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Universo
ao Lado
A Vida Examinada
Um Catálogo Elementar
de Cosmovisões
Jam es W. Sire
"Poucas pessoas têm alguma coisa
próxima de uma filosofia articulada —
pelo menos como demonstrado por
grandes filósofos. Menos ainda,
desconfio, possuem um esquema
teológico cuidadosamente construído.
Mas todos têm uma cosmovisão. Toda
vez que qualquer um de nós pensa
sobre qualquer coisa — desde um
pensamento casual (Onde deixei meu
relógio?) até a mais profunda questão
(Quem sou eu?) — estamos operando
dentro de um esquema de
pensamentos e ações. Na verdade, isto
é apenas a hipótese de uma
cosmovisão — básica ou simples —
que nos permite pensar como um
todo.
A batalha para descobrir nossa
própria fé, nossa própria cosmovisão,
nossas crenças sobre a realidade, é o
tema deste livro. Formalmente
declarados, os propósitos deste livro
são: (1) esboçar as cosmovisões
básicas que estão por trás do modo
pelo qual nós, do mundo ocidental,
pensamos sobre nós mesmos, outras
pessoas, o mundo natural e Deus ou
realidade última; (2) traçar
historicamente como estas
cosmovisões se desenvolveram desde o
declínio da cosmovisão teísta,
transitando, por sua vez, para o
deísmo, o naturalismo, o niilismo, o
existencialismo, o misticismo oriental e
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UNIVERSO
AO
m m i LADO
• :
James W. Sire
SÎyK S** '
® 2001 by James W. Sire
T radução:
Paulo Zacarias
R evisão:
Andrea Afilatro
Isly Carvalho Marino
C apa:
Denis R. Darin
T extos B íblicos :
Todas as citações bíblicas, quando não indicadas,
foram extraídas da Edição Revista e Atualizada,
tradução de João Ferreira de Almeida,
® Sociedade Bíblica do Brasil, 1969
Catalogação na Fonte do
Departamento Nacional do Livro
Biblioteca Nacional
S619u
Sire, James W.
O universo ao lado / James W. Sire;
[traduzido porj Paulo Zacarias. — São Paulo:
Editorial Press, 2001.
296p .; 21 cm.
CDD: 100
Editorial Press
Rua Santa Flora, 80 cjto. 4
São Paulo, SP
01549-040
editorial Telefone: (0xx11) 6161-3844
press vwvw.editorialpress.com.br
Para Marjorie
Carol, Mark e Caleb
Eugene e Linda
Richard, Kay Dee, Derek, Hannah e Micah
Ann, Jeff e Aaron
— cujos mundos entrelaçados
compõem meu florescente universo familiar.
índice
-
Prefácio à prim eira
ed ição b ra sile ira
J a m e s W . S ir e
Downers Grove, Illinois
Julho de 1999
'
1
UM MUNDO DE DIFERENÇAS
introdução
Matthew Arnold
The Buried Life [A Vida Enterrada]
But often, in the world's most crowded streets,
But often, in the din of strife,
There rises an unspeakable desire
After the knowledge of our buried life:
A thirst to spend our fire and restless force
In tracking out our true, original course;
A longing to inquire
Into the mystery of this heart which beats
So wild, so deep in us — to know
Whence our livre come and where they go.
Matthew Arnold
The Buried Life
N o o c a s o d o s é c u lo xix, S te p h e n C ra n e c a p to u
a m e s m a a p re e n s ã o q u e te m o s ag o ra, n o fin a l d o
s é c u lo xx, q u a n d o e n c a r a m o s o U n iv e rso .
Q u ã o d ife re n te é e sse p o e m a d ia n te d as p a la
v ras d o s a lm is ta q u e , e m te m p o s re m o to s , c o n t e m
p lo u a o seu red o r, e le v o u se u o lh a r p a ra D e u s e
escrev eu :
J
I N T R O D U Ç Ã O
19
C o m o p ró p r io T e n n y so n , a fé c a b a lm e n te p re v a le ce u , m a s a
b a ta lh a s ig n ific o u a n o s d e lu ta s e d ú v id as a se re m reso lv id as.
A b a ta lh a p ara d e s c o b r ir n o s s a p ró p ria fé, n o s sa p ró p ria c o s-
m o v is ã o , n o s sa s c re n ç a s s o b r e a re a lid a d e é o te m a d este liv ro .
F o r m a lm e n te d ecla ra d o s, seu s p ro p ó s ito s sã o : ( 1 ) e s b o ç a r as co s-
m o v is õ e s b á s ic a s q u e e stã o p o r trás d o m o d o p e lo q u a l n ó s, n o
m u n d o o c id e n ta l, p e n s a m o s s o b r e n ó s m e s m o s , o u tra s p e sso as,
o m u n d o n a tu ra l e D e u s o u re a lid a d e fin a l; ( 2 ) tra ç a r h is to r ic a
m e n te c o m o essas c o s m o v is õ e s se d e s e n v o lv e ra m d esd e o d e c lí
n io d a c o s m o v is ã o te ísta , tr a n s ita n d o , p o r su a vez, p ara o d e ís
m o , o n a tu r a lis m o , o n iilis m o , o e x is te n c ia lis m o , o m is tic is
m o o rie n ta l e a n o v a c o n s c iê n c ia d a N o v a Era; ( 3 ) m o s tra r c o m o
o p ó s -m o d e r n is m o p ro v o c o u u m a re v irav o lta n e ssas c o s m o v i
sõ e s; e ( 4 ) e n c o r a ja r -n o s a p e n s a r e m te rm o s d e c o s m o v isõ e s ,
isto é, c o m c o n s c iê n c ia n ã o a p e n a s d o n o s s o m o d o d e p en sar,
m a s ta m b é m d o m o d o d e p e n s a r d as o u tra s p e sso a s, p a ra q u e
p o s s a m o s p rim e iro e n te n d e r o s o u tr o s e, e n tã o , e s ta b e le c e r u m a
c o m u n ic a ç ã o e fic a z e m n o s sa s o c ie d a d e p lu ra lista .
T ra ta -se d e u m g ra n d e d e s a fio . N a v e rd a d e se p a re c e m u ito
m a is c o m o p r o je to d e u m a v id a in te ira . M in h a e sp e ra n ç a é q u e
se ja e x a ta m e n te isto p a ra m u ito s q u e le re m e ste liv ro e le v are m
a sé rio su as im p lic a ç õ e s . O q u e e stá e sc rito a q u i é a p e n a s u m a
in tro d u ç ã o à q u ilo q u e p o d e to rn a r-se u m e s tilo d e vid a.
E n q u a n to escrev ia e ste liv ro , a c h e i p a rtic u la rm e n te d ifíc il se
p a ra r o q u e d ev eria se r in c lu íd o e o q u e p o d e ria se r d e ix a d o d e
la d o . M as, p o r e u v er o liv ro in te ir o c o m o u m a in tro d u ç ã o , t e n
tei ser r ig o ro s a m e n te s u c in to — a lc a n ç a r o â m a g o d e ca d a c o s
m o v isã o , su g e rir seu s p o n to s fo rte s e fra co s, e p a ssa r p a ra a p r ó
x im a c o s m o v is ã o . C o n tu d o , sa tis fiz m e u p ró p r io in te re ss e in -
( * ) Behold, we know not anything; / 1 can but trust that good shall fall / At last — far o f f —
at last, to all / And every winter change to spring. / So runs my dream; but what am I? / An
infant crying in the night; / An infant crying for the light; / And with no language but a cry.
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I N T R O D U Ç Ã O
não costum am ser question adas por nós m esm os, raram ente
ou nunca são m en cionad as por nossos am igos, e são apenas
lem brad as q u an d o so m o s d esafiados p o r um estrangeiro de
outro universo id eo ló g ico .6
S e t e p e r g u n t a s b á s ic a s
O utra m aneira de entend er com o que um a cosm ovisão se pare
ce, é vê-la, essencial m ente, com o aquele co n ju n to de respostas
sim ples e im ediatas que tem os na ponta da língua para as sete
perguntas seguintes:
1. Qual é a realidade primordial - o que é realmente verdadeiro? A
isso, pod em os responder: Deus, os deuses ou o cosm o m aterial.
2. Qual é a natureza da realidade externa, isto é, do mundo ao
nosso redor? Aqui nossas respostas sinalizam se vem os o m undo
co m o criado ou au tô n om o , com o caótico ou ordenado, com o
m atéria ou esp írito ; se n o ssa ên fase é su b jetiv a e de re la cio
n a m e n to p esso al co m o m u n d o o u se sua o b je tiv id a d e o se
para de nós.
3. O que é um ser humano? A essa pergunta, p od em os respon
der: um a m áqu ina altam ente com plexa, um deus adorm ecido,
um a pessoa feita à im agem de Deus, um "gorila nu".
4. O que acontece quando uma pessoa morre? Aqui pod em os
replicar: com extinção pessoal, ou transform ação em estado ele
vado, ou reencarnação, ou partida para um a existência obscura
"n o outro lado".
5. Por que é possível conhecer alguma coisa? Respostas sim ples
inclu em a idéia de que fom os criados à im agem de um Deus
todo-conhecedor, ou essa con sciên cia e racionalidade desenvol
veram -se sob as contingências de sobrevivência através de um
longo processo evolutivo.
6. Como sabemos o que é certo e errado? M ais um a vez a respos
ta: ou fo m o s criados à im agem de um Deus cu jo caráter é b o m ,
ou o certo e o errado são determ inados som ente pela escolha
hu m ana ou pelo que nos faz sentir bem , ou as noções sim ples
m ente se desenvolveram sob um ím peto orientado à sobrevi
vência física ou cultural.
7. Qual o significado da história humana? A isso podem os respon
der: com preender os propósitos de Deus ou deuses, preparar um
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teísmo cristão
T eís m o c r is t ã o b á s ic o
No âm ago de cada capítulo tentarei expressar a essência de cada
cosm ovisão num núm ero m ín im o de proposições sucintas. Cada
cosm ovisão considera as seguintes questões básicas: a natureza
e o caráter de Deus ou realidade final, a natureza do universo, a
natureza da hum anidade, a questão do que acon tece quando
um a pessoa m orre, a base do con h ecim en to hu m ano, a base da
ética e o significado da história.2 No caso do teísm o, a proposi
ção principal relaciona-se à natureza de Deus. U m a vez que esta
prim eira proposição é tão im portante, gastarem os m ais tem po
com ela do que com qualquer outra.
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3»
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Porque assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que
form ou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a fez para ser
um caos, mas para ser habitada: eu sou o Senhor e não há outro.
Não falei em segredo, nem em lugar algum de trevas da terra;
não disse à descendência de Jacó: Buscai-me em vão; eu, o Senhor,
falo a verdade, e proclamo o que é direito. (Isaías 45:18-19)
Q u n iv erso é o rd e n a d o , e D eu s n ã o o ap re se n ta a n ó s em
co n fu sã o , m as em clarid ad e. A n atu reza d o u n iv erso d e D eu s e a
natu reza d o caráter de D eu s e stão , assim , in tim a m e n te re la c io
nadas. O m u n d o é c o m o é p e lo m e n o s e m p arte p o rq u e D eu s é
o q u e é. V erem o s m ais a d ia n te c o m o a Q u e d a q u a lific a essa o b
servação. A qui é su ficie n te o b serv ar q u e h á u m a o rd e m , u m a
regularidad e n o u n iv erso . P o d e m o s e sp erar q u e a terra gire, as
sim o so l "se le v an tará" to d o dia.
M as o u tra n o ç ã o im p o rta n te está o cu lta n e ste resu m o . O sis
tem a está aberto, e isso sig n ifica q u e n ã o está p ro g ram ad o . D eus
está c o n sta n te m e n te e n v o lv id o n o p ad rão de d e s d o b ra m e n to
de c o n tín u a ativid ad e d o u n iv erso . E assim s o m o s c o m o seres
h u m a n o s! O cu rso d e ativid ad e d o m u n d o está ab e rto ao reor-
d e n a m e n to e fe tu a d o ta n to p o r D eu s c o m o p e lo s seres h u m a
nos. A ssim o e n c o n tra m o s d ra m a tica m e n te re o rd e n a d o n a Q u e
da. A dão e Eva fizeram u m a e sc o lh a q u e teve tre m e n d o sig n ifi
cad o . M as D eu s fez o u tra e sc o lh a ao re d im ir as p esso as através
de C risto .
A ativid ad e d o m u n d o é ta m b é m re o rd en ad a p o r n o ssa c o n
tín u a ativ id ad e ap ó s a Q u ed a. C ad a ação q u e to m a m o s in d iv i
d u alm en te, cad a d ecisã o para seg u ir u m a a çã o e m vez d e ou tra,
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p o r m e io d o qu al p e n sa m o s, d e se ja m o s, p e sa m o s c o n se q ü ê n -
cias, re c u sa m o -n o s a p esar c o n se q ü ê n cia s, p e rd o a m o s, recu sa
m o s o p erd ão , e m su m a, e sc o lh e m o s agir.
N isso cad a p esso a reflete (c o m o u m a im a g e m ) a tra n s c e n
d ên cia d e D eu s s o b re seu u n iv erso . D eu s n ã o e stá lim ita d o p e lo
seu a m b ie n te . D eu s e stá lim ita d o (p o d e m o s d izer) a p e n a s p e lo
seu caráter. D eus, sen d o b o m , n ã o p o d e m en tir, enganar, agir
c o m in te n ç ã o m a ld o sa e assim p o r d ian te. M as n ad a ex te rn o a
D eu s p o d e c o n stra n g ê -lo . Se ele e sc o lh e u restau rar u m un iv erso
caíd o , fo i p o rq u e "q u is " fazê -lo , p o rq u e, p o r e x e m p lo , o a m a e
q u er o m e lh o r para ele. M as D eu s é livre para fazer o q u e quer, e
sua v o n ta d e está em s in to n ia c o m seu caráter ( Q uem E le é ).
A ssim a g im o s em parte e m u m a tra n sc e n d ê n cia s o b re n o sso
m e io a m b ie n te . E xceto n o s e x tre m o s da e x istê n cia — na d o en ça
o u p riv ação física (p assar fo m e a b so lu ta d ev id o à in tem p érie,
ficar p reso n a escu rid ão d u ran te d ias sem fim , p o r e x e m p lo ) —
u m a p esso a n ã o é fo rçad a a n e n h u m a reação n ecessária.
P ise n o m eu pé. D ev o fa la r u m p alav rão? D everia. D evo per-
d o á -lo ? D everia. D evo berrar? D everia. D ev o sorrir? D everia. O
que eu fizer refletirá m e u caráter, m as so u "e u " q u e agirei e n ã o
reajo ap en as c o m o u m a c a m p a in h a q u e to c a q u a n d o u m b o tã o
é p re ssio n ad o .
Em re su m o , as p e sso as tê m p e rso n a lid a d e e são cap azes d e
tran scen d er o c o s m o n o qu al fo ra m co lo ca d a s, n o se n tid o de
q u e p o d e m c o n h e c e r alg u m a co isa d esse c o s m o e p o d e m agir
sig n ificativ am en te para m u d ar o cu rso , ta n to d o s a c o n te c im e n
to s h u m a n o s q u a n to d o s ev en to s c ó sm ic o s. Essa é o u tra m a n e i
ra de d izer q u e o siste m a c ó s m ic o q u e D eu s fez é aberto ao reor-
d e n a m e n to d os seres h u m a n o s.
A p e rso n a lid a d e é a p rin cip al co isa re la cio n a d a a n ó s, seres
h u m a n o s. P en so q u e é ju sto d izer q u e ela é a p rin cip a l co isa
re lacio n ad a a D eus, q u e é in fin ito ta n to e m sua p e rso n a lid a d e
q u a n to em seu ser. N o ssa p e rso n a lid a d e está fu n d a m e n ta d a na
p e rso n a lid a d e de D eus. Isso é, d e s c o b rim o s n o s so verd ad eiro
lar em D eu s e n o ín tim o re la c io n a m e n to c o m ele. "H á u m v azio
n o fo rm a to de D eu s n o c o ra çã o de to d o h o m e m " , escreveu Pas
cal. "N o sso s c o ra çõ e s n ã o re p o u sa m até q u e e n c o n tre m re p o u
so em ti", escrev eu A g o stin h o .
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*
T E Í S M O C R I S T Ã O
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6. Para cada pessoa, a morte é ou o portão para a vida com Deus e seu
povo ou o portão para a separação eterna da única coisa cjue completa
ria, em última instância, as aspirações humanas.
O significado da m orte é realm ente parte da proposição 5,
mas ele é destacado aqui porque as várias atitudes com relação à
m orte são m uito im portantes em cada cosm ovisão. O que aco n
tece quando um a pessoa m orre? Vam os colo car isso em term os
pessoais, porque este aspecto da cosm ovisão de alguém é real
m ente m u ito pessoal. Eu desapareço — extinção pessoal? Eu
hiberno e retorno num a form a diferente — reencarnação? Eu
con tin uo num a existência transform ada no céu ou no inferno?
O teísm o cristão claram ente ensina a últim a opção. Na m or
te, as pessoas são transform adas. O u elas entram nu m a existên
cia com Deus e seu povo — um a existência glorificada — , ou
entram nu m a existência para sem pre separada de Deus, susten
tando sua unicidade em horrorosa solidão, precisam ente longe
daquilo que a com pletaria.
