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Upakhyan Upadesh

Instruções em histórias

Baseado em histórias contadas nas palestras de


Sri Srimad Bhaktivedanta Vana Gosvami Maharaja

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JayGurudevBr.Org

2017 - Todos os Direitos Reservados.

Transcrições
Chitra Devi Dasi (Claudia Cristiane Camilo)
Tradução Oral
Taruni Gopi Devi Dasi (Talita Borges)
Capa
Bimal Krishna Das (Beto Campos)
Ilustrações
Bimal Krishna Das (Beto Campos), Jaya Sri Devi Dasi (Janna Brilyantova),
Ananda Pradayini Devi Dasi (Rússia)
Revisão
Chandra Devi Dasi (Claudia Segobia), Malini Devi Dasi (Marinês Trindade), Vraja-
sundari Devi Dasi (Maria Elisa Tassi), Monmohini Devi Dasi (Mayara Azambuja),
Taruni Gopi Devi Dasi (Talita Borges)

Tiragem: 2.000 exemplares

Permissões, além do escopo reservado de licença, podem estar disponíveis em contato


com: Sri Srimad Bhaktivedanta Vana Gosvami Maharaja - <Lmvana@gmail.com> –
<http://www.jaygurudevbr.org/>

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Todas as glórias a Sri Sri Guru Gouranga!

UPAKHYAN UPADESH
Instruções em histórias

Trechos de palestras de om visnupada astottara sata


Sri Srimad Bhaktivedanta Vana Gosvami Maharaja

1ª Edição
2017

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om visnupada astottara sata
Sri Srimad Bhaktivedanta Vana Gosvami Maharaja

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nitya-lila pravista om visnupada astottara sata
Sri Srimad Bhaktivedanta Vamana Gosvami Maharaja
e
nitya-lila pravista om visnupada astottara sata
Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja

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Índice

1. QUEM SOMOS NÓS? 8


- O menino-macaco e o caçador

2. A RELAÇÃO ENTRE ADORAÇÃO E ACEITAÇÃO 11


- A lógica da meia galinha

3. SOBRE A VERDADE ABSOLUTA: GOLOKA VRINDAVANA 13


- O avião, o camelo e a verdade

4. O MUNDO DE CABEÇA PARA BAIXO 17


- A princesa e o colar

5. O CAMINHO DA PERFEIÇÃO E A BOA ASSOCIAÇÃO 21


- O caçador e o santo

6. CAMINHO DO AMOR 27
- O amor é como uma cobra que anda em zigue-zague

7. SADHU-SANGA: A ASSOCIAÇÃO COM UM SANTO 31


- Os benefícios de se ouvir discursos sobre Deus

8. ALCANÇANDO A MORADA DO SENHOR SUPREMO 37


- O abelhão e o besouro

9. QUEM PODE VER DEUS? 40


- O rei, o ministro e seu filho

10. NÃO LEVAREMOS NADA APÓS A MORTE 43


- O santo e o recado para o rei

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P rimeiramente, presto minhas humildes e respei-
tosas reverências aos pés de lótus do meus mestres
espirituais (guru padapadma), nitya-lila pravista om
visnupada astottara-sata Sri Srimad Bhaktivedanta
Vamana Gosvami Maharaja e a nitya-lila pravista om
visnupada astottara-sata Sri Srimad Bhaktivedanta
Narayana Gosvami Maharaja. Ao mesmo tempo,
ofereço minhas humildes e respeitosas reverências
aos pés de lótus de nitya-lila pravista om visnupada
astottara-sata Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja,
Srila Bhakti Raksaka Sridhara Gosvami Maharaja,
Srila Bhakti Pramoda Puri Gosvami Mahārāja,
Srila Goura Govinda Mahārāja, a todos os devotos
sêniores, vaisnavas, vaisnavis e a todas as pessoas
que lerem esse livro.

