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o rei Jaime II, em favor de sua filha Maria II e seu marido Guilherme III,
príncipe de Orange, responsável pela transformação da monarquia absoluta
dos Stuart numa monarquia constitucional e parlamentar, o que foi fator
imprescindível na formação da sua doutrina, haja visto a indispensável
participação e influencias de Locke no desenrolar da mesma.
Formação Acadêmica:
Pedro H. S. Pereira.
Até a morte em outubro de 1.704, Locke exerceu cargos de comissão de
recursos e de Câmara de comércio, abandonando-os já por volta de 1.700,
quando resolveu por se “aposentar” dedicando-se a vida filosófica e
contemplativa .
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.
CAPÍTULO I
Para se entender o poder político e suas origens, Locke nos diz que
devemos saber como convivem os homens em seu estado de natureza, ou
seja, do modo em que se achariam naturalmente sem nenhum tipo de
subordinação estatal, estado no qual ninguém se obriga para com outro ou se
subordina, havendo apenas uma mutualidade de inter-relações, como nos
explica ao citar Richard Hooker, teólogo inglês defensor da igualdade natural
dos homens: “Oferecer-lhe [ao próximo] algo que lhe repugne ao desejo deve
necessariamente afligi-lo em todos os sentidos tanto quanto a mim; de sorte
que, se pratico o mal, devo esperar por sofrimento…”(LOCKE, 1978, p.35)
d‟Aquele que os fez, destinados a durar enquanto a ele aprouver e não uns
aos outros, e sendo todos providos de faculdades iguais [...] não há a
possibilidade de supor-se qualquer subordinação entre os homens. ( I d e m ,
p.36)
CAPÍTULO IV – DA ESCRAVIDÃO
CAPÍTULO V – DA PROPRIEDADE
anexou-lhe por este meio algo que lhe pertença.. . ” ( I d e m ) Note-se que Max
Weber (1864-1920), em sua obra “A Ética protestante e o espírito do
Capitalismo” fez uma abordagem muito importante nesse sentido, ao afirmar
que a mencionada conduta (do trabalho como importante para a dignificação
do homem), foi muito importante no âmbito do desenvolvimento do Capitalismo,
à medida em que concorreu para o desenvolvimento econômico-social por ter o
trabalho como base importante em sua doutrina. (WEBER, 2004)
dano praticado contra qualquer dos membros, (…) e tudo isso para a
preservação da propriedade de todos os membros dessa sociedade… “ ( I d e m ) .
Note-se a partir da citação, a criação dos poderes Legislativo e executivo, aos
quais Locke delega o a faculdade da criação e execução das leis, sistema
posteriormente aprimorado pelo francês Montesquieu (1689 -1755) em sua
obra “O espírito das Leis”, na qual trás a tona o sistema de pesos e
contrapesos ( c h e c k s a n d b a l a n c e s ) .
Locke nos fala que apesar dos homens terem total liberdade sobre
suas posses, e não terem qualquer obrigação com qualquer outro no estado de
natureza, estão expostos a inúmeros perigos que podem culminar na perda de
sua propriedade e tranqüilidade para terceiros, pois são vulneráveis: “… a
punição da propriedade que possui nesse estado é muito insegura, muito
arriscada.” (Locke, 1978, p.82).
Locke nos diz que a primeira e fundamental lei positiva que for instruída
dentro de uma nova sociedade, deve estabelecer junto a si o poder legislativo,
poder supremo e sagrado dentro de uma comunidade, sem o qual jamais
poderá haver a possibilidade de se legislar sem o consentimento dos seus
representantes: “[não] pode qualquer edito de quem quer que seja, (…) ter a
força e a obrigação da lei se não tiver a sanção do legislativo escolhido e
nomeado pelo público”… (Locke, 1978, p.86).