Isso é a essência do inferno. G. K. C hesterton observou certa
vez que o inferno é um m o n u m en to à liberdade hu m ana e, p o
dem os acrescentar, à dignidade hum ana. O inferno é o tributo
de Deus à liberdade que ele deu a cada um de nós para que
escolhêssem os a quem serviríam os; é um reco n h ecim en to de
que nossas decisões têm um significado que se estende para além
do âm bito da infin itu d e.14
Aqueles, porém , que respondem à oferta de Deus para a sal
vação das pessoas no p lano da eternidade com o criaturas glorio
sas de Deus — com pletas, realizadas, m as não saciadas, com -
prom etem -se com o regozijo etem o da com u n h ão dos santos.
As Escrituras oferecem poucos detalhes sobre essa existência, mas
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seus vislum bres do céu em A pocalipse 4-5 e 21, por exem plo,
criam expectativas de esperança cristã a serem cum pridas além
dos seus m ais arraigados desejos.
A GRANDEZA DE DEUS
Deveria estar b em claro, agora, q u e o te ísm o cristão depende,
prim ariam ente, de seus co n ce ito s de Deus, p o rqu e o teísm o sus
tenta que tud o deriva de Deus. N ada o anteced e o u a ele se igua
la. Ele é Aquele que é. A ssim , o te ísm o tem u m a base para a m eta
física. U m a vez que Aquele que é ta m b é m tem um caráter d ig no e
é assim O Único Digno, o te ísm o tem u m a base para a ética. U m a
vez que Aquele que é ta m b é m é Aquele que Conhece, o teísm o tem
um a base para a e p istem o lo g ia. Em outras palavras, o teísm o é
um a co sm o v isão com p leta.
A ssim , a grandeza de D eus é a d o u trin a cen tral do teísm o
cristão. Q u an d o um a p essoa tem esse c o n h e cim e n to e c o n sc ie n
tem en te o aceita e age c o m base nele, esse c o n ce ito cen tral é a
rocha, o p o n to tran scen d en te de referência que dá sen tid o à vida
e faz das alegrias e pesares da existên cia diária so b re o planeta
Terra m o m e n to s significativos, n u m d esd o b ram en to do dram a
em que a pessoa espera particip ar p o r to d a a eternidade, não
sem pre c o m pesares, m as algum dia s o m e n te c o m alegria. M es
m o agora, de q u alq u er form a, o m u n d o , c o m o Gerard M anley
H opkins escreveu certa vez, "está im p reg nad o co m a grandeza
de D eu s".15 Há "in sin u açõ es de D eus em m u itas fo rm as d iárias",
sinais para nós de q u e D eus n ão está apenas nu m paraíso dis
tante, m as co n o sco — su sten tan d o-n o s, a m a n d o -n o s e cu id an
do de n ó s .16 O cristão teísta p len am en te ciente, p o rtan to , não
apenas crê e p ro clam a essa visão c o m o verdadeira. Seu p rim eiro
ato está d irecio n ad o a D eus — u m a resposta de am or, o b e d iê n
cia e louvor ao S e n h o r do U niverso — seu criador, m an ten ed o r
e, através de Jesus C risto, seu red en to r e am igo.
3
O UNIVERSO MECÂNICO:
deísmo
Alexander Pope
Essay on Man
Se o te ís m o p rev aleceu p o r ta n to te m p o , o q u e
p o d e ria te r a c o n te c id o p ara d e b ilitá -lo ? Se ele res
p o n d ia s a tisfa to ria m e n te a to d as as n o ssas q u estõ es
básicas, o fe re cia u m refú gio para n o s so s te m o re s e
esp eran ças q u a n to ao fu tu ro , p o r q u e algo m ais o
su ced eu ? As resp o stas a essas q u e stõ e s p o d e m ser
d ad as de várias m an eiras. O fa to é q u e m u itas fo r
ças o p e ra ra m p ara ro m p e r a u n id a d e in te le c tu a l
b ásica d o O cid en te.
O d eísm o se desenvolveu, segundo alguns, c o m o
u m a tentativa de bu scar u n id ad e fora do caos teo ló g i
co e das d iscussões filo só ficas que, n o sécu lo xvn, esta
vam ato lad o s e m interm ináveis disputas, sobre o que
com eçara a se delinear, m e sm o para os debatedores,
c o m o qu estões triviais. Talvez M ilto n tivesse tais ques
tões em m en te q u an d o anteviu o s a n jo s caídos, fa
zen d o u m jo g o ép ico de teo lo g ia filosófica:
D e ís m o b á s ic o
C o m o Frederick C opleston explica, historicam ente o deísm o não
é, na verdade, um a "escola" de pensam ento. No final do século
xvii e n o século xviii pou cos pensadores vieram a ser cham ad os
deístas ou assim se autod enom inavam . Esses ho m en s sustenta
vam um a série de p o n to s de vista próxim os, m as nem todos
sustentavam um a doutrina com um . John Locke, por exem plo,
não rejeitava a idéia da revelação, m as insistia em que a razão
hum ana deveria ser usada para julgá-la.4 Alguns deístas, com o Vol-
taire, foram hostis ao cristianism o; outros, com o Locke, não o
foram . Alguns acreditavam na im ortalidade da alm a; outros n ão.
I
Alguns acreditavam que Deus aban d o n o u sua criação para fu n
cionar por con ta própria; outros criam na providência. Alguns
acreditavam num Deus pessoal; outros não. Portanto, os deístas
eram m uito m en os unidos sobre as questões básicas do que o
foram os teístas.5
M esm o assim , é valioso pensar do deísm o co m o um sistem a
e afirm ar esse sistem a num a form a relativam ente extrem a, pois
dessa m aneira estarem os aptos a com preend er c o m o as im p lica
ções das várias "reduções" do teísm o com eçavam a se delinear
n o século xvii. O naturalism o, com o verem os, afasta essas im p li
cações para m u ito m ais longe.1*
P o p e a s su m e a q u i u m c o n h e c im e n to d e D e u s e d a n a tu re z a
q u e n ã o é c a p a z d e ser c o n h e c id o p e la e x p e riê n c ia . E le a té a d m i
te isto , q u a n d o n o s d esa fia , c o m o le ito re s, se re a lm e n te te m o s
" v is lu m b r a d o " o u n iv e rs o e c o n h e c id o seu m e c a n is m o . M as, se
n ã o o c o n h e c e m o s , e n tã o p re s u m iv e lm e n te n e m P o p e o c o n h e
ce. D e q u e fo rm a , e n tã o , P o p e o p e rc e b e c o m o u m im e n s o e
to d o -o r d e n a d o m e c a n is m o d e u m re ló g io ?
( * * ) He w ho through vast im m ensity can pierce, / See worlds o n worlds com pose one
universe, / O bserve how system in to system runs, / W hat o th e r planets circle o th er
suns, / W hat varied bein g peoples ev'ry star, / May tell why h eav 'n has m ade us as we
are. / But o f th is fram e th e bearings and th e ties, / T he strong c o n n e c tio n s, nice depen
dencies, / G radations just, has thy pervading soul / Looked through? o r can a part
co n ta in th e w hole?
I
D E f S M O
59
N in g u é m p o d e seg u ir d o is c a m in h o s . O u ( 1 ) to d o c o n h e c i
m e n to v em d a e x p e riê n c ia , e n ó s, s e n d o fin ito s , n ã o p o d e m o s
c o n h e c e r o s is te m a c o m o u m to d o , o u ( 2 ) a lg u m c o n h e c im e n to
v em d e o u tra fo n te — p o r e x e m p lo , d e id é ia s in a ta s e n g e n d ra
d as d e n tro d e n ó s o u d a re v e la çã o d e fo ra . M as P o p e, c o m o m u i
to s d eístas, d e s d e n h a a re v e la ç ã o . E, p e lo m e n o s n e s se " e n s a io " ,
e le n u n c a d e c la ra o u su gere a p o s s ib ilid a d e d e id é ia s in atas.
A ssim te m o s u m a te n s ã o n a e p is te m o lo g ia d e P op e. E fo ra m
ju s ta m e n te ta is te n s õ e s q u e fiz e ra m d o d e ís m o u m a c o s m o v i-
s ã o m u ito in stáv el.
( * ) All nature is but art, unknown to thee; / All chance, directions which thou canst not
see; / All discord, harm ony not understood; All partial evil, universal good; And, spite o f
pride, in erring reason's spite, / O n e truth is clear, whatever is, is r ig h t .
O U N I V E R S O A O L A D O
6o
( * ) In pride, in reas'ning pride our error lies; / All quit their sphere and rush into the
skies. / Pride still aiming at blessed abodes; / Men would be angels, angels would be gods...
/ And who but wishes to invert the laws / O f order sins against th' Eternal Cause.
D E Í S M O
61
Um c o m p o n e n t e in s t á v e l
O d eísm o n ão provou ser u m a co sm o v isão estável. H isto rica
m ente, m anteve in flu ên cia sob re o m u n d o intelectu al da França
e da Inglaterra p o r p o u co tem p o , desde o final d o sécu lo xvii até
a p rim eira m etad e do século . P reced id o p elo teísm o , foi se
x v i i i
É difícil para mim acreditar que tudo existe apenas por um aciden
te... [Todavia] eu não tenho nenhuma crença religiosa. Não acredi
to que exista um Deus. Não acredito no cristianismo ou judaísmo
ou qualquer coisa parecida, ...? Não sou um ateu... Não sou um
agnóstico. ...Estou apenas num estado simples. Eu não sei o que
existe ou pode existir.... Mas, por outro lado, o que posso dizer é
que, para mim, este universo particular que temos é conseqüência
de alguma coisa que eu chamaria de inteligente.20
naturalismo
John Updike
P ig e o n F e a th e r s [Plumas de Pombo]
O deísm o é um istm o entre dois grandes co n ti
nentes — o teísm o e o naturalism o. Para ir do pri
m eiro até o segundo, o deísm o é a rota natural. Tal
vez sem ele, o natu ralism o não viesse com tanta fa
cilidade, pois o d eísm o é apenas um a fase de tran
sição, quase um a curiosidade intelectual. O natura
lism o, por sua vez, é um negócio sério.
Em term os intelectuais, a rota traçada é esta: no
teísm o, Deus é o Criador infinito-pessoal e susten-
tad or do cosm o . N o deísm o, Deus é "reduzido";
ele com eça a perder sua p ersonalidade, em bora per
m aneça co m o Criador e (p o r im p licação ) sustenta-
dor do cosm o. N o naturalism o, Deus é ainda m ais
"reduzido"; ele perde sua própria existência.
O nú m ero de personagens nessa m udança do
teísm o para o naturalism o com p õ e um a legião, es
p ecialm ente entre os anos 1 6 0 0 e 175 0 . René D es
cartes (1 5 9 6 -1 6 5 0 ), um teísta confessadam ente ati
vo, preparou o cenário ao con ceber o universo com o
um m ecanism o gigante de "m atéria" que as pessoas
com preend eriam pela "m ente". Assim, ele inaugu
rou um m o d elo de realidade dividida em duas es
pécies de natureza, de tal form a que desde então o
m u nd o o cid ental tem encontrad o dificuldade para
ver a si m esm o com o um to d o integrado. O s natu-
O U N I V E R S O AO LADO
68
N a t u r a l is m o b As ic o
Isto n o s leva à p rim eira p ro p o sição que d efine o natu ralism o .
1. A matéria existe etem am ente e é tudo o que existe. Deus não existe.
C o m o n o te ísm o e n o d eísm o , a principal p ro p o sição se refe
re à natu reza da existên cia básica. N as duas prim eiras cosm ovi-
sões, a natu reza de D eus é o fator-chave. N o n atu ralism o , é a
natu reza d o co sm o q u e é prim ord ial, p o is n o m o m e n to em que
o D eu s-criad o r é d eixado de lado, o pró p rio c o s m o se to m a eter-
N A T U R A L I S M O
69
n o — sem p re existin d o , e m b o ra n ão n e cessariam en te n a sua
form a presente; na verdade, sem dúvida não em sua fo rm a pre
sen te.2*4 Cari Sagan, astro físico e p o p u larizad o r da ciên cia, m a n i
festou este p e n sam en to c o m a m aio r clareza possível: "O C o s
m o é tu d o o q u e existe o u sem pre existiu o u sem pre será".5
N ada vem do nada. Algum a co isa existe. P ortanto, algum a
coisa sem pre existiu. M as essa algu m a coisa, d izem o s n atu ralis
tas, n ão é um criad or transcen d en te, m as a própria m atéria do
co sm o . D e algu m a fo rm a to d a a m atéria d o universo sem pre
existiu.
A palavra matéria deve ser en ten d id a de fo rm a m ais ab ra n
gente, pois desde o sécu lo xvni a ciên cia tem ap erfeiço ad o sua
com p reen são . O s cientistas do sécu lo xvin aind a tin h a m p o r des
co b rir a com p lexid ad e da m atéria o u seu estreito re la cio n a m en
to co m a energia. Eles c o n ce b ia m a realid ad e c o m o fo rm ad a por
"u n id ad es" indivisíveis, existin d o n u m re la cio n a m en to m ecâ
n ico-esp acial um as co m as outras, re la cio n a m en to que estava
sen d o investigado, revelado pela Q u ím ica e pela Física e expres
so p o r "leis" inexoráveis. Posteriorm ente, os cientistas d escobrem
que essa natureza n ão é tão elegante, o u p elo m en os, tão sim
ples. A im p ressão que se tem é que n ão há "u n id ad e" indivisível
e que as leis físicas só p o d em ser expressas m atem aticam en te.
Físicos c o m o S tep h en H aw king po d em p esqu isar p o r nad a m e
nos que um a "co m p leta d escrição do un iv erso ", e até m esm o
esperar e n co n trá -la .6 M as a certeza do que é a natu reza ou a p ro
b ab ilid ad e co m o que possa vir a ser d esco berto, h á m u ito se
perdeu.
Até agora, a proposição expressa acim a une os naturalistas. O
cosm o não é com p o sto de duas coisas — m atéria e mente, ou m a
téria e espírito. C o m o diz La M ettrie: "N o universo inteiro não há
nada mais do que um a única substância com várias m odificações".7
O cosm o é, em últim a instância, um a coisa sem nenh um a relação
com um Ser transcendente; não há "deus" nem "criador".
73
74
75
. 77
7«
N a t u r a l is m o n a p r á t ic a : h u m a n is m o s e c u l a r
Duas form as de natu ralism o m erecem m enção especial. A pri
m eira é o humanismo secular, term o que veio para ser usado e
abusado tanto por partidários com o por críticos. Alguns esclare
cim entos desses term os estão explícitos aqui.
Prim eiro, humanismo secular é um a form a do humanismo ge
ral, mas não a única. O humanismo em si é um a atitude global
em que os seres h u m ano s são de especial valor; suas aspirações,
seus pensam entos, seus anseios são significativos. Há, tam bém ,
um a ênfase sobre o valor da pessoa com o indivíduo.
Desde a Renascença, pensadores de várias con v icções têm
cham ad o a si m esm os e sido cham ad os de humanistas, entre
eles m uitos cristãos. João C alvino (1 5 0 9 -1 5 6 4 ), Erasm o (1 4 5 6 ? -
1 5 3 6 ), Edm und Spencer (1 5 5 2 ? -1 5 9 9 ), W illiam Shakespeare
(1 5 6 4 -1 6 1 6 ) e Jo h n M ilton (1 6 0 8 -1 6 7 4 ), todos cu jos escritos
tiveram sua origem num a cosm ovisão teísta cristã, eram h u m a
nistas, m otivo pelo qual são algum as vezes cham ad os h o je de
humanistas cristãos. A razão para essa designação é que eles en fa
tizam a dignidade hum ana, não tão elevada se com parada a
Deus, mas derivada da im agem de Deus em cada pessoa. H oje
há m uitos pensadores cristãos que tan to querem preservar a pa
lavra humanismo de ser associada a form as puram ente seculares
que assinaram um m an ifesto hu m anista cristão (1 9 8 2 ) d ecla
rando que os cristãos sem pre afirm aram o valor dos seres h u
m an o s.4’
O humanismo secular é outra form a específica de h u m anism o.
Seus princípios são bem expressos no Manifesto Humanista II,
O U N I V E R S O AO LADO
82
N a t u r a l is m o n a pr At ic a : m a r x is m o *
Desde a últim a parte do século xix, um a das form as h istorica
m ente m ais significativas do naturalism o tem sido o m arxism o.
O destino do m arxism o pode ser descrito com o o fluxo e reflu
xo das marés durante os anos; o colapso do com u n ism o na Eu
ropa O riental precedida pela U n ião Soviética deixou pou cos
países "o ficialm en te" marxistas. Além disso, na m aior parte do
século xx um a im ensa seção do globo foi d om inad a por idéias
que derivaram do filó so fo Karl Marx (1 8 1 8 -1 8 8 3 ). Atualm ente,
em bo ra o com u n ism o com o ideologia pareça indigente, m uitas
idéias de Marx perm anecem influentes entre os cientistas sociais
e outros intelectuais no O cidente. M esm o na Europa O riental,
os prim eiros com unistas, de certa form a purificados e profes
sando um com p rom isso com a dem ocracia, parecem estar reali
zand o um reto m o p olítico.
