PALATINOSE

TM

Carboidrato funcional

ALERGIA
INFANTIL
O exército em alerta

DISFUNÇÃO
ERÉTIL
Seu estilo de vida pode refletir
no desempenho sexual

SUPLEMENTAÇÃO
NA GRAVIDEZ
AVANÇOS DA CIÊNCIA PARA A NOVA GERAÇÃO

9a EDIÇÃO
ESPECIAL ESSENTIA:
ABRIL 2016 NOSSA CARAVANA DE SONHOS
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O Super Ômega 3 TG Essential é um suplemento nutricional de ômega-3
na forma de triglicerídeos, altamente concentrado em EPA (330mg) e
DHA (220mg) por cápsula, obtido por processo patenteado de destilação
molecular, que proporciona a pureza do óleo de peixe sem a presença de
metais pesados e contaminantes como mercúrio, PCB’s e dioxinas.
Sua forma em triglicerídeos é a mesma encontrada na natureza, isso
permite ao organismo uma maior facilidade para reconhecer a molécula e,
consequentemente, promover uma maior absorção quando comparada à
forma de etil éster (EE) – geralmente comercializada no mercado nacional.
Essa superior biodisponibilidade associada às altas concentrações de EPA e
DHA propiciam inúmeros benefícios à saúde cardíaca e cerebral.

CERTIFICAÇÃO DE PUREZA:
 Querido amigo leitor,
Começamos a Revista Essentia com uma intenção muito preciosa de compartilhar
com todos os nossos amigos e interessados nosso material didático, e isto nos supriu
de entusiasmo suficiente e bastante inspiração para levar adiante esta nova edição.

Na criação desta publicação, ficou claro que cada nova revista está direcionada a alcan-
çar nosso ideal concebido dentro de uma visão clara que é compartilhar conhecimento
relevante para o bem-estar, saúde e o desenvolvimento das pessoas, o que chamamos
de “Arte de Viver”.

O conteúdo está baseado no que acreditamos e perseguimos, que é transmitir o mate-

rial científico mais recente, mesmo que parte deste material possa ser algo polêmico,
já que gostamos de gerar entre nós e em harmonia com nossos colaboradores, um
espaço para o pensamento livre e criativo, para o debate saudável e intuitivo. O que
chamamos de “material científico” é baseado numa organização mínima da informação
atual existente, o que gera uma direção e discernimento, indispensáveis para o excesso
de informações muitas vezes confusas, que atualmente circulam nos diversos siste-
mas de comunicação, intencionando assim, conseguir um mínimo de veracidade da
revistaessentia.com.br informação. Sabemos que é uma meta complexa, mas é exatamente este tipo de “difi-
culdade” que evoca em nós um brio e força para que estejamos dispostos a enfrentar o
que for necessário para chegar a realização do nosso sonho mais querido, que é servir
ao ser humano em todas as formas que possamos.

essentia.com.br Também percebemos que a Consciência clarificada só pode dar-se junto ao pensamento
baseado na ciência e na capacidade intuitiva, desenvolvendo-se de forma permanente
e continuada. Esta Percepção e Consciência clarificada, que nasce do casamento entre
a Razão e a Intuição, e que tanto queremos e precisamos em nossas vidas, é a que
acreditamos estar ilustrada no conto do Elefante na Escuridão e no Especial Essentia,
/essentiapharmacia Nossa Caravana de Sonhos, quando nos aprofundamos no Núcleo da nossa Empresa.

Em um movimento necessário e adaptativo em direção às mudanças dos paradig-

mas atuais, que já estão obsoletos, pelo menos até certo grau, expomos o tema da
Gestação e Suplementação. Este é um tópico que aborda e explora a necessidade
urgente de uma consciência e informação clara para a construção de um futuro mais
funcional e saudável. Gestação e infância ainda são assuntos delicados de serem
abordados, apesar de sua extrema relevância e valor. Talvez esta seja uma evolução
paradigmática complexa para expor na Revista Essentia, mas tentamos manter o teor
científico dentro do possível, sem deixar de explorar o tema de forma também intuitiva.
Recordando uma vez mais, achamos que esta unificação, razão e intuição são a base
para uma real exploração da verdade em qualquer de seus níveis.

Perceba que em toda edição reforçamos a importância do exercício. Nesta não foi dife-
Imagens:
rente, mas fomos além. Em Exercício é Medicina mostramos as possibilidades do uso
shutterstock
do exercício como prescrição médica e trazemos a Palatinose™ na seção de superali-
Tiragem: mentos, uma novidade em carboidrato funcional para que você possa ir mais longe nos
20.000 treinos de alta performance. Inspire e Respire, assim junto com esta boa leitura, você
poderá atuar de forma unificada e congruente com o conhecimento adquirido.

Paulo Urban
Diretor

4 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 ÍNDICE

06 32 58
PERCEPÇÕES ARTIGO ARTIGO
O ELEFANTE
NA ESCURIDÃO

08
ACONTECE

09 EXERCÍCIO É MEDICINA
O MELHOR EXERCÍCIO É
CIÊNCIA ATUAL SUPLEMENTAÇÃO AQUELE QUE VOCÊ FAZ
PROBIÓTICOS NA GRAVIDEZ
BENEFÍCIOS POUCO
AJUDAM A BAIXAR
O COLESTEROL CONHECIDOS 72
SUPERALIMENTOS
10 48
CURTAS CIÊNCIA ATUAL
ESSENTIAL NUTRITION REPOSIÇÃO DE
INSPIRANDO UMA VIDA TESTOSTERONA
SAUDÁVEL REDUZ EVENTOS
CARDIOVASCULARES
12 PALATINOSE™
O CARBOIDRATO
ARTIGO FUNCIONAL

83
CIÊNCIA ATUAL
DIMINUIÇÃO DO
AÇÚCAR EM BEBIDAS
49 INDUSTRIALIZADAS COMO
ESTRATÉGIA PARA REDUZIR
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS OBESIDADE
GORDURAS BOAS CIÊNCIA ATUAL
PARA A SAÚDE SUPLEMENTAÇÃO DE

22
MAGNÉSIO NA PREVENÇÃO
DE DIABETES TIPO 2 84
COISAS DE HOMEM TURISMO
50 ÁGUAS TERMAIS
RICAS EM SAIS MINERAIS,
VITRINE TRAZEM BENEFÍCIOS
À SAÚDE

52 90
DISFUNÇÃO ERÉTIL ESPECIAL ESSENTIA INFÂNCIA
SEU ESTILO DE VIDA
PODE REFLETIR NO NOSSA CARAVANA ALERGIA INFANTIL
DESEMPENHO SEXUAL DE SONHOS O EXÉRCITO EM ALERTA

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 5
6 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 O Elefante na Escuridão
Os sábios de todas as épocas nos ensinam que
a mente humana tende a generalizar a partir de
evidências parciais, e que a percepção humana
pode ir muito mais além do óbvio e dessas parcia-
lidades, transcendendo todas as aparentes diferen-
ças e encontrando a unidade.
Poderá você conceber-se experimentando a exis-
tência de uma forma mais completa? O conto que
segue é uma das formas em que os sábios tentam
ajudar a nos libertar dos limites da percepção, e
assim chegar na consciência da realidade.
Em uma cidade onde jamais um elefante tinha sido
visto, quatro pessoas curiosas foram vê-lo. Quando
chegaram ao estábulo, encontraram o elefante na
escuridão. Portanto, a investigação tinha que ser
realizada em pleno escuro, apalpando-o.
O primeiro, tocando-lhe a orelha, imaginou que era
uma gigante borboleta. Com medo do que pensou,
saiu correndo não conseguindo desvendar nada mais.
O segundo apalpou a tromba e concluiu que a criatura
parecia uma terrível serpente. Também assustado,
saiu correndo.
Quando o terceiro colocou a mão nas costas do
elefante, ficou convencido de que se tratava de uma
espécie de trono. Imaginando que isso significava
que outro rei queria tomar a cidade, saiu correndo
assustando a todo o povoado.
Elephant Parade
A Elephant Parade é um evento mundial. Foi criada
pelo holandês Mike Spits após uma visita à Tailândia.
A intenção era chamar a atenção para os maus tratos
e mutilações de elefantes vítimas de minas terrestres.
O projeto, que começou em 2006 por causa de Mosha
- uma bebê elefante que aos seis meses de idade
perdeu uma das patas ao pisar em uma mina - cres-
ceu e hoje arrecada donativos para outros elefantes
da Ásia e instituições filantrópicas das cidades que
recebem a exposição. Simpáticos à causa, a Essentia
Pharma entrou no projeto adotando e desenvolvendo
o Elefante Percepções.
O último tocou uma das patas, e concebeu com a
sua imaginação limitada apenas uma grande árvore.
Pensando já conhecer do que se tratava, dispensou a
possibilidade de continuar a exploração e abandonou
o lugar.
Nenhum deles formou a imagem completa do gran-
dioso animal. A parte do elefante que cada um
apalpou e sentiu foi associada automaticamente às
memórias que eles já conheciam. Alguns pelo medo
do que a fantasia distorcida gerou e outros, por acre-
ditarem que tudo conheciam, não foram adiante com
a investigação.
O resultado da expedição era pura confusão. Cada
um tinha certeza de que só ele estava certo; nenhum
dos outros moradores do vilarejo conseguia entender
o que tinha acontecido ou o que os investigadores
tinham realmente experimentado.
Mas, o grande sábio da cidade, que conhecia um
elefante, ria sem parar de toda a confusão que se
havia armado. Como todos lhe tinham um grande
respeito, aceitaram sua proposta de rever aquilo
que, com certeza, imaginavam conhecer. E o fizeram
apesar de seus medos.... Chegando no estábulo, o
sábio simplesmente acendeu a luz, e foi então que
todos viram a totalidade do que realmente se tratava:
um elefante. E com isso, eles riram sem parar da
confusão que os havia antes dominado.
"Aproveitamos o nosso elefante para trazer o conto
"O Elefante na Escuridão". Ele narra algo que acre-
ditamos ser muito importante: conhecermos a nós
mesmos e nossa forma de perceber. Muitos dos
grandes problemas do ser humano, e entre eles
próprios, são causados por confusões e pela falta
de conhecimento de nós mesmos. Estas confusões
podem ser causa dos mais variados distúrbios,
desde o sofrimento pessoal até as guerras. O conto
tem muitos níveis e pode ser aplicado nas diversas
dimensões da cognição e consciência humana."
Diretor de Marketing.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 7
 ACONTECE

Hi Nutrition
Local: Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca | São Paulo - SP

17-19 O Hi Nutrition abre o calendário anual de congressos na área de nutrição. Mais

especificamente, Nutrição Avaçada e Nutracêutica Clínica, abordando de forma
MARÇO abrangente 7 pilares da área: clínica, funcional, esportiva, longevidade, fitoterapia,
nutricosmética e ortomolecular. Um espaço de compartilhamento de experiências,
aprendizados e contatos, através de cursos, palestras e simpósio satélite.

Site: www.congresso.hinutrition.com.br

Arnold Conference
Local: Pavilhão do Riocentro | Rio de Janeiro - RJ

01-03 O Arnold Conference chega a sua 3a edição com uma programação inovadora e
mais de 70 palestrantes, incluindo médicos, cientistas, nutricionistas, farmacêuti-
cos e fisioterapeutas. A novidade é que este ano o acesso será livre para a expo do
ABRIL Arnold Classic Brasil durante os 3 dias de evento.

Site: www.arnoldconference.com.br

Congresso norte e nordeste de Nutrição

Clínica e Esportiva Funcional
Local: Oasis Atlântico Imperial | Fortaleza - CE

12-14 O primeiro evento da VP Nutrição no nordeste, dirigido a nutricionistas, estudan-

tes, médicos, farmacêuticos e educadores físicos, leva ao público estudos atuais e
MAIO pesquisas no segmento, apresentados por renomados profissionais. A programa-
ção já está disponível no site do evento com a lista dos palestrantes confirmados,
entre eles: Valéria Paschoal, Andréia Naves, Gabriel de Carvalho, Henrique Freire,
Murilo Pereira, Natália Marques e Valden Capistrano.

Site: www.vponline.com.br

XXIX Congresso Internacional de Prática

Ortomolecular
Local: Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca | São Paulo - SP

03-05 O Congresso Ortomolecular é pioneiro na prática ortomolecular no Brasil, sendo

referência no país. O time de palestrantes nacionais e internacionais apresentam
JUNHO durante os três dias de evento as maiores atualizações da Prática Ortomolecular.
Na área dos expositores é possível ter contato com novos equipamentos, matérias-
-primas e testes clínicos, que enriquecem ainda mais o evento.

Site: www.congressoortomolecular.com.br

8 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 CIÊNCIA ATUAL

Probióticos ajudam a
baixar o colesterol, nova
meta-análise confirma

Resultados de uma meta-análise, publicados na

revista PLOS One, confirmam a associação entre a
suplementação de probióticos e a redução do coles- NOTA DO EDITOR:
terol total e da lipoproteína de baixa densidade (LDL) Cada vez mais se confirma a
em seres humanos. As estirpes utilizadas nos 11 importância do microbioma (flora
estudos randomizados analisados incluíram L. helve- do trato gastrointestinal) na saúde
ticus, L. fermentum, L. bulgaricus, S. thermophilus, L. humana. Esta meta-análise reuniu
acidophilus, L. reuteri e outras bactérias probióticas 11 trabalhos que confirmaram a
consumidas na forma de cápsulas ou de produtos ação positiva sobre os níveis de
colesterol, principalmente de sua
lácteos fermentados.
forma mais aterogênica e que se
A utilização de probióticos foi associada com uma relaciona com doenças como infartos
média de 6,56 miligrama por decilitro (mg/dL) de e derrames, que é a LDL. Desde que o
colesterol não é solúvel em água, ele
redução no colesterol total e 8,49mg/dL de decrés-
precisa ser carregado por partículas
cimo na LDL. Os resultados mais pronunciados foram
lipossolúveis no sangue, e a de baixa
entre aqueles com colesterol levemente elevado, e
densidade é um tipo de partícula
a intervenção foi estatisticamente mais eficaz em que pode penetrar na parede dos
longo prazo (> 4 semanas) na redução de colesterol vasos e causar doenças. Assim, fica
total e LDL, em comparação com o seu uso em curto comprovado que além da retirada
prazo (≤4 semanas). dos alimentos que aumentam a LDL,
como as gorduras trans-saturadas,
Portanto, a suplementação com probióticos (produ- deve-se prescrever probióticos (como
tos lácteos fermentados e preparações probióticas alimentos ou suplementos) para um
em cápsulas) podem ser úteis na prevenção primá- melhor controle do colesterol.
ria da hipercolesterolemia, e podem levar a reduções
nos fatores de risco para doença cardiovascular. 

Fonte: Shimizu M; Hashiguchi M, et al. Meta-Analysis: Effects of Probiotic Supplementation on Lipid Profiles in Normal to Mildly Hypercholesterolemic
Individuals. PLoS ONE 10(10): e0139795. doi:10.1371/journal.pone.0139795

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 9
 CURTAS

Essential
Nutrition
Inspirando uma
vida saudável

10 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
O
ano de 2015 foi muito importante para a
Essential Nutrition. Nossa linha de produ-
tos cresceu, ampliamos nossa abrangência
no território nacional com mais de mil pontos de
vendas, e cruzamos o Atlântico para colocar nossa
marca nas vitrines da Europa, enquanto seguimos
buscando novas matérias-primas.
Nesse último ano, nos superamos mais uma vez.
Foram lançados mais de 10 produtos que conquis-
taram um público exigente. Olhando para trás, fica
a sensação de orgulho e dever cumprido. Se pensar-
mos que o Açaí Whey, H.I. Whey, ChocoKi, Fiberlift,
Beef Protein, BCAA 8:1:1 e Collagen Skin sabor neutro,
e as quatro proteínas em sachê ainda não comple-
taram nem um ano, enxergamos o poder da nossa
marca. Produtos que deveriam estar engatinhando
estão voando, inspirando atletas a superarem seus
limites, e tantas outras pessoas a buscarem um
estilo de vida mais saudável.
O Chocolift, um produto já consagrado pelo público
brasileiro, recebeu destaque na categoria Best New
Food, na Natural and Organic Product Show Europe, e
ganhou a admiração do público europeu.
Trabalhamos muito, celebramos e comemoramos
cada conquista como uma grande vitória. Uma
delas chegou no dia 30 de outubro, no palco princi-
pal da Exponutrition, diante de um público de mais
de 35 mil pessoas. A Revista SuplementAção, com a
participação dos consumidores, elegeu a Essential
Nutrition como a marca revelação durante os anos
de 2014 e 2015 no segmento de suplementos.
Na hora do anúncio, a vibração foi intensa. A come-
moração veio de quem veste a camisa todos os dias,
felizes com o reconhecimento ao compromisso e ao
empenho na busca do aperfeiçoamento dia após dia.
Em uma filosofia onde não existe meio termo, sobra
espaço para a paixão e para a qualidade absoluta
que preservamos. Nessa trajetória, os prêmios são
importantes, mas não são metas. Queremos sim
sermos reconhecidos, mas queremos mais ainda
sermos dignos desse reconhecimento. Só assim
poderemos ir mais longe e fazer a diferença na vida
de cada vez mais pessoas.
Dessa maneira, quando alguém encontrar a Essential
Nutrition em uma das prateleiras do Brasil e do mundo
vai enxergar o comprometimento por trás do sabor e
eficiência de cada produto, e vai saber que cumprimos
a promessa em oferecer as melhores combinações e
os mais puros ingredientes. 
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 11
 ARTIGO

Ácidos Graxos
Essenciais
Gorduras boas para a saúde

12 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
A
busca pela saúde e qualidade de vida
despertou nos consumidores o interesse e
preocupação com as propriedades de seus
alimentos. Cada vez mais as pessoas buscam não
só o alimento em si, mas compreender porque seu
consumo pode proporcionar algum tipo de benefí-
cio ou malefício. Hoje, ao se comprar um produto,
é comum olhar as informações nutricionais dispo-
níveis e observar que em todas há a concentração
de gordura, bem como sua classificação (saturada,
insaturada e trans). Esses valores, somados a
expressões popularmente difundidas como “gordura
boa” e “gordura ruim” fazem com que o conceito de
gordura seja visto muitas vezes de forma errônea.
Afinal, você sabe distinguir as gorduras que ingere?

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 13
 ARTIGO

ENTENDA A DIFERENÇA ENTRE GORDURA

SATURADA, INSATURADA E TRANS
Um adulto saudável do sexo masculino possui em
média de 12 a 18% de gordura corpórea e uma mulher
em torno de 16 a 25%, sendo que no cérebro o valor
pode chegar a quase 60%.1 Essa gordura proveniente
da dieta fornece, além de energia, substâncias essên-
cias à bioquímica do organismo, como o ômega-3.
Geralmente, se denomina ‘gordura’ o óleo que, à
temperatura ambiente encontra-se em estado semis-
sólido ou sólido. Os óleos, à temperatura ambiente,
se encontram em estado líquido.
Para começar a entender o contexto da gordura e/
ou óleos, é necessário entrar no universo da química
e compreender um pouco mais a estrutura desses
elementos. A gordura, também chamada de lipídio,
é constituída quimicamente da junção de molécu-
las de glicerol com ácidos graxos. Os ácidos graxos
têm sua estrutura química formada principalmente
por carbono (C), hidrogênio (H) e um radical carbo-
xila (COOH). Os carbonos podem estar ligados uns
aos outros por uma única ligação (saturados) ou por
duas ligações (insaturados), e podem conter muitos
átomos de hidrogênio quanto possível (saturados
de hidrogênio), ou não (insaturados de hidrogênio).
Daí nasce o nome gordura saturada e gordura insa-
turada.²
Já a gordura tipo trans é uma gordura que pode ser
obtida através de um processo industrial denominado
hidrogenação, feito a partir da gordura insaturada
(óleo vegetal). Recebe esse nome porque durante o
aquecimento do óleo vegetal, átomos de hidrogênio
são adicionados à sua corrente de carbonos. Com
isso, o óleo que naturalmente apresenta os hidrogê-
nios do mesmo lado (forma cis) sofre alteração da
conformação para o lado transverso (trans).2
O processo de industrialização da gordura trans foi
desenvolvido com intuito de deixar os alimentos
mais saborosos, crocantes, competitivos economi-
camente e com longa duração nas prateleiras. Ao
adicionar hidrogênio ao óleo vegetal (forma líquida),
forma-se uma pasta semissólida, convenientemente
ideal para o preparo de alimentos. Mas, o que aparen-

H H H H
Ácido graxo H H H O
C C C C
saturado
H C H C H C H C OH
H H H

H H H H
Ácido graxo H H H O
C C C C
insaturado CIS
H C H C C H C OH
H H
Dupla ligação (insaturação)
Hidrogênios do mesmo lado
H Hidrogenação
Adição de hidrogênios
H
H H H
Ácido graxo H H H O
C C C C
insaturado TRANS
H C H C H C H C OH
H H
Dupla ligação (insaturação)
Hidrogênios de lados opostos
Fonte: SINOMAR, 20152

14 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 Ácidos Graxos Essenciais

temente são pequenas alterações estruturais, na verdade, GORDURA INSATURADA

alteram completamente a função e atividade dessa
gordura no organismo. »» Considerada a mais benéfica
e saudável, é proveniente
O corpo não reconhece a gordura trans e a armazena - o principalmente de óleos vegetais
que pode ocasionar problemas futuros, como diabetes, que não foram submetidos ao
calor ou hidrogenação. Dentro
obesidade, níveis altos de triglicerídeos e LDL. Grande desta classificação temos a
parte dos alimentos industrializados (biscoitos, salgadi- monoinsaturada, como o azeite de
nhos, sorvetes, pipoca de micro-ondas, alimentos conge- oliva (ômega-9) e a poli-insaturada,
como o óleo de peixe (ômega-3).
lados) contém teores de gordura trans. De acordo com
a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação
(ABIA), apenas 30% dos biscoitos vendidos no Brasil são
livres de gordura trans.

Desde 2012, a resolução nº 54 da ANVISA estipula certa

GORDURA SATURADA
restrição quanto ao uso da gordura trans, mas em muitos
países seu uso já está até proibido, pois não há mais dúvi-
das sobre seus danos à saúde. »» Encontrada principalmente em
produtos de origem animal e em
algumas fontes vegetais, ela é
A gordura saturada encontra-se na forma sólida ou muitas vezes olhada com suspeita.
semissólida quando em temperatura ambiente, e é Chegou a ser banida das dietas,
possível encontrá-la principalmente em produtos de pois seu excesso pode desequilibrar
origem animal, por exemplo, na gordura animal, no leite o nível de colesterol, mas hoje sua
avaliação está sendo revista.
e seus derivados, e também em algumas fontes vegetais
(gordura do coco e óleo de palma). Ela é muitas vezes
olhada com suspeita, e anteriormente já foi banida das
dietas, pois seu excesso pode aumentar o nível de coles-
terol total e desequilibrar a relação entre o colesterol HDL
e LDL. Hoje, o conceito de que a gordura saturada deve
ser banida está em revisão, já que o corpo pode usá-la, GORDURA TRANS
e precisa dela em pequenas quantidades. Portanto, ela
pode ser considerada “saudável”, se consumida com »» Obtida através de um processo
moderação. industrial denominado
hidrogenação, foi desenvolvida
com intuito de deixar os alimentos
A gordura insaturada é considerada a mais benéfica e mais saborosos, crocantes e com
saudável, e é proveniente principalmente de óleos vege- longa duração nas prateleiras.
tais que não foram submetidos ao calor ou hidrogenação. O corpo não reconhece a gordura
trans e a armazena.
Sendo classificada em monoinsaturada (MUFA), como o
azeite de oliva, e poli-insaturada (PUFA), como o ômega-3.
Quando em temperatura ambiente, este tipo de gordura é SNACK
encontrado na natureza geralmente na forma líquida.

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 15
 ARTIGO

O QUE SÃO AS
GORDURAS SAUDÁVEIS
POLI-INSATURADAS E LIPÍDIO

MONOINSATURADAS -
ÔMEGAS 3, 6 E 9 modificação
industrial
As gorduras insaturadas, como já foi mencionado, SATURADA INSATURADA TRANS
estruturalmente possuem dupla ligação. Quando
ocorre apenas uma dupla ligação, denominamos
essas gorduras como ácidos graxos monoinsa-
turados (MUFA) e quando há duas ou mais liga-
MONOINSATURADA POLI-INSATURADA
ções chamamos de ácidos graxos poli-insaturados (MUFA) (PUFA)
(PUFAS).

Nas últimas décadas inúmeros estudos têm focado

na importância do consumo dos ômegas 3, 6 e 9,
principalmente na saúde cardiovascular e cerebral.
O ômega-9 é o representante mais conhecido da
classe MUFA (azeite de oliva), enquanto os ômegas ÔMEGA-9 ÔMEGA-3 ÔMEGA-6
3 e 6 enquadram-se na classe PUFAs. Se chama de
ômega 3, 6 e 9 dependendo da localização da dupla
Ácido Alfa-
ligação de carbono: se for na terceira posição do final Ácido
Linolênico
Ácido linoleico
Oleico (LA)
da cadeia de carbono, se chama ômega-3, se for na (ALA)
sexta posição se chama ômega-6 e se for na nona se
chama ômega-9.

POLI-INSATURADA Ovos

O ômega-3 é considerado um ácido graxo essencial, Azeite de oliva Óleo de

ou seja, não é sintetizado pelo corpo humano sendo linhaça

necessário adquiri-lo através de alimentos ou suple-

mentação. Entre seus constituintes destacam-se o
ácido alfa linolênico (ALA), ácido docosahexaenoico
Chia Óleo de
(DHA) e o ácido eicosapentaenoico (EPA). Abacate
borragem
Óleos
O ALA desempenha importantes funções na estrutura vegetais
das membranas celulares e nos processos metabóli-
cos, e pode ser encontrado em diversos alimentos de
Óleo de coco
origem vegetal, como óleo de linhaça, chia, nozes, Fontes
vegetais de folhas escuras. O ser humano é capaz marinhas
de realizar a conversão de EPA e DHA a partir de
ALA, mas não se sabe ao certo qual a quantidade
convertida, e estima-se que seja relativamente GLA
baixa, em torno de 5% para EPA e 0,5% para DHA. No
caso, quando ingerimos o ômega-3 de fonte vegetal,
damos ao nosso corpo substrato (ALA) para a forma-
EPA DHA
ção de EPA e DHA, o qual dependerá da capacidade
individual de cada pessoa.8-10

16 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.

Os animais marinhos (com destaque para os com
maior teor de ômega-3: salmão, krill, sardinha e aren-
que) contêm naturalmente EPA e DHA. Existem diver-
sos estudos consagrando o importante papel desses
constituintes para a função cognitiva cerebral, funcio-
namento da retina (responsável pela formação da
imagem no cérebro), além de benefícios cardiovas-
culares, anti-inflamatórios, redução de triglicerídeos
e HDL, prevenção de doenças autoimunes, como a
artrite reumatoide, e queima de excesso de gordura
introduzida por uma dieta hipercalórica.6,9
Na família do ômega-6, muitos representantes
possuem propriedades pró-inflamatórias, mas alguns
são destacados pelos seus benefícios, como o ácido
linoleico (LA) e o ácido gama linolênico (GLA). O ser
humano pode obter GLA através da conversão enzi-
mática do LA. No geral, o LA está presente na dieta
ocidental através de alimentos como nos óleos de
soja, girassol, linhaça e milho, semente de chia, nozes,
avelã, caju, aveia, abacate e arroz. No entanto, no caso
de uma deficiência ou redução na atuação enzimática
devido a fatores como idade, consumo de álcool, cafe-
ína, gordura trans, baixo consumo de algumas vitami-
nas e minerais (C, E, B6 e B3, zinco ou magnésio), e
excesso de insulina, o corpo não consegue realizar a
sua conversão em GLA. Com isso, ações benéficas do
GLA – por exemplo, anti-inflamatória, preventiva do
câncer, relaxamento, dilatação de vasos sanguíneos e
capacidade de diminuir os níveis de lipídios plasmáti-
cos – ficam impossibilitadas.
MONOINSATURADO
O ácido oleico (ômega-9) está presente no azeite de
oliva, azeitona, frutas, sementes oleaginosas (casta-
nhas, nozes, abóbora, chia), abacate e óleo de coco.
Inúmeros estudos evidenciam seu uso na alimen-
tação com consequentes benefícios na redução de
doenças cardiovasculares de até 30%.2,3
Ácidos Graxos Essenciais
ÓLEO DE PEIXE E
ÓLEO DE KRILL
O óleo de peixe foi popularmente difundido
devido às inúmeras propriedades benéficas
obtidas de seus constituintes: EPA e DHA.
Todavia, em águas profundas e frias do
oceano Antártico, é possível encontrar outro
animal rico em ácidos graxos poli-insaturados
n-3 (ômega-3) – o krill (Euphausia superba).
Seu diferencial perante o óleo de peixe é
que esse pequeno ser vivo, além de possuir
quantidades de EPA e DHA, possui natural-
mente fosfolipídios (rico em fosfatidilcolina)
e um potente antioxidante (astaxantina),
atuando em sinergismo, e contribuindo para
os seus benefícios.5
A composição do krill é de cerca de 40% de
fosfatidilcolina e 30% de ômega-3, EPA, DHA
e astaxantina. Os ácidos graxos ômega-3
presentes no óleo de krill estão incorpora-
dos a fosfolipídios – constituintes de todas
as membranas biológicas –, o que facilita
a passagem dos ácidos graxos poli-insatu-
rados (EPA e DHA) pela parede intestinal,
proporcionando assim uma melhor absor-
ção e biodisponibilidade, quando comparado
ao óleo de peixe, mostrando-se superior em
algumas situações clínicas.
Pessoas alérgicas a camarão devem evitar o
seu uso, já que o krill é igualmente um crus-
táceo.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 17
 ARTIGO

ENTENDA A COMPOSIÇÃO DAS FONTES

MARINHAS DE ÔMEGA-3

ÓLEO ÓLEO DE PEIXE ÓLEO DE PEIXE NÃO

DE KRILL* CONCENTRADO* CONCENTRADO

Peixes de águas
Krill antártico Peixes de águas profundas
FONTE Livre de metal pesado profundas com sem certificação de pureza
certificação de pureza

150 mg
QUANTIDADE DE EPA (2 cápsulas) 330 mg (1 cápsula) 180 mg (1 cápsula)

90 mg
QUANTIDADE DE DHA (2 cápsulas) 220 mg (1 cápsula) 120 mg (1 cápsula)

420 mg
FOSFOLIPÍDIOS (2 cápsulas) - -

53 mg
COLINA (2 cápsulas) - -

1 mg
ASTAXANTINA (2 cápsulas) - -

FONTE DE ÔMEGA-3
  
* Informações baseadas nos produtos Super Ômega 3 TG Essential e Krill Oil Essential NKO™.

18 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.

ÓLEOS DE PEIXE
O hábito da suplementação de óleo de peixe tem
aumentado significativamente na última década
devido a inúmeros estudos científicos comprovando
sua importância para a constituição das membranas
celulares, aumento da imunidade, efeito anti-inflama-
tório, melhora na cognição e memória, regulação na
coagulação e pressão sanguínea, entre outros bene-
fícios.16,17 Atualmente, o suplemento de óleo de peixe
é o terceiro suplemento mais usado pelos brasileiros,
perdendo apenas para os vitamínicos-minerais e os
repositores de cálcio.14 Compreensível desde que a
dieta ocidental não abrange a quantidade de inges-
tão de peixe sugerida pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) de cerca de 12 kg/ano. Acredita-se que,
em média, o brasileiro coma cerca de 9 kg/ano, fazen-
do-se necessário recorrer à sua suplementação.15
Os suplementos de óleo de peixe são largamente
comercializados na forma molecular alternativa de
ésteres etílicos (EE) e em menor escala na forma de
triglicerídeos (TG).
A forma TG é a mesma encontrada na natureza,
composta de 3 ácidos graxos ligados a um esque-
leto de glicerol, sendo a forma molecular de todas as
gorduras e óleos em ambas as espécies de animais
e plantas. A gordura ômega-3 presente no peixe é
quase exclusivamente TG.20 Já a forma EE é feita
de um ácido graxo ligado a uma molécula de etanol.
Geralmente, esta forma não é encontrada na natu-
reza, mas sim produzida através de síntese química.
PRODUÇÃO DAS FORMAS
CONCENTRADAS EE E TG
O óleo de peixe disponível na natureza possui
proporções de EPA e DHA baixas e não padroniza-
das. Portanto, para fins de purificação e aumento da
concentração dos seus constituintes, o óleo passa
por um processo chamado de transesterificação,
onde seus ácidos graxos livres (AGL) reagem com
etanol. O processo remove o esqueleto de glicerol do
óleo ainda na forma TG, resultando numa molécula
de AGL. Por conseguinte, uma molécula de etanol
Ácidos Graxos Essenciais
é ligada a cada um dos AGL, criando-se a forma
concentrada EE.
A forma concentrada EE pode ser revertida à forma
TG (agora concentrada): utilizando-se enzimas
alimentícias para separar o etanol dos ácidos graxos
– processo chamado glicerólise – inclui-se o glicerol
de volta na solução. Assim, esterifica-se novamente
os ácidos graxos ao esqueleto suporte glicerol, e
cria-se a forma concentrada TG. Essa forma é comu-
mente referida como resterificada (ou reformada)
de triglicerídeo (rTG), pois possui estrutura idêntica
à natural (TG), mas agora com concentrações mais
elevadas de ácidos graxos desejados, EPA e DHA.21,23
METABOLISMO
E ABSORÇÃO
O metabolismo da forma EE é menos eficiente que
a forma TG. Sua lipase pancreática pode precisar
de 10 a 50 vezes mais tempo para quebrar a ligação
ácido graxo-etanol.26 E em indivíduos com problemas
digestivos, como insuficiência pancreática, a hidró-
lise de EPA e DHA pode ficar comprometida.27
Desde que a maioria dos estudos científicos
mostrando a eficácia do óleo de peixe foi executada
utilizando a forma mais usada comercialmente do
ômega-3 (EE), atualmente, existe um debate sobre
qual a forma que provê melhor absorção (biodisponi-
bilidade). Apesar de um pequeno número de estudos
concluir que a absorção é semelhante entre os óleos
TG e EE28,29, a maioria das pesquisas apoia uma maior
absorção de EPA e DHA através da forma TG.18,19,22,24
Um ensaio clínico duplo-cego, controlado por placebo
e com duração de 6 meses (150 participantes) inves-
tigou os efeitos de EPA e DHA através de óleo de peixe
na forma TG, EE e placebo (óleo de milho), medindo
ambos nas células sanguíneas (índice ômega-3).
Ao final do ensaio, o índice ômega-3 aumentou 197%
no grupo TG, comparado com 171% no grupo EE –
uma diferença de 26%.25 Além disso, em um subcon-
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 19
 ARTIGO

junto dos participantes, os níveis de triglicerídeos A gordura não precisa ser uma adição
séricos em jejum foram significativamente reduzidos temerosa na dieta. Usando-se o bom
no grupo TG (mas não no grupo EE) após 3 e 6 meses
senso quantitativo e o conhecimento
de suplementação.7 Esses resultados são importan-
tes porque sugerem que a forma TG não só aumen- qualitativo das diferentes gorduras,
tou os níveis celulares de EPA e DHA em cerca de não somente elas podem ser gostosas,
25% mais eficazmente como também sua diferença como também podem fazê-lo se sentir
de biodisponibilidade traduz em efeitos biológicos bem fisicamente e psicologicamente.
mais desejáveis (redução dos triglicerídeos).
O consumo de certas gorduras é
OXIDAÇÃO E ESTABILIDADE essencial para um bom funcionamento
do organismo, e o conhecimento de
No quesito oxidação, os poucos estudos realizados
demonstraram que os ácidos graxos sob a forma seus diferenciais ajuda na hora da
de EE oxidam mais rapidamente do que aqueles na escolha nutricional. Apesar do que
forma de TG.11-13 Um estudo conduzido recentemente já foi veiculado em certos canais de
avaliou a oxidação do óleo de peixe TG e EE, ambos
informação, nem todas as gorduras
com quantidades semelhantes de EPA e DHA, em
temperaturas de 5 a 60°C. A taxa de oxidação, tal e óleos são vilões como a trans. De
como medida pela alteração no valor de peróxido e fato, óleos de peixe ou de krill de boa
valor de anisidina, foi mais baixa no óleo de peixe sob qualidade, entre outros, são bons para a
a forma TG do que EE.4,12 saúde e deveriam, sem sombra de dúvida,
Os suplementos de óleo de peixe oferecem nume- ser incluídos em seu cardápio.
rosas vantagens, sendo que os sob a forma de
triglicerídeos (TG) mostram-se superiores quando
comparados aos sob a forma de ésteres etílicos (EE).
Pouquíssimas empresas especificam a forma utili-
zada no suplemento de óleo de peixe no rótulo, mas
mesmo sem essa especificação pode-se afirmar que
a grande maioria utiliza a forma EE por seu custo ser
mais competitivo.

20 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.

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R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 21
 COISAS DE HOMEM

DISFUNÇÃO
ERÉTIL
Seu estilo de vida
pode refletir no
desempenho sexual

U
ma vida sexual ativa e satisfatória é essencial
ao bem-estar do homem. A disfunção erétil
(DE) – outrora chamada de impotência sexual –,
definida segundo o consenso do National Institutes
of Health (NIH) como a incapacidade de obter ou
manter uma ereção suficiente para um desempenho
sexual satisfatório1, pode afetar negativamente o
relacionamento interpessoal e comprometer a quali-
dade de vida. Com o envelhecimento, mudanças fisio-
lógicas acarretam em alterações na atividade sexual
masculina, incluindo a DE, ejaculação precoce, redu-
ção da libido e perda da fertilidade. Homens entre 45
e 65 anos deparam-se com a chamada andropausa,
quando o hormônio testosterona começa a declinar.
Sendo a disfunção sexual mais prevalente, quando
comparada aos distúrbios ejaculatórios e de desejo7,
estima-se que cerca de 30 milhões de homens apre-
sentem DE nos Estados Unidos³, 11 milhões no
Brasil4 e 150 milhões no mundo5 com projeções de
300 milhões para o ano de 2025.8

22 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 23
 COISAS DE HOMEM

QUAIS AS CAUSAS DA
DISFUNÇÃO ERÉTIL?
Durante muito tempo, a DE assolou os homens sem
muita possibilidade de tratamento efetivo em função
de sua origem ter sido relacionada fortemente apenas
a fatores psicológicos ou relacionados à idade. Ante-
riormente ao advento de drogas efetivas, como o
citrato de sildenafila (primeiro fármaco de ação
sistêmica significativamente eficaz)6, o diagnóstico
era impreciso e a causa psicogênica predominava
no raciocínio do urologista. Atualmente, sabe-se que
muitos casos estão expressivamente associados
com uma ou mais desordens orgânicas³, e que em
quase todos esses casos também há fatores psicoló-
gicos associados, havendo, portanto, maior incidên-
cia de casos de etiologia mista, ou seja, orgânica e
psicogênica. As causas de DE podem ser de origem
neurológica, endócrina, psicogênica, farmacogênica
ou vascular, sendo a última a forma mais comum.
sanguíneos penianos ocasionando menor fluxo
sanguíneo na região, uma das causas mais frequen-
tes da DE. Uma função endotelial normal depende
da liberação de óxido nítrico (NO) pelas células que,
com a idade, declina. Umas das razões para esse
declínio pode ser a presença de uma forma alterada
do aminoácido arginina, chamado ADMA (dimetilar-
ginina assimétrica), inibidor da produção de óxido
nítrico que compete com o aminoácido L-arginina
(precursor do NO), levando assim à disfunção endo-
telial e doença aterosclerótica, o que sugere a impor-
tância da ingestão adequada de arginina à medida
que envelhecemos.29

As doenças cardiovasculares estão diretamente

associadas ao estilo de vida10, e a DE compartilha de
Túnica
seus fatores de risco.11 A prevalência dessa disfun- albugínea
ção aumenta com a idade e ainda mais quando
associada aos fatores de risco para a saúde cardio-
vascular, como obesidade, tabagismo, hipertensão,
diabetes e sedentarismo. Pele

VASOS SANGUÍNEOS Artéria

dorsal
SAUDÁVEIS SÃO
CRUCIAIS PARA UMA BOA Veia dorsal
profunda
PERFORMANCE SEXUAL
Corpo
Os vasos sanguíneos são revestidos por uma fina cavernoso
camada de células chamada de endotélio vascular.
Quando ocorre uma disfunção nessas células, os
vasos se contraem, e um processo inflamatório e Artéria
aumento da coagulação do sangue são observados. cavernosa

Essas alterações estão associadas ao aparecimento Septo

das doenças cardiovasculares, doença arterial peri-
Artérias
férica, diabetes, insuficiência renal crônica, como helicinas Uretra
também a DE. Com o avanço da idade, ocorrem Corpo
esponjoso
alterações vasculares secundárias, e comumente
a aterosclerose e a hipertensão em homens. Essas
alterações também podem acontecer nos vasos »» A imagem detalhada representa um pênis em ereção.

24 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 Disfunção Erétil

FATORES DE RISCO QUE AFETAM A FUNÇÃO SEXUAL

A obesidade, independentemente de outros fatores de risco, proporciona os

piores escores em diversos aspectos da função sexual, como ereção, desejo,
OBESIDADE ejaculação e satisfação. Maiores índices de massa corporal (IMC) estão
relacionados a um risco 30% maior para disfunção erétil, segundo o estudo
Health Professionals Follow-up Study.12-14

A adoção de um estilo de vida saudável através de dieta, exercício físico

ESTILO DE VIDA
e redução de peso reflete no desempenho sexual.15

O tabagismo contribui para a disfunção erétil. Um estudo realizado em

Massachusetts observou que dentre os homens com disfunção erétil completa,
TABAGISMO 11% eram fumantes e apenas 0,3% não fumantes.5 Tabagistas que diminuíram
a quantidade de cigarros ou abandonaram o hábito de fumar, e iniciaram um
programa de atividades físicas experimentaram melhora na função sexual.16

As doenças cardiovasculares e o uso de alguns medicamentos têm sido

associados à grande parte das alterações na função sexual, como redução da
DOENÇAS libido e dificuldades de ereção.5,17 “Problemas de ereção podem aparecer cerca
de três anos antes de um evento cardiovascular, como infarto do miocárdio (IM)
CARDIOVASCULARES ou acidente vascular cerebral (AVC)”, afirma o Dr. Ira Sharlip, professor clínico
de urologia da Universidade da Califórnia, São Francisco, em matéria concedida
ao The New York Times.48

Conforme estudos, o descontrole glicêmico está fortemente atrelado ao

DIABETES desenvolvimento de doenças vasculares periféricas, cerebrais e coronarianas
e, consequentemente, exerce efeitos negativos também na função sexual.19-21

Estudos mostram uma associação entre fatores psicológicos e a disfunção

erétil, seja no caso de pacientes tratados com medicamentos ou não, na
FATORES presença de fatores de risco físicos ou não.49-51 Mas, estressores psicológicos,
como a ansiedade, somatização, sensibilidade interpessoal, problemas de
PSICOLÓGICOS relacionamento com a parceira, dificuldades financeiras e, em especial, a
depressão, podem causar a DE como também a DE pode causar um ou mais
estressores psicológicos, caracterizando-se como uma via de mão dupla.

Níveis baixos de hormônios, como a testosterona, DHEA, pregnenolona e

hormônios da tireoide podem contribuir para a DE.50-55 Inclusive, um estudo
DESEQUILÍBRIO publicado em Journal of Sexual Medicine (2015) mostrou que homens com
níveis limítrofes de testosterona apresentavam significativamente taxas mais
HORMONAL altas de depressão (56% versus 23%), e seus sintomas mais comuns eram
disfunção erétil, diminuição da libido, poucas ereções matutinas, pouca energia
e distúrbios de sono.50

Consumo de álcool em excesso, distúrbios na próstata e efeitos colaterais de

medicamentos (betabloqueadores, estatinas, medicamentos para depressão,
OUTRAS insônia, câncer, hiperplasia prostática benigna). Também, uma das causas
CAUSAS pode ser a rejeição cultural - ou o medo - dos homens de visitar um profissional
de saúde. A visita tardia dificulta a incorporação de medidas preventivas e/ou
tratamento.54,56-59

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 25
 COISAS DE HOMEM
»» Um dos fatores mais
importantes que devem ser
modificados no tratamento
de problemas de ereção é o
sedentarismo
NA CONTRAMÃO DA
DISFUNÇÃO ERÉTIL
A prática regular de exercícios físicos apre-
senta forte associação com a melhora da função
sexual.16,37 Um dos fatores mais importantes que
devem ser modificados no tratamento de proble-
mas de ereção é o sedentarismo. Medidas compor-
tamentais para manter a função erétil satisfatória
estão muito bem atreladas aos hábitos de vida
saudáveis, como a prática regular de exercícios
físicos que reduz o peso corporal e auxilia no
controle da hipertensão e diabetes, todos consi-
derados fatores de risco.³7 Exercícios vigorosos
como a corrida foram associados a 30% de redu-
ção no risco de disfunção erétil, segundo estudo
publicado no Annals of Internal Medicine, com
maiores benefícios em homens mais jovens (<60
anos).12 Estudo realizado em idosos participantes
do 50 + Fitness Association revelou que 74%, 55%
e 53% dos homens entre 50-59 anos, 60-69 anos
e acima de 70 anos, respectivamente, são ativos
sexualmente. O correspondente para as mulheres
foi 53%, 41% e 28%. De forma geral, a satisfação
26 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
masculina com a atividade sexual foi de 61% e de
44% para as mulheres.22
Pacientes com insuficiência cardíaca (IC) que
foram submetidos a um programa de exercícios
físicos obtiveram como resultado um aumento da
capacidade aeróbica (VO2máx) em 18%, parâme-
tro correlacionado positivamente com a melhoria
da qualidade de vida. Na esfera sexual, houve
melhora significativa no relacionamento com
a parceira, função erétil e bem-estar pessoal,
aspectos que foram relacionados com VO2máx e
qualidade de vida. Esse estudo sugere que uma
melhoria na função endotelial gera efeito sistê-
mico que, por sua vez, está correlacionado com
a função sexual.23 Outro estudo usou o exercí-
cio físico intervalado em pacientes hipertensos
e obteve resultados terapêuticos efetivos, não
invasivos e não farmacológicos no tratamento da
disfunção erétil.18
 Disfunção Erétil

Na década de 40, o médico

Arnold Kegel desenvolveu
uma série de exercícios com
a finalidade de fortalecer
Fortalecimento
o músculo pubococcígeo da região pélvica:
(PC), encontrado em ambos EFETIVO E SEM CUSTO COMO FORTALECER A
sexos e que se estende REGIÃO PÉLVICA:
do osso púbico ao cóccix, Os exercícios Kegel consistem
formando o assoalho Contraia o PC e segure
na contração e relaxamento
da cavidade pélvica. de 3 a 5 segundos, ou por
do PC, e uma maneira de um
Inicialmente utilizada com o quanto tempo conseguir.
homem identifica-lo é ficar na
objetivo de fortalecer essa frente de um espelho para que Relaxe brevemente e
musculatura em gestantes consiga observar seu pênis repita o procedimento de
para auxiliar no trabalho ao tentar movê-lo para cima e 5 a 7 vezes, no mínimo,
de parto, a técnica Kegel para baixo sem movimentar o 3 vezes ao dia.
também começou a ser resto do seu corpo.
praticada por homens para A medida que o
restaurar o tônus muscular, Outra maneira é tentar fortalecimento do
gerando resultados interromper o fluxo de urina músculo é otimizado,
positivos na melhora da sem usar as pernas, nádegas aumente para até 15
disfunção erétil.24-28 ou músculos abdominais. vezes, 4 vezes ao dia.

IMPORTÂNCIA DA DIETA O QUE EXISTE COMO

RICA EM FLAVONOIDES ALTERNATIVA DE ATIVOS
NATURAIS PARA MELHORA
Independentemente do sexo, uma sexualidade saudá-
vel depende em grande parte de uma dieta saudável.
DA FUNÇÃO SEXUAL?
Alimentos que refletem as cores do arco-íris garantem Embora efetivos, os medicamentos sintéticos utiliza-
altas doses de vitaminas.66 dos para tratar da DE podem apresentar efeitos cola-
terais tais como dores de cabeça, tonturas, rubores,
Um novo estudo com a informação dietética de 25.096
visão turva, sensibilidade à luz e palpitações.30 Esses
homens, publicado em The American Journal of Clini-
medicamentos são capazes de restaurar a função
cal Nutrition, concluiu que uma dieta rica em flavonoi-
des pode reduzir o risco de disfunção erétil enquanto erétil temporariamente, mas não atuam como um
o homem envelhece. Os flavonoides chamados de tratamento em longo prazo da disfunção endotelial
antocianinas são potentes fitonutrientes – um tipo crônica que tem como causa subjacente as doen-
de antioxidante com propriedades anti-inflamatórias ças cardíacas, doença arterial periférica, diabetes e
– que dão a cor azulada, arroxeada, ou um profundo disfunção erétil. Substâncias extraídas de plantas
pigmento vermelho às frutas (mirtilo, açaí, amoras). vêm sendo cada vez mais estudadas com objetivo de
Esses nutrientes ajudam a relaxar os vasos sanguí- uso no restabelecimento da função sexual.
neos e apoiar o fluxo sanguíneo saudável, o que torna
e mantém o pênis ereto durante o engajamento sexual.
Devido à capacidade de produzir um fluxo de sangue
saudável, alguns estudos têm demonstrado que as
antocianinas podem ajudar a proteger contra o desen-
volvimento de doenças crônicas, como câncer e doen-
ças cardiovasculares.67

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 27
 COISAS DE HOMEM

L-ARGININA + PINUS MACA

PINASTER PERUANA
A combinação do aminoácido L-arginina e do extrato Nativa da região dos Andes, no Peru, a raiz da Maca
de Pinus pinaster vem sendo muito estudada com peruana – fonte de aminoácidos, iodo, ferro e magné-
resultados positivos no desempenho sexual. Estudo sio – apresenta propriedades que estimulam o desejo
publicado no Journal of Sex & Marital Therapy indi- sexual. Na medicina tradicional peruana, ela é conhe-
cou o expressivo número de até 92,5% dos homens cida por aumentar a vitalidade, promover a libido,
estudados que atingiram uma ereção normal após aumentar a fertilidade e o desempenho sexual em
90 dias de utilização da combinação dessas substân- homens e mulheres.41-44 Ensaios clínicos obtiveram
cias.31 Outros estudos mostraram, além do alto índice como resultados um aumento no volume de sêmen,
de homens que experimentaram uma ereção normal, maior contagem e mobilidade de espermatozoides
melhora na quantidade e qualidade do esperma29,34, viáveis e aumento do desejo sexual sem alterar os
aumento dos sonhos e fantasias sexuais, ereções níveis de testosterona.45-47
matinais mais frequentes, maior interesse sexual e
melhor desempenho.32,35 Pinus pinaster é um pode- TRIBULUS TERRESTRIS
roso antioxidante que ativa a enzima responsável pela
A protodioscina (saponina esteroidal) é um agente
síntese de óxido nítrico (NO) – substância responsá-
fitoquímico derivado da planta Tribulus terrestris L, que
vel pelo relaxamento da musculatura do pênis, vaso-
foi clinicamente comprovado para melhorar o desejo
dilatação e aumento do fluxo sanguíneo que resulta
sexual e melhorar a ereção através da conversão de
na ereção, além de manter a saúde vascular geral.33
protodioscina para DHEA (De-Hydro-Epi-Androste-
L-arginina é um aminoácido que atua como precursor
rone). O mecanismo básico do extrato de tribulus é
do NO no endotélio vascular. Uma vez que o NO é
aumentar o hormônio luteinizante (LH) que manda
produzido a partir do aminoácido L-arginina através
instruções aos testículos para produzirem testoste-
da enzima óxido nítrico sintetase (NOS), a associa-
rona.60-62
ção de L-arginina e Pinus pinaster é uma alternativa
eficiente, conforme apontam estudos científicos.31,32 ICARIIN
PANAX GINSENG Um composto botânico usado na medicina chinesa
tradicional que pode desativar a enzima normal-
Ginseng é uma planta muito popular que vêm sendo
mente responsável por diminuir a resposta sexual
utilizada como um afrodisíaco natural desde a antiga
masculina, assim promovendo uma atividade prolon-
China, com efeitos na disfunção erétil. Extratos
gada.63-65
padronizados da raiz de Panax ginseng contêm altas
concentrações dos componentes ativos da planta,
chamados de ginsenosides, que promovem efeitos
benéficos cardioprotetores, antifadiga, imunoesti-
muladores, antioxidantes e hepatoprotetores, além
de favorecerem a síntese de NO. Estudos clínicos
mostram que o uso de Panax ginseng melhora a
função erétil, aumenta a satisfação sexual e os níveis
do hormônio masculino testosterona em homens
que apresentam DE, assim como aumenta a rigidez
peniana e a libido.36,38-40
Panax Ginseng

28 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.

A disfunção erétil, além de comprometer as rela-
ções íntimas, pode também ser um prenúncio
de condições não favoráveis à saúde, tais como
as doenças cardiovasculares. Muitas vezes
- por displicência, constrangimento ou desco-
nhecimento - a saúde do homem não recebe
a devida atenção quando comparada à saúde
das mulheres, e, na maioria dos casos, apesar
da disponibilidade de tratamentos, grande parte
dos homens com indícios de disfunção erétil
não procura espontaneamente um médico.
Descobertas da ciência sobre certos nutrientes
relacionados à melhora do desempenho erétil,
mas também com atuação na prevenção da
disfunção endotelial – causada pelo estresse
oxidativo e níveis diminuídos de NO –, são um
grande avanço no manejo das disfunções sexuais.
Somado a isso, a prática de exercícios físicos
regulares e fortalecimento da região pélvica,
uma consulta médica (para, por exemplo, averi-
guação do nível de colesterol, hormônios ou
glicose sanguínea), boa alimentação, sono,
um bom manejo do estresse e/ou acompanha-
mento psicológico apresentam-se como um
conjunto de medidas integrativas com perspec-
tivas favoráveis para um tratamento efetivo – e
não somente momentâneo –, condição que dá
boas-vindas à saúde vascular e uma vida sexual
ativa e prazerosa. 
Disfunção Erétil
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incidence of erectile dysfunction. The American Journal
of Clinical Nutrition. 2016.
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 ARTIGO

32 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
Suplementação
na gravidez
Benefícios pouco
conhecidos

D
esde o momento da concepção, quando duas
células se fundem, o embrião humano embarca
numa incrível jornada de desenvolvimento. De
uma única célula, o embrião se transformará em
trilhões de células organizadas em uma complexa
forma que é o corpo humano. Durante sua estadia no
útero, a mãe proverá abrigo, comida, água e oxigênio.
Justamente nesse período, as escolhas maternas,
paternas e muitas vezes familiares, afetarão a vida
desse novo ser em curto, médio e longo prazo. Um
momento de rápida construção que requer suprimen-
tos adequados, em quantidades ideais.

Nas semanas em que durar o período gestacional e

nos primeiros meses de vida do bebê, deve-se evitar
qualquer possibilidade de carência, fornecendo
nutrientes para um contínuo desenvolvimento do
feto e para a saúde da mãe.

Nesse período de tantas mudanças, cada fase requer

uma atenção especial dos pais e dos profissionais de
saúde, cercando-se de cuidados e informação para
otimizar os resultados presentes e futuros, utilizando
nutrientes específicos, focados em qualidades estru-
turais das partes, construindo assim um ambiente
rico para o organismo como um todo, e preparando-o
para uma vida onde as adversidades se apresentarão
de maneira complexa. Faz-se uso da janela de opor-
tunidades que a ciência vem desvendando, através
do uso de suplementos, para vantagem e benefício
de todos – aqui, em especial, da mãe e do bebê.1

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 33
 ARTIGO
Muitos dos nutrientes apresentados, como o ferro,
iodo e ácido fólico, são há mais tempo estudados ou
popularmente conhecidos, mas existem outros que
a ciência vem analisando e evidenciando benefícios
expressivos. O que a ciência comprovou nas últimas
décadas sobre o papel preventivo e maximizador da
suplementação, durante (e após) a gestação estará
nas próximas linhas desse artigo. O objetivo é rela-
tar que o uso de alguns suplementos pode gerar um
resultado final diferente, não só prevenindo doenças,
mas também otimizando o funcionamento do orga-
nismo da futura criança. É a possibilidade de oferecer
mais saúde para o filho, antes mesmo de seu nasci-
mento.
Sendo um conteúdo de atualização científica e não
um guia de prescrição, é importante salientarmos
que nada substitui um profissional de saúde e uma
dieta e estilo de vida saudáveis. O uso de qualquer
substância – aqui no caso, suplementos – deve ser
discutido e seguido conforme orientação do médico
ou nutricionista que acompanha a gestante ou nutriz.
POR QUE SUPLEMENTAR
A GESTANTE?
A gestante de hoje não recebe a mesma quantidade
de minerais em comparação com uma gestante que
vivia 30 ou 90 anos atrás. Em 1927, pesquisadores
de King’s College, da Universidade de Londres, come-
çaram a coletar dados sobre o teor de nutrientes dos
alimentos (27 variedades de vegetais e 17 de frutas,
10 cortes de carne, e alguns queijos e leites). Suas
análises foram repetidas em intervalos regulares
desde então, dando-nos uma imagem única de como
a composição da nossa alimentação mudou ao longo
do século passado: os alimentos perderam de 20 a
60% dos seus nutrientes.2-5
Essa perda de nutrientes é observada sob vários
ângulos. E, mesmo que as necessidades diárias reco-
mendadas (NDR) apresentem-se de forma conser-
vadora – e muitas esperando por uma revisão com
urgência frente às conclusões de várias pesquisas
modernas –, estudos vêm indicando uma carência
nutricional, entre gestantes, de vitaminas e minerais
essenciais, como o magnésio, folato, vitamina E, D,
ou mesmo gorduras benéficas como o DHA.6
34 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
O DHA – um dos ácidos graxos poli-insaturados
presentes no ômega-3 – é um componente funda-
mental da membrana celular do cérebro e da bainha
de mielina em torno de cada nervo. Ele é transferido
a taxas altíssimas da mãe para o feto e essa distribui-
ção é crucial para uma ótima saúde cerebral, ocular,
imunidade e desenvolvimento do sistema nervoso.
Por ser um nutriente de alta demanda do feto, a mãe
pode apresentar carência trazendo consequências
como a depressão pós-parto.9
Um estudo canadense, publicado em Applied Physio-
logy, Nutrition, and Metabolism, e conduzido por
Cathrine Field, que comparou a ingestão dietética
de 600 mulheres grávidas e lactantes (grupo partici-
pante do estudo APrON), descobriu que apenas 27%
das mulheres grávidas e apenas 25% das lactantes
atendiam à dose de 200mg de DHA/dia.
A idade média das participantes foi de 31,6 anos e
elas eram em sua maioria casadas, com boa renda
familiar, e possuíam formação universitária. Aproxi-
madamente 1/3 delas tomavam um suplemento de
ômega-3 (DHA), sendo estas as que se aproximaram
mais da ingestão ideal. Quase 3/4 das mulheres no
estudo não estavam recebendo suficiente ômega-3
durante a gravidez e lactação, e quase 90% das
mulheres que confiavam na dieta por si só não esta-
vam recebendo suficiente DHA.
Segundo a conclusão do estudo, com o uso da suple-
mentação de ômega-3 ocorreu melhora significante
da ingestão do DHA necessário para a saúde do bebê
e da mãe.7
ÔMEGA-3 NA CONSTRUÇÃO
DO CÉREBRO
O cérebro humano é composto por quase 60% de
gordura. Importante para a formação da membrana
externa das células cerebrais, ela permite uma troca
rápida e mais eficaz de ‘mensagens’ entre as células
nervosas. No momento de maior desenvolvimento da
massa estrutural do cérebro do bebê – durante o 2o
trimestre e, principalmente, 3O trimestre gestacional,
estendendo-se para a lactação – a ingestão de ótimas
quantidades de ômega-3 pela mãe pode repercutir posi-
tivamente durante muitos anos na vida do seu filho.

O ômega-3 engloba os ácidos graxos poli-insatura-
dos (PUFAs): α-linolênico (ALA), eicosapentaenoico
(EPA), docosapentaenoico (DPA) e docosahexaenoico
(DHA) – os 3 últimos referidos como sendo de cadeia
longa (n-3 LCPUFAs). Esses ácidos graxos essenciais –
não produzidos pelo organismo, devendo ser obtidos
através de fontes dietéticas –, são os componentes
estruturais do sistema nervoso central e seu papel
no aprendizado, habilidades e memória já foram bem
documentados.8
Um estudo publicado em Pediatrics concluiu que a
ingestão materna de ácidos graxos de cadeia longa
ômega-3, durante a gestação e lactação, mostrou
aumento no QI (quociente de inteligência) das crian-
ças aos 4 anos de idade.10,11
Recentemente, pesquisadores da Faculdade de Medi-
cina da Universidade de Tohoku, Japão, ao estuda-
rem a correlação entre o consumo de óleo de peixe
durante a gestação e a saúde do cérebro de filhotes
de camundongos, descobriram que na ocorrência do
desequilíbrio entre os níveis de ômega 3 e 6, a conse-
quência é um envelhecimento prematuro das células
neurais do feto – responsáveis pela produção de
células cerebrais. Também observaram níveis altos
de ansiedade, mesmo depois quando criados com
dietas ricas nutricionalmente. Como a dieta ociden-
tal é majoritariamente rica em ômega-6 (alimen-
tos processados com o uso de óleo de soja, entre
outros), os pesquisadores reafirmam a recomenda-
ção de consumo de óleo de peixe durante a gestação
para o bem da saúde da criança.12
Os estudos apontando resultados enaltecedores do
ômega-3 para a saúde nos períodos pré, durante e
pós-gestacional são muitos e impressionam, abor-
dando, inclusive, uma influência futura na vida da
criança.
Suplementação na gravidez
BENEFÍCIOS
COMPROVADOS
DO USO DE ÔMEGA-3
NA GESTAÇÃO
Crianças de mães suplementadas
com ômega-3 apresentam melhor
processamento mental, aprendizado,
memória, desenvolvimento
psicomotor e coordenação mãos-
olhos, bem como prevenção do
déficit de atenção.13,14,26,28,98
Efeito positivo na visão da criança.
O DHA é uma das principais
gorduras estruturais na retina do
olho, sendo responsável por até
60% do total de ácidos graxos
poli-insaturados (PUFAs).13,27
Níveis adequados de DHA na dieta
parecem ser cruciais para a construção da
resiliência neuronal de longo prazo para
um ótimo desempenho cerebral, e ajudam
na batalha contra doenças neurológicas.15
Melhor saúde gestacional
e no parto.16-20 Melhor crescimento e
desenvolvimento dos bebês.21,22
Maior adaptação ao estresse durante
a gestação e prevenção de depressão
perinatal.23-25
Nota
Devido à contaminação dos mares, para
evitar a presença de mercúrio e outras
toxinas no organismo, ao se alimentar
de peixes, escolha os de menor porte
e vida curta, ou, ao comprar o seu
suplemento de ômega-3, procure um que
apresente certificação de pureza.29,30
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 35
 ARTIGO
PROBIÓTICOS: EFEITOS
POSITIVOS DE LONGA
DURAÇÃO
De acordo com a ciência moderna, a saúde do intes-
tino é de onde se origina quase 70% do sistema
imune.79 Edições anteriores da Revista Essentia já
abordaram, através de diversas literaturas, a impor-
tância dos probióticos não apenas para o trato diges-
tivo, mas também no equilíbrio do sistema imune, e
a inter-relação da saúde intestinal com a saúde geral
física e psíquica.
Os probióticos são microrganismos vivos (lactoba-
cillus) que podem afetar positivamente a saúde. Uma
absorção eficaz de nutrientes, vitaminas e minerais
de alimentos e suplementos depende de uma boa
digestão e uma boa distribuição de bactérias bené-
ficas nos intestinos. Alimentos como iogurte, keffir,
bebidas fermentadas e suplementos probióticos
aumentam o crescimento e diversidade de microrga-
nismos saudáveis no corpo.
Nas gestantes, os probióticos auxiliam no controle
do excesso de peso, diminuem os riscos de parto
prematuro, além de diabetes gestacional82 e infecção
urinária, que são muito comuns nesta fase da vida
da mulher.
Durante a gestação, quer seja pelas alterações
hormonais ou pelas alterações mecânicas no abdô-
men, a mulher tende a uma diminuição do funciona-
mento do intestino, gerando constipação. Também
ocorre uma maior retenção de líquidos, o que torna
as fezes mais secas, dificultando sua passagem pelo
intestino. Daí também a importância de uma alimen-
tação rica em fibras e/ou a suplementação com
probióticos, e boa ingestão de água.
Um grande aliado dos probióticos – e das gestan-
tes – é o consumo de prebióticos (fibras), que funcio-
nam como alimentos para estes microrganismos,
além de diminuir a absorção de gorduras pelo intes-
tino, melhorando os níveis de colesterol no sangue,
atuando no controle da glicemia em pacientes com
diabetes, auxiliando na redução do peso corporal,
fortificando o sistema imunológico e intensificando
a absorção de minerais.
36 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
O bebê também se beneficia da ingestão Leia mais
desses microrganismos. Uma colonização na matéria
sobre aler-
bacteriana positiva auxilia em processos gias nesta
alérgicos e no amadurecimento do sistema mesma
imune, impedindo uma série de doenças. edição
Uma em cada 5 crianças sofre de dermatite
atópica, e algumas revisões sistemáticas
de estudos e meta-análise (Jama Dermato-
logy/2013; Allergy/2015; Journal of Derma-
tological Treatment/2015) concluíram que
os probióticos podem limitar a ocorrência
ou sua severidade, produzindo proteção de
longa duração.83-85
o PARTO
O parto normal é muito importante
para os bebês por possuírem um intes-
tino estéril ao nascer. Ao passar pelo
canal do parto, e durante a amamen-
tação, ocorre uma transferência das
bactérias da mãe para o bebê. Quanto
mais a mãe possuir estirpes variadas
de bactérias saudáveis, mais imuni-
dade e saúde o bebê terá. No caso do
Brasil, onde o índice de cesáreas é mui-
to alto, a suplementação de probióti-
cos para bebês nascidos sob esta técni-
ca é extremamente recomendável, pois
também há o benefício da redução das
cólicas do recém-nascido.80,81
Vale notar que os suplementos de pro-
bióticos se diferenciam em potência e
ingredientes, dependendo de quem os
fabrica e, conforme intenção de uso, o
profissional de saúde pode personalizar
as cepas e doses necessárias para cada
paciente.

MULTIVITAMÍNICOS
Pré-natal
Enquanto uma severa deficiência possa não ser o problema
mais incidente, uma deficiência ‘marginal’ pode acontecer
com mais frequência do que o desejável, e, inclusive no
caso de gestantes que usam suplementos pré-natais pron-
tos. Mas... como assim?
No Brasil, um multivitamínico pode ser classificado e fiscali-
zado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
como um alimento ou medicação. Infelizmente, ainda não
existe uma categoria específica para os multivitamínicos,
e, mesmo que as regras possam ser rígidas, as legislações
pertinentes aos alimentos e medicações são diferentes,
criando assim impasses na produção de suplementos vita-
mínicos. Todas as empresas ao produzirem um multivita-
mínico pré-natal ou não, devem seguir os valores máximos
de vitaminas e minerais da IDR (Ingestão Diária Recomen-
dada), que é definida pela ANVISA – conforme a legislação
seguida, dos alimentos ou medicações. Esses valores são
baseados na RDA (Recommended Dietary Allowances), um
sistema de recomendações nutricionais americano que é
revisto periodicamente refletindo os avanços do conheci-
mento científico. Além de um suplemento multivitamínico
não ser um alimento e nem uma medicação, outro problema
é que a periodicidade das revisões científicas não ocorre de
forma ágil como desejaríamos ou precisaríamos... e a mais
recente edição (10a) é do ano de 1989. De lá para cá, muitos
Suplementação na gravidez
estudos quantitativos e qualitativos já evidenciam valores
diferentes de alguns nutrientes. Isso posto, os multivita-
mínicos pré-natais comerciais são fabricados com muitos
de seus ingredientes em doses baixas, pois a ANVISA não
permite a comercialização de vitaminas e minerais acima
da IDR atual. Por exemplo, a IDR da vitamina D é de 200UI,
no entanto, sabe-se que a gestante precisa de, pelo menos,
2.000UI; a vitamina C conforme a IDR é 45mg, mas um valor
mais benéfico evidenciado é de 300mg/dia.
Formas ativas dos nutrientes
Os nutrientes contidos em um multivitamínico,
dependendo do fabricante, podem se apresen-
tar sob diversas formas, o que muitas vezes
pode até confundir o consumidor. Por isso, a
importância do conhecimento do profissio-
nal de saúde na hora da sua prescrição. Cada
paciente é único, com seu histórico e quadro
de saúde. E, além dessa unicidade, outro ponto
importante a ser considerado é a prescrição
das melhores formas ativas dos nutrien-
tes (vitaminas) para uma melhor absorção
(biodisponibilidade) e minerais quelados - isto
é, envolvidos por aminoácidos, diferentes da
forma de óxido de zinco, magnésio e ferro, por
exemplo, que não são tão bem absorvidos pelo
organismo quanto sob a forma quelada.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 37
 ARTIGO
ZINCO
Amigo da imunidade
O zinco cumpre um papel importante na formação
do feto e no equilíbrio da saúde da mãe. Durante a
gestação, existe uma elevada demanda de zinco por
parte do bebê, e o risco de déficit para a mãe. A função
deste nutriente é regular o desenvolvimento cerebral
durante a fase fetal e pós-natal. Melhorar o nível de
zinco pode ajudar quanto a uma possível depressão,
visto que ele atua como um importante cofator para a
síntese de neurotransmissores. De fato, sob condições
de grande estresse, o organismo elimina rapidamente
o zinco através da urina, suor e saliva – quanto menor
o nível de zinco, maior a probabilidade de depressão e
vice-versa.
Para o feto, o rápido desenvolvimento cerebral é muito
vulnerável à insuficiência nutritiva do zinco e ela pode
alterar a regulação autônoma do sistema nervoso e
desenvolvimento hipocampal e cerebral.57
Outro fator de proteção do zinco acontece diante da
possibilidade de infecções virais, bacterianas e fúngi-
cas para o desenvolvimento do bebê. Esse micronu-
triente é um grande responsável pelo funcionamento
do sistema imune – um importante ganho.53-56 Para
prevenir viroses durante a gestação, talvez devêsse-
mos dosar os níveis séricos de zinco das gestantes e
38 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
observar se seu sistema imune não está debilitado por
essa carência nutricional.
Normalmente, a população apresenta déficit de zinco,
mas dentre os grupos de maior preocupação, encon-
tramos as gestantes, lactantes e bebês. Em 2005, o
periódico Journal of Trace Elements in Medicine and
Biology publicou estudo que observou que, em média,
77% das mães e 3/5 dos bebês recém-nascidos apre-
sentavam deficiência de concentração sérica de zinco
(abaixo de 13umol/L).51
Parte dessa deficiência pode ser explicada porque
algumas pessoas podem apresentar dificuldade de
absorção e processamento desse mineral, alguns
alimentos também podem intervir na sua absorção,
e o bom funcionamento do fígado está intimamente
interconectado a esse processo.52
VITAMINA D
Um pró-hormônio
A vitamina D não é uma vitamina. Embora denomi-
nada como tal, ela é um hormônio esteroide – um
pró-hormônio solúvel em gordura que o organismo
pode produzir sob circunstâncias ideais. A exposi-

