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CONTRATUALISMO X LIBERALISMO X EMPIRISMO

Três movimentos dos quais Locke foi também propulsor na idade


moderna. O Contratualismo prega o surgimento do Estado a partir de um
contrato no qual todos homens consentiram na sobreposição de um poder
estatal através do qual a ordem e a paz entre si passou a ser mantida e
garantida pelo referido poder.

Aristóteles atribui a origem de tal termo da Filosofia de um dos


discípulos de Górgias, Licrofon, que dizia ser a lei uma “pura convenção e
garantia de direitos mútuos.” (ABAGNANO, 1982, p.1 91)

O Contratualismo ressurge na Idade Moderna principalmente com


Hobbes e Locke, após reiterada ênfase à Legitimidade Divina na era Medieval
reforçada pelos Patrísticos e Escolásticos.

Sobre o Liberalismo, movimento que teve como “eixo principal o


desenvolvimento da liberdade pessoal e do progresso da
sociedade”(ENCARTA 2001), Locke, como será estudado neste curso, foi um
de seus grandes propulsores na era moderna, à medida que a realização de
um contrato entre todos indivíduos, dá ensejo ao direito destes requisitarem e
fiscalizarem o poder estatal.

Quanto ao Empirismo, temos suas bases em Aristóteles, que em sua


obra “Metafísica” reza que conhecemos através das experiências que temos, e
que os olhos são a principal porta de entrada das experiências: “… Nós
preferimos o ver, em certo sentido, a todas outras sensações [...] a visão nos
proporciona mais conhecimentos do que todas as outras sensações..
.”(ARISTÓTELES, 2001, 980ª).

Locke com seu Ensaio Acerca do Entendimento Humano, volta a


ressaltar a aludida assertiva, explicitando no decorrer dos capítulos, as formas
e modos de conhecimento empírico, fazendo a famosa menção à “tábula
rasa”, ao sustentar que nascemos sem conhecimento algum (inato).
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.
VIDA E OBRA DE JOHN LOCKE( 1632-1 704)

Nascido em 29 de agosto de 1632 (mesmo ano do nascimento de Baruch


Spinoza) na cidade de Wrington, nas proximidades de Bristol no sudoeste da
Inglaterra, e filho de burgueses comerciantes, Locke vivenciou um momento
bastante conturbado dentro da organização político – econômica de seu país,
marcada pela revolução gloriosa, ocorrida, entre 1688 e 1689 na Grã-Bretanha,
na qual foi deposto

o rei Jaime II, em favor de sua filha Maria II e seu marido Guilherme III,
príncipe de Orange, responsável pela transformação da monarquia absoluta
dos Stuart numa monarquia constitucional e parlamentar, o que foi fator
imprescindível na formação da sua doutrina, haja visto a indispensável
participação e influencias de Locke no desenrolar da mesma.

Formação Acadêmica:

Estudou em Westminister School, transferindo-se em 1652 para Christ Church


College de Oxford, instituição à qual esteve ligado até fins de 1684, como
associado,

e formou-se “ M a s t e r of Arts” em 1658, após bacharelar-se em artes no ano


de 1656.

Principais influências recebidas:

 John Owen (161 6-1683) - importância da tolerância religiosa.

 René Descartes (1596 – 1650)- Racionalismo e antropocentrismo.


Partiu para o ramo da medicina, o qual foi muitíssimo importante para tecer
de sua teia de relações políticas.

Tornou-se medico particular de Antony Ashley Cooper (1621 – 1683),


influente Lorde articulador inglês, o que o levou a se ingressar na convivência
com os grandes círculos intelectuais e políticos de sua época, além de
despertar por vez seus dotes políticos, e filosóficos, por ter-se aliado junto ao
lorde (pouco depois conde de Shaftesbury), em defesa de interesses do
parlamento, fortalecido pela ascensão burguesa, e contrario ao absolutismo
reinante através do Rei Carlos II, sucedido pelo irmão Jaime.
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.

Foi politicamente perseguido, e tendo que se exilar na Holanda, (1682)


onde havia liberdade de expressão, Locke pôde trabalhar bastante, questões
referentes ao seu viés liberal, através da publicação de artigos em jornais e
periódicos, retornando à Inglaterra sé em 1689 com a ascensão de Guilherme
de Orange ao trono, graças à outorga do poder dada a este pela câmara dos
comuns. Após esta data que Locke teve divulgadas e publicadas suas
principais obras, passando a ter o devido reconhecimento:

>Primeiro e segundo tratados sobre o governo civil (1690):


Combate a tese do cientista político sir. Robert Filmer, proposta na obra “O
Patriarca” (1680 – publicada após a sua morte), na qual defende de forma
convicta o absolutismo, que segundo ele, remontava suas origens e poder em
Adão e Eva. Locke em contrapartida, afirmou a origem popular e consensual
dos governos: “Adão não tinha, seja por direito natural de paternidade ou por
doação positiva de Deus, autoridade de qualquer natureza ou domínio sobre o
mundo, [...] se os tivesse, nenhum direito a eles, contudo, teriam seus
herdeiros.” (LOCKE, 1978, p. 33). Em seu segundo tratado, expõe sua teoria
do Pacto Social e defende o liberalismo, buscando derrubar de forma definitivo
o inatismo absolutista de Filmer.

>Ensaio acerca do Entendimento humano (1690): Na


mencionada obra, Locke leva à tona sua teoria da razão empírica (adquirida
através das experiências), em contrapartida ao racionalismo de Descartes e
Cudworth que pregavam a existência de idéias inatas (que nascem conosco).
Segundo Locke, nosso conhecimento é formado por idéias simples (sensação
e reflexão), e complexas, que ocorrem de acordo com o desenvolvimento de
nossa “percepção”. “Aos poucos vamos „amarrando‟ muitas impressões
sensoriais e formando conceitos“ (GAARDER, 1998, P. 283).

>Carta acerca da tolerância (1689): Prega a liberdade religiosa e a


ruptura Estado/religião para a boa gestão estatal: “Não cabe ao magistrado civil
o cuidado com as almas (…) isso não lhe foi outorgado por Deus.” (Locke,
1978, p.5).

>Pensamentos sobre a Educação (1693): Nesta, Locke aplica sua


teoria empírica do conhecimento aos problemas do ensino, sustentando que as
crianças são totalmente maleáveis: “pode-se levar, facilmente, as almas das
crianças numa ou noutra direção, como a própria água.”