É m uito difícil definir ou analisar brevem ente o m arxism o,
pois há m u itos e diferentes tipos de "m arxistas".43 Especifica
m ente, existe um a en o rm e diferença entre as teorias m arxistas
de várias espécies, abrangendo desde pensadores que são hu
m anistas e com p rom etid os com a dem ocracia de algum a for
ma, a "stalinistas" linha-dura que identificam o m arxism o com
o to talitarism o. Há outra grande diferença entre as teorias m ar
xistas de todas as espécies e a realidade da prática m arxista na
U nião Soviética e em outros lugares. Na teoria, supõe-se que o
m arxism o ben eficie a classe trabalhad ora e a capacite a ter o
( * ) Esta seção foi escrita por C. Stephen Evans, professor de filosofia, Calvin College.
N A T U R A L I S M O
83
que os seres h u m ano s são m atéria, suas vidas devem ser en ten
didas em term os da necessidade de trabalhar para satisfazer suas
necessidades m ateriais.
Marx acreditava que a história hu m ana com eço u em co m u
nidades hum anas relativam ente pequenas organizadas em tri
bos fam iliares. A propriedade privada é d esconhecida; um a es
pécie de com u n ism o prim itivo ou natural assegura a identidade
individual com a com unid ad e com o um todo, em bo ra essas c o
m unidades fossem pobres e incapazes de perm itir que os hu
m anos prosperassem . Assim que as sociedades desenvolvem a
tecnologia, gradualm ente ocorre um a divisão do trabalho. Al
gumas pessoas na sociedade controlam as ferramentas ou os recur
sos dos quais essa sociedade depende; isso lhes dá o poder de ex
plorar os outros. Assim, fora da divisão do trabalho e conseqüente
controle sobre os m eios de produção social, as classes emergem.
Para Marx as classes sociais são os antagonistas dialéticos da
história, ao contrário das realidades espirituais de Hegel. A história
para Marx é a história das lutas de classes. Desde o legado das socie
dades primitivas, as sociedades sempre têm sido dom inadas pela
classe que controla os m eios de produção. O processo pelo qual os
bens materiais que a sociedade exige são criados é a chave para a
com preensão da sociedade. Esse processo é cham ado pelos mar
xistas de a "base" da sociedade. U m sistema particular de produção
de bens materiais, com o um a agricultura feudal ou o capitalism o
industrial m oderno, produz um a estrutura de classe particular. So
bre essa estrutura de classe depende, por sua vez, o que Marx cha
ma de "superestrutura" da sociedade: arte, religião, filosofia, m ora
lidade e, m uito mais importante, as instituições políticas.
As m udanças sociais acontecem quando um sistem a de pro
dução "d ialeticam ente" dá lugar à ascensão de um novo siste
ma. A nova "base" e co n ô m ica vem à existência dentro do ventre
da velha "superestrutura". A classe social d o m in an te da velha
ordem , é claro, tenta m anter seu poder o qu an to pode, co n tan
do com o Estado para m anter sua posição. Finalm ente, co n tu
do, o novo sistem a e co n ô m ico e a classe em ergente se tornam
tam bém poderosos. O resultado é um a revolução na qual a ve
lha superestrutura é varrida em favor da nova ordem política e
social que m elh o r reflete o fun dam ento da ordem econ ôm ica.
O U N I V E R S O AO LADO
86
A PERSISTÊNCIA DO NATURALISMO
D iferentem ente do d eísm o, o natu ralism o tem tido grande p o
der de perm anência. N ascido no século xvin, ele cresceu no sé
culo xix e chegou à m aturidade no século xx. Q u an d o os sinais
da idade estão agora aparecendo e as trom betas do pós-m oder-
nism o proclam am a m orte da razão do Ilu m in ism o , o natura
lism o se m ostra ainda m uito vivo. Ele d o m in a as universidades,
faculdades, colégios e fornece um referencial para a m aioria dos
estudos científicos. Aparece com o o cenário contra o qual a h u
m anid ad e con tin u a a lutar pelo valor hu m ano, à m edida que
escritores, poetas, pintores e artistas em geral estrem ecem sob
suas im p licações.46 Ele é visto com o o grande vilão da vanguar
da pós-m oderna. Além disso, nenhum a cosm ovisão rival foi ain
da capaz de derrubá-lo, em bo ra seja justo dizer que o século xx
ofereceu algum as o pções de poder, e o teísm o está experim en
tand o, de certa form a, o renascim en to em todos os níveis da
sociedade.
O que faz o natu ralism o tão persistente? Há duas respostas
básicas. Prim eiro, ele dá a im pressão de ser h o n esto e objetivo.
O U N I V E R S O AO LADO
90
niilismo
Stephen Crane
The B la ck R id ers a n d O th e r Lines
[Os C a v a leiro s N e g ro s e O u tra s U n h a s]
If I should cast off this tattered coat,
And go free into the mighy sky;
If I should find nothing there
But a vast blue,
Echoless, ignorant —
What then?
Stephen Crane
The B lack R iders a n d O th er Lines
O n iilism o é m ais um sen tim ento do que um a
filosofia. Para ser m ais preciso, o n iilism o não tem
nada de filosofia. Ele é a negação da filosofia, a ne
gação da possibilidad e do co n h ecim en to , a nega
ção de que qualquer coisa tenha valor. Se se der se-
qüência a essa negação absolu ta de tudo, o niilis
m o nega a realidade da própria existência. Em o u
tras palavras, ele é a negação de tudo — co n h eci
m ento, ética, beleza, realidade. N o niilism o, nenh u
m a declaração tem validade; nada tem sentido. Tudo
é gratuito, dispensável, isto é, apenas existe.
Todos aqueles que não foram influenciad os pe
los sen tim entos de desespero, ansiedade e tédio as
sociados ao n iilism o têm dificuldade em im aginar
que ele pudesse ser um a "cosm ovisão" seriam ente
considerado. Mas é, e é satisfatório para todos os
que querem entender o século xx e experim entar,
pelo m en os indiretam ente, algum a coisa do n iilis
m o com o um a postura em relação à existência hu
m ana.
As galerias de arte m oderna estão repletas de seus
produtos — com o se alguém pudesse falar de algu
m a coisa, tal co m o o b jeto s de arte vindos do nada e
artistas que, se existem , negam o valor final da sua
existência. C o m o verem os m ais adiante, nenhum a
O U N I V E R S O AO LADO
96
97
99
M esm o assim , m u ito s natu ralistas ten tam susten tar a liberd ad e
h u m an a nu m sistem a fech ad o.
O arg u m en to deles prossegue dessa m an eira. T od o evento
n o universo é causado p o r um estad o prévio de atividades, in
clu in d o a fo rm ação gen ética, a situ ação am b ien tal de cada pes
soa e até dos d esejo s e v o ntad es pessoais. M as cada pessoa é
livre para expressar essas v o ntad es e d esejos. Se eu q u ero um
sanduíche e a lanchonete está na próxim a esquina, posso escolher
com er o sanduíche. Se eu quero roubar o sanduíche quando o d ono
da lanchonete não estiver o lhand o, posso fazê-lo. Nada constran
ge m in h a escolha. M inhas ações são autodeterm inadas.
A ssim os seres h u m an o s, que são o b v iam en te au to co n scien -
tes e ap aren tem en te au to d eterm in ad o s po d em agir sig n ificati
v am en te e estar seguros da resp o n sab ilid ad e p o r seus atos. Pos
so ser preso p o r ro u b ar u m san d u ích e e razoav elm ente ser o b ri
gado a pagar a pena.
M as as coisas são tão sim p les assim ? M uitos p en sam q u e não.
O U N I V E R S O A O L A D O
ÍOO
so a é o re su lta d o de fo rças im p e s so a is — q u e r su rg in d o a c i
d e n ta lm e n te q u e r p o r u m a lei in exo ráv el — , essa p esso a n ã o
te m c o n d iç õ e s d e sa b er se o q u e ela p arece sa b er é ilu sã o ou
verdade. V e ja m o s c o m o isso fu n cio n a .
O n a tu ra lis m o su sten ta q u e a p e rce p ção e o c o n h e c im e n to
são o u id ê n tic o s ao céreb ro , o u u m su b p ro d u to d ele; eles surgi
ram d o fu n c io n a m e n to da m atéria. S em m atéria fu n c io n a n d o
n ã o haveria n e n h u m p e n s a m e n to . M as a m atéria fu n c io n a p o r
sua p ró p ria n atu reza. N ão h á razão para p en sar q u e a m atéria
te n h a q u a lq u e r in te re sse e m gu iar u m ser c o n sc ie n te à v erd ad ei
ra p e rce p çã o o u a c o n c lu s õ e s ló g icas (isto é, c o rre tas) basead as
e m o b se rv a çõ e s precisas e p re ssu p o siçõ es v erd ad eiras.16 O s ú n i
co s seres n o u n iv erso q u e se im portam c o m tais q u e stõ e s são os
h u m a n o s. M as as p esso as e stã o lim ita d a s a seu co rp o . Sua c o n s
c iê n c ia surge d e u m a c o m p le x a in te r-re la çã o de u m a m até ria
a lta m e n te "o rd en ad a". M as p o r que, q u a lq u e r q u e seja essa m a té
ria, teria c o n s c iê n c ia d e estar de alg u m a fo rm a re la cio n a d a ao
q u e n a v erd ad e é o caso ? E xiste u m te ste para d istin g u ir ilu são
da realid ad e? O s n a tu ra lista s a p o n ta m para o s m é to d o s de in
q u iriç ã o cie n tífica , o s testes p ra g m á tico s e assim p o r d ian te. M as
tu d o isso u tiliz a o c é re b ro q u e eles e stão te sta n d o . C ad a teste
p o d e ria m u ito b e m ser u m e x e rcício fú til em p ro lo n g a r ao m á
x im o a c o n sis tê n c ia de u m a ilu são .
Para o n a tu ra lism o , n ad a existe fo ra d o siste m a em si m e s
m o . N ão h á D eu s — ilu só rio o u n ã o , p e rfe ito o u im p e rfe ito ,
p e sso a l o u im p e sso a l. H á a p en as o c o s m o , e o s h u m a n o s são os
ú n ic o s seres co n sc ie n te s. M as eles sã o o s retard atário s. Eles "su r
g ira m ", m as h á q u a n to te m p o ? Eles p o d e m c o n fia r e m sua m e n te
e em sua razão?
O p ró p rio C h arles D arw in d isse certa vez: "S e m p re surge a
terrível d úvid a se as c o n v ic çõ e s da m e n te d o h o m e m , q u e se
d esen v o lv eu a p artir da m e n te d os a n im a is in fe rio re s, são de
alg u m v alo r o u de alg u m a m a n e ira co n fiáv e l. P od eria algu ém
c o n fia r n a c o n v ic çã o da m e n te de u m m a ca co , se existirem c o n
v ic ç õ e s e m tal m e n te ? " 17 E m o u tras palavras, se m e u céreb ro n ã o
p assa de u m cére b ro ev o lu íd o de m a ca co , n ã o p o sso n e m m e s
m o estar c erto d e q u e m in h a p ró p ria te o ria so b re a m in h a o r i
gem deve ser co n fiáv el.
N I I L I S M O
105
( ' ) I saw a man pursuing the horizon; / Round and round they sped. / I was
disturbed at this; / I accosted the man. / "it is futile," I said, / "You can never — " /
"You lie,", he cried, / And ran on.
O U N I V E R S O AO LADO
108
O cético nunca é real. Lá ele fica, coquetel numa das mãos, o braço
esquerdo apoiado langüidamente sobre a ponta de uma prateleira,
dizendo a si mesmo que ele não pode ter certeza de nada, nem
mesmo de sua própria existência. Eu lhe darei meu método secreto
de destruir o ceticismo universal em quatro palavras. Sussurro para
ele: "Sua braguilha está aberta". Se ele pensa que o conhecimento é
completamente impossível, por que sempre olha?21
de p ru m o m oral.
A PERDA DE SIGNIFICADO
O s fios d o n iilism o ep istem o ló g ico , m etafísico e ético se en tre
laçam para fo rm ar u m a cord a lo n ga e fo rte o su ficien te para
susten tar u m a cultura inteira. O n o m e dessa corda é Perda de
Sig n ificad o. T erm in am o s nu m to tal desespero de n u n ca verm os
a n ó s m esm os, o m u n d o e os o u tros em n e n h u m a fo rm a sig n i
ficativa. N ada tem sen tid o.
Kurt V onnegut Jr., n u m a paród ia de G ênesis 1, capta este d i
lem a m o d ern o :
113
T e n s õ e s in t e r n a s n o n iil is m o
O p ro b le m a é que n in g u ém p o d e viver a vida exam in ad a, se
essa an álise levar ao n iilism o , p o is n in g u ém p o d e viver u m a
vida co n sisten te c o m o n iilism o . A cada passo, a cada m o m e n
to, o s n iilistas p en sam e ju lg am que seu p e n sa m e n to tem su bs
tân cia, e assim b arateiam sua p rópria filo so fia. Existem , creio
eu, p elo m e n o s cin co razões pelas qu ais n ão se p o d e viver co m o
u m niilista.
O U N I V E R S O AO LADO
114
115
"Pare com isso! Pare com isso !", gritou subitam ente a espo
sa do tenente Scheisskopf e com eçou a socá-lo inutilm ente com
os dois punhos. "Pare com isso!"...
"Por que diabos você ficou tão aborrecida com isso?", ele
perguntou confusam ente num tom de contrito divertimento.
"Pensei que você não acreditasse em Deus."
"Não acredito", ela gemia, explodindo violantem ante em
lágrimas. "Mas o Deus em quem não acredito é um Deus bom ,
um Deus justo, um Deus m isericordioso. Ele não é o estúpido
Deus que você trouxe à existência."34
■
6
ALÉM DO NIILISMO:
existencialismo
Jean-Paul Sartre
Náusea
N u m e n sa io p u b lica d o e m 1 9 5 0 , A lb ert C am u s
escreveu: "A literatu ra d o d esesp ero é u m a c o n tra
d içã o e m te rm o s. ... N as m ais p ro fu n d as trevas d o
n o s so n iilis m o , eu ap e n a s suspirava o s m e io s de
tra n s c e n d ê -lo ".1 A qui, a essê n cia d o m ais im p o r
ta n te o b je tiv o d o e x iste n cia lis m o está resu m id a em
u m a frase — transcender o niilismo. N a verdade, to d a
c o sm o v isã o rep resentativa surgida d esd e a virada d o
s é c u lo xx te m tid o essa a s p ira çã o c o m o o b je tiv o
m aio r. Para o n iilism o , v ir c o m o v eio , d ireta m e n te
de u m a co sm o v isã o cu ltu ra lm e n te p en etran te, é o
p ro b le m a da n o ssa era. U m a c o sm o v isã o q u e ig n o
re esse fato te m p o u ca c h a n c e de prov ar-se relev an
te ao p e n s a m e n to m o d e rn o . O e x iste n cia lism o , es
p e c ia lm e n te n a sua fo rm a secular, n ã o s o m e n te leva
a sério o n iilism o , m as é u m a resp o sta a essa c o s
m o v isão .
D esd e o p rin c íp io , é im p o rta n te re c o n h e c e r q u e
o e x iste n cia lis m o assu m e d uas fo rm a s b ásicas, d e
p e n d e n d o da sua re la çã o c o m as co sm o v isõ e s a n te
riores, p o rq u e e le n ã o é u m a c o sm o v isã o c o m p le
ta m e n te d esen v o lv id a. O a te ísm o e x iste n cia lista é
u m p arasita d o n a tu ra lism o ; o te ís m o e x iste n cia lis
ta é u m p arasita d o te ís m o .2
H isto rica m e n te , te m o s u m a situ a çã o estran h a.
O U N I V E R S O AO LADO
122
E x is t e n c ia l is m o a t e Ista b á s ic o
O existencialism o ateísta com eça por aceitar todas as p roposi
ções do natu ralism o que se seguem : A matéria existe etem am ente;
Deus não existe. O cosmo existe como uma uniformidade de causa e
efeito num sistema fechado. A história é uma corrente linear de even
tos ligados por causa e efeito, mas sem uma proposta abrangente. A
ética está relacionada apenas aos seres humanos. Em outras pala
vras, o existencialism o ateísta professa todas as proposições do
naturalism o exceto aquelas relacionadas à natureza hu m ana e a
nosso relacionam en to com o cosm o. Realm ente, o m aio r inte
resse do existencialism o está em nossa hu m anid ade e em com o
pod em os ser significativos num m u nd o insignificante.
Dois e dois para form ar quatro. A Natureza não pede o seu con
selho. Ela não está interessada em suas preferências ou se você
aprova ou não suas leis. Você deve aceitar a natureza com o ela é,
com todas as conseqüências que isso im plica. Assim um a pare
de é um a parede etc., etc.
O U N I V E R S O AO LADO
128
Mas, Bom Senhor, por que tenho de me afligir com as leis da natu
reza e da aritmética, se tenho minhas razões para desprezá-las, in
cluindo aquela sobre dois e dois formam quatro! É claro, não serei
capaz de quebrar esta parede com minha cabeça, se não tiver a for
ça suficiente. Mas não tenho de aceitar uma parede de pedra só
porque ela existe e não tenho força para quebrá-la.12
I3O
U m san to s e m D eu s
Em seu livro Os Irmãos Karam azov ( 1 8 8 0 ) , D ostoiévski, através
de sua p ersonagem Ivan Karam azov, diz que, se D eus está m o r
to, tu d o é p erm itid o. Em outras palavras, se n ão há n en h u m
pad rão tran scen d en te de bond ad e, en tão n ã o p o d e haver, em
ú ltim a instân cia, n en h u m c a m in h o para d istin gu ir o certo do
errado, o b em do m al, e n ão p o d e haver n em santo s n em p eca
dores, n e n h u m a pessoa b o a o u m á. Se D eus está m o rto , a ética
é im possível.