ção ao sol (radiação ultravioleta UVB) sem filtro solar
durante tempo adequado é o mecanismo principal
projetado pelo organismo para a sua produção.
Descobertas recentes e reveladoras demonstraram
que todas as células possuem receptores para a vita-
mina D. Pesquisadores da Universidade de Oxford
descobriram 2.776 pontos de ligação com receptores
de vitamina D ao longo do genoma. Isso seria como
uma chave bioquímica que abre diferentes portas
com ampla influência sobre a saúde humana.
É comum nos consultórios, a preocupação com os
níveis de glicose da gestante, mas essa preocupação
deveria se estender igualmente com os níveis séri-
cos de vitamina D. Um estudo da pediatra e neona-
tologista americana Carol Wagner, da Universidade
da Carolina do Sul, mostrou ainda que a vitamina D
reduz em 50% a possibilidade de complicações na
gravidez. Ela interfere até no humor. 62
Na gestação, sua deficiência está relacionada à
pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, raquitismo,
nascimento prematuro por cesárea, baixo peso ao
nascer, gordura corporal na infância tardia, autismo
e outras desordens psiquiátricas.59-69
Suplementação na gravidez
Teoricamente, a população brasileira não deveria
apresentar deficiência de vitamina D, afinal o Brasil
é um país privilegiado em relação à incidência solar.
Mas, é surpreendente notar que mesmo o fator
local onde se reside e, portanto, a incidência de sol,
pode não atestar a favor da produção de vitamina D,
como foi visto por estudo feito com 2.649 mulheres
grávidas e 1.802 recém-nascidos da Espanha, Itália,
Grécia e Turquia, onde se constatou que sua deficiên-
cia ocorria em até 90% das participantes.58 Durante
e após a gestação, o conjunto de estilo de vida mais
medição dos níveis séricos é o que vai determinar a
dose ideal para a mãe, feto e criança.
Os cientistas temem que muitas gestantes acredi-
tam erroneamente que estão recebendo quantidade
suficiente de vitamina D a partir de seu suplemento
pré-natal. Evidências crescentes revelam que essas
mulheres podem precisar tanto quanto 6.000 UI de vita-
mina D3 por dia, muito acima da recomendação diária,
para alcançarem os níveis sanguíneos adequados. A
realidade é que as doses da vitamina nos suplementos
pré-natais geralmente se apresentam baixas e sua defi-
ciência durante a gestação pode afetar a vida da criança
inclusive até vários anos depois de seu nascimento.70,71
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 39
 ARTIGO
COLINA
Auxiliar do
desenvolvimento fetal
A colina é um nutriente essencial presente em
alimentos, como fígado, carnes bovinas, peixes,
amendoim e gema de ovos, oferecendo diversos
benefícios tanto para danos hepáticos quanto para
alterações neurológicas, como depressão, perda de
memória, entre outros. Um aumento de sua necessi-
dade aparece durante a gravidez e lactação porque a
colina é necessária para a produção da lipoproteína
fosfatidilcolina – componente de todas as membra-
nas celulares –, e desempenha um papel central no
desenvolvimento cerebral da criança, em especial na
área do hipocampo e encéfalo frontal (regulação da
memória e atenção), antes e após o nascimento.72,73
Nesse período, o aumento de sua necessidade
(450mg/dia) se dá desde que grandes quantidades
de colina são transferidas para o feto através da
placenta – a concentração do nutriente no líquido
amniótico é 10 vezes maior que o presente no
sangue da mãe. Durante a amamentação, sua neces-
sidade aumenta ainda mais (550mg/dia). No entanto,
dados de avaliação do programa de estudos ameri-
cano NHANES (2007-2008) mostram que a média de
consumo de colina entre as gestantes é de 337mg/dia.74
A professora da Divisão de Ciências Nutricionais,
Universidade de Cornell, Maurie Caudill, internacio-
nalmente reconhecida por seus estudos sobre folato
e colina, estudou os efeitos da suplementação de
colina no desenvolvimento fetal e descobriu que o
nutriente pode melhorar a maneira como a criança
responde ao estresse. As mães que consumiram
níveis mais altos de colina mostraram níveis de corti-
sol reduzidos.75 O Dr. Robert Freedman, do Departa-
mento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da
Universidade de Colorado, EUA, autor de vários estu-
dos clínicos e neurobiológicos sobre esquizofrenia,
participou de estudo sobre os efeitos da suplementa-
ção de colina no período perinatal, e relata um melhor
funcionamento cognitivo da criança, bem como uma
melhor fisiopatologia associada à prevenção do
risco de desenvolver, futuramente, esquizofrenia.76,77
40 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
Mas devemos lembrar também que baixos níveis de
colina são um fator de risco para defeitos do tubo
neural, tão importantes quanto o ácido fólico.78
MAGNÉSIO
Um relaxante natural
Com a crescente compreensão da importância de
uma adequada homeostase de magnésio durante a
gravidez, um número cada vez maior de estudos vem
concluindo seu uso benéfico para o tratamento ou
prevenção de várias condições patológicas como a
pré-eclâmpsia, câimbras nas pernas, paralisia cerebral
em ocorrência de parto prematuro, diabetes gestacio-
nal, hipertensão gestacional e o risco futuro de doença
coronária.86-91
Na hora do parto, o magnésio otimiza a pressão
sanguínea e aumenta a tolerância à dor. O Dr. Norman
Shealy, um dos maiores especialistas no tratamento
da dor e fundador do Instituto Shealy, afirma: "Toda
doença conhecida está associada a uma deficiência
de magnésio. O magnésio é o mineral mais crítico
necessário para a estabilidade elétrica de cada célula
do corpo. Uma deficiência em magnésio pode ser
responsável por mais doenças do que qualquer outro
nutriente”.
No Brasil, segundo o IBGE (e outros estudos), os
números demonstram um risco de inadequação de
seu consumo a partir dos 19 anos de idade - comu-
mente a idade inicial reprodutiva. A necessidade de
ingestão de magnésio aumenta no período da gesta-
ção e lactação (por volta de 350mg).92,93 Como suple-
mento, o magnésio é associado a outros elementos, e
dependendo dessa associação sua biodisponibilidade
no organismo será maior ou menor. Atualmente, as
formas bisglicinato e malato são consideradas as que
provêm a maior biodisponbilidade.

»» Existem estudos sobre os efeitos
positivos do ácido fólico durante a
gravidez. Sua maior ingestão nesse
período é necessária para a rápida
proliferação celular, regulação da
expressão genética, metabolismo
de aminoácidos e síntese de
neurotransmissores.
ÁCIDO FÓLICO
A vitamina da preconcepção
Já na segunda semana de gravidez, quando o bebê
mede apenas três milímetros, surge o tubo neural,
estrutura embrionária que vai dar origem ao cérebro
e à medula espinhal. O ácido fólico (vitamina B9), já
bem documentado, ajuda a formar o tubo neural da
criança, e é tão importante que os médicos o indicam
desde o período periconcepcional para a prevenção
dos defeitos de fechamento do mesmo (como spina
bífida, hidrocefalia, meningomielocele).31-36
Na natureza, a vitamina B9, pode ser obtida através de
alimentos, como folhas verdes, feijão, lentilha, couve-
-flor, beterraba, carnes e arroz integral. Porém, existem
organismos que não conseguem transformá-la em sua
forma ativa. Esse é um processo bioquímico que acon-
tece no intestino e no fígado, mas diante de alguma
disfunção enzimática a conversão do ácido fólico
na sua forma ativa 5-MTHF pode não ocorrer. Dados
mostram que 20 a 30% da população apresenta uma
mutação genética e não produzem doses adequadas
de MetilTetraHidroFolatoRedutase (MTHFR), a enzima
responsável por transformar ácido fólico na sua forma
ativa (Metilfolato). Portanto, recomenda-se a suple-
mentação diária dessas formas mais ativas e biodis-
poníveis, dependendo das particularidades da saúde
da gestante e segundo o médico responsável.41
Suplementação na gravidez
Existem estudos sobre os efeitos positivos do ácido
fólico durante a gravidez, e sua maior ingestão nesse
período é necessária para a rápida proliferação celu-
lar, regulação da expressão genética, metabolismo
de aminoácidos e síntese de neurotransmissores. Em
2012, uma revisão sistemática e meta-análise apon-
tou um efeito positivo do ácido fólico sobre o peso do
bebê ao nascer, como também um estudo de 2015,
publicado em Journal of Obstetrics and Gynaecology,
Canadá, afirmou que a suplementação do nutriente
deve ser mantida, mesmo por mulheres que apre-
sentam riscos mínimos de defeitos de fechamento
do tubo neural durante a gravidez e enquanto durar
a lactação para a prevenção de outras anomalias.37,38
Importante para a saúde materna, além de seus bene-
fícios físicos, o ácido fólico pode ajudar na preven-
ção ou minimização da depressão pós-parto. Outro
estudo, dessa vez finlandês, com 2.806 participantes,
publicado no Journal of Afective Disorders, constatou
que, entre as participantes com maior ingestão do
suplemento, o risco de sintomas depressivos melan-
cólicos foi quase 50% menor do que entre aquelas
com o menor consumo.39,40
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 41
 ARTIGO
FERRO
Transporte de oxigênio
A suplementação de ferro está dentre as mais disse-
minadas pela medicina. Antes mesmo de engravidar,
seu corpo precisa de ferro para realizar uma série de
funções, como a produção de hemoglobina (prote-
ína do sangue que ajuda a carregar oxigênio para
as células do corpo) e a manutenção de um sistema
imunológico saudável. Já a anemia por deficiência de
ferro materno na gestação é um desafio mundial da
saúde, sendo estimado que 41,8% das gestantes são
anêmicas.
Quando uma mulher engravida, ela precisa do dobro
de ferro em comparação com o período pré-concep-
cional, e muitas delas já começaram a gravidez com
estoques insuficientes. Essa reserva de ferro com
certeza fará falta se não suplementada com efici-
ência. Isso porque a quantidade de sangue aumenta
no seu corpo em até 50% durante a gestação, sendo
necessária maior produção de hemoglobina para o
bebê.
O ferro em maior quantidade também será usado
pelo bebê em desenvolvimento e pela placenta, espe-
cialmente no segundo e terceiro trimestres.
Com uma alimentação rica em ferro (fígado e carnes,
oleaginosas, frutas secas, feijão, lentilha) e seguindo
a recomendação do médico responsável pela prescri-
ção de suplementos, a gestante irá manter adequado o
nível do mineral, mas faz-se necessário muita atenção,
em especial às mulheres veganas e vegetarianas.97
Em geral, os efeitos da anemia durante a gestação
incluem deficiente ganho de peso, complicações no
parto, nascimento prematuro, déficit cognitivo e, em
casos mais graves, mortalidade materna.94-96
42 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
IODO
Além da tireoide, muito
importante para o cérebro
O iodo é extremamente importante na biossíntese dos
hormônios tireoidianos T3 e T4, que desempenham
um papel notável no crescimento e desenvolvimento
dos órgãos e, principalmente, do cérebro embrionário
antes, durante e após a gravidez. A ingestão de iodo
nos níveis recomendados ajudará a evitar uma má
formação cerebral e preservar a capacidade de apren-
dizado da criança. Mesmo uma deficiência leve pode
prejudicar o desenvolvimento intelectual da criança.
Estudos recentes no Reino Unido e Austrália mostra-
ram que o QI é, de fato, reduzido em alguns pontos.46,47
"De acordo com a OMS, toda mulher grávida deve
consumir cerca de 250mcg de iodo por dia, e isso deve
ser continuado até o término do período da amamen-
tação", dizem os autores de um estudo publicado no
European Journal of Clinical Nutrition. No Brasil, desde
o ano passado, definiu-se que todo suplemento vita-
mínico para gestantes deve conter 150mcg de iodo.50
Um estudo, publicado em The Lancet Diabetes &
Endocrinology Journal (2015), propõe, inclusive, que
a suplementação de iodo seja efetuada mesmo em
países que apresentam baixa incidência de sua defi-
ciência, desde que é uma medida preventiva, resul-
tando economia de custos para os sistemas de saúde
e sociedade. Ou seja: a prevenção gera uma positiva
relação custo-benefício.48
Outro ponto a ser levantado, é que por décadas a
população tem sido aconselhada a reduzir o consumo
de sal, mas quando o sal iodado é evitado, precisa-se
cuidar muito para que os níveis de iodo se mante-
nham saudáveis. Alimentos como frutos do mar, algas
comestíveis, laticínios, e algumas verduras, como
vagem e agrião, são fonte de iodo. Já uma análise de
algumas marcas de sal comercialmente disponíveis
nos EUA mostrou que, após a abertura do produto, o
iodo pode se perder. Uma vez que o sal fica exposto ao
ar, a maior parte do teor de iodo desaparece no prazo
de quatro semanas depois – ainda mais depressa em
condições de umidade elevada.49
 Suplementação na gravidez

VITAMINA E
Importante antioxidante
Há oito formas conhecidas de vitamina E –
quatro tocoferóis e quatro tocotrienóis. Cada
uma delas é responsável por ações específi-
cas no corpo e seus benefícios continuam a
ser descobertos. Os tocotrienóis são encon-
trados, entre outros, no óleo de palma, de
coco, cevada e farelo de arroz, enquanto o
girassol, amendoim, nozes, gergelim e azeite
de oliva contêm tocoferóis. Recomenda-se
ingerir um mix de suas formas para que o
corpo faça uma administração inteligente.
Durante a gravidez, a vitamina E é um impor-
tante antioxidante e ajuda a defender as célu-
las. Em uma revisão de múltiplos estudos,
publicada em Advances in Nutrition, a inves-
tigadora Maret Traber verificou que, mesmo
sendo importante durante toda a vida, os
níveis elevados de concentração de vitamina
E durante o nascimento foram associados
com melhor função cognitiva em crianças de
2 anos de idade.44
"Muitas pessoas acreditam que a deficiência
de vitamina E nunca ocorre. Isso é um engano",
afirmou Traber, professora da Faculdade de
Saúde Pública e Ciências Humanas da Univer-
sidade do Estado de Oregon, USA, investi-
gadora principal do Instituto Linus Pauling e
considerada uma expert sobre a vitamina E.
Estudos, como o publicado no conceituado
periódico PLoS ONE, 2015, constataram que,
entre os que não suplementavam, foi encon-
trada uma alta prevalência de baixos níveis da
vitamina E. Ou seja, a dieta por si só pode não
satisfazer a necessidade do corpo.42
Alguns dos resultados de uma ingestão
inadequada são menos óbvios, tais como
o seu impacto sobre o sistema nervoso, o
desenvolvimento do cérebro e a resistência
geral à infecção. Outros resultados podem
se manifestar através de anemia, nanismo,
aborto e outras condições patológicas para a
mãe e/ou bebê.43,45

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 43
 ARTIGO

A gravidez é uma etapa especial na vida da

Zn
mulher, neste período o corpo se prepara de
uma maneira incrivelmente rápida para a
Esse micronutriente
geração de uma nova vida. É fundamental é um grande
que a mãe elabore uma rotina saudável, responsável pelo
com alimentação correta, prática de ativi- funcionamento
do sistema imune,
dades físicas regulares e consuma vitami- além de regular o
nas, minerais e nutrientes para que, além desenvolvimento
cerebral.
de prover a saúde para o bebê, ela também
se mantenha saudável, minimizando as

E
inseguranças e encarando de forma posi-
tiva as transformações gestacionais.

Atualizações na área da saúde surgem Vit. Durante a

gravidez, a
de tempos em tempos. Não podemos vitamina E é
mudar o passado, mas podemos agir no um importante
antioxidante e
presente e aprimorar o futuro da criança,
ajuda a defender
da mãe e da sua família. Uma responsa- as células.
bilidade compartilhada onde os resulta-
dos positivos dão suporte à história de

D
uma medicina baseada na funcionalidade
e inteligência da prevenção e otimização
dos cuidados individualizados. Vit. Previne a
pré-eclâmpsia,
Embora as pesquisas apresentem resulta- diabetes gestacional,
dos positivos, toda e qualquer vitamina ou raquitismo,
nascimento
suplementação é definida pelo médico e/ prematuro, autismo
ou nutricionista, e, portanto, o profissional e outras desordens
de saúde responsável é o único habilitado psiquiátricas.

para avaliar a necessidade de suplementa-

ção durante a gestação de sua paciente. 

Colina
Desevolvimento
cerebral, em especial
na área que regula a
memória e a atenção,
antes e após o
nascimento.

44 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 Suplementação na gravidez

Auxilia no
transporte do
oxigênio para as
Fe
células do corpo
e na manutenção
de um sistema
imunológico
saudável.

Tratamento ou
prevenção da
pré-eclâmpsia,
Mg
paralisia cerebral em
ocorrência de parto
prematuro, diabetes
gestacional, entre
outros.

O iodo é extremamente
I
importante na biossíntese
dos hormônios
tireoidianos T3 e T4,
importante no crescimento
e desenvolvimento dos
órgãos, principalmente
do cérebro embrionário.

Ácido
O ácido fólico Fólico
(vitamina B9) ajuda
a formar o tubo
neural da criança, e
é tão importante que
os médicos o indicam
desde o período
periconcepcional.

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 45
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R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 47
 CIÊNCIA ATUAL
Comprovação que a
terapia de reposição
de testosterona reduz
eventos cardiovasculares
Pacientes com baixos níveis de testosterona, mas
que fizeram terapia de reposição de testosterona
(TRT), podem apresentar menor risco de eventos
cardiovasculares, como infarto do miocárdio (IM) ou
acidente vascular cerebral (AVC), e mortalidade por
todas as causas, conforme publicado em European
Heart Journal.
Com a existência de dúvidas devido a resultado
conflituoso de estudo anterior (estudo TOM com a
participação de 209 homens, idade ≥ 65 e alta preva-
lência de doenças crônicas), cientistas do Centro
Médico para Assuntos de Veteranos da Cidade de
Kansas, EUA, usaram dados de um grande número
de pacientes (n= 83.010, idade ≥ 50) que receberam
cuidados médicos entre dezembro de 1999 e maio de
2014, para identificarem os reais benefícios da TRT
sobre eventos cardíacos. Os homens foram divididos
em três grupos clínicos: tratados até o ponto onde os
seus níveis de testosterona total voltaram ao normal
(Grupo 1); tratados, mas sem atingir o nível normal
(Grupo 2); não tratados (Grupo 3).
É importante ressaltar que todos os três grupos –
com baixos níveis de testosterona documentados
– foram selecionados para que a comparação entre
seus perfis de saúde fossem semelhantes. Foi levado
em conta uma ampla gama de fatores que podem
afetar o risco cardiovascular e riscos gerais, por
exemplo, idade, índice de massa corporal, doenças
crônicas, níveis de colesterol LDL, uso de aspirina,
betabloqueadores e estatinas.
A média de follow up entre os grupos variou de 4,6
(sem TRT) a 6,2 anos (com TRT).
Fonte: Sharma, R; Oni, A O, et al. Normalization of testosterone level is associated with reduced incidence of
myocardial infarction and mortality in men. European Heart Journal, 2015. DOI: 10.1093/eurheartj/ehv346
48 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
O contraste mais nítido emergiu entre o Grupo 1 e
o Grupo 3. Os homens tratados apresentaram 56%
menos probabilidade de morte durante o período de
follow up, 24% menos probabilidade de sofrer um
IM, e 36% menos probabilidade de sofrer um AVC.
Existiram diferenças entre o Grupo 1 e Grupo 2, mas
foram menos pronunciadas. Pouca diferença surgiu
entre os Grupos 2 e 3, com exceção de uma ligeira
vantagem na sobrevivência para aqueles que foram
tratados (Grupo 2).
O resultado final, portanto, foi que com a normaliza-
ção dos níveis de testosterona após TRT ocorreu uma
melhora quanto aos riscos cardiovasculares e morte
por todas as causas. Mas, conforme autores do
estudo retrospectivo afirmam, “os mecanismos para
tal resultado ainda não são conclusivos, podendo ser
postulado que os níveis de testosterona influenciam
no tecido adiposo, sensibilidade à insulina, perfis de
lipídios, ou devido às suas propriedades anti-inflama-
tórias e anticoagulantes, como já foi reportado por
outros cientistas”. 
NOTA DO EDITOR:
O mérito deste trabalho é, finalmente,
comprovar o que já se observa na prática:
o homem com deficiência de testosterona
é mais doente. O grande número de
pacientes observados (83.000) – por longo
período – faz com que as conclusões
sejam sólidas o suficiente para que a
prescrição de reposição de testosterona
para os homens se torne uma medida
preventiva importante.
 CIÊNCIA ATUAL

Suplementação
de magnésio na Mg
prevenção de
diabetes tipo 2
A dieta é amplamente creditada como tendo um
papel crucial no desenvolvimento do diabetes tipo
2. Presente em alimentos, como cereais integrais,
oleaginosas, frutas e vegetais verdes, estudos apon-
tam o magnésio como um cofator essencial para
as enzimas envolvidas no metabolismo da glicose,
sensibilidade à insulina e, portanto, na prevenção
do diabetes. Recentemente, uma meta-análise publi-
cada em Biomedical and Environmental Sciences,
adicionou mais evidências sobre a relação entre o Para aqueles que têm como objetivo reduzir o risco
alto consumo deste mineral e o baixo risco de desen- de diabetes tipo 2, o estudo indica que 300mg/dia
volver a doença. de magnésio pode gerar uma contribuição benéfica,
especialmente para aqueles com baixo nível basal.
Para a meta-análise, cientistas da Universidade de
Nantong (Tong da), China, selecionaram 15 docu-
mentos com 19 estudos prospectivos, totalizando
539.735 participantes de ambos sexos e 25.252 NOTA DO EDITOR:
casos de diabetes. Os resultados encontraram uma Uma meta-análise é uma revisão
relação não linear entre a ingestão de magnésio e o onde se soma uma série de trabalhos
isolados – com uma abordagem
diabetes tipo 2 (dose-resposta). O ajuste de curvas
estatística – para que se obtenha uma
mostrou que o risco da patologia diminuiu com uma
amostragem maior, com o objetivo
maior ingestão de magnésio quando o consumo foi
de comprovar, ou não, achados dos
inferior a 300mg/dia, ocorrendo uma diminuição da trabalhos isolados e menores.
tendência após este valor. A conclusão de uma meta-análise
sobre estudos bem projetados é
De acordo com o autor Tian Xu e colegas, acredita-se
considerada uma forte evidência
que o efeito protetor do magnésio sobre o diabetes é
científica, passando a ser uma
mediado através da homeostase da glicose. A defi- comprovação de uma hipótese e
ciência de magnésio é acreditada como danosa podendo ser indicada na prática
para as células-beta, afetando a produção de insu- médica baseada em evidências.
lina. Além disso, estudos intervencionais anterio- Portanto, a importância dessa meta-
res observaram que a suplementação de magnésio análise comprovando que o magnésio
impede a insensibilidade à insulina induzida pela pode ser um importante aliado na
frutose e reduz níveis de glicose no plasma em jejum, prevenção do diabetes tipo 2.
igualmente em diabéticos e não diabéticos.

