aproximadamente 50%. Apesar do aumento em valores monetários, não existe
indício de melhora no Sistema de Saúde em Porto Alegre.
Palavras chave: Orçamento Geral da União, Saúde, Porto Alegre, Investimento Público
INTRODUÇÃO
Uma vez que cabe ao poder público a incumbência de criar políticas que busquem
melhor qualidade de vida para sua população, a ele cabe a gestão e alocação dos
recursos de forma que esses tenham a máxima resolutividade. Nesse sentido, se faz
necessário que haja planejamento orçamentário pertinente, ou seja, que hajam
adequadas previsões da aplicação dos recursos financeiros arrecadados no país. Os
orçamentos são assim, uma forma de direcionar as prioridades de gestão de forma
técnica e objetiva, já que por meio deles é possível analisar, por exemplo, o quanto se
gastará em saúde, o quanto os investimentos podem aumentar (ou reduzir) e, ainda, em
que áreas se deve direcionar maiores ou menores gastos.
Assim, propondo tornar esse artigo mais uma oportunidade de acesso a informação, se
objetiva analisar os valores previstos e aplicados por meio do orçamento geral da União
na cidade de Porto Alegre/RS no período de 2007 a 2017 na área da saúde. Mais
especificamente, buscar maior compreensão do Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes
Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual na saúde e identificar as maiores lacunas no
setor de saúde em Porto Alegre em relação aos gastos públicos nos últimos 10 anos.
REFERENCIAL TEÓRICO
Para tal, a Lei nº 4.320 da Constituição Federal de 1964, ampara as normas relacionadas
ao orçamento dos 3 entes federativos (união, estados e municípios) no que tange as
normas gerais para o controle e elaboração dos gastos. Por meio da referida Lei
estabeleceu-se que nenhuma despesa do OGU pode correr sem estar presente no
orçamento público nacional (BRASIL, 2015).
Aqui, importante mencionar o controle dos gastos previstos do PPA segundo a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000.).
De acordo com essa lei, nenhum investimento poderá ser iniciado sem que antes se
cumpra o investimento anterior. Assim, essa lei serve para que os gastos de uma gestão
fiquem não fiquem a cargo da gestão seguinte e assim cumulativamente.
De acordo com a referida Lei:
O PPA deve ser elaborado no primeiro ano de cada governo e enviado para o Congresso
até o dia 31 de agosto. As despesas que não estejam previstas no PPA não serão
autorizadas (art. 15, combinado com os Arts. 16, II e 17, § 4º). Assim, por meio da LRF,
houve a obrigatoriedade de o governo planejar com maior rigor suas ações e, ainda,
considerar essas no período vigente sem deixar dívidas.
Para que se possa de fato, executar as ações previstas é necessário que haja um ajuste
entre os gastos e a arrecadação. Tais valores estão previstos na LOA e estipulados, ou
seja, ela traz as previsões do quanto de arrecadação será necessária para arcar com as
despesas dos investimentos. Tributos como as taxas, impostos e demais contribuições
são as tradicionais fontes de arrecadação no Brasil (Receita Federal, 2016).
A LOA foi estabelecida pelo poder Executivo, atendendo à Lei Federal 4.320/64 e a
Constituição Federal, que “estabelece as normas gerais para elaboração, execução e
controle orçamentário. No que se refere aos prazos, ela deve ser enviada até o dia 31 de
agosto para o Congresso quando necessita da aprovação dos parlamentares que deverá
ocorrer até o dia 22 de dezembro do referido ano. (PLANEJAMENTO, 2015).
Uma vez que o presente estudo busca analisar os valores previstos e aplicados por meio
do orçamento geral da União na cidade de Porto Alegre/RS na última década, a seguir,
apresenta-se brevemente os principais programas na área da saúde no referido
município.
São eles:
Código Programa
4 Assistência Médica e Sanitária Geral
53 Rede de Vigilância em Saúde
54 Controle das Doenças Transmissíveis
Pronto Atendimento e Urgência
55 Hospitalar
57 Saúde Materno – Infantil
94 Apoio à Gestão em Saúde
100 A Receita é Saúde
106 Desenvolvimento Municipal – PDM
111 Porto Alegre da Mulher
118 Câmara Municipal
119 Gestão Total
130 A Receita é Saúde
Lugar de Criança é na Família e na
136 Escola
142 Câmara Municipal
153 Qualifica POA
154 Infância e Juventude protegidas
155 Porto Alegre Mais Saudável
156 Porto da Igualdade
157 Porto da Inclusão
160 Cidade da Participação
161 Gestão Total
162 Você servidor
200 Apoio Administrativo
Fonte: TCE (2017)
Para maior compreensão e análise dos programas propostos à área de Saúde no OGU,
foram organizadas tabelas, de acordo com a proposta da pesquisa, com ó código do
programa, valor liquidado e porcentagem da despesa total programa anualmente.
Ano 2007
Valor
Programa Código Liquidado %
A Receita é Saúde 100 599.379.297,53 96,2657%
Gestão Total 119 12.475.123,26 2,0036%
Apoio Administrativo 200 9.084.453,34 1,4590%
Desenvolvimento Municipal – PDM 106 1.030.740,42 0,1655%
Assistência Médica e Sanitária Geral 4 302.475,92 0,0486%
Câmara Municipal 118 295.285,04 0,0474%
Pronto Atendimento e Urgência
Hospitalar 55 35.249,55 0,0057%
Saúde Materno – Infantil 57 25.585,41 0,0041%
Controle das doenças transmissíveis 54 1.600,00 0,0003%
Rede de Vigilância em Saúde 53 217,8 0,0000%
Total 622.630.028,27
Fonte: TCE (2017)
Ano 2008
Valor
Programa Código Liquidado %
A Receita é Saúde 100 665.571.863,50 98,3343%
Gestão Total 119 10.904.710,88 1,6111%
Câmara Municipal 118 327.721,83 0,0484%
Desenvolvimento Municipal – PDM 106 55.114,52 0,0081%
Apoio Administrativo 200 21.282,06 0,0031%
Porto Alegre da Mulher 111 1.814,02 0,0003%
Apoio à Gestão em Saúde 94 -805,01 -0,0001%
Assistência Médica e Sanitária Geral 4 -4.709,61 -0,0007%
Pronto Atendimento e Urgência
Hospitalar 55 -30.771,07 -0,0045%
Total 676.846.221,12
Fonte: TCE (2017)
Ano 2009
Valor
Programa Código Liquidado %
A Receita é Saúde 100 746.687.896,42 98,0420%
Gestão Total 119 14.206.291,80 1,8653%
Câmara Municipal 118 377.219,56 0,0495%
Desenvolvimento Municipal – PDM 106 269.341,98 0,0354%
Saúde Materno – Infantil 57 23.582,67 0,0031%
Porto Alegre da Mulher 111 16.164,70 0,0021%
Apoio Administrativo 200 14.759,46 0,0019%
Pronto Atendimento e Urgência
Hospitalar 55 3.335,05 0,0004%
Assistência Médica e Sanitária Geral 4 1.446,50 0,0002%
Total 761.600.038,14
Fonte: TCE (2017)
Ano 2010
Valor
Programa Código Liquidado %
A Receita é Saúde 130 818.007.159,49 98,5694%
A Receita é Saúde 100 11.205.960,51 1,3503%
Câmara Municipal 142 427.118,24 0,0515%
Lugar de Criança é na Família e na
Escola 136 257.486,65 0,0310%
Desenvolvimento Municipal – PDM 106 85.020,00 0,0102%
Saúde Materno – Infantil 57 -1.860,53 -0,0002%
Apoio à Gestão em Saúde 94 -13.544,39 -0,0016%
Pronto Atendimento e Urgência
Hospitalar 55 -16.911,30 -0,0020%
Assistência Médica e Sanitária Geral 4 -70.707,54 -0,0085%
Total 829.879.721,13
Fonte: TCE (2017)
Ano 2011
Ano 2012
Ano 2013
Ano 2014
Ano 2015
Ano 2016
Valor
Programa Código Liquidado %
A Receita é Saúde 130 818.007.159,49 98,5694%
A Receita é Saúde 100 11.205.960,51 1,3503%
Câmara Municipal 142 427.118,24 0,0515%
Lugar de Criança é na Família e na
Escola 136 257.486,65 0,0310%
Desenvolvimento Municipal – PDM 106 85.020,00 0,0102%
Saúde Materno – Infantil 57 -1.860,53 -0,0002%
Apoio à Gestão em Saúde 94 -13.544,39 -0,0016%
Pronto Atendimento e Urgência
Hospitalar 55 -16.911,30 -0,0020%
Assistência Médica e Sanitária Geral 4 -70.707,54 -0,0085%
Total 829.879.721,13
Fonte: TCE (2017)
Ano 2017
3 ANÁLISE DE DADOS
De acordo com a análise proposta dos anos de 2007 a 2017 sobre o Orçamento
Geral da União, em específico sobre o setor de Saúde na cidade de Porto Alegre, Rio
Grande Sul, observa-se que entre os anos 2007 e 2017 foram abundantemente mudados
os programas relativos a saúde.