A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos


originais.

Pedro H. S. Pereira.
Até a morte em outubro de 1.704, Locke exerceu cargos de comissão de
recursos e de Câmara de comércio, abandonando-os já por volta de 1.700,
quando resolveu por se “aposentar” dedicando-se a vida filosófica e
contemplativa .
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.

RESENHA CRÍTICA DO “SEGUNDO TRATADO SOBRE


O
GOVERNO CIVIL”

CAPÍTULO I

Locke volta a refutar no primeiro capítulo de seu tratado, as teses do


filosofo Sir Robert Filmer (1588 – 1653), defensor assíduo do Absolutismo,
alicerçado em bases divinas. Como havia exposto no primeiro tratado, Adão
não tinha em qualquer hipótese ou por direito, ou por doação divina, a
autoridade sobre seus filhos e sobre o mundo, e se o teve, isso é impossível
de se estender e determinar até a atualidade, o que leva Locke à busca de
reiterado entendimento da legitimidade do domínio e poder de determinados
indivíduos sobre outros.

Assim, Locke define um de seus conceitos-chave, que é o de poder


político, que seria o “direito de fazer leis com pena de morte e,
conseqüentemente, todas as penalidades menores para regular e preservar a
propriedade, e de empregar a força da comunidade na execução de tais leis e
na defesa da comunidade de dano exterior; e tudo isso tão-só em prol do bem
público”. (Locke, 1978, p. 34)

CAPÍTULO II – DO ESTADO DE NATUREZA

Para se entender o poder político e suas origens, Locke nos diz que
devemos saber como convivem os homens em seu estado de natureza, ou
seja, do modo em que se achariam naturalmente sem nenhum tipo de
subordinação estatal, estado no qual ninguém se obriga para com outro ou se
subordina, havendo apenas uma mutualidade de inter-relações, como nos
explica ao citar Richard Hooker, teólogo inglês defensor da igualdade natural
dos homens: “Oferecer-lhe [ao próximo] algo que lhe repugne ao desejo deve
necessariamente afligi-lo em todos os sentidos tanto quanto a mim; de sorte
que, se pratico o mal, devo esperar por sofrimento…”(LOCKE, 1978, p.35)

Pelas premissas de Hooker, Locke nos afirma novamente a assertiva de


que no estado de natureza todos são iguais e providos das mesmas
faculdades, subordinados apenas a Deus: . . .”nenhum deles [homens] deve
prejudicar a outrem na vida, na saúde, na liberdade ou nas posses, [...] [todos]
são propriedade

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Pedro H. S. Pereira.

d‟Aquele que os fez, destinados a durar enquanto a ele aprouver e não uns
aos outros, e sendo todos providos de faculdades iguais [...] não há a
possibilidade de supor-se qualquer subordinação entre os homens. ( I d e m ,
p.36)

Dentro da perspectiva do estado de natureza, Locke reconhece o


direito de qualquer um castigar a transgressão e perturbação de sua
tranqüilidade por outrem, no intuito de cessar a violação de sua paz na
medida em que esta foi infringida, o que é direito coletivo, haja vista a
inexistência de superioridade ou jurisdição de uns sobre os outros.

Percebe-se a ligação da mencionada faculdade à lei de Talião, ou da


“infricção a uma pessoa do mesmo dano que haja causado a
outrem.”(HOUSSAIS, 2001), e temos a confirmação dessa similaridade na
referência de Locke ao talionato, quando diz que “todos têm direito de
castigar o ofensor, tornando-se executores da lei da natureza.”
(LOCKE,1978, p.37)

Deixando-nos alguns princípios assimilados posteriormente no direito


Penal e Civil, Locke nos ensina que além do castigo à transgressão
cometida, o sujeito passivo (vítima) tem também o direito particular de buscar
a reparação dos danos sofridos por parte de quem os causou (CC art. 402-
material / 953- moral / CP- art. 91,I ), apropriando-se de seus bens (art. 942
CC) no fim de ser ressarcido e impedir que o infrator repita o delito. Notam-se
algumas das bases sobre as quais o italiano Cesare Beccaria se sustentou
em sua obra “Dos Delitos e das Penas”(1764), na qual faz menção às
faculdades acima mencionadas por Locke, ao sustentar que a pena deve
também focar-se nesse ressarcimento do dano causado, na punição e
conscientização da ilicitude do ato por parte do transgressor. (BECCARIA,
2004)

Por fim Locke critica o Absolutismo ao sustentar ser melhor viver em


estado de natureza, no qual o homem se subordina somente a si, a viver
sobre o domínio de um monarca com o poder centralizado em si e que
manda nos outros da maneira que melhor lhe aprouver, o que não concretiza
um pacto no qual lhe é outorgado o poder, pois como diz Locke: “todos os
homens estão naturalmente naquele estado [de natureza] e nele
permanecem, até que, pelo próprio consentimento, se tornem membros de
alguma sociedade política.”( LOCKE, 1978, p.39.)

CAPÍTULO III – DO ESTADO DE GUERRRA


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Pedro H. S. Pereira.

Este é um estado de inimizade e destruição advindo de


desentendimento de indivíduos no estado de natureza que declaram guerra
entre si, podendo contar com o auxílio de terceiros que queiram vir se juntar à
causa. Locke reconhece essa possibilidade ao afirmar que temos o direito de
declarar guerra àquele que me a declara, como o permite a lei natural, por não
se restringir a qualquer tipo de convenção.

Desta forma Locke afirma que a tentativa de dominação ou


escravização é algo que dá ensejo ao estado de guerra, uma vez que no
estado de natureza todos são livres: “aquele que tenta colocar a outrem sob
poder absoluto põe-se em estado de guerra com ele…” (LOCKE, 1978,p.40)

Em seguida Locke faz a diferenciação entre estado de natureza e


estado de guerra (algo inexistente na concepção hobbesiana, na qual os dois
são praticamente os mesmos). O primeiro ocorre quando os homens vivem
entre si em gozo de suas liberdades sem maiores problemas: “quando os
homens vivem juntos conforme a razão, sem um superior na Terra que possua
autoridade para julgar entre eles, verifica-se propriamente o estado de
natureza.” (LOCKE, 1978, p.41)

Logo, o ato de se infringir as mencionadas prerrogativas quando em


vivência no estado natural, àquele que teve seu patrimônio dilapidado, cabe o
direito de declarar guerra a seu agressor, devido à inexistência de quaisquer
órgãos reguladores das atipicidades cometidas, o que não ocorre quando da
existência de um pacto social que garanta a resolução do conflito de modo
equânime, e isso que deve ser buscado pelos indivíduos para que o estado de
guerra pereça de forma definitiva.