Fonte: Xu, T; Chen GC, et al. Nonlinear Reduction in Risk for Type 2 Diabetes by Magnesium Intake: An Updated Meta-
Analysis of Prospective Cohort Studies. Biomedical and Environmental Sciences. 2015. doi:10.3967/bes2015.075

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 49
 VITRINE

ÓLEO DE KRILL
O Krill Oil Essential é uma fonte de ômega-3 (EPA e DHA),
astaxantina e fosfatidilcolina de superior biodisponibilidade e
digestibilidade por sua forma de fosfolipídeos, que proporciona
melhor absorção, estabilidade e alta capacidade antioxidante.
Um dos grandes diferenciais é o seu processo de extração a frio
NKO®, ultrapurificado e patenteado, que mantém a integridade
e estabilidade do óleo.
Pessoas alérgicas a peixes e crustáceos, como o camarão, devem
evitar o consumo, uma vez que o krill é igualmente um crustáceo.

SEM GORDURA SEM LACTOSE SEM ADOÇANTES SEM SEM CORANTES

TRANS ARTIFICIAIS CONSERVANTES ARTIFICIAIS

SUPER ÔMEGA 3 TG
ENTENDENDO O SUPER OMÊGA 3 TG
O óleo de peixe está disponível na natureza na forma de trigli-
cerídeos (TG), mas com proporções de EPA e DHA baixas e não
padronizadas. Para aumentar e padronizar a concentração de
EPA e DHA é necessário submeter o óleo de peixe a um processo
de purificação, obtendo ao final um produto na forma de tetil-es-
ter (EE). No entanto, nesta configuração o organismo requer mais
etapas para o processo de digestão e absorção. Quando damos
continuidade no processo e retornamos o ômega-3 na forma de
triglicerídeos (TG), ele continua purificado, concentrado e padro-
nizado, mas volta à forma presente na natureza e, portanto, com
uma biodisponibilidade (absorção) maior.

SEM GLÚTEN SEM LACTOSE SEM ADOÇANTES SEM SEM CORANTES

ARTIFICIAIS CONSERVANTES ARTIFICIAIS

50 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 Essential Nutrition

CARBOLIFT 900g
ENERGIA DE LONGA DURAÇÃO
O Carbolift é um suplemento à base de 100% Palatinose™
(isomaltulose) que disponibiliza a glicose de forma gradual,
fornecendo um fluxo constante de energia durante um
longo período de tempo, ajudando a evitar os sintomas da
exaustão, e otimizando o desempenho físico e a concen-
tração até o final de cada treino. Tem baixo índice glicê-
mico, é não cariogênico e estimula a queima de gordura. A
nova embalagem de 900g é ideal para o atleta que precisa
adequar a dose conforme a intensidade do seu treino, ou
para indivíduos que utilizam o Carbolift não apenas como
pré-treino, mas também como adoçante culinário.

SEM GLÚTEN SEM LACTOSE SEM ADOÇANTES SEM SEM CORANTES

ARTIFICIAIS CONSERVANTES ARTIFICIAIS

CARBPRO 4:1
Treinos intensos exigem muito do atleta. Para manter a rotina SABOR
de exercício consistente, evitar lesões e maximinizar seus NEUTRO
resultados é preciso repor a energia. CarbPro é um suplemento
energético para recuperação muscular com um mix de carboi-
dratos de absorção rápida (D-Ribose e Dextrose), intermediária
(Maltodextrina) e lenta (Palatinose™ e Waxy Maize) associados
ao Whey Protein Isolado e Peptídeos de Colágeno, na proporção
de 4:1 – 4 partes de carboidratos para 1 parte de proteína. Essa
nova versão, no sabor neutro, facilita sua adição em sucos, vita-
minas ou outros suplementos saborizados.

SEM GLÚTEN SEM LACTOSE SEM ADOÇANTES SEM SEM CORANTES

ARTIFICIAIS CONSERVANTES ARTIFICIAIS

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 51
 ESPECIAL ESSENTIA

Nossa Caravana
de Sonhos

M
uitos de nossos clientes, amigos, colaboradores, inclu-
sive nossos concorrentes, nos perguntam qual é o
nosso plano e estratégia para manter o nosso desen-
volvimento contínuo, e enfrentar os problemas que temos e os
que poderemos chegar a ter, tanto agora como no futuro, com
as crises não só no Brasil, mas também em outros lugares do
mundo.

Não é que tenhamos alguma fórmula secreta ou algum “secre-

tismo” em relação a isso; tampouco temos uma resposta final
ou algum tipo de dogma. De fato, aprendemos a cada dia,
tanto com os amigos como com os adversários, concorrentes
e rivais, pois eles nos proporcionam desafios que, ao enfrentá-
los, nos provocam e nos evocam a necessidade de evoluir em
numerosas áreas, ativando assim diversas capacidades inter-
nas, que muitas vezes estão e continuariam latentes. O que,
sim, temos, é uma grande flexibilidade em diversos níveis de
funcionamento da Empresa, mesmo que alguns destes níveis
mais profundos permaneçam invisíveis aos de percepção mais
superficial ou externa.

Como diz o filósofo científico Thomas Kuhn em seu livro, The

Structure of Scientific Revolutions, o ser humano, geralmente
por causa de seus paradigmas velhos e rígidos que lhe ditam
“como deveriam ser as coisas”, torna-se cego, não podendo
captar e perceber dados sutis, mas que são de extremo valor
e que muitas vezes estão diante de seus olhos. A cegueira
paradigmática vem da arrogância, ou seja, do arrogar a esses
paradigmas que apenas são meras crenças ou valores de uma
verdade incontestável. Essa arrogância absorve toda a nossa
atenção impedindo assim que percebamos algo novo, sutil,
mas verdadeiro. É por causa do efeito da cegueira paradigmá-
tica que muitas coisas que seriam importantes perceber ficam
nebulosas, parecem ocultas, "secretas", e muitas situações se
imaginam “sem saída”, a esperança se perde e o desânimo se
apodera de nós. Mas, se é colocada certa atenção mais livre do

52 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
hábito do “monólogo interno”, da arrogância paradig-
mática, e com uma intenção sincera de contempla-
ção, ignorando o ruído mental cheio de preconceitos
que descreve o mundo para nós, então poderíamos
perceber mais refinadamente os detalhes, profun-
didade e sutilezas do que estamos querendo saber,
do curso que pode tomar o futuro, mesmo que seja
de forma algo incerta. Esta mesma indicação é dada
tanto ao cientista que quer descobrir e perceber o
que ainda não é conhecido como ao místico em sua
busca pela Verdade Essencial em si mesmo. Sem
dúvida, também é de igual valor para o empresário,
uma mãe, um pai, aos educadores, aos que atuam
no papel de uma função política, já que estar livre da
dureza paradigmática nos prepara para o futuro, para
as mudanças, para decidir com mais consciência,
claridade e assertividade.
Queremos contar-lhes e compartilhar como funcio-
namos na Essentia para incentivar e incitar, nos que
estão interessados, os ideais positivos e as capaci-
dades evolutivas, e também, provocar a motivação
necessária que transcenda o negativismo do "não se
pode", para que assim consigamos estimular e servir
ao desenvolvimento do que percebemos ser os huma-
nos e as Empresas do século 21. Empresas funda-
mentadas em Seres Humanos Conscientes, criativos,
flexíveis e éticos. Empresas ecológicas, produtivas,
humanas, transcendentes, que estão focalizadas na
resolução de problemas e não em criar mais proble-
mas... Estamos fazendo este intento através de uma
sequência de textos compartilhados nas revistas
passadas e que virão em nossas revistas futuras.
Nesta edição, assim como nas que seguem, gostarí-
amos de transmitir nossas ideias e ações mais inter-
nas, o que fazemos no “forro interno” da empresa,
e que é o que nos permite manifestarmos tal como
o fazemos em nosso aspecto externo. São ações,
valores, metodologias direcionadas a que possamos
desenvolver-nos tanto como humanos assim como
um todo orgânico empresarial. Gostaríamos de poder
servir a todos que se interessam nesses âmbitos, já
que o compartilhamento de conhecimento é um de
nossos pilares, e isso envolve tanto os aspectos
relacionados à medicina, nutrição, saúde e bem-es-
tar físico, mental, emocional e psicológico, ou seja,
tudo aquilo que compõe o que chamamos de “Arte
de Viver”. Esta “Arte de Viver”, também inclui a área
empresarial, já que acreditamos firmemente que
neste Momento Planetário que nos demanda mais
desenvolvimento de Consciência, esta Consciên-
cia refinada, nova e criativa deve impregnar todas
as áreas da vida em que nós, seres humanos, esta-
mos envolvidos. Esta nova Consciência deve estar
involucrada em todas essas áreas que necessita-
mos funcionar com “respostas hábeis”, poderosas
e precisas frente a diversas e novas exigências que
nos chegam. Parte de nossos mecanismos de ação
e metodologias que acreditamos ser úteis e funcio-
nais, em realidade essenciais, e que nos têm dado
muitas ferramentas para enfrentar as mudanças de
forma positiva, e até lucrativa, é que cada um dos
diretores e diversos outros colaboradores começa-
mos as reuniões e, inclusive, nosso dia pessoal, com
o esclarecimento do nosso “querer” mais Essencial.
Iniciamos com o aclaramento do que queremos e
do que anelamos para então formalizar uma inten-
ção potente na direção que aspiramos, através de
uma concepção criativa/construtiva/clara e uma
descrição precisa. Também refletimos de tempo em
tempo, pessoalmente e como Organismo empresa-
rial sobre nossa “linha do Tempo”, ou seja, dirigimos
de forma ordenada nossa atenção para percebermos
onde estávamos ou de onde viemos, onde estamos e
assim poder conceber com mais precisão para onde
vamos... Essas reflexões nos ajudam a entender-nos,
entender aos demais em seus processos, entender
a empresa e suas necessidades mais imediatas,
de médio e longo prazo. Nos servem também para
projetar os cenários futuros prováveis e os não tão
prováveis, para assim podermos, com uma visão
mas intuitiva ou “presciência” buscar no presente
os recursos, poderes, capacidades para adaptar-nos
aos diferentes panoramas, dando a correta e neces-
sária resposta hábil às demandas que as mudanças
no futuro poderão nos apresentar. Este tipo de meto-
dologia ordena nosso pensar e nossas ações, e nos
ajuda a priorizar com mais percepção, e, portanto,
com mais sabedoria, uma série de medidas e ações;
enfim, nos ajuda a ser mais objetivos e, assim, a deci-
dir melhor, com mais exatidão.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 53
 ESPECIAL ESSENTIA
Outra virtude dessa forma de “operar” é que ela
também combate o hábito daninho da preocupação.
A preocupação é um tipo de criação de cenários futu-
ros que a mente faz com intuito de saber, de prever,
controlar e poder decidir, mas como é de alguma
forma mecânica, e não intencional ou voluntária, o
faz de maneira desordenada e sem o benefício da
intuição ou presciência.
No estado mental de “preocupação”, é comum que a
mente chegue a crer que existem “ruas sem saídas”,
o que gera grande estresse e angústia. Isso ocorre
porque nesse estado mecânico não se dirige a aten-
ção na busca da percepção dos recursos neces-
sários para as soluções, isto é, não se procura os
recursos existentes no momento presente para que
se possa dar a resposta hábil futura... Essa carência
de informação útil faz o indivíduo tomado pela preo-
cupação crer que não existem opções, levando-o a
grande desespero. A preocupação habitual apenas
gera sofrimento inútil, angústia, tensão e confusão
desnecessária; gera muita irritação e, muitas vezes,
uma saúde debilitada, sendo tudo isso oposto ao
que queremos alcançar ao aplicar a “Arte de Viver”.
A busca dos necessários recursos no presente para
respondermos com habilidade no futuro, é uma das
bases para o sucesso, já que se não tivéssemos essas
capacidades ativas, não poderíamos enfrentar e nos
adaptar às mudanças, nem continuar avançando e
crescendo. Tal como sucedeu aos “dinossauros”, que
mesmo sendo seres grandes e poderosos perece-
ram por incapacidade de adaptação às mudanças,
assim também o faríamos... Necessitamos de uma
profunda percepção dos recursos humanos e empre-
sariais, e a isto nos referimos como a “Autoestima” de
nossa empresa, ou melhor, a Consciência Estimativa
que temos dos recursos e poderes existentes laten-
tes ou ativos, para que, uma vez conscientizados,
possamos usá-los e assim, dar respostas hábeis
frente às demandas que nos são feitas. No caso de
não encontrarmos esses recursos necessários, esta-
ríamos conscientes de nossas carências e, portanto,
54 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
teríamos claridade para buscá-los e desenvolvê-los.
Para nós que estamos nesta Empresa, isto aqui
descrito é o mesmo processo que levamos a cabo
em nossas vidas privadas, e é o que nos alenta a
estarmos mais conscientes, criativos e inovadores,
com a intenção de uma alta adaptação, resiliência,
e cada dia mais livres de estresse e tensão inútil,
caminhando em direção a uma contínua evolução e
perfeição...
Se observarmos o estudo sobre a “cegueira paradig-
mática”, por exemplo, um dos últimos que foi publi-
cado na revista Science, podemos entender como
nos passam despercebidas muitas soluções e saídas
possíveis. De tal forma que muitas das preocupações
desnecessárias ou inúteis poderiam ser transforma-
das em Percepções sensíveis mais objetivas com
base em certa Sabedoria intuitiva e presciência.
Este tipo de Inteligência e captação/compreensão
de informações poderiam fazer com que não apenas
evitássemos problemas desnecessários, como nos
permitiriam enfrentar os que são inevitáveis e, além
disso, continuar criando, progredindo e avançando.
Por fim, um problema nada mais é do que algo que se
interpõe entre nós e as nossas metas, e o ponto aqui
é “o como”, o “know how” que possamos aplicar para
ultrapassar as situações que nos impedem de chegar
aonde queremos e, assim, alcançar nossos objetivos,
apesar do que se interponha.
Decidir pode ser difícil e estressante para qualquer
um; e se as situações são exigentes, imprevisíveis e o
risco de fracasso é muito grande, com fortes conse-
quências se falharmos, a tensão interna e externa
podem ser enormes comprometendo nossa saúde
em todos os âmbitos, seja o equilíbrio do nosso
sistema corpo/mente, do nosso sistema familiar e
também de nossas empresas. A metodologia usada
por nós, tanto no âmbito pessoal quanto empresarial,
e a que nossos colaboradores podem aprender, é a
que treina nossa atenção e assim desenvolve nossa
percepção. Essa metodologia integrada às táticas

antitensão/estresse nos ajuda tanto para decidir
mais facilmente e com mais precisão como para
conter os estados adaptativos dentro dos limites
úteis e positivos.
Tudo isso requer um tipo de “Inteligência” no sentido
da captação e organização da maior quantidade
possível de dados, já que a percepção da realidade de
algo é descrita como: percepção da totalidade desse
algo. Para a Percepção e captação desses “dados”,
necessitamos uma Atenção e Consciência claras
e tranquilas, suficientemente estáveis e livres de
distúrbio mental e emocional: tentamos alcançar em
nós, para nossa vida privada assim como para servir
aos mais próximos e, sem dúvida, à nossa Empresa.
Fazemos isso desenvolvendo a capacidade humana
da Atenção Voluntária através do sistema ancestral
que hoje em dia se chama “Mindfulness”. Muitos dos
nossos colaboradores já treinam e praticam algo
similar a essa metodologia, inclusive alguns usam
esse tipo de técnica para o desenvolvimento da Aten-
ção durante seu tempo de descanso, porque perce-
bem, por experiência, que é mais efetivo tanto para
descansar como para melhorar seu bem-estar, propi-
ciando mais produtividade e eficácia. Isso também
se vê refletido nas relações interpessoais, na capa-
cidade de comunicação inter-humana e na eficiência
como profissionais. Nada disso é algo novo para a
raça humana; e cada dia a ciência mostra uma quan-
tidade imensa de benefícios tanto físicos, mentais,
emocionais, como na eficiência geral, seja refle-
tida na escola, no trabalho, na intimidade humana
e muito mais. Ao utilizar esse tipo de metodologia
sem fundo religioso em si mesmo, e assim podendo
ser praticada por qualquer pessoa sem conflitos de
nenhum estilo, alcançamos, como indivíduos e como
empresa, uma grande harmonia.
Nós, na Essentia, cremos na possibilidade de alcan-
çar o que foi alcunhado como “Master Mind”, um
Estado interno e externo multifatorial que propicia
a unidade intencional e, portanto, o êxito. Dispo-
Nossa Caravana dos Sonhos
nibilizamos os meios para esse desenvolvimento
pessoal a todos os nossos cooperadores e colabo-
radores, naturalmente de forma gratuita, como parte
do serviço da Empresa para eles. Provemos, na
medida em que desejam, o espaço, tempo e profis-
sionais aptos para que os possam Atender e ensinar
pessoalmente, de acordo com as peculiaridades indi-
viduais, essas práticas e atitudes, para que assim
possam, em primeiro lugar, ajudar a si mesmos
conhecendo-se melhor, integrando-se emocional-
mente, liberando-se do estresse e tensão negativa
e desnecessária, e logo, poder beneficiar com suas
habilidades mais refinadas à Empresa e a todos que
estão à sua volta. Tal e como deve ser, todos os dire-
tores são os primeiros a aplicar esse tipo de prática
e funcionar na Empresa a partir desses Estados mais
saudáveis e harmônicos, livres da negatividade e dos
súbitos emocionais, já que acreditamos que é com o
exemplo, ou ressonância gerada por estes Estados
internos, a maneira como podemos inspirar, ensinar,
motivar e ativar as mesmas capacidades nos outros
sintonizados a nós...
Tudo isso e diversas outras coisas que vamos
compartilhar no futuro próximo, nas futuras edições
da Revista, são parte do nosso núcleo de estratégias
de melhoramento contínuo para funcionar desde a
excelência do presente, chegando a um futuro toda-
via mais excelente.
Gostaríamos de terminar este texto com um dos
contos transmitidos pela sabedoria ancestral. Este
Conto fala de nossa história e de como chegamos
e continuamos a Trabalhar em nossa Consciência e
em nossa mente para alcançar o que ansiamos em
todos os âmbitos.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 55
 ESPECIAL ESSENTIA

“Em um dos melhores

contos de Mil e Uma
Noites (Arabian Nights),
Maruf, o sapateiro
encontrou-se sonhando
acordado com sua própria
caravana fabulosa de
riquezas.
Sozinho e quase sem
amigos em uma terra
estranha, Maruf primeiro
concebeu mentalmente
e, em seguida, descreveu
uma carga incrivelmente
valiosa a caminho dele.
Em vez de colocá-lo à
exposição e à desgraça,
esta ideia foi a base do
seu eventual sucesso.
A caravana imaginária
tomou forma, tornou-se
real em um momento -
e chegou.
Possa, a sua caravana
de sonhos, também
encontrar o seu caminho
até você.”

IDRIES SHAH

56 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.

Nossa Caravana de Sonhos foi e é grandiosa, como
o autor diz no conto; a nossa também era uma
Caravana inacreditável, inverossímil... Era uma cara-
vana inconcebível para a maioria das pessoas que
nos ouviam, mas não para nós. Assim que usamos
a “fórmula” que esta sabedoria nos expõe, que é o
Conceber mentalmente e Descrever esta “Caravana
de Sonhos”. Nós a imaginamos e a descrevemos
detalhadamente, e continuaremos fazendo assim.
Hoje sabemos que conceber criativamente e cons-
trutivamente, ou dar à luz a uma ideia, imaginar com
intenção e atenção, é algo que ocorre em uma área
do cérebro que foi, mesmo que para efeitos didáticos,
associada à função do hemisfério direito do cérebro,
e o descrever foi associado com o outro hemisfério,
a área mais verbal/lineal.
Portanto, ao utilizar esta “fórmula”, este “know how”
tão antigo, estamos unificando todas as áreas do
nosso cérebro em direção às nossas queridas metas:
esta unificação, alinhamento e integração, possui um
grande poder em nós, já que impedem que nos domi-
nem contrastes e dúvidas ou dualidades, que travam
ou paralisam o nosso caminhar. As ideias negativas
Nossa Caravana dos Sonhos
são as que fazem com que cerremos nossas portas,
impedindo que a Caravana chegue até nós... Como
diz o conto, nossa Caravana de Sonhos não causou
frustração, decepção nem desgraça, mas sim, foi e é
a causa fundamental de nosso êxito. Na Concepção
que Maruf faz da sua Caravana e algo que sempre
nos chamou muito a atenção é que não é ele que
chega até a Caravana, mas sim é ela que encontra o
caminho até ele.
É ela, afinal, que toma forma e chega até ele... Para
nós, o poder Conceber e Descrever nossa “Caravana
de Sonhos” permite que nos alinhemos ao nosso
destino essencial, ao que nos está destinado e,
também, nos conecta às leis da “Sincronia”, pare-
cendo então que tudo chega muitas vezes sem
muito lutar, Grátis... isto é o que Agradecemos todo o
tempo: a Graça, o Grátis, as dádivas que nos abrimos
a receber.
Toda a equipe da Essentia Pharma deseja à todos
nossos médicos, clientes, amigos, colaboradores e
competidores que sua Caravana de Sonhos encontre
seu Caminho até vocês...
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 57
 ARTIGO

Exercício é
medicina
O melhor exercício é
aquele que você faz

58 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
M
uitas pessoas que não se exercitam acre-
ditam que praticar uma atividade física* é
apenas para quem quer perder ou manter o
seu peso, aumentar a massa muscular e está preo-
cupado com a estética. Não estão conscientes de
todos os outros benefícios que o exercício físico
pode proporcionar.

O agitado estilo de vida, a ideia de falta de tempo, a

crença de que não precisam fazer exercício e a desin-
formação são motivos que justificam a ausência da
prática de uma atividade física regular. Imagina-se
que para se beneficiar seria necessário passar duas
horas na academia, o que acaba gerando uma percep-
ção de “tudo ou nada” e o pior, terminam optando por
melhor não fazer nada.

Hoje em dia, existem inúmeras evidências cientí-

ficas sobre o tema exercício e um maior interesse,
tanto dos médicos quanto dos pacientes. Cada vez
mais, estudos comprovam os efeitos benéficos da
atividade física para a prevenção e tratamento de
doenças graves, responsáveis pelo índice mundial
de mortalidade, fazendo com que o tema entre nos
consultórios deixando de ser recomendação para se
tornar prescrição.

* Foram usados os termos

exercício e atividade física como
sinônimos para facilitar o enten-
dimento do fato que ambos são
reconhecidamente benéficos no
tratamento de doenças.

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 59
 ARTIGO

60 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 Exercício é medicina

HISTÓRIA, ESPORTE
O exercício físico E MEDICINA
também pode
fazer com que o A ideia do exercício como medicina, tanto preven-
tiva como parte do tratamento, não é nova. Sabe-se,
paciente diminua
desde o início da medicina, que a atividade física faz
a quantidade de parte fundamental dos pilares para a manutenção do
remédios ingeridos, bem-estar e da saúde física e mental do ser humano.
ou até mesmo deixe Herodicus (500 a.C.), o pioneiro da medicina do
de tomá-los esporte e professor de Hipócrates, já utilizava os efei-
tos terapêuticos do exercício. Hipócrates (460-370
a.C.), o pai da medicina, afirmou que “a alimentação
sozinha não irá manter um homem bem, ele também
deve exercitar-se” assim como “alimentação e exercí-
cio, embora possuam qualidades opostas trabalham
juntos para produzir saúde”.1 Galeno (131-201 d.C.),
o fundador da medicina experimental, desde então
escreveu vários textos sobre “Exercício e Saúde”
em que descreve o exercício, seus diferentes usos
e benefícios sobre o corpo humano e a saúde.2 No
entanto, no início do século 20, o foco da medicina
estava mais voltado para as patologias, os medica-
mentos, as cirurgias e no “cuidado do doente” do
que em manter a saúde, assim a visão preventiva da
medicina foi esquecida.

Agora, e cada vez mais, existem evidências que o

exercício físico, além de ser aliado à manutenção
de uma boa saúde, também pode fazer com que o
paciente diminua a quantidade de remédios ingeri-
dos, ou até mesmo deixe de tomá-los.

