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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS

PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL


PROFESSOR PEDRO IVO

AULA 02 – PROVA – PARTE 01

Olá, Pessoal!

Hoje começaremos a tratar de um tema que o CESPE adora exigir em seus


concursos: A PROVA NO PROCESSO PENAL.
É um tema vasto, mas interessantíssimo e que sem dúvida, a correta
compreensão, garantirá preciosos pontos em sua PROVA.
Durante a aula responderemos a importantes questionamentos do tipo:
Posso obrigar alguém a provar alguma situação que eu estou colocando em
dúvida?
Posso utilizar uma conversa telefônica gravada sem seu consentimento na qual
escutamos CLARAMENTE uma conversa de duas horas com sua namorada ou
namorado, configurando o ILÍCITO de deixar candidatos passarem sua frente
na fila de aprovação (Aqui isto é um crime tipificado no art. 1º do Código dos
Concurseiros)?
Pode o juiz aceitar como prova suficiente para embasar a condenação de um
concurseiro o depoimento de uma testemunha, colhido na fase do inquérito, e
que afirma ter visto o futuro candidato a um cargo público assistindo “A
FAZENDA” e mais, votando para a saída de um participante da “casa”?
Bom, estas e outras perguntas serão respondidas e explicadas!
Dito isto, atenção total e vamos em frente recuperar as duas horas no
telefone...Eu sei...Eu sei...Você goza de presunção de inocência até a sentença
judicial transitada em julgado...

Bons estudos!!!
***************************************************************

2.1 PROVA – REGRAS GERAIS

O Código de Processo Penal traz em seu texto um conjunto de regras que


define a fase probatória em um processo penal.
Essas regras podem ser divididas em gerais, que tratam da forma como o
magistrado deve apreciar e valorar as provas, e específicas, que versam sobre
meios de prova, tais como a acareação, o interrogatório e o mais exigido e
cobrado em prova, AS PERÍCIAS EM GERAL constantes dos art. 158 a 184,
com modificações importantíssimas inseridas pela Lei nº 11.690/2008.

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2.1.1 CONCEITO

O termo prova deriva do latim probatio, que significa inspeção, verificação,


ensaio, razão, exame, argumento, aprovação ou confirmação. Visto isto,
podemos conceituar prova como sendo o conjunto de elementos que serão
apresentados pelas partes a fim de convencer o Magistrado quanto a fatos,
atos e circunstâncias.
Mirabete afirma que provar é "produzir um estado de certeza, na
consciência e mente do juiz, para sua convicção, a respeito da existência ou
inexistência de um fato, ou da verdade ou falsidade de uma afirmação sobre
uma situação de fato, que se considera de interesse para uma decisão
judicial ou a solução de um processo".

2.1.2 OBJETO DA PROVA

Objeto da prova é, resumidamente, o fato no processo penal que precisam


ser provados por gerar dúvida ao Juiz.
Mas todo fato precisa ser comprovado se requisitado por uma das partes?
A resposta é negativa. Vamos exemplificar:
Imaginemos um processo penal em que Mévio acusa Tício de ter jogado
álcool e fogo em sua perna. Durante o litígio, em determinado momento, o
advogado de Tício profere a seguinte declaração...”MAS PROVE QUE O
FOGO QUEIMA!!!”.
Óbvio que tal pedido é um absurdo e exatamente para evitar este tipo de
situação a doutrina lista os seguintes fatos que NÃO necessitam de
comprovação. São eles:

• FATOS AXIOMÁTICOS Î São aqueles em que pesam certeza


absoluta, inquestionável. São os fatos evidentes, intuitivos sob
os quais não recaem questionamentos.
Exemplo: Um motoqueiro é atropelado por um caminhão de
cerveja (daqueles bem grandes) e tem seu corpo dividido em
vários pedaços (espero que os futuros peritos não estejam
achando a história pesada).
Ao chegar ao local o perito olha para as partes do corpo e diz:
“VAMOS REALIZAR O EXAME CADAVÉRICO INTERNO PARA
DETERMINAÇÃO DA CAUSA DA MORTE”.

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Este perito merece ser DEMITIDO, porque estamos diante de


um fato axiomático em que, claramente, é intuitivo a
determinação da causa do falecimento.

• FATOS NOTÓRIOS Î São os fatos que encontram


embasamento no conhecimento que faz parte da cultura de uma
sociedade. Assim, em um processo contra a honra do
Presidente, por exemplo, ninguém precisa provar em juízo que
ele é o Chefe do Executivo Federal, pois isto é um fato notório.
Não precisamos comprovar que o fogo queima, que a água
molha, enfim é tudo aquilo que podemos dizer: “ AHHH, mas
isso todo mundo já sabe!”.

• PRESUNÇÕES LEGAIS Î São juízos de certeza que decorrem


da própria lei e que se classificam em:

1. ABSOLUTAS (JURE ET DE JURE) Î NÃO ADMITEM


PROVA EM CONTRÁRIO.
2. RELATIVAS (JURIS TANTUM) Î ADMITEM PROVA EM
CONTRÁRIO, PORÉM INVERTEM O ÔNUS
PROBATÓRIO.

Exemplo de presunção absoluta: Será possível a um advogado


comprovar em juízo que, devido a uma capacidade mental
diferenciada, um menor de 18 anos não poderá ser considerado
inimputável?
A resposta é negativa, pois há, neste caso, presunção legal
absoluta de que só o maior de 18 aos é imputável.
Exemplo de presunção relativa: Utilizando a situação acima
apresentada, podemos dizer que há presunção relativa de que o
maior de 18 anos é imputável.
Assim, caso este possua uma doença mental, por exemplo,
caberá à defesa comprovar tal fato e não a quem está
acusando.
Como falamos, ocorre a inversão do ônus probatório.

Resumindo:

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• FATOS INÚTEIS Î São os que não possuem relevância para a


causa. Seria o caso, por exemplo, de em um delito de furto o
advogado querer saber qual a preferência sexual do réu, ou
mesmo o que ele fez nas férias passadas, ou qualquer outro
aspecto que em nada agregará ao convencimento do Juiz.
Do exposto, podemos resumir:

OBSERVAÇÃO - FATOS INCONTROVERSOS

NO PROCESSO PENAL, DIFERENTEMENTE DO QUE OCORRE NO PROCESSO


CIVIL, OS FATOS ADMITIDOS PELAS PARTES NECESSITAM DE PROVA,
POIS, NO PROCESSO PENAL, BUSCA-SE A VERDADE MATERIAL. DESTA
FORMA, ATÉ MESMO O JUIZ PODE DETERMINAR DE OFÍCIO A PRODUÇÃO
DE PROVAS:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao
juiz de ofício:
[...]
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

ASSIM, SE TÍCIO (RÉU) DIZ QUE MATOU E MÉVIO(OFENDIDO) CONCORDA,


O MAGISTRADO NÃO É OBRIGADO A ACEITAR TAL SITUAÇÃO, PODENDO
REALIZAR DILIGÊNCIAS COMPLEMENTARES PARA DIRIMIR DÚVIDAS.

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Diante do exposto, podemos concluir que a regra geral é a necessidade de


provar os fatos, salvo nas situações apresentadas acima que excluem esta
obrigação.
Para finalizar, existem determinados requisitos para que a prova seja aceita
em um processo penal. Para ter aceitação a prova necessita ser:

1. ADMISSÍVEL Î ADMITIDA PELO DIREITO;


2. PERTINENTE Î TENHA RELAÇÃO COM O PROCESSO;
3. CONCLUDENTE ÎVISA DIRIMIR DÚVIDAS SOBRE
DETERMINADA QUESTÃO;
4. POSSÍVEL.

Não viola o art. 5º, LV, da CF/88, o indeferimento da prova tida


como desnecessária (STF, RE 446.517/DF, DJ 18.05.2007).

Não constitui cerceamento de defesa o indeferimento de diligências


requeridas pela defesa, se forem elas consideradas desnecessárias
pelo órgão julgador a quem compete a avaliação da necessidade ou
conveniência do procedimento então proposto (STF, HC 94.542/SP,
DJ 20.03.2009).

2.1.3 CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS

2.1.3.1 QUANTO AO OBJETO

• PROVAS DIRETAS Î São aquelas que por si só e com certeza


demonstram um fato controvertido
Exemplo: Testemunho de uma pessoa que estava no local do
roubo e tudo viu ou exame do corpo de delito no caso de um
homicídio

• PROVAS INDIRETAS Î São aquelas que exigem um raciocínio


lógico para que se deduza determinada circunstância. A prova
não encontra ligação direta com o fato, mas mediatamente
permite conclusões.
Exemplo: Em um delito de homicídio o réu (Tício) consegue um
álibi. Este álibi vai proferir uma declaração que no dia X e hora

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Y Tício estava jantando com ela (Mévia). Mévia pode até nem
saber do homicídio, mas para o processo a declaração tem
grande importância.

2.1.3.2 QUANTO AO EFEITO OU VALOR

• PROVAS PLENAS Î São provas em que pesam um alto grau


de certeza podendo ser utilizadas como elemento principal de
convencimento do Magistrado. Relembro aqui que o Juiz não
poderá formar seu convencimento simplesmente em provas sob
as quais tenha dúvida, pois, neste caso, in dúbio pro reo.
Exemplo: Prova documental, testemunhal, pericial.

• PROVAS NÃO PLENASÎ Servem para reforçar o


convencimento do magistrado, não podendo funcionar como
elemento principal de convicção.
Exemplo: O indício, a fundada suspeita etc.

Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida


e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por
indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias.

2.1.3.3 QUANTO AO SUJEITO

• PROVAS REAIS Î São aquelas que não resultam, diretamente,


de pessoas e sim de eventos externos.
Exemplo: Cadáver, arma do crime etc.

• PROVAS PESSOAIS Î São aquelas obtidas através de


PESSOAS.
Exemplo: Interrogatório, testemunho, laudos periciais etc.