CAPÍTULO IV – DA ESCRAVIDÃO

Para Locke, “a liberdade natural do homem consiste em estar livre de


qualquer poder superior na Terra ,e não sob a vontade ou autoridade
legislativa do homem, tendo somente a lei da natureza como regra”. (LOCKE,
1978, p.43) Assim,´podemos dizer que também no estado social, o homem
deve se subordinar somente àquele poder cujo consensualmente anuiu,
estando livre para fazer tudo o que não é defeso por tal poder, princípio de
nosso Direito Constitucional “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei” (CR, art. 5º II)
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Pedro H. S. Pereira.

Em relação à escravidão, é mais do que clara a repulsa de Locke a tal


modo de domínio, gerador de infinitos conflitos e ninharias. Para ele, só existe
uma possibilidade do mencionado m o d u s v i v e n d i : os casos em que a pessoa
perde o seu direito à vida. Podemos ter o exemplo de um cidadão que
cometeu alguma falta gravíssima passível de pena de morte, casos em que
Locke, reconhece a possibilidade de escravização: “aquele a quem a
entregou [a vida] pode, quando o tem entre as mãos, demorar em tomá-la,
empregando-o em seu próprio serviço”…(LOCKE, 1978,p.43)

CAPÍTULO V – DA PROPRIEDADE

Locke considera em seguimento ao Gênesis, que Deus deu a Terra


aos homens em comum, para que estes se utilizassem desta para a
subsistência e conveniência. “Embora a terra e todas as criaturas inferiores
sejam comuns a todos os homens, cada homem tem uma propriedade em sua
própria pessoa; a esta ninguém tem qualquer direito senão ele mesmo.”
(LOCKE, 1978, p.45) Note-se que Maquiavel anteriormente a Locke nos
deixou ensinamentos neste sentido, ao dizer no cap. XIX de sua obra “O
Príncipe” que para que não seja odiado por seus súditos, o Príncipe jamais
deve usurpar os bens e patrimônio destes: “quando os súditos têm seu
patrimônio e honra respeitados, vivem geralmente satisfeitos”. (MAQU IAVE
L, 2004,p. 110)

Em continuidade, Locke nos diz que aquele espaço ao qual o indivíduo


incorporou para si através do trabalho é de sua propriedade exclusiva e não
lhe pode ser contestada (salvo problemas de escassez), pois se
necessitássemos do consentimento de todos para apropriarmo-nos de uma
macieira, por exemplo, morreríamos de fome “É a tomada de qualquer parte
do que é comum com a remoção para fora do estado em que a natureza o
deixou que dá início à propriedade.” (LOCKE, 1978, p.46)

Assim o é também com a terra: “a extensão de terra que um homem


lavra, planta, melhora, cultiva, cujos produtos usa, constitui sua propriedade.”
(LOCKE, 1978, p.47)

Locke ressalta a importância do trabalho nesse sentido, ou seja, de


incorporação de maior propriedade, algo que foi demasiado crucial no âmbito
do protestantismo, que incorpora tal conduta à preceitualização divina: “
aquele que em obediência a esta ordem de Deus, dominou, lavrou e semeou
parte da terra,

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Pedro H. S. Pereira.

anexou-lhe por este meio algo que lhe pertença.. . ” ( I d e m ) Note-se que Max
Weber (1864-1920), em sua obra “A Ética protestante e o espírito do
Capitalismo” fez uma abordagem muito importante nesse sentido, ao afirmar
que a mencionada conduta (do trabalho como importante para a dignificação
do homem), foi muito importante no âmbito do desenvolvimento do Capitalismo,
à medida em que concorreu para o desenvolvimento econômico-social por ter o
trabalho como base importante em sua doutrina. (WEBER, 2004)

Quanto aos problemas relativos à escassez das terras, Locke considera


impossível tal contestação, pois o espaço dado por Deus a cada um dos
homens para usufruto é mais do que suficiente para sua satisfação, e no caso
de desacordo com qualquer outro homem, é passível de modificação, podendo
aquele que teve sua propriedade disposta a terceiro, trocá-la por outra tão quão
produtiva quanto a anterior.

Retornando à questão do trabalho, Locke nos chama a atenção não só


para o acúmulo de propriedade, mas também para a sua valorização: “. .
.considere qualquer um a diferença que existe entre um acre de terra plantado
[...] e um acre da mesma terra em comum sem qualquer cultura e verificará que
o melhoramento devido ao trabalho constitui a maior parte do valor respectivo.”
( I d e m , p.50) “A grande arte do governo consiste no aumento de terras e no
uso acertado delas”(I d e m , p.51)

Ao longo do tempo, com o crescimento populacional, a escassez passou


a ser iminente, o que culminou em pactos e leis fixando os limites dos
respectivos territórios, dando ênfase à legitimidade de sua posse.

Em seguida Locke nos explica o surgimento do dinheiro, advindo da


necessidade de se acumular bens sem o problema da fungibilidade, ou seja,
sem o perecimento de seus bens com o tempo. (Note-se que o processo se
iniciou com a permuta ou troca, que aos poucos foi sendo substituída pela
moeda – “as moedas fabricadas com uma liga de ouro e prata apareceram pela
primeira vez no século VI a.C. Tanto os monarcas como os aristocratas, as
cidades e as instituições começaram a cunhar moedas com seu sinete de
identificação para garantir a autenticidade do valor metálico da moeda.”
(ENCARTA 2001)
José Afonso da Silva em seu “Curso de Direito Constitucional
Positivo”,considera a propriedade como direito individual indispensável (p.180),
ao

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Pedro H. S. Pereira.

lado da vida, igualdade, liberdade e segurança, todos elencados no art. 5º de


nossa Carta Magna, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos, que
assim define em seu Inciso XXIII: “ a propriedade atenderá a sua função social”,
e em seu inciso XI que “a casa é asilo inviolável.”