Neste artigo, o maior interesse é poder transmitir os

grandes benefícios, assim como a quantidade neces-
sária, segundo as mais novas evidências científicas
para manter-se saudável e, com isto, poder romper o
paradigma atual sobre a atividade física, seus usos e
suas limitações, e durante quanto tempo praticá-la.

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 61
 ARTIGO

OS BENEFÍCIOS
ESQUECIDOS
OU NÃO BENEFÍCIOS ASSOCIADOS
CONHECIDOS
DO EXERCÍCIO
À PRÁTICA REGULAR DE
ATIVIDADE FÍSICA
A participação consistente
em alguma atividade Crianças e Adolescentes
>> FORTE EVIDÊNCIA
física promove grandes
adaptações fisiológicas, • Melhora o condicionamento
que estão intimamente cardiorrespiratório e muscular
ligadas à melhoria da saúde • Melhora a saúde óssea
cardiorrespiratória, vascular, • Melhora os biomarcadores
musculoesquelética, mental cardiovascular e metabólico
e metabólica. • Composição corporal favorável

Esses efeitos são estendidos >> EVIDÊNCIA MODERADA

ao longo da vida e não • Reduz os sintomas de depressão
há um único tratamento
medicamentoso que possa
influenciar tantos sistemas
e órgãos de maneira positiva
como a atividade física.
A evidência científica nos
mostra que o exercício físico
praticado regularmente pode
ser usado para promover
a saúde, assim como para
prevenir e tratar até 30
doenças diferentes, tanto
físicas como mentais.3 Na
tabela a seguir estão descritos
brevemente alguns dos
benefícios à saúde do exercício,
em diferentes etapas da vida,
documentados atualmente:4

62 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 Exercício é medicina

Adultos e Idosos
>> FORTE EVIDÊNCIA

• Menor risco de morte prematura

• Menor risco de doença cardíaca coronária
• Menor risco de acidente vascular cerebral
• Menor risco de pressão arterial elevada
• Menor risco de perfil lipídico adverso
• Menor risco de diabetes tipo 2
• Menor risco de síndrome metabólica
• Menor risco de câncer de cólon
• Menor risco de câncer de mama
• Prevenção de ganho de peso
• Perda de peso, principalmente quando
combinado com a redução da ingestão calórica
• Melhora do condicionamento
cardiorrespiratório e muscular
• Prevenção de quedas
• Redução da depressão
• Melhor função cognitiva (em idosos)

>> EVIDÊNCIA MODERADA À FORTE

• Melhor saúde funcional (em idosos)

• Obesidade abdominal reduzida

>> EVIDÊNCIA MODERADA

• Menor risco de fratura de quadril

• Menor risco de câncer de pulmão
• Menor risco de câncer do endométrio
• Manutenção do peso após a perda de peso
• Aumento da densidade óssea
• Melhora da qualidade do sono

NOTA4: Avaliou-se os benefícios da atividade física como Forte, Moderado ou Fraco.

Para isso, foi considerado o tipo, número e qualidade dos estudos disponíveis, bem como a
consistência entre os estudos que abordaram cada resultado. Também considerou-se evidências
por causalidade e a dose resposta na atribuição da classificação de Nível de Evidência.

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 63
 ARTIGO

O exercício pode
fazer tanto por
você quanto os
medicamentos

64 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.

Nos adultos, especialmente nos
idosos, a prática regular de ativi-
dades físicas atenua os efeitos
nocivos do envelhecimento. Não
apenas ajuda a combater os
mecanismos que desencadeiam
a inflamação e o estresse oxida-
tivo, como a sarcopenia (perda
progressiva de massa muscular
e força associada com a idade),
a obesidade e as doenças mito-
condriais, mas também tem sido
observado que exerce um efeito
adicional de ações anti-inflamató-
rias e antioxidantes.5
Além dos efeitos mencionados,
também foi visto que o exercício
diminui o colesterol LDL (popular-
mente conhecido como mau coles-
terol) e triglicerídeos e aumenta o
HDL (colesterol bom)7 – o mesmo
que exerce a proteção cardiovas-
cular.
Foi observado, em diferente
estudo sobre acidente vascular
cerebral, que as intervenções de
atividades físicas foram mais
efetivas em comparação aos
medicamentos.8 Pelo fato da
atividade física ajudar a prevenir
os fatores de risco do AVC, ou
seja, hipertensão, aterosclerose e
diabetes tipo 2, é possível que o
treino físico para os pacientes que
já sofreram AVC também previna
que novos episódios ocorram.
Em um estudo foi sugerido que
nesta etapa da vida não apenas
é importante a quantidade de
exercício praticada, mas também
sua intensidade. Quanto maior
a intensidade, maior o efeito
protetor e maiores são os
benefícios.6
Exercício é medicina
O MELHOR EXERCÍCIO
É AQUELE QUE VOCÊ FAZ
Provavelmente, a essa altura você já deve estar se
perguntando por onde começar ou quanto exercício
é preciso fazer para obter esses benefícios. Várias
organizações de saúde têm publicado recomenda-
ções para o movimento físico das populações, que
culminou em 2008, com a publicação das primeiras
diretrizes de atividade física para os americanos,
elaboradas pelo Departamento de Saúde e Serviços
Humanos dos Estados Unidos.9 As diretrizes afirmam
que "...alguma atividade física é melhor que nada",
mas para os benefícios de saúde serem substanciais,
os adultos devem fazer, pelo menos, 150 minutos de
exercício aeróbico de intensidade moderada (o que
significa 30 min/5 vezes por semana os quais podem
ser divididos ao longo do dia, 10 minutos de manhã,
10 à tarde e 10 à noite), ou 75 minutos de intensi-
dade vigorosa, ou uma combinação equivalente entre
as duas e mais dois dias de exercício de resistência
muscular por semana.10-12
Exercícios de intensidade moderada são aqueles
em que o ritmo cardíaco é mantido entre 45-60% da
Frequência Cardíaca Máxima (FCMax = 220 - idade) e
são queimadas entre 3, 5 e 7 kcal/min. Um exemplo
seria caminhar a uma velocidade igual ou superior a
4,8 km/h. E exercícios de intensidade vigorosa são
definidos como aqueles em que o ritmo cardíaco
é mantido acima de 60% da FCMax, e se queimam
mais de 7 kcal/min, por exemplo correr ou trotar.13,14
Nos Estados Unidos, há forte evidência que homens
e mulheres mais ativos que seguem esta orientação,
possuem cerca de 30% menos risco de mortalidade,
diminuindo também a incidência de doença cardí-
aca coronária, hipertensão, acidente vascular cere-
bral, diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica,
câncer de cólon, câncer de mama, câncer de endo-
métrio, osteoporose, ansiedade, deficiência cognitiva
e depressão. Em outros casos também foram regis-
trados benefícios contra a enxaqueca e fibromial-
gia.5,7,8,15,16
No entanto, essas orientações não são a palavra
final. A quantidade de exercício depende de vários
fatores que devem ser considerados por um médico,
por exemplo, o estado atual de atividade física da
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 65
 ARTIGO
pessoa, o nível de aptidão física, o estado de saúde,
idade, sexo e algumas diferenças genéticas que
também influenciam na resposta de cada indivíduo
ao exercício.17 Além dos fatores individuais, a quanti-
dade de exercício também depende do tipo, duração,
frequência e intensidade. “Quanto mais intenso for
o treinamento, menos frequente e de menor dura-
ção precisa ser”.18 Foi observado que um pequeno
aumento na condição física de pessoas previamente
sedentárias está associado a grandes benefícios
e melhoria no estado de saúde.19 Por exemplo, os
resultados de uma revisão sistemática e uma meta-a-
nálise indicaram que 1 h/semana de atividade física,
comparado com 0h/semana, proporcionou redução
de quase 2/3 na mortalidade geral.10 Também, em
outra revisão quantitativa e uma meta-análise, foi
concluído que apenas uma hora de caminhada por
semana diminui o risco de doenças cardiovasculares,
principalmente em mulheres.20
Exemplos não faltam, em outro estudo, pessoas
que melhoraram sua condição física (passaram de
sedentárias a ativas) em um período de cinco anos,
obtiveram uma redução de 44% no risco relativo de
morte, comparado com pessoas que não realizaram
nenhuma mudança.17 Mais recentemente, em 2015,
Aerem et al. (2015)21 quantificou a relação dose-res-
posta entre a realização de atividade física durante o
tempo livre e mortalidade. Em 6 estudos, os resulta-
dos mostram que, comparados com indivíduos que
relataram não realizar atividade física durante seu
tempo livre, os que realizavam mesmo que abaixo da
quantidade recomendada tiveram uma redução de
20% no risco de mortalidade. Uma redução de risco
de 31%, 37% e 39%, respectivamente, foi observada
naqueles indivíduos que alcançaram 1 a 2 vezes, 2
a 3 vezes, e 3 a 5 vezes do mínimo recomendado.22
Podemos dizer então que, “um pouco de exercício
é bom, fazer mais é melhor”, mas esta afirmação é
válida até certo ponto. Nesse mesmo estudo, foi visto
que o efeito protetor nas pessoas que realizaram até
10 vezes mais atividade física de intensidade mode-
rada à vigorosa (MVPA, da sigla em inglês, Moderate-
Vigorous Physical Activity) do tempo recomendado,
obtiveram 31% de redução no risco de morte, o que
foi igual às pessoas que fizeram 150 a 300 min/
semana (1 a 2 vezes o tempo recomendado).23
66 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
Nos adultos mais velhos, particularmente os que estão
frágeis ou muito idosos, foi notado que a metade do
volume de exercício atualmente recomendado já pode
ser suficiente para obter os benefícios esperados.32
De acordo com a revisão Cochrane, de 2013, existem
provas promissoras de que programas de exercício
podem ter um impacto significativo principalmente
na melhoria da capacidade de realizar atividades da
vida diária e, possivelmente, na melhoria da cogni-
ção em pessoas com demência. Também, conforme
estudo publicado no Journal of the American Geriatrics
Society (2016), o exercício funcional regular – ou seja,
exercícios similares a movimentos usados durante
tarefas cotidianas, mas em ritmo acelerado – , melho-
rou o equilíbrio de pacientes reduzindo assim sua
dependência de assistência diária.24-29 As evidências
mostram que uma combinação de treinamento de
resistência e equilíbrio evita o risco de quedas. Já o
exercício aeróbico pode aumentar a densidade mine-
ral óssea diminuindo a incidência de osteoporose e o
risco de fratura.30-39
AJUDA NO CÂNCER
O papel do poder terapêutico da atividade física na
sobrevivência ao câncer faz parte de uma área de
estudo em crescimento.
Uma meta-análise de 2014, concluiu que o exercício
oferece um efeito moderado na redução da fadiga,
depressão e distúrbios do sono.40 Existem também
vários estudos que mostram que a atividade física
pode ajudar a aliviar a carga psicológica sobre os
pacientes com câncer, enquanto submetidos à
quimioterapia.41,42
Um estudo prospectivo observacional com mulhe-
res em estágio I a III de câncer colorretal concluiu
haver uma associação protetora da atividade física
após o diagnóstico do câncer e a sobrevivência. As
participantes com níveis mais altos de atividade
física após o diagnóstico eram menos propensas a
ter uma recorrência do câncer, tendo assim maior
sobrevida.43 Outro estudo descobriu que, após diag-
nosticadas, as mulheres que se exercitavam mode-
radamente (o equivalente a caminhar 3 à 5 horas por
semana em ritmo médio) tinham melhores taxas de
sobrevivência em comparação com as mulheres
 Exercício é medicina

mais sedentárias. O benefício foi particularmente
pronunciado em pacientes com tumores sensíveis
aos hormônios.44
A American Association for Cancer Research publicou
que taxas maiores de atividade física são associadas
com menores taxas de mortalidade de câncer de
próstata e outros cânceres.45
DIABETES
MELLITUS TIPO 2
No caso do diabetes mellitus tipo 2, cientistas
perceberam ser necessário, pelo menos, 40 minu-
tos semanais de exercício de intensidade moderada
eficiente como estratégia preventiva. Já em pacien-
tes diagnosticados com a doença, a caminhada de,
no mínimo, duas horas por semana (exemplo, 20min
x 6 dias) também mostrou uma redução no risco de
morte prematura devido a complicações da mesma.19
Basicamente, a atividade física ajuda a glicose
sanguínea a permanecer na faixa ideal, como
também ajuda a insulina a absorver a glicose dentro
de cada célula do organismo, incluindo os músculos
– para gerar energia.46-50
SAÚDE CEREBRAL
Evidências mostram que sair da inércia, auxilia tanto a
parte física quanto a mental. O exercício físico ajuda
a construir um cérebro mais resistente ao “encolhi-
mento” (mecanismo fisiológico durante o envelheci-
mento e causador de doenças como demência, falta
de memória, etc.), e ainda incrementa habilidades
cognitivas.
O exercício incentiva o cérebro a trabalhar sua capa-
cidade máxima, fazendo com que as células nervo-
sas se multipliquem, fortaleçam suas conexões e se
autoprotejam.51

Com o aumento do débito

cardíaco (volume de sangue
sendo bombeado pelo
coração em 1 minuto) ocorre
uma melhora da circulação
cerebral, otimização da extra-
ção de oxigênio e captação
de glicose pelos neurônios,
proporcionando maior ener-
gia, atenção e concentração.

O exercício aumenta os níveis

de serotonina, que influencia
direta e indiretamente nas
A neurogênese (geração de células cerebrais relacio-
neurônios) é melhorada, mais nadas com a regulação
pronunciadamente no giro emocional, o processamento
denteado do hipocampo, área sensorial, o sono, o controle
responsável pela memória. cognitivo, a capacidade de
aprendizagem, a atenção, e a
imunidade no cérebro, entre
muitas outras funções.52-59

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 67
 ARTIGO

CORRER E CAMINHAR
A escola de medicina de Harvard, em um de seus rela-
tórios especiais de saúde chamado “Caminhando para
a Saúde”, menciona diferentes maneiras que o cami-
nhar beneficia o ser humano:60

> Eles descobriram que caminhar uma hora por dia

em ritmo acelerado, reduz pela metade os efeitos dos
genes que promovem ganho de peso.

> Uma caminhada de 15 minutos pode reduzir a ansie-

dade e a vontade de comer doces.

> Caminhar protege as articulações ao lubrificá-las

e ao fortalecer os músculos que as suportam. Em
alguns estudos foi descoberto que a caminhada reduz
a dor associada à artrite, e que sua prevenção pode
ocorrer com 8 a 10km de caminhada por semana.

> Melhora e aumenta a função imunológica. Foi visto

que aqueles que caminham cinco vezes por semana,
durante pelo menos 20 minutos por dia, têm 43%
menos dias de doença, em comparação com aqueles
que se exercitam uma vez por semana ou menos, e
quando ficam doentes, é por um período mais curto e
os sintomas mais leves.

No entanto, muitos estudos têm mostrado que o exer-

cício em intensidades mais elevadas proporciona efei-
tos mais favoráveis em termos de redução do risco de
contrair doenças cardiovasculares e, sobretudo, do
risco de mortalidade.61 A corrida supera a caminhada
por um fator de 2:1 até 4:1, em termos de redução da
mortalidade realizando a mesma quantidade. Uma
corrida de 5 minutos é tão boa quanto uma caminhada
de 15 minutos, e 25 minutos de corrida pode promo-
ver benefícios que necessitariam quatro vezes mais
tempo para serem obtidos com a caminhada.62 Em
um estudo recente, realizado por Lee et al. (2014), foi
concluído que correr de 5 a 10 minutos por dia mesmo
que a uma velocidade menor, pode aumentar em até
três anos a expectativa de vida. Esta corrida também
estaria associada a um menor risco de morte por
todas as causas em até 30% menos, e 45% de redução
do risco de doença cardiovascular, uma das principais
causadoras de morte na população mundial.63 Esses
resultados são consistentes com os resultados de

68 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.

outro estudo, realizado em 2011, onde, no mínimo,
15 minutos de exercício por dia ou uma média de 90
minutos por semana de atividade física também leva-
ria a esses benefícios.64
Isso é uma excelente notícia para as pessoas seden-
tárias, que gostariam de começar uma vida mais
ativa. Encontrar de 5 a 15 minutos por dia para se
exercitar é muito mais fácil do que encontrar 30
minutos ou mais.
Além dos benefícios comentados anteriormente em
outro de seus relatórios especiais de saúde, a escola
de medicina de Harvard também publicou cinco
formas de como o exercício melhora a qualidade de
vida e comenta que o exercício pode fazer tanto por
você quanto os medicamentos.65
1 Praticar atividade física regularmente pode minimi-
zar a depressão e problemas emocionais. O exercí-
cio aeróbico provoca a liberação de hormônios que
ajudam a aliviar o estresse e promovem uma sensa-
ção maior de bem-estar. Além disso, a contração
rítmica da musculatura que é gerada em qualquer
tipo de exercício aumenta os níveis de serotonina,
um neurotransmissor que influencia direta e indire-
tamente nas células cerebrais relacionadas com o
humor, ajuda a combater os pensamentos negativos,
regulando algumas condutas sociais.66
2 Melhora a vida sexual, tanto a libido como o desem-
penho. Em um estudo de seguimento, realizado por
profissionais de saúde da Harvard, descobriram que
os homens que se exercitam 30 minutos por dia
(mesmo divididos ao longo do dia) são 41% menos
propensos a apresentar disfunção erétil, em compa-
ração com os homens sedentários. Nas mulheres, foi
descoberto que pedalar por 20 minutos aumenta a
excitação sexual em 169%.
3 O exercício promove o bom funcionamento pulmonar
e aumenta o fluxo sanguíneo do cérebro, o qual ajuda
a manter as funções cerebrais, uma característica de
pessoas que continuam com boa memória e perspi-
cácia mental durante o envelhecimento.
Exercício é medicina
4 A prática de atividade física regular proporciona três
importantes benefícios para o sono: ajuda a adorme-
cer mais rapidamente, ter um sono profundo mais
prolongado e de melhor qualidade e despertar menos
durante a noite. Certamente, o exercício é a única
forma conhecida que aumenta a quantidade de sono
profundo em adultos saudáveis, sendo este essencial
para o corpo recuperar-se e reparar-se.
5 Protege a mobilidade e a vitalidade. O exercício
retarda o declínio natural do desempenho físico que
ocorre com o envelhecimento. Muitos estudos têm
demonstrado que os idosos mais ativos preservam
maior e melhor mobilidade e, consequentemente, são
mais independentes.
No mundo da medicina, é tradicionalmente aceito
a prescrição de tratamentos baseados em evidên-
cias conhecidas por sua eficácia e por apresentar
menos efeitos colaterais ou riscos. Hoje, a ciência
nos mostra que o exercício é uma maneira viável e,
financeiramente ao alcance de todos, que nos ajuda
a combater muitas doenças possivelmente preve-
níveis. Consequentemente, a importância dada ao
exercício físico nas interpretações modernas das
políticas e reformas da saúde pública tem aumen-
tado em vários países.2
O acúmulo de evidências sugere que, em específicos
casos, a terapia baseada em atividade física pode ser
tão eficaz (ou mais) como o tratamento medicamen-
toso, ou funcionar como suplemento ao tratamento
adotado. Atualmente, o conhecimento científico acumu-
lado nesta área é evidente e requer séria implementa-
ção. Tendo como princípio que cada caso é um caso
específico, o tipo de atividade física e sua dose mais
ideal devem ser prescritos de maneira singular por um
especialista. 
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 69
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R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 71
 SUPERALIMENTOS

Palatinose:
TM

O carboidrato funcional

72 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
O
fornecimento adequado de energia pode ser
um fator crucial, tanto no desempenho físico
como mental, e isto é algo que os atletas que
treinam intensamente já conhecem muito bem. Para
que os músculos possam ter o maior desempenho,
eles necessitam de combustível suficiente em forma
de carboidratos. Antes, se pensava que apenas a
quantidade de carboidratos era importante. Agora, a
atenção está cada vez mais voltada ao tipo de carboi-
drato, fazendo-se uma distinção entre carboidratos
“rápidos e com curta ação” e os mais desejados
“lentos e com ação prolongada”.
Carboidratos com um alto IG (índice glicêmico) são
facilmente absorvidos e entram na corrente sanguí-
nea com rapidez, elevando o nível de açúcar no
sangue de forma repentina. Por outro lado, o declínio
tem a mesma rapidez, resultando na queda do nível
de açúcar no sangue. Quando isso acontece, o orga-
nismo mobiliza sua própria glicose e rapidamente
acessa seus valiosos estoques de glicogênio. Um
esgotamento antecipado das reservas de glicogênio
pode causar uma fadiga repentina, perda da concen-
tração e do desempenho, devido a uma concentração
insuficiente de glicose no sangue.
A Palatinose™, também conhecida como isomaltu-
lose, apresenta propriedades especiais para resolver
este problema: como carboidrato de baixo IG, fornece
a “energia do carboidrato” em uma base constante e
por um período de tempo mais longo. Uma oferta de
energia contínua não é importante somente para atle-
tas profissionais, mas para todos aqueles que dese-
jam ter mais energia física e mental por mais tempo.21
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 73
 SUPERALIMENTOS

MAS O QUE É A
PALATINOSE ™?
A Palatinose™ é produzida a partir do açúcar de beter- Com esta forma, a Palatinose™ se torna muito mais
raba e também ocorre naturalmente em pequenas resistente à hidrólise e dificulta a quebra em glicose
quantidades no mel e no suco da cana-de-açúcar. e frutose para ser absorvida. Sofre hidrólise lenta-
Tem sido utilizada como adoçante no Japão desde mente pela enzima isomaltase, localizada na parede
1985.¹ Como a sacarose, ela é um carboidrato do do intestino delgado. Esta enzima também é envol-
tipo dissacarídeo composto de glicose e frutose. A vida na digestão de ligações alfa-1,6 presentes nos
diferença está na ligação entre estes dois componen- amidos. Essa liberação lenta de glicose resulta em
tes. A Palatinose™ (isomaltulose) tem uma ligação da um baixo efeito sobre os níveis glicêmicos sanguí-
glicose com a frutose na posição alfa-1,6, enquanto neos (Índice Glicêmico - IG 32 ) e de insulina.
que a sacarose tem esta ligação na posição alfa-
1,2. Esta configuração é o principal aspecto que faz Os produtos da digestão da isomaltulose são glicose e
a Palatinose™ se diferenciar do açúcar e a melhorar frutose, que posteriormente entram na via sistêmica.
seu metabolismo.2 Uma vez absorvidas, a glicose e frutose seguem as
mesmas vias metabólicas através do corpo, como se
fossem derivadas de sacarose, só que esse processo
acontece bem lentamente.³
SACAROSE OH
Por isso, a Palatinose™ fornece ao organismo a ener-
gia total do carboidrato por um período significativa-
HO O H mente maior, enquanto tem um baixo efeito sobre o
nível de glicose sanguínea. Ao oferecer uma energia
HO equilibrada e duradoura, ela pode ser vista como um
HO carboidrato que fornece “calorias lentas”.4 A Palati-
1
HO
2
α nose™ é também mais resistente à hidrólise pelas
bactérias na boca, por isso ela é, ao contrário dos
O açúcares tradicionais, inofensiva para os dentes.
HO
A administração de altas doses (de 7 e 8,1g/kg de
massa corpórea/dia em ratos machos e fêmeas,
respectivamente) de isomaltulose não resultou em
OH OH efeitos adversos. A isomaltulose não induziu toxi-
PALATINOSE™ cidade embrionária, efeitos mutagênicos ou efeitos
teratogênicos em ratas grávidas, e nenhum material
OH tóxico nos fetos foi observado. Em estudos com
pessoas saudáveis e diabéticas, altas doses acima
HO O de 50g foram toleradas sem sinais de desconforto
intestinal ou diarreia. Com base nesses resultados
HO conclui-se que o uso de isomaltulose como um
HO
1 adoçante alternativo é tão seguro quanto o açúcar
6
α OH que contém glicose e frutose, e não possui os riscos
O dos adoçantes artificiais químicos.¹
HO