2.1.3.4 QUANTO À FORMA OU APARÊNCIA

• TESTEMUNHAL;
• DOCUMENTAL;

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• MATERIAL.

Podemos resumir:

DIRETAS
QUANTO AO OBJETO

INDIRETAS

PLENAS

QUANTO AO VALOR

NÃO PLENAS

REAIS

QUANTO AO SUJEITO
PESSOAIS

TESTEMUNHAL

QUANTO À FORMA DOCUMENTAL

MATERIAL

2.1.4 PRINCÍPIOS GERAIS DAS PROVAS

• PRINCÍPIO DA COMUNHÃO (OU AQUISIÇÃO) Î A prova


não pertence à parte que a gerou, ou seja, uma vez produzida,
passa a integrar o processo, podendo ser utilizada por qualquer
dos intervenientes, seja o juiz, sejam as demais partes.

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Imaginemos, por exemplo, que em um processo eu contrato um


perito particular, pago R$5000,00 e apresento um laudo pericial
como prova. Este laudo é só meu (TÔ PAGANDO...) ou poderá
ser utilizada pela outra parte?
Na verdade, a partir no momento que uma prova é produzida,
esta passa a ser DO PROCESSO, podendo ser utilizada por
qualquer das partes.

• PRINCÍPIO DA AUTO-RESPONSABILIDADE DAS PARTES Î


Em um processo não há que se falar em OBRIGAÇÃO das partes
em produzir provas e sim em direito das partes de aplicar o
princípio da ampla defesa e do contraditório.
Desta forma, as partes assumem as conseqüências por sua
inércia, negligência, erro ou inatividade.

• PRINCÍPIO DA AUDIÊNCIA CONTRADITÓRIA Î Enuncia


exatamente o já visto princípio do contraditório.
Não há no processo penal as chamadas provas secretas. Isto
ocorre, justamente para garantir à outra parte a possibilidade
de apresentação de contraprova.

• PRINCÍPIO DA NÃO-AUTO-INCRIMINAÇÃO (nemo tenetur


se detegere) Î Ninguém será obrigado a produzir prova
contra si.
Assim, por exemplo, se intimado o réu pela autoridade
competente para apresentar padrões gráficos de próprio punho
para subsidiar uma prova pericial, o investigado deverá
comparecer, mas poderá optar por não fornecer o solicitado.
Também é este o motivo pelo qual o acusado não está obrigado
a responder perguntas em seu interrogatório.

• PRINCÍPIO DA ORALIDADE Î Como forma de celerizar e


tornar mais espontâneas as declarações proferidas durante um
processo penal, busca-se a utilização do procedimento oral em
substituição ao escrito. Deste princípio surgem outros dois:

1. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO Î Deve-se, sempre que


possível, concentrar a produção de provas na audiência.
Tal princípio restou-se fortalecido com o advento da lei nº.
11.719/08 e as novas regras atribuídas ao procedimento

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comum, ordinário e sumário. Só para exemplificar, no rito


sumário, anteriormente, as alegações finais eram feitas por
escrito, preceito este modificado conforme podemos
observar:
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou
sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais
por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação
e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez),
proferindo o juiz, a seguir, sentença. (Redação dada pela
Lei nº 11.719, de 2008).

2. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Î Primando-se pela


oralidade garante-se de uma forma mais ampla a aplicação
da publicidade tendo em vista que o cidadão terá acesso à
produção de provas no momento em que elas surgirão
(audiência).
A publicidade não é absoluta no processo penal e o juiz
poderá restringi-la em algumas situações presentes no CPP,
mas indubitavelmente, encontra íntima relação com o
princípio da oralidade que, para vocês, concurseiros, é o que
importa no momento.

2.1.5 SISTEMAS DE APRECIAÇÃO DA PROVA

Os doutrinadores destacam diversos sistemas que, se adotados, geram


consequências quanto ao aspecto de valoração da prova por parte do
Magistrado. Vamos conhecê-los:

2.1.5.1 SISTEMA LEGAL, TARIFADO OU FORMAL

Caracteriza-se pelo fato de a lei impor ao Juiz estrito acatamento a


determinadas regras preestabelecidas, não conferindo qualquer margem
de liberdade ao Magistrado. Aqui não devemos falar em convicção íntima
ou mesmo valoração de provas, pois os pesos e medidas já estão
estabelecidos pelo legislador.
Este sistema vigora como exceção em nosso país em algumas situações,
tais como as definidas:

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• No art. 158 do CPP que nos diz que quando a infração deixar
vestígios será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
• No art. 155 do CPP que nos preceitua que quanto ao estado de
pessoas, na esfera penal, somente se prova mediante certidão,
não se admitindo prova testemunhal.

Perceba que nas duas situações o Juiz só pode aceitar o fato como
verdadeiro se for comprovado exatamente da forma como a lei
preceitua.

OBSERVAÇÃO: O citado art. 155 do CPP no seu parágrafo único dispõe:

Art. 155. [...]


Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão
observadas as restrições estabelecidas na lei civil.

Este artigo deixa claro que não são aplicáveis ao processo penal, por uma
possível analogia, as restrições ao processo estabelecidas na lei civil, via
de regra presentes no Código Civil e Código de Processo civil.

2.1.5.2 SISTEMA DA ÍNTIMA CONVICÇÃO OU CERTEZA


MORAL

É exatamente o oposto do que tratamos acima, pois enquanto no


sistema legal temos ausência da margem de liberdade, no sistema íntimo
temos TOTAL margem de liberdade conferida ao Juiz.
Praticamente não encontramos aplicabilidade deste sistema no nosso
ordenamento jurídico, mas podemos citar como exemplo as decisões
emanadas do Júri popular, nas quais o jurado profere seu voto, sem
necessidade de fundamentação.

2.1.5.3 SISTEMA DO LIVRE CONVENCIMENTO OU


VERDADE REAL

É um equilíbrio entre os dois extremos acima mencionados, ou seja,


neste sistema o Juiz forma seu convencimento através da livre
apreciação da prova, mas deve fundamentar sua decisão.

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Tal sistema foi acolhido pelo Código de Processo Penal e encontra


previsão no art. 155, com redação dada pela Lei nº. 11.690/2008.
Observe:
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Duas conseqüências surgem a partir da adoção do sistema do livre
convencimento pelo ordenamento jurídico brasileiro. São elas:

1 – INEXISTÊNCIA DE LIMITAÇÃO COM RELAÇÃO AOS MEIOS DE


PROVA Î O CPP não cria uma lista taxativa de provas. Isto significa que
sendo lícitas e legítimas poderão ser admitidas.

2 – INEXISTÊNCIA DE HIERARQUIA Î Quanto à valoração das


provas não existe um valor prefixado.
Assim, se em um processo o Magistrado desconsidera a prova pericial
para condenar o réu unicamente em prova testemunhal, não há qualquer
problema.
Faz-se necessário ressaltar que a liberdade valorativa não é absoluta,
encontrando no ordenamento pátrio as seguintes restrições:
• Necessidade de motivação Î As decisões judiciais
devem ser motivadas. Tal preceito encontra base na
Constituição Federal e também no CPP:
Art. 381 [...]
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em
que se fundar a decisão;

• Obrigação da produção sob a égide do contraditório


Î Esta regra encontra-se prevista no já citado art. 155
deixando claro que o Juiz não poderá fundamentar sua
decisão unicamente em elementos obtidos na fase da
investigação. Desta forma já se pronunciou o STF:

É possível a utilização de declarações de testemunhas


colhidas na fase do inquérito policial sem observância
do contraditório, desde que verificado que a
condenação se baseia, outrossim, em depoimentos
de testemunhas colhidos em juízo, sob o crivo
contraditório. (HC 68.010/MS, DJ 22.04.2008 p. 1)

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Outro importante aspecto a ser tratado neste ponto é com


relação ao final do art. 155 que coloca as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas como ressalvas à
impossibilidade do magistrado proferir decisões
exclusivamente com base nos elementos informativos
colhidos na investigação.
Esta situação trata de provas consideradas URGENTES, ou
seja, provas que se aguardarem o início da ação penal
estão passíveis de perecimento.
Exemplo: Na fase de investigação o Magistrado determina
uma busca domiciliar através da qual são apreendidos
diversos objetos incriminadores que demonstram que o
acusado realmente é culpado. Neste caso esta prova
poderá, unicamente, fundamentar a decisão do Juiz.

Do exposto, podemos resumir:

AUSÊNCIA
DE MARGEM
DE
LIBERDADE

TOTAL
MARGEM DE
LIBERDADE
EQUILÍBRIO NA
LIBERDADE Î
DECISÕES
FUNDAMENTADAS
2.1.6 ÔNUS DA PROVA

Conforme já visto, a prova não constitui uma obrigação das partes, pois,
caso não seja apresentada, não podemos afirmar que tal fato constitui uma
afronta ao direito.
Exatamente por isso que utilizamos a expressão ônus que caracteriza a
posição jurídica cujo exercício conduz o titular a uma posição mais
favorável. Sobre o assunto dispõe o CPP:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,


porém, facultado ao juiz de ofício:

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I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção


antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Perceba que logo no início do art. 156 o CPP trata da prova da alegação
discorrendo que ela deverá caber a quem a fizer.
Pergunto: A partir deste preceito podemos afirmar que o ônus da prova
cabe exclusivamente a quem acusa?
A resposta é negativa, pois caberá a quem alega determinado fato, seja a
defesa ou seja a acusação.
Assim, quem terá que provar que o delito foi doloso e não culposo é quem
acusa, mas quem provará uma alegação de uma possível excludente de
ilicitude será a defesa, pois ela ALEGA o fato.
Desta forma, podemos resumir:

ACUSAÇÃO FATO
OS CON
NSTITUT
TIV
VOS

• AUTOORIA
• MATERIALIDADE
• TIPICIDADE
• DOLO OU CULPA
• ETC

DEFESA FATOS IMPEDITIVOS,


EXTINTIVOS OU
MODIFICATIVOS

• ATENU UAN
NTESS
• ATIPICIDA ADE
• EXCLU UDEENTE
ES DE
ILIICITU
UDEE
• DESCLASSIFICAÇÃO
• PRIVILÉGIOS
• ETC

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Bom, até aqui vimos a regra que é o ônus da prova caber ou a defesa ou à
acusação. Todavia, da leitura do art. 156, percebemos que a produção de
provas também pode ser feita, ex officio, pelo magistrado.
Este assunto é bem controvertido e encontramos diversas divergências
doutrinárias das quais teremos que tratar aqui para que você leve uma
compreensão geral sobre o tema para a sua PROVA.
Segundo Guilherme de Souza Nucci, a atuação de ofício pelo juiz "trata-se
de decorrência natural dos princípios da verdade real e do impulso oficial".
Não deve o magistrado, segundo o autor, "ter a preocupação de beneficiar,
com isso, a acusação ou a defesa, mas única e tão-somente atingir a
verdade".
Em sentido contrário, estudiosos alegam que, se o acusado é presumido
inocente até sentença penal condenatória transitada em julgado (artigo 5°,
LVII, CRFB); se compete privativamente ao Ministério Público a promoção
da ação penal pública, segundo o princípio da oficialidade da ação penal
insculpido no artigo 129, I, CRFB; se a Carta Política adota o sistema
acusatório para o processo penal, devendo o julgador ser imparcial e
autônomo em relação à acusação; como aceitar a atividade probatória
exercida ex oficio pela autoridade judiciária?
Se no processo penal, como garantia individual que este ramo representa,
vigora o princípio do in dubio pro reu, como justificar a atividade do
magistrado que, na dúvida, não absolve, mas determina produção de
provas?
Para começarmos a responder a estes questionamentos, observe o
interessante julgado do STJ:

"(...) O órgão acusador tem a obrigação jurídica de provar o alegado e não o réu
demonstrar sua inocência. É característica inafastável do sistema processual
penal acusatório o ônus da prova da acusação, sendo vedado, nessa linha de
raciocínio, a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 156 do Código de
Processo Penal. 3. Carece de fundamentação idônea a decisão condenatória que
impõe ao acusado a prova de sua inocência (...) É notório que o órgão acusador
tem a obrigação jurídica de provar o alegado e não o réu demonstrar sua
inocência. É característica inafastável do sistema processual penal acusatório,
como retratado no art. 156 do Código de Processo Penal.

Nesse sentido, afirma AFRÂNIO SILVA JARDIM: ´O réu apenas nega os fatos
alegados pela acusação. Ou melhor, apenas tem a faculdade de negá-los, pois a
não impugnação destes ou mesmo a confissão não leva a presumi-los como
verdadeiros, continuando eles como objeto de prova de acusação. Em poucas
palavras: a dúvida sobre os chamados fatos da acusação leva à improcedência da
pretensão punitiva, independentemente do comportamento processual do réu.
Assim,o ônus da prova, na ação penal condenatória é todo da acusação e
relaciona-se com todos os fatos constitutivos do poder-dever de punir do Estado,
afirmado na denúncia ou queixa; conclusão esta que harmoniza a regra do art.
156, primeira parte, do CPP com o salutar princípio in dubio pro reu."

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Esta decisão do Superior Tribunal de Justiça traduz perfeitamente a idéia de


que o processo penal é, antes de tudo, um sistema de garantias face ao uso
do poder do Estado.
Desta forma, a fim de tomarmos o art. 156 do CPP como constitucional, há
de se aplicar ao dispositivo uma interpretação compatível com o sistema
acusatório, que deriva de nossa Constituição.
Ainda que o caput desse artigo generalize a possibilidade de o juiz agir de
ofício nas duas situações previstas (incisos I e II),é relevante ressaltar que,
no caso do inciso I, o juiz só poderá agir quando provocado por quem
exerce o direito de ação (portanto, com processo em curso) e no resguardo
de uma prova pertinente e importante em vias de perecer (arts. 225 do CPP
e 846, 851 do CPC).
Tal interpretação se faz necessária, na medida em que admitir que o juiz,
de ofício, possa ordenar antes do início da ação penal a produção
antecipada de provas, seria aceitar a volta de um processo penal
inquisitório, o que contrariaria nosso atual sistema de direitos e garantias
previstos na Carta Magna.
Tal conduta acabaria por violar, a um só tempo, os princípios da inércia,
inerente ao sistema acusatório (visto que a ação seria iniciada por parte
ilegítima), da iniciativa das partes e o princípio acusatório, o da
imparcialidade do juiz (tendo em vista que estaria investigando, adotando
comportamento tipicamente inquisitivo, o que lhe é vedado
constitucionalmente), o do contraditório, sem se mencionar o próprio
princípio do Estado democrático de direito.
Desta forma, diante do exposto, na sua PROVA aplique o entendimento de
que não figura inconstitucionalidade nos incisos do art. 156 (ATÉ PORQUE
ESTA DECISÃO NÃO CABE A NÓS E, ATÉ AGORA NÃO TEMOS UM
POSICIONAMENTO CONCRETO SOBRE O ASSUNTO). Entretanto, entenda
que a aplicação deles é restrita, pois, segundo doutrina majoritária, devem
ser interpretados restritivamente e considerados só em situações
excepcionais.

2.1.7 PROVAS ILEGAIS

Preceitua a Constituição Federal:

Art. 5º
[...]
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos;

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A constituição, quando utiliza a expressão “provas obtidas por meios


ilícitos”, trata do gênero provas ilegais que pode ser subdividido nas
seguintes espécies:

• PROVAS ILÍCITAS Î Afrontam o direito material.


Exemplos: Interceptação telefônica obtida sem autorização judicial,
busca e apreensão domiciliar sem autorização judicial (salvo os casos
previstos na CF), interrogatório obtido mediante tortura etc.
• PROVAS ILEGÍTIMAS Î Afrontam o direito processual.
Exemplo: Perícia realizada por apenas um perito NÃO-OFICIAL, ou
seja, aquele nomeado na ausência de perito oficial. Neste caso temos
violação ao parágrafo 1º do Art. 159 do CPP.
• PROVAS ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO Î Provas lícitas em sua
essência, mas que trazem em seu bojo uma contaminação advinda de
prova ilícita produzida anteriormente.
Exemplo: Apresentação de testemunha obtida com base em
interceptação telefônica realizada sem as formalidades legais.

Vamos tratar especificamente das provas ilícitas e das ilícitas por derivação
que exigem um estudo mais aprofundado para efeito de PROVA:

2.1.7.1 PROVAS ILÍCITAS

Dispõe o CPP:

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do


processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em
violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008)

Perceba que não há exceções para a inadmissibilidade de provas ilícitas


previstas no Código ou na Carta Magna, sendo cabível, inclusive, o
desentranhamento (retirada) das provas que ferirem este preceito.
Entretanto, é importante frisar que, de forma majoritária, tanto a
doutrina quanto a jurisprudência, tem entendido que se deve relativizar
o texto constitucional e legal, fundando-se no princípio da
proporcionalidade, que deverá nortear as soluções dos conflitos
apresentadas ao meio jurídico.

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Quando trata da inexistência de admissibilidade de provas ilícitas


previstas no texto constitucional, o Ilustre Jurista Vicente Greco Filho
dispõe que, “entende-se que o legislador constituinte tenha adotado uma
postura radical, mas, justificada pela ocasião, já que, naquele momento,
o país o país rompia com um regime autoritário e passava-se a adotar
direitos e garantias fundamentais. Assim, a proibição da produção de
provas por meios ilícitos representava uma maneira de evitar arbítrios do
Estado para com os indivíduos.”
Diante desta analise podemos concluir que a REGRA é a impossibilidade
de apresentação de provas ilícitas, mas, excepcionalmente ela poderá
ser aceita. A doutrina e a jurisprudência majoritária concordam com a
seguinte situação em que a prova ilícita poderá ser aceita:

1 – PROVAS ILÍCITAS EM FAVOR DO ACUSADO:

A prova ilícita poderá ser admitida em favor do réu. Pode-se


dizer, então, que a prova ilícita não serve para condenar, mas
pode ser utilizada para absolver. Isto é possível, pois pelo
princípio da proporcionalidade, as normas constitucionais se
articulam num sistema, cujo harmonia impõe que, em certa
medida, tolere-se o detrimento a alguns direitos por ela
conferidos. (STJ, RHC 7216/SP, DJ 27.04.1998)

O indivíduo, perante o Estado é mais fraco, necessitando que seus


direitos fundamentais, constitucionalmente outorgados, sejam
observados, a fim de que o Poder Estatal seja limitado.
São de suma importância a existência e o respeito aos direitos
fundamentais, principalmente no âmbito do procedimento criminal, onde
se tem em voga o direito à liberdade, à vida, à intimidade, dentre outros
considerados os mais importantes direitos de qualquer cidadão.
A vedação das provas ilícitas visa justamente o respeito a estes direitos,
preservando-os e sempre impondo limites ao Estado. É nesta acepção
que a incidência do princípio da proporcionalidade pro reo apresenta
menores problemas e maior número de adeptos, vez que, neste caso,
utilizando-se uma prova ilícita em favor do acusado, mesmo que com
infringência a direitos fundamentais seus ou de terceiros, o direito do
particular restaria protegido diante do poder do Estado.
Segundo César Dario Mariano Silva: "Portanto, se for possível ao
acusado demonstrar sua inocência através de uma prova obtida
ilicitamente, certamente ela poderá ser utilizada no processo, haja vista
a preponderância do direito à liberdade sobre a inadmissibilidade da
prova ilícita no âmbito processual".

