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Gestão de Riscos
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Gestão de Riscos
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Gestão de Riscos
Contextualização
O gerenciamento de riscos para o profissional engenheiro de segurança do trabalho
se apresenta como uma ferramenta facilitadora e de melhoria continuada na condução
da gestão de segurança com foco na prevenção – e não na reatividade.
Ademais, existe uma diferença fundamental entre risco e perigo. A distinção entre as
duas é importante para a implementação de ações de proteção e prevenção. Essa dis-
tinção é essencial principalmente para que a análise de risco seja realizada devidamente.
Quando bem estabelecidos os riscos e perigos, a análise tende a ser mais assertiva e,
como consequência, protetora e preventiva.
Nos casos em que não são bem estabelecidos, a prevenção é restringida a uma norma
de segurança. Assim, as atitudes são voltadas aos acidentes e deixa-se de lado as cau-
sas mais profundas que desencadeiam os demais perigos e os seus controles, evitando
a reincidência.
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Termos e Conceitos
Caro(a) aluno(a),
Você sabe explicar a diferença entre perigo e risco? Ou para você esses termos
são sinônimos?
Perigo
Conforme a Norma ISO 45001:2018, perigo se refere à fonte ou situação com
potencial para causar danos e deteriorar a saúde, ou seja, o efeito adverso à condição
física, mental e/ou cognitiva de uma pessoa.
Já o Guia BS 8800:1996 define perigo como uma fonte ou situação com potencial
de provocar danos em termos de ferimentos humanos ou problemas de saúde, à pro-
priedade, ao ambiente, ou uma combinação disto. Nesta definição, problema de saúde
é entendido como a saúde deteriorada, o que é julgado como causado, ou piorado,
pela atividade ou ambiente de trabalho de uma pessoa.
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Gestão de Riscos
Adotaremos o conceito de perigo como sendo qualquer fonte, elemento ou situação poten-
cialmente capaz de causar perdas, em termos de danos à saúde, ou provocar uma lesão qual-
quer decorrente do trabalho e de seu ambiente, ou ainda uma combinação entre os quais.
Probabilidade
Quando se possui um histórico de acontecimentos de determinado evento indeseja-
do, torna-se possível estabelecer uma frequência de ocorrências. Nesse contexto, a fre-
quência seria bem definida por um número, ou seja, quantas vezes um evento indesejado
ocorreu em determinado intervalo de tempo.
Se você lançar um dado, qual é a probabilidade de a face com quatro pontos ficar voltada
para cima?
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Nesse caso, fica fácil você entender a definição de probabilidade, pois se o dado tem
seis faces diferentes – número de possibilidades – e você espera obter uma condição
específica – a face com quatro pontos voltados para cima –, a razão entre esses valores
resulta na probabilidade.
É justamente por isso que a classificação resultante das análises de riscos estabelece
uma relação entre o parâmetro probabilidade e o parâmetro severidade, ou seja, a
chance de determinado evento indesejado ocorrer, com dada severidade.
Severidade
A Australian and New Zealand Standard AZ/NZS 4360 (STANDARDS
AUSTRALIA, 1999) define a severidade como a magnitude de danos provocados pelo
evento indesejado.
Uma análise de riscos pressupõe que determinado evento indesejado tem o potencial
de ocorrer, baseado na percepção das pessoas e nos registros históricos – o que você
aprendeu como probabilidade.
Somente se o evento indesejado vier a ocorrer é que serão sofridas as suas conse-
quências. E os efeitos dessas consequências podem ser mais ou menos graves. É justa-
mente essa medida de gravidade da consequência que podemos chamar de severidade.
Nesse contexto, severidade não deixa de ser tanto a medida da eventual consequência,
quanto a magnitude de eventuais danos.
Riscos
Que uma das origens do termo risco mais aceitas na literatura é a que se trata de um
conceito náutico em espanhol e que significa correr o perigo, ou ir contra a rocha, que
no século XVII encontrou o seu caminho para o inglês? (GIDDENS, 1991). A outra origem
encontrada na literatura é que risco é proveniente da palavra risicu, ou riscu, que em latim
significa ousar (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018).
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UNIDADE
Gestão de Riscos
Ademais, o grupo de especialistas da Society for Risk Analysis (SRA, 2015) apre-
sentam as seguintes definições gerais qualitativas de risco:
• A possibilidade de uma infeliz ocorrência;
• O potencial para a realização de consequências negativas/indesejadas de um evento;
• Exposição a uma proposição – por exemplo, a ocorrência de uma perda –, sendo
esta incerta;
• As consequências da atividade e as incertezas associadas;
• Incerteza sobre uma atividade e a severidade das consequências desta, mais as in-
certezas associadas; e
• O desvio de um valor de referência e as incertezas associadas.
No caso do ruído, se o seu nível acima dos padrões estabelecidos é o perigo, o dano
à audição do colaborador seria denominado risco.
O risco avaliado a partir de qualquer atividade controlável deve ser menor do que o
risco das causas, de modo a ser definido como aceitável. Na impossibilidade de eliminar
o perigo ou reduzir a zero a chance de se expor ao qual, colocam-se barreiras – ou con-
troles –, reduzindo a chance de se expor a alguma condição perigosa.
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Já a avaliação de riscos representa o processo global para estimar a magnitude do
risco e decidir se é tolerável ou aceitável.
Quadro 1
Grupo Riscos Cor de identificação Descrição
Ruído, calor, frio, pressões, umidade, radiações ionizantes
1 Físicos Verde
e não ionizantes e vibrações.
Poeiras, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas
2 Químicos Vermelho
e substâncias compostas ou produtos químicos em geral.
3 Biológicos Marrom Fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários e bacilos.
Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual
de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido
de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho
4 Ergonômicos Amarelo
em turno e noturno, jornadas prolongadas de trabalho,
monotonia e repetitividade e outras situações causadoras
de estresse físico e/ou psíquico.
Arranjo físico inadequado, iluminação imprópria,
probabilidade de incêndio e explosão, eletricidade,
5 Acidentes Azul
máquinas e equipamentos sem proteção, armazenamento
inadequado, quedas e animais peçonhentos.
Fonte: Acervo do Conteudista
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Para conhecer mais a história do risco, leia o livro Desafio aos deuses – a fascinante
história do risco, de Peter L. Bernstein (2018).
Por ser uma técnica relativamente nova, a sua divulgação e adaptação pelos países
variaram de acordo com as necessidades de momento, das experiências dos técnicos
que a difundiram, da fase de desenvolvimento pela qual estava passando o país e outros
motivos mais. No Brasil, o seu ingresso se deu na segunda metade da década de 1970,
com a aplicação voltada especificamente para a área de seguros, com vistas à prevenção
de riscos em bens patrimoniais, segurados pelas empresas do setor.
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Com o surgimento das primeiras indústrias, os acidentes de trabalho e as doenças
profissionais se alastraram, tomando grandes proporções, sendo, então, comumente
provocados por substâncias e ambientes inadequados devido às condições em que as
atividades fabris se desenvolviam (RUPPENTHAL, 2013).
No Brasil, especificamente no Município de Cubatão, situado na baixada santista,
Estado de São Paulo, com o Plano de Controle da Poluição de Cubatão, em 1983,
desencadeou-se uma série de exigências para garantir a boa operação e manutenção
de processos, tubulações e terminais de petróleo e produtos químicos das 111 unidades
industriais locais, dando início ao uso institucional desse tipo de estudo (HSO, 2015).
Gerenciamento de Riscos
O gerenciamento de riscos tem aplicação sistemática de políticas, procedimentos
e práticas de gestão para as atividades de comunicação, consulta, estabelecimento do
contexto; assim como na identificação, análise, avaliação, tratamento, monitoramento e
análise crítica dos riscos. A gestão do risco é determinada pelas atividades coordenadas
para dirigir e controlar uma organização – no que se refere ao risco.
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Segundo Aven (2016), essa prática consiste em equilibrar preocupações diferentes,
tais como lucros, segurança, reputação, entre outras. Em geral, considera-se um con-
junto de alternativas, avalia-se os seus prós e contras e toma-se uma decisão que melhor
atenda aos valores e às prioridades dos decisores.
Tomando essas ideias, Iacob (2013) apresenta como uma abordagem estruturada e
formal, focada nas etapas e ações necessárias e planejadas para determinar e controlar
os riscos, mantendo-os em um nível aceitável.
O gerenciamento dos riscos inclui os processos de planejamento, identificação, aná-
lise, programação de respostas e controle de riscos.
A seguinte Figura fornece uma visão geral dos processos de gerenciamento dos riscos
– ao longo desta Disciplina você estudará com detalhes cada um dos quais:
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Com as informações obtidas por intermédio da aplicação das várias técnicas adotadas
no gerenciamento de riscos e o emprego de metodologias específicas, pode-se também
qualificar e quantificar riscos, obtendo a real magnitude dos quais.
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Benefícios do Gerenciamento de Riscos
Finalidades
O gerenciamento de riscos, quando realizado da maneira correta, reduz significativa-
mente as perdas. Planejar e prever possíveis dificuldades trazem mais segurança e capaci-
dade para lidar com as adversidades dos eventos, as quais os colaboradores estão expostos.
Tomada de Decisões
O gerenciamento de risco possibilita a tomada de decisões de modo coerente com
um embasamento técnico robusto, não tendencioso, proporcionando maior segurança
da ação adotada de modo preventivo.
Aproveitamento de Oportunidades
Um bom gerenciamento de riscos considera tudo o que acontece no dia a dia da organi-
zação, sejam os fatos bons ou ruins. Cada um dos quais, mesmo um infortúnio, pode ofe-
recer oportunidades de crescimento imperdíveis, além de aprendizado e análise de erros.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Um método proativo para gerenciamento da segurança em instalações nucleares
GRECCO, C. H. et al. Um método proativo para gerenciamento da segurança em insta-
lações nucleares. Braz. J. Rad. Sci., v. 03-1A, p. 1-16, 2015.
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Referências
ANGLO AMERICAN. Anglo American safety way. London, 2011.
AVEN, T. Risk assessment and risk management: review of recent advances on their
foundation. European Journal of Operational Research, v. 253, p. 1-13, 2016.
GIDDENS, A. As consequências da modernidade. Trad. Raul Fiker. São Paulo: Unesp, 1991.
IACOB, V. S. Project manager skills, risk management tools. Studies and Scientific
Researches Economics Edition, n. 18, p. 242-247, 2013.
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Gestão de Riscos
Q9: quality risk management. ICH harmonised tripartite guideline. In: INTERNATIONAL
CONFERENCE ON HARMONISATION, 2005. Disponível em: <http://www.ema.euro-
pa.eu/docs/en_GB/document_library/Scientific_guideline/2009/09/WC500002873.pdf>.
Acesso em: 8 nov. 2014.
RUPPENTHAL, J. E. Gerenciamento de riscos. Santa Maria, RS: Rede e-Tec Brasil, 2013.
SOCIETY FOR RISK ANALYSIS. Foundations of risk analysis, discussion document. 2015.
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