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Turma: N06
Aluno: Álvaro Brito do Nascimento Neto
A perda do tempo útil pode-se configurar nas mais diversas vertentes das relações jurídicas,
dentre outras, em relação ao Direito do consumidor, as diversas tentativas anteriores pelo
consumidor de resolução extrajudicial e amigável do conflito, mormente nos diferentes
meios utilizados (Call Center, PROCON, Agência Reguladora, entre outros) é fator
preponderante à escala de configuração do dano moral indenizável, alinhando-se com os
da Política Nacional de Relações de Consumo no inciso V do artigo 4º do CDC: rápida,
portanto, não tardia, resolução do impasse.
A demora, a perda de tempo útil agrava a indenização por dano moral, portanto, mesmo se
determinada conduta, em primeira análise, for caracterizada como mero aborrecimento,
havendo comprovada subtração de valioso tempo do ofendido, em desrespeito a condutas
não adversariais, acabará, por tal razão, atingindo direitos da personalidade e, por isso, não
só irá transpor para o dano moral indenizável como, igualmente, potencializará as balizas
da extensão do dano e o grau de culpa do ofensor.
Fazendo referência a Mirna Cianci “O dano moral tem caráter exclusivamente
compensatório e a sua avaliação levará em conta o grau de repercussão ocasionado na
esfera ideal do ofendido, tais como os reflexos sociais e pessoais, a possibilidade de
superação física ou psicológica e a extensão e duração dos efeitos da ofensa”. (Ed.
Saraiva, 2003, pág. 109)
A reparação por danos morais tutela, nas situações corriqueiras, um ou alguns poucos
direitos de personalidade.
Imagine que um consumidor tenha, injustamente, seu nome encaminhado a órgãos de
proteção ao crédito. Foi vítima dos danos morais. Imagine que, nessa mesma situação, o
consumidor ligou várias vezes ao fornecedor, procurou órgãos de proteção ao consumidor,
e a violação permaneceu. Houve, portanto, duas violações: à honra; e ao tempo produtivo
ou útil. Punir apenas uma vez o fornecedor, com uma só indenização, significa desprezar
vários direitos da personalidade envolvidos, em afronta básica ao direito fundamental
implícito de proteção ao tempo produtivo ou útil do consumidor.
A perda do tempo utilizado para o trabalho, para o estudo, e até mesmo para o convívio em
família, mercê da forma como as empresas prestadoras e fornecedoras tem se portado
perante seus consumidores no que tange ao atendimento, ultrapassa o limite do mero
aborrecimento, ingressando no patamar indenizável do dano, não apenas compensatório,
como também punitivo e disciplinar de acordo com os ditames da responsabilidade civil.
No entanto, cumpre esclarecer que nem toda situação de desperdício do tempo justifica a
reação das normas de responsabilidade civil. Apenas o desperdício “injusto e intolerável”
poderá fundamental eventual reparação pelo dano material e moral sofrido.
E, por se tratar de conceitos novos, caberá à doutrina especializada e a jurisprudência,
estabelecer as balizas hermenêuticas da sua adequada aplicação.
Vitor Gunglinski (2012), citando, inclusive, jurisprudência, anota esforço neste sentido:
“A ocorrência sucessiva e acintosa de mau atendimento ao consumidor, gerando a perda de
tempo útil, tem levado a jurisprudência a dar seus primeiros passos para solucionar os
dissabores experimentados por milhares de consumidores, passando a admitir a reparação
civil pela perda do tempo livre.