OH OH

74 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 Palatinose™

PALATINOSE ™
E ATIVIDADE FÍSICA
Alguns estudos analisaram o potencial da
liberação lenta e sustentada de energia de
carboidratos a partir da isomaltulose em
comparação com outros carboidratos inge-
ridos, e encontraram taxas mais elevadas
de oxidação de gordura em atividades de
resistência com o seu uso, uma vez que esta
substância auxilia na preservação de glicogê-
nio.22,23

Pesquisadores da Universidade de Frei-

burg, na Alemanha, compararam a queima
de gordura e carboidratos após o consumo
de uma bebida com Palatinose™ e uma
bebida de alto IG com maltodextrina, para
analisar o efeito de treinamento, induzido
por alimentos. Tanto em descanso como
durante o exercício foi medida uma maior
queima de gordura com a Palatinose™.24 De
forma geral, a proporção de energia obtida
da gordura durante esportes de alto esforço
físico foi 25% maior no grupo que ingeriu a
Palatinose™, em relação ao grupo que inge-
riu maltodextrina. “A gordura queima com a
chama dos carboidratos” é uma expressão
muito conhecida entre atletas. A Palatinose™
fornece a glicose da melhor forma, nem de
mais, porque neste caso o organismo se
converte para usar apenas esta fonte de ener-
gia, mas sim apenas o suficiente e de forma
mais continuada para manter a “chama” quei-
mando constantemente as gorduras.25

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 75
 SUPERALIMENTOS
DESEMPENHO
COGNITIVO
A liberação constante de glicose a partir da isomal-
tulose possui vantagens particulares também para o
cérebro. Vários estudos comparando a isomaltulose
com carboidratos de maiores índices glicêmicos,
quando administrados no café da manhã por crianças
saudáveis, adultos de meia-idade e adultos idosos,
mostram melhorias no humor e na memória.26-30
Em outubro de 2014 foi publicado um estudo no
European Journal of Nutrition comparando a resposta
glicêmica do café da manhã e o desempenho cogni-
tivo em 75 crianças com idade entre 5 e 11 anos.
As crianças consumiram um café da manhã com
Palatinose™ (IG 32), ou com glicose (IG 60). Após a
refeição, elas foram avaliadas nos quesitos memória
verbal imediata e tardia, memória espacial, atenção
sustentada, tempos de reação, velocidade de proces-
samento de informação e também humor, 1 e 3 horas
depois de comer. Os resultados demonstraram que
não houve diferença nas medidas de cognição e
humor após 1 hora da refeição, entretanto, após 3
horas, esses parâmetros foram bem superiores nas
crianças que ingeriram a Palatinose™.
O estudo concluiu que ao final da manhã, o consumo
de um café da manhã de baixo IG melhora o humor e
o funcionamento cognitivo.
76 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
PALATINOSE ™ E A
PERDA DE PESO
Os carboidratos e as gorduras são as fontes de
energia mais importantes em repouso e durante o
exercício5-8, e o organismo possui um metabolismo
distinto para alternar entre o uso dessas substân-
cias.9 Uma das formas de fazer o corpo usar mais a
gordura como fonte de energia é o uso de alimentos
com baixo IG na dieta, ou seja, alimentos que não
aumentam o índice de açúcar no sangue. Tem sido
demonstrado que a oxidação de gordura aumenta
após o consumo de alimentos com baixo IG, compa-
rado com uma refeição com um elevado IG.10-13
Em parte, isto pode ser explicado pela resposta da
insulina pós-prandial mais baixa, uma vez que seus
altos níveis inibem a lipólise (quebra de gordura) e
alternam o consumo de energia em direção a uma
maior utilização de carboidratos.14-16 Tem sido
proposto que uma redução da lipólise e do uso do
ácido graxo como fonte de energia favoreceria o
acúmulo de gordura nos adipócitos (células de
gorduras) e, assim, o ganho de peso e a resistência
à insulina.16,17 Há evidências de que a maior taxa de
oxidação de gordura é responsável por uma melhoria
de perda e controle de peso em longo prazo.17,18 Além
disso, há hipótese de que uma menor resposta à
insulina prolongaria a saciedade e plenitude.19,20
O prolongado fornecimento de energia advinda de
carboidratos é o resultado de um fornecimento de
glicose sanguínea mais consistente da Palatinose™
e a baixa liberação da insulina associada a isto. A
insulina é responsável pela regulação e metabolismo
do nível de açúcar no sangue, e um dos seus efeitos
é inibir a queima de gordura em favor da utilização
de carboidratos. Por isso, baixas concentrações de
insulina são vantajosas na promoção de uma maior
taxa possível de queima de gordura. Por outro lado,
é essencial para o organismo manter certo nível de
carboidratos para que possa continuar funcionando.
Levando em conta essas considerações, um estudo
investigou a resposta metabólica pós-prandial em

repouso e durante a atividade física da isomaltulose
(Palatinose™) em comparação com a ingestão de
carboidratos convencionais (xarope de glicose/saca-
rose), com um IG mais elevado.
Vinte homens (idade entre 32 e 64 anos) que parti-
ciparam do estudo estavam acima do peso ou eram
obesos (ou seja, com um IMC de cerca de 32kg/m2),
tinham uma sensibilidade reduzida à insulina, e,
consequentemente um risco maior de desenvolver
o diabetes mellitus tipo 2. Eles consumiram 50g
de Palatinose™, ou a mistura de açúcares de alto
IG no café da manhã e outras 25g de Palatinose™,
ou a mistura de açúcares, três horas mais tarde, no
almoço. Para poder investigar os efeitos tanto em
repouso como durante a prática de atividades físicas
moderadas, foram incluídos exercícios moderada-
mente intensos durante 30 minutos, duas horas após
o café da manhã (para simular o efeito físico de uma
caminhada de 30 minutos).21 O consumo de um café
da manhã contendo Palatinose™ teve um efeito signi-
ficativamente mais baixo sobre os níveis de glicose
sanguínea e liberação de insulina do que o café da
manhã com açúcares altamente glicêmicos. Além
disso, a utilização da gordura foi maior com a Palati-
nose™, tanto no período de repouso quanto durante a
atividade física, chegando a aproximadamente 18%,
em comparação com a mistura de açúcares de alto
IG durante todo o período de observação.
Palatinose™
MELHORIAS PARA O
CONTROLE DA GLICEMIA
De acordo com o consenso de pesquisadores da
International Carbohydrate Quality Consortium, o
consumo em longo prazo de uma dieta com carboi-
dratos com reduzido teor glicêmico e insulinêmico
favorece a prevenção de doenças cardiovasculares,
diabetes mellitus e sobrepeso.31
Inúmeros estudos analisaram os efeitos da subs-
tituição do açúcar dietético por isomaltulose no
controle da glicose sanguínea e no metabolismo
lipídico em indivíduos diabéticos e não diabéticos.
Os estudos fornecem evidências de melhorias para
ambos aspectos do metabolismo após o consumo
regular de isomaltulose quando comparado a outros
carboidratos, como sacarose, maltodextrina ou de
glicose.31-36
Em pessoas com diabetes, a ingestão antes do
exercício físico de isomaltulose, em vez de glicose,
resultou em melhorias no controle glicêmico,
proteção contra a hipoglicemia, e manutenção de
performance na corrida.26,37 O risco reduzido de
hipoglicemia induzida pelo exercício surge em parte
da menor demanda por injeção de insulina (50%
menor) ao usar isomaltulose, e em parte da maior
contribuição simultânea de oxidação de gordura ao
metabolismo energético, que reserva a energia de
carboidratos para combater o risco de hipoglicemia.
Dessa maneira, a Palatinose™, ou isomaltulose, pode
ser uma substituta ideal para o açúcar, servir de fonte
de energia prolongada como um carboidrato funcio-
nal, assim melhorando seu metabolismo e trazendo
vantagens inteligentes.
Há evidências de que a maior
taxa de oxidação de gordura é
responsável por uma melhoria de
perda e controle de peso em longo
prazo. Além disso, há hipótese de
que uma menor resposta à insulina
prolongaria a saciedade e plenitude.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 77
 SUPERALIMENTOS

receita

BOLO DE COCO

Receitas com Palatinose™

»»Carbolift
A Palatinose™ (Carbolift) apresenta
um perfil de doçura, sabor, aparência e
performance culinária semelhantes ao
perfil do açúcar. Tais características nos
permitem utilizá-la em qualquer receita.

O teor de doçura dependerá da compo-

sição dos ingredientes e da quantidade
de Palatinose™ (Carbolift) utilizada. Para
exemplificar, a seguir seguem 2 receitas.
Vale salientar que na receita de Barras
de Nuts associamos uma pequena dose
do adoçante Sweetlift, pois a maior
parte dos ingredientes não possui pala-
dar adocicado. Já para o Bolo de Coco,
podemos utilizar a Palatinose™ pura.

78 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.

9 porções
Ingredientes para a massa
»» 2 ovos caipiras grandes
»» 1 xíc. rasa fécula de batata
»» ¾ xíc. coco ralado fino sem açúcar
»» 4 scoops de Carbolift
»» 50ml leite de coco light
»» 1 pitada sal rosa do Himalaia
»» 1 c. sopa fermento para bolos
Ingredientes para a cobertura
»» 4 scoops de Carbolift
»» 50ml leite sem lactose
»» 100ml leite de coco light
»» 50g coco em flocos sem açúcar
Preparo da massa
»» Separar todos os ingredientes para a
massa e para a cobertura
»» Passar o coco ralado em um processador
para formar uma farofa mais fina. Obs.:
um pouco de gordura se soltará do coco,
o que fará que fique mais úmida
»» Pré-aquecer o forno a 150°C
»» Untar uma forma de aproximadamente
22 x 17 cm. Forrar com papel manteiga
apenas no sentido do comprimento,
deixar as pontas pra cima da forma
para facilitar a retirada do bolo após
assado. Untar novamente
»» Bater por 10min. em velocidade máxima
os ovos, o Carbolift e a pitada de sal.
Formará um creme bem espesso e
clarinho
»» Baixar para velocidade mínima,
incorporar aos poucos intercalando
entre a fécula de batata e o leite de coco.
Desligar a batedeira. Acrescentar o coco
processado, homogeneizar bem com
uma colher tipo “lambe-lambe”
Palatinose™
»» Por último, colocar o fermento. Misturar
bem suavemente
»» Derramar o creme de maneira uniforme na
fôrma. Levar para assar por 15 a 20 min.
»» Verificar com palito o cozimento. Obs.: o
bolo ficará bem clarinho por cima, por isso
manter o forno à temperatura de 150°C.
»» Enquanto o bolo assa, faça a cobertura.
Preparo para a Cobertura
»» Colocar o Carbolift em uma frigideira média
antiaderente de forma que utilize todo o seu
fundo. Em fogo baixo, comece derretendo-o
em mais de 50%, sem mexer. Só então,
misture bem até que todo o Carbolift
derreta e forme um caramelo translúcido.
Obs.: não dourar
»» Incorporar aos poucos o leite sem lactose
ao caramelo, sempre mexendo até
dissolver bem. Acrescentar o leite de coco,
mexer vigorosamente, e quando estiver
homogêneo, acrescentar o coco em flocos
»» Após levantar fervura, ferver por cerca de
1 minuto. Verifique se os flocos de coco
estão mais translúcidos e desligue o fogo.
Finalização
»» Retirar o bolo da forma delicadamente,
puxando pelas pontas do papel manteiga.
Colocar sobre uma tábua e fazer muitos
furinhos com auxílio de um palito.
Obs.: furar até o fundo do bolo para que a
calda penetre bem
»» Se a cobertura estiver um pouco fria,
reaqueça antes de cobrir o bolo. Depois
de aquecida, com auxílio de uma colher,
separar o coco da calda na frigideira.
Primeiramente, colocar apenas a calda
sobre o bolo quente de forma que todo o
bolo a absorva bem. Em seguida, distribuir
uniformemente o coco sobre o bolo e
salpicar um pouco de coco em flocos secos.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 79
 SUPERALIMENTOS

receita

BARRA DE NUTS

80 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.

5 porções em barras
Ingredientes para a base
»» 1 c. sopa castanha-do-Pará
»» 1 c. sopa amêndoas laminadas
»» 1 c. sopa nozes Pecan
»» 1 c. sopa castanha-de-caju torrada acrescentar o Carbolift, o Sweetlift, a
e salgada
»» 2 c. sopa aveia em flocos grandes sem
glúten
»» 1 c. chá gergelim sem casca
»» 1 c. sopa cranberry desidratado
Ingredientes para
o creme de amendoim
»» 1 xíc. cheia amendoim torrado sem
casca e sal
Ingredientes para o creme
»» 3 scoops de Carbolift
»» 1 ½ scoop água mineral
»» 3 sachês Sweetlift (adoçante Essential)
»» 1 c. sopa cheia creme de amendoim
Preparo do creme de amendoim
»» Colocar o amendoim no liquidificador
e moer no ponto de pó. Desligar, soltar
a farinha das paredes do liquidificador
e ir triturando até virar um creme liso
Obs.: esse processo pode levar em torno
de 10 minutos, pouco a pouco desligue
o liquidificador para soltar a pasta das
paredes e voltar a moer
»» Guardar o creme de amendoim em
pote com tampa, fora da geladeira por
até 30 dias. Mexer bem sempre que
usar.
Palatinose™
Preparo da Barra de Nuts
»» Untar uma forma pequena (de
aproximadamente 22 x 17cm), forrar
o fundo com papel manteiga
»» Colocar as castanhas em uma
tábua grande (menos a amêndoa).
Com auxílio de uma faca picar
grosseiramente, reserve
»» Para o creme, em pote pequeno,
água e uma colher de sopa bem cheia
do creme de amendoim. Misturar bem
até formar um creme homogêneo
»» Colocar todos os ingredientes da
“base” em uma frigideira média
antiaderente. Em fogo médio, mexer
até dourar. Baixar o fogo e acrescentar
o creme. Misturar rapidamente para
incorporar bem o creme ao mix de
nuts. Ferver, sempre mexendo, até o
creme reduzir em 50%
»» Desligar o fogo e derramar a mistura
sobre o papel manteiga. Organizar a
massa de forma retangular, e com o
auxílio das costas de uma colher de
sopa, pressionar suavemente contra
a forma. Esfriar na geladeira por
aproximadamente 30 min. Colocar o
papel manteiga com a mistura sobre
uma tábua e cortar em barras ou
quadradinhos
»» Retornar as barrinhas para dentro
da forma, cobrir com plástico filme e
repousar por 1 hora. Obs.: esse repouso
será para que o creme seja absorvido
pelos nuts e fique suficientemente
consistente para as barras ficarem
sequinhas. Após as barrinhas estarem
secas, guardar em pote com tampa ou
embalar conforme desejado.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 81
 Referências
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 CIÊNCIA ATUAL

Diminuição do açúcar
adicionado às bebidas
industrializadas como
estratégia para reduzir
sobrepeso, obesidade
e diabetes tipo 2
O efeito da redução do açúcar adicionado em refrige- for Americans), pela primeira vez, coloca um limite
rantes e sucos de frutas foi modelado num estudo, no consumo de açúcar adicionado, recomendando
publicado em The Lancet Diabetes & Endocrinology, agora que seu consumo não deve exceder a 10% de
onde os autores concluem que esta mudança – por suas calorias diárias. Essa mudança substancial tem
si só – reduziria os níveis de obesidade e casos de importante implicação para a decisão do FDA exigir
diabetes tipo 2 em mais de 40% de adultos e adoles- a inclusão da quantidade de ‘açúcar adicionado’ e
centes. sua porcentagem de valor diário (%V.D.) nos rótulos
de produtos, futuramente, em sua próxima revisão.
Com base na experiência da redução do teor de sal, Atualmente, os rótulos americanos, como os brasi-
no Reino Unido, em 40% de muitos produtos alimenta- leiros, listam esta informação simplesmente como
res durante cinco anos, os pesquisadores estudaram “açúcares” – sem especificar a %V.D., muito menos a
os efeitos potenciais de uma redução semelhante quantidade de açúcar adicionado. 
em açúcares adicionados. Os cálculos do estudo
mostraram que essa mesma redução, agora no caso
NOTA DO EDITOR:
do açúcar adicionado em bebidas, levaria a uma
O impressionante dessa medida é observar
redução média no consumo de energia de 38,4 kcal
como uma pequena modificação nos
(calorias) por dia até o final do quinto ano, e isso leva-
alimentos de uso diário pode causar grande
ria a uma redução média do peso corporal de 1,20 repercussão para a saúde (e economia)
kg em adultos. Esse resultado tiraria 500.000 adultos em longo prazo. A simples redução do
do quadro de sobrepeso e um milhão de adultos do açúcar adicionado em refrigerantes e
quadro de obesidade, e por sua vez, evitaria cerca de sucos de frutas (por exemplo, 250ml de
300.000 casos de diabetes do tipo 2 relacionados refrigerante normal possui entre 30 a
com a obesidade ao longo das próximas duas déca- 40g de açúcar) pode gerar resultados que
das. O maior impacto seria para os adolescentes, impressionaram os próprios cientistas:
jovens adultos e indivíduos que possuem baixa renda no caso da Inglaterra, uma redução de
– os maiores consumidores de bebidas adoçadas. 500.000 adultos do quadro de sobrepeso,
um milhão de adultos da condição de
O debate do açúcar adicionado em alimentos é obesidade, e, por sua vez, impedindo cerca
frequente, e mesmo estando longe de conclusões de 300.000 casos de diabetes do tipo 2
práticas efetivas, passos vêm sendo dados em sua relacionados com a obesidade, ao longo
direção. Como exemplo, a nova e 8a edição* do guia das próximas duas décadas. Imagine se
essa medida fosse adotada mundialmente.
alimentar americano (2015-2020 Dietary Guidelines

Fonte: Ma, Y. et al. Gradual reduction of sugar in soft drinks without substitution as a strategy to reduce overweight, obesity, and type 2
diabetes: a modelling study. The Lancet Diabetes & Endocrinology. 2016. Doi:10.1016/S2213-8587(15)00477-5

* Dietary Guidelines for Americans 2015-2020 – Eighth Edition. Disponível em: http://health.gov/dietaryguidelines/2015/guidelines/

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 83
 TURISMO

Águas
Termais:
Ricas em sais
minerais, águas
termais trazem
benefícios à saúde

84 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
A
tradição do uso de águas termais em banhos
de imersão já é conhecida desde os tempos
da Grécia antiga. Os gregos utilizavam esses
banhos como terapia para diversas doenças e
também para desintoxicar o organismo.
A água termal é originada a partir da infiltração da
água no subsolo. Processo esse lento e complexo de
filtração natural e que se encarregará de eliminar os
microrganismos, substâncias em suspensão e enri-
quecê-la com os sais minerais presentes nas rochas.
As características das rochas locais somadas ao
tempo de contato fazem com que as águas termais
tenham propriedades físico-químicas distintas em
cada região. Quanto maior o contato com as rochas
maior sua mineralização, e quanto mais profunda sua
infiltração maior seu aquecimento e maior o teor de
sais minerais.1,2
No geral, é possível encontrar nas águas termais
elementos como bicarbonato, cloreto, sulfato, fluo-
reto, fosfato, sulfureto, sódio, potássio, cálcio e
magnésio. E, de acordo com o total de sais dissolvi-
dos, elas podem ser classificadas como hipossalina
(< 50mg/L), hipomineralizada (entre 50 e 500mg/L),
mesossalina (entre 500 e 1500mg/L) e hipersalina
(> 1500mg/L).1,2
BENEFÍCIOS FISIOLÓGICOS
DAS ÁGUAS TERMAIS
A composição físico-química da água está dire-
tamente ligada às suas propriedades medicinais.
Substâncias como o selênio e o zinco, por exemplo,
apresentam melhores efeitos contra a oxidação e
formação de radicais livres, e outras, como o magné-
sio e o cálcio, estão mais relacionadas ao efeito
ant-inflamatório. Em cada região a composição da
água é única e com distintas concentrações de sais
minerais, ou oligoelementos.
Os oligoelementos são capazes de colaborar na
renovação celular da pele possuindo ação hidratante
e anti-inflamatória. Não é à toa que hoje encontra-
mos formulações industriais produzidas com águas
termais na seção de cosméticos de farmácias e
supermercados, sendo usadas como coadjuvantes
em tratamentos de hidratação, antienvelhecimento,
dermatoses inflamatórias, como acne e rosácea, e
também no pós-procedimento cosmiátrico.
Os banhos termais há muito são indicados por profis-
sionais de saúde que estimulam seus pacientes a
visitar as regiões termais promovendo o chamado
turismo-saúde, sendo o spa uma de suas várias
subcategorias.
Existem cidades brasileiras e muitas ao redor do
mundo que se especializaram e oferecem uma infra-
estrutura completa para os visitantes de todas as
idades desfrutarem tratamentos estéticos, medi-
cinais e relaxantes. O melhor de tudo é que, para
passar alguns dias hospedado em um hotel de águas
termais, não é preciso alguma manifestação clínica
ou estar sob indicação de um profissional de saúde.
Basta estar disposto para sair da rotina, descansar,
e aproveitar tudo que os hotéis têm a oferecer. As
piscinas, geralmente com temperaturas entre 30
e 40ºC, conferem uma sensação de relaxamento e
tranquilidade podendo ser capazes de promover um
bem-estar físico e emocional aos banhistas.
Os hotéis especializaram-se em oferecer tratamen-
tos estéticos variados e boa gastronomia. Possuem
piscinas coletivas tanto na área externa quanto na
área interna, e alguns dispõem de suítes com abas-
tecimento de água termal diretamente nos quartos
para quem deseja mais sossego e privacidade. Além
disso, existe um esforço para atrair a família com
recreação, salas de jogos, arvorismo, passeios ecoló-
gicos, rafting e atividades em meio à natureza, que
combinam perfeitamente com as belas paisagens de
interior.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 85
 TURISMO
ONDE
ENCONTRAR
ÁGUAS TERMAIS
NO BRASIL?
O Brasil é um lugar com estâncias
hidrominerais abundantes e aces-
síveis. Destacamos alguns rotei-
ros onde os poderes das águas
termais são históricos e muitas
vezes acabam se fundindo com o
surgimento das cidades.
Vamos começar o nosso circuito
em Minas Gerais, na cidade
pólo de turismo termal Caxambu,
passar por Goiás, conhecer Águas
de Lindóia e depois, descer até
chegar a Santa Catarina, onde
está localizada a primeira estância
termal brasileira, construída em
1818.
86 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
CAXAMBU
Minas Gerais, além de toda sua cultura e culinária,
também se destaca por suas famosas estâncias
hidrominerais e por sua biodiversidade, e seus desti-
nos termais foram os primeiros de que se ouviu falar
no Brasil. Localizada estrategicamente entre São
Paulo e Rio de Janeiro, a região foi porta de entrada
para os bandeirantes no final do século XVIII. Algu-
mas dessas cidades são remanescentes do ciclo
do ouro, viveram um intenso processo de ocupação,
mas com a decadência da área mineradora, suas
terras foram desprezadas.
O tesouro da região estava nas seis fontes de
água mineral que provêm da Serra da Mantiqueira,
preservadas pela Mata Atlântica e com proprie-
dades terapêuticas específicas: gasosa, carboga-
sosa, ferruginosa, alcalina, alcalina Vichy, sulfurosa,
magnesiana, e um lago de 90.000m² – balneário para
banhos relaxantes e desintoxicantes.
Os guias turísticos contam que Caxambu era só um
vilarejo e foi crescendo em torno do poder terapêu-
tico de suas águas. Contam os mais antigos, que a
Princesa Isabel engravidou depois dos banhos que
tomou na região e como agradecimento mandou
construir uma igreja na cidade.
Quem visita Caxambu e o Balneário do Parque das
Águas Lysandro Guimarães faz uma viagem ao
tempo do Império, as paredes do prédio no estilo
Belle Époque, de 1911, continuam da mesma maneira
sem grandes modernizações. Os ladrilhos hidráuli-
cos franceses de 100 anos são uma atração à parte.
CALDAS NOVAS
Nosso próximo destino é Caldas Novas, Goiás, bem
no coração do Brasil, a cerca de 170 quilômetros de
Goiânia. O município entrou para o RankBrasil (recor-
des brasileiros) em 2008 por possuir a maior estância
hidrotermal do país e também do mundo. Na cidade é
possível encontrar o maior conjunto hoteleiro em um
complexo balneário de águas termais.
Sua história data de 1722, quando na região foi
descoberta a primeira fonte de águas quentes pelo
 Águas Termais

bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva Filho, que

estava em expedição atrás de ouro e outras riquezas
minerais. Assim como em Minas Gerais, as regiões
sem metais preciosos eram esquecidas, até que em
1777, o bandeirante Martinho Coelho Siqueira encon-
trou novamente o lugar dando origem ao povoado
que se transformaria em Caldas Novas.

