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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
NATAL-RN
2017
Raquel Dantas Batista
Natal-RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Batista, Raquel Dantas.
Simulação numérica de vigas T em concreto armado reforçadas ao
cisalhamento com compósito de fibra de carbono (CFRP) utilizando o
modelo Concrete Damaged Plasticity (CDP) / Raquel Dantas Batista. -
2017.
91 f. : il.
___________________________________________________
Prof. Dr. José Neres da Silva Filho – Orientador
___________________________________________________
Eng. Pedro Mitzcun Coutinho – Coorientador
___________________________________________________
Profa. Dra. Fernanda Rodrigues Mittelbach
___________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Barros
Natal-RN
2017
DEDICATÓRIA
Chico Xavier
Title: Numerical simulation of T-beams on reinforced concrete with Carbon Fiber Reinforced
Polymer (CFRP) shear strengthening using Concrete Damaged Plasticity (CDP) model.
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 18
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 18
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................... 19
1.3 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 20
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 20
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................ 21
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 22
2.1 PATOLOGIAS DAS EDIFICAÇÕES .......................................................................................... 22
2.2 CISALHAMENTO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO ............................................................ 24
Generalidades ..................................................................................................... 24
Analogia de treliça .............................................................................................. 26
Ruptura por Cisalhamento .................................................................................. 28
2.3 PRESCRIÇÕES NORMATIVAS PARA DIMENSIONAMENTO À CORTANTE DA ABNT NBR 6118
(2014): PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ...................................................................... 28
Modelo de Cálculo I ........................................................................................... 30
Modelo de Cálculo II .......................................................................................... 31
2.4 PRESCRIÇÕES NORMATIVAS DE DIMENSIONAMENTO À CORTANTE PELO ACI 318 (2011) ... 32
2.5 REFORÇO COM CFRP ......................................................................................................... 34
Generalidades ..................................................................................................... 34
Reforço ao Cisalhamento.................................................................................... 37
Prescrições Normativas do ACI 440-2R (2008) para dimensionamento de reforço
ao cisalhamento com CFRP .............................................................................................. 38
Prescrições normativas do CEB - fib Bulletin 14 (2001) para dimensionamento
de reforço ao cisalhamento com CFRP ............................................................................. 40
2.6 NÃO LINEARIDADE ............................................................................................................. 41
2.7 CONCRETE DAMAGED PLASTICITY ..................................................................................... 42
3. MODELOS ANALISADOS .............................................................................................. 44
4. MODELAGEM NUMÉRICA .......................................................................................... 48
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 48
4.2 ELEMENTOS DE MODELAGEM ............................................................................................. 48
4.3 GEOMETRIA DOS MODELOS................................................................................................. 49
4.4 CONDIÇÕES DE CONTORNO E CARREGAMENTO ................................................................... 50
4.5 CONTATOS.......................................................................................................................... 51
4.6 MODELO CONSTITUTIVO DO AÇO ....................................................................................... 53
4.7 MODELOS CONSTITUTIVOS PARA O CONCRETO................................................................... 53
Parâmetros de Plasticidade do CDP ................................................................... 54
Comportamento à compressão ........................................................................... 54
4.7.2.1 Modelo Constitutivo da NBR 6118 (2014) ........................................................ 55
4.7.2.2 Modelo Constitutivo do Model Code 2010 (CEB fib-Bulletin 65, 2012) .......... 56
4.7.2.3 Modelo Constitutivo proposto por PETRAUSKI (2016) ................................... 58
Comportamento à tração..................................................................................... 59
Variáveis de dano ............................................................................................... 62
4.8 MODELO CONSTITUTIVO DO CFRP .................................................................................... 65
4.9 MALHA ............................................................................................................................... 65
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 66
5.1 RESULTADOS ANALÍTICOS .................................................................................................. 66
Cisalhamento ...................................................................................................... 66
Reforço com CFRP ............................................................................................. 68
5.2 RESULTADOS NUMÉRICOS .................................................................................................. 70
Calibração dos modelos ...................................................................................... 70
Vigas reforçadas ................................................................................................. 77
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 87
6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................................ 88
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 89
INDICE DE FIGURAS
FIGURA PÁGINA
Figura 1 - CFRP em forma de adesivo. ........................................................................... 19
Figura 2 - Aplicação de CFRP em viga. .......................................................................... 19
Figura 3 - Trajetórias de tensões em uma viga de concreto armado. .............................. 24
Figura 4 - Esquema de fissuração de uma viga de concreto armado. (a) Fissuras
por flexão. (b) Tensões e deformações nos Estádios I e II. (c) Fissuras de flexão e
cortante e fissuras de cortante. (d) Deformações e tensões de ruptura. ........................... 25
Figura 5 - Fissuras por cortante nas proximidades do apoio com inclinação 30º e
45º. ................................................................................................................................... 26
Figura 6 - Analogia de treliça. ......................................................................................... 26
Figura 7 - Treliça Clássica de Ritter-Morsh .................................................................... 27
Figura 8 - Treliça Generalizada ....................................................................................... 27
Figura 9 - Esquema do sistema comporto FRP com fibra de carbono ............................ 34
Figura 10 – Diagrama Comparativo de Tensão x Deformação de compostos FRP
e Aço. ............................................................................................................................... 35
Figura 11 - Diagrama Comparativo de Tensão x Deformação da fibra, concreto e
matriz ............................................................................................................................... 36
Figura 12 - Ruptura do CFRP. ......................................................................................... 37
Figura 13 - Configurações de reforço ao cisalhamento com CFRP. ............................... 37
Figura 14 - Configurações de reforço ao cisalhamento: envolvimento de alma e
mesa, formato U envolvendo toda a alma e somente nas laterais da alma. ..................... 38
Figura 15 - Variáveis envolvidas no dimensionamento do CFRP................................... 39
Figura 16 - Curvas de comportamento do concreto à tração (a) e compressão (b). ........ 43
Figura 17 - Seção transversal das vigas estudadas. ......................................................... 44
Figura 18 - Esquema de carregamento das vigas estudadas e seus respectivos
diagramas de esforços. ..................................................................................................... 45
Figura 19 - Detalhamento das armaduras das vigas estudadas. ....................................... 46
Figura 20 - Detalhamento do reforço nas vigas V2, V3 e V7. ........................................ 47
Figura 21 - Detalhe da ancoragem do CFRP: (a) e (b) Ancoragem de envolvimento
total referente às vigas V2 e V3; (c) Ancoragem em U com auxilio de barras de
aço referente à viga V7. ................................................................................................... 47
Figura 22 - Planos de simetria. ........................................................................................ 49
Figura 23 - Esquema geral de apoios e carregamentos. .................................................. 50
Figura 24 - Detalhe da aplicação da carga....................................................................... 50
Figura 25 - Detalhe do apoio com elemento rígido. ........................................................ 51
Figura 26 - Armadura envolvida pelo concreto. .............................................................. 51
Figura 27 - Detalhe de contato Tie nas vigas reforçadas. ................................................ 52
Figura 28 - Contatos CFRP -Viga ................................................................................... 52
Figura 29 – Diagrama Tensão x Deformação idealizado Aço CA-50. ............................ 53
Figura 30 - Curva teórica Tensão x Deformação do concreto comprimido pelo
modelo da NBR 6118 (2014)........................................................................................... 55
Figura 31 - Curva teórica Tensão x Deformação do concreto comprimido pelo
modelo do Model Code 2010. ......................................................................................... 56
Figura 32 - Curva teórica Tensão x Deformação do concreto comprimido pelo
modelo de Petrauski (2016). ............................................................................................ 58
Figura 33 - Comportamento à tração do concreto idealizado pelo Model Code
2010. ................................................................................................................................ 60
Figura 34 - Comportamento à tração do concreto idealizado por Hordijk (1991) .......... 60
Figura 35 - Comparação dos modelos do Model Code e Hordik (1991) para
concreto C30. ................................................................................................................... 61
Figura 36 - Esquema de análise de esforço cortante analítico. ........................................ 66
Figura 37 - Modelos analisados de modelagem completa, metade e um quarto da
viga .................................................................................................................................. 70
Figura 38 - Vista frontal dos modelos de simetria........................................................... 71
Figura 39 - Áreas de aplicação de condições de contorno de simetria. ........................... 71
Figura 40 - Comportamento de deformação da viga inteira analisada. ........................... 72
Figura 41 - Comportamento de deformação da viga com considerações de simetria
analisada. ......................................................................................................................... 72
Figura 42 - VREF malha 25 mm. .................................................................................... 75
Figura 43 - VREF malha de 50 mm. ............................................................................... 75
Figura 44 - VREF malha de 100 mm. ............................................................................. 75
Figura 45 - Modelo de vigas reforçadas com envolvimento total. .................................. 78
Figura 46 – Detalhe da direção das fibras das vigas reforçadas. ..................................... 78
Figura 47 - Configuração da deformada das barras e compósito. ................................... 79
Figura 48 - Detalhe dos furos nas vigas V2 e V3. ........................................................... 79
Figura 49 - V2 sem furo. ................................................................................................. 80
Figura 50 - V2 com furo. ................................................................................................. 80
Figura 51 - V3 sem furo. ................................................................................................. 82
Figura 52 -V3 com furo. ................................................................................................. 82
Figura 53 - V7. ................................................................................................................ 85
INDICE DE TABELAS
TABELA PÁGINA
Tabela 1 - Características gerais das vigas estudadas...................................................... 46
Tabela 2 - Elementos da Modelagem. ............................................................................. 48
Tabela 3 - Características Gerais do Aço. ....................................................................... 53
Tabela 4 - Características Gerais do Concreto ................................................................ 54
Tabela 5 - Parâmetros de Plasticidade CDP .................................................................... 54
Tabela 6 - Dados C30 Model Code 2010 (fib-Bulletin 65, 2012). .................................. 57
Tabela 7 - Propriedades do CFRP ................................................................................... 65
Tabela 8 - Comparação de contribuição do concreto e armadura. .................................. 67
Tabela 9 - Estimativas de carga de ruptura para VREF. ................................................. 67
Tabela 10 - Comparação de cargas de ruptura estimadas pelo ACI 440-2R (2008) e
CEB fib-Bulletin 14 (2001) das vigas reforçadas. ........................................................... 68
Tabela 11 - Comparação dos modelos inteiro, metade e um quarto................................ 74
Tabela 12 - Comparação do tamanho dos elementos. ..................................................... 77
Tabela 13 - Comparação entre os resultados numéricos e experimentais para V2. ........ 81
Tabela 14 - Comparação entre os resultados numéricos e experimentais para V3. ........ 83
Tabela 15 - Comparação entre os resultados numéricos e experimentais para V7 ......... 85
INDICE DE GRÁFICOS
GRÁFICO PÁGINA
SÍMBOLO SIGNIFICADO
VSd Força cortante solicitante de cálculo
Força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais
VRd2
comprimidas de concreto
Força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração
VRd3
diagonal
Parcela de força cortante absorvida por mecanismos de resistência
Vc
complementares
Vsw Parcela de força cortante absorvida pela armadura transversal
MO Momento fletor que anula a tensão normal de compressão
MSd,máx Momento fletor máximo
θ Ângulo de inclinação das bielas
Vu Esforço cisalhante de cálculo
Vn Resistência ao cisalhamento
Φ Fator redutor da capacidade resistente
VC Parcela de cisalhamento resistida pelo concreto
VS Parcela de cisalhamento resistida pela armadura transversal
λ Fator de modificação de valor unitário para concretos de peso normal
fc’ Resistência característica do concreto
ρw Taxa geométrica de armadura
Mu Momento fletor último
Av Área da seção transversal da armadura
s Espaçamento entre estribos em mm
fyt Resistência característica do escoamento da armadura
Vf Resistência ao corte do compósito
ψf Fator de redução de acordo com o envolvimento do compósito
Afv Área da seção transversal da fibra
ffe Tensão na fibra
α Ângulo de inclinação das fibras
dfv Altura útil da fibra
sf Espaçamento de eixo a eixo das fibras
n Número de camadas
tf Espessura da fibra
wf Largura da fibra
εfe Deformação das fibras
Ef Módulo de elasticidade da fibra
kv Coeficiente de redução aplicado ao cisalhamento
Le Comprimento efetivo da fibra
k1 Fator de modificação devido o concreto
k2 Fator de modificação devido ao envolvimento da fibra
Deformação específica de encurtamento do concreto no início do
εc2
patamar plástico
εcu Deformação específica de encurtamento do concreto na ruptura
εc1 Deformação correspondente a máxima tensão de compressão
w Abertura de fissuras
GF Energia de fratura
dc Variável de dano à compressão
dt Variável de dano à tração
18
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
1.2 Justificativa
Generalidades
Figura 4 - Esquema de fissuração de uma viga de concreto armado. (a) Fissuras por flexão. (b)
Tensões e deformações nos Estádios I e II. (c) Fissuras de flexão e cortante e fissuras de
cortante. (d) Deformações e tensões de ruptura.