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O eminente doutrinador GOMES FILHO, entende da mesma forma, e


assim exemplifica: ”No confronto entre uma proibição de prova, ainda
que ditada pelo interesse de proteção a um direito fundamental e o
direito à prova da inocência parece claro que deva este último
prevalecer, não só porque a liberdade e a dignidade da pessoa humana
constituem valores insuperáveis, na ótica da sociedade democrática, mas
também porque ao próprio Estado não pode interessar a punição de um
Inocente, o que poderia significar a impunidade do verdadeiro culpado; é
nesse sentido, aliás, que a moderna jurisprudência norte-americana tem
afirmado que o direito à prova de defesa é superior.”

OBSERVAÇÃO: ALGUNS DOUTRINADORES VISUALIZAM A


POSSIBILIDADE DE SE EXCEPCIONAR A REGRA DA VEDAÇÃO ÀS
PROVAS ILÍCITAS EM PROL DA SOCIEDADE QUANDO SE TRATAR DE
CRIMES MUITO GRAVES. TAL ENTENDIMENTO É REPUDIADO PELA
JURISPRUDÊNCIA E PELAS BANCAS DE PROVA !!!

2.1.7.2 PROVAS ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO

Dispõe o CPP sobre o tema:

Art. 157. [...]


§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das
ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade
entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser
obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído
pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só,
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da
investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir
ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de
2008)

No supracitado texto legal fica claro o posicionamento do legislador em


aplicar a chamada Teoria da Árvore dos Frutos Envenenados (“fruits of
fhe poisonous tree”) no nosso ordenamento jurídico, segundo a qual o
defeito existente no tronco contamina os frutos.

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Assim, resumindo o exposto, se uma prova X(legal), deriva de Y(ilegal),


aquela será contaminada por esta.
É importante perceber que o § 2o deixa claro a necessidade de uma
relação EXCLUSIVA entre a prova posterior e a anterior (ilícita), para
que seja considerada inválida. Desta forma, podemos concluir que a
prova ilícita por derivação é admissível nos seguintes casos:

• QUANDO FOR PROVENIENTE DE FONTE INDEPENDENTE, COMO


TAL CONSIDERADA AQUELA QUE NÃO POSSUI NEXO DE
CAUSALIDADE COM A PROVA ILÍCITA QUE A PRECEDEU;
• QUANDO ACONTECIMENTO POSTERIOR AFASTA VÍCIO QUE
TORNAVA A PROVA PRECEDENTE ILEGAL (LIMITAÇÃO DA
CONTAMINAÇÃO EXPURGADA).
• QUANDO FICAR CLARO QUE, INEVITAVELMENTE, A PROVA
SERIA DESCOBERTA.

Para ficar mais claro vamos exemplificar:


Imaginemos que no curso de um processo penal Tício foi arrolado como
testemunha do fato.
Entretanto, após o depoimento de Tício conclui-se que só foi descoberta
a relação dele com o caso devido a uma interceptação telefônica ilegal.
Nesta situação o depoimento de Tício terá que ser desentranhado dos
autos por constituir uma prova ilícita por derivação (derivou da
interceptação telefônica ilegal).
Agora imagine que durante o inquérito, do mesmo fato supracitado,
outra testemunha (Mévio) tenha citado Tício.
Neste caso, o depoimento de Tício não será considerado como uma prova
ilícita, pois, independentemente da interceptação ilegal, ele seria
chamado ao processo como testemunha devido a informações de uma
fonte independente (Mévio).

2.1.7.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE PROVAS


ILEGAIS

Finalizando esse tópico trataremos do último parágrafo do art. 157 que


dispõe:

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§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova


declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão
judicial, facultado às partes acompanhar o incidente

A decisão judicial não inutiliza, mas sim autoriza a inutilização da prova


inadmissível, que deverá dar-se por meios físicos apropriados, como
incineração, por exemplo.
É isso que se depreende da afirmação de que é "facultado às partes
acompanhar o incidente", em redação, aliás, que lembra o art. 9º da Lei
nº 9.296/96 que versa sobre a interceptação telefônica:

Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada


por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual
ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público
ou da parte interessada.
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo
Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de
seu representante legal.

Cabe por fim ressaltar que a prova inadmissível só será destruída depois
de preclusa a decisão de desentranhamento.

Preclusão é a perda de faculdade processual ou


a extinção do direito a que a parte tiver de
realizar o ato, ou de exigir determinada
providência judicial.

2.1.8 PROVA EMPRESTADA

Imagine que Tício esta sofrendo dois processos penais, um por roubo e
outro por homicídio. Durante o processo que tem como objeto o homicídio,
Tício, a fim de provar sua inocência produz determinada prova.
Será possível a utilização da prova produzida por Tício no processo que
versa sobre o roubo?
A resposta, segundo entendimento majoritário é que sim. Isso é o que se
chama de prova emprestada. Para a elucidação do tema, observe o
importante julgado:

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A Turma manteve decisão do STJ que, em habeas corpus lá


impetrado, admitira a utilização de prova emprestada em
processo penal, desde que sobre ela ambas as partes fossem
cientificadas, a fim de que pudessem exercer o contraditório.
(STF, HC 95186/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.5.2009).

2.2 DAS PERÍCIAS E DO EXAME DO CORPO DE DELITO

Perícia é o exame feito em pessoas ou coisas, por profissional portador de


conhecimentos técnicos e com a finalidade de obter informações capazes de
esclarecer dúvidas quanto a fatos.
Daí chamar-se perícia, em alusão à qualificação e aptidão do sujeito a quem
tais exames são confiados. Tal é uma prova real, porque incide sobre fontes
passivas, as quais figuram como mero objeto de exame sem participar das
atividades de extração de informes.

2.2.1 EXAME DE CORPO DE DELITO (art. 158 a 184 CPP)

2.2.1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja


análise é realizada a perícia criminal a fim de determinar fatores como
autoria, temporalidade, extensão de danos etc.
O ilustre professor MIRABETE trata do tema deixando claro a diferença
do corpo de delito para o exame de corpo de delito, segundo o
renomado autor:
“Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais deixados pela
infração penal, a materialidade do crime, aquilo que se vê, apalpa,
sente, em suma, pode ser examinado através dos sentidos. Há
infrações que deixam tais vestígios materiais (delicta facti
permanentis), como os crimes de homicídio, lesões corporais,
falsificação, estupro etc. Há outros, porém, que não os deixam (delicta
facti transeuntis), como os de calúnia, difamação, injúria e ameaças
orais, violação de domicílio, desacato etc.
Quando a infração deixa vestígios, é necessário que se faça uma
comprovação dos vestígios materiais por ela deixados, ou seja, que se
realize o exame do corpo de delito. Não se confunde, assim, o exame
do corpo de delito com o próprio corpo de delito. Aquele é um auto em
que se descrevem as observações dos peritos e este é o próprio crime

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em sua tipicidade. O exame destina se à comprovação por perícia dos


elementos objetivos do tipo, que diz respeito, principalmente, ao
evento produzido pela conduta delituosa, de que houve o "resultado",
do qual depende a existência do crime (art. 13, caput, do CP). O corpo
de delito se comprova através da perícia; o laudo deve registrar a
existência do próprio delito.”

O exame de corpo de delito pode ser classificado em:

1. DIRETO Î É o exame realizado diretamente sobre o corpo


de delito.
2. INDIRETO Î Advém de um raciocínio lógico, indutivo
através de informações colhidas com o ofendido ou com
testemunhas.

Para exemplificar imaginemos que Tício arrombou a janela de uma


casa para realizar um furto. Neste caso, a análise realizada na janela
arrombada será um exame de corpo de delito DIRETO.
Agora pensemos em uma situação em que Tícia foi estuprada por
Mévio e, com vergonha, aguarda um mês para dar conhecimento do
fato às autoridades policiais.
Neste caso, obviamente, não há como realizar um exame de corpo de
delito na vítima, pois, devido ao decurso do tempo, os vestígios já não
existem.
Assim, deverá ser empregado o exame de corpo de delito indireto que
levará em consideração o narrado pela ofendida, testemunhas, exame
realizado por médico particular etc.

2.2.1.2 OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO

O CPP dispõe sobre o exame de corpo de delito deixando clara a sua


OBRIGATORIEDADE, quando a infração deixar vestígios. Observe:

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será


indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
(grifo nosso)

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E quando não deixar vestígios? Complementando o supracitado artigo


preceitua o Código:

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de


testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Do exposto, ficamos com a impressão de que SÓ a prova testemunhal


poderá suprir a falta do exame de corpo de delito direto ou indireto.
Mas será que é isso mesmo? Será que a prova testemunhal tem um
valor maior que as outras provas?
É claro que não, e exatamente por isso que a jurisprudência vem
aceitando que não apenas a prova testemunhal, mas qualquer outra,
excetuando-se apenas a confissão do acusado que é ressalvada
expressamente no art. 158, é capaz de suprir a falta da pericia na
ocorrência do desaparecimento dos vestígios.
Desta forma já se pronunciou o STJ em diversos julgados. Observe:

O exame de corpo de delito direto pode ser


suprido, quando desaparecidos os vestígios
sensíveis da infração penal, por outros
elementos de caráter probatório existentes nos
autos, notadamente os de natureza testemunhal
ou documental. (STJ, HC 23.898).

Para finalizar este tópico é importante ressaltar que a doutrina e


jurisprudência majoritária consideram que caso o desaparecimento de
um vestígio tenha ocorrido por culpa do estado, não será possível a
aplicação do art. 167 para suprir o exame de corpo de delito direto ou
indireto.

2.2.1.3 FORMALIDADES EXIGIDAS PARA O EXAME

O Art. 159, caput, do CPP, preleciona:

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias


serão realizados por perito oficial, portador de diploma de
curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).

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Esse supra artigo revela uma importantíssima inovação trazida pela lei
nº 11.690/2008 que retirou a antiga obrigação de termos 02(dois)
peritos oficiais para o exercício do exame e atribuiu validade para que só
um possa realizar a perícia.
É importante ressaltar a necessidade de este perito possuir curso
superior, salvo se tiver ingressado na carreira antes da vigência da
supracitada lei (tal preceito não se aplica aos peritos médicos).
Mas e se o juiz não tiver peritos oficiais disponíveis. O que fazer?
Aplicar-se-á o seguinte dispositivo do Código:

Art. 159. [...]


