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DEFINIÇÃO
Para simplificação da notação, serão, daqui para a frente, chamadas simples mente
de pesquisas exploratórias, pesquisas descritivas e pesquisas causais
PESQUISA EXPLORATÓRIA
A pesquisa exploratória visa prover o pesquisador de maior conhecimento sobre o
tema ou problema de pesquisa em perspectiva. Por isso, é apropriada para os primeiros
estágios da investigação quando a familiaridade, o conhecimento e a com preensão do
fenómeno por parte do pesquisador são, geralmente, pouco ou inexistentes.
Este tipo de pesquisa é particularmente útil quando se tem uma noção muito vaga
do problema de pesquisa. Será preciso conhecer de maneira mais profunda o assunto para
se estabelecer melhor o problema de pesquisa através da elaboração de questões de
pesquisa e do desenvolvimento ou criação de hipóteses explicativas para os fatos e
fenómenos a serem estudados. Nos primeiros estágios da pesquisa, o pes quisador não
tem conhecimento suficiente para formular questões e (ou) hipóteses específicas (uma
hipótese é uma afirmação que especifica como duas variáveis devem estar relacionadas).
Mesmo quando já existam conhecimentos do pesquisador sobre o assunto, a pesquisa
exploratória também se faz útil, pois normalmente para um mesmo fato em marketing
poderá haver inúmeras explicações alternativas, e sua utilização permitirá ao pesquisador
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tomar conhecimento, senão de todas, da maioria delas. A seguir um exemplo para ilustrar
esse fato:
Fato verificado: vendas do produto A estão caindo. Possíveis
explicações para o fato:
- preço elevado;
- força de vendas fraca: número de vendedores insuficiente, vendedores des-
motivados, vendedores mal treinados;
- propaganda fraca: insuficiente, ineficaz, meios de comunicação utilizados
inadequados;
- promoção de vendas: ausente, fraca, inadequada;
- ausência do produto nos pontos de venda;
- problemas com o produto: produto em si, marca, embalagem, mal uso do
produto, assistência técnica ruim.
-
CONCEITO E TIPOS DE PESQUISAS
- descobrir ou verificar a existência de relação entre variáveis. Por exemplo, será que as
pessoas de maior nível educacional preferem nosso produto?; será que as novelas de TV
são assistidas mais pelas mulheres com mais de 40 anos do que pelas mais jovens?
(observe que nenhuma destas perguntas envolve relação de causa e efeito entre as
variáveis, mas simplesmente a existência de relações).
Pesquisas descritivas
Levantamentos Estudos
de campo de
campo
Ocasioni Evolutivos
s
Painéis
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Profundidade
1 1.Estudos de casos
2.Estudos de campo
3.Levantamentos de campo
2
3
Amplitude
Figura 1.2 Diferenciação entre estudos de casos, estudos de campo e
levantamentos de campo, segundo a profundidade e a amplitude da
pesquisa.
Painel omnibus: uma variação da pesquisa painel que tem sido utilizada por
agências de pesquisa, principalmente no sentido de baratear o processo de coleta dos
dados, é o chamado painel omnibus, que consiste numa amostra permanente de uma
população que é frequentemente pesquisada. As informações coletadas podem variar
conforme as necessidades dos clientes contratantes da agência. Uma vez, pode-se
medir atitudes em relação a um novo produto, em outra os membros do painel podem
ser solicitados a avaliar alternativas para propaganda. Inclusive, numa mesma coleta,
dados de diferentes produtos para diferentes clientes podem ser levantados. Depen-
dendo do grau de especificidade da pesquisa, às vezes, faz-se necessário selecionar do
total da amostra uma subamostra que reúna os elementos com as características dese-
jadas. Como os custos de montagem de um painel e de coleta dos dados são elevados, à
medida que um painel pode ser utilizado para atender às necessidades de pesquisas de
vários clientes, haverá uma diluição dos custos.
Vantagens da pesquisa painel:
Conceito de causalidade
Em diversas situações da prática de marketing, tais como alterações no
preço de um produto, escolha do nome para um novo produto, escolha de uma
nova embalagem para um produto existente, qual o melhor perfil para a
equipe de vendas, quais devem ser os resultados de uma nova campanha de
propaganda ou de promoção de vendas, quais as razões de um insucesso de
vendas, há a necessidade de os gerentes de marketing descobrirem relações de
causa e efeito entre as variáveis de decisão de marketing (sobre as quais eles
têm controle) e as variáveis de resultado (sobre as quais eles não têm controle).
No entanto, a atribuição, na prática, da "causalidade", ou seja, ter a certeza de
que "o responsável por isso foi aquilo" não é simples de ser esta belecida.
Selltiz et ai. (1959) apresentam interessante discussão sobre a problemática do
estabelecimento de relações de causa e efeito. O senso comum que se faz de
causalidade é a de que um único acontecimento, a "causa", sempre provoca
outro acontecimento, o "efeito". É chamada causação determinística. De forma
esquemática, a causalidade, segundo o senso comum, pode ser assim
representada:
As informações constantes da Tabela 1.1 evidenciam que há variação concomitante entre as duas variáveis
relacionadas, ou seja, à medida que piora a qualidade da concessionária, também piora a participação de
mercado da empresa, e vice versa. Cuidado, apenas podemos concluir que há variação concomitante, mas não
podemos concluir que este fato seja a razão da baixa participação de mercado da empresa, sem que estudos mais
profundos sejam realizados. Veja que a seguinte condição alternativa poderia estar relacionada com o fato
observado: "A qualidade das concessionárias que a empresa consegue atrair para sua rede de distribuição é baixa
porque seus produtos não exercem atratividade no mercado, e por isso não despertam o interesse das boas
concessionárias."
Ordem de ocorrência das variáveis no tempo: diz-se que um evento só poderá ser causador de outro se ocorrer
antes ou simultaneamente ao efeito causado. Ou seja, no exemplo deste capítulo, o diretor de vendas jamais
poderia alegar que a razão do incremento nas vendas teria sido o treinamento realizado, se este só tivesse
ocorrido um mês após o início do crescimento nas vendas.
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Mesmo já tendo estabelecido que dois eventos variam concomitantemente no tempo, e também verificado que o
evento causador antecede à ocorrência do efeito, o pesquisador não pode inferir que há relação de causa e efeito,
pois ainda permanecerá a dúvida: "será que existem outros possíveis eventos que possam estar causando o efeito
observado?"
Eliminação de outros fatores: o terceiro critério que precisa ser atendido para que se possa induzir uma relação
de causa e efeito é a busca e eliminação de outros possíveis fatores causadores do efeito estudado. O problema é
que aqui, diferentemente dos dois casos anteriores, não existe regra para aplicação deste critério. O pesquisador
precisa usar de toda sua experiência e sensibilidade para procurar encontrar e tentar eliminar os outros possíveis
fatores. Segundo Churchill (1979), a eliminação de outros possíveis fatores é muito parecida com a abordagem
usada por Sherlock Holmes para desvendar os crimes misteriosos, ou seja, se você conseguir eliminar todas as
possíveis causas menos uma, esta deverá ser inferida como a causadora do efeito. Na prática de pesquisa de
marketing, esse critério será aplicado com a medição de outras possíveis variáveis ou controlando as outras
causas, através do projeto do experimento, como será visto adiante neste capítulo.
A postura correta em relação a estes três tipos de critérios para detectar a evidência de causalidade é que eles
proporcionam base razoável para que se acredite que uma variável x é, ou não é, causadora de y. Jamais ter-se-á
certeza se os resultados serão verdadeiros, mesmo quando todo o relacionamento tenha sido conclusivamente
demonstrado. Ganha-se maior confiabilidade nos resultados, à medida que repetidas experimentações com as
mesmas variáveis independente e dependente indicam sempre as mesmas conclusões
Experimentação
Uso de projetos experimentais em marketing: uma das formas mais utilizadas em marketing para procurar
identificar relações de causa e efeito entre variáveis é a experimentação. É apresentada no Quadro 1.3 uma
listagem das inúmeras utilizações possíveis de projetos experimentais em marketing, além dos testes de
marketing.
Esses são apenas alguns exemplos e esta lista poderia ser estendida indefinidamente.
Definições e conceitos: para facilitar o entendimento dos projetos experimentais que serão apresentados a
seguir, é importante antes conhecer alguns conceitos e definições básicos.
"Um experimento é um tipo de pesquisa científica na qual um pesquisador manipula e controla uma ou
mais variáveis independentes e observa a variação na variável ou variáveis dependentes
concomitantemente à manipulação das variáveis independentes."
Variáveis independentes (ou tratamentos): são as variáveis que são manipuladas e (ou controladas) cujos
efeitos sobre as variáveis dependentes se deseja medir. Exemplos de variáveis independentes em marketing:
preço, gastos em propaganda, tipos de promoções, meios de distribuição, componentes do produto (produto em
si, design, marca, sabor, cor, embalagem etc).
Variáveis dependentes: são as variáveis cujos efeitos, provocados pelas variáveis independentes,
interessam ao pesquisador medir. Exemplos de variáveis dependentes em marketing: vendas, participação no
mercado, experimentação, atitudes, imagem, elevação do nível de estocagem do produto nos lares etc.
Variáveis estranhas: São todas as outras variáveis, que não as variáveis independentes consideradas, que
possam afetar os resultados da variável dependente. Assim, seria uma variável estranha a promoção de vendas
que fosse realizada simultaneamente a um estudo que procurasse verificar o resultado sobre as vendas de uma
pretendida redução no preço de um produto. Os efeitos dessa promoção de vendas iriam "mascarar" os
resultados que se pretende medir exclusivamente em função da redução de preços pretendida. O pesquisador
tem três possíveis formas de lidar com variáveis estranhas para procurar isolar, controlar ou eliminar seus
efeitos sobre a variável dependente. A primeira é controlar fisicamente a variável.
No exemplo visto, o experimento deveria ser conduzido em unidades de supermercado em que não houvesse
simultaneamente atividades de promoção de vendas (ou deveria ser solicitada a área de promoção de vendas que
reservasse algumas unidades de supermercado com ausência de promoção de vendas para que o experimento
fosse realizado). A segunda maneira é, se o controle físico não for possível, fazer com que o experimento seja
conduzido em unidades, com a variável estranha, randomicamente selecionada. A terceira, e mais adequada
maneira, é controlar os efeitos das variáveis estranhas, através de experimentos especificamente projetados com
esse intento. Na sequência deste Capítulo, será analisada esta terceira forma de lidar com variáveis estranhas.
Unidades de teste (ou unidades experimentais): as unidades de teste são as entidades nas quais os
tratamentos são aplicados e os efeitos medidos. Em marketing, pode-se utilizar como unidades de testes pessoas
ou instituições, tais como indivíduos, famílias, lojas, regiões geográficas etc. Exemplos: indivíduos serão as
unidades de teste quando os expomos a determinada propaganda e, em seguida, medimos as mudanças nas suas
atitudes em relação ao produto em tela; supermercados serão as unidades de teste quando realizamos uma
atividade promocional em suas dependências e medimos o efeito sobre as vendas do nosso produto em cada
loja.
Grupo de controle: são as unidades de teste não expostas ao tratamento experimental e que servem para
medir os efeitos das outras variáveis a que tanto o grupo experimental quanto o de controle estão sujeitos.
Projeto experimental: um projeto experimental envolve: (1) a definição de uma hipótese, relacionando
duas ou mais variáveis; (2) determinação da variável (ou variáveis) independente (ou do tratamento); (3)
determinação da(s) unidade(s) de teste; (4) determinação da variável (ou variáveis) dependente(s); e (5)
determinação dos procedimentos para tratar as variáveis estranhas.
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Experimentos de laboratório: os experimentos de laboratório em pesquisas de marketing são os que
estão mais próximos do conceito de experimento em Ciências Exatas, segundo o qual o pesquisador tem total
controle sobre as variáveis intervenientes no fenómeno observado. Segundo Festinger & Katz (1950):
"Um experimento de laboratório pode ser definido como aquele em que o pesquisador consegue criar
uma situação com as condições exatas que desejaria ter e na qual ele controla algumas e manipula outras
variáveis. Além disso, ele pode observar e medir os efeitos dessa manipulação das variáveis independentes
sobre as variáveis dependentes, numa situação em que os outros fatores relevantes são mantidos constantes."
Em pesquisas de marketing, os experimentos de laboratório, se, por um lado, têm a vantagem de permitir
que o pesquisador tenha grande controle sobre todas as variáveis intervenientes no processo, têm, por outro
lado, como grande desvantagem o fato de constituírem uma situação fictícia, em que as unidades de teste
podem, justamente por causa disso, ter uma reação totalmente atípica à de uma reação natural.
Tipos de variáveis estranhas: já foi enfatizada a necessidade de controlar as variáveis estranhas durante
a realização de um experimento de marketing no sentido de que o resultado não fosse confundido. Estas
variáveis estranhas podem ser de diferentes tipos (Kinnear & Taylor, 1979; Churchill, 1979; Campbell &
Stanley, 1966): história (H), maturação (M), efeito teste (T), variações nos instrumentos (I), regressão estatística
(R), viés de seleção (V) e mortalidade das unidades de teste (MT). Cada um destes casos será, a seguir,
analisado.
História (H): história refere-se a eventos específicos que estão ocorrendo ao mesmo tempo, mas
externamente ao experimento, e que podem estar afetando a variação da variável dependente.
Maturação (M): a maturação diz respeito às mudanças que ocorrem nas unidades de teste ao longo da
duração do experimento. Nada é estático, tudo muda com a passagem do tempo, e à medida que transcorre o
experimento, principalmente se muito longo, inúmeras mudanças poderão ocorrer com as unidades de teste
que poderão afetar os resultados da variável dependente. Exemplo: pessoas no início do experimento eram
solteiras e depois casaram, ficaram mais velhas, formaram-se, ou mudaram o status social, lojas foram
reformadas ou mudaram de direção, distribuidores cresceram e diversificaram-se etc.
Efeito teste (T): o efeito teste diz respeito às interferências sobre a variável dependente resultantes de
medições dela tomadas antes que tenha sido exposta ao tratamento. O efeito teste ocorre quando a primeira
medição, feita antes de expor as unidades de teste ao tratamento, podem afetar as respostas das unidades de
teste à variável experimental pelo fato das unidades de teste passarem a ficar mais interes sadas e curiosas a
respeito do que está sendo medido, podendo isso interferir na sua maneira normal de reagir ao tratamento.
Variações nos instrumentos (I): a variação nos instrumentos diz respeito a qualquer mudança que
possa ter ocorrido com o(s) instrumento(s) utilizado(s) na medição das variáveis, entre as medições. Essa
mudança tanto pode ser em função de mudanças efetivas no instrumento quanto em função de diferentes formas
de sua aplicação.
Regressão estatística (R): os efeitos decorrentes de regressão estatística ocorrem quando as unidades de
teste escolhidas para a realização do experimento possuem posições extremadas em relação à variável
dependente. Ao serem expostas ao tratamento, seus resultados tendem a mover-se rapidamente para um valor
médio da população de onde foram retiradas. Essa variação rápida, acima do normal, na variável dependente,
que pode estar trazendo grande distorção para os resultados, é chamada de efeito regressão estatística. A
seleção de unidades de teste através de amostragens probabilísti-cas pode eliminar a ocorrência deste efeito. Sua
ocorrência estaria presente no experimento que, procurando medir os efeitos de um programa de treinamento
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da equipe de vendas, escolhesse para unidades de teste os dez piores vendedores da empresa. Esses
vendedores, ao serem expostos ao programa de treinamento, deverão ter uma reação ao treinamento, medida
através do incremento em suas vendas, maior do que a que deve ocorrer com toda a equipe de vendas.
Viés de seleção (V): os vieses de seleção ocorrem quando selecionamos unidades de teste com grandes
diferenças em relação à variável dependente, antes que sejam expostas ao tratamento. No exemplo visto no item
anterior, ocorreria viés de seleção se fosse montado um experimento para medir o resultado sobre as vendas
resultantes do programa de treinamento com o grupo dos dez piores vendedores da empresa, expostos ao
tratamento, e o grupo dos dez melhores, não expostos ao tratamento, e serviria como grupo de controle (para
medir o efeito de outras variáveis). Neste caso, além do efeito regressão estatística nos dois grupos, teríamos a
agravar o experimento o viés de seleção, pois estaríamos comparando dois grupos heterogéneos e, portanto,
não comparáveis. A forma de reduzir e/ou eliminar a ocorrência deste efeito é a utilização de processos
randômicos ao longo de todo o experimento.
Mortalidade das unidades de teste (MT): a mortalidade das unidades de teste diz respeito às interferências
que ocorrem nos resultados, devido às perdas que ocorrem nas unidades de teste, durante a realização de um
experimento. Suponha que, no exemplo do treinamento da equipe de vendas, entre uma medição e outra, três
vendedores tenham pedido demissão da empresa e dois outros tenham sido transferidos para uma nova região
de vendas. O experimento estará completamente comprometido.
Todos estes tipos de variáveis estranhas constituem explicações alternativas para as variações que
ocorrem na variável dependente e que podem distorcer totalmente o efeito que se está procurando medir. A
forma de evitar, eliminar ou controlar seus efeitos é através de um adequado projeto experimental.
Notação utilizada em experimentos: para facilitar o entendimento da apresentação que segue dos
diversos projetos experimentais, é adotada a simbologia proposta por Banks (1965), apresentada no Quadro 1.4.
Símbolo Significado
X Representa que uma unidade de teste, ou um grupo
experimental foi exposto a um tratamento cujo efeito sobre
a variável dependente deverá ser determinado.
O Representa que uma medida da variável dependente na
unidade de teste foi tirada ou observada.
R Significa que os indivíduos foram distribuídos pelos grupos
de forma probabilística, e que cada grupo foi também
probabilisticamente determinado para receber diferentes
tratamentos.
Observações: - Todos os símbolos situados numa mesma linha
referem-se ao mesmo grupo ou unidade de teste.
- Todos os símbolos situados numa mesma vertical referem-se ao
mesmo período de tempo.
— 0 acompanhamento do experimento no tempo é feito pela leitura dos
símbolos da esquerda para a direita.
Projetos experimentais
Existem inúmeros tipos de projetos experimentais, dos quais serão apresentados neste livro apenas os
três mais utilizados em pesquisas de marketing. Os projetos experimentais são classificados segundo o momento
da medição da variável dependente em projetos antes, projetos depois e projetos antes e depois do tratamento
e segundo o número de grupos experimentais e de controle utilizados no projeto.
Os projetos a seguir apresentados poderão ter seus grupos formados e se- lecionados para exposição ao
tratamento por processos não aleatórios, por auto-escolha dos respondentes ou por escolha arbitrária do
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pesquisador. Deixaremos de apresentar estas versões principalmente por essa "fraqueza" constitucional que as
caracteriza. Seu uso somente se justifica quando a utilização de processos probabilísticos na formação dos
grupos seja impossível. Excetuando este aspecto, todos os procedimentos são idênticos aos dos projetos que
serão apresentados.
Projeto antes-depois sem grupo de controle: A representação esquemática deste projeto é:
R O1 X O2
Note que, neste projeto, a unidade de teste foi probabilisticamente constituída (R) e foi realizada uma
medida antes (Oj) e uma depois (O2).
No entanto, o efeito observado em um projeto experimental com estas carac terísticas não pode
ser considerado como resultante única e exclusivamente da exposição ao tratamento, pois inúmeras
variáveis estranhas podem ter estado presentes e mascarado o resultado. Por exemplo, o grupo pode
ter sido exposto simultaneamente a propaganda do mesmo produto na televisão (história) e ter mudado
sua atitude devido a ela; a medição antes pode ter despertado a atenção desses consumidores para o
produto e para todas as propagandas do produto (efeito teste); a medição antes pode influenciar os
respondentes a terem determinadas respostas na medição depois que não correspondam à realidade
(efeito teste); entrevistadores diferentes para medir a atitude antes e depois podem ter interferido nas
respostas (instrumento) etc. Todos esses problemas indicam que este projeto tem uma "fraqueza"
constitucional que faz com que sua validade interna seja muito pequena.
Projeto apenas depois com um grupo de controle: a representação esquemática deste
projeto é:
Grupo experimental R X O₂
Grupo de controle R O2
Este projeto é constituído de duas unidades de teste, uma é utilizada como grupo
experimental, exposto ao tratamento e às variáveis estranhas, e outra como grupo de controle,
exposto apenas às variáveis estranhas. Tanto a constituição das unidades de teste como a determinação
de qual será o grupo experimental e o grupo de controle são feitas mediante processos aleatórios (R).
Após o período de exposição do grupo experimental ao tratamento, são efetuadas medições no grupo
experimental (Ox) e no grupo de controle (O2). Partindo do pressuposto de que os dois grupos são
idênticos, o resultado da exposição do grupo experimental ao tratamento poderá ser:
d = Ol-O2
sendo O₁ = ET + H + M +T+I +R +MT
e O₂ = H +M +T +I +R +MT
teremos que d = Ox - O2 = ET
Note que este projeto experimental apresenta grande número de pontos positivos quando comparado com
o anterior. Não havendo medições antes em nenhum dos grupos, não haverá problemas com o efeito
teste; tendo sido os dois grupos aleatoriamente formados e aleatoriamente um escolhido para ser exposto
ao tratamento, não haverá problemas de viés de seleção e de regressão estatística; como o grupo de
controle está sujeito a todas as outras variáveis exógenas ao experimento, esse efeito pode ser extraído
da medição do grupo experimental, eliminando assim o efeito história; como os grupos são teoricamente
idênticos, pode-se também admitir, porém sem certeza, que a maturação e a mortalidade devem ter
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ocorrido de forma semelhante nos dois grupos e seu efeito foi eliminado através do grupo de controle.
Permaneceriam apenas dúvidas quanto ao efeito instrumento, havendo, no entanto, cuidados em sua
aplicação, poderia ser perfeitamente controlado. Por todos estes pontos positivos, conclui-se que é um
bom projeto experimental. Apenas um porém precisa ser registrado: como não são efetuadas medidas an -
tes no grupo experimental nem no grupo de controle, mesmo estes tendo sido constituídos de forma
probabilística, sempre permanecerá a dúvida se eram efeti- vamente idênticos em relação à variável
dependente, antes de expostos ao tratamento. Excetuando este detalhe, este projeto apresenta grande
validade interna.
Um exemplo da aplicação deste projeto seria, ao se pretender testar uma nova forma de treinamento de novos
vendedores, formar, por processos probabilísticos, dois grupos de novos vendedores, e por sorteio determinar
qual grupo será o experimental. Em seguida, expor o grupo experimental a nova forma de treinamento, e o
grupo de controle à forma tradicional. Após o período de exposição, acompanhar o desempenho de um e outro
grupo (poderá ser em vendas, ou número de visitas, ou número de novos clientes conquistados, ou até um
indicador que leve em consideração tudo isso), a diferença verificada no desempenho entre o grupo de controle
e o grupo experimental será atribuída à nova forma de treinamento. Note que a principal "fraqueza" deste pro-
jeto é a de não se ter certeza de que os grupos sejam realmente semelhantes. Poderá haver entre seus
componentes diferenças de experiências, de capacidades, de exposição a treinamentos anteriores em outras
empresas, de personalidades, de motivação etc. que poderão ser responsáveis por diferentes desempenhos dos
grupos. Uma forma de procurar reduzir o efeito deste problema é, na formação dos grupos, conciliar métodos
probabilísticos com a escolha do pesquisador a partir da ficha de cada vendedor, de forma a fazer com que os
grupos sejam o mais semelhantes possíveis, no maior número de variáveis consideradas importantes para o
experimento. Uma maneira de proceder para a criação de grupos semelhantes é ir selecionando e distribuindo os
elementos para os grupos de forma pareada, ou seja, procurar encontrar na população, ou na amostra já
selecionada, pares de indivíduos com características bem semelhantes e os distribuir pelos grupos; a seguir,
sorteia-se qual grupo será experimental.
Grupo experimental R O1 X O2
Grupo de controle R O3 O4
Notar que este projeto é em tudo similar ao anterior, com a vantagem de que neste são tomadas medidas
antes, tanto no grupo experimental, quanto no de controle, facilitando a comparação entre os grupos. Todas as
vantagens apresentadas no projeto anterior permanecem (a menos do efeito teste interativo que agora surge em
função das medições antes realizadas nos dois grupos). A premissa deste projeto é de que todas as variáveis
estranhas agem igualmente sobre os dois grupos, e a única diferença entre eles é a exposição do grupo
experimental ao tratamento. O efeito do tratamento no grupo experimental na variável dependente será:
ou seja, o efeito medido sobre a variável dependente neste projeto experimental será o resultante do
tratamento a que foi exposto o grupo experimental.
Quando, neste mesmo esquema de projeto, os grupos não forem constituídos de forma
probabilística, sua denominação passa a ser projeto antes-depois com grupo de controle não
equivalente.
Projeto séries de tempo: este projeto compreende a definição de uma unidade de teste em que são
efetuadas, periodicamente, na variável dependente, várias medidas antes e várias depois de expô-la a
determinado tratamento experimental. A mudança observada entre o padrão das medidas tomadas antes e
depois é atribuída ao efeito tratamento. Como o tratamento é aplicado à unidade de teste numa situação
ambiental natural, este projeto possui uma grande validade externa. Sua representação esquemática é:
O1 O2 O3 O4 O5 X O6 O7 O8 O9 Ow
Note que, neste projeto, o pesquisador tem controle sobre quando as medidas são efetuadas e de quem
elas são tiradas, mas não tem controle sobre a exposição dos elementos das unidades de teste (não tem controle
de quem efetivamente foi exposto, nem o quanto foi exposto). O interesse maior do pesquisador, ao utilizar um
projeto experimental séries de tempo, é estabelecer quais os efeitos verdadeiros proporcionados sobre a variável
experimental pela exposição da unidade de teste ao tratamento. Para chegar a esta conclusão, deverá eliminar
outras possíveis hipóteses explicativas para a ocorrência do efeito, e é neste aspecto que este projeto apresenta
"fraquezas" semelhantes às apontadas no projeto experimental antes-depois sem grupo de controle. Note que o
projeto quase experimental séries de tempo é, estruturalmente, em tudo semelhante ao projeto experimental
antes-depois sem grupo de controle, com a única diferença de que são tomadas, em vez de uma, várias medidas
antes e várias depois. Porém, o fato de acompanhar a evolução no tempo da variável dependente proporciona
ao pesquisador um controle maior dos efeitos das variáveis estranhas. Este tipo de projeto quase experimental
é muito utilizado em pesquisas de marketing, sendo as pesquisas painéis (de consumidores, de telespectadores,
de rádio-ouvintes, de leitores, de lojas etc.) sua aplicação mais comum.
Projeto séries de tempo com grupo de controle: analogamente à comparação le foi feita no item
anterior, este projeto é estruturalmente semelhante ao projeto an-rdepois com um grupo de controle, com a
diferença de que agora são tomadas rias medidas antes e várias depois nos grupos experimentais e de
controle. A repre-ntação esquemática deste projeto é:
O1 O 2 O3 O4 O5 X O6 O7 O8 O9 O10 O11 O 12 O13 O14 O15 O16 O17 O18 O19 O20
A vantagem deste projeto é, se for conseguido um grupo de controle equiva-ite ao grupo experimental,
que se obtém uma certeza muito maior sobre os resul-ios do efeito tratamento do que no projeto anterior,
pois agora o pesquisador pode mparar o efeito tratamento tanto em relação ao grupo experimental quanto em
re-;ão ao grupo de controle, conseguindo desta forma grande validade externa para os sultados. O único
problema deste projeto é a possibilidade de efeito interativo no upo experimental, sob o qual o pesquisador
não terá controle.
Um exemplo da utilização deste projeto é o de se constituírem duas unidades ! teste formadas por
supermercados equivalentes, visando medir os efeitos de uma mpanha de promoção de vendas realizada a que
é exposta apenas a unidade de teste perimental.
Passos para a realização de um projeto experimental: A realização de um pro-o experimental
compreende os seguintes passos:
1. identificação ou estabelecimento do problema;
2. formulação da hipótese;
3. escolher o projeto experimental adequado;
1. efetuar uma previsão dos possíveis resultados que este projeto poderá lhe
fornecer e verificar se atenderão ao problema de pesquisa;
2. verificar se os dados a serem obtidos poderão ser analisados pelos procedi
mentos estatísticos disponíveis;
4. realizar o experimento;
3. aplicar os procedimentos de análises estatísticas aos dados para verificar se
os efeitos são reais ou apenas aparentes;
5. tirar conclusões referentes às validades interna e externa.
Teste de marketing
O conceito de teste de marketing ou teste de mercado é, segundo Kinnear & Taylor (1979):
"A implementação e a monitoração de um programa de marketing numa pequena parte do mercado
geográfico visado para o produto em questão."
O teste de marketing é frequentemente utilizado para testar o lançamento de um novo produto ou uma nova
versão de um produto existente. Os gerentes de marketing precisam utilizar seu julgamento pessoal e outras
formas de pesquisa para remunero de alternativas e, se possível, ficarem com apenas uma para testar.
Imagine um gerente que desejasse testar três opções de preço, três opções de embalagen s, duas opções de
propaganda, duas opções de marca, dois diferentes pontos de distribuição e três diferentes versões do produto
em si. Veja quantas diferentes unidades de teste este gerente precisaria para levar seu teste adiante:
É evidente que um teste com este número de unidades de teste (que no caso de teste de markering são cidades) é
inviável, tanto pela impossibilidade de se conseguirem tantas cidades para unidades de teste, como pelo custo e
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tempo que demandaria.
Usos do teste de marketing: utilizam-se os testes de marketing para três finalidades: como
treinamento gerencial, para efetuar previsões de vendas e para ajustar as de marketing do produto
(produto, preço, promoção e pontos de distribuição).
Para controle gerencial, o teste de marketing permite que a empresa e seus executivos ganhem
experiência e conhecimento antes de empreenderem um projeto em grande escala. Exemplos de experiência
que podem ser adquiridas através do teste de marketing: na movimentação e manipulação física do produto
(armazenagem, trans-
porte, expedição, duração do produto na prateleira do supermercado etc); na produção (de senvolvimento
de fornecedores, treinamento dos operários em novos eqipamentos e com novas matérias-primas etc.) e
na própria atividade de marketing (superar dificuldades em conseguir distribuição, fixar o preço nos diversos
níveis de distribuição, como produzir um comercial, como efetuar promoções de vendas etc).
Quando o teste de marketing é usado apenas com este objetivo, não há muita preocupação com a correção do
projeto experimental usado, pois, afinal, o interesse é apenas em treinar o pessoal nesse novo produto ou novo
mercado.
Para efetuar previsões de vendas, o projeto experimental precisa estar muito bem elaborado para que não
se cometam erros de avaliações. Quando se realiza um teste de marketing com este objetivo, está se
procurando extrapolar os resultados do teste de uma pequena região, em termos de vendas, participação de
mercado e lucros, para um lançamento em nível nacional.
O maior uso do teste de marketing é efetivamente para ajustar as variáveis de decisão de marketing.
Quando se está providenciando o lançamento de um novo produto, ou mesmo modificando um produto
existente, é muito difícil avaliar qual será a reação do consumidor às inúmeras e complexas variáveis de
marketing que compõem um lançamento. O risco de se fazer o lançamento em nível nacional e cometer-se um
poderá significar não só a perda de milhões de reais, como também o custo de oportunidade e (dependendo
do erro cometido, o produto poderá estar irremediávelmente queimado no mercado). O lançamento numa
pequena região permitirá que os possíveis erros possam ser corrigidos a um custo razoável e, mesmo que se
cometam erros irremediáveis, o produto estará queimado apenas naquela pequena região. As chances de que o
lançamento, em nível nacional, de um produto que tenha sido ajustado através de um teste de marketing seja
bem-sucedido são infinitamente maiores que as de outro que não o tenha sido. As informações para decisão de
marketing que um teste de marketing pode fornecer compreendem:
Infelizmente, os custos de um teste de marketing são muito elevados, o que com certeza impede que
muito mais empresas façam uso dele.
Critérios para selecionar locais para teste de marketing: a cidade ideal para a realização de testes de
marketing não existe. Esta cidade deveria ser representativa de todo o mercado brasileiro, e desconhece-se que
tenha alguma cidade brasileira que tenha esta característica. O que deve ser feito é procurar cidades que
reunam um grande número de características que as aproximem do mercado teste ideal.
Duração do teste de marketing: a duração do teste varia em função de seus objetivos, do tipo de
produto testado, dos riscos envolvidos em sua duração e do custo para sua realização. Em média, os testes de
marketing não devem durar menos de seis nem mais de 12 meses.
Se o objetivo do teste for avaliar apenas uma versão do plano de marketing poderá ter uma duração mais
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curta; se o objetivo for avaliar várias versões, a duração será maior.
Quanto maior for a frequência de compra do tipo de produto testado, menor poderá ser o período de
teste, e vice-versa.
Quanto maior o risco envolvido em ter o produto copiado ou imitado pelos concorrentes, menor deve
ser a duração do teste.
Os custos envolvidos na realização do teste, comparados ao ganho adicional de informação em alongar
sua duração, devem ajudar a determinar a duração que o teste deve ter.
Há quatro diferentes fontes de dados em pesquisas de marketing: pesquisado, pessoas que tenham
informações sobre o pesquisado, situações similares e dados disponíveis.
Pesquisado
Os próprios pesquisados são a maior fonte de dados em pesquisas de marketing. O dado pode ser
obtido do pesquisado através de sua própria declaração, oralmente ou por escrito, ou através de sua
observação.
Situações similares
Outra fonte de dados para a pesquisa de marketing é a busca de conhecimento em situações análogas ou
similares, naturais ou criadas pelo pesquisador. Aprende-se bastante em saber como outra empresa procedeu
para o lançamento de um produto similar como outras empresas do mesmo ramo trabalham com a variável
promoção de vendas como foram as reações dos consumidores quando determinado produto foi lançado em
outro mercado etc. As formas básicas de conhecer situações similares sao através do estudo de casos, do
experimento e da simulação.
O estudo de casos, apresentado no Capítulo 1, envolve o estudo intensivo de algumas situações reais e
relevantes para um particular problema estabelecido e, como já visto, é utilizado, principalmente, com objetivos
exploratórios.
O experimento, também apresentado no Capítulo 1, é um tipo de pesquisa em que um pesquisador
manipula e controla uma ou mais variáveis independentes e observa a variação concomitante na variável ou
variáveis dependentes.
A simulação consiste na criação de um modelo computacional de uma situação similar àquela em que se
deseja ganhar conhecimento. Com o modelo construído e testado, o pesquisador poderá, a qualquer momento,
simular o resultado que obteria se determinadas decisões sobre as variáveis de marketing fossem tomadas. Se a
resposta a simulação for favorável, esse conjunto de decisões simuladas pode transformar-se em decisões reais
23
Modelos de simulação mais sofisticados podem até indicar, diante de determinadas situações apresentadas,
qual o melhor conjunto de decisões que o gerente de marketing deve tomar. Os modelos de simulação podem
ser de três tipos: descritivos, preditivos e prescritivos.
A utilização de modelos de simulação em pesquisas de marketing apresenta inúmeras vantagens sobre
outros métodos de pesquisas:
Dados disponíveis
Existe uma infinidade de dados úteis para marketing que já foram coletados, tabulados e, às vezes,
até analisados que estão catalogados à disposição dos interessados; exigirão destes apenas o esforço de
dedicar algum tempo a bibliotecas, a visitas aos órgãos governamentais, a leitura de jornais e revistas ou a
consulta de informações padronizadas de empresas de pesquisas.
TIPOS DE DADOS
Os dados em pesquisas de marketing são classificados em dois grandes gru pos: primários e
secundários.
Dados primários: são aqueles que não foram antes coletados, estando ainda em posse dos
pesquisados, e que são coletados com o propósito de atender às necessidades específicas da pesquisa em
andamento. As fontes básicas de dados primários são: pesquisado, pessoas que tenham informações sobre
o pesquisado e situações similares.
Dados secundários: são aqueles que já foram coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, até
analisados e que estão catalogados à disposição dos interessados. As fontes básicas de dados secundários
são: a própria empresa, publicações, governos, instituições não governamentais e serviços padronizados de
informações de marketing.
É apresentada na Figura 2.1 a sequência dos passos que, normalmente, deve ser seguida na
definição dos dados e das fontes de dados no processo de pesquisas de marketing. É comum as pessoas
imaginarem que a única forma de obter dados em pesquisas de marketing seja através de um levantamento
de campo (construção e aplicação de um instrumento de coleta de dados a uma amostra
24
probabilística da população de pesquisa). Na verdade, os levantamentos de campo e outras formas de
coleta de dados primários somente deverão ser usados se outras formas mais rápidas, baratas e eficientes
não conseguirem atender às necessidades de dados da pesquisa. Um grande esforço nos estágios iniciais
da pesquisa deverá ser canalizado para procurar tentar descobrir se, ao menos em parte, os dados
necessários já não tenham sido coletados e estejam, de alguma forma, disponíveis. Este esforço inicial poderá
significar grande economia de tempo, dinheiro e esforço na realização da pesquisa.
• estudo de casos
• experimentos
• simulações
Figura 2.1 Passos na definição dos dados e das fontes de dados no processo de pesquisa de marketing.
25
- estabelecer melhor o problema de pesquisa;
- sugerir outros métodos já testados e aprovados de coleta dos dados;
- sugerir outros tipos de dados a serem coletados para obter as informações
desejadas;
- servir como fonte comparativa e complementar para os dados primários a serem coletados.
Finalmente, uma última desvantagem dos dados secundários diz respeito a sua confiabilidade. Para
poder utilizar dados secundários, o pesquisador precisa verificar qual sua confiabilidade tendo em vista os
propósitos de sua pesquisa. Uma grande limitação dos dados secundários está na dificuldade de avaliar a sua
confiabilidade e precisão.
Existem também várias instituições não governamentais que produzem, periodicamente, publicações
de interesse para pesquisa de marketing. Geralmente, são publicações de instituições de pesquisas, ligadas a
universidades ou escolas de ensino superior, que nelas divulgam os resultados de suas pesquisas e de seus
técnicos e pesquisadores. Exemplos dessas publicações: RAUSP - Revista de Administração da FEA/USP, RAE -
Revista de Administração de Empresas da FGV, Revista do IMES, Conjuntura Económica, Publicações da FIPE
- Fundação Instituto de Pesquisas da FEA/USP, Caderno de Pesquisas em Administração do PPGA-FEA/USP.
Governos: mesmo quando alguma informação coletada por instituições governamentais não é
publicada, vale a pena o esforço de dirigir-se diretamente à instituição responsável para procurar ter acesso aos
dados. É apresentada, a seguir, uma relação dessas instituições que, apesar de não os publicarem, são
detentoras de preciosos dados: Banco do Brasil, Banco Central do Brasil, Ministério da Infra-Estrutura (princi-
palmente órgãos que sucederam aos antigos CDI - Conselho de Desenvolvimento Industrial e CDC -
Conselho de Desenvolvimento Comercial), Ministério da Agricultura, Ministério da Saúde, Eletrobrás e todas
as empresas distribuidoras de energia elétrica dos estados, Telebrás e todas as empresas regionais e estaduais
de telecomunicações, Petrobrás, Secretaria da Receita Federal, Secretarias das Fazendas dos Governos
Estaduais, Prefeituras Municipais, empresas estaduais e municipais de captação e distribuição de águas e
esgotos.
Instituições não governamentais: analogamente, existem muitas instituições não governamentais,
como universidades, faculdades e centros de pesquisas ou associações e sindicatos patronais e de
empregados, que estão, constantemente, captando dados e produzindo valiosas informações que não são
publicadas. Aqui, também, vale o esforço de dirigir-se diretamente à instituição responsável para tentar
conseguir os dados. Exemplos dessas instituições: Fiesp/Ciesp - Federação e Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo e todos os seus sindicatos afiliados, ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores, SINDIPEÇAS - Sindicato Nacional da Indústria de Autopeças, ABAV - Associação
Brasileira das Agências de Viagem, DIEESE - Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas,
Departamento de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Centro de Estudos Agrícolas IBRE/FGV, FIPE -
Fundação Instituto de Economia da FEA/USP, FIA - Fundação Instituto de Administração da FEA/USP,
IPEAD - Instituto de Pesquisas Económicas e Administrativas (Belo Horizonte), CEI - Centro de Estatísticas e
Informações (Salvador), IEPE - Instituto de Estudos e Pesquisas Económicas (Porto Alegre), associações de
comércio, indústria, agro-pecuárias e de serviços estaduais e municipais.
27
Serviços padronizados de informações de marketing: existem muitos serviços padronizados
deinformação de marketing que estão disponíveis às empresas como mais uma fonte de dados secundários.
Os serviços padronizados de informações de marketing têm um custo de obtenção mais elevado do que as
outras fontes vistas até agora, porém são muito menos dispendiosos do que se fossem obtidos através da pes-
quisa de dados primários, pois seus custos são rateados entre todos os compradores desse serviço da empresa
produtora. Procurou-se, neste item, descrever alguns dos principais tipos e fontes de serviços padronizados de
informação de marketing disponíveis no Brasil, e outros que, apesar de importantes, ainda não estão disponíveis
no Brasil. A descrição que segue procura apenas ser exemplificativa, não é extensiva nem pretende ser exaustiva,
tendo em vista as dificuldades de obter informações mais detalhadas das empresas prestadoras dos serviços, bem
como das constantes mudanças que ocorrem no leque de empresas e de produtos oferecidos. São apresentados, a
seguir, os endereços das entidades associativas das empresas de pesquisas de marketing no Brasil, onde
informações a respeito dos serviços oferecidos e das empresas prestadoras poderão ser obtidas.
ABIPEME - Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisas de Mercado Av. Bernardino de Campos,
294, cj. 71 CEP 04004-041 - São Paulo - SP
SBPM - Sociedade Brasileira de Pesquisa de Mercado R. Santa Isabel, 305, 6o
andar, cj. 61 CEP 01221-010 - São Paulo - SP
ANEP - Associação Nacional das Empresas de Pesquisa Av. Brigadeiro Faria Lima,
1781, 6° andar, cj. 61 CEP 01451-001 - São Paulo - SP
Os dados dos serviços padronizados de informações de marketing podem ser classificados em: do
consumidor, do varejo, do atacado, da indústria e dos veículos de
comunicação.
Dados do atacado: é um levantamento similar ao efetuado nas lojas de varejo visto no item anterior, que
pesquisa dados semelhantes para o atacado. Este serviço ainda não é oferecido no Brasil.
Dados da indústria: há muito poucos serviços de informações de marketing sobre indústrias. Mesmo nos
EUA, os serviços de marketing sobre indústrias são ainda recentes; enquanto a Nielsen iniciou seus serviços de
auditoria de loja em 1934, estes começaram na década de 60. No Brasil, a Dun & Bradstreet e a Serasa oferecem
serviços de levantamentos de dados confidenciais, que, junto com uma infinidade de dados sobre propriedade
da empresa, situação patrimonial, situação econômico-financeira etc, apresentam alguns de interesse para
marketing, como volume de vendas, nível de lucratividade, nível de investimento, gastos em propaganda e
promoção de vendas, gastos em pesquisa e desenvolvimento, o que é muito pouco, diante do potencial que é
possível obter e fornecer.
Dados sobre os veículos de comunicação: os serviços de informações de marketing sobre os veículos de
comunicação no Brasil apresentam uma gama de informações disponíveis, abundantes quando comparadas aos
outros serviços.
Os serviços e as empresas que os oferecem no Brasil são:
DADOS PRIMÁRIOS
Tipos de dados primários geralmente coletados
Os dados coletados podem sor dos seguintes tipos: características demográficas, socioeconômicas e de
estilo de vida; atitudes e opiniões; conscientização e conhecimento; motivações; comportamento passado e
presente; e intenções. A seguir, são apresentados cada um desses tipos de dados primários.
Características demográficas, socioeconômicas e de estilo de vida: um tipo de dado de grande
importância para marketing é o relativo às características demográficas, socioeconômicas e de estilo de vida
dos respondentes, tais como: sexo, idade, nível educacional, estado civil, número de filhos, renda, ocupação,
bens e produtos possuídos etc. Com estes dados, o pesquisador pode elaborar tabulações cruzadas que lhe
permitirão identificar o relacionamento entre essas variáveis e opiniões e hábitos dos consumidores em relação ao produto
pesquisado. Poderá também fazer uma análise inversa e procurar, através da tabulação cruzada, identificar e caracterizar o
perfil do consumidor típico de determinado produto. Essas variáveis são tipicamente utilizadas no processo de segmentação de
mercado.
Algumas dessas variáveis são facilmente obtidas durante uma pesquisa. São elas: sexo, nível educacional, estado
civil, enquanto outras, como nível socioeconômico e estilo de vida, são de obtenção imperfeita, pois se trata de medidas
relativas e não absolutas do indivíduo perante a sociedade da qual faz parte.
No Brasil, até 1970 não havia um critério único, objetivo e geral de classificação socioeconômica dos consumidores.
À medida que algumas empresas passaram a ado-tar práticas de marketing, como o processo de segmentação de mercado,
surgiu a necessidade de se dispor de um critério que facilitasse esse processo e que permitisse a realização de pesquisas
que visassem, especificamente, a determinados segmentos de mercado. Na ausência de um critério único, cada empresa,
cada agência de pesquisa e cada veículo de comunicação acabava estabelecendo seu próprio sistema que, se, por um lado,
atendia de imediato às suas necessidades, por outro criava um grande problema, pois impedia o intercâmbio e até a
comunicação entre empresas, agências de pesquisa, agências de propaganda e os veículos, pois não se falava a mesma
linguagem. Foi com a preocupação de resolver este problema que a ABA Associação Brasileira de Anunciantes estabeleceu,
em 1970, o primeiro critério padronizado de classificação socioeconômica no Brasil, chamado de Critério ABA. Esse critério
foi utilizado até 1982, tendo passado em 1975 por uma pequena revisão. Em 1979, atendendo aos reclamos dos usuários
que não estavam satisfeitos com o critério, a ABIPEME Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisa de Mercado juntou-
se à ABA para, em conjunto, procurarem aprimorar o critério existente. Em função desses estudos, foi aprovada em 1982
uma nova proposta denominada Critério ABA/ABIPEME. Esta proposta foi utilizada até 1991. Em junho de 1991,
Almeida & Wickerhauser (1991), atendendo novamente aos reclamos dos usuários, elaboraram uma nova reformulação
que foi submetida à ABA e à ABIPEME. Não houve acordo entre seus associados quanto à nova proposta, o que ocasionou
uma divisão entre eles, dando origem à ANEP Associação Nacional de Empresas de Pesquisas, formada pelos que
permaneceram adotando o critério anterior, enquanto os que passaram a adotar o novo critério permaneceram na ABIPEME.
Como a existência de dois critérios não era útil e conveniente aos usuários de pesquisas e aos próprios
pesquisadores, desde 1996 as três entidades (ABA, Abipeme e Anep) vinham trabalhando para buscar uma nova
alternativa que incorporasse, ao mesmo tempo, as experiências e dados anteriores com as propostas de atualização para
afinar a sintonia do sistema com as novas realidades do mercado. Desses estudos, surgiu o novo sistema, batizado de
Critério de Classificação Económica Brasil, que passou a ser adotado a partir de agosto/1997. Esse sistema enfatiza sua
função de estimar o poder de compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a pretensão de classificar a população
em termos de "classes sociais". A divisão de mercado definida pelas entidades é, exclusivamente, de classes económicas.
O estudo que levou à nova proposta, realizado por um Grupo de Trabalho da Anep com
acompanhamento da ABA (por meio de seu Comité de Pesquisa), teve dois objetivos fundamentais:
Quadro 2.3-A Distribuição das classes económicas por região e por região metropolitana se-gundo o Critério Brasil.
Classe Norte/Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
A1 1 1 1 1
A2 3 4 5 4
B1 3 8 7 8
B2 6 14 13 10
C 20 35 35 28
D 37 32 30 38
E 30 6 8 13
Quadro 2.3-B Distribuição da população por regiões metropolitanas segundo o Critério Brasil
1— Classe Gde SP Gde Rio GdeBH Gde PoA Gde Cur Gde Salv -Gde Rec Gde Fort
A1 1 1 1 2 1 1 1 1
A2 6 4 6 4 8 4 4 5
30
B1 10 8 6 10 7 5 5 4
B2 16 15 13 15 14 8 8 5
C 36 37 33 36 34 24 23 24
D 28 30 34 27 30 40 40 35
E 3 5 7 6 6 18 17 26
- Televisores
- Rádio
Considerar qualquer tipo de rádio no domicílio, mesmo que esteja incorporado a outro
equipamento de som ou televisor. Rádios tipo walkman, conjunto 3 em 1 ou mi-crosystems devem ser
considerados, desde que possam sintonizar as emissoras de rádio convencionais. Não pode ser
considerado o rádio de automóvel.
31
- Banheiro
- Automóvel
Não considerar táxis, vans ou pick-ups usados para fretes, ou qualquer veículo utilizado para
atividades profissionais. Veículos de uso misto (lazer e profissional) não devem ser considerados.
- Empregada doméstica
Considerar apenas os empregados mensalistas, isto é, aqueles que trabalham pelo menos
cinco dias por semana, durmam ou não no emprego. Não esquecer de in- cluir babás, motoristas,
cozinheiras, copeiras, arrumadeiras, considerando sempre os mensalistas.
- Aspirador de pó
Considerar mesmo que seja portátil e também máquina de limpar a vapor (Va-poretto).
- Máquina de lavar
Perguntar sobre máquina de lavar roupa, mas quando mencionado espontaneamente o tanquinho deve
ser considerado.
- Videocassete
Verificar presença de qualquer tipo de videocassete.
- Geladeira de freezer
No quadro de pontuação, há duas linhas independentes para assinalar a posse de geladeira efreezer,
respectivamente. A pontuação, entretanto, não é totalmente independente, pois uma geladeira dúplex vale tantos
pontos quanto uma geladeira simples
mais um freezer.
As possibilidades são:
O mercado deve dispor de uma classificação socioeconômica do consumidor que seja de larga aceitação
por todos os seus participantes (anunciantes, empresas, agências de propaganda, agências de pesquisas de
marketing e veículos de comunicação), pois possibilita:
33
Quadro 2.5 Modelo de estratificação socioeconomica de Mattar.
Escolaridade do chefe da família Pontos
Analfabeto ou até 4a série do 1Q grau (primário) 0
41 série do 1S grau (primário) 13
completa
1° grau completo (ginásio) 27
5
2 grau completo (colegial) 40
Superior completo 56
Renda mensal do chefe da família Pontos Ns de Pontos
Até R$ 200 0 dormitórios
1 0
Acima de R$ 200 até R$ 400 i 2 6
Acima de R$ 400 até R$ 600 6 3 15
Acima de R$ 600 até R$ 800 8 4 21
Acima de R$ 800 até R$ 1.000 10 5 30
Acima de R$ 1.000 até R$ 1.200 11 6 e mais 42
Acima de R$ 1.200 até R$ 1.400 12
Acima de R$ 1.400 até RS 1.600 13
Acima de R$ 1.600 14
Categoria ocupacional do chefe da família (se aposentado, indique a categoria quando em atividade) Pontos
Donas de casa, estudantes, desempregados crónicos (mais de seis meses), doente ou inválido e
dependentes da ajuda social 0
Trabalhadores em atividades marginais sem vínculo empregatício e assemelhados 3
Trabalhador/funcionário sem especialização e assemelhados 6
Trabalhadores/funcionários semi-especializados e assemelhados 10
Trabalhadores/funcionários especializados e assemelhados e proprietários de micro negócios 15
Chefia/gerência de nível intermediário operacional ou administrativo e assemelhados18
Proprietários de pequenos negócios e assemelhados 21
Proprietários de médios negócios, executivos de médias empresas, profissionais liberais de sucesso
moderado, professores universitários e assemelhados 24
Proprietários de grandes negócios, executivos de grandes empresas, altos funcionários do governo,
profissionais liberais bem-sucedidos e assemelhados 28
Fonte: MATTAR, Fauze Najib. Estudo sabre estratificação ■social para utilização em matketing e pesquisas de mar- ketíng:
Proposta
de novo modelo para estratificação socioeconomica. Tese (Livre-Docência) - Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade. São Paulo : Universidade de São Paulo, v. 2, p. 103, 1996.
34
Quadro 2.6 Os pontos de corte que definem os estratos socioeconômicos no modelo de Mattar
Ne de pontos
Fonte: MATTAR, Fauze Najib. Estudo sobre estratificação social para utilização em marketing e pesquisas de rmr-kt'tm$: proposta de novo
modelo para estratificação socioeconômica. Tese (Livre-Docência) - Facul-dade de Economia, Administração e Contabilidade. São Paulo :
Universidade de São Paulo, v. 2, p. 104, 1996
Quadro 2.7 Itens de atividades, interesses e opiniões (A-I-O itens) para caracterizar estilo de vida.
Atividades Interesses Opiniões
Trabalho Família De si mesmo
Passatempos Lar Sobre itens sociais
Eventos sociais Emprego Políticas
Férias Comunitários Sobre negócios
Diversões Recreação Económicas
Membro de clubes Moda Sobre educação
Comunitárias Alimentos Sobre produtos
Compras Meios de comunicação Sobre futuro
Esportes Aquisições Sobre cultura
Atitudes e opiniões: as atitudes são importantes para marketing, pois possuem estreito
relacionamento com os comportamentos e a eles precedem. Raramente, um consumidor irá
adquirir um produto sobre o qual, ou sobre seu fabricante, não tenha uma atitude favorável.
Enquanto um comportamento é manifestado, e por isso pode ser observado, a atitude não se
manifesta, a não ser pelo comportamento apresentado, ou através de declarações do próprio
entrevistado, que permitam sua medição.
35
No capítulo seguinte, serão apresentadas formas de medir atitudes e opiniões aves de
escalas apropriadas.
O interesse dos pesquisadores de marketing por este tipo de dado está em de- terminar
por que as pessoas se comportam de determinada forma. À medida que o comportamento é
uma exteriorização de um conjunto complexo de variáveis do indivíduo, dentre elas a
motivação, é importante para marketing conhecer qual a relação entre essas variáveis
interiores, principalmente a motivação, e o comportamento de escolha, compra e uso de
produtos. As motivações tendem a ser mais estáveis nos indivíduos do que seu
comportamento, e conhecer as motivações permite prever melhoro comportamento futuro do
que a projeção de comportamentos passados e presentes. Conhecendo as motivações que
estão por trás do comportamento das pessoas, estar-se-á em condições de melhor entendê-las,
de saber como influenciar seus comportamentos futuros ou, ao menos, ter uma ideia
consistente de como poderão ser.
36
a intenções de compra. Há uma credibilida de maior quando as intenções se referem a grandes
itens de compra como casas, terre nos, automóveis, refrigeradores, televisores etc. Entretanto,
mesmo aqui, o pesquisada precisa ser cauteloso. Um exemplo de escala para coleta de
intenções de compra é o se guinte:
37
Quadro 2.8 Meios básicos de coleta de dados primários.
1. Comunicação:
Quanto ao grau de estruturação e disfarce:
Estruturado não disfarçado
Não estruturado não disfarçado
Não estruturado disfarçado
Estruturado disfarçado
Quanto à forma de aplicação:
Entrevista:
Pessoal:
Individual
Em grupos
Telefone
Questionários autopreenchidos:
2. Observação:
Quanto ao grau de estruturação:
Estruturada
Não estruturada
Quanto ao grau de disfarce:
Disfarçada
Não disfarçada
Quanto aos instrumentos utilizados:
Humana
Mecânica
Eletrônica
Quanto ao ambiente:
Natural
Laboratório
Quanto ao objeto observado:
Direta
Indireta
Outras vantagens e desvantagens de cada método serão apresentadas quando forem descritas suas
opções de aplicação.
MÉTODO DA COMUNICAÇÃO
O método da comunicação consiste no questionamento, oral ou escrito, dos
respondentes, para a obtenção do dado desejado, que será fornecido por declaração, oral
ou escrita, do próprio.
39
Método da comunicação quanto ao grau de
estruturação e disfarce
Essa classificação é feita em função de duas variáveis tomadas simul -
taneamente: estruturação e disfarce. A estruturação refere-se ao grau de padronização do
instrumento de coleta dos dados. Um instrumento de coleta altamente estruturado significa
que, tanto as questões a serem perguntadas, quanto as respostas possíveis de serem
respondidas, já estão completamente determinadas. Por outro lado, um instrumento de
coleta não estruturado significa que apenas os assuntos a serem abordados estão listados, e
tanto o entrevistador, quanto o respondente estão livres para perguntar e responder com
suas próprias palavras. Um instrumento de coleta medianamente estruturado é aquele em
que, por exemplo, as questões a serem perguntadas são fixas, mas as respostas são obtidas
pelas próprias palavras do pesquisado. O disfarce diz respeito a em que grau o instrumento
de coleta de dados permite ao respondente saber sobre os propósitos da pesquisa e sobre
quais temas está sendo questionado. Um instrumento não disfarçado é aquele que
permite total transparência ao pesquisado. Um instrumento disfarçado é aquele que não
permite nenhuma transparência.
40
estruturado não disfarçado. Numa pesquisa sobre turismo receptivo no Brasil, reali zado
pela Embratur e pela Riorur, uma das perguntas do instrumento era:
Razões para sua viagem:
__Turismo
__Negócios
__Congresso ou convenção
__Outros. Especifique:_______________________________
Como pode ser observado, o propósito está claro, e a pergunta está comple-
tamente estruturada.
41
- ajudar a interpretar informação previamente obtida em pesquisa quantitativa.
42
experiência prática. O conjunto de características do moderador ideal compreende, entre
outras: comunicabilidade, amabilidade, firmeza, permissibilidade, envolvimento, autocontrole,
empatia, flexibilidade e sensibilidade.
A duração da reunião varia de 1,5 a 3,0 horas. Reuniões com menos de 1,5 hora são
muito pouco produtivas, pois, geralmente, leva-se de 30 a 40 minutos para aquecer o grupo
antes de o assunto em pauta ser introduzido, e o tempo restante é muito pouco para que
todos os participantes possam expressar suas opiniões. O moderador deve ter sensibilidade
para perceber quando é chegada a hora de encerrar a discussão, deve perceber quando novas
informações não estão mais sendo acrescentadas, ou quando sinais de exaustão começam a
ser apresentados. A duração máxima não deve ultrapassar 3 horas, que é o limite
considerado máximo para que a exaustão do grupo não comece a prejudicar a reunião.
O número de grupos a serem conduzidos depende de: objetivos do estudo, regiões
abrangidas pelo estudo, segmentos de mercado de interesse e das disponibilidades de
tempo e recursos financeiros. Quando os recursos financeiros forem limitados, o
pesquisador deverá concentrar a formação de grupos com os segmentos que forem
prioritários para a pesquisa.
As vantagens da entrevista focalizada de grupo estão relacionadas com a premissa
de marketing de que se desejamos entender nossos consumidores, o melhor caminho é
ouvi-los. Há muito que aprender ouvindo os consumidores contarem suas experiências,
imagens etc. com suas próprias palavras, de forma espontânea e não forçada.
A maior desvantagem deste método é a impossibilidade de utilização dos dados
obtidos de forma conclusiva. Esta impossibilidade está relacionada com as seguintes
"fraquezas" deste método:
43
sozinhas do que quando em grupos, quando se sentem apoiadas.
As entrevistas focalizadas individuais apresentam as seguintes vantagens sobre as
em grupos: permitem um aprofundamento maior do tema e a associação direta dos dados
com o respondente.
Analogamente às entrevistas focalizadas grupais, as individuais se prestam apenas
à utilização em pesquisas exploratórias.
Contar estarias (teste de apercepção temática - TAT): o TAT consiste em uma série de
figuras, em forma de estórias em quadrinhos, que descrevem, de forma neutra, determinada
situação relacionada ao produto ou tópico de marketing em estudo.
Teste de Korschach: é composto de dez cartões, cada um com um borrão de tinta
diferente, e o teste consiste em perguntar aos respondentes o que significa cada um dos
borrões. Todos os borrões são padronizados e suas descrições possíveis por parte do
respondente têm conceituação psicológica preestabelecida. Pela dificuldade de aplicação a
problemas de marketing, e principalmente pela subjetividade de sua interpretação, o Teste
de Rorschach é raramente empregado em pesquisas de marketing.
44
pondentes desenhos em quadrinhos apresentando uma ou mais pessoas em uma particular
situação. O respondente é solicitado a completar o quadrinho seguinte em função da(s)
situação(ões) observada(s) nos quadrinhos anteriores. Geralmente, a complemen-tação é
feita com palavras, preenchendo-se o balão reservado para texto do quadrinho seguinte.
45
conclusões são inferidas sobre a natureza dos respondentes conforme suas lembranças,
crenças e sentimentos manifestados em relação ao tópico. O método está baseado na pre-
missa de que quanto mais informação for retida pelos respondentes em relação a deter-
minado tópico, maior deverá ser sua atitude em relaão a ele, pois as pessoas tendem a:
Entrevista por telefone: as entrevistas por telefone consistem na obtenção dos dados
da pesquisa através de telefone, ao invés de contato pessoal. De todos os métodos de
coletar dados, a entrevista por telefone é o método que atualmente predomina nos países
onde a grande maioria da população possui telefone (nestes países, cerca de 90% das
pesquisas de marketing são realizadas por telefone). Infelizmente, no Brasil, as entrevistas por
telefone tem seu uso ainda restrito às classes sociais cuja maioria já possui telefone ou à
empresas, o que impede que as agências de pesquisas e as empresas tirem maior proveito
de suas vantagens de grande eficiência e baixo custo, quando comparadas às entrevistas
pessoais.
