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Capítulo II: De como a primeira invenção da palavra não vem das necessidades, mas das
paixões.
§3 Por absurdo: a causa que separa os homens (suas necessidades primeiras) não poderia
resultar o efeito que os une (sua língua). A causa reside nas NECESSIDADES MORAIS,
NAS PAIXÕES (uma situação pós contratual, estabelecimento de uma convenção) (notar
ruídos hobbesianos) As necessidades físicas se satisfazem em silêncio, mas para tocar
emoções, expressar amor, cólera etc, A NATUREZA PEDE GRITOS E QUEIXAS. As
línguas primitivas era por isso mais cantantes e apaixonadas.
§1 Como a origem das palavras foram as paixões o homem só falava em tropos, em poesia.
“Só se chamaram as coisas pelos seus verdadeiros nomes quando foram vistas sob sua
forma verdadeira”. O “raciocício” veio depois da linguagem.
§2 “Como pode uma expressão ser figurada antes de ter sentido próprio?” (a figura é uma
mudança do sentido). Pede-se transpor não a palavra, mas A IDEIA OFERECIDA PELA
PAIXÃO. Exemplifica-se:
Capítulo IV: Dos caracteres distintivos da primeira língua e das mudanças que teve de
sofrer.
§2 A primeira língua teria como caracteres distintivos fazer uso de imagens, sentimentos e
mecanicamente apresentar aos sentidos e entendimento as impressões quase imediatas da
paixão que a origina.
§3 Seria uma linguagem de poucas articulações, de fácil pronúncia. Os sons todavia seriam
variados pela diversidade de VOZES, RITMOS, QUANTIDADE, VOLUME. Pouco sobraria
as articulações, que são CONVENÇÕES. Iria cantar-se mais do que falar. Os radicais
seriam sons imitativos, ou das paixões que os originaram ou de objetos sensíveis
(onomatopeias).
§4 Essa língua possuiria muitas palavras para expressar o ser em suas varias relações, mas
poucos advérbios para exprimir estas mesmas relações (trata-se de uma relação de
objetividade, sem abstração dos atos dissociados do ser. A palavra possui o sentido de uma
expressão inteira. Privilégio da expressão em vez da exatidão - Luis Fernandes dos Santos
Nascimento _ Fala e Escrita). Uma linguagem cheia de anomalias, com harmonia e beleza
nos sons. Relaciona as línguas chinesa, grega e árabe como similares em certos aspectos.
Cita Crátilo de Platão. A tese platônica é de que o nome de uma coisa significa sua
natureza. Aqui no caso, para Rousseau, o nome da coisa não é uma escolha arbitrária.