Tais desígnios são pertinentes da primeira leva de direitos a


serem assegurados aos indivíduos ainda na idade Moderna (os quais J. J.
Canotilho define como “Direitos de Defasa do cidadão perante o Estado,”
considerando Locke o pai do individualismo possessivo, p.384; Moraes chama-
os de “Direitos da primeira Geração ou negativos”, sucedidos pelos sociais,
econômicos e culturais (2ª), e pelos de solidariedade ou fraternidade (3ª) p.27;)
com a declaração dos direitos do homem e cidadão pouco após o término da
Revolução Francesa, com a declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
que deveriam ser dispostas em quaisquer constituições que viessem a existir,
sendo substituída a p o s t e r i o r i , pela “Declaração Universal dos Direitos
Humanos” em 1948 pela assembléia das Nações Unidas.

CAPÍTULO VI – DO PÁTRIO PODER


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Pedro H. S. Pereira.

Locke critica a mencionada expressão, nos dizendo que pode nos


conduzir ao erro, pois parece atribuir totalmente ao pai o poder sobre os filhos,
quando na verdade sabemos o quão é imprescindível o poder exercido pelas
mães: “seria preferível chamar esse direito de „poder dos pais‟, para qualquer
obrigação que a natureza e o direito de geração impõem aos filhos,
subordinando-os com toda certeza por igual a ambas causas nela
concorrentes.”(LOCKE,1978, p.55)

Em continuidade, Locke nos fala de algo que faz algum diferencial


mesmo quando em estado de natureza: a experiência, que segundo ele,
através da idade ou a virtude ( v i r t ú em Maquiavel – Príncipe cap. XXV), pode
atribuir ao homem maior domínio sobre os demais, e isso é de nossa natureza
(inclusive da dos animais).

Os únicos passíveis de jurisdição, porém temporária, são os filhos, que


até atingirem a maturidade, são dependentes dos pais, assim como foram
Caim e Abel de Adão e Eva, sucessivamente: “. . .o poder que os pais têm
sobre os filhos resulta do dever que lhes incumbe – cuidar da progênie durante
o estado imperfeito da infância.”(LOCKE, 1978, p.56)

É só na maturidade (hoje a “maioridade” ocorre para nós aos 18 anos


conforme o art. 5º de nosso CC: “A menoridade civil cessa aos dezoito anos
completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida
civil.” Porém quando a maturidade chega, é uma incógnita…), um estado no
qual o jovem já dispõe do devido discernimento, que ele pode passar a gozar
de todas suas liberdades (Locke considerava ser nos aproximados 21 anos), e
não depende mais de seus pais ou tutores.

Em seguida Locke faz menção aos loucos e defeituosos que não


atingem o grau de razão em que teriam o necessário discernimento, ensinando
que estes jamais se libertam do governo dos pais, regra levada a cabo por
nosso Código Civil, que assim define em seu art. 3º II: “são absolutamente
incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil, os que por
enfermidade ou doença mental, não tiveram o necessário discernimento para a
prática desses atos.”

Após a maioridade, quando perde a jurisdição dos pais, o filho deve


manter sempre a honra e o respeito por ambos: “não há estado ou liberdade
que possa dispensá-los desta obrigação.” (LOCKE, 1978, p.59) Porém há de
se lembrar que jamais os pais poderão continuar a exigir de sua prole eterna
obediência e absoluta submissão.

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Pedro H. S. Pereira.

Temos assim duas vertentes distintas: a primeira, a obediência, diz


respeito ao dever dos filhos de respeitarem seus pais quando ainda
incapazes, e reciprocamente, o dever dos pais de contribuírem para a
formação do filho até o ápice de sua maturidade. A segunda vertente
abordada por Locke, a veneração, é referente ao respeito e atenção dos
filhos para com os pais após o escopo de sua maturidade, haja vista a
importância destes em sua formação anterior, apesar de não exercerem mais
a total jurisdição sobre eles.

Em abordagem a outra forma de exercício do poder, Locke nos fala da


faculdade de se doar a herança: os pais tendo em vista o temperamento e
veneração dos filhos após a maioridade, doa a herança da maneira que
melhor lhes aprouver, o que de certo modo deixa os filhos co-obrigados a
obedecer-lhos mesmo após a maioridade, visando sempre o recebimento da
herança, o que faz com que o pai ainda tenha sobre eles um certo “reinado”,
o que leva Locke a compara-los com monarcas políticos, que estabelecem
sua sucessão após a morte.

CAP. VII – DA SOCIEDADE POLÍTICA OU CIVIL

Como ensina o Gênesis, Deus fez o homem no intuito de que este


convivesse em sociedade, dando-o a razão e o discernimento necessários
para seu relacionamento com os demais, o que inicia-se pela sociedade
conjugal, que tem como fim a procriação e o cuidado para com a prole até
sua maturidade, sendo essa a principal razão da continuidade dos laços
entre homem e mulher, e um dos motivadores do desenvolvimento do
trabalho, de acordo com Locke.

Considerando diferentes a sociedade conjugal e a política, o autor


resolve por focar-se na segunda, após breve explanação sobre a primeira.
Ela nasce a partir do momento em que os indivíduos resolvem por abrir mão
de seu direito natural (Estado de natureza – cap II), passando-o às mãos da
comunidade, da forma que a lei estabelecer: “. . .excluindo-se todo
julgamento privado de qualquer cidadão particular, a comunidade torna-se
árbitro em virtude das regras fixas estabelecidas…” (Locke, 1978, p. 67)

Assim, aqueles que unem-se nesse intuito de estabelecer entre si um


m o d u s v i v e n d i , com órgãos responsáveis pela resolução de controvérsias e
punição dos infratores, encontram-se numa sociedade política ou civil: “…por
essa maneira a comunidade consegue, por meio de um poder julgador
estabelecer que castigo cabe às varias transgressões, (…) bem como possui
o poder de castigar qualquer

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Pedro H. S. Pereira.

dano praticado contra qualquer dos membros, (…) e tudo isso para a
preservação da propriedade de todos os membros dessa sociedade… “ ( I d e m ) .
Note-se a partir da citação, a criação dos poderes Legislativo e executivo, aos
quais Locke delega o a faculdade da criação e execução das leis, sistema
posteriormente aprimorado pelo francês Montesquieu (1689 -1755) em sua
obra “O espírito das Leis”, na qual trás a tona o sistema de pesos e
contrapesos ( c h e c k s a n d b a l a n c e s ) .

Logo, só da forma retro-mencionada que se torna possível a existência


de uma sociedade civil, coexistindo nos demais casos o estado de natureza;
assim Locke considera a monarquia, que não é constituída através de uma
outorga consensual entre seus membros: “. . .onde quer que existam pessoas
que não tenham semelhante autoridade a que recorrerem, (…) estarão tais
pessoas no estado de natureza; e assim se encontra qualquer príncipe
absoluto em relação aos que estão sob seu domínio.” (Locke, 1978, p.68).

Para que haja a modificação desses estados monárquicos, há a


necessidade de um juiz imparcial, que decide de forma justa e sem inclinações
(o que não aconteceu nas monarquias) os conflitos existentes. Locke nos diz
ainda que a monarquia é pior do que o estado de natureza ordinário, porque há
alguém com um poder superior ao meu que se acha senhor de tudo.

Ninguém em seu estado de natureza pode ser expulso de sua


propriedade ou ser submetido ao poder político de outrem sem dar
consentimento, pois como já explicitado por Locke, todos são livres, iguais e
independentes, e só através de um pacto civil visando maior tutela destas
liberdades que ocorre o fim do tão estudado Estado, e a formação de um corpo
político que representa a maioria (LOCKE x ROUSSEAU). “Todo homem,
concordando com outros em formar um corpo político sendo um governo,
assume a obrigação para com todos os membros dessa sociedade de
submeter-se à redução da maioria conforme a assuntar. . .”(Locke, 1978, p. 71)

Locke logo após se depara com duas objeções: Quando ocorreu de


homens se reunirem e formarem um pacto da forma mencionada? Como pode
ter ocorrido se todos nós nascemos sob um governo qualquer?
Em resposta, Locke nos explica que o governo precede à historia, e só
após sua formação é que se iniciam relatos a seu respeito.

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Pedro H. S. Pereira.

Como o modo de se justificar, Locke se utiliza das palavras do jesuíta


Espanhol José de Acosta (1539 – 1600), que em quando da exploração da
América relatou a inexistência de quaisquer governos. “[No Peru] não
tiveram, durante muito tempo, reis nem comunidades, vivendo em bandos,
como o fazem até hoje na Flórida os Cheriquanas, os do Brasil e de muitas
outras nações que não tem reis certos, mas quando se oferece a ocasião, na
paz ou na guerra, escolhem os chefes conforme lhes convém…“ (ACOSTA
CITADO EM LOCKE, 1978, p. 73). Como explicita Locke, tais sociedades
iniciaram-se com a união voluntária e acordo mútuo entre os homens que
agiam livremente.

Explicando o porquê do surgimento das monarquias, Locke baseia-se


na figura do Pai, que como até a atualidade costuma ser consenso, é o
responsável pelo sustento e gerencia dos filhos, e o seu castigo quando da
transgressão das leis entre si impostas, o que foi se transferindo de tempos
em tempos, culminando nas monarquias, mas ele considera que tal poder
exercido pelos pais era legitimo, pois o era feito de forma natural:. ..”não pode
haver dúvida que faziam o uso da liberdade natural para instalar aquele que
julgavam o mais apropriado a bem governar.” (Locke, 1978, p. 74); porém
comete-se um enorme engano ao se considerar que o governo monárquico
surgiu por natureza, vez que surgiu como ensinou Locke, pelo consentimento
tácito, pois já acostumados com a autoridade paterna, os indivíduos
verificaram-na como a melhor e mais segura.

O surgimento das monarquias de forma mais concisa como o era na


época de Locke, se deu segundo ele, pela superioridade de determinados
indivíduos na chefia de guerras e conflitos, nos quais destacaram-se por sua
maior capacidade e agilidade a frente do povo, o que trouxe confiança dos
demais por ele, algo que passou a vigorar em primeiro plano sem malícia,
dando origem às cruéis monarquias, sustentadas por argumentos esdrúxulos
como os de Sir. Robert Filmer.

Em resposta à questão de nosso atrelamento a formas de governo


precedentes ao nosso nascimento, Locke volta a mencionar que somos
livres, e por isso podemos criar nossa própria forma de governo, desde que
longe daquela, pois se não houvesse tal possibilidade, o mundo continuaria
gerido por uma única monarquia: ”. . .quem quer que nasça sobre o domínio
de outrem pode ser igualmente livre e pode tornar-se governante ou súdito
de governo separado ou distinto (…) todos teriam de ser uma única
monarquia universal se os homens não

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originais.
Pedro H. S. Pereira.

tivessem tido a liberdade de se separarem das famílias e dos governos (…)


indo formar comunidades distintas e outros governos…” (Locke, 1978 p. 78)

Finalizando a questão relativa às formas de governo e sua aceitação,


Locke nos fala que nos casos de esta ser expressa, o individuo coobriga-se
como membro de tal governo, porém o problema centra-se no consentimento
tácito, que para Locke dá-se quando o individuo não manifesta sua vontade e
interesse para com a manutenção da jurisdição, o que o vincula até que não
queria mais manter-se sobre determinado poder, tendo a faculdade de retirar-
se da comunidade, o que não ocorre com aquele que a aceitam de forma
expressa.

CAP IX . DOS FINS DA SOCIEDADE POLÍTICA E DO GOVERNO

Locke nos fala que apesar dos homens terem total liberdade sobre
suas posses, e não terem qualquer obrigação com qualquer outro no estado de
natureza, estão expostos a inúmeros perigos que podem culminar na perda de
sua propriedade e tranqüilidade para terceiros, pois são vulneráveis: “… a
punição da propriedade que possui nesse estado é muito insegura, muito
arriscada.” (Locke, 1978, p.82).

Mais do que óbvio, o surgimento das sociedades civis tem como


escopo, a preservação da propriedade, o que não se demonstra tão firme no
estado de natureza: “O objetivo grande e principal, (…) é a preservação da
propriedade. Para este objetivo, muitas condições faltam no estado de
natureza” (Idem). Locke enumera várias condições inexistentes no estado de
natureza:

1 – Uma lei firmada e reconhecida por todos, pela qual devem se


pautar.

2 – Um juiz imparcial para a resolução de conflitos de acordo com a lei.

3 – Algo que assegure a devida execução da sentença imposta.