T.S. Bhaktivedanta Vana Maharaja

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1
QUEM SOMOS NÓS?
– O menino-macaco e o caçador –

Certa vez, um casal com um filho de dois ou três meses de idade


andava pela floresta quando apareceu um tigre, o qual passou a persegui-
los. Eles ficaram com muito medo e pensaram: “Como escaparemos dessa
situação?”
O marido comentou com a esposa:
— Temos que correr daqui, senão o tigre nos matará!
— Estou com o bebê no colo, não consigo correr muito! Como
faremos? — respondeu a esposa.
— Temos que correr, caso contrário o tigre matará a nós três! Como
sairemos dessa situação? — perguntou o marido.
A esposa insistiu:
— Com a criança no colo, como vou conseguir correr?!
O tigre se aproximava muito rapidamente e eles pensavam em como
8 poderiam se salvar. Então, decidiram esconder o bebê em um buraco no
solo. Assim, para sobreviver, poderiam correr e despistar o tigre, ou então

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subiriam em uma árvore. Depois, viriam buscar o filho. Por fim, a criança foi
colocada em um buraco, o qual foi coberto por folhas.
Após isso, o casal disparou. Porém, o tigre foi mais rápido e,
alcançando-os, tirou-lhes a vida. O bebê, contudo, continuava são e salvo no
esconderijo.
Após um tempo, chegaram ao local alguns macacos e uma fêmea
percebeu que, dentro do buraco, havia um bebê. Como todas as entidades
vivas sentem compaixão umas pelas outras, a macaca passou a amamentar
a criança. O bebê, então, começou a viver com os macacos e assim
transcorreram-se seis meses.
Posto que agimos conforme as regras da sociedade em que vivemos,
aquele bebezinho, por conviver com macacos, agia como um. Com cabelos e
unhas grandes, pulava de galho em galho.
O que observamos na sociedade em que vivemos, aceitamos como
sendo uma atividade nossa também. Assim, os macacos (e o menino), sem
nenhuma razão, faziam sons, guinchavam e chiavam. E, saltando uns nos
outros, agitava-se, digladiando-se dentro da sua própria comunidade. Aquele
bebê humano agia, pois, tal qual um macaco.
Um dia chegou à região um caçador que reparou na criança e viu que
aquele não era um macaco de verdade, mas sim uma criança humana.
Ao ver a criança, o caçador disse: “Os outros são realmente macacos,
mas esse não, apesar de estar com os cabelos e unhas grandes”. Desejando
levar a criança para o convívio dos humanos, o caçador fez uma armadilha
para capturá-la.
Como se tratava de um exímio caçador, assim que capturou a criança,
aparou-lhe os cabelos e as unhas; o que deixou o menino muito bravo —
exatamente como um macaco!
Com o tempo, pois não se muda a natureza de um dia para o outro,
o caçador pôde educar a criança conforme as atividades e o comportamento
dos humanos.
Afinal, o menino não era um macaco de verdade, apenas estava se
comportando como um devido ao convívio que teve com os demais macacos.
O caçador treinou o menino por meses e anos.
Para torná-lo um verdadeiro cavalheiro, matriculou-o na escola. O
menino começou a usar roupas bem passadas, os cabelos arrumados e sua
aparência agora era excelente!
E agora o menino até canta os Santos Nomes: 9

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HARE KRSNA HARE KRSNA
KRSNA KRSNA HARE HARE
HARE RAMA HARE RAMA
RAMA RAMA HARE HARE
Moral da história
O caçador aqui age como o mestre espiritual. Todos nós somos
servos eternos do Senhor Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, e essa é
nossa verdadeira identidade. “Quem é você?” Quem pode responder a essa
pergunta? Todos somos servos do Senhor Krsna, que é o amado das gopis.
Nós não somos brâmanes (sacerdotes), ksatriyas (guerreiros), brahmacharis
(estudantes celibatários), nem sannyasis (monges renunciados).
Na verdade, esquecemo-nos de Krsna e por isso, quando nos
perguntam quem somos, damos respostas acerca dos conceitos corpóreos
de vida. Como vivemos em uma sociedade humana, aceitamos como sendo
nossa identidade este corpo humano. Os animais, por exemplo, convivem
entre si e entendem-se como sendo “animais”; os pássaros convivem com
pássaros e identificam-se como sendo “pássaros”.
Não somos brasