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Camila Arruda
DIREITO EMPRESARIAL Aula 5
TEORIA DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Para formalizar um negócio é necessário adquirir personalidade jurídica, que nada mais é do
que o ato de contrair direitos e deveres na sociedade, o que é de fundamental importância
para que qualquer empreendimento possa atuar de forma legal. Para obter personalidade
jurídica é necessário se inscrever no órgão competente do setor em que a empresa atua.
Adquirir personalidade jurídica é importante não só para que uma ou mais pessoas passem a
ser vistas pela sociedade como empresa, podendo executar as suas funções legalmente, mas
para que também seja protegida pela legislação brasileira.
A personalidade jurídica é quando um indivíduo deixa de ser apenas pessoa física e por
meio de um processo de regularização torna-se uma pessoa jurídica perante a sociedade,
respondendo pelos direitos e deveres da sua empresa.
O contrato de empresário ou sociedade é firmado por uma ou mais pessoas quando elas desejam se obrigar
por vontade própria a contribuir com bens e serviços para exercer uma atividade econômica, partilhando de
esforços e resultados entre si. É por meio da inscrição do ato constitutivo em registro competente que o
empresário individual ou sociedade adquire personalidade jurídica.
➢ Somente depois que o contrato social é elaborado e registrado em público, é que a sociedade obtém
personalidade jurídica, estando pronta para responder pelas suas obrigações e adquirir direitos em nome
próprio.
➢ a separação da pessoa dos sócios da pessoa da sociedade acontece apenas após a concretização do
registro
Depois da aquisição de personalidade jurídica, a sociedade entre uma ou duas pessoas torna-se um sujeito
legal, recebendo a capacidade de direito e de obrigações.
➢ No entanto, os sócios não adquirem a qualidade de comerciantes, mantendo a sociedade sua própria
individualidade.
Assim quando uma pessoa jurídica for utilizada para fugir de suas finalidades, para
lesar terceiros, sua personalidade pode ser desconsiderada imputando a
responsabilidade aos sócios e membros integrantes da pessoa jurídica.
“Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões
de que forem responsáveis:
(...)
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou
estatutos:
(...)
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado”.
Código Civil a desconsideração da personalidade jurídica está
prevista no art. 50 do Código Civil:
Consoante assentado no julgamento do REsp n.º 1.096.604, o contraditório ficava diferido: "... sob pena
de tornar-se infrutuosa a desconsideração da personalidade jurídica, afigura-se bastante quando, no
âmbito do direito material, forem detectados os pressupostos autorizadores da medida a intimação
superveniente da penhora ...". Ainda, o REsp n.º 1.182.620, do C. STJ sublinhou que, "garantido o direito
ao contraditório, ainda que diferido, não há falar em nulidade de decisão que desconsidera a
personalidade jurídica”.
LEGITIMADOS
➢partes envolvidas no processo
➢ Ministério Público, somente quando lhe couber intervir no processo
➢não podendo ser instaurado de ofício pelo juiz, ressalvado o processo trabalhista,
cujo juiz tem poderes para iniciar a execução de ofício.
Será dispensável a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida logo
na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica, não havendo suspensão. Nesse caso
incumbe ao sócio ou a pessoa jurídica, na contestação, impugnar não somente a própria desconsideração, mas
também os demais pontos do processo.
De outro lado, quando não requerida a desconsideração da personalidade jurídica na inicial ocorrerá a
suspensão do processo.
De todo modo, instaurado o incidente, o sócio será citado para, no prazo de 15 dias úteis, manifestar-se e
requerer as provas cabíveis, no caso de desconsideração inversa em ação movida contra sócio será citada a
pessoa jurídica.
Posteriormente, concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória, atacável
por Agravo de Instrumento (art. 1.015, IV, do NCPC), e se a decisão for proferida pelo relator, quando o
incidente for instaurado originariamente perante o tribunal (art. 932, VI, NCPC), caberá agravo interno (art.
1.021, do NCPC).
Caso haja constrição judicial de bens, por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente
não fez parte o sócio, será possível a oposição de Embargos de Terceiro, nos termos do art. 674, § 2º, III, NCPC.
DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
Ocorre quando a pessoa jurídica passa a responder por obrigações que não são
originárias suas, mas de seus sócios ou administrador, em outras palavras, o
patrimônio da pessoa jurídica servirá para cumprir a obrigação do sócio devedor.
Art. 1.015. CC:No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à
gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis depende
do que a maioria dos sócios decidir.
Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se
ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:
I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;
Em suma, a teoria ultra vires societatis é caracterizada pelo abuso de poder por parte do
administrador, o que ocasiona violação do objeto social lícito para o qual foi constituída a empresa.
TEORIA DA APARÊNCIA (RECHTSCHEIN THEORIE)
Consiste na atribuição, pelo Direito, de valor jurídico a determinados atos, que em
princípio não teriam validade, mas que devem ser considerados válidos para
proteger a boa fé e a condução habitual dos negócios.