Um grande motivador da saída dos indivíduos de seu estado de


natureza, levando a se associarem aos demais, é a incerteza sobre o
resultado de suas ações quando em estado de natureza: “Os inconvenientes
a que estão expostos pelo exercício irregular e incerto do poder que todo
homem tem de castigar as transgressões dos outros obrigam-nos a se
refugiarem sob as leis estabelecidas de governo e nele procurarem a
preservação da propriedade. (Idem, p.83)

Tendo em vista uma maior proteção à sua propriedade e bens, apesar


de perder alguns de seus direitos exclusivos do estado de natureza
(principalmente a autotutela), o homem tem lucros ao resolver por ligar-se a
uma sociedade política,

A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos


originais.
Pedro H. S. Pereira.

pois ao contrario, fica a mercê da vulnerabilidade. A concepção de Locke é


bastante diferente da hobbesiana, que vê o Estado como um “mal
necessário”.(HOBBES, 2004)

CAP. X – DAS FORMAS DE UMA COMUNIDADE


Locke aborda as diversas formas de governo que se tornam possíveis
quando há a criação das sociedades civis.

Se há a nomeação de pessoas de tempos em tempos para a


elaboração das leis, deparamo-nos com uma democracia, segundo ele. Nos
casos de dar-se tal faculdade nas mãos de alguns homens escolhidos, e a
seus herdeiros e sucessores, deparamos-nos com uma oligarquia, podendo
haver também as monarquias, que podem ser hereditárias (Locke já nos falou
do problema que pode causar a hereditariedade), ou eletivas.

Por fim Locke nos dá a definição de Comunidade, que deve ser


interpretada segundo ele com o significado de “ c i v i t a s ” , correspondente à
forma de associação por ele mencionada, na qual vários indivíduos unem-se
em torno de um mesmo objetivo, visando o bem comum.

CAP XI – DA EXTENSÃO DO PODER LEGISLATIVO

Locke nos diz que a primeira e fundamental lei positiva que for instruída
dentro de uma nova sociedade, deve estabelecer junto a si o poder legislativo,
poder supremo e sagrado dentro de uma comunidade, sem o qual jamais
poderá haver a possibilidade de se legislar sem o consentimento dos seus
representantes: “[não] pode qualquer edito de quem quer que seja, (…) ter a
força e a obrigação da lei se não tiver a sanção do legislativo escolhido e
nomeado pelo público”… (Locke, 1978, p.86).
Fazendo algumas ressalvas ao poder legislativo, que pode ser exercido
por um ou mais cidadãos, Locke nos diz que:

1- Ele não pode ser mais do que aquilo que as pessoas lhe outorgaram:
“… não poderá ser mais do que essas pessoas tinham no estado de natureza
antes de entrarem em sociedade e o cederam à comunidade, porque ninguém
pode transferir a outrem mais poder do que possui.” (Locke, 1978 p. 87)

Seu objetivo é a preservação dos direitos dos súditos, e nada mais.


A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.

2 – Ele jamais pode chamar a si o poder de governar por meio de


decretos extemporâneos e arbitrários, (AI 5…) somente deve o fazer por leis
a partir das quais os magistrados o efetivarão, para que não caia na
autoridade, o que é um dos motivos que levam o individuo a celebrar o pacto,
visando seu fim: “o poder que tem o mando deve governar mediante leis
declaradas e recebidas, e não por prescrições extra temporais e resoluções
indeterminadas”. (Locke, 1978, p. 88)

3 – Tal poder não pode jamais retirar dos indivíduos a sua propriedade
(o que é um dos principais motivos de sua criação), ou lançar impostos sobre
esta sem seu consentimento. É errôneo pensar que o poder legislativo pode
fazer o que quiser, mas isso pode ser possível naquelas comunidades em
que o legislativo esta alicerçado só sob um único individuo
permanentemente, pois nos casos de assembléias variáveis, os legisladores
não o fazem por saber que voltarão estar submissos como os demais.

4 – o poder legislativo não pode transferir seu poder de elaboração de


leis a terceiros, pois só o povo que tem legitimidade para o fazer.

CAP. XII DOS PODERES LEGISLATIVO, EXECUTIVO E FEDERATIVO DA


COMUNIDADE

Coma já mencionado por Locke, o poder legislativo é aquele que Tem


o direito de saber como se deverá utilizar a força da comunidade no sentido
da preservação dela própria e dos seus membros, mas apesar desta tarefa,
ele não trabalha permanentemente, e seus membros devem voltar à
normalidade para que também sujeitem-se às leis que fizeram, e aproximem-
se mais do bem geral, o que contrariamente os poderia levar a agir de forma
arbitrária, ou visando interesses exclusivos.
Na fiscalização do cumprimento das leis, ficará o poder executivo,
responsável por acompanhar sua execução e eficácia, que ficará bastante
separado do legislativo, por este se reunir poucas vezes.

Por último Locke menciona o poder federativo, responsável pela


segurança e defesa dos interesses da comunidade fora dela, o qual deve ser
também regido pelo executor, pois segundo ele: “… é quase impraticável
colocar-se a força do
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.

Estado em mãos distintas e não subordinadas, ou os poderes executivo e


federativo em pessoas que possam agir separadamente, em virtude do que a
força
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.

do público ficaria sob comandos diferentes, o que poderia ocasionar, em


qualquer ocasião, desordem e ruína.” (Locke, 1978 p. 92)

CAP. XIII-DA SUBORDINAÇÃO DOS PODERES DA COMUNIDADE

Locke nos ensina que como o poder legislativo age de acordo com os
interesses da comunidade visando sua preservação e salvaguarda, jamais
pode ir contra esta, casos nos quais a mesma pode alterá-lo, outorgando-lhe
a outros indivíduos, pois é sempre o poder supremo nos casos de falhas ou
corrupção no poder legislativo, o que não ocorre nos casos de boa gestão,
em que o legislativo goze de tal prerrogativa:”… enquanto subsiste o
governo,o legislativo é o poder supremo; o que deve dar leis a outrem deve
necessariamente ser-lhe superior…” (Locke, 1978, p.93)

Nos casos de vacância temporal do legislativo (cap XII) momento em


que não está atuante, a referida guarda e supremacia advém do executivo
que apesar de irresponsável pela continua fiscalização das leis; esta pessoa
única também pode chamar-se suprema, em sentido mais tolerável, “não que
tenha em si todo o poder supremo, que é o de fazer leis, mas porque possui
em si a suprema execução…” (idem)

Retomando o poder legislativo, Locke nos fala sobre o modo e


freqüência de suas reuniões, nos ensinando que podem ser reguladas
constitucionalmente, com a precisão de reuniões durante intervalos de tempo,
ou quando as exigências ou ocasiões trouxerem tal necessidade, devendo em
ambos casos o executivo agir no sentido de possibilitar de forma precisa as
mencionadas reuniões.