Em 2007, o OGU na área de saúde era composto pelos seguintes programas: A Receita
é Saúde, Gestão Total, Apoio Administrativo, Desenvolvimento Municipal – PDM,
Assistência Médica e Sanitária Geral, Câmara Municipal, Pronto Atendimento e
Urgência Hospitalar, Saúde Materno – Infantil, Controle das Doenças Transmissíveis e
Rede de Vigilância em Saúde.
Em 2015, os programas que compuseram a área de saúde do OGU foram: Porto Alegre
mais Saudável, Você Servidor, Gestão Total, Infância e Juventude Protegidas, Cidade
da Participação, A Receita é Saúde, Porto da Igualdade, Porto da Inclusão e Qualifica
POA.
Já relativo à área financeira, são feitas as seguintes comparações: Entre 2008 e 2007,
ocorreu um aumento no valor liquidado de R$ 54.216.192,85, referente, principalmente
ao programa A Receita é Saúde.
Entre 2011 e 2010, foi visível uma ascensão considerável do valor liquidado, de R$
105.170.062,81, e a porcentagem de gasto passou de 98,57% em 2010 para 99,91% em
2011.
Entre 2015 e 2014 o aumento do valor liquidado foi bem menor comparado ao ano
anterior, de R$ 7.275.445,86. O maior valor investido foi no programa Porto Alegre
Mais Saudável, porém a porcentagem foi menor, de 56,37%.
Em uma comparação final, no decênio de 2007 a 2017, foi aproximadamente R$600 mil
mais alto o valor liquidado no setor de Saúde na cidade de Porto Alegre, no Orçamento
Geral da União.
4 CONCLUSÃO
A partir dos dados acima apresentados e da análise feita, foi visto um acréscimo de
aproximadamente R$600 mil no ultimo decênio no Orçamento Geral da União,
especificamente na seção de Saúde, na cidade de Porto Alegre. Os programas que
obtiveram maior investimento nesses anos foram A Receita é Saúde e Porto Alegre
Mais Saudável, com 67% do gasto total no primeiro programa e, o segundo, foi
responsável por 21,6% do OGU destinado a saúde na cidade de Porto Alegre entre 2010
e 2017.
Cada vez mais é necessário a prática da cidadania, e para realizar a mesma, o acesso e
compreensão do Orçamento do Estado e todas as leis que o formam e compõem, como a
Lei Orçamentária Anual, Lei de Diretrizes Orçamentárias ou Plano Plurianual. Conclui-
se então que o presente estudo auxilia no exercício da cidadania, mas necessita
aprofundamento para que essa seja mais uma ferramenta para o ensino e acesso a
informação de Educação Fiscal e de cidadania.
REFERÊNCIAS
RECEITA FEDERAL. Carga Tributária no Brasil 2015, Análise por Tributos e Bases
de Incidência. Disponível em
http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/estudos-e-tributarios-e-
aduaneiros/estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no-brasil/ctb-2015.pdf>. Acesso em:
12 dez. 2017