A lbert C am u s ap resen ta esse d esafio em seu livro A Peste
( 1 9 4 7 ) , n o qu al n o s co n ta a h istó ria de O ram , u m a cid ad e no
N orte da África, o n d e se esp alh a u m a ep id em ia c o m força m o r
tal. A cid ade fecha seus po rtõ es ao tráfego, to rn an d o -se, assim , o
sím b o lo de um universo fechado, um universo sem Deus. A d o en
ça, p o r ou tro lado, to rn a-se o sím b o lo do absurd o desse univer
so. A peste é arbitrária; n in g u ém p o d e predizer q u em vai o u não
co n traí-la. N ão é "u m a coisa feita para a m ed ida do h o m e m ".19
Ela é terrível em seus efeito s — física e m e n talm en te d olo ro sa.
Suas origens n ão são con h ecid as, e m esm o assim ela se to rn a
tão fam iliar c o m o o p ão de cada dia. N ão há m eio s de evitá-la.
A ssim , a peste vem para ficar c o m o a própria m orte, pois, c o m o
a m orte, ela é inevitável e seus efeito s são term in ais. A peste
aju d a q u alq u er um em O ram a viver u m a existên cia autêntica,
p o rq u e ela faz q u alq u er um co n scien te do absurd o d o m u n d o
em q u e eles h ab itam . Ela con d u z ao fato de q u e as pessoas nas
cem c o m um a m o r p ela vida, m as vivem nu m referencial de
certeza da m orte.
A h istó ria se in icia q u an d o ratos co m e ça m a sair d os e sc o n
d erijo s e m o rrem nas ruas; e term in a um an o d epois, q u an d o a
peste é erradicada e a vida n a cid ad e v olta ao no rm al. D urante
os m eses de intervenção, a vida em O ram transform a-se nu m
absu rd o to tal. O g ên io de C am us utiliza essa h istó ria c o m o um
referencial co n tra o q u al m ostra as reações de um c o n ju n to de
E X I S T E N C I A L I S M O
»31
133
M u it o a l é m d o n iil is m o ?
O existen cialism o ateísta transcende o n iilism o ? Na verdade,
ele tenta — com paixão e convicção. Todavia, falha em oferecer
um referencial para a m oralidad e que vai além de cada indiví
duo. Baseando o significado h u m an o na subjetividade, ele o
colo ca num d o m ín io divorciado da realidade. O m u nd o o b je
tivo revela-se um intruso: a m orte, a possibilidad e sem pre pre
sente e a certeza final, torna-se um obstáculo a qualqu er que
seja o sentid o que possa de outra form a ser possível. Isso leva
o existencialism o a sem pre afirm ar e afirm ar e afirm ar; quando
a afirm ação cessa, cessa tam bém a existência autêntica.
C onsiderando precisam ente essa o b jeção à possibilidad e do
valor hu m ano, H. J. Blackham concord a com os term os do ar
gum ento. A m orte realm ente finaliza tudo. Mas cada vida h u
m ana é m ais do que si m esm o, pois ela se origina num passado
da hum anidade e isso afeta o futuro da hum anidade. Além dis
so, "há um céu e um inferno na eco n o m ia de toda im aginação
hum ana".32 Isto é, diz Blackham : "Eu sou o autor da m in h a pró
pria experiência".33 D epois de todas as o b jeçõ es terem sido le
vantadas, Blackham escapa para o solipsism o. E isso m e parece,
precisam ente, o fim de todas as tentativas éticas do p o n to de
vista do existen cialism o ateísta.
O existen cialism o ateu vai além do n iilism o apenas para al
cançar o solipsism o. M uitos diriam que isso não significa, de
form a algum a, ir além do n iilism o ; apenas colo ca um a m áscara
cham ada valor, um a m áscara despida pela morte.
E x is t e n c ia l is m o t e Ista b á s ic o
C o m o apontad o acim a, o existencialism o teísta surgiu de raízes
filosóficas e teológicas m u ito diferentes daquelas da sua contra-
parte ateísta. Foi a resposta de Soren Kierkegaard ao desafio do
n iilism o teo ló g ico — a ortod oxia m orta da igreja m orta. C o m o
os tem as de Kierkegaard vieram à to n a duas gerações após sua
m orte, eles foram a resposta ao cristianism o que tinha perdido
com p letam ente sua teologia e se acom od ad o num evangelho
diluíd o em m oralidade e bo as obras. Deus havia sido reduzido
a Jesus, que havia sido reduzido a um h o m em puro e sim ples. A
E X I S T E N C I A L I S M O
135
1 36
m e n çã o c o n fo rm e surgirem na discussão.
A ssim c o m o o existen cialism o ateísta, os e lem en to s m ais ca
racterísticos do existen cialism o teísta estão relacionad os n ão com
a natu reza do co sm o o u de Deus, m as c o m a natu reza h u m an a
e n ossa relação co m o co sm o e Deus.
137
A ssim é o d o m ín io da c iê n c ia e da ló g ica, d o e sp a ço e do
te m p o , d a q u ilo q u e é m e n su ráv el. C o m o B u b e r diz: "S e m Isto o
h o m e m n ã o p o d e viver. M as se e le vive s o m e n te p o r Isto, n ã o é
h o m e m ".38 O Tu é n ecessário .
N o re la cio n a m e n to Eu-Tu, o su je ito e n c o n tra o o b je to : " Q u a n
d o Tu é m e n c io n a d o [B u b e r q u e d izer e x p e rie n cia d o ], o fa la n te
n ã o te m n a d a para seu o b je to ".39 P elo c o n trá rio , tais fa la n te s
tê m su je ito s s e m e lh a n te s a si m e s m o s c o m o se c o m p a rtilh a s
sem u m a vid a c o m u m . N as palavras d e B u ber: "T o d o viver real é
u m e n c o n tro ".40
A afirm a ç ã o de B u b e r so b re a p rim a z ia d o s re la c io n a m e n to s
p e sso a -a -p e sso a Eu-Tu é agora re c o n h e c id o c o m o u m clássico .
N e n h u m re su m o sim p le s p o d e fazer-lh e ju stiça , e eu e n c o ra jo
o s le ito re s a s en tirem o p razer p o r si m e s m o s n a leitu ra d o p ró
p rio livro. D e v e m o s c o n te n ta r-n o s c o m m ais u m a c ita çã o so b re
o re la cio n a m e n to p esso al q u e B u b e r vê c o m o possível e n tre D eus
e seu povo:
139
D e s p e r s o n a l iz a d o P e r s o n a l iz a d o
A PERSISTÊNCIA DO EXISTENCIALISMO
As duas form as de existencialism o são interessantes para estu
dar, porque form am um par de cosm ovisões que originaram um
relacionam en to fraterno, mas são filh os de dois pais diferentes.
O existencialism o teísta surgiu com Kierkegaard em reação à m or
te do teísm o, à ortodoxia m orta, e com Karl Barth em resposta à
redução do cristianism o à pura m oralidade. Isso deu lugar ao
subjetivism o, evidenciou a religião da história e con centrou sua
atenção em propósitos m ais interiores. O existencialism o ateísta
to m o u a dianteira com Jean-Paul Sartre e A lbert Cam us em res
posta ao n iilism o e à redução do ser hu m an o a insignificantes
dentes de engrenagens na m aquinaria cósm ica. Isso deu lugar
ao subjetivism o, evidenciou a filo so fia da objetividad e e criou
significado a partir da afirm ação hum ana.
Irm ãos em estilo m as não em conteúd o, esses dois con ceitos
de existencialism o ainda com and am a atenção e rivalizam por
adeptos. E nquanto aqueles que seriam crentes em Deus sen ti
rem saudades de um a crença que não exige dem asiada fé no
sobrenatural ou a exatidão da Bíblia, o existen cialism o teísta
será um a opção viva. Enquan to os naturalistas que não podem
(ou se recusam a) acreditar em Deus estiverem procurando um
cam in h o para achar sentid o em suas vidas, o existencialism o
ateísta será de grande utilidade. Posso predizer que am bas as
form as — em prováveis versões sem pre renováveis — estarão
con o sco por um longo tem po.
JORNADA PARA O ORIENTE:
monismo panteísta
oriental
Hermann Hesse
Sidarta
N o curso do pensam ento ocid ental, finalm en-
te chegam os a um im passe. O natu ralism o leva ao
niilism o, e o n iilism o é difícil de transcender nos
term os em que o m undo ocid ental — perm eado
pelo natu ralism o — deseja aceitar. O existencialis
m o ateísta, com o vim os, é um a tentativa, mas ele
apresenta, pelo contrário, sérios problem as. O te
ísm o é um a opção, m as para o naturalista ele não
é m uito convidativo. C o m o alguém pode aceitar a
existência de um Deus transcendente, infin ito e pes
soal? P or m ais de um século essa questão apresen
tou-se com o um a grande barreira. M uitas pessoas
h o je acham difícil descartar seu naturalism o, que
ainda parece ser um m elh o ram en to decisivo sobre
as fabulosas religiões que ele próprio rejeitou. Além
disso, a m od erna cristandade, com suas igrejas h i
pócritas e sua falta de com paixão, é um pobre tes
tem u n h o para a viabilidade do teísm o. Não, m u i
tos ponderaram , p o r esse cam in h o não seguirem os.
Talvez devêssem os o lh ar m ais um a vez para o
naturalism o. O nd e erram os? Bem, em prim eiro lu
gar d escobrim os que, seguindo a razão, nosso n a
turalism o leva ao niilism o. Mas não precisam os, ne
cessariam ente, aban d o n ar nosso naturalism o; p o
dem os sim plesm ente dizer que a razão não é confiá-
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As ra m ifica çõ e s d isso para o s o cid e n ta is q u e p ro cu ram o
O rien te em busca de sen tid o e sig nificad o não devem ser ig n o
radas. Pois para um o cid en tal que atribui v alor à in d iv id u alid a
de e perso n alid ad e — o ú n ico v alo r de u m a vida h u m an a in d i
vidual — o m o n ism o p an teísta o rien tal provará ser um grave
d esap o n tam e n to .
Sidarta buscou ouvir melhor o rio. A imagem de seu pai, sua própria
imagem e a imagem de seu filho, todas fluíam umas dentro das ou
tras. A imagem de Kamala também apareceu e fluía, e a imagem de
Govinda e outras emergiam e passavam. Todas elas se tomaram parte
do rio. Era o objetivo de todas elas, aspirando, desejando, sofrendo; e
a voz do rio estava plena de aspirações, cheia de ressentimentos, plena
de insaciáveis desejos. O rio fluía em direção ao seu objetivo. Sidarta
viu o rio se apressar, formado por si mesmo e por seus parentes e por
todas as pessoas que ele jamais vira. Todas as ondas e águas corriam
mais velozmente, sofrendo, em direção aos alvos, a muitos alvos, para
a cachoeira, para o mar, para a corrente, para o oceano, e todos os
alvos foram alcançados e cada um era sucedido por outro. A água
transformou-se em vapor e subiu, transformou-se em chuva e voltou
a cair, tomou-se numa corrente, num riacho e num rio, renovou-se e
continuou fluindo. Mas a voz saudosa tinha se alterado. Ela ainda
ecoava pesarosamente, ansiosamente, mas outras vozes a acompa
nhavam, vozes de satisfação e pesar, boas e más vozes, vozes de risos e
lamentos, centenas de vozes, milhares de vozes.18
165
A DIFERENÇA ZEN
Para quem olha de fora, o budism o pode ser m uito parecido com
o hinduísm o. A cosm ovisão por trás dos dois enfatiza, por exem
plo, a singularidade da realidade primeira. Apesar disso, há uma
diferença-chave. Para ter um a com preensão do que está envolvido
de um a form a geral, observe o contraste entre o advaita vedanta
(hinduísm o não dualista) que já discutim os e o zen-budism o.23
O m onism o hindu sustenta que a realidade final é Brama — o
Um. O U m tem, ou melhor, é o próprio Ser — o um indiferencia
do "seja o que for" final. Faz sentido m encionar esse Brama ou
falar do Um. C om o um a lâmpada espargindo fótons de luz mais e
mais dentro das trevas, dispersando mais e mais seus fótons uns
dos outros, de Brama (o U m ) em ana o cosm o (os m uitos).
O m o n ism o zen-budista sustenta que a realidade final é o
Vazio.24 A realidade final não é nada que pode ser no m ead o ou
alcançado. D izer que ela é nada é incorreto, mas da m esm a for
m a dizer que ela é algum a coisa é igualm ente incorreto. Isso
degradaria sua essência reduzindo-a a um a coisa entre coisas.
O Ú n ico hindu é ainda um a coisa entre coisas, em bo ra seja a
O U N I V E R S O AO LADO
166
O r ie n t e e O c id e n t e : u m p r o b l e m a d e c o m u n ic a ç ã o
H istória cíclica, cam in h o s que se cm zam , doutrinas que diver
gem, m al que é bem , con h ecim en to que é ignorância, tem p o que
é etem o, realidade que é irreal: todos esses são artifícios, parado
xos — até m esm o contradições — m áscaras que encobrem o Um.
O que pod em dizer os ocidentais? Se eles apontam para sua irra
cionalidade, o oriental rejeita a razão co m o um a categoria. Se eles
ap ontam para o desaparecim ento da m oralidade, o oriental des
preza a dualidade que é exigida para a distinção. Se eles apontam
para a inconsistência entre a m oral da ação oriental e a teoria am o
ral, o oriental diz: "Bem , consistência não é virtude, exceto pela
razão, que já rejeitei e, além disso, ainda não sou perfeito. Q u an
do ficar livre dessa carga do carma, então cessarei de atuar com o
se tivesse algum a m oral. Na verdade, cessarei de atuar de um a
m aneira geral e apenas m editarei". Se o o cid ental diz: "M as se
você não com er, você m orrerá", o oriental responde: "Para quê?
Atma é Brama. Bram a é etem o. U m a m orte desejável!"
N ão m e ad m ira que os m issio n ário s ocid en tais têm feito m u i
to p o u co progresso co m hind u s e bud istas con victos. Eles não
falam a m esm a linguagem , p o is n ão tê m qu ase nada em c o
m u m . E d o lo ro sa m e n te d ifícil co m p reen d er a cosm o v isão o rie n
tal m e sm o q u an d o alguém tem algu m a id éia de que isso exige
um m o d o de p e n sam en to d iferente do O cid ente. Para m u itos,
que g ostariam de que os o rien tais se to rn assem cristãos (e assim
se to rn assem teístas), parece que os o rien tais tê m m u ito m ais
d ificu ld ad e para com p reen d er que o cristian ism o é, de tod a m a
neira, ún ico, que a ressurreição n o esp aço -tem p o de Jesus, o Cris
to, está n o coração das b o a s novas de Deus.
Em am b o s os casos, p arece-m e q u e a co m p reen são de q u e o
O rien te e o O cid en te o p eram sobre d ois co n ju n to s m u ito d ife
rentes de su p osições é o p o n to de partida. Para in iciar o d iálogo,
pelo m en o s u m a parte deve saber q u ão d iferentes suas su p o si
ções básicas po d em parecer, m as para a verdadeira co m u n ic a
ção hu m an a, am b as as partes devem saber d isso antes de o d iá
logo se estender. Talvez as d ificu ldad es n o p e n sam e n to orien tal,
que p arecem tão óbvias aos ocid en tais, co m eçarão , p elo m en os,
a ser reco n h ecid as p elo s orientais. Se u m orien tal fo r capaz de
ver c o m o o co n h e cim en to , a m o ralid ad e e a realid ad e são vis-
O U N I V E R S O AO LADO
168
a nova era
John Lilly
The Center o f the Cyclone [O Centro do CidoneJ
O m isticism o oriental se apresenta com o ún ico
cam in h o para as pessoas no O cid ente que foram
apanhadas na encruzilhada niilista do naturalism o.
M as o m isticism o oriental é estranho. M esm o um a
versão suavizada com o a M editação Transcendental
exige um a reorientação im ed iata e radical do m od o
norm al de captar a realidade no O cidente. C o m o
vim os, essa reorientação condu z a novos estados de
con sciên cia e sen tim entos de p ropósito, m as o cus
to intelectual é alto. U m a pessoa deve m orrer para
o O cidente, a fim de nascer no O riente.
Existe um c a m in h o m e n o s d o lo ro so , m en o s
árduo para alcançar sentido e significado? Por que
não condu zir um a busca para um a nova co n sciên
cia dentro de linhas m ais ocidentais?
Essa busca está sendo feita por um a m ultidão de
estudiosos, entre eles médicos, psicólogos e explora
dores religiosos. Há um a vanguarda em um a série de
disciplinas acadêmicas que vão das hum anidades às
ciências exatas, e esse transbordar dentro da cultura
parece mais um dilúvio. Esclarecendo m elhor: esta
m os experim entando um a cosmovisão em sua ado
lescê n cia.1 E m bora in com p leta, a cosm o v isão da
Nova Era contém muitas arestas e tensões internas,
até m esm o contradições visíveis, m as ela tem to-
O U N I V E R S O AO LADO
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( * ) Hope springs eternal in the human breast; / Man never is, but always to be blest.