Se o executivo não concorre para a possibilitação das reuniões, e


utiliza-se da força para impedi-las, Locke nos diz que o povo tem o direito de
utilizar-se da força, pois seu emprego sem o consentimento do povo por parte
do executivo, coloca-o num estado de guerra para com a sociedade. Seu
poder de convocar o legislativo, não o trás ou dá supremacia, é apenas um
encargo, uma obrigação em prol do bem publico e da continua manutenção
das leis.
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.
Locke nos fala neste presente capitulo dos casos em que o poder
legislativo nada deliberou sobre determinado assunto, ou simplesmente não
o regular de forma amplamente necessária, momentos em que cabe ao
executivo buscar utilizar-se do meio mais eguaz possível, visando o bem da
comunidade: . ..o executor das leis, tendo o poder nas mãos, possui o direito
de (…) fazer o uso dele para o bem da sociedade, em muitos casos em que a
lei municipal não estabeleceu qualquer direção, ate que o legislativo,(…)
pondere a respeito.” ( I d e m , p.96) Na atualidade, claro que pouco
adversamente, nosso poder executivo tem através de nossa Magna Carta
prerrogativa similar, possível devido às medidas provisórias, (reguladas no
art. 62) que dão a faculdade ao chefe do executivo, de editar medidas
provisórias nos casos de relevância e extrema necessidade, suprindo a
vacância do poder legislativo, que pouco após é chamado a deliberar no
intuito de aprovar ou não a medida, possível de ser convertida em lei.

Quando age em favor do bem público em casos em que não há


previsão legal ou que há a necessidade de vir contra esta, o executivo utiliza-
se do instituto chamado prerrogativa, devendo ir sempre a favor do povo.
Exemplo simples desta utilização, é o caso em que há a necessidade de
demolição de uma casa próxima de outra que está pegando logo, para que
este não mais se alastre. Como é bastante visível, há a necessidade do
mencionado ato, que se tido em momento posterior, culminara na destruição
de propriedade; porém, visando o interesse coletivo, o executivo jamais
poderá deixar de se utilizar desta hermenêutica nestes casos mais extremos.

Locke nos diz que as primeiras sociedades tinham a prerrogativa


como principal base de seus governos, pois poucos eram as leis positivas,
que foram paulatinamente germinando das necessidades modernas, e
substituindo a arbitrariedade dos reis, trazendo cada vez mais de forma
concreta, segurança para a sociedade, o que jamais pode ser considerado
uma “usurpação do poder”, como Locke nos ensinou: “sendo o objetivo do
governo o bem da comunidade, quaisquer alterações que se introduzam nele
visando a um objetivo não podem representar usurpação contra quem quer
que seja (…) a prerrogativa só pode ser a permissão do povo aos
governantes para praticar alguns atos de livre escolha onde a lei
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.

silencie, e por vezes, vá também, diretamente contra a letra da lei, a favor do


bem público”… (Locke, 1978, p. 99)
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.
Por fim, Locke nos pergunta o que pode-se fazer se esta prerrogativa se
tornar arbitrária por parte do poder executivo, e referindo-se a divindade nos
diz que a única coisa que se pode ser feita, é apelar para esta: “… quando o
corpo do povo (…) está submetido a um poder sem direito, contra o qual não
exista apelação na terra, ficam então na liberdade de apelar para o céu”…
(Id e m , p.101)

CAP. XVI DA CONQUISTA

Locke nos diz que tal forma de poder é algo muito comum em guerras,
e que não é uma forma legitima de manifestação do poder político, pois “sem o
consentimento do povo, não é possível nunca fundar-se nova sociedade”.
(Locke, 1978, p. 104). Ele compara a mencionada conquista através de
guerras, à conquista que um ladrão tem de meu patrimônio: sob ameaça de
uma arma, seria legitima a entrega de minha propriedade a outrem? Jamais
aquele que conquista em guerra injusta pode ter qualquer direito à submissão
e obediência por parte do conquistado.
Para Locke, o poder que o conquistador pode ter do conquistado é
puramente despótico, sendo aceitável somente sobre a vida dos que
participaram desta e perderam seus direitos (cap. IV- escravidão), o que não
abrange aqueles que não tomaram parte na batalha, salvo o expresso
consentimento dos mesmos: “quem tem direito sobre a pessoa de um
individuo para destruí-lo conforme quiser, nem por isso tem direito sobre o que
lhe pertence para possuí-lo e desfrutá-lo. (…)

o direito de conquista se estende somente à vida dos que tomaram parte na


guerra

e não às suas propriedades”… (Locke, 1978, p. 107). Como parte da


propriedade dos indivíduos temos a família, e Locke reconhece que esta
jamais deve responder por nada nos casos de escravização do patriarca:
”Salvos prejuízos e danos obtidos com a guerra, não podemos prejudicar a
família.” (Id e m ) Quanto aos filhos, a recíproca se repete, pois como já
explicitado, estes são livres de sujeição a qualquer governo (se sujeitam
somente ao poder dos pais até a maioridade cap.VI),

e são os legitimados à herança dos pais.


A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.

Locke diferencia ao inicio a conquista (chamada por ele de usurpação


estrangeira) da usurpação, que para ele é uma conquista interna, na qual tal
conquistador jamais pode ter o direito a seu favor, por estar este direito na
posse de um terceiro legitimado.

Como visto no capítulo anterior, o conquistador passa a ter o direito


sobre aqueles com quem guerreou e venceu, algo não reconhecido nas
formas e regras de governo por parte do usurpador, vez que esta jamais será
legitima, pois “…quem quer que adquira o exercício de qualquer parte do
poder por meios diferentes do que as leis da comunidade prescreveram, não
tem direito a ser obedecido…” (Locke, 1978, p. 112). Assim, só a sociedade,
e de forma que a lei estabelecer, é a legitimidade para a escolha de seus
dirigentes, não tornando-se jamais submissa a qualquer forma de poder
arbitrário como a advinda da usurpação.

