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SENTENÇA
1- RELATÓRIO
Alega que foi contratada para exercer as funções de auxiliar de serviços gerais,
realizando suas atividades durante 08 (oito) horas por dia, de segunda à sexta-feira e por
04 (quatro) horas aos sábados.
Afirma que tinha somente 25 (vinte e cinco) minutos de intervalo para refeição e
descanso, o que viola o disposto no art. 71 da CLT, razão pela qual faz jus ao
recebimento de 35 (trinta e cinco) minutos extras por cada dia de trabalho, de segunda à
sexta-feira, aplicando-se o adicional de 50%, conforme determina a CLT, durante todo o
pacto laboral, com reflexos em aviso prévio, férias + 1/3, décimo terceiro salário e
FGTS + 40%.
Atribuiu à causa o valor de R$ 8.767,84 (oito mil, setecentos e sessenta e sete reais e
oitenta e quatro centavos). Juntou documentos.
Foi realizada perícia para apuração do labor insalubre e periculoso, tendo sido
concedido às partes para manifestação acerca da sua conclusão.
Como declararam que não desejavam produzir outras provas, encerrou-se a instrução.
2- FUNDAMENTAÇÃO
O trabalhador aduz que somente tinha 25 (vinte e cinco) minutos de intervalo para
refeição e descanso durante o labor de segunda à sexta-feira.
Compulsando os autos, tem-se que os cartões de ponto não foram impugnados pela
parte reclamada e que de fato são pré-anotados.
Todavia, no caso sob exame, a conclusão do laudo pericial não foi afastada por qualquer
outro meio de prova. Muito pelo contrário, as duas testemunhas ouvidas no feito
confirmam que a reclamante exercia atividades de limpeza e que mantinha contato
regular com o lixo.
Assim, têm-se que se tratam de locais de grande circulação, que atraem a aplicação do
disposto no inciso II, da Súmula n. 448, cuja redação é a seguinte:
A prova oral produzida coaduna com a conclusão do laudo pericial, isto é, de que a
trabalhadora ficava poucos minutos por semana no almoxarifado, local
incontroversamente de depósito de material inflamável.
3 - DISPOSITIVO
Juiz do Trabalho
Esclarece-se que o presente feito tramita sob o rito sumaríssimo, haja vista que o valor
atribuído à causa é inferior a 40 (quarenta) salários mínimos na data de sua propositura.
Nele, em virtude do disposto no art. 852-I, da CLT, é dispensada a elaboração de
relatório. Entretanto, como não há vedação legal para sua existência e diante do
contexto didático que ora se apresenta, na decisão judicial acima foi realizado o
relatório dos principais atos processuais praticados até o referido momento.
1) Embargos de Declaração
O art. 893, da CLT (BRASIL, 1943), elenca o rol de recursos admitidos no Direito
Processual do Trabalho, dentre eles o Recurso Ordinário que deve ser manejado para,
via de regra (vide demais hipóteses de cabimento no art. 895, da CLT), atacar decisão de
primeiro grau, exatamente como a do caso sob exame.
I- Esclarecer obscuridade;
Não se pode deixar de lado a previsão trazida pelo parágrafo 2º, do art. 897-A, da CLT,
que preceitua que somente poderá ocorrer efeito modificativo ao julgado caso tenha sido
dada vista por 05 (cinco) dias à parte contrária. O mencionado efeito tem lugar quando a
omissão, contradição, obscuridade ou erro material forem sanados e gerar modificação
na conclusão do julgado. Nestas situações, deve-se conceder a oportunidade da outra
parte se manifestar sobre os Embargos de Declaração aviados, antes de ser prolatada a
decisão, sob pena de violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa
previstos no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988.
No caso em exame, houve algum acontecimento processual que não foi objeto da
decisão? Há alguma contradição? Existe algum erro material? É importante que você
leia atentamente a decisão para verificar se houve tal situação.
Fique atento para que no dia a dia da atividade profissional não sejam interpostos
Embargos de Declaração em hipóteses distintas das elencadas no art. 1.022, do Código
de Processo Civil. Caso isto ocorra, a parte embargante poderá ser apenada com multa
de até 2% sobre o valor atualizado da causa, a ser paga para embargada (art. 1.026, 2º,
do CPC). Caso se reitere os Embargos de Declaração meramente protelatórios, a multa
poderá ser elevada a até 10% do valor atualizado da causa, devendo a parte depositar
prévia e judicialmente a quantia para poder interpor qualquer outro recurso (art. 1.026,
3º, do CPC).
Por fim, não se pode esquecer de que a interposição tempestiva dos Embargos de
Declaração interrompe o prazo para a apresentação dos demais recursos eventualmente
cabíveis, conforme dispõe o art. 897-A, §3º, da CLT e o art. 1.026, do CPC de 2015.
Esta interrupção vale para ambas as partes, isto é, aquela que tem interesse processual
na interposição de eventual recurso também terá seu prazo interrompido pela
interposição tempestiva dos Embargos de Declaração aviados pela outra parte.
Assim, o prazo não será interrompido somente se os Embargos não forem conhecidos.
Caso sejam conhecidos, mas julgados improcedentes, o prazo recursal é normalmente
restituído às partes.
2) Requisitos da sentença
No que diz respeito aos requisitos da mencionada decisão judicial nos processos que
tramitam sob o rito sumaríssimo, deve-se analisar o disposto no art. 852-I, da CLT
(BRASIL, 1943):
Todavia, não se pode perder de vista a regra geral sobre o tema, que está prevista no art.
832, da CLT (BRASIL, 1943). Veja-se:
Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido
e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a
respectiva conclusão.
§ 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o
prazo e as condições para o seu cumprimento.
§ 2º - A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte
vencida.
(...)
O art. 789, inciso I, da CLT (BRASIL, 1943) também dispôs que as custas devem
incidir sobre o valor da condenação, denotando-se a necessidade de toda sentença
atribuir, portanto, uma quantia a este título.
Diante do exposto, você, aluno, deve analisar detidamente a decisão judicial para
verificar se há alguma omissão no que diz respeito aos requisitos da sentença. Caso
positivo, deve manejar o recurso adequado para seu esclarecimento.
Embargos de Art. 5º, inciso LV. Art. 897-A. Art. 489; Art. Instrução -
Declaração 1.022; Art. Normativa n.
1.026. 39.
Uma vez identificadas estas questões, deve-se partir para os aspectos práticos de sua
elaboração.
Ele deve ser endereçado para o juízo que prolatou a decisão, objetivando que seja
sanada a omissão, contradição, obscuridade ou que seja corrigido o erro material.
Indique na peça recursal as razões pelas quais é cabível o citado recurso no caso sob
exame.
Utilize linguagem impessoal. Quando se referir à decisão, não faça menção ao juiz ou
juíza prolator da decisão, pois o recurso não visa combatê-lo, mas sim a decisão por ele
prolatada. Refira-se, portanto, à decisão ou à sentença, que é justamente o que se ataca
pela peça recursal.
Mãos à obra!