Figura 5 - Fissuras por cortante nas proximidades do apoio com inclinação 30º e 45º.
Analogia de treliça
Segundo Fusco (2008), uma viga de concreto armado submetida à flexão apresenta dois
comportamentos: o de viga e o de treliça, sendo necessária a análise sob os dois modelos. Este
autor também salienta que a atuação como treliça não existe desde o início do carregamento,
surgindo com a fissuração por flexão, e ficando preponderante com o aumento da carga.
A analogia de treliça consiste em analisar os elementos da viga como constituintes de
uma treliça de banzos paralelos na qual o banzo inferior tracionado seriam as armaduras
longitudinais; o banzo superior comprimido seria o concreto; as diagonais comprimidas seriam
as bielas de compressão e as diagonais tracionadas as armaduras transversais.
parâmetros são simplificados. Ainda assim, o modelo de treliça, apesar de simples, conduz a
bons resultados comprovados pela sua larga utilização em projetos reais por anos, inclusive é
adotado pela NBR 6118 (2014) e pela maioria das normas internacionais.
Os modelos de treliça mais utilizados são a Treliça Clássica ou Treliça de Ritter – Morsh
e a Treliça Generalizada. Na treliça clássica a inclinação dos banzos comprimidos (θ) é fixa no
valor de 45º, porém na peça real este valor é influenciado por diversos fatores. Estudos
experimentais mostram que essa inclinação (θ) varia entre 30º e 45º e essa, daí o surgimento do
modelo de Treliça Generalizada.
A inclinação da armadura transversal (α) deve admitir valor entre 45º e 90º, o valor de
45º o mais eficiente visto que a inclinação das tensões de tração tende a estre valor, porém
devido à dificuldade de execução desta configuração, adotam-se os estribos a 90º.
2.3 Prescrições normativas para dimensionamento à cortante da ABNT NBR 6118 (2014)
A f ,
ρ = ≥ 0,2
b ∙ s ∙ senα f
( 2-1 )
29
Onde:
ρsw: taxa geométrica de armadura;
Asw: área de armadura transversal;
s: espaçamento entre estribos;
α: inclinação dos estribos;
bw: largura da alma;
fywk: resistência característica ao escoamento do aço;
fct,m: resistência média do concreto à tração;
Quanto a verificação de Estado Limite Último, a norma determina que duas condições
devem ser atendidas:
V ≤V ( 2-2 )
V ≤V =V +V ( 2-3 )
Onde:
VSd: força cortante solicitante de cálculo;
VRd2: força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de
concreto;
VRd3: força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;
Vc: parcela de força cortante absorvida por mecanismos de resistência complementares;
Vsw: parcela de força cortante absorvida pela armadura transversal.
30
Modelo de Cálculo I
O Modelo de Cálculo I da NBR 6118 (2014) adota a analogia com a treliça clássica de
Ritter-Morsh, ou seja, ângulo θ = 45º, lembrando que θ representa o ângulo de inclinação das
bielas de compressão em relação a horizontal. Outra peculiaridade do modelo é o valor
constante da força absorvida por mecanismos complementares (Vc), independentemente do
valor da cortante solicitante (VSd).
A componente VRd2 para a verificação da compressão diagonal do concreto, ou mais
resumidamente das bielas de compressão é dada por:
V = 0,27 ∙ α ∙f ∙b ∙d ( 2-4 )
Onde:
V =V +V ( 2-5 )
Onde:
ASW: área de armadura transversal;
fywd: resistência de cálculo ao escoamento do aço;
α: ângulo de inclinação da armadura transversal;
V =0 ( 2-7 )
31
( 2-8 )
V =V
( 2-9 )
V = 0,6 ∙ f ∙b ∙d
, ( 2-10 )
f =
/ ( 2-11 )
f , = 0,21 ∙ f
Para flexo-compressão:
M
V =V ∙ 1+ ≤2V ( 2-12 )
M ,
Onde:
MO: momento fletor que anula a tensão normal de compressão;
MSd,máx: momento fletor máximo.
Modelo de Cálculo II
Onde:
θ: ângulo de inclinação das bielas;
A
V = ∙ 0,9 ∙ d ∙ f ∙ (cotg α + cotg θ) ∙ sen α ( 2-14 )
s
32
( 2-15 )
V =0
V =V ( 2-16 )
V = V ; Quando V ≤V ( 2-17 )
V = 0; Quando V =V ( 2-18 )
Para flexo-compressão:
( 2-19 )
V =V ∙ 1+ ≤2V
,
V = V ; Quando V ≤V ( 2-20 )
V = 0; Quando V =V ( 2-21 )
2.4 Prescrições normativas para dimensionamento à cortante pelo ACI 318 (2011)
ΦV ≥ V ( 2-22 )
Onde:
Vu: esforço cortante de cálculo;
Vn: esforço cortante resistente;
Φ: fator redutor da capacidade resistente.
V =V +V ( 2-23 )
33
Onde:
VC: parcela de esforço cortante resistida pelo concreto;
VS: parcela de esforço cortante resistida pela armadura transversal.
( 2-24 )
V = 0,17 ∙ λ f ′ ∙ b ∙ d
( 2-26 )
ρ =
( 2-27 )
≤1
( 2-28 )
V ≤ 0,29 ∙ λ ∙ f ∙ b ∙ d
Onde:
VC: parcela de esforço cortante resistida pelo concreto em N;
Vu: cortante na seção de cálculo em N;
λ: fator de modificação de valor unitário para concretos de peso normal;
fc’: resistência característica do concreto em MPa;
bw: largura da alma em mm;
d: altura útil em mm;
ρw: taxa geométrica de armadura;
Mu: momento fletor último em .mm
A ∙f ∙d ( 2-29 )
𝑉 =
s
( 2-30 )
V ≤ 0,66 ∙ f ∙ b ∙ d
Onde:
Vs: parcela de esforço cortante resistida pela armadura em N;
34
b s b ∙s
A , = 0,75 ∙ f ′ ∙ ≤ 50 ∙ ( 2-31 )
3f f
Generalidades
Fiber Reinforced Polymer) e até mesmo o aço comumente utilizado nas obras civis, conforme
pode ser observado na Figura 10, o CFRP suporta maiores tensões com menores deformações.
Segundo Machado A. e Machado B. (2015) os Compósitos Poliméricos Reforçados com Fibras
de Carbono denominadas CFRP (Carbon Fiber Reinforced Polymer), são as mais utilizadas
estruturalmente.
Dentre as principais características dos sistemas compostos FRP segundo CEB fib-
Bulletin 14 (2001), tem-se:
Resistencia à corrosão;
Leveza;
Fácil aplicação, principalmente no tipo colado externamente;
Elevada resistência;
Elevada rigidez;
Elevada capacidade de deformação;
Disponibilidade de diversas geometrias e dimensões.
é possível dizer que a sua resistência a um ou mais esforços está comprometida e será
aumentada com o emprego do compósito. A leveza também contribui na resistência, reduzindo
o peso do reforço e esforço adicional gerado por ele.
As características de resistência a ataques químicos e bom comportamento térmico,
possuem maior importância no referente a atividades de recuperação estrutural, por motivo de
geralmente ocorrência deste procedimento em ambientes de elevada agressividade ambiental,
estes aspectos funcionariam para proteger a peça além de evitar corrosão do próprio material
de reforço.
Machado A. e Machado B. (2015) complementam com as seguintes características que
foram importantes na modelagem numérica:
Heterogêneos;
Anisotrópicos;
Comportamento elástico-linear até a ruptura.
Reforço ao Cisalhamento
Fonte: Autora.
( 2-32 )
ΦV ≥ V
ΦV = Φ ∙ (V + V + ψ V ) ( 2-33 )
V + V ≤ 0,66 ∙ f ∙ b ∙ d ( 2-34 )
VC: parcela de cortante resistida pelo concreto, dado pelo ACI 318 (2011);
VS: parcela de cortante resistida pela armadura transversal, dado pelo ACI 318 (2011);
Vf: parcela de cortante resistida pelo compósito;
ψf: fator de redução de acordo com o envolvimento do compósito.
0,95 para completamente envolvido
ψf = ;
0,85 para parcialemente envolvido
f’c: resistência média do concreto à compressão.
39
d: altura útil
bw: largura da alma.
Contribuição do reforço:
f =ε ∙E ( 2-37 )
d ( 2-38 )
s ≤ +𝑤
4
Onde:
Afv: área da seção transversal da fibra;
ffe: tensão na fibra;
α: ângulo de inclinação das fibras;
dfv: altura útil da fibra;
sf: espaçamento de eixo a eixo das fibras;
n: número de camadas;
tf: espessura da fibra;
wf: Largura da fibra;
εfe: deformação das fibras;
Ef: módulo de elasticidade da fibra.
40
23300
L = ,
; para o sitema SI de unidade
(n ∙ t ∙ E ) ( 2-41 )
/
f
k = ; para sistema SI de unidade ( 2-42 )
27
Onde:
kv: coeficiente de redução aplicado ao cisalhamento;
εfu: deformação última das fibras;
Le: comprimento efetivo da fibra;
k1: fator de modificação devido o concreto;
k2: fator de modificação devido ao envolvimento da fibra.
V = min(V +V + V ,V ) ( 2-44 )
2t b ( 2-46 )
ρ = ∙ ; para reforço em tiras externas
b s
ε , ( 2-47 )
ε , =
γ
ε , = Kε , ( 2-48 )
41
,
f ( 2-49 )
ε , = 0,17 ∙ ε ; para envolvimento total
E ∙ρ
, ,
f f
ε , = min x 10 ; 0,17 ∙ ε ; para reforço em U ( 2-50 )
E ρ E ρ
Onde:
VRd: resistência ao cisalhamento;
Vcd: parcela resistente de esforço cortante proveniente do concreto;
Vwd: parcela resistente de esforço cortante proveniente da armadura;
Vfd: parcela resistência de esforço cortante proveniente da fibra;
VRd2: componente de ruína por esmagamento de biela;
εfd,e: deformação de projeto da fibra;
bw: largura mínima da seção transversal;
d: altura útil;
ρf: taxa de compósito;
Efu: módulo de elasticidade;
θ: inclinação das fissuras e o eixo longitudinal do elemento;
α: inclinação entre a direção das fibras e o eixo longitudinal do elemento.
