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SUMÁRIO
A construção de uma base de dados actualizada sobre as estruturas tectónicas activas em Portugal
Continental, e a sua integração num Sistema de Informação Geográfica (SIG), permite um acesso facilitado a
toda a informação disponível sobre cada estrutura sismotectónica. A falha do Ponsul foi escolhida como
exemplo devido ao volume de informação disponível para a base de dados. A sua segmentação e as estações
descritas no campo permitem caracterizá-la mais detalhadamente.
SUMMARY
The study and knowledge of the seismotectonic structures in the Portuguese Mainland, the construction of a
database with the pertaining information and the full integration in a Geographic Information System (GIS)
allows the access to all the data on the active structures. The Ponsul fault was chosen as an example due to
the quantity and quality of the information available to introduce in the database. The fault segmentation and
field data from selected sites allow a detailed characterization of the fault.
Key-words: Neotectonics; Database; GIS; Ponsul fault.
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Para fazer face a esta realidade, foi proposto rever e Considerou-se importante definir em cada tabela
actualizar a Carta de Neotectónica de Portugal parâmetros que possam ser utilizados para cálculos
Continental, publicada em 1988 [8], de modo a de perigosidade sísmica regional, como o potencial
construir uma base de dados actualizada sobre as sismogénico, a taxa de actividade e o período de
fontes sismogénicas (falhas activas) localizadas no recorrência médio do sismo máximo expectável
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administrativos dos Distritos, dos Concelhos e das A falha do Ponsul é um importante acidente
Freguesias, às quais foram acrescentados dados tectónico, localizado perto de Castelo Branco (figura
populacionais retirados dos CENSOS 2001 Instituto 2). Tem um comprimento total de 120 Km em
Nacional de Estatística (INE). O tratamento destes Portugal e Espanha (85 Km em Portugal) e uma
dados permite construir um mapa temático de orientação geral N60ºE [10].
densidade populacional. A falha do Ponsul corresponde a um desligamento
O Mapa de Falhas Activas está a ser desenvolvido esquerdo tardivarisco, reactivado na Orogenia
com base na informação da Carta Neotectónica de Alpina, limitando a norte a bacia cenozóica
Portugal Continental na escala 1/1.000.000 [8], e da Moraleja-Rodão, onde ficaram preservados
Carta Geológica de Portugal na escala 1/500.000 [9] sedimentos continentais [10]. A reactivação pós-
INETI, utilizando-se o Modelo Digital de Terreno paleozóica da falha é evidenciada por dados
para o Continente (MDT-200m, IGeo), como base geomorfológicos, estratigráficos e estruturais. A
topográfica. Aquela informação é actualizada movimentação no acidente é testemunhada em
exaustivamente com base em informação contactos por falha, com o soco, a norte, a cavalgar
bibliográfica posterior sobre cada estrutura os depósitos cenozóicos, a sul [10].
geológica activa, e em informação inédita dos Em alguns locais foram encontradas evidências de
autores, adquirida em estudos de campo. uma reactivação provável no Quaternário,
A definição dos metadados para cada tipo de dados é predominantemente de falha inversa, com um
um passo essencial, que permite ao utilizador deslocamento vertical acumulado de cerca de 100 m
garantir e verificar a qualidade dos dados. [10].
Com base num modelo de segmentação
Falha do Ponsul fundamentado na geometria da zona de falha e na
A falha do Ponsul é apresentada como exemplo da velocidade média de deslizamento calculada,
actualização e introdução de dados no SIG de estimou-se o sismo máximo mais provável que ela
Sismotectónica. A escolha desta estrutura tectónica pode gerar, de magnitude compreendida entre 6,75 e
deve-se à quantidade e diversidade de informação 7,25, com um intervalo de recorrência médio de
disponível sobre a falha, o que facilitou a construção 9000 a 30000 anos, consoante a taxa de
da base de dados e do SIG, permitindo testar a movimentação considerada (0,1 mm/ano ou 0,03
utilização de diferentes parâmetros. mm/ano, respectivamente) [10].
A caracterização da falha do Ponsul foi feita de
forma sucinta na base de dados, tendo em conta os
dados necessários para a sua caracterização
sismogénica (tabela 1).