§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
(duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso
superior preferencialmente na área específica, dentre as que
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do
exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de
bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008)

Assim, respondendo ao questionamento, na ausência de peritos oficiais o


exame dera realizado por:

• DUAS PESSOAS IDÔNEAS;


• COM DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR
• COM HABILITAÇÃO TÉCNICA RELACIONADA COM A
ÁREA.

2.2.1.4 RELAÇÃO DAS PARTES COM A PERÍCIA

A nova redação dada ao CPP trouxe inovações sobre este tema. Observe
o disposto:

Art. 159.
[...]

§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de


acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a
formulação de quesitos e indicação de assistente
técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

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§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão


pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do
laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta
decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

O assistente técnico é um perito que irá atuar por indicação das partes,
devendo, porém, aguardar sua admissão no processo por decisão do
juiz.
Conforme redação do § 4o, sua atuação será
A lei é clara ao estabelecer que não há obrigatoriedade de indicação de
assistente técnico por qualquer das partes, mas simples faculdade,
ficando a critério dos sujeitos processuais decidir se o indicarão ou não.
Esse assistente técnico atuará somente depois de ser admitido pelo Juiz
e após a conclusão dos exames e da elaboração do laudo pelos "peritos
oficiais". As partes serão intimadas da decisão de admissão do
assistente técnico (art. 159, §4º, CPP).
A nova lei faculta às partes requerer, com antecedência de 10 dias em
relação à audiência, a oitiva dos peritos para esclarecimento da prova ou
para resposta a quesitos, e neste último caso o perito poderá apresentar
resposta em laudo complementar.
Poderão, igualmente, apresentar pareceres redigidos pelo assistente
técnico, em prazo a ser fixado pelo Juiz, sendo que o assistente técnico
poderá ser indicado para oitiva em audiência (art. 159, §5º, I e II, CPP).

Art. 159.

[...]

§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às


partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de
2008)

I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova


ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de
intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas
sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez)
dias, podendo apresentar as respostas em laudo
complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar


pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos
em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

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O Código de Processo Penal prevê também que, se houver requerimento


das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes,
salvo se for impossível a sua conservação (art. 159, §6º, CPP).
Trata-se de previsão redundante, eis que o art. 170 do Código já previa,
e continua prevendo, que os peritos devem guardar material suficiente
para e eventualidade de nova perícia. Talvez se tenha desejado destacar
que o material que serviu de base à perícia não sairá das dependências
do órgão pericial, evitando-se eventual extravio de tal material.

§ 6o Havendo requerimento das partes, o material


probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado
no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos
assistentes, salvo se for impossível a sua
conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão


material suficiente para a eventualidade de nova perícia.
Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com
provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou
esquemas.

Por fim, estabeleceu-se que, em caso de perícia complexa envolvendo


mais de uma área de conhecimento especializado, mais de um perito
oficial poderá ser designado, assim como a parte poderá indicar mais de
um assistente técnico (art. 159, §7º, CPP).

§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de


uma área de conhecimento especializado, poder-se-á
designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte
indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº
11.690, de 2008)

2.2.1.5 DIVERGÊNCIA DOS PERITOS

Após a realização das perícias, os peritos deverão elaborar laudos no


prazo máximo de dez dias, sendo possível a prorrogação. Veja:

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Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde


descreverão minuciosamente o que examinarem, e
responderão aos quesitos formulados. (Redação dada pela
Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo


máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em
casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Com as modificações inseridas no CPP, principalmente a que não exige


mais a presença de dois peritos oficiais (REGRA GERAL), a quantidade de
divergências têm-se diminuído. Entretanto imaginemos que a perícia foi
realizada por dois peritos não-oficiais e eles divergiram quanto às
conclusões. Neste caso aplica-se a regra presente no Art. 180 do CPP
que dispõe:

Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão


consignadas no auto do exame as declarações e respostas
de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o
seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este
divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a
novo exame por outros peritos.
Podemos esquematizar:
CONCLUSÃO
“ZZZ”
(DIVERGIU)
CONCLUSÃO
“XXX”
PERITO “A”

PERITO “C”
Î
DESIGNADO
PARA
DIRIMIR A
DÚVIDA
CONCLUSÃO
“YYY”
PERITO “B”

NOVO EXAME
POR OUTROS
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Existem determinadas perícias que ainda exigem a participação de


mais de um perito, tais como:
• Perícia realizada por peritos não-oficiais;
• Elaboração do laudo toxicológico definitivo (Art. 50, § 2o da Lei
nº 11.343/06)

§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e


estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1o deste


artigo não ficará impedido de participar da elaboração do laudo
definitivo. (ninguém “participa” de algo sozinho)

• Perícia realizada para fins de materialização dos crimes contra a


propriedade imaterial de ação penal privada

Art. 527. A diligência de busca ou de apreensão será realizada por


dois peritos nomeados pelo juiz

Finalizando o assunto, é importante deixar claro que existem outras


situações elencadas no CPP em que o Magistrado poderá consultar outros
peritos ou exigir a complementação/esclarecimento do laudo, observe:

Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no


caso de omissões, obscuridades ou contradições, a
autoridade judiciária mandará suprir a formalidade,
complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei
nº 8.862, de 28.3.1994)

Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que


se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar
conveniente.

2.2.1.6 MOMENTO DA PERÍCIA

Sobre o tema discorre o CPP:

Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em


qualquer dia e a qualquer hora.

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Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois
do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de
morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o
que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o
simples exame externo do cadáver, quando não houver
infração penal que apurar, ou quando as lesões externas
permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno para a verificação de alguma
circunstância relevante.

Podemos resumir que a perícia poderá ser realizada:

REGRA Î QUALQUER DIA E HORA, SEM RESTRIÇÕES QUANTO A


FERIADOS, DOMINGOS, PERÍODO NOTURNO ETC.
EXCEÇÃO Î EXAME INTERNO DO CADÁVER QUE DEVERÁ SER
FEITO NO MÍNIMO SEIS HORAS APÓS A MORTE.

2.2.1.7 LIVRE APRECIAÇÃO DO MAGISTRADO

O código de processo penal adotou o chamado sistema liberatório de


apreciação da prova pericial no qual o Juiz não é obrigado a aceitar o que
foi atestado pelo perito.
Tal sistema opõe-se ao chamado sistema vinculatório em que, como o
próprio nome diz, o Magistrado está vinculado ao laudo. Adotando
aquele sistema preceitua o CPP:

Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo


aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

A doutrina e jurisprudência vêm entendendo que tal regra não é


absoluta, pelo fato de o Juiz não poder rejeitar a afirmação dos peritos
com relação à EXISTÊNCIA DO CORPO DE DELITO.
Só para ficar mais claro imaginemos um laudo pericial que ateste que o
indivíduo sofreu lesões corporais graves. Nada impede que o Juiz, com
base no Art. 182, entenda que a lesão foi leve ou gravíssima, entretanto
não pode o Magistrado negar a existência da lesão.

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Exatamente por isso que o Art. 184 do CPP preceitua que o Juiz não
poderá negar a realização de perícias complementares que tenham por
objeto a comprovação do corpo de delito.

Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz


ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas
partes, quando não for necessária ao esclarecimento da
verdade.

2.2.1.8 FORMAS DE PERÍCIAS

• AUTOPSIA Î Consiste no exame interno do cadáver,


sendo necessário no caso de morte violenta, salvo se
houver certeza da causa mortis e da ausência de indícios
de que tenha ocorrido infração penal. Encontra base no já
visto Art. 162 do CPP.
• EXUMAÇÃO Î Ato de retirar o cadáver da sepultura.
Necessidade de autorização judicial e demonstração de
justa causa. Sobre o tema dispõe o CPP:

Art. 163. Em caso de exumação para exame


cadavérico, a autoridade(policial) providenciará
para que, em dia e hora previamente marcados, se
realize a diligência, da qual se lavrará auto
circunstanciado.

Parágrafo único. O administrador de cemitério


público ou particular indicará o lugar da sepultura,
sob pena de desobediência. No caso de recusa ou
de falta de quem indique a sepultura, ou de
encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a
inumações, a autoridade procederá às pesquisas
necessárias, o que tudo constará do auto. (grifo
nosso)

Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do


cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou
repartição congênere ou pela inquirição de
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e
de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com
todos os sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão
arrecadados e autenticados todos os objetos

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encontrados, que possam ser úteis para a


identificação do cadáver.

• ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO Î Nos crimes


cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos,
além de descrever os vestígios, indicarão com que
instrumentos, por que meios e em que época presumem
ter sido o fato praticado.
• INCÊNDIO Î No caso de incêndio, os peritos verificarão
a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que
dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio
alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
• RECONHECIMENTO DE ESCRITOS Î A autoridade
intimará a pessoa sob investigação e poderá utilizar para
comparação qualquer documento sob o qual pese certeza
que possui a caligrafia do investigado. Não possuindo
documentos pode a autoridade solicitar documentação de
órgãos públicos. Por fim, quando não houver escritos para
a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a
autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for
ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo,
esta última diligência poderá ser feita por precatória, em
que se consignarão as palavras que a pessoa será
intimada a escrever.

2.2.1.9 EXAME POR PRECATÓRIA

Carta precatória é um instrumento utilizado pela Justiça quando


existem indivíduos em comarcas diferentes. É um pedido que um juiz
envia a outro de outra comarca.
Assim, um juiz (dito deprecante), envia carta precatória para o juiz de
outra comarca (dito deprecado), para citar o réu ou testemunha a
comparecer aos autos. É uma competência funcional horizontal, não
havendo hierarquia entre deprecante e deprecado.
No caso de um exame por precatória, dispõe o Código:

Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos


far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de
ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser
feita pelo juiz deprecante.

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Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão


transcritos na precatória.