εfk,e: deformação característica da fibra
εf,e: deformação da fibra;
γf: coeficiente de segurança de valor 1,30;
k: fator de redução de valor 0,8;
tf: espessura da fibra;
bf: largura da seção;
sf: espaçamento das fibras;
fcm: resistência média do concreto à compressão.
tensão limite de resistência σt0 e na compressão até a tensão σc0. Depois de atingido esse valor,
surgem as fissuras causando a queda na curva, fenômeno denominado amolecimento.
Neste trabalho serão analisadas quatro vigas de concreto armado, sendo três delas
reforçadas ao cisalhamento com compósitos de fibra de carbono, ensaiadas por Silva Filho
(2001) e simuladas numericamente por meio do Método dos Elementos Finitos, utilizando o
software ABAQUS. Para tanto serão abordados neste capítulo a geometria dos modelos,
esquema de carregamentos, detalhamento das armaduras e detalhamento do reforço com
compósito de fibra de carbono (CFRP).
Silva Filho (2001) em seu trabalho ensaiou oito vigas de concreto armado. Destas uma
sem reforço, denominada de viga de referência, e as demais possuíam diferentes configurações
de reforço ao cisalhamento com compósitos de fibra de carbono (CFRP). A resistência
característica do concreto (fck) utilizado foi de 30 MPa e aço CA-50 com tensão de escoamento
de 500 MPa.
Nessa pesquisa foram analisadas as vigas V1REF, V2, V3 e V7 sendo a V1REF a viga
de referência sem reforço, todos os modelos possuem a seção transversal em T ilustrada na
Figura 17 com as medidas em mm, comprimento total de 4400 mm e vão livre de 4000 mm.
Fonte: Autora.
Perfil metálico
Macaco hidráulico
550
100
400 300
150
unidades: mm
Momento fletor
Pa Pa
2 2
P
+ Cortante
2
P
-
2
SEÇÃO A-A
ESC 1:25 N3
550
26 N5 C/ 170
A N2
150
N1
A 370
unidades: mm
26 N4 C/ 170
3 N1Ø20.0 - 4700 - 1c 70
520 26 N5Ø5.0 - 1280
Barra de aço φ
3D Deformável Wire - Truss T3D2
20 mm
49
Barra de aço φ
3D Deformável Wire - Truss T3D2
16mm
Barra de aço φ 5
3D Deformável Wire - Truss T3D2
mm
Barra de aço φ
3D Deformável Wire - Truss T3D2
4,2 mm
Shell -
CFRP 3D Deformável M3D4
Membrane
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
50
No estudo foram adotadas as mesmas condições de apoio dos ensaios de Silva Filho
(2001), sendo eles poios do segundo e primeiro gênero. Vale salientar que foi utilizado um
elemento rígido nos apoios, modelado como Shell, para distribuição uniforme das tensões
evitando inconsistências no modelo, deformações e tensões excessivas nas áreas de apoio. Por
esta mesma razão, para o carregamento foi admitido uniformemente distribuído em uma área
da viga de tamanho igual ao da chapa.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
51
Fonte: Autora.
4.5 Contatos
O modelo numérico é formado por diferentes partes que interagem entre si. A
idealização correta do contato é fator determinante nos resultados, principalmente se tratando
de elementos adesivos e colados externamente. Nas vigas modeladas foram feitas três
interações: armadura – concreto, CFRP – concreto e chapa auxiliar – concreto. Foram utilizados
dois tipos de contatos disponíveis na biblioteca ABAQUS: Embedded Region e Tie.
O contato Embedded Region foi empregado para a interação armadura e concreto. Este
tipo de contato simula aderência perfeita entre os materiais, ou seja, não ocorre escorregamento
das barras. É necessário determinar os componentes que são envolvidos (Embedded Region) e
o componente que envolve (Host Region), no caso, as armaduras foram consideradas imersas
no concreto.
Fonte: Autora.
52
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
53
O aço utilizado nos experimentos de Silva Filho (2001) foi CA-50, na modelagem os
dados elásticos estão apresentados na Tabela 3:
CA-50
Massa Específica 8,00477x10-6 Kg/mm³
Módulo de Elasticidade 210000 N/mm²
Coeficiente de Poisson 0,3 Adm.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
C30
fck 30 MPa
Massa Específica 2,549x10-6 Kg/mm³
Módulo de Elasticidade 26838,406 N/mm²
Coeficiente de Poisson 0,2 Adm.
Fonte: Autora.
Plasticity CDP
Dilation Angle 36
Eccentricity 0,1
fb0/fc0 1,16
K 0,6667
Viscosity 0
Fonte: Autora.
Comportamento à compressão
Fonte: Autora.
ε
σ =f ∙ 1− 1− ( 4-2 )
ε
Onde:
fcd: resistência de cálculo do concreto;
εc2: deformação específica de encurtamento do concreto no início do patamar plástico;
εcu: deformação específica de encurtamento do concreto na ruptura;
Para fck ≤ 50 MPa: n = 2;
Para fck > 50 MPa: n = 1,4 + 23,4 ∙ [(90 − f )/100] ;
εc2 = 2,0 ‰
Para concretos de classe até C50
εcu = 3,5 ‰ ;
56
,
εc2 = 2,0 ‰ + 0,085 ‰ ∙ (f − 50)
Para concretos de classe entre C55 e C90 ( )
εcu = 2,6 ‰ + 35 ‰ ∙
Gráfico 1 - Diagrama Tensão x Deformação do concreto comprimido para C30 pelo modelo
da NBR 6118 (2014).
35,00
30,00
25,00
Tensão (MPa)
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Deformação (‰)
Fonte: Autora.
4.7.2.2 Modelo Constitutivo do Model Code 2010 (CEB fib-Bulletin 65, 2012)
Fonte: Autora.
57
σ k∙η−η
=− ( 4-3 )
f 1 + (k − 2) ∙ η
Onde:
η = εc / εc1
εc1: deformação correspondente a máxima tensão de compressão
Os valores de k, εc1, εc,1im são tabelados de acordo com o concreto, para C30 tem-se:
C30
Eci (GPa) 33,6
Ecl (Gpa) 16,5
εc1 (‰) -2,3
εc,lim (‰) -3,5
k 2,0
Fonte: Autora.
Gráfico 2 – Diagrama Tensão x Deformação do concreto comprimido para C30 pelo modelo
do Model Code 2010.
40
35
30
Tensão (MPa)
25
20
15
10
5
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Deformação (‰)
Fonte: Autora.
58
ε ( 4-4 )
σ =f ∙ 1− 1−
ε
Gráfico 3 - Diagrama Tensão x Deformação do concreto comprimido para C30 pelo modelo
de Petrauski (2016).
40,00
35,00
30,00
Tensão (MPa)
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
0,0 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0 3,5 15,0 20,0
Deformação (‰)
Fonte: Autora.
Comportamento à tração
Fonte: Autora.
61
Figura 35 - Comparação dos modelos do Model Code e Hordik (1991) para concreto C30.
w w w
σ =f 1+ c exp −c − (1 + c ) exp(−c ) ( 4-5 )
w w w
5,14G
w =
f ( 4-6 )
Onde:
w: abertura de fissuras;
GF: energia de fratura;
c1 = 3,00 e
c2 = 6,93
62
Gráfico 4- Diagrama Tensão x Abertura de Fissuras do concreto para C30 pelo modelo de
Hordijk (1991)
3,50
3,00
2,50
Tensão (MPa)
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25
Abertura de Fissuras (mm)
Fonte: Autora.
Variáveis de dano
Segundo o manual ABAQUS, as variáveis de dano variam de zero para o material sem
dano para um com o material totalmente danificado e perda total de resistência. Também
explica que a formulação destes escalares é função de deformações plásticas, temperatura e
variáveis externas:
σ
d =1− ( 4-9 )
f
σ ( 4-10 )
d = 1−
f
63
Aplicando as equações para todas as curvas, foram obtidos os seguintes gráficos para
dano à compressão:
0,25
0,2
Parâmetro do dano (Dc)
0,15
0,1
0,05
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Deformação (‰)
Fonte: Autora.
0,3
0,25
Parâetro de dano (Dt)
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Deformação (‰)
Fonte: Autora.
64
0,9
0,8
Parâmetro de Dano (Dc)
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0,0 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0 3,5 15,0 20,0
Deformação (‰)
Fonte: Autora.
Para a variável de dano à tração utilizou-se apenas uma curva já que todos os modelos
foram admitidos com o comportamento à tração de Hordijk (1991).
1,200
1,000
Parâmetro de dano (Dt)
0,800
0,600
0,400
0,200
0,000
0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300
Abertura de Fissuras (mm)
Fonte: Autora.
65
Módulo de Módulo de
Coeficiente
Eixo Elasticidade cisalhamento
de Poisson (μ)
(E - MPa) (G - MPa)
Eixo paralelo à fibra 228000 0,3 5120
Outros eixos 30000 0,3 5120
Fonte: Autora.
4.9 Malha
Cisalhamento
Fonte: Autora.
67
No modelo experimental de Silva Filho (2001) a armadura adotada foi de 4,02 cm²/m,
valor muito abaixo do calculado pelas normas, indicando que as vigas estavam
subdimensionadas ao cisalhamento, sendo cerca de 59 % de diferença para o Modelo de Cálculo
I da NBR 6118 (2014) e 66 % para o Modelo de Cálculo II, para o ACI 318 (2011) a diferença
é de 63 %.
É importante salientar a proximidade dos valores das armaduras calculadas; resultado
este já esperado uma vez que todos os modelos utilizam a idealização do comportamento de
treliça de banzos paralelos.
A maior diferença é na parcela resistida pelo concreto, tanto no ACI 318 (2011) como
o Modelo de Cálculo I da NBR 6118 (2014) esta parcela tem valor fixo, já no Modelo de Cálculo
II a variável Vc é reduzida com o aumento da parcela proveniente da armadura transversal.
Com a armadura de 4,02 cm²/m, admitida por Silva Filho (2001), foi realizada a
estimativa da capacidade de carga pelos três modelos analíticos (Pest) e comparados os valores
com a carga de ruptura obtida experimentalmente (Pexp).
Carga última
Norma Pexp./Pest.
estimada (KN)
NBR 6118 (2014) Modelo I 211,31 1,70
NBR 6118 (2014) Modelo II 185,24 1,94
ACI 318 (2011) 304,80 1,18
Fonte: Autora
A partir destes dados percebe-se que nenhum dos modelos analisados de fato atingiu a
carga de ruptura experimental de 360 KN. Isso se deve ao procedimento de estimativa de
resistência ao cisalhamento ser de difícil mensuração, envolvendo diversos mecanismos
auxiliares, nas normas apenas computados pela parcela Vc.
68
As vigas reforçadas V2, V3 e V7 foram analisadas pelo ACI 440-2R (2008) e CEB fib-
Bulletin 14 (2001) cujos procedimentos de cálculo foram descritos no Capítulo 2. Assim foram
estimadas as cargas de ruptura PACI e PCEB com o intuito de comparar com as experimentais. Os
resultados estão dispostos na Tabela 10 a seguir.
Tabela 10 - Comparação de cargas de ruptura estimadas pelo ACI 440-2R (2008) e CEB fib-
Bulletin 14 (2001) das vigas reforçadas.