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da estrutura. Da mesma forma se podem aceder às Referências Bibliográficas
descrições mais detalhadas através das hiperligações [1] Cabral, J. (1995) – Neotectónica em Portugal
existentes. Continental, Memórias do Instituto Geológico Mineiro,
31, 237 p.;
[2] Ribeiro, A., 2002, Soft Plate and Impact Tectonics,
Springer Verlag, 324 p.;
[3] Ribeiro, A. & Cabral, J. (1987) – The neotectonic
regime of West-Iberia continental margin: a trasition from
passive to active? Abstracts, EUG IV, Strasbourg, April,
13-16, Terra Cognita, 7 (2-3), 120 p.;
[4] Ribeiro, A., Cabral, J., Baptista, R. & Matias, L. (1996)
– Stress pattern in Portugal mainland and the adjacent
Atlantic region, West Iberia. Tectonics, v. 15, nº 2, 641-
659 pp.;
Fig. 3: Tabela de caracterização da falha do Ponsul. [5] Martins, I. & Mendes Victor, L.A. (1993) – Actividade
A falha do Ponsul foi dividida, no território Sísmica na Região Oeste da Península Ibérica. Energética
e Períodos de Retorno. Universidade de Lisboa. Instituto
português, em 4 segmentos: Arneiro-Vila Velha de Geofísico do Infante D. Luís, Pub. n.º 20, Lisboa, 15 pp.;
Rodão, Coxerro-Monte do Inventos, Monte dos
[6] Mezcua, J. & Martínez Solares, J.M. (1983) –
Inventos-Idanha-a-Nova e Idanha-a-Nova-
Sismicidad del area ibero-mogrebi. Publicación 203,
Monfortinho. A tabela referente aos segmentos aqui Instituto Geografico Nacional, Madrid, 299 pp.;
descritos tem os mesmos campos que a tabela das
[7] Oliveira, C.S. (1986) – A sismicidade Histórica e a
falhas, diferenciando-se apenas no campo
Revisão do catálogo Sísmico. Proc. 36/11/7368, I e D,
Cod_Segmento, que se acrescenta. Estruturas, Relatório 99/86 – NDA, LNEC, Lisboa, 192
Ao longo do traçado da falha estão descritas 24 pp.;
estações. A tabela da base de dados que descreve as [8] Cabral, J. & Ribeiro, A. (1988) – Carta Neotectónica
estações está representada abaixo (tabela 2). de Portugal Continental, na escala 1/1.000.000, Serviços
A informação destas tabelas é acedida através do Geológicos de Portugal, Lisboa.;
SIG, seleccionando o segmento ou a estação que se [9] Carvalho, D., Oliveira, J.T., Pereira, E., Ramalho, M.,
pretende consultar através do botão de informação Antunes, M.T., Monteiro, J.H., Almeida, J.P., Carvalhosa,
ou, se for o caso, do botão de hiperligação. A., Ferreira, J.N., Gonçalves, F., Olivieira, V., Ribeiro, A.,
Ribeiro, M.L., Silva, A.F., Noronha, F., Young, T.,
Tab.2:Tabela descritiva das estações. Barbosa, B., Manuppella, G., Pais, J., Reis, R.P., Rocha,
Nome da estação R., Soares, A.F., Zbyszewski, G., Gaspar, L., Moreira,
Idade da última formação afectada pela falha A.P., Almeida, F.M., Dâmaso, B. & Dâmaso, L. (1992) –
Carta Geológica de Portugal na escala 1:500.000, Folha
Descrição Sul e Folha Norte. Serv. Geol. de Portugal.;
Projecção estereográfica de dados estruturais
[10] Dias, R.P. & Cabral, J. (1989) – Neogene and
Quaternary Reactivation of the Ponsul Fault in Portugal,
Considerações finais Comun. Serv. Geol. Portugal, t. 75, 3-28 pp.;
O trabalho em curso visa completar a recolha de
informação e introdução dos dados sobre outras
estruturas geológicas activas em Portugal
Continental no SIG de Sismotectónica, decorrendo
paralelamente com o tratamento e integração da
outra informação pertinente para a caracterização
sismotectónica de Portugal, tendo como objectivo
final a sua disponibilização na Internet.
Os trabalhos decorrem na perspectiva de que, para o
bom funcionamento do SIG, é necessário a constante
e recorrente actualização e a introdução de novos
dados.
Agradecimentos
As bolsas das autoras Sandra Silva e Ana Costa
foram suportadas pelo projecto GEODYN
“Geodynamics – Present to Past”, POCTI – ISFL-5-
32, financiado pela FCT e co-financiado pelo
FEDER. O trabalho realizado insere-se no projecto
“Base de Dados SIG sobre a Sismotectónica em
Portugal Continental”, POCI/CTE-GIN/58250/2004,
financiado pela FCT e co-financiado pelo FEDER.
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