Fazendo algumas ressalvas ao poder legislativo, que pode ser exercido
por um ou mais cidadãos, Locke nos diz que:
1- Ele não pode ser mais do que aquilo que as pessoas lhe outorgaram:
“… não poderá ser mais do que essas pessoas tinham no estado de natureza
antes de entrarem em sociedade e o cederam à comunidade, porque ninguém
pode transferir a outrem mais poder do que possui.” (Locke, 1978 p. 87)
3 – Tal poder não pode jamais retirar dos indivíduos a sua propriedade
(o que é um dos principais motivos de sua criação), ou lançar impostos sobre
esta sem seu consentimento. É errôneo pensar que o poder legislativo pode
fazer o que quiser, mas isso pode ser possível naquelas comunidades em
que o legislativo esta alicerçado só sob um único individuo
permanentemente, pois nos casos de assembléias variáveis, os legisladores
não o fazem por saber que voltarão estar submissos como os demais.
Locke nos ensina que como o poder legislativo age de acordo com os
interesses da comunidade visando sua preservação e salvaguarda, jamais
pode ir contra esta, casos nos quais a mesma pode alterá-lo, outorgando-lhe
a outros indivíduos, pois é sempre o poder supremo nos casos de falhas ou
corrupção no poder legislativo, o que não ocorre nos casos de boa gestão,
em que o legislativo goze de tal prerrogativa:”… enquanto subsiste o
governo,o legislativo é o poder supremo; o que deve dar leis a outrem deve
necessariamente ser-lhe superior…” (Locke, 1978, p.93)
Locke nos diz que tal forma de poder é algo muito comum em guerras,
e que não é uma forma legitima de manifestação do poder político, pois “sem o
consentimento do povo, não é possível nunca fundar-se nova sociedade”.
(Locke, 1978, p. 104). Ele compara a mencionada conquista através de
guerras, à conquista que um ladrão tem de meu patrimônio: sob ameaça de
uma arma, seria legitima a entrega de minha propriedade a outrem? Jamais
aquele que conquista em guerra injusta pode ter qualquer direito à submissão
e obediência por parte do conquistado.
Para Locke, o poder que o conquistador pode ter do conquistado é
puramente despótico, sendo aceitável somente sobre a vida dos que
participaram desta e perderam seus direitos (cap. IV- escravidão), o que não
abrange aqueles que não tomaram parte na batalha, salvo o expresso
consentimento dos mesmos: “quem tem direito sobre a pessoa de um
individuo para destruí-lo conforme quiser, nem por isso tem direito sobre o que
lhe pertence para possuí-lo e desfrutá-lo. (…)
quando estas são legítimas, (o que pode gerar baderna) Locke enumera
quatro fatores que dão ensejo à condição de quem o faz:
A leitura deste texto jamais suprirá a importância da análise integral dos
originais.
Pedro H. S. Pereira.
Em seguida Locke nos diz que fora dos casos supracitados, o povo,
apesar de alguns problemas decorrentes das contínuas modificações
ocorridas nas sociedades de menor repercussão, consegue conviver em paz
… “até que o malefício se torne geral e os maus desígnios dos governantes
visíveis, ou que a maior parte perceba as tentativas que fazem, o povo, (…)
não será capaz de mexer-se”. (idem, p. 124).
Desta forma Locke refuta as palavras do jurista Willian Bar Clay que
não aceita de forma alguma penas mais severas ao monarca, pois vê que “o
inferior não pode castigar o superior” (idem, p. 126), pode apenas “suportar”
sua tirania, o que Locke revida, ao sustentar que nestes casos os indivíduos
retornam ao estado de guerra, sem exceção, tendo direito de se opor a quem
quer que seja. Como toda regra tem sua exceção, o grandioso jurista crê que
nos casos em que o rei procura derrubar o governo e coloca o povo em
guerra, ou quando se forma dependente de outro reino e perde sua
autonomia, o povo encontra-se livre e entregue à própria vontade, o que não
foge do foco de pensamento Lockeano.
Ao fim Locke volta a afirmar que o grande legitimado para julgar tanto o
príncipe quanto o legislativo quando estes agem contrariamente as leis, é
sempre o povo: ”. . .quem poderá julgar se o depositário ou o deputado age
bem e de acordo com o encargo a ele confiado serão aquele que o nomeiam,
devendo por tê-lo nomeado, ter ainda poder para afastá-lo quando não agir
conforme seu dever” (Id e m , p. 130).