Fonte: Autora.
comparada com a carga estimada, ou seja, contra a segurança. Isso aconteceu pelo fato dos
modelos analíticos ainda não representarem bem o mecanismo de descolamento das fibras e
desplacamento na região resina substrato de concreto.
700,00 665,95
590,00 594,10
600,00 570,00
461,82 466,29 480,00
500,00 445,16
418,39
400,00
300,00
200,00
100,00
0,00
V2 V3 V7
Fonte: Autora.
A norma que mais se aproximou dos resultados experimentais foi o CEB fib-Bulletin 14
(2001). A principal diferença entre as normas é a consideração de altura útil no CEB fib-Bulletin
14 (2001), feita diferentemente do ACI 440-2R (2008) utilizando a altura útil do elemento.
Comparando as vigas V7 e V2, sabendo que ambas possuem iguais espessuras e
espaçamento de fibras, diferenciando no sistema de ancoragem, é notada a eficiência do sistema
de envolvimento total da fibra. Isso correspondeu a um valor mais elevado de resistência devido
ao fato de que sem a ancoragem eficaz o CFRP tem ruptura prematura por descolamento para
níveis de cargas inferiores aos esperados. Nesse caso, a ancoragem externa com barras de aço
não foi suficiente para evitar o descolamento da fibra para níveis mais elevados de cargas.
Vale observar a eficácia da ancoragem de envolvimento completo (V2) não representou
nos modelos analíticos das normas analisadas grande aumento de capacidade de carga, porém
experimentalmente constatou-se uma diferença de aproximadamente 23 %.
70
Fonte: Autora.
71
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Gráfico 10 - Diagrama Carga x Deslocamento no meio do vão para VREF inteira e elementos
finitos de 25 mm.
350,00
300,00
250,00
EXPERIMENTAL
Carga (KN)
200,00
LINEAR
150,00
PETRAUSKI (2016)
100,00 MODEL CODE 2010
NBR 6118 (2014)
50,00
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
Gráfico 11 - Diagrama Carga x Deslocamento no meio do vão para VREF metade e elementos
finitos de 25 mm.
350,00
300,00
250,00
EXPERIMENTAL
Carga (KN)
200,00
LINEAR
150,00
PETRAUSKI (2016)
100,00 MODEL CODE 2010
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
74
350,00
300,00
250,00
EXPERIMENTAL
Carga (KN)
200,00
LINEAR
150,00
PETRAUSKI (2016)
100,00
MODEL CODE 2010
50,00 NBR 6118 (2014)
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
NBR
Petrauski Model Code
VREF Linear 6118
(2016) 2010
(2014)
Experimental Flecha máxima (mm) 16,84
Flecha máxima (mm) 7,06 13,19 13,15 13,83
Numérico
Diferença (mm) 9,78 3,65 3,69 3,01
um quarto
Diferença (%) 58,07% 21,66% 21,93% 17,87%
Flecha máxima (mm) 7,38 14,84 14,77 15,69
Numérico
Diferença (mm) 9,46 2,00 2,07 1,15
Metade
Diferença (%) 56,16% 11,90% 12,28% 6,84%
Flecha máxima (mm) 6,52 12,97 12,90 13,50
Numérico
Diferença (mm) 10,32 3,87 3,94 3,34
Inteira
Diferença (%) 61,29% 22,97% 23,42% 19,81%
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
76
Gráfico 13 - Diagrama Carga x Deslocamento no meio do vão para VREF e elemento com
aresta de 50mm.
350,00
300,00
250,00
EXPERIMENTAL
Carga (KN)
200,00
LINEAR
150,00
PETRAUSKI (2016)
100,00 MODEL CODE 2010
50,00 NBR 6118 (2014)
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
77
Gráfico 14 - Diagrama Carga x Deslocamento no meio do vão para VREF e elemento com
aresta de 100mm.
350,00
300,00
250,00
EXPERIMENTAL
Carga (KN)
200,00
LINEAR
150,00
PETRAUSKI (2016)
100,00 MODEL CODE 2010
50,00 NBR 6118 (2014)
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
Vigas reforçadas
mostrados os resultados considerados mais adequados por terem coerência com os resultados
experimentais.
Figura 45 - Modelo de vigas reforçadas com envolvimento total.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Para todas as vigas reforçadas, a configuração deformada foi como esperada de maiores
deslocamentos no meio do vão, a Figura 47 apresenta a conformação da deformada das
armaduras e compósitos, semelhantes em todas as vigas com CFRP.
79
Fonte: Autora.
Na execução das vigas com envolvimento total foi necessário fazer furos na mesa para
a passagem do compósito e, após aplicação das camadas de CFRP, a mesa foi recuperada com
grout. Para avaliar o comportamento ao considerar a interação da mesa com o compósito e a
ausência total desta interação, foram idealizadas duas tipologias: (a) viga sem furos na mesa e
consideração de região imersa no concreto e (b) vigas com furos na mesa de dimensões 50 mm
por 150 mm conforme ilustrado na Figura 48.
Fonte: Autora.
80
600
550
500
450
400 EXPERIMENTAL
Carga (KN)
350
300 LINEAR
250
200 PETRAUSKI (2016)
150 MODEL CODE 2010
100
50 NBR 6118 (2014)
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
350
300 LINEAR
250
PETRAUSKI (2016)
200
150 MODEL CODE 2010
100
50 NBR 6118 (2014)
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deflexão (mm)
Fonte: Autora
81
Fonte: Autora.
Gráfico 17 - Diagrama Carga x Deslocamento no meio do vão para V2 com furo e sem furo
na mesa para Model Code 2010.