A N O V A E R A
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U m p a n o r a m a d o p e n s a m e n t o da N ova E ra
D o que ten h o dito até aqui, deveria ser ó bv io que a cosm ovi-
são da Nova Era não está con fin ad a a um grupo pequen o da
hum anidade. O que tem os aqui é m ais do que um a m ania dos
intelectuais de Nova York ou dos gurus da C osta Oeste, m ais
do que o ú ltim o culto da teolog ia de Tübingen, Basel ou do
Sem inário U nião. A lista que se segue de disciplinas e represen
tan tes dessas d iscip lin as c o rro b o ra m esse fato. Pois para as
pessoas m en cionad as aqui, o p ensam ento da Nova Era é tão
natural com o o teísm o é para os cristãos.
Na psicologia, o prim eiro teórico a reconhecer a validade dos
estados alterados de con sciên cia foi W illiam Jam es, posterior
m ente seguido por C. G. Jung e A braham Maslow. Agora tem os
Robert M asters e Jean H ouston, da Fundação para a Pesquisa da
M ente; Aldous Huxley, escritor e experim entador de drogas; Sta-
nislav Grof, do C entro de Pesquisa de Psiquiatria de M aryland,
que faz experiências com pacientes term inais, aplicand o lsd para
aju dá-los a adquirir um sen tim ento de unidade cósm ica e, as
sim , prepará-los para a m orte; e Jo h n Lilly cujos prim eiros tra
O U N I V E R S O AO LADO
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R e l a c io n a m e n t o c o m o u t r a s c o s m o v is õ e s
A cosmovisão da Nova Era é altam ente sincrética e eclética. Ela toma
emprestado de quase toda cosm ovisão representativa. Apesar de
suas misteriosas ram ificações e estranhas dim ensões terem vindo
do panteísm o oriental e do antigo anim ism o, suas conexões com
o naturalismo oferecem a m elhor oportunidade para ganhar co n
vertidos além do mais puro m isticism o oriental.
C o m o o naturalismo, a nova con sciên cia nega a existência de
um deus transcendente. N ão há nenh um Senhor do Universo, a
não ser cada um de nós. Há apenas o universo fechado. Na ver
dade, ele é "povoad o" p o r seres de incrível inteligência e poder
"p essoais", e "a con sciên cia hum ana não está contid a pelo crâ
nio".41 M as esses seres e m esm o a con sciên cia do cosm o não são
de form a algum a transcendentes no sentido exigido pelo teís
mo. Além disso, algum a linguagem sobre os seres h u m ano s re
tém a força total do n atu ralism o.42 F ritjo f Capra, Gary Zukav e
W illiam Irwin T h o m p so n apontam para as sem elhanças dos co
rolários entre os fen ô m en os físicos e a Física do século xx.43
T am bém em prestada do natu ralism o é a esperança da m u
dança evolu cionária para a hum anidade. Estam os nos eq u ili
brando à beira de um novo ser. A evolução se encarregará da
transform ação.
Tanto no teísmo qu an to n o naturalismo, e d iferentem ente do
monismo panteísta oriental, a Nova Era atribui grande valor no in
divíduo. O teísm o fundam enta-se no fato de cada pessoa ser
feita à im agem de Deus. O natu ralism o, refletindo a m em ória
de suas raízes teístas, con tin u a a m anter o valor dos indivíduos,
fu n dam entand o-o na no ção de que todos os seres hu m anos são
O U N I V E R S O AO LADO
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185
IÇ O
g e ra lm e n te sã o c o m o as p e rc e b e m o s. C o m tu d o isso e sta m o s
to d o s fa m ilia riz a d o s.
O seg u n d o e stad o de c o n sc iê n c ia n ã o é tã o fam iliar. N a ver
dade, para a m a io ria d e n ó s, n o O cid e n te , é m u ito d ifícil de
im aginar. Para to rn a r as c o isa s m ais c o m p lica d a s, este seg u n d o
estad o de c o n sc iê n c ia é, n a verdade, c o m p o s to d e m u ito s e d ife
ren tes estad o s d e c o n sc iê n c ia ; alg u n s d iz e m três, o u tro s seis e
a in d a o u tro s o ito .77 M as an tes de c o n sid e ra rm o s q u a lq u e r d essas
várias su b d iv isõ es, d ev em o s ca p ta r suas características gerais. A l
g u m as d elas sã o sugerid as p e lo s v ário s n o m e s d ife re n te s a trib u í
d os à c o n sc iê n c ia có sm ic a , q u e n ã o são p o u co s: Eles fo rm a m
u m a le g iã o : "e te rn a g ló ria " (Z a e h n e r ), "c o n s c iê n c ia e lev a d a "
(W e il), "e x p e riê n cia de p ic o " (M a slo w ), "n irv a n a " (b u d ista s ),
"sa to ri" (ja p o n e se s z e n ), "co n sciê n cia K o sm ic" (W ilb e r), "estad os
a lterad o s de c o n s c iê n c ia " ) o u EAC (M asters e H o u s to n ) e "visão
c ó s m ic a " (K e e n ).
D u as d essas cla ssifica ç õ e s p arecem m ais ad eq u ad as d o q u e
as o utras, u m a p o r razões te ó rica s e o u tra p o r razõ es h istó ricas.
T e o ricam en te, estados alterados d e consciência tra n sm ite a c o m p re
e n sã o m ais u n iv e rsa lm e n te a ceita d o fe n ô m e n o . O s e stad o s de
c o n sc iê n c ia en v o lv id o s são, n a verdade, n ad a c o m u n s. A o u tra
cla ssifica ç ã o ap ro p riad a, consciência cósm ica, é fre q ü e n te m e n te
u tilizad a, p o rq u e é a q u e la das m ais an tigas n o s escrito s m o d e r
n o s s o b re o assu n to . Fo i in tro d u zid a em 1901 p e lo p siq u iatra
ca n a d en se R. M . B ucke e p o p u larizad a p ela sua in c lu sã o n o s es
tu d o s c lá ssico s d o m is tic is m o de W illia m Jam es:
e n tre o s p ro p o n e n te s da c o s m o v is ã o da n o v a c o n s c iê n c ia . A
q u e stã o é a seg u in te: Q u a n d o o eu p e rce b e a si m e s m o sen d o
u m c o m o c o s m o , e le é u m c o m ele. A u to -realização , e n tã o , é a
re alização d e q u e o eu e o c o s m o n ã o são ap en as p arte de u m a
peça, m as são a m e sm a peça. Em o u tras palavras, c o n sc iê n cia
c ó s m ic a é e x p e rim en ta r A tm a c o m o B ram a.
C o m o p o n to cen tra l na c o s m o v isã o da c o n sc iê n c ia c ó sm ic a
está a exp e riê n cia u n itária: p rim e iro , a exp e riê n cia de p e rce b e r a
in teg rid ad e d o c o s m o ; seg u n d o , a e x p e riê n cia de se to m a r u m
c o m o c o s m o in te iro ; e fin a lm e n te , a exp e riê n cia de ir a lé m até
m e s m o d essa u n ic id a d e c o m o c o s m o para re c o n h e c e r q u e o eu
é o g erad o r de to d a a realid ad e e, n esse sen tid o , a m b o s são o
c o s m o e o c o s m o -c ria d o r.79 “C on hecer qu e você é Deus; conhecer
qu e você é 0 universo", diz S h irley M acL ain e.80
E n tr e ta n to , o u tr a s " c o is a s " a p a r e c e m s o b o s e s ta d o s da
c o n sc iê n c ia có sm ic a . M e sm o d ep o is de in co n tá v e is leitu ras de
re la to s d essas e x p e r iê n c ia s , o m e lh o r re s u m o é c ita r a lista
exau stiv a das características d e M arily n Fergu son:
193
Confrontado por uma cadeira que olhava com o o Juízo Final — ou,
para ser mais preciso, com o um Juízo Final que, depois de muito
tempo e considerável dificuldade, a reconheci com o uma cadeira —
descobri todo o meu ser, num relance, à beira do pânico. Essa
experiência, subitamente senti, estava indo longe demais. Muito lon
ge, mesmo que essa ida fosse para a beleza intensa, de profundo signi
ficado. O medo, com o o analiso em retrospecto, era de que ser
esmagado, desintegrar sob a pressão de uma realidade maior do que a
m ente, acostum ada a viver na m aior parte do tem po num
aconchegante mundo de símbolos, pudesse possivelmente acontecer.85
1
O U N I V E R S O AO LADO
194
»95
197
199
R a c h a d u r a s n a n ova c o n s c iê n c ia
A cosm ovisão da Nova Era é um passo além do niilism o? Ela
cum pre o que p rom ete — um a nova vida, um a nova pessoa,
um a nova era? U m a coisa é clara: ela ainda não o fez, e o argu
m en to de um novo alvorecer não é tão tranqü ilizad or. Tive
m os v isio n á rio s antes, e eles e seus seguidores n ão fizeram
O U N I V E R S O AO LADO
204
Quando entrares na terra que o S enhor teu Deus te der, não apren-
A N O V A E R A
207
Se Deus é por nós, quem será contra nós?... Quem nos separará
do am or de Cristo?... Porque eu estou bem certo de que nem
morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do
presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profun
didade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor
O U N I V E R S O AO LADO
208
pós-modernismo
Friedrich Nietzsche
0 Louco
N um a brilhante parábola escrita há m ais de cem
anos, Friedrich N ietzsche visualizou toda a sua ép o
ca .1U m a cultura não pode perder seu centro filo só
fico sem a m ais séria das conseqüências, não ape
nas para a filosofia sobre a qual ela está baseada,
mas para a superestrutura da cultura inteira, co m
prom eten do até m esm o a n o ção de um a pessoa so
bre quem ela é. Tudo muda. Q uan do Deus morre,
tan to a su bstância q u an to o valor de cada coisa
m orre juntam ente. O reco n h ecim en to da m orte de
Deus é o p rincípio da sabed oria pós-m od erna. É
tam bém o fim da sabed oria p ós-m od erna, já que,
no final das contas, o pós-m od ernism o não é mais
"p ó s" qualqu er coisa; é o ú ltim o m o vim ento da era
m oderna, o resultado da era m oderna assum indo
seriam ente seus próprios com prom issos e observan
do que eles não se sustentam num teste de análise.2
C o m o com en tei no in ício , Sócrates disse que
um a vida não exam inada não é um a vida digna de
ser vivida, m as para um naturalista ele está errado.3
Para um naturalista, é o contrário. É a vida exam i
nada que n ão é digna de ser vivida. Agora, cem anos
depois de Nietzsche, as notícias da m orte de Deus
finalm ente alcançaram "os ouvidos do hom em ". O
horizo n te que definia os lim ites do nosso m undo
O U N I V E R S O AO LADO
214
0 PROBLEMA DA DEFINIÇÃO
Captar o sentido é difícil aqui. C o m o alguém pode definir o que
não está claro? Sem dúvida, o term o que agora m elh o r se ajusta
é pós-modernismo.4 Mas o que ele significa? Ele é usado por tan
tas pessoas para realçar tantas e diferentes facetas da vida cultu
ral e intelectual que seu significado é freqü entem ente nebu loso,
não apenas em suas cercanias, m as tam bém no próprio centro
(co m o se um term o que define um a cosm ovisão sem um centro
pudesse ter um cen tro).
C onsidera-se que o term o pós-modernismo surgiu p rim eiro
com o um a referência à arquitetura, quan do os arquitetos se dis
tanciaram das form as sim ples e sem adorno, das caixas de c o n
creto im pessoais, dos vidros e do aço para form as com plexas,
esboçand o m otivos do passado sem relação à sua proposta ou
função original.5 Porém , quando o sociologista francês Jean-Fran-
çois Lyotard utilizou o term o pás-moderno para sinalizar um a m u
dança na legitim ação cultural, o term o tornou -se um a palavra-
chave na análise cultural.
Em resum o, Lyotard definiu pós-modem o com o "a increduli
dade voltada às m etanarrativas".6 Não havia m ais um a história
única, um a m etanarrativa (para n osso propósito, um a cosm ov i
são), que assegurasse o co n ju n to da cultura o cid ental. Não é
razoável que durante m uito tem po tenha havido m uitas histórias,
cada um a das quais fornecend o sua própria base de poder para
o grupo social, que as tom ava com o legítim as. Os naturalistas
têm a sua história, os panteístas as suas, os cristãos as suas, ad
infinitum. C om o pós-m od ernism o, nenh um a história tem mais
P Ó S - M O D E R N I S M O
215
ce do que 0 que algu ém con h ece. Em sua abord agem filo só fica
— e na abo rd agem de qu ase to d o s os m aiores filó so fo s do seu
tem p o — conhecer antecedia o ser. D escartes não estava rejeitand o
a n o ç ã o teísta de Deus. M uito p elo con trário , ele sustentava a
n o ção de Deus sen d o b asicam en te a m esm a d aquela de Tom ás de
A q u in o .11 M as seu interesse em estar certo sob re essa n o çã o teve
m aio res con seqü ên cias.
A abord agem de D escartes para o conhecim ento é lendária. Ele
queria estar p le n am e n te con v en cid o de que aq u ilo que ele p e n
sava era realm en te verdadeiro. A ssim , levou o m éto d o da dúvida
quase (m as n ão o b astan te) ao lim ite. D o que p o sso duvidar?
Ele perguntava a si m esm o na qu ietu d e dos seus estudos. Ele
co n clu iu que p o d ia duvidar de tud o, exceto de que estava duvi
d and o (duvidar é pen sar). P ortanto, con clu iu : "P enso , lo go exis
to". E n tão acrescen to u às suas con sid eraçõ es se havia algu m a
coisa a n ã o ser a sua p rópria existên cia de que pudesse ter a b so
luta certeza. D ep o is de u m a série de argum entos, ele fin alm en te
escreveu:
A MORTE DA VERDADE
O próprio ato de con h ecer vem sob fogo cruzado, esp ecialm en
te a n o ção de que há qualqu er corresp ondência de verdades. O
relativism o conceituai, discutido no capítulo anterior, agora serve
não apenas para a experiência religiosa, mas para to d o s os as
pectos da realidade.18
L in g u a g e m c o m o p o d e r
O m ovim ento está agora com pleto: do ser para o conhecer e para o
propósito. Mas as im plicações continuam acumulando-se.
A MORTE DO EU SUBSTANCIAL
A questão da identidade hu m ana tem m ilhares de anos. "O que
é o h o m em ?", perguntou o salm ista.26 Criado "um pou co m e
n or do que os anjo s e coroad o com glória e ho n ra", veio a res
posta. Mas não no pós-m od ernism o.
S en do bo n s sem D eu s
O p ó s-m o d ern ism o segue a rota to m ad a p elo natu ralism o e exis
ten cialism o , m as co m u m a v ertente lingüística.
A VANGUARDA DA CULTURA
O utra form a de olh ar para o m ovim ento pós-m od erno é per
guntar quem ou o que está na vanguarda da cultura.
Um p a n o r a m a d o p ó s - m o d e r n is m o
■
O U N I V E R S O AO LADO
228
P ó s - m o d e r n is m o : u m a c r ít ic a
C om eçarem os nossa crítica m ostrand o alguns aspectos da pers
pectiva pós-m od erna que parecem verdadeiros, não apenas p ro
veitosos, e con tin u arem os com m ais observações críticas.
O U N I V E R S O A O LA D O
23O
A l é m d o p ó s - m o d e r n is m o
O p ó s-m o d em ism o com o apresentado não é um a cosm ovisão
com pleta. Mas é um a perspectiva penetrante que tem m o d ifica
do várias cosm ovisões, sendo um a das m ais conhecid as o natu
ralism o. Na verdade, o m elh o r cam in h o para pensar sobre gran
de parte do p ó s-m od ernism o é vê-lo com o a m ais recente fase
do "m o d ern o ", a m ais recente form a de naturalism o.
C o m o disse Lyotard, o p ó s-m o d ern o é "ind u bitav elm ente
um a parte do m oderno". C o m en tan d o sobre o progresso dos
estilos de arte, ele escreve: "U m trabalho pode tornar-se m oderno
apenas se prim eiro for p ós-m od erno. O pós-m od ernism o assim
entend ido não é m od ernism o no seu fim , mas no seu estado
nascente, e esse estado é con stan te".52 Nesse sentido, a cultura
nunca vai além do m oderno. Para ser pós-m oderno, alguém teria
de estar no futuro, o que é im possível.