As águas que brotam do chão, translúcidas, inodo-

ras, beneficamente radioativas e portadoras de sais
minerais e gases, provêm de 300 metros de profun-
didade, chegam à superfície com temperatura entre
38° e 57°C, e são ricas em magnésio. Ingeridas pela
manhã, em jejum, na temperatura que brotam das
fontes, e/ou usadas para banho, desenvolvem os
diversos efeitos terapêuticos:

»» Aumento da diurese, eliminação do ácido

úrico e dissolução de cálculos renais
»» Auxílio no tratamento da asma e bronquite
crônica
»» Calmante das irritações da pele e sedativo
do sistema nervoso
»» Diminuição e controle da pressão arterial
»» Redução da viscosidade do sangue
»» Melhora a digestão, combate a acidez
gástrica, atua contra gastrites e prisão de
ventre
»» Analgésico das afecções reumáticas e
nefrites
»» Estímulo das glândulas de secreção interna
»» Vitalidade, revigorante sexual
»» Baixa a taxa de glicose no sangue
»» Antialérgico, desintoxicante,
rejuvenescedor.³

Durante o ano, a cidade chega a receber até um milhão

e meio de turistas que vêm em busca da capacidade
curativa do banho e da ingestão dessas águas.

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 87
 TURISMO
ÁGUAS DE LINDÓIA
Acompanhando o fluxo das águas e descendo no
mapa em direção ao sul, chegamos no Balneário
Municipal de Águas de Lindóia, em São Paulo, locali-
zado a 180 km da capital paulista. Cercado de verde
e belos jardins projetados pelo paisagista Burle Marx,
lá pode-se desfrutar de banhos relaxantes, hidratan-
tes, para tratamentos de doenças, além de massa-
gens, drenagem linfática e ducha escocesa – um tipo
de banho que utiliza duchas de alta pressão e um
forte jato de água, tradicionalmente utilizado como
uma forma de massagem e terapia no combate à
fadiga, regulando também o sistema circulatório.
Uma curiosidade é que a água, com temperaturas
entre 26ºC e 28ºC, é realmente azul. Isso acontece
devido ao alto índice de oxigênio encontrado nela, um
dos maiores do mundo. A cidade teve aprovada a Lei
Municipal de Práticas Integrativas e Complementares
em saúde se tornando a primeira estância hidromi-
neral do Brasil a ter uma lei municipal do termalismo
social/crenoterapia, reafirmando assim a indicação
e uso de águas minerais com finalidade terapêutica,
atuando de maneira complementar aos demais trata-
mentos de saúde.
Por ser uma pequena cidade do interior de São Paulo,
Águas de Lindóia conserva o ambiente pacato e a
hospitalidade de seus moradores. Com uma vege-
tação montanhosa, seu ar é puro e existem inúme-
ras possibilidades para prática de esportes radicais.
Novos tipos de visitantes já são atraídos em busca
do voo livre, passeio de jipe e a cavalo, abrindo os
olhos da região para outras atividades.
CALDAS DA IMPERATRIZ
E GRAVATAL
Continuando nossa viagem, chegamos a Santa Cata-
rina. O Estado oferece um maravilhoso circuito de
águas termais com teores de oligominerais reconhe-
cidos nacionalmente e com boa infraestrutura para
o turismo. Elegemos Santo Amaro da Imperatriz e
Gravatal, cidades localizadas entre a serra e o mar,
para esse breve passeio. Distante apenas 120 quilô-
metros uma da outra, o Hotel Caldas da Imperatriz
leva o título de primeira estância termal do Brasil,
e é conhecido por ter hospedado o imperador Dom
Pedro II e sua esposa Teresa Cristina.
Logo perto dali também é possível hospedar-se no
Plaza Caldas da Imperatriz Resort e Spa. Com uma
88 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
excelente infraestrutura, seus visitantes aproveitam a
estadia em ofurôs ao ar livre, com ampla área verde,
tratamentos estéticos, de relaxamento, desintoxica-
ção e reeducação alimentar.
As fontes termais (36 a 39°C) emergem de terre-
nos pré-cambrianos e as rochas dominantes são
os micaxistos e os gneisses, cortados por veios de
diabásios e de pegmatitos, e pelo granito. Atribui-se
a origem das águas a um derrame triássico, que inva-
diu todo o sul do Brasil.
No hotel, as indicações para uso das águas hidro-
termais abrangem o aparelho digestivo, como
estimulante das funções digestivas, reumatismo,
aparelho renal renovesical, pele, doenças metabóli-
cas e sistema nervoso, e como calmante das tensões
neuropsíquicas, melhora da insônia, ansiedade,
nevralgia e depressão.4
Como instrução, o hotel alerta que os banhos nas
águas termais acima de 36°C baixam a pressão e
enquanto que abaixo de 35°C, aumentam. Também,
que os banhos não excedam 15 minutos. Ao secar-se
não friccionar com a toalha. Para ingestão, tomar 4
copos grandes de água quente, como sai da torneira,
um antes de cada refeição (cerca de meia hora antes)
tem efeito laxativo.4
Já Gravatal possui uma das melhores águas do
mundo em qualidade terapêutica. Seu complexo
termal possui diferentes possibilidades de hospe-
dagem com piscinas externas, internas, banheiras
coletivas e individuais e um parque aquático. No
balneário, as águas captadas de uma fenda subterrâ-
nea, com 36°C de temperatura, são radiativas e ricas
em lítio e flúor. Por isso, são indicadas para o trata-
mento de enfermidades, como reumatismo, asma,
úlcera e cálculo renal.
Encontramos em comum entre os locais visitados o
jeitinho de cidade pequena e atmosfera sossegada.
Lugares que giram em torno das águas, da saúde e
seus benefícios. Fica impossível dizer qual é o melhor
destino. Cada fonte diferencia-se na concentração de
sais minerais, gases dissolvidos, radioatividade, pH e
o equilíbrio de tudo isso, com funções terapêuticas
distintas, mas todas, sem dúvida, podem servir de
pausa relaxante, energizante e complementar para a
saúde – uma pausa merecida na rotina.

EFEITOS BIOLÓGICOS
Usos terapêuticos dos principais minerais contidos nas águas termais:
ARSÊNICO
Psoríase
BORO
Renovação celular, cicatrização de feridas
CÁLCIO
Regulação do crescimento das células
epidérmicas, ação anti-inflamatória
CLORETO DE SÓDIO
Hidratação da camada de queratina
em distúrbios hiperqueratóticos
COBRE  ZINCO
Ação antioxidante, recuperação Ação antioxidante, renovação celular,
de barreira cutânea
ENXOFRE
Anti-inflamatório, antibacteriano, antifúngico
VOCÊ SABIA?!
A palavra SPA, usada para
centros de tratamentos de
bem-estar para a mente e o
corpo, está diretamente ligada
à água e seus benefícios
trazidos à saúde. O termo “spa”
é derivado da cidade de Spa,
na Bélgica, conhecida desde os
tempos romanos quando era
chamada Aquae Spandanae.
São muitas as teorias para a
origem de seu nome, incluindo
uma que afirma ser um
anacronismo para sanitas per
aquas (saúde através da água).
Águas Termais
MAGNÉSIO
Dermatite aguda, renovação celular
MANGANÊS
Renovação celular, cicatrização de feridas,
recuperação de barreira cutânea
SELÊNIO
Dermatite seborreica, tínea versicolor, ação
antioxidante, proteção contra radiação UVB
SÓDIO
Fonte: NUNES, TAMURA, 2012
Renovação celular
modulação da inflamação
Referências
1. Nunes, S.; Tamura, B. M. Revisão
histórica das águas termais. Surg Cosmet
Dermatol, v. 4, n. 3, p. 252-258, 2012
2. QUINTELA, M. M.: ‘Saberes e práticas
termais: uma perspectiva comparada
em Portugal (Termas de S. Pedro do
Sul) e no Brasil (Caldas da Imperatriz)’.
História, Ciências, Saúde Manguinhos,
vol. 11 (suplemento 1): 239-60, 2004
3. Disponível em: www.visitecaldasnovas.tur.
br/conheca-caldas-novas/beneficio-das-aguas-
de-caldas-novas. Acesso em: 16/03/2016
4. Disponível em: blog.plazahoteis.com.
br/unidades/plaza-caldas-da-imperatriz/
caldas-da-imperatriz-tudo-sobre-a-forca-e-o-
poder-das-aguas-hidrominerais-e-hidrotermais-
a-cidade-os-tratamentos-e-a-historia-da-regiao.
Acesso em: 16/03/2016
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 89
 INFÂNCIA

Alergia
infantil
O exército em alerta

O
sistema imune pode ser considerado como
um grande exército capaz de reconhecer e
defender nosso corpo de possíveis agresso-
res, cujas células (soldados) executam seu trabalho
de maneira organizada e coordenada. Em determi-
nadas situações, nosso sistema imune pode reagir
excessivamente a pequenos estímulos não-peri-
gosos e nosso exército, que deveria simplesmente
nos proteger, por este excesso de reação, gera um
processo alérgico que pode nos prejudicar.

90 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 91
 INFÂNCIA
E quando o sistema imune detecta um alérgeno
(substância que provoca uma reação alérgica em
certos indivíduos), inicia-se a produção de uma
imunoglobulina na tentativa de proteger o corpo. Esta
imunoglobulina (a mais famosa é a IgE, mas IgG, IgM
e IgA também são importantes), liga-se ao alérgeno
e, em contato com as células de defesa, denomi-
nadas mastócitos, desencadeia um tipo de reação
conhecida como degranulação, que libera histamina
e outras substâncias que chamam todo o “exército”
para combater este alérgeno.
Essas substâncias, por sua vez, geram um processo
de inflamação resultando nos sintomas tipicamente
conhecidos da alergia, como coceira, vermelhidão,
inchaço e, em determinados casos, pode chegar a
um choque anafilático (rápido fechamento das vias
aéreas podendo levar à morte).
A predisposição genética é a causa mais documen-
tada sobre os casos de reações alérgicas. Cerca de 50
a 80% dos pacientes diagnosticados possuem histó-
rico familiar de alergia. A probabilidade de um filho
nascer alérgico se os pais possuem alguma sensibi-
lidade é de cerca de 75%. Mas os fatores genéticos
não podem ser responsabilizados de forma isolada;
mastócitos: A flora intestinal apresenta funções importantes,
IgE ALÉRGENO
desgranulação
receptor
histaminas
92 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
eles indicam a probabilidade, mas este mecanismo
precisa ser ativado pelo ambiente. Acredita-se que
a incidência de alergia infantil seja causada pelo
conjunto genética mais fatores ambientais.¹
Dados disponibilizados pela Associação Brasileira
de Alergia e Imunopatologia (ASBAI, 2015) apontam
que cerca de 30% da população tsofre de alguma
alergia, e dessas, 20% são crianças.2 A prevalência
tem aumentado no decorrer dos anos e preocupa os
profissionais da saúde. Diversas hipóteses tentam
explicar esse efeito. Este artigo apresentará algumas
delas, comprovadas, para explicar este fenômeno.3-5
COMO O INTESTINO
INFLUENCIA NA ALERGIA?
Nos últimos anos, o intestino tem sido foco de
múltiplos estudos. Cada vez mais percebe-se que o
intestino é muito mais do que um simples órgão que
metaboliza e excreta alimentos, e que ele pode estar
envolvido em inúmeros processos patológicos, inclu-
sive alergia. O intestino é capaz de abrigar até 100
trilhões de bactérias, valor esse que supera o número
de células presentes em um indivíduo; nele encon-
tram-se de 60 a 70% das células imunológicas, e
acredita-se que a rotina e alimentação atual têm alte-
rado drasticamente essa população microscópica.6-8
como a síntese e defesa do orga-
nismo. Uma vez desregulada, ocorre
um processo denominado disbiose
intestinal cujo órgão não consegue
absorver adequadamente as vitami-
nas, quebrar os peptídeos, e acaba
reabsorvendo as toxinas causando
inúmeros processos patológicos
como a desregulação autoimune e,
consequentemente, a alergia.6 Em um
processo de disbiose, a falta de equilí-
brio entre os microrganismos presen-
tes na flora intestinal faz com que haja
declínio das bactérias benéficas com
consequente predomínio de bacté-
rias patogênicas, além de fungos,
que produzem subprodutos químicos

e altamente tóxicos que são absorvidos pelo trato
intestinal até a corrente sanguínea. Esses organis-
mos maléficos, juntamente com os subprodutos
formados, são capazes de destruir o revestimento
no TGI (trato gastrointestinal) abrindo verdadeiros
“buracos” no epitélio intestinal. Dessa forma, molécu-
las dos alimentos não digeridas são capazes de atra-
vessar esses orifícios, e com isso, o sistema imune
as reconhece como invasoras, gerando anticorpos e
causando a alergia alimentar.9
A transferência dos microrganismos da mãe para o
feto ocorre desde a gravidez. A microbiota infantil e
seus genes passam por diversas mudanças durante
seu desenvolvimento que ocorre até os 3 anos. Todo
esse processo sofre influência direta da genética,
fatores ambientais, uso de medicamentos como anti-
bióticos e a própria amamentação.8
O tipo de parto já é a primeira grande influência
sobre a constituição da flora da futura criança: bebês
nascidos de parto normal são mais colonizados por
bactérias benéficas que os nascidos por cesariana.
Crianças nascidas por cesarianas terão uma quanti-
dade maior de bactérias do tipo Clostridium difficile,
por exemplo, e poderão ter mais cólicas abdominais
que crianças de parto normal.10,11
Alergia Infantil
Em seguida, a amamentação influi diretamente
na formação da microbiota de uma criança, pois o
leite humano contém algumas bactérias probióti-
cas naturais, além de ser rico em oligossacarídeos
(prebióticos) que auxiliam no desenvolvimento da
flora da criança.7 Um estudo, publicado no Journal of
Pediatric Gastroenterology and Nutrition, avaliou as
amostras de fezes de recém-nascidos nos primeiros
20 dias, alimentados com fórmulas ou leite materno,
e concluiu que a espécie de Bifidobacterium (umas
das bactérias benéficas mais importantes do TGI)
é dominante nas crianças alimentadas por leite
materno.6 Ainda, relacionando o desequilíbrio da
microbiota com doenças alérgicas, um estudo, publi-
cado na Clinical Exp. Allergy, mostrou que nos lactan-
tes (objetos do estudo) que apresentavam alergias
alimentares havia um desequilíbrio na sua micro-
biota, com menor quantidade das bactérias benéfi-
cas e predomínio de maléficas como Stafilococcus
aureus12 e, inclusive, em crianças com eczemas
atópicas também foi evidenciado um desequilíbrio
na microbiota intestinal.13
R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 93
 INFÂNCIA

ALIMENTOS COMO
ALÉRGENOS
É difícil estimar a precisão do número de crianças
alérgicas bem como a predominância exata da aler-
gia por determinado alimento. Acredita-se que cerca
de 4% a 8% das crianças sofram de alguma alergia
alimentar sendo que o leite, ovos, amendoim, nozes,
soja, trigo, peixes e crustáceos são os alimentos
com maior potencial alergênico descrito.14, 15
Para avaliar a incidência das reações de alergia
alimentar, um estudo britânico, realizado com 13
milhões de crianças do Reino Unido e Irlanda, entre
1998 e 2000, mostrou uma taxa de internação por
episódios de alergia alimentar de 0,89 para cada
100.000 crianças, e concluiu que os alérgenos prin-
cipais eram o amendoim (21%), seguido de nozes
(16%), leite (10%) e ovos (7%). Estudos mais atuais
têm mostrado que a incidência tem aumentado e
que a alergia ao leite, que muitas vezes resolvia-se
por conta própria até os 5 anos, tem se mantido no
decorrer da vida.15,16 Dados divulgados pelo Centro
de Controle e Prevenção de Doenças, nos Esta-
dos Unidos, 2013, revelou que o índice de alergia
alimentar em crianças aumentou cerca de 50%
desde 1997.17
Com alterações da permeabilidade intestinal cada
vez maiores (orifícios no intestino que permitem
que os alimentos entrem em contato com o sistema
imune), estamos diante de uma situação nova, além
da situação clássica de alergia aguda mediada por
IgE. Existe uma produção crônica de IgG pelo corpo
exposto a determinados alimentos, e o “excesso”
de IgG leva à formação de complexos imunes que
podem se depositar em qualquer parte do corpo.
Essa reação é chamada de reação de hipersensibili-
dade tipo III (hipersensibilidade imune complexa), e
explica porque as pessoas não têm reações agudas
a alguns alimentos, mas quando excluem estes
mesmos alimentos de sua dieta, melhoram alergias
que vinham tendo há anos. Quando se melhora da
rinite ou da asma pela retirada do leite ou do trigo,
muitas vezes isto se dá por esse mecanismo. Já se
criou uma nova categoria para a hipersensibilidade
ao glúten para englobar esse fenômeno: Hipersen-
sibilidade ao Glúten Não-Celíaca. Isso significa
que se pode ser hipersensível ao glúten sem ter a
doença celíaca. Qualquer alimento usado de forma
contínua e repetitiva pode causar o fenômeno de
hipersensibilidade.18, 19

saúde intestinal
x
alergia

A flora intestinal
apresenta funções
importantes, como a
defesa do organismo. Uma
vez desregulada, ocorre
um processo denominado
disbiose intestinal cujo
órgão não consegue
absorver adequadamente
as vitaminas, quebrar
os peptídeos, e acaba
reabsorvendo as toxinas,
podendo ocorrer
a alergia.6

94 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
 Alergia Infantil

HIGIENE DEMAIS FAZ MAL

»» A vida moderna nos fez buscar a
higiene muitas vezes de maneira
exagerada. Produtos de limpeza e
assepsias constantes com álcool ou
outros desinfetantes buscam manter a
criança em um ambiente quase estéril,
impossibilitando o contato delas com
microrganismos e, consequentemente,
o desenvolvimento do seu sistema
imune. Poderíamos fazer uma analogia
com a atividade física: o sistema
imune está ficando cada vez mais
sedentário. Um artigo, publicado em
2014 na revista Pediatrics, realizado
com 1.000 crianças suecas, mostra,
por exemplo, que lavar a louça à mão
reduz o risco de alergia pela metade
quando comparado às famílias que
lavam a louça com máquina de lavar.
Isso ocorre pois o equipamento atinge
altas temperaturas e elimina grande
parte dos microrganismos presentes.20
É relatado inclusive que crianças que
vivem nas grandes cidades têm mais
chance de desenvolver alergia do que
as que vivem no interior, justamente
porque as crianças que vivem em
zonas rurais têm contato direto com a
terra, com animais e grande parte da
alimentação é à base de produtos não
processados, fazendo que seus sistemas
imunes estejam em constante atividade
e bem exercitados.

R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed. 95
 INFÂNCIA
TESTES DE DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de alergia alimentar
ainda é baseado principalmente
em um histórico clínico detalhado e
exame físico completo.
Os testes clínicos ou de laboratório servem apenas
como uma ferramenta para confirmar o diagnóstico.
As técnicas convencionais incluem o teste cutâneo e
ensaios in vitro para anticorpos IgE específicos e desa-
fios alimentares (dieta de eliminação). Feito correta-
mente, os desafios alimentares orais continuam a ser
o padrão ouro na investigação diagnóstica. Recente-
mente, métodos de diagnóstico não-convencionais
são cada vez mais utilizados. Estes, incluem alimen-
tos IgG específicos, o anticorpo antígeno leucocitário
e testes de provocação intradérmicas/sublinguais,
bem como alimentos citotóxicos, cinesiologia apli-
cada e triagem eletrodermal. Mas esses métodos
carecem de fundamentação científica, padronização
e reprodutibilidade e, até o momento, não há estudos
bem projetados para suportá-los, havendo diversos
autores que refutam a sua utilidade.
PREVENÇÃO PARA
ALERGIAS
Como já descrito no decorrer do artigo, os processos
alérgicos, sejam de origem alimentar, respiratória ou
tópica, são decorrentes do desequilíbrio do sistema
imune. Asma, rinite, urticária, não importa a forma
que a alergia possa tomar, o sistema imune alterado
pode reagir de forma excessiva, e sabe-se que ele se
relaciona diretamente com o trato gastrointestinal.
Assim, alimentos e um desequilíbrio da microbiota
intestinal podem estar alimentando esse processo. O
ideal é uma modificação na dieta procurando a inges-
tão de produtos fermentados não pasteurizados,
ricos em lactobacilos, com fonte de fibras e orgâ-
nicos, bem como a retirada de alimentos contendo
agrotóxicos e antibióticos, e produtos processados
repletos de açúcar, corante, conservante e soja.21
A prevenção na criança inicia-se com os bons hábi-
tos alimentares da mãe durante a vida intrauterina
e prossegue com o estímulo da amamentação por
96 R E V I S TA E S S E N T I A | 9 a ed.
maior tempo possível. A carga de microrganismos
benéficos e os nutrientes é repassada da mãe para
o filho, e por isso é crucial uma boa alimentação
com uma flora intestinal equilibrada durante todo
esse período. A introdução dos alimentos sólidos
também deve ser muito bem selecionada com frutas,
verduras e carnes orgânicas, evitando os alimentos
processados, e deve ser mantida até pelo menos 3
anos.22
As fibras (chamadas de prebióticas, pois alimentam
o crescimento bacteriano intestinal) são as maiores
aliadas na regulação da microbiota intestinal. Um inte-
ressante trabalho científico, elaborado por pesquisa-
dores da Universidade de Lausana, Suíça, e publicado
na renomada revista Nature Medicine, mostrou que
uma dieta rica em fibras foi capaz de alterar a micro-
biota do intestino e do pulmão protegendo contra
inflamações alérgicas no pulmão quando comparado
ao teste controle (sem ingestão de fibras).23
Quanto aos probióticos, inúmeros estudos também
associam o seu uso com a redução de episódios de
alergia.21, 24 Crianças podem ter menos cólicas abdo-
minais se for dado probióticos nos primeiros meses
de vida. Mães que fizeram uso de probióticos na gesta-
ção terão filhos com menos eczemas alérgicos.25, 26
O uso de alguns insumos como betaglucana, timo-
modulina e epicor, vitamina C, magnésio e ômega-3
podem ser usados para estimular o sistema imune
além de evitar a liberação de histamina. A vitamina D
também se mostra aliada como potente moduladora
de imunidade, há estudos inclusive que sugerem que
pessoas com menor dosagem de vitamina D são mais
suscetíveis a processos alérgicos.27
Assim como um exército, o sistema imune precisa ser
muito bem liderado para reconhecer os verdadeiros
inimigos. Para isso, você precisa fornecer subsídio e
treinamento a ele optando por bons hábitos alimen-
tares e uma melhor qualidade de vida. Pequenas
decisões, mas com grandes resultados capazes de
reorganizar seu exército enfraquecido.

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