CAP. XVIII – DA TIRANIA

Se a usurpação é o exercício do poder ao qual outrem tem o direito, a


tirania é segundo Locke, o exercício do poder alem do direito que lhe fora
outorgado, algo que não pode caber a ninguém. Ela consiste em fazer o uso
do poder tido em mãos, não para a vontade daqueles ao qual estão sujeitos,
mas em vantagem própria e privada, algo já combatido anteriormente pelo rei
Jaime Stuart, que rezava que: “… o rei justo e virtuoso, (…) reconhece ter
sido criado para promover a riqueza e a propriedade de seu povo”.
(Locke,1978, p. 113)

Segundo Locke, não só as monarquias podem ser sujeitas a tal


arbitrariedade, pois em quaisquer formas de governo nos quais o poder de
um legitimado se aplicar para fins serão os de interesse de seu povo, tal
governo encontrar-se-á em uma tirania. Para Locke, o ato de se possuir mais
poder ou posses do que os demais, não me dá o direito de exorbitar as
faculdades a mim atribuídas: “. . .possuir com pleno direito grande poder e
riquezas, (…) esta tão longe de valer como desculpa e muito menor como
razão, para a rapinagem e opinião”… (Locke, 1978, p. 115).

Nos explicando o porquê de não se poder opor às ordens de um


príncipe
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.

quando estas são legítimas, (o que pode gerar baderna) Locke enumera
quatro fatores que dão ensejo à condição de quem o faz:
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.

1 – O príncipe não responde por quaisquer atos não considerados ilegais


em seu governo, o que o livra de qualquer tipo de censura ou condenação
judicial.

2 – Tal faculdade não impede o questionamento de sua regularidade,


mas se o príncipe ou rei o for, a arbitrariedade dos responsáveis pelo
constrangimento e desrespeito às leis deve ser julgada.

3 – Nos casos de não haver a faculdade acima mencionada, deve haver


a existência de mecanismos satisfatórios para a resolução dos conflitos e
desentendimentos existentes quando do exercício do poder pelo legitimado,
capazes de garantir boa relação e o destrinchar de quaisquer conflitos.

4 – Mesmo com a eminência de atos ilegais por parte do governo, e com


a obstrução das formas legais de se proceder, os indivíduos têm o direito de
resistir a tal manifesto, buscando de melhor maneira o modo de resolução do
problema de forma pacífica.

CAP. XIX – DA DISSOLUÇÃO DO GOVERNO

Locke busca ao inicio a distinção de dois termos: a dissolução da


sociedade, e a dissolução do governo. A da sociedade pode ocorrer pela
invasão de força estranha, o que culmina não só na dissolução do governo,
mas também na dissolução da sociedade, vez que esta perde a capacidade de
autogestão: ”. . . não sendo capaz de manter-se e sustentar-se como corpo
inteiro e independente, a união que lhe cabia e a formava tem necessariamente
de cessar”… (LOCKE, 1978, p. 118) Há também segundo Locke, a
possibilidade de dissolução dos governos por motivos internos:

10 – Quando se altera o poder legislativo sem o prévio consentimento da


sociedade, o que ocorre “se um homem ou mais de um chamarem a si a
elaboração leis sem autoridade, a que o povo, em conseqüência, não está
obrigado a obedecer”. (idem, p. 119)

Nestes casos o mesmo tem a liberdade de escolher novos legisladores, e


conforme a conveniência, nova forma de governo.

20 Quando o legislativo ou o príncipe agem contrariamente ao encargo


que receberam, ou seja, a preservação da propriedade fator responsável por
sua criação. Ao agir desta forma, apoderando-se ou entregando a terceiros a
propriedade alheia, o legislativo perde o poder que lhe fora outorgado pelo
povo,

A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos


originais.
Pedro H. S. Pereira.
que passa a ter o direito de retomar sua liberdade originária, ou eleger novos
governantes ou modos de governo.

Em seguida Locke nos diz que fora dos casos supracitados, o povo,
apesar de alguns problemas decorrentes das contínuas modificações
ocorridas nas sociedades de menor repercussão, consegue conviver em paz
… “até que o malefício se torne geral e os maus desígnios dos governantes
visíveis, ou que a maior parte perceba as tentativas que fazem, o povo, (…)
não será capaz de mexer-se”. (idem, p. 124).

Lembrando-nos de preceitos já estudados nos capítulos anteriores ( cf.


cap.II e III), Locke lembra que nos casos de exorbitância das faculdades
outorgados por parte do legislador, o povo em decorrência da lesão sofrida,
pode em determinados casos retornar ao estado de guerra: “ Quem quer que
use força sem direito, como o faz toda aquele que deixa de lado a lei, coloca-
se em estado de guerra com aqueles contra os quais assim a emprega”..
(idem, p. 125). E Locke considera justa uma penalização mais severa ao
legislador, nos casos em que vai em desrespeito à lei imposta (algo que
deveria ser levado à cabo em nosso país): “[a ofensa deles é maior] não só por
serem ingratos pela maior pela maior parte que tem pela lei, mas também por
desrespeitarem o encargo em que seus irmãos lhes colocaram nas mãos”.
(idem).

Desta forma Locke refuta as palavras do jurista Willian Bar Clay que
não aceita de forma alguma penas mais severas ao monarca, pois vê que “o
inferior não pode castigar o superior” (idem, p. 126), pode apenas “suportar”
sua tirania, o que Locke revida, ao sustentar que nestes casos os indivíduos
retornam ao estado de guerra, sem exceção, tendo direito de se opor a quem
quer que seja. Como toda regra tem sua exceção, o grandioso jurista crê que
nos casos em que o rei procura derrubar o governo e coloca o povo em
guerra, ou quando se forma dependente de outro reino e perde sua
autonomia, o povo encontra-se livre e entregue à própria vontade, o que não
foge do foco de pensamento Lockeano.

Ao fim Locke volta a afirmar que o grande legitimado para julgar tanto o
príncipe quanto o legislativo quando estes agem contrariamente as leis, é
sempre o povo: ”. . .quem poderá julgar se o depositário ou o deputado age
bem e de acordo com o encargo a ele confiado serão aquele que o nomeiam,
devendo por tê-lo nomeado, ter ainda poder para afastá-lo quando não agir
conforme seu dever” (Id e m , p. 130).

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