C ontudo, a m ais im portante razão pela qual o pós-m od er
nism o seria visto com o parte do m od ernism o é que a essência
do m od ernism o não foi deixada para trás. Tanto o m od ernism o
com o o p ó s-m o d em ism o repousam sobre duas noções-chave:
P Ó S - M O D E R N I S M O
233
conclusão
24O
E s c o l h e n d o u m a c o s m o v is â o
C o m o , en tão , p o d em o s decidir en tre as alternativas finitas? O
que p o d e n o s aju d ar a esco lh e r entre u m a cosm o v isâo que assu
m a a existên cia de u m D eus pessoal e tran scen d en te e outra que
n ão assum a? A lgum a coisa da m in h a p rópria observação dessa
qu estão certam en te se to rn o u ó bv ia nas d escrições e críticas das
várias op ções. A gora ch ego u a vez de d eixar essa con sid eração
exp lícita.2
A m e n o s q u e cada u m de n ó s co m e ce afirm an d o que som o s,
em n o sso presente estado, os ú n ico s feitores e d oad ores de sig
nificad o do universo — um a p o sição sustentada p o r po u co s m es
m o d en tro da cosm o v isâo da N ova Era — , seria acon selháv el
aceitar u m a atitud e de h u m ild ad e c o m o pad rão de con d u ta re
ferencial. Q u alq u er que seja a cosm o v isâo que ad o tem o s, ela
será lim itad a. N ossa fin itu d e c o m o seres h u m an o s, o que quer
q u e v en h a a ser n ossa h u m anid ad e, nos m an terá tan to d istantes
da precisão to tal n o c a m in h o que to m a m o s e expressam os nossa
co sm o v isâo q u an to d istantes da integridade ou exaustividade.
Algum as verdades da realidade deslizarão através das nossas m ais
finas redes intelectuais, e nossas redes têm alguns furos dos quais
n em m e sm o estam o s cientes. Assim , um lugar para in iciar é pela
hu m ild ad e. Tem os a ten d ên cia de ad o tar p o siçõ es que rend am
p o d er para nós, sejam elas verdadeiras o u não.
M as h u m ild ad e n ão é ceticism o . Se esp eram o s co n h e ce r al
gu m a coisa, d evem os assu m ir q u e p o d em o s co n h e ce r algum a
coisa. E c o m essa afirm ação o u tros elem e n to s são transm itid os,
p rim a r ia m e n te as assim c h a m a d a s le is d o p e n s a m e n to : as
leis de identidade, n ão -co n trad ição e o m eio excludente. É se
gu in d o tais leis que estam o s aptos a p ensar claram en te e estar
seguros de q u e n o sso racio cín io é v álid o. Essas afirm ações, e n
tão , levam à p rim eira característica que n ossa cosm o v isâo ad o
tada pod eria possu ir — coerên cia intelectual interna. O professor
K eith Yandell, da U niversidad e de W isco n sin , é m ais suscinto:
"Se u m sistem a con ceitu ai co n té m c o m o e lem e n to essencial um
c o n ju n to de p ro p o siçõ es (c o m um ou m ais m e m b ro s) que são
lo g icam en te in con sisten tes, ele é falso".3
É nessa b ase q u e as co sm o v isõ es do d eísm o , n atu ralism o ,
m o n is m o p an teísta e o utras fo ram exam in ad as n o s cap ítu lo s
A V I D A,_ E X A M I N A D A
2 41
ers Grove, 111.: InterVarsity Press, 19 8 4 ) log}’ (Grand Rapids, M ich.: Baker Book
e Truth Is Stranger Than It Used to Be House, 1 9 6 0 ), p. 531.
(Downers Grove, 111.: InterVarsity Press, 6 Muitas pessoas ficam intrigadas
1 9 9 5 ). O utro livro de m inha autoria, com a questão do mal. Se a onisciên-
Discipleship o f the Mind (Downers G ro cia e a bondade são atributos de Deus,
ve, 111.: InterVarsity Press, 19 9 0 ), ela o que é o mal e por que ele existe? Para
bora o tem a do presente capítulo. uma análise detalhada da questão, veja
3 Uma definição protestante clás Peter Kreeft, Making Sense out o f Suffe
sica de D eus é e n c o n tra d a na ring (Ann Arbor: Servant, 1 9 86) e Hen
Confissão de Westminster, II, 1: "Há so ri Blocher, Evil and the Cross (Downers
mente um Deus vivo e verdadeiro, que Grove, 111.: InterVarsity Press, 1 9 9 4 );
é infinito e perfeito no seu ser, o espíri discuto esta questão nos capítulos 12
to puro mais elevado, invisível, sem cor e 13 do livro Why Should Anyone Belie
po, partes ou paixões, imutável, im en ve Anything at Alii (Downers Grove, 111.:
so, eterno, incompreensível, todo-pode- InterVarsity Press, 1994).
roso; o mais sábio, o mais santo, o mais 7 A frase foi extraída de um livro
livre, o mais absoluto, trabalhando to de Francis A. Schaeffer, He is There and
das as coisas segundo o conselho da sua He Is Not Silent (W heaton, 111.: Tyndale
própria imutável e mais justa vontade, House, 1972), p. 43. O Capítulo 8 de
para sua glória; o mais am oroso, graci C. S. Lewis, Miracles (London: Fontana,
oso, m esericordioso, abundante em 1960), p. 18, tam bém contém uma ex
bondade e verdade, perdoando a iniqüi- celente descrição do que está envolvido
dade, a trangressão e o pecado; recom num universo aberto. Outras questões
pensador daqueles que diligentemente envolvendo uma compreensão cristã de
o procuram; e mais justo e terrível em ciência são discutidas em Del Ratzsch,
seu julgamento; abom inando todo pe Philosophy o f Science (Downers Grove,
cado e aquele que absolutam ente não 111.: InterVarsity Press, 1986), e Nancy R.
inocenta o culpado." Pearcey e Charles Thaxton, The Soul o f
4 Para a consideração de um con Science (W heaton, 111.: Crossway, 1994).
ceito teísta de Deus de um ponto de 8 Sir Philip Sydney, The Defense o f
vista da filosofia acadêmica, veja H. P. Poesy. Veja tam bém Dorothy L. Sayers,
Owen, Concepts o f Deity (Londres: M a The Mind o f the Maker (Nova York: Me
cm illan, 1971), pp. 1-48. Outras ques ridian, 1956); e J. R. R. Tolkien, "O n Fai
tões metafísicas consideradas aqui são ry Stories", em The Tolkien Reader (Nova
discutidas em W illiam Hasker, Meta- York: Ballantine, 1966), p. 37.
physis (Downers Grove, 111.: InterVarsi 9 HelmutThielicke, M/ti/ism, trad,
ty Press, 19 8 3 ); C. Stephen Evans, Phi de John W. Doberstein (London: Rou-
losophy o f Religion (Downers Grove, 111.: tledge and Kegan Paul, 1962), p. 110.
InterVarsity Press, 1 9 8 5 ); e Thom as V. 10 A palavra logos com o usada em
Morris, Our Idea o f God (Downers Gro João e em outros locais tem um rico con
ve, 111.: InterVarsity Press, 1991). texto de significado. Veja, por exemplo,
5 G e o ffre y W. B rom iley , "The J. N. Birdsall, "Logos", em New Bible Dic-
Trinity", em Baker's Dictionary ofTheo- tionary, 3 a ed. (Downers Grove, 111.: In-
N O T A S
25I
1.03: D eísmo
1 John M ilton, Paradise Lost, II, li siíjue et de religion, carta 5. Citado em
nhas 557-61. Émile Bréhier, The History o f Philosophy,
2 J. Bronowski, Science and Hu trad. Wade Baskin (Chicago: Universi
man Values (Nova York: Harper & Row, ty o f Chicago Press, 1 9 6 7 ), 5:14.
1 9 6 5 ), p. 7. 8 Ibid., p. 15.
3 Peter Medawar, "O n 'the Effec 9 "Essay on Man", I, linhas 17-22.
ting o f All Things Possible'", The Liste 10 Ibid., linhas 2 3 -3 2 ; cf. linhas
ner, 2 de outubro de 1969, p. 438. 2 3 3 -5 8 .
4 Frederick Copleston, A History 11 Ibid., linhas 2 8 9 -9 4 .
o f Philosophy (Londres: Burns and O a 12 Ibid., linhas 123-26, 129-30.
tes, 1961), 5 :1 6 2 -6 3 . 13 Ibid., linhas 145-46.
5 Deism: An Anthology, de Peter Gay 14 Indução ou arrazoamento indu
(Princeton, N.J.: D. Van Nostrand, 1968), tivo — tentativa de argumentar de de
é uma coleção útil dos escritos de uma am talhes particulares para princípios gerais
pla variedade de escritores deístas. — A. N. W hitehead cham ou de "o de
6 Ideas and Integrities, citado por sespero da filosofia" (Whitehead, Science
Sara Sanborn ("W ho Is Buckminster Ful and the Modem World [1925; reimpressão
ler?" Commentary, Outubro 1973, p. 60), Nova York: Mentor, 1948], p. 25).
onde com enta que "A Inteligência Be 15 Albert Einstein, Ideas and Opi
nevolente de Fuller parece encerrada nions (Nova York: Bonanza, 1954). Veja
fora do Grande Relojoeiro dos deístas e tam bém Robert Jastrow, God and the As
da Supra-Alma de F,merson" (p. 66). tronomers (Nova York: Warner, 1978).
7 Lettres sur divers sujets, metaphy- 16 Stephen Hawking, A Brief His-
O U N I V E R S O A O L A D O
252
Cámmo 3: D e ís m o
Capítulo 4: NATURALISMO
253
Capítulo 4: NATURALISMO
254
CvHTüu.4: N aturalismo
255
CAPmi.04 : N a t u r a lism o
256
CAPfuLCM: N aturalismo
257
C a p ít u l o 5: NlILíSMO
258
Capítulo 5: NllLISMO
M onod ), num sentido de cosm ovisão tam ente um m ovim ento dos limites do
(isto é, m etafísico). conhecim ento para a declaração de que
13 Veja Nancy Pearcey e Charles não tem os nenhum a justificativa para
Thaxton, The Soul o f Science: Christian pensar que sabem os qualqu er coisa
Faith and Natural Philosophy (W heaton, que constitui m uito do padrão do pen
111.: Crossway, 19 9 4 ), pp. 214-15; cap. sam ento pós-m oderno (veja cap. 9). A
9, "Q uantum Mysteries: M aking Sense realidade tem de se conform ar à m en
o f the New Physics", pp. 2 8 7 -2 1 9 , é te hum ana num a m aneira conhecível
um a exp osição lúcida das questões co m p letam en te teórica, ou ela não
evocadas. existe. Na verdade, o solipsism o "há
14 O conceito científico de acaso é m uito é reconhecido com o uma im
m uito controverso. O princípio da in- plicação inevitável do significado drás
determ inância de Heisenberg assegu tico do princípio de Heisenberg (Jaki,
ra que ninguém pode determ inar com "Chance or Reality", pp. 12-13).
precisão tanto a localização quanto o Uma saída desse dilem a foi to m a
momentum de um dado elétron qual da por Niels Bohr, insistindo que "toda
quer. Alguém pode ter o con hecim en declaração sobre ontologia ou sobre o
to preciso de um ou outro, mas não ser deve ser evitada" (ibid., p. 8 ). W.
dos dois ao m esm o tem po. Este é um Pauli concordou, com o Jaki diz: "que
princípio epistem ológico. Mas muitos questões sobre a realidade eram tão
cientistas, incluindo Heisenberg, ela metafísicas e inúteis com o era a preo
b o ram im p licaçõ es o n to ló g ica s do cupação dos filósofos medievais sobre
princípio epistem ológico que não são o núm ero de anjos que caberiam na
claram ente garantidas. O próprio Hei cabeça de um alfinete" (ibid., p. 10).
senberg disse: "Desde que todos os ex Outra saída, tom ada por Einstein
p erim entos estão sujeitos às leis da e outros cientistas, foi tentar ignorar o
m ecânica quântica, ...a invalidade da princípio em si, descobrindo m eios de
lei da causalidade está definitivam en conceber com o as medidas poderiam
te provada pela mecânica quântica" (ci ser com pletas e precisas ao m esm o
tado por Stanley Jaki, "C hance or Rea- tem po. A tentativa deles falhou. Tudo
lity", em Chance or Reality and Other o que pôde ser dito foi, nas palavras
Essays [Lanham , Md.: University Press de Einstein: "Deus não joga dados com
o f America, 1 9 8 6 ), pp. 6-7 ). A im pli o universo" (ibid., p. 9 ). Mas isto foi
cação é que não apenas o universo é m ais um co m p ro m isso p ré-teórico,
incom preensível num sentido funda um a pressuposição, do que um a con
m ental, mas é, em si m esm o, irracio clusão elaborada de um a teorização
nal ou até m esm o irreal. bem -sucedida ou do laboratório ou de
Heisenberg, juntam ente com pelo experim en tos do p ensam ento . Isto,
m enos alguns cientistas e populariza- então, deixou a conclusão ontológica
dores da ciência, transferiu-se da igno ser elaborada com o m uitos o fizeram:
rância da realidade para o conhecim en o universo não é fundam entalm ente
to sobre esta realidade. N ão posso incom preensível (ibid., p. 8).
m edir X; portanto, X não existe. É exa A hum ildade pré-m oderna sobre a
N O T A S
259
Camtulo 5; N iil is m o
26o
Caktuí.o 5: N iil is m o
261
CAPfrulà5: N iilismo
2Ó2
Capítülu 6 : E xistencialismo
263
Cafitolo 6: E x ISTEKCMLISMO
264
Capitou 7: M o n is m o P a n t e ís t a O r ie n t a l
265
266
duzido com o "Q ual é o som de uma creve, por exem plo: "Zen quer elevar-
m ão a p la u d in d o ? ", m as a palavra se acim a da lógica, zen quer encontrar
aplaudindo não ocorre em japonês. a mais alta afirm ação na qual não há
28 Issu Miura e Ruth Fuller Sasaki, antíteses. Portanto, em zen, Deus não
The Zen Koan (Nova York: Harcourt, é negado nem im posto; apenas não há
Brace and World, 19 5 6 ), p. 44; Suzuki, no zen um tal Deus, com o ele tem sido
Introduction, pp. 59 e 99-117. concebido pelas mentes judaicas e cris
29 Suzuki, Introduction, p. 39, es- tãs"; veja tam bém pp. 48-57.
ctrêmo 8: A N
267
lidade mental para influenciar objetos m uito mais o fundam ento da Nova Era
físicos), fotografia kirliana (que supos do que sua vanguarda. Alguém pode
tam ente mostra a "aura" de coisas vi interpretar esta m udança com o a sina
vas), cura psíquica, acupuntura, clari lização da chegada do m ovim ento da
vidência, experiências "fora-do-corpo", Nova Era em si, com o a tentativa de
p rem onição (antecipação dos even atingir um a média de com pradores em
to s). Um ano m ais tarde a Saturday bancas de jornais com idéias da Nova
Review, 22 de fevereiro de 1975, pu bli Era m ais palatáveis, ou com o uma co
cou juntam ente com a cobertura da Ti m ercialização da Nova Era por adm i
mes sobre um plano m ais sofisticado, nistradores da classe m édia. M esm o
sugerindo que a popularidade da nova a ssim , q u a n d o um a nova e d ito ra
consciência corria mais profundam en (Joan Duncan Oliver) assumiu o co
te do que m eros caprichos culturais m ando do vistoso jornal em agosto de
com o a teologia da morte de Deus. N o 1996, ela reviu as primeiras edições e
tícias das celebrações da Nova Era na com entou que "a ênfase tem perm a
época de uma suposta Convergência n ecid o co n sta n te "; nas palavras da
H arm ônica (agosto de 1 9 8 7 ) estavam m ais nova editora: "Estam os realm en
estam padas em m uitos jornais e revis te falan d o so b re cura do e sp írito "
tas sem anais americanas, alguns escri (agosto de 1996, p. 6).
to s c o m c o n s id e r á v e l ir o n ia . A 7 Time, 1 dezem bro de 1987, pp.
Nova Era gerou interesse público mas 6 2 -7 2 .
nem sem pre respeito público. 8 A tentativa de MacLaine, após
6 O New Age Journal tem passa dirigir m uitos sem inários de fins de se
do por um a interessante m etam orfose m ana, de construir seu próprio centro
desde seu com eço em 1974, quando de Nova Era no Novo M éxico teve de
era um a revista publicada por idealis ser abandonada quando "os m orado
tas confessos da Nova Era. Sob am ea res protestaram que o m eio am biente
ça de extinção em 1983, seu m ais du local era extrem am ente frágil para aco
radouro editor escreveu que a publica m odar os planos de construção da es
ção (setem bro de 1983, p. 5 ), ganhou trela" (Time, 10 de janeiro de 19 9 4 ).
im pulso financeiro e com eçou a apre As assom brosas vendas do rom ance
sentar um a nova aparência — um a di- (que alguns consideram não-ficção)
agram ação m ais p rofissional, papel The Celestine Prophecy (Nova York; War
couchê e impressão em quatro cores ner, 1 9 9 3 ) [A P rofecia C elestin a, trad.
— mas tam bém um a nova direção edi Sylvia Bello (Rio de Janeiro: Objeti
torial, m enos centrada nos expoentes va, 1 9 9 7 )] poderiam levar alguém a
d o p e n s a m e n to m a is ra d ic a is da pensar que James Redfield substituiu
Nova Era e mais voltada para as fron M acL aine c o m o o m ais c o n h e cid o
teiras entre a Nova Era e a vanguardal guru pop da Nova Era. Mas este livro,
da cultura am ericana. Em ju n h o de que um crítico cham ou de "o pior li
1984 a mudança foi assinalada por no vro da Nova Era que jam ais vi", tem
vos nom es em seus créditos e posições m enos substância e m ais idiotices do
editoriais-chave. A revista agora reflete que qualquer coisa imaginada por Ma-
O U N I V E R S O A O L A D O
268
C apitulo 8: A NOVA E ra
cLaine em seus piores dias. Este livro e tions: An Interview with Jean H ous
sua seqüência, The Tenth Insigh (Nova to n ", The Quest, primavera de 1990, p.