Para exemplificar, pensemos em um processo no RJ que precisa de um


exame em Manaus. Regra geral os peritos serão nomeados no juízo
deprecado (Manaus), SALVO no caso de ação penal privada em que haja
acordo entre as partes.

***************************************************************
Futuro (a) Aprovado (a),

A partir de agora passaremos ao estudo dos meios de


prova.
Sendo assim, respire fundo, recarregue as energias e
vamos em frente, pois, nesta reta final, o importante é
adquirir conhecimento e ficar cada vez mais próximo
da tão sonhada aprovação.
Bons estudos!
***************************************************************

2.3 INTERROGATÓRIO

2.3.1 CONCEITO

O professor Fernando Capez define o interrogatório como “o ato judicial no


qual o Juiz ouve o acusado sobre a imputação contra ele formulada”. Ainda
segundo Capez, “é ato privativo do Magistrado e personalíssimo do
acusado”.
Ampliando o conceito, o ilustríssimo Norberto Avena leciona que o
interrogatório é “ corolário da ampla defesa e do contraditório e sua
oportunidade está prevista em todos os procedimentos criminais, embora
possa existir variação quanto ao momento em que deva ser aprazado.” Por
exemplo:

• No procedimento do Júri, será realizado após a produção de


prova oral em audiência;

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• No rito para apuração dos crimes relacionados a drogas,


este ato está previsto para a fase que antecede a instrução
criminal, o mesmo ocorrendo na apuração do crime de
abuso de autoridade.

Caro aluno, após a leitura atenta dos conceitos até aqui apresentados,
surge um importante questionamento: O interrogatório é meio de prova ou
de defesa?
A resposta para esta pergunta gera, até hoje, inúmeros debates
doutrinários. Entretanto, para a sua prova, adote o entendimento que o
interrogatório é concomitantemente meio de prova e meio de defesa,
pois enquanto o acusado se defende, não deixa de ministrar ao Juiz
elementos úteis à apuração da verdade, seja pelo confronto com provas
existentes, seja por circunstâncias e particularidades das próprias
declarações que presta.
Sobre o tema, já se pronunciou o STJ:

[...]
Por outra ótica, foi privilegiada novamente o direito de
presença como braço do direito a ampla defesa, nesse
particular no que diz respeito ao direito do co-réu formular
reperguntas ao outro litisconsórcio passivo do processo,
assegurando o caráter híbrido do ato de
interrogatório, enquanto meio de defesa e de prova
(STJ, 6.º T., REsp 60.067-7/SP, rel. Min. Luiz Vicente
Cernicchiaro).

2.3.2 CARACTERÍSTICAS

O interrogatório apresenta uma série de características, dentre as quais


podemos destacar:

• ORALIDADE Î Aplica-se ao interrogatório a regra da oralidade.


Todavia, a legislação Processual prevê como exceção nos artigos 192
e 193 regras para o interrogatório de surdo, mudo, surdo-mudo e de
estrangeiro. Observe:

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Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-


mudo será feito pela forma seguinte:
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas,
que ele responderá oralmente;
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente,
respondendo-as por escrito;
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por
escrito e do mesmo modo dará as respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou
escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob
compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional,
o interrogatório será feito por meio de intérprete.

É importante ressaltar que a nova redação do CPP deu fim à antiga regra
em que o Magistrado ditava as respostas do acusado para que fossem
reduzidas a termo. Hoje, a transcrição é feita com fidelidade ao que foi
dito pelo réu.
Pela importância para a prova, do conhecimento da revogação do citado
artigo, reproduzo a antiga redação:

Art. 195. As respostas do acusado serão ditadas pelo


juiz e reduzidas a termo, que, depois de lido e
rubricado pelo escrivão em todas as suas folhas, será
assinado pelo juiz e pelo acusad

• OBRIGATORIEDADE Î O interrogatório do réu no curso de um


processo penal é imprescindível, sob pena de nulidade processual.
Mas esta nulidade é absoluta ou relativa?
Antes de respondermos a esta pergunta, vamos abrir o dicionário do
concurseiro e relembrar ou aprender o que é e quais as diferenciações
entre a nulidade absoluta e relativa.
Observe:

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DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

NULIDADE ABSOLUTA X RELATIVA

Quanto ao dano ou prejuízo, a nulidade absoluta tem o prejuízo presumido, ou seja,


ocorrente, o ato está, por nascimento viciado, não havendo como ser consertado.

No tocante as nulidades relativas, a demonstração do prejuízo deve ser efetuada


pela parte que argüir. Assim, somente haverá declaração do vício se não ocorrer
outra possibilidade de se reparar o ato procedimental.

Já com relação ao momento para arguição, a nulidade absoluta pode ser


reconhecida a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado e em qualquer
grau de jurisdição, assim, nunca preclui. A exceção dessa regra é o acolhimento de
nulidade absoluta em prejuízo do réu, se não arguída pela acusação.

Quanto à nulidade relativa, deve ser arguída no momento oportuno, sob pena de
preclusão. Assim, deve ser verificado, no sistema processual, qual o ato passível de
nulidade, pois cada procedimento possui um momento fatal para argüição. O artigo
571 do CPP, nos mostra quando as nulidades devem ser arguídas
peremptoriamente.

Agora, para responder a pergunta (nulidade é absoluta ou relativa),


precisamos entender que atualmente há uma grande discussão
doutrinária quanto à obrigatoriedade do interrogatório nos específicos
casos em que o acusado, injustificadamente, não comparece na data
marcada pelo juízo.
Como disse, doutrinariamente há muita discussão, mas a
jurisprudência, que neste caso é o que importa para sua PROVA, tem
flexibilizado a exigência e considerado a ausência de interrogatório,
NESTA HIPÓTESE APRESENTADA, um caso de nulidade relativa.
Neste sentido, já se posicionou o STJ. Observe:

"CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. RÉU


REVEL. FALTA DE INTERROGATÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
NÃO IMPUGNAÇÃO NO MOMENTO OPORTUNO. RECURSO
DESPROVIDO.

I. Hipótese em que, citado por edital, o réu não compareceu à


audiência de interrogatório, tendo passado a comparecer aos atos
processuais já na fase de oitiva das testemunhas de defesa.

II. Ausência de impugnação acerca da não realização do


interrogatório.

III. Não se justifica a anulação da sentença, por ausência de


realização do interrogatório, se não suscitada no momento oportuno.

IV. Recurso desprovido." (RESP-888.842/BA, Relator Ministro


Gilson Dipp, DJ 04.06.07)

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• ATO PERSONALÍSSIMO DO IMPUTADO Î O imputado é que


deve ser interrogado, não sendo cabível qualquer substituição ou
representação.
Mas e se ele não possuir condições mentais?
Neste caso, temos que diferenciar duas situações:

ƒ A INCAPACIDADE SURGIU A PARTIR DA PRÁTICA DA


INFRAÇÃO Î Aqui não há que se falar em interrogatório,
pois, necessariamente, será seguida a regra prevista no
artigo 152 do CPP. Observe:
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio
à infração o processo continuará suspenso até que o
acusado se restabeleça

ƒ NO MOMENTO DA INFRAÇÃO O INDIVÍDUO ERA INCAPAZ Î


O processo criminal transcorre normalmente com a presença
de um curador, MAS o interrogatório segue regra especial
definida pelo STF, segundo o qual se tratando de réu
inimputável, cuja situação pessoal tenha sido objeto de
positiva constatação em pericia médico-psiquiatrica realizada
ainda na fase interrogatória do inquérito policial, não há
como exigir do magistrado processante a realização do ato
de interrogatório, que se revela, por seu caráter
personalíssimo, de todo incompatível com a incapacidade de
autodeterminação daquele que é convocado a comparecer
em juízo penal na condição de acusado. Em tal circunstancia,
incumbirá ao Juiz, se os peritos concluírem que o réu era
penalmente inimputável ao tempo da infração, ordenar o
prosseguimento da "persecutio criminis", com a presença de
curador, que atuará, ressalvados os atos de caráter
personalíssimo, como "representante" do imputado nos
demais atos processuais. Pela clareza e com fim de fazer
uma revisão do que vimos aqui, apresento a íntegra o
julgado do STF. Observe:

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HABEAS CORPUS - PACIENTE INIMPUTAVEL - ABSOLVIÇÃO SUMARIA -


IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA - PRETENDIDA ANULAÇÃO DO
PROCESSO-CRIME POR AUSÊNCIA DO INTERROGATORIO JUDICIAL -
NULIDADE RELATIVA - ATO PROCESSUAL NÃO REALIZADO EM FACE
DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO ACUSADO - INOCORRENCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL - ORDEM DENEGADA.

O interrogatório judicial, qualquer que seja a natureza jurídica que se


lhe reconheça - "meio de prova, meio de defesa ou meio de prova e de
defesa" - constitui ato necessário do processo penal condenatório,
impondo-se a sua realização, quando possível, mesmo depois da
sentença de condenação, desde que não se tenha consumado, ainda, o
trânsito em julgado. - Consoante orientação jurisprudencial firmada
pelo Supremo Tribunal Federal, a falta do ato de interrogatório em juízo
constitui nulidade meramente relativa, suscetível de convalidação,
desde que não alegada na oportunidade indicada pela lei processual
penal (RTJ 73/758). A ausência da argüição desse vício formal, em
tempo oportuno, opera insuperável situação de preclusão temporal da
faculdade processual de suscitá-lo. - Tratando-se de réu inimputável,
cuja situação pessoal tenha sido objeto de positiva constatação em
pericia médico-psiquiatrica, realizada ainda na fase interrogatória do
inquérito policial, não há como exigir ao magistrado processante a
realização do ato de interrogatório, que se revela, por seu caráter
personalíssimo, de todo incompatível com a incapacidade de
autodeterminação daquele que e convocado a comparecer em juízo
penal na condição de acusado. Em tal circunstancia, incumbira ao Juiz,
se os peritos concluírem que o réu era penalmente inimputável ao
tempo da infração, ordenar o prosseguimento da "persecutio criminis",
com a presença de curador, que atuara, ressalvados os atos de caráter
personalíssimo, como "representante" do imputado nos demais atos
processuais (STF, HC 68.131/DF)

• PUBLICIDADE Î Regra geral, o interrogatório será público e isto


visa garantir que o procedimento ocorra dentro da lisura e dos
preceitos legais. Entretanto, tal regra não é absoluta, pois há a
possibilidade, nos casos em que puder resultar em escândalo,
perturbação da ordem pública ou inconveniente grave, do
Magistrado optar por realizar o interrogatório com as portas
fechadas.