46
- jornais/revistas- o questionário chega ao respondente impresso ou encar
tado em jornais ou revistas e deve ser devolvido pelo correio;
- acompanhando o produto - o questionário é enviado ao respondente acom
panhando o produto e deve ser devolvido pelo correio; e
- colocado à disposição - o questionário fica à disposição em locais que o
público de interesse da pesquisa frequenta, e os questionários preenchidos
são depositados numa urna, de onde são periodicamente recolhidos.
47
Insinceridade das respostas baixo alto alto
48
- acompanhando o questionário, enviar um pagamento simbólico pela co
operação em responder (as pessoas ficam inibidas por receberem o pa
gamento e se sentem na obrigação de responder);
- aproximadamente, após uma ou duas semanas, remeter nova carta, enfati
zando a importância da colaboração do respondente (esta carta pode ser
substituída por um telefonema); e
- após quatro semanas da postagem inicial, enviar novamente um exemplar
do questionário, acompanhado de nova carta solicitando cooperação.
49
Questionários extremamente complexos, com perguntas abertas, que exigem extensas
respostas escritas, somente uma pequena percentagem da população reúne condições de
autopreenchê-los. Isto leva a concluir que os questionários, em qualquer uma das suas
versões de aplicação, são mais adequados para públicos com educação formal elevada, e
que no Brasil sua aplicação fica estrita a uma pequena parte da população. Às vezes,
ocorre que mesmo pessoas com alto nível educacional têm dificuldades para escrever, e
mesmo quando têm facilidade,
podem não ter paciência ou motivação para escrever tanto quanto seriam capazes de falar.
Por isso, os questionários prestam-se à obtenção de dados junto a pessoas que tenham no
mínimo um nível educacional médio. As entrevistas, tanto pessoais como por telefone,
prestam-se a obter informações de pessoas com qualquer nível educacional.
Tamanho da amostra: pela dificuldade de aplicação, pelo custo mais elevado, pela
necessidade de pessoas de nível mais elevado na equipe, pela necessidade de maior
treinamento, pelas dificuldades de supervisão e controle e pelo maior tempo necessário para
aplicação, o tamanho das amostras nas entrevistas pessoais é, geralmente, menor, quando
comparado ao das entrevistas por telefone e ao dos questionários.
MÉTODO DA OBSERVAÇÃO
O método da observação consiste no registro de comportamentos, fatos e ações
relacionados com o objetivo da pesquisa, sem que haja comunicação com os pesquisados, e
não envolve questionamentos e respostas, orais ou escritas.
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Observação estruturada: a observação estruturada é utilizada em pesquisas em
que o problema e os objetivos já estejam claramente definidos, a ponto de permitir uma
especificação clara a priori dos comportamentos ou situações que serão observados e de suas
categorizações para registrar o observado.
A observação estruturada é utilizada para pesquisas conclusivas descritivas ou
causais. Um exemplo de sua aplicação é o de uma empresa fabricante de bebidas al-
coólicas que desejava medir a variedade e a intensidade das atividades promocionais, no
ponto de venda supermercados, de seus concorrentes (Mattar & Santos, 1982). Para tanto,
montou-se um projeto baseado no método da observação estruturada. Foi constituída uma
amostra de 40 supermercados na Grande São Paulo e 30 no Grande Rio, que eram visitados
a cada dois meses por observadores devidamente treinados. Esses observadores não
perguntavam nada a ninguém, apenas observavam inúmeros itens definidos a priori,
como: espaço frontal ocupado pelos produtos nas prateleiras, vizinhança dos produtos (à
esquerda e à direita), altura ocupada na prateleira e tipo de atividade promocional
encontrado (havia uma lista pré-codificada de aproximadamente 30 atividades). Foi
desenvolvido e testado um formulário para colher essas observações de forma rápida e
precisa. A tabulação desses dados, via computador, dava, periodicamente, uma visão
comparativa da variedade e da intensidade das atividades promocionais dos produtos
concorrentes em relação às dos produtos da empresa.
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parte da situação observada (passando também por consumidor) ou utilizar instru mentos
mecânicos e eletrônicos ocultos para registrar as observações e posteriormente proceder às
interpretações e análises.
Note que, em qualquer das situações de observação disfarçada, fica a dúvida da
questão ética relacionada com a observação de pessoas sem seu devido consentimento e
conhecimento. Em respeito à ética, as pessoas observadas deveriam, ao menos, depois de o
terem sido, tomarem conhecimento, e a elas deveria ser dada a oportunidade de
consentirem ou não na utilização do que foi observado.
Observação não disfarçada: deve ser utilizada quando o fato observado não
envolver comportamentos, quando o comportamento observado não for influenciado
pela presença do observador ou quando aspectos éticos ou legais impedirem a utili zação
da observação disfarçada.
Observação por instrumentos: como foi visto no item anterior, em algumas si-
tuações de marketing, é mais adequado substituir a observação humana por alguma outra
forma de observação, mecânica, elétrica ou eletrônica, que eleve a precisão dos dados, não
iniba o observado, reduza custos ou que seja necessária para determinada medição.
Os equipamentos disponíveis para o registro de observações compreendem:
câmeras fotográficas, câmeras de TV, audímetros (ou tevêmetros), gravadores de som, leitura
ótica nos caixas das lojas, psicogalvanômetros, câmeras de movimento dos olhos
(oftalmógrafo) e pupilômetro. Os mais utilizados em pesquisas de marketing tem sido os
cinco primeiros, a descrição dos demais é feita a título de curiosidade.
Câmeras de TV: o registro visual e sonoro dos fatos é feito de forma dinâmica por
uma câmera de TV oculta, sendo que a operação da câmera pode ser automática ou feita à
distância por um operador oculto. É um dos melhores instrumentos para a observação
disfarçada.
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Audímetros (ou tevêmetros): os audímetros são utilizados para medir a audiência de
TV. Consiste num aparelho que, acoplado ao televisor, registra a cada 30 segundos se o
televisor está ligado e em qual emissora. As versões antigas desse aparelho faziam o registro
em fitas perfuradas que, periodicamente, eram recolhidas para tabulação e análises. A
versão mais moderna permite a interligação, via linha telefónica direta, do aparelho com
uma central de processamento de dados; a coleta e o envio dos dados para a central de
processamento é feita a cada 30 segundos, e imediatamente os dados sobre a audiência estão
disponíveis (audiência em tempo real).
Leitura ática dos caixas das lojas: este é um instrumento novo que está agora
começando a surgir no Brasil, mas que possui um potencial enorme para ser utilizado em
pesquisas por observação. A leitora ótica é um aparelho que substitui a digitação nos caixas
das lojas. Ela lê diretamente o código do produto impresso (chamado código de barras) em
sua embalagem. O consumidor recebe uma listagem dos itens adquiridos com o respectivo
preço pago. A leitora ótica está ligada diretamente a um computador central da cadeia de
lojas, onde estão armazenados os preços dos produtos, as quantidades estocadas, e permite
o registro imediato das operações enquanto estão sendo realizadas. O registro das
operações é periodicamente consolidado, e tem-se, à disposição, o movimento de cada
loja, por linha de produto, por produto e até mesmo por item de produto. Além de ser um
instrumento fantástico para a administração imediata das lojas, é um instrumento que
oferece as seguintes possibilidades para pesquisas de marketing a um custo muito baixo:
- comparação imediata entre uma promoção que está sendo feita na loja com
os resultados sobre as vendas;
- comparação imediata entre as participações de mercado de cada produto
concorrente que participa da mesma loja ou da mesma cadeia de lojas;
- determinação de quais estratégias de preço, embalagem, propaganda e
promoção de vendas funcionam e quais não;
- dispondo-se de um perfil dos habituais consumidores de uma loja, podem-
se efetuar cruzamentos entre estes perfis e os produtos consumidos,
podendo-se inferir padrões de consumo por classes socioeconômicas ou
por segmento de mercado.
Comera de movimento dos olhos: a câmera de movimento dos olhos é utilizada para
determinar como uma pessoa lê determinada propaganda impressa, uma página de
revista ou jornal, embalagens etc. As medidas são tomadas a partir da sequência em que os
movimentos de leitura são efetuados e do tempo despendido em cada ponto do objeto lido.
Parte-se do pressuposto de que a leitura é iniciada pelos pontos que visualmente
despertaram mais a atenção e de que dedica-se mais tempo à leitura dos pontos
que despertaram o maior interesse do objeto lido. O oftalmógrafo é o aparelho utili zado
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para a leitura do movimento dos olhos.
Pupilômetro: o pupilômetro mede a mudança no diâmetro da pupila dos olhos.
Sabe-se que as pessoas não têm controle sobre o diâmetro da abertura de suas pupilas. 0
instrumento pressupõe que, à medida que as pessoas se interessam e têm uma reação
favorável por determinado objeto, suas pupilas aumentam de diâmetro. A dimensão do
diâmetro medida dará uma dimensão da favorabilidade da reação ao estímulo provocado.
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