York: Warner, 1 9 9 6 ) [A Décima Profe 42 . Este m ovim ento geral tem sido o
cia, trad, de Adalgisa C am pos da S il tem a central em seus vários livros, in
va (R io de Jan eiro : O bjetiva, 1 9 9 7 )}, cluindo Life Force: The Psycho-historical
provavelmente serão em breve esque Recovery o f the S elf (Nova York: Dell,
cidos. Alan Atkinson conta a história 1 9 8 0 ), Godseed: The lourney o f Christ
de com o o prim eiro livro veio a ser es (W heaton, 111.: Quest, 1 9 9 2 ), The Se
crito e a recepção confusa que ele rece arch for the Beloved: loumeys in Sacred
beu ("A Profecia Celestina", New Age Psychology (Los Angeles: Jeremy P. Tar
Journal, agosto de 1 9 9 4 , pp. 6 0 -6 5 , dier, 1 9 8 7 ) e A Mythic Life (San Fran
1 2 7 -2 9 ). cisco: Harper San Francisco, 1 9 9 6 ).
9 A revelação de Bob Woodward 13 George Leonard, "Notes o n the
de que a ex-prim eira dama e h o je se Transform ation", Intellectual Digest, se
nadora Hillary C linton tem buscado o tem bro de 1972, pp. 25, 32.
con selho de Jean Houston, a fam osa 14 Shirley MacLaine, It's All in the
conselheira da Nova Era, causou reper- Playing (Nova York: Bantam, 1987), pp.
cusões na m ídia por algumas sem anas 3 3 4 -3 5 [A Vida é um Palco, trad. Myri-
no verão de 1996, mas em dezem bro am C am p ello (R io de Ja n e iro : Re
já tinha caído no esquecim ento. Veja cord, 1 9 8 8 )].
B o b W oodw ard, The C hoice (N ova 15 É um elem ento-chave nos ro
York: Sim on & Schuster, 1996), pp. 55- mances de James Redfield; veja nota 8
57, 129-35, 271-72, 412-13. Propagan acima.
distas têm feito uso desta imagem: a 16 A leitura de textos antigos à luz
foto de Jean H ouston e o anúncio de dos interesses con tem p orân eos sem
um sem inário em novem bro de 1996 observar que estes textos estão sendo
apareceram com a observação: "am i- retirados do seu contexto e cosmovi-
ga/conselheira de Hillary C lin to n " em são intelectual é um a falta de zelo en
The Chicago Tribune, 28 de ju lh o de tre as sumidades modernas. Jean Hous
1996, see. 14, p. 11. Houston ensinou ton em Godseed, por exem plo, faz uma
filosofia, psicologia e religião na Uni leitura de Jesus à luz dos textos gnósti-
versidade de Colum bia, no Hunter C o cos do segundo século, em vez dos
llege, na New School for Social Rese d o cu m en to s n eo -testam en tário s do
arch e no M arym ount College e é ex- prim eiro século. Jam es Redfield tem
presidente da Association for Humanis um personagem em The Celestine Pro
tic Psychology. Algumas de suas publi phecy que diz: "Q uando os hum anos
cações aparecem na nota 12 abaixo. com eçarem a elevar suas vibrações a
10 Entrevista de Jerry Avron com um nível em que os outros não podem
Robert Masters e Jean Houston, "The Va vê-los... isto sinalizará que estam os cru
rieties o f Postpsychedelic Experience", zand o a barreira entre esta vida e o
Intellectual Digest, março de 1973, p. 16. outro m undo do qual viem os e para o
11 Ibid., p. 18. qual vamos. Este cruzam ento de con s
12 'Toward Higher-Level Civiliza ciência é o cam in h o m ostrado pelo
N O T A S
269
cui’iroui 8: A N ova E ra
Cristo. Ele se abriu para a energia até A New Way o f Looking at Drugs and the
que estivesse tão ilum inado que podia Higher Consciousness (B o sto n : H ou
cam inhar sobre as águas" (p. 241). O ghton M ifflin, 1 9 7 2 ), p. 205 [Drogas e
apóstolo Paulo nunca confundiria sua Estados Superiores da Consciência, trad.
própria identidade com aquela de Cris N o rberto de Paula Lim a (S ão Paulo:
to, mas W ilber fez isso: ele transfor Ground, 1 9 8 7 )]; resumido em Psycho
m ou "Cristo vive em m im " (Gálatas logy Today, outubro de 1972.
2 :2 0 ) "em última instância eu [ou cada 20 Em 1983 (rev. 1993) Weil escre
pessoa] é C risto" (A B rief History o f veu um livro para adolescentes e seus
Everything, p. 132). Discuto estas más pais sobre drogas que alteram a m e n te .
interpretações, com muitas ilustrações, Veja seu From Chocolate to Morphine:
em Scripture Twisting (Downers Grove, Everything You Need to Know About Mind-
111.: InterVarsity Press, 19 8 0 ), em bora Altering Drugs, em co-autoria com W i
não invalidando primariamente as fon nifred Rosen (Boston: Houghton Miff
tes da Nova Era. lin, 1993). Aqui os autores diferenciam
17 A lexander Pope, An Essay oonuso de drogas (que eles aprovam) do
Man, linhas 95-96. abuso de drogas (que eles reprovam);
’8 A observação de Douglas Groo- muitos capítulos sobre tipos de drogas
thuis de que Tim othy Leary — o mais individuais term inam com "sugestões e
fam oso guru das drogas dos anos 6 0 e precauções" para o uso destas drogas.
70 — "m odificou seu fam oso credo da O capítulo sobre drogas que alteram a
década de 1960, 'Sintonize-se, ligue- mente, por exemplo, detalha o que al
se e caia fora', para 'ligue-se, tire vanta guém poderia ou não fazer para conse
gem e aum ente os preços', com entan guir a sensação de bem-estar que as dro
do que o com putador pessoal é 'o l s d gas freqüentemente evocam. Weil e Ro
dos anos 90'". No entanto, Leary ain sen observam no prefácio à segunda
da, pelo m enos ocasionalm ente, to edição que a primeira edição foi banida
m ou l s d até os últimos dias de sua vida. de algumas bibliotecas, em bora eu te
Veja Douglas Groothuis, "Technosha- nha encontrado o livro em nossa bibli
m anism : Digital Deities", em The Soul oteca do bairro.
in Cyberspace (G rand Rapids, M ich.: 21 Brad Lemley, "My D inner with
Baker Book House, 19 9 7 ), pp. 105-20. Andy", New Age Journal, dezem bro de
Depois tam bém de Eugene Taylor re 1995, pp. 66. Os livros de Weil real
lata que o uso de drogas que alteram a çando a saúde incluem Health and He
m ente recentem ente apresentou um aling: Understanding Conventional and
ressurgimento. ("Psychedelics: The Se Alternative M edicine (B o sto n : H ou
cond Com ing", Psychology Today, julho/ ghton M ifflin, 19 8 3 ), Natural Health,
agosto de 1996, pp. 56 -5 9 , 8 4 ). Não Natural Medicine: A Comprehensive M a
ficou claro se este ressurgim ento do nual for Wellness and Self-Care (Boston:
uso das drogas tem suas conexões com Houghton Mifflin, 1990) e Spontaneous
a m entalidade da Nova Era ou se é pri Healing: How to Discover and Embrace
m ariam ente recreativo. Your Body's Natural Ability to Maintain
' 9 Andrew Weil, The Natural Mind: and Heal Itself (Nova York: Alfred A.
O U N I V E R S O A O L A D O
27O
c-MTTJi.o 8: A N ova E ra
Cantoix»8: A Nova E ra
ter, 1971) [V iagem a M an , trad. Luzia Silence, Castaneda defende: "Meus livros
M achado da Costa, 8 a ed. (R io de Ja são verdadeiros relatos de um método
neiro: Record, 1 983)]; Tales o f Power de ensino que Juan Matus, um índio fei
(Nova York: Sim on & Schuster, 1973) ticeiro mexicano, usou a fim de ajudar-
[Portas para o Infinito, trad. Luzia Ma me a entender o mundo dos feiticeiros"
chado da Costa, 7 a ed. (R io de Janei (p. 8). Castaneda, sempre esquivo, que
ro: Record, 1 9 8 4 )]; The Eagle's Gift bra o silêncio numa entrevista a Keith
(Nova York: Pocket, 1982) [O Presen Thompson no New Age Journal, abril de
te da Águia, trad. Vera Maria What- 1994, pp. 66-71, 152-56. Aqui, mais
ely, 2 a ed. (R io de Janeiro: Record, uma vez ele defende seu trabalho como
1 9 8 3 )]; The Fire From Within (Nova antropólogo-participante, mas durante
York: Simon & Schuster, 1983) [O Fogo a entrevista faz comentários que levan
Interior, trad. Antonio Trânsito, 8 a ed. tam mais questões do que respostas.
(Rio de Janeiro: Record, 2 0 0 0 )]; The 26 Capra, The Tao o f Physics, e cap.
Power o f Silence (Nova York: Sim on & 3 em The Turning Point; e Gary Zukav,
Schuster, 1987) [O P oder do Silêncio: The Dancing Wu Li Masters (Nova York:
Novos Ensinam entos d e Don Ju an /C ar- Bantam, 1980) [A D an ça dos Mestres
los C astaneda, trad, de Antonio Trân Wu Li: um a visão geral d a nova Física,
sito, 10a tir. (Rio de Janeiro: Record, trad. ECE - Editora de Cultura Espi
19 9 9 )]; e The Art o f Dreaming (Nova ritual (São Paulo: ECE, 1989)]. Veja
York: Harper Perennial, 1993) [A Arte Stephen Weinberg, "So k al's H oax",
d e Sonhar, trad. Alves Calado, 2 a ed. Nova York Review o f Books, 8 de agosto
(R io de Janeiro: Record, 1994)]. Os de 1996, pp. 11-15, e Victor J. Stenger,
mais recentes destes livros, em bora "New Age Physics: Has Science Found
ocasionalm ente apareçam nas listas the Path to the Ultimate?" Free Inquiry,
dos mais vendidos, não tiveram o mes verão de 1996, pp. 7-11, para uma crí
mo impacto que os três primeiros. tica de qualquer tentativa de elaborar
Não demorou muito para os leito implicações metafísicas de teorias físi
res se questionarem se Castaneda não cas tais com o a mecânica quântica; Ri
tinha criado o feiticeiro índio Yaqui, chard H. Bube, Putting It All Together:
Don Juan, fora da sua própria imagi Seven Patterns for Relating Science and
nação fértil; veja os vários pontos de the Christian Faith (Lanham, Md.: Uni
vista expressos pela crítica tais com o versity Press o f America, 1995), pp.
Joyce Carol Oates, numa antologia de 150-62; e Nancy R. Pearcey e Charles B.
Daniel C. Noel, ed., Seeing Castaneda Thaxton, The Soul o f Science: Christian
(Nova York: Putnam 's Sons, 1976). Faith and Natural Philosophy (Wheaton,
Richard De Mille pode levar o crédito 111.: Crossway, 1994), pp. 189-219.
do desmascaramento convincente da 27 Veja, por exemplo, a especula
personagem ficcional dos livros de ção de Thom as sobre o que acontece à
Castaneda; veja seu Castaneda s Journey: consciência humana na morte em The
The Power and the Allegory (Santa Bar Lives o f a Cell (Nova York: Bantam,
bara, Calif.: Capra, 1976). No entan 1975), pp. 60-61. Sua freqüente m en
to, no prefácio do livro The Power o f ção à hipótese Gaia — a idéia de que a
l
O U N I V E R S O A O L A D O
272
273
Capîtcï/) 8: A Nova E ra
40 Veja, por exem plo, The Natural dicação de que estão no cam inho cer
Mind, de Weil, em The Nova York Times to — escolhendo o m elhor dos dois
Book Review, 15 de outubro de 1972, mundos. )á observamos a tendência ao
pp. 2 7 -2 9 . Revisões críticas dos traba sincretism o do O riente no capítulo 7.
lhos de Castaneda form am um a legião. 45 E u g en e N id a e W illia m A.
Veja a reportagem de capa da revista Smalley, Introducing Animism (Nova
Time de 5 de março de 1973, pp. 36- York: Friendship Press, 19 5 9 ), p. 50.
45. Várias outras análises abrangentes Este breve panfleto é um m arcante re
do m ovim ento com o um todo volta positório de inform ação sobre o m o
do à nova consciência merecem espe derno anim ism o pagão.
cial m enção por sua análise penetran 46 Roszak, W here the Wasteland
te: Os G uinness, The Dust o f Death Ends, p. xv.
(W heaton, 111.: Crossway, 19 9 4 ), caps. 47 O estudo de Robert Bellah so
6-8; R. C. Zaehner, Zen, Drugs and Mys bre o individualism o na América ilu
ticism (Nova York: Vintage, 1 9 7 4 ); Sa m ina uma das maiores forças por trás
muel McCracken, "The Drugs o f Habit da ênfase da Nova Era sobre o eu com o
and the Drugs o f Belief", Commentary, a m ola mestra da realidade. Veja Ro
ju nho de 1971, pp. 4 3 -5 2 ; Marcia Co- bert Bellah e outros, Habits o f the Heart
vell, "Visions o f a New Religion", Sa (Nova York: Harper & Row, 1985).
turday Review, 19 de dezembro de 1970; 48 Lilly, Center o f the Cyclone, p.
e Richard King, "The Eros Ethos: Cult 210.
in the Counterculture", Psychology To 49 Ibid., p. 110.
day, agosto de 1972, pp. 3 5 -3 7 , 66-70. 50 Ibid., p. 51; itálicos de Lilly. Lau
41 Thom pson, Passages About Ear rence LeShan é m ais m odesto. Ele es
th, p. 124. creve ( The Medium, the Mystic and the
42 John Lilly cham a o cérebro de Physicist [N ova York: V ikin g Press,
"biocom pu tor" e o hom em um "b o 1 9 7 4 ], p. 1 5 5 ) a respeito da form a
nito m ecanism o", decepcionan do o com o a ciência pós-einsteniana vê a
com panheiro entusiasta da nova cons realidade: "dentro desta visão, o h o
ciência R. D. Laing (Lilly, Center o f the m em não apenas descobre a realida
Cyclone, pp. 4, 17, 29 ). de; dentro dos limites, ele a inventa".
43 Capra, The Tao o f Physics, e cap. 51 MacLaine, It s All in the Playing,
3 do The Turning Point; Zukav, A Dança p. 192; veja tam bém Jean Houston, The
dos Mestres Wu Li, 1 9 8 0 ; M acLaine, Search for the Beloved (Los Angeles:
Dancing the Light, pp. 3 2 3 -2 4 , 3 2 9 e leremey P. Tarcher, 19 8 7 ), pp. 25-26.
351-53. A form a casual com o MacLaine, H ous
44 Weil, The Natural Mind, caps. 6 ton e outros usam a linguagem e u s o u
Capítuií, 8: A N o w E ra
275
C apítulo 8: A NOVA E ra
276
Capitulo 8: A NOVA E râ
75 Lilly, Center o f the Cyclone, pp. entífica das características dos estados
27, 38, 5 5 -5 7 , 90-91 e 199. a lte r a d o s d e c o n s c iê n c ia , v e ja
76 M acLaine dem onstra isto em Arnold M. Ludwig, "Altered States o f
It's All in the Playing, pp. 191-93. C onsciou sness", em Altered States o f
77 Veja esquem a de Lilly ( Center Consciousness: A Book o f Readings, ed.
o f the Cyclone, pp. 1 4 8-49), detalhan Charles Tart (Nova York: John Willey
do e descrevendo seus vários níveis de & Sons, 1 9 6 9 ), pp. 9-22.
consciência G urdjieff e Taim ni e suas 82 Veja pp. 128-30.
classificações. 83 MacLaine, Dancing in the Light,
78 Richard Maurice Bucke, Cosmic pp. 202-3, 2 4 2 -4 3 , 2 4 8 -4 9 , 269, 341-
Consciousness: A Study in the Evolution 42, 3 4 5 , 351, 3 6 3 -6 4 , 3 8 3 ; e It's All in
o f the Human Mind (1901; reimpressão the Playing, pp. 173-75.
Nova York: Penguin, 1991), p. 3 [Cons 84 James, Varieties o f Religious Ex
ciência Cósmica: estudo da evolução da perience, p. 3 0 6 ; Thom pson, Passages
mente hum ana, trad. Ana M aria B ue About Earth, pp. 29, 82; Wilber, A Brief
no M oreno (R io de Jan eiro : Renes, History o f Everything, pp. 189, 233, 235.