• INDIVIDUALIDADE Î Característica presente no Código de


Processo Penal, que dispõe sobre o caso em que existem dois

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indivíduos para serem interrogados. Será que é possível o


interrogatório em conjunto? A resposta é negativa, observe:

Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão


interrogados separadamente

2.3.3 OBRIGATORIEDADE DE ADVOGADO

Caro(a) aluno(a), procure em seu Código de Processo Penal o Artigo 194...


Achou? Como assim... Está faltando??? Ainda bem, isto quer dizer que seu
código está atualizado pelo menos até 2004.
O antigo texto do CPP previa a necessidade de curador no interrogatório,
mas em nada tratava do advogado. Isto dava ensejo a diversos debates
doutrinários, fato este hoje completamente superado.
Hoje em dia, com base no artigo 185 do CPP, há obrigatoriedade da
presença do advogado, sob pena de nulidade absoluta. Veja:

Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade


judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou
nomeado. (grifo nosso)

2.3.4 DIREITO DE ENTREVISTA RESERVADA

Sobre o tema, discorre o CPP:

Art. 185
[...]
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz
garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada
com o seu defensor;

Antes da realização do interrogatório, o juiz assegurará o direito de


entrevista reservada do acusado com seu defensor.
Veja-se que, o CPP traz uma regra impositiva, um imperativo, não uma
faculdade conferida ao Juiz.

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Portanto, não tendo o acusado constituído Advogado, deverá este ser


nomeado, sendo-lhe garantido o contado pessoal e reservado com o
acusado, sob pena de nulidade.
Poderá o acusado, então, antes de exercer seu direito de autodefesa (neste
momento consubstanciado no seu direito de audiência), receber orientações
de quem realizará sua defesa técnica, ampliando-lhe as possibilidades
defensivas.
O Magistrado deve fazer constar em ata que foi assegurado ao réu o direito
de entrevista.
Mas e se o Juiz esquecer de consignar em ata, anula tudo?
Esta pergunta foi feita ao STJ, que respondeu que: Mesmo não havendo
esta referência expressa, se evidenciado pela leitura do termo de
interrogatório que foi assegurada à defesa a entrevista reservada entre o
acusado e seu defensor, antes da realização do ato, descabe reconhecer
qualquer nulidade.
Para finalizar, imaginemos uma situação em que o Juiz não pergunta se o
réu quer entrevista reservada e este também não se manifesta. Neste caso,
o réu poderia solicitar a nulidade do feito? Segundo o STF, a resposta é
negativa. Observe:

STJ - HABEAS CORPUS: HC 108135 MG


2008/0124970-9
1. Em tema de nulidades processuais, o nosso Código de
Processo Penal acolheu o princípio pas de nullité sans grief,
do qual se dessume que somente se há de declarar a
nulidade do feito quando resultar prejuízo devidamente
demonstrado pela parte interessada.

2. Observa-se, na espécie, que não houve qualquer gravame


ou constrangimento ao exercício de defesa do acusado, pois
o paciente compareceu em juízo sem representante legal e o
juiz, ao tomar conhecimento dessa situação, nomeou-lhe
defensor público. Este, por sua vez, não requereu a
entrevista reservada e procedeu a sua defesa. Note-se que a
ausência de realização de entrevista reservada em nada
obstruiu a defesa do acusado, não tendo, inclusive, impedido
o defensor público de formular perguntas durante o
interrogatório.

2.3.5 DIREITO AO SILÊNCIO – PRIVILÉGIO NEMO TENETUR SE


DETEGERE

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O artigo 186 do CPP deixa claro o direito de permanecer calado do réu e


atribui ao Juiz o dever de informar o acusado desta possibilidade. O texto
legal trata do tema da seguinte forma:

Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do


inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz,
antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
permanecer calado e de não responder perguntas que lhe
forem formuladas.

Agora imaginemos que Tício vai ser julgado e o promotor público pergunta:
“VOCÊ MATOU MÉVIA?” Resposta: (Silêncio). E o promotor: “Responda,
MATOU OU NÃO?” Resposta: (Silêncio). Após trezentas perguntas e
trezentos silêncios, o Juiz poderá pensar no velho ditado de que quem cala
consente???
É claro que não, pois o parágrafo único do artigo 186 veda esta
possibilidade.
Observe:

Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão,


não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.

“Mas professooor...E o artigo 198 do CPP ?”

Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão,


mas poderá constituir elemento para a formação do
convencimento do juiz.

Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, este artigo conflita


com a Constituição Federal e, embora não tenha sido expressamente
revogado, não encontra mais aplicabilidade.
Desta forma, para sua PROVA, leve o firme entendimento que:

O SILÊNCIO NÃO PODERÁ SER


INTERPRETADO EM PREJUÍZO DA DEFESA.

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2.3.6 PROCEDIMENTO

O CPP define uma série de procedimentos a serem seguidos para a validade


do interrogatório.
A fim de facilitar os seus estudos, vamos esquematizar:

INFORMAÇÃO
QUALIFICAÇÃO DO PERGUNTAS DO
SOBRE O DIREITO
ACUSADO JUIZ AO RÉU
AO SILÊNCIO
(ART. 185 DO CPP) (ART. 187 DO CPP)
(ART. 186 DO CPP)

PERGUNTAS OBJETIVAS PERGUNTAS SUBJETIVAS


(ART. 187, § 2o DO CPP) (ART. 187, § 1o DO CPP)

I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; Residência, meios de vida ou profissão,
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo oportunidades sociais, lugar onde exerce
particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a a sua atividade, vida pregressa,
quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e notadamente se foi preso ou processado
se com elas esteve antes da prática da infração ou depois alguma vez e, em caso afirmativo, qual o
dela; juízo do processo, se houve suspensão
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se condicional ou condenação, qual a pena
teve notícia desta; imposta, se a cumpriu e outros dados
IV - as provas já apuradas; familiares e sociais.
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por
inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas;
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a
infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e
tenha sido apreendido;
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à
elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração; O JUIZ FACULTARÁ A
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.
REALIZAÇÃO DE PERGUNTAS ÀS
PARTES, PODENDO INDEFERÍ-LAS
SE NÃO FOREM RELEVANTES OU
PERTINENTES
(ART. 188 DO CPP)

Finalizando, é importante ressaltar que poderá ser realizado novo


interrogatório a qualquer tempo.
Para que tal fato ocorra, basta a determinação de ofício do Magistrado ou
um requerimento devidamente fundamentado formulado pelas partes.
Observe:

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Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo


interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de
qualquer das partes.

2.3.7 O INTERROGATÓRIO POR MEIO DE VIDEOCONFERÊNCIA

Caro (a) Aluno (a), agora trataremos de uma inovação no nosso


ordenamento jurídico e como você já sabe as bancas A D O R A M
novidades. Sendo assim, muita atenção e calma na leitura deste tópico,
pois é bem possível que apareçam questões sobre este assunto na sua
prova.
Com o advento da Lei nº 11.900/2009, o artigo 185, parágrafo 2º do
Código de Processo Penal passou a autorizar que o interrogatório judicial do
preso, em algumas situações, seja realizado mediante o sistema de
videoconferência ou de outro recurso de transmissão de sons e imagens em
tempo real.
Para começarmos a entender como o legislador introduziu esta nova forma
de interrogatório, vamos analisar o artigo 185 do CPP:

Art. 185.
§ 1º O interrogatório do réu preso será realizado, em sala
própria, no estabelecimento em que estiver recolhido,
desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do
membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a
presença do defensor e a publicidade do ato.

Há três formas de se interrogar o réu preso:


(a) pessoalmente, dentro do presídio onde se encontra;
(b) pessoalmente, no fórum e
(c) por videoconferência.

O § 1º do art. 185 cuida da primeira situação (interrogatório pessoal dentro


do presídio). Deve o ato ser realizado em sala própria e é fundamental o
fator segurança (que pode ser conseguida com a presença de agentes
penitenciários ou policiais, separação da sala do restante do presídio etc.).
A lei fala em segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos
auxiliares do juiz, mas, obviamente, a segurança tem que valer para todas
as pessoas envolvidas no ato (advogados, o próprio réu etc.).
Sem a presença de defensor, o ato é nulo, mesmo porque pode o defensor
fazer perguntas (no momento do interrogatório). A publicidade do ato

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decorre do sistema processual brasileiro (acusatório), que possibilita amplo


acesso de qualquer pessoa aos atos processuais. A exigência de "sala
própria" (contida neste mesmo § 1º) inclui também a possibilidade de
acesso público a ela, por isso, essa "sala especial" deve ser
arquitetonicamente separada do local físico onde se encontram os demais
presos do presídio.
Em qualquer modalidade de interrogatório (presencial no presídio,
presencial no fórum ou por videoconferência), o juiz garantirá ao réu o
direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor (§ 5º, do art.
185).

§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada,


de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o
interrogatório do réu preso por sistema de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que
a medida seja necessária para atender a uma das
seguintes finalidades:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista
fundada suspeita de que o preso integre organização
criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante
o deslocamento;
II - viabilizar a participação do réu no referido ato
processual, quando haja relevante dificuldade para seu
comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha
ou da vítima, desde que não seja possível colher o
depoimento destas por videoconferência, nos termos do
art. 217 deste Código;
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.