600
550
500
450
400
Carga (KN)
350
300 EXPERIMENTAL
250 MODEL CODE 2010 sem furo
200
MODEL CODE 2010 com furo
150
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
As Figura 51 e 52 ilustram os modelos estudados para a V3, com furo na mesa e sem a
consideração de furos na mesa.
82
Gráfico 18 - Diagrama Carga x Deslocamento no meio do vão para V3 sem furo na mesa.
600,00
550,00
500,00
450,00
400,00 EXPERIMENTAL
Carga (KN)
350,00
300,00 LINEAR
250,00
200,00 PETRAUSKI (2016)
150,00 MODEL CODE 2010
100,00
50,00 NBR 6118 (2014)
0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
Gráfico 19 - Diagrama Carga x Deslocamento no meio do vão para V3 com furo na mesa.
600,00
550,00
500,00
450,00
400,00
EXPERIMENTAL
Carga (KN)
350,00
300,00 LINEAR
250,00
PETRAUSKI (2016)
200,00
150,00 MODEL CODE 2010
100,00
NBR 6118 (2014)
50,00
0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00
Deflexão (mm)
Fonte: Autora
83
A partir da análise dos dois gráficos pode-se observar que os modelos constitutivos
adotados possuíram comportamentos mais rígidos para cargas mais baixas e muito flexíveis
para elevados níveis de carga. Isso ocorreu em todos os modelos mesmo adotando malhas de
pequenas dimensões. Vale ressaltar que os resultados experimentais de Silva Filho (2001)
também apresentaram grandes deformações a partir de determinados níveis de carregamentos.
Portanto, em linhas gerais, o formato das curvas é condizente com a resposta experimental,
porém o início de deformação acentuada da curva numérica é atingido para uma carga próxima
a 470 KN enquanto no experimental essa carga é de 550 KN.
Tabela 14 - Comparação entre os resultados numéricos e experimentais para V3.
Fonte: Autora.
Para verificar se o furo possui influência nas deformações plotou-se o Gráfico 20 apenas
com a curva do Model Code 2010 com e sem furo.
Gráfico 20 - Diagrama Carga x Deslocamento no meio do vão para V3 com furo e sem furo
na mesa para Model Code 2010.
600,00
550,00
500,00
450,00
400,00
Carga (KN)
350,00
300,00 EXPERIMENTAL
250,00 MODEL CODE 2010 com furo
200,00 MODEL CODE 2010 sem furo
150,00
100,00
50,00
0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
84
Com o resultado é notada uma pequena diferença entre as curvas numéricas somente a
partir de 400 kN. A partir desta carga as curvas se distanciam sendo para o mesmo passo de
carga a curva sem furo mais flexível, evidenciando que existe influencia a interação mesa-
compósito. A curva mais próxima da experimental foi a da viga com furo. Entretanto, modelo
com furo possuiu maiores deformações finais por atingir maiores cargas de convergência.
Como observado anteriormente, os modelos foram mais flexíveis para maiores cargas.
Comparando ambas as vigas com ancoragem de envolvimento completo
observa-se que a viga V3 possui duas camadas de CFRP e espaçamentos de eixo a eixo de 200
mm, ou seja, menor que o espaçamento de V2 de 230 mm, e como já visto nos resultados
analíticos, capacidade de carga elevada e rompimento experimental com carga abaixo da
estimada. As deformações são maiores no modelo experimental e nos modelos numéricos se
comparadas a viga V2 demonstrando que a maior quantidade de fibras e menor espaçamento
levaram a maiores deformações apensar de não resultarem em maiores cargas.
O Gráfico 21 compara as duas vigas com a curva do Model Code 2010, evidenciando
esta influência nas deformações e a não interferência na carga de ruptura.
600
550
500
450
400 EXPERIMENTAL V2
Carga (KN)
350
EXPERIMENTAL V3
300
LINEAR V2
250
200 LINEAR V3
150 MODEL CODE V2
100 MODEL CODE 2010 V3
50
0
0 10 20 30 40 50
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
Para a viga com envolvimento em U (V7), diferente dos outros casos com compósitos,
houve convergência em todas as curvas, provavelmente por possuir menos contatos e
principalmente por estar submetida a cargas menores.
85
Figura 53 - V7.
Fonte: Autora.
300,00
250,00 LINEAR
200,00 PETRAUSKI (2016)
150,00
MODEL CODE 2010
100,00
NBR 6118 (2014)
50,00
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00
Deflexão (mm)
Fonte: Autora.
Flecha Flecha
Diferença Diferença
Modelo máxima Experimental
(mm) (%)
(mm) (mm)
Linear 10,18 23,75 13,57 57,14%
Petrauski (2016) 25,50 23,75 -1,75 7,38%
NBR 6118 (2014) 26,42 23,75 -2,67 11,26%
Model Code 2010 27,26 23,75 -3,51 14,78%
Fonte: Autora
86
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
6. CONCLUSÃO
Por fim, é importante ressaltar a cautela que o engenheiro deve assumir ao modelar um
problema em elementos finitos, bem como alertá-lo sobre a necessidade de validação do modelo
com a comparação com experimentais e do conhecimento do mesmo com o comportamento
estrutural, com intuito de evitar resultados incoerentes e até contrários a segurança.
Estudar alteração de elementos finitos, chapas auxiliares, tamanho das malhas, área de
aplicação de forças e reações de apoio;
Analisar as V4, V5, V6 e V8 ensaiadas por Silva Filho (2001) a fim de avaliar outras
configurações de inclinação das fibras de CFRP;
Analisar outros softwares de analise estrutural pelo Método dos Elementos Finitos
(MEF);
Avaliar a fissuração e as tensões das vigas estudadas neste trabalho;
Modelar as colas e adesivos a fim de considerar fraturas e perda de aderência entre
concreto e CFRP.
89
REFERÊNCIAS
7. REFERÊNCIAS
ALVES FILHO, Avelino. Elementos Finitos: A base da tecnologia CAE Análise não linear.
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