1 9 8 2 )], com o citado em lames, Varie Lilly, Center o f the Cyclone, pp. 20, 171,
ties o f Religious Experience, p. 306. Bu 180; Huxley, Doors o f Perception, p. 39.
cke tam bém m enciona "um apressa- Wilber, por exem plo, diz que o mais
m ento do senso m oral", mas isto é in- evoluído é o m elhor: "A Intuição de
com um , com o veremos abaixo. Base M oral é proteger e prom over a
79 Mais uma vez, veja os vários ní m aior profundidade para a m aior ex
veis de Lilly ( Center o f the Cyclone, pp. tensão" (A B rief History o f Everything,
14 8 -4 9 ). p. 3 3 5 ). O mal é possível tanto quan
80 MacLaine, Dancing in the Light, to "querem os ser íntegros [ter direitos)
p. 3 5 0 ; itálico seus. lean H ouston teve sem ser um a parte de alguma coisa [ter
esta experiência aos seis anos de ida responsabilidade]" (ibid., p. 3 3 3 ).
de: "É com o se parecesse que eu co 85 Aldous Huxley, Doors o f Percep
nhecia tudo, com o se eu fosse tudo" tion, p. 55; veja tam bém pp. 51, 54-58,
( Godseed; The Journey o f Christ [W hea 133-40.
ton, 111.: Quest, 1992], p. xvii). 86 Ibid., p. 54.
81 Ferguson, The Brain Revolution, 87 Lilly, Center o f the Cyclone, pp.
p. 60. Veja tam bém as descrições em 2 4 -2 5 , 3 3 , 8 8 -9 0 , 169; e Castaneda,
Lilly, caps. 11-18; James, Varieties o f Re através de seus primeiros quatro livros.
ligious Experience, pp. 2 9 2 -3 2 8 ; LeShan, 88 MacLaine, It's All in the Playing,
The Medium, the Mystic and the Physi pp. 162-71.
cists, pp. 86-87, 250; Zaehner, Zen, Dru 89 Lilly, Center o f the Cyclone, p. 35;
gs and Mysticism, pp. 8 9 -9 4 ; W ilber, A Laura Huxley, This Timeless Moment,
Brief History o f Everything, pp. 156, 240; pp. 275-88; Weil, The Natural Mind, pp.
na prática, toda discussão de estados 83, 95.
alterados de consciência m encionam 90 Keen reconta a noção de Icha-
muitas, se não todas, daquelas carac zo da "queda" do hom em em "A C on
terísticas. Para uma abordagem mais ci versation...", p. 67.
N O T A S
277
Capítuui 8: A NüVÁ E ra
278
Capoxm.o 8: A N ova E ra
279
Ca p i t o o 9: PóS-MODERKISMO
28o
C afItolo 9: P Ó S -M O D E R M S M O
281
C.wniii) 9: PõS-MODERKISMO
282
B o n n y K lo m p S te v e n s e L arry L.
1992, p. 28. O ensaio de Him melfarb,
Stewart feita especialm ente para intro
que abrange história, lei, filo so fia e
duzir estudantes form andos no estu
cultura em geral, merece um a leitura
do literário é tam bém m uito valiosa;
com pleta (pp. 2 8 -3 6 ).
veja seu A Guide to Literary Criticism and
38 Ibid., p. 30.
Research, 3 a ed. (New York: Harcourt 39 Gertrude H im m elfarb, "W here
Brace College, 1 9 9 6 ). Tam bém tenho
Have All th e Foo tn o tes G o n e?" On
encontrado críticas e contracríticas au
Looking into the Abyss (New York: Al
xiliadoras da teoria literária pós-m o-
fred Knopf, 19 9 4 ).
dem a em numerosos artigos nos recen
40 Keith Jenkins, Re-thinking His
tes volum es do The Christian Scholar's
tory (Londres: Routledge, 1991), p. 70
Review e Christianity and Literature. Tam
(a últim a sentença no livro).
bém recom endo os seguintes livros, es
41 Para um a pesquisa destas ques
pecialm ente por sua útil análise: Cla
tões na filosofia da ciência, veja Del
rence W alhoute Leland Ryken, Contem
Ratzsch, Philosophy o f Science (Downers
porary Literary Theory: A Christian Ap
Grove, 111.: InterVarsity Press, 19 8 6 ).
praisal (G rand Rapids, M ich.: Eerd-
42 Lyotard, The Postmodems Con
mans, 1991); e W. J. T. Mitchell, Against
dition, p. 29.
Theory (Chicago: University o f C hica
43 N um a declaração certeira para
go Press, 1 9 8 5 ). Veja tam bém a critica
enfurecer filósofos e cientistas tradici
devastadora de John Ellis sobre Derri
onais, o crítico literário Terry Eagleton
da, Against Deconstruction (Princeton,
escreveu: "A ciência e a filosofia devem
N. J.: Princeton University Press, 1989).
desfazer-se de seus grandiloqüentes re
35 Karen J. W inkler pesquisou os
clam os m etafísicos e observar a si m es
avanços e recuos da teoria literária pós-
mas mais m odestam ente com o outro
modema em "Scholars Mark the Begin
c o n ju n to de narrativas" (citad o de
ning o f the Age of'Post-Theory"', The Chro
"Awakening M odernity", The Times Li
nicle o f Higher Education, 13 de outubro de
terary Supplement, 2 0 de fevereiro de
1993, p. A9. Veja também Frank Lentric-
1987, por Alister McGrath, A Passion
chia, "Last Will and Testament o f an Ex-
for Truth (Downers Grove, 111.: InterVar
Literary Critic", Lingua Franca, setembro/
sity Press, 1996), p. 187).
outubro de 1996, pp. 59-97.
44 O artigo original apareceu em
36 Em The Death o f Truth (M inne
Social Text, primavera/verão de 1996,
apolis: Bethany House, 1 9 9 6 ), Dennis
pp. 217-52; a revelação de Sokal do tro
McCallum colecionou uma série de en
te está em "A Physicist Experim ents
saios críticos sobre o pós-m odernism o
with Cultural Studies", Lingua Franca,
no tratam ento de saúde, literatura, edu
m a io /ju n h o de 1 9 9 6 , pp. 6 2 -6 4 ; O
cação, história, psicoterapia, lei, ciên
"Pósfacio" de Sokal explicando "seu
cia e religião, cada um escrito por um
próprio relato do significado político
especialista no assunto.
do debate", que foi enviado para Soci
37 Gertrude H im m elfarb, "Tradi
al Text ao m esm o tem po que seu arti
tion and Creativity in the W riting o f
go em Lingua Franca era rejeitado pe
H istory", First Things, novem bro de
lo s e d ito re s , fo i p u b lic a d o c o m o
N O T A S
283
Capim fl 9: PóS-MODERNISMO
284
1 Francis A. Schaeffer, The God God in the Dark (W heaton, 111.: Cros
Who Is There (Downers Grove, 111.: In- sway, 19 9 6 ).
terVarsity Press, 1 9 6 8 ), p. 88. 7 Veja, por exem plo, duas cole
2 Escrevo mais detalhadam ente ções de ensaios pessoais de filósofos
sobre por que alguém escolheria uma q u e s ã o a b e r ta m e n te c r is tã o s :
cosmovisão sobre outra em Why Should Kelly James Clark, ed., Philosophers Who
Anyone Believe Anything at All? ( Downers Believe (Downers Grove, 111.: InterVar
Grove, 111.: InterVarsity Press, 1994). sity Press, 1 9 9 3 ); e Thom as V. Morris,
3 Keith Yandell, "Religious Expe ed., God and the Philosophers (New York:
rience and Rational Appraisal", Reli Oxford University Press, 19 9 4 ).
gious Studies, ju n h o de 1974, p. 185. 8 G e ra rd M a n le y H o p k in s ,
4 Cada form ulação de cada cos "G o d 's Grandeur", in The Poems o f Ge
movisão deve ser considerada em seus rard Manley Hopkins, 4 a ed., eds. W.
próprios m éritos, é claro. Mas para H. Gardner e N. H. M acKenzie (New
cada uma das cosm ovisões tenho co n York: Oxford University Press, 1 9 6 7 ),
siderado e ponderado e descoberto que p. 66.
nenhum a form ulação deixa de conter 9 O Novo Testam ento é o texto
problem as de inconsistência. primário para o teísmo cristão, mas tam
5 Veja, por exemplo, Romanos 1:28. bém recomendo John R. W. Stott, Basic
6 Para um levantamento com ple Christianity, ed. rev. (Downers Grove, 111.:
to da natureza da dúvida e sua contri InterVarsity Press, 1973), e J. I. Parker,
buição para a form ulação de um a cos Knowing God, ed. rev. (Downers Grove,
movisão adequada, veja Os Guinness, 111: InterVarsity Press, 1993).
Aa Bohr, Niels 252
Acupuntura 1 7 1 ,1 7 3 ,2 6 1 bolas de cristal 193
Adams, Douglas 93, 95, 113, 251 Borgmann, Albert 273
Advaita Vedanta 148 Bradley, Walter L. 24 9
Age, New Journal 2 6 2 Brama 148, 151-155, 161-163, 174, 176
Agostinho 20, 36 178, 182, 188
Al Capone 201 Bray, Gerald 2 5 6
Albrecht, Mark 271 Brehier, Emile 56, 59, 2 4 5 , 2 4 7
Allen, Diogenes 2 2 5 , 27 7 Brierly, John 2 4 7
alma, imortalidade da 158 Broad, C. D. 182
alma, transmigração da 162 Brodie, John, 26 6
anim ism o 175, 176, 177, 193, 201, 232 Bromiley, Geoffrey W. 244
animistas 177 Bronowski, J. 52, 24 5
Ann Arbor 2 4 4 Brown, W illiam E. 243
Aquino, Tomás de 20, 39, 213, 2 7 4 Brunner, Emil 131
Aristoteles 20 Brushaber, George 250
Arnold, Matthew 139, 140, 2 5 7 Bube, Richard H. 250, 251, 2 6 5 , 2 7 2
Ashrama, Advaita 259 Buber, Martin 133, 1 3 4 ,1 3 6 ,2 5 6
Atkinson, Alan 262 Bucke, Richard Maurice 187, 189, 270
Atma 148, 152-155, 158, 162, 163, 176, Buda 162, 170
177, 178, 182, 188 budism o 147, 161
Audi, Robert 273 budism o, zen 258, 259
Avron, Jerry 262 budistas 187
Ayer, A. J. 72, 248 Building, Federal 125
Bultmann, Rudolf 140, 141, 2 5 7
Burnham, Fredric B. 27 3
Bb
Bacon, Francis 52, 112, 218
Barrett, W illiam 69, 248 Cc
Barth, Karl 131, 140-142 C., Mark Taylor 225
Baskin, Wade 245, 2 4 7 Cabanis 120
Baudelaire 58 Cabanis, Pierre Jean Georges 69
Becker, Emest 2 5 8 Cage, John 113
Beckett, Samuel 93, 94, 112,113 Calendário Maia 168
Behe, M ichael 249 Calvino 20, 140
Beiner, Ronald 275 Calvino, João 79
Bellah, Robert 26 7 Camus 20, 118, 129, 133
Bellow, Saul 245 Camus, Albert
Bennington, G eoff 273 117, 118, 125, 126, 142, 215, 255
Bergman, Ingmar 108, 112 canalizadores 174
Bergson 182 Caplan, Arthur L. 253
Bernstein, Leonard 233 Capon, Robert Farrar 105, 2 5 3
Best, Steven 27 3 Capra 265, 26 7
Birdsall, J. N. 2 4 4 Capra, Fritjof 168, 172, 175, 26 0
Blackham, H. J. 130, 25 6 carma 156, 157, 163
Blake, W illiam 177 Cam ell, Edward John 140, 25 6 , 2 5 7
Blattner, Barbara 26 6 Carr, Audrey 259
Bloesch, Donald 250, 25 6 Carson, Donald 257
Blomberg, Craig 257 cartas de taro 193
Bloom, Allan 250, 2 5 3 -2 5 5 Cassirer, Ernst 196, 271
Board, C. Stephen 255 Castaneda, Carlos 172, 177, 1 8 3 ,1 8 4 ,
Bogart, Humphrey 233 185, 189, 190, 26 4 , 265, 269, 270
O U N I V E R S O A O L A D O
288
289
29O
McMillan, Liz 277 211, 214, 215, 216, 220, 227, 228,
McPherson, Tom 191 229, 251, 2 5 4 , 255, 273, 274, 27 7
mecânica quântica 2 5 2 , 253 niilism o 19, 130, 142, 145, 146, 162,
Medawar, Peter 52, 24 5 199, 2 3 2 , 2 3 4 , 2 3 8
m edicina holística 266 niilism o epistem ológico 204
M editação Transcendental 147, 164, 167 niilism o naturalista 205
m eio excludente 2 3 5 niilism o panteísta 205
Menninga, Clarence 2 4 9 niilista 167
Mente Ampla 181, 182, 183, 184, 185, Nirvana 164, 187
193, 204 Nostrand, D. Van 245
metanarrativa 216, 218, 219, 2 2 7 nova consciência 176, 177, 182, 187,
Mettrie, Julien Offray de La 66, 6?/ 76, 192, 194, 197, 198, 200, 201
2 4 6 , 247, 249 Nova Era 19, 61, 168, 169, 170, 171, 172,
Mezan, Peter 272 173, 174, 175, 177, 178, 179, 180,
Michael W hite 24 6 182, 186, 189, 190, 191, 192, 193,
Michelmore, P. 2 5 4 199, 200, 201, 204, 205, 214, 223,
M iddleton, J. Richard 2 2 5 , 243, 2 3 3 , 2 3 8 , 2 6 0 , 261, 2 6 2 , 2 6 3 , 264,
273, 277 2 6 6 , 2 6 7 , 271, 274
Mille, Richard De 265 Novo H omem 169
Millet, Kate 222 Novo Testam ento 203
M ilton, John 50, 79, 245 Novos Críticos 222
m isticism o oriental 19, 167
Mitcham, Carl 248
Miura, Issu 2 6 0 Oo
m odernism o 2 2 5 , 22 8 Oates, Joyce Carol 265
Moisés 30, 217 Oden, Thom as C 2 2 5 , 2 7 7
M olière 20 O kholm , Dennis L. 2 7 7
m onism o hindu 161 O klahom a 125
m onism o panteísta oriental 148, 200, Oliver, Joan Duncan 261
2 3 3 , 235, 238 Olsen, Roger 24 9
m onism o pateísta oriental 23 8 Ouija, jogadores de 201
M onod, Jacques 74, 99, 100, 249, 251 Ouija, tábuas 193
M oody Jr, Raymond J. 191, 271 Owen, H. P. 24 4
Moore, Charles A. 2 5 8
Moreland, J. P. 249
Morris, Thom as V. 244, 278 pp
Mouw, Richard 243 Packer, J. I. 250
Murphy, Michael 2 6 6 Paley 2 4 6
Myocho 259 panteísm o 2 5 8
panteísm o oriental 175
Paramahamsa, Sri Ramakrishna 147
Nn Pascal 35
Nagel, Ernest 70, 72, 247, 2 4 8 Pater, Walter 233
naturalismo 9, 145, 152, 167, 169, 172, Pauli, W 252
175, 178, 200, 212, 220, 2 2 8 , 229, Paulo, apóstolo 20, 38, 203, 253
2 3 2 , 2 3 3 , 235, 2 3 6 , 23 8 Pearcey, Nancy 252
naturalismo otim ista 2 2 6 Pearcey, Nancy R. 244, 26 6
Neill, Stephen 256, 2 5 8 Perfeito, Mestre 150
Newman, Margaret A. 266, 26 8 Peters, Ted 2 6 0
Nida, Eugene 267 Peterson, Houston 2 4 7
Niebuhr, Reinhold 131, 140, 2 5 6 Phillips, Tim othy R. 277
Nietzsche, Friedrich 20, 96, 113, 139, 209, Phillips, W. Gary 243
O U N I V E R S O A O L A D O
292
sociedade pluralista.
requisitado em colégios e
Anything at All?
b a t a l h a p a ra d e s c o b r i r nossa p r ó p r i a f é f nossa p r ó p r ia
cosm ovisão, nossas crenças sobre a r e a lid a d e é o te m a deste
livro. F o r m a lm e n t e d e c la r a d o s , seus p ro p ó sito s são:
1) e s b o ç a r as c o s m o v i s õ e s b á s ic a s q u e
est ã o por trá s do m o d o pelo qual nós, no
m u n d o o c i d e n t a l , p e n s a m o s so b r e nós
mesm os, o u tras pessoas, o m u n d o n atu ra l
e Deus ou r e a li d a d e fin a l;
2) t r a ç a r h i s t o r i c a m e n t e c o m o e s s a s c o s m o v i s õ e s se
d e s e n v o l v e r a m d e s d e o d e c l í n i o da c o s m o v i s ã o t e í s t a ,
t r a n s it a n d o , por sua vez, para o deísm o , o n a t u ra lis m o , o
n iilism o, o ex iste n c ia lism o , o m isticism o o rie n ta l e a nova
c o n sciê n cia da Nova Era;
3) m o s t r a r c o m o o p ó s - m o d e r n i s m o provocou uma
r e v ira v o lta nessas c o sm o visõ es; e
4) e n c o ra ja r - n o s a p e n sa r em t e rm o s de co sm o visões, isto
é, com co n sciê n cia n ão a p e n a s do nosso m o d o de pensar,
mas t a m b é m do m o d o de p e n sa r das o u t r a s pessoas, para
q u e p o s s a m o s p r i m e i r o e n t e n d e r os o u t r o s e, e n t ã o ,
e s t a b e l e c e r um a c o m u n ic a ç ã o e f ic a z em nossa s o c ie d a d e
p lu r a lista .
ISB N 8 5 -8 5 2 2 1 -0 8 -9
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