A realização dequalquer ato processual por videoconferência é


EXCEPCIONAL. Em regra, o ato deve ser realizado com a presença
física do réu no local do próprio ato (ou no presídio ou no fórum). ESSA É A
REGRA. Excepcionalmente, o ato pode ser realizado por videoconferência.
Quando? Quando o juiz fundamentar a sua necessidade. É preciso explicar
os motivos da decisão, aliás, como veremos em seguida, a decisão tem
motivação vinculada porque a lei elencou as hipóteses de cabimento do ato.
O juiz (para a realização da videoconferência) pode agir de ofício ou a
requerimento das partes.
A lei elencou as possíveis finalidades do uso da videoconferência:

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1. PREVENIR RISCO À SEGURANÇA PÚBLICA, QUANDO EXISTA


FUNDADA SUSPEITA DE QUE O PRESO INTEGRE ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA OU DE QUE, POR OUTRA RAZÃO, POSSA FUGIR
DURANTE O DESLOCAMENTO Î
Todo transporte de preso gera risco para a segurança pública. Não é,
entretanto, esse risco genérico que justifica o uso da
videoconferência. O risco deve ser fundamentado em suspeita
fundada (não se trata de uma suspeita vaga, infundada, genérica) de
que o preso integra organização criminosa (réu já acusado
formalmente de pertencer ao PCC, por exemplo). O outro fundamento
é de que pode o réu fugir durante seu deslocamento. É preciso que
haja indícios sérios desse fato.

2. VIABILIZAR A PARTICIPAÇÃO DO RÉU NO REFERIDO ATO


PROCESSUAL, QUANDO HAJA RELEVANTE DIFICULDADE PARA
SEU COMPARECIMENTO EM JUÍZO, POR ENFERMIDADE OU
OUTRA CIRCUNSTÂNCIA PESSOALÎ
Sábia orientação da lei no sentido de procurar assegurar a
participação do réu no ato processual (via videoconferência) quando
haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo. São
múltiplas as dificuldades que existem para garantir o comparecimento
do réu em juízo. A lei elencou duas: enfermidade ou outra
circunstância pessoal (réu jurado de morte, por exemplo). Uma das
mais comuns razões (falta de escolta) não foi elencada, mas, segundo
doutrina majoritária, nada impede que o juiz, por analogia (in bonam
partem), faça uso da videoconferência em todas as hipóteses de
dificuldade de apresentação do réu preso.

3. IMPEDIR A INFLUÊNCIA DO RÉU NO ÂNIMO DA TESTEMUNHA


OU DA VÍTIMA, DESDE QUE NÃO SEJA POSSÍVEL COLHER O
DEPOIMENTO DESTAS POR VIDEOCONFERÊNCIA, NOS TERMOS
DO ART. 217 DESTE CÓDIGOÎ
O artigo 217 já fala no uso da videoconferência, nestes termos: "Se o
juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor,
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que
prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por
videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma,
determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição com a
presença do seu defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008).”

4. RESPONDER A GRAVÍSSIMA QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA Î

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Por razões de ordem pública muito grave, o ato também pode ser
realizado por videoconferência. Por exemplo: em razão de uma
inundação, ficou impossibilitado o deslocamento do presídio até o
fórum.

§ 3º Da decisão que determinar a realização de


interrogatório por videoconferência, as partes serão
intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.

A intimação das partes de todos os atos processuais é uma exigência


absolutamente necessária porque é ela (intimação) que possibilita o
contraditório (e é este que possibilita a ampla defesa). Com no mínimo dez
dias de antecedência, as partes devem ser intimadas, e a violação dessa
regra gera nulidade relativa, ou seja, comprovado o prejuízo em momento
oportuno, anula-se o ato.

§ 4º Antes do interrogatório por videoconferência, o preso


poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a
realização de todos os atos da audiência única de instrução
e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste
Código.

O Código de Processo Penal foi reformado recentemente (Lei 11.690/2008,


Lei 11.719/2008) para contemplar (nos seus procedimentos) a chamada
"audiência única" (onde todas as provas orais são colhidas). O
interrogatório, nesse caso, passou a ser o último ato processual. O § 4º ora
comentado garante a participação do réu nos atos anteriores ao
interrogatório (oitiva das testemunhas arroladas pela acusação,
testemunhas arroladas pela defesa etc.). A lei fala em "o preso poderá
acompanhar", ou seja, querendo, tem o direito líquido e certo de
acompanhar os atos precedentes ao interrogatório. Nisso reside o direito de
estar presente (remotamente) no ato.

§ 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz


garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada
com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica
também garantido o acesso a canais telefônicos
reservados para comunicação entre o defensor que esteja
no presídio e o advogado presente na sala de audiência do
Fórum, e entre este e o preso.

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O Direito de entrevista com o defensor, que está devidamente assegurado


na lei, já estava presente no art. 8º da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos. Esta entrevista deve ser prévia à audiência única (e ao
interrogatório) e deve ser reservada.
Para se assegurar a comunicação entre o preso e seu advogado, assim
como entre o defensor presente no ato e o advogado presente na sala de
audiência, haverá linha telefônica exclusiva. Dessa comunicação ninguém
pode tomar parte. É um ato reservado e sigiloso que faz parte das
prerrogativas dos advogados. No momento das perguntas, sobretudo, é
muito importante a comunicação entre o preso e seu advogado (ou entre o
defensor e o advogado).
ATENÇÃO Î Defensor e advogado são duas pessoas distintas. O
defensor está presente no presídio. O advogado (ou outro defensor) está no
fórum. Isso pode parecer exagero, mas não é, pois são dois locais distintos
e a lisura do ato não pode ser maculada. Assim, quanto mais fiscalização
melhor. Caso o réu tenha dois advogados contratados, nada impede que um
deles esteja no presídio e o outro no fórum. As combinações possíveis então
são:

1 - DEFENSOR E ADVOGADO;
2 - DEFENSOR E DEFENSOR;
3 - ADVOGADO E ADVOGADO.

§ 6º A sala reservada no estabelecimento prisional para a


realização de atos processuais por sistema de
videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e
pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério
Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.

Fiscalização: a sala especial para a realização da videoconferência deve


mesmo ser fiscalizada para se garantir a lisura do ato processual. Deve ser
segura, aberta ao público etc. Essas são as garantias mínimas para a
realização constitucional de atos processuais pelo sistema de
videoconferência. Quem fiscaliza? O juiz corregedor (dos presídios), o juiz
da causa, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil.

§ 7º Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo


nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na
forma prevista nos §§ 1º e 2º deste artigo.

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Como afirmamos, há três maneiras de se fazer o interrogatório do réu: (a)


por videoconferência, (b) presencial no presídio ou (c) presencial no fórum.
Não sendo possível fazer o interrogatório pelas duas primeiras formas,
adota-se a terceira (a mais tradicional), que exige a requisição do preso e
seu transporte até o fórum.

§ 8º Aplica-se o disposto nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º deste


artigo, no que couber, à realização de outros atos
processuais que dependam da participação de pessoa que
esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas
e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de
declarações do ofendido.

Outros atos processuais: a videoconferência pode ser utilizada não só


para o interrogatório, mas também para outros atos processuais (aos quais
o preso conta com o direito de estar presente).

§ 9º Na hipótese do § 8º deste artigo, fica garantido o


acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu
defensor." (NR)

Quem pode estar presente? Tanto o acusado (réu preso) quanto seu
defensor (defensor que está presente no presídio) contam com o direito de
participar de todos os atos processuais. Haverá, portanto, um defensor no
presídio e outro no fórum (este último pode ser um advogado contratado ou
um outro defensor público). Caso o réu tenha dois advogados, nada impede
que um deles esteja no presídio e o outro no fórum, conforme já
comentado.

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Caros alunos,

Por enquanto é “só”!!!

Na próxima aula continuaremos a falar sobre as provas e veremos mais


alguns pontos importantíssimos para sua PROVA.

Deixarei para apresentar todos os exercícios na aula 04 quando finalizarmos


todo o tema. Acredito que só assim você poderá realmente testar o
aprendizado. Sendo assim, reforce bem os conceitos que foram abordados e
esteja pronto(a) para, em breve, colocar tudo em prática.

Agora, siga com força de vontade, pois tenho certeza que em breve seu
esforço será recompensado.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

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LISTA DOS PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as
restrições estabelecidas na lei civil.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém,
facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade,
adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as
provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais.
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando
não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os
trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal,
seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes
acompanhar o incidente.

DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL


Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo.

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Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão


minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias,
podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
dos peritos.
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se
os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita
antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame
externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando
as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância
relevante.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da
autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de
delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, §
1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias,
contado da data do crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova
testemunhal.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo
deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa
nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto
do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este
divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por
outros peritos.
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões,
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo.
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo
exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

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Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo,
no todo ou em parte.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade
policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade.
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso


do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor,
constituído ou nomeado.
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no
estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a
segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como
a presença do defensor e a publicidade do ato.
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a
requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por
sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para
atender a uma das seguintes finalidades:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que
o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir
durante o deslocamento;
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja
relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou
outra circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde
que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos
termos do art. 217 deste Código;
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por
videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de
antecedência.
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o
direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por
videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos
reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o
advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos
processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos
corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério Público e
pela Ordem dos Advogados do Brasil.

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§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em


que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste
artigo.
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que couber, à
realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa
que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e
inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido.
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento do
ato processual pelo acusado e seu defensor.
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da
acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório,
do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe
forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
interpretado em prejuízo da defesa.
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou
algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se
o entender pertinente e relevante.
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá
prestar esclarecimentos e indicar provas.
Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e
circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração, e
quais sejam.
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente.
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela
forma seguinte:
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá
oralmente;
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito;
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo
modo dará as respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no
ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório
será feito por meio de intérprete.
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser
assinar, tal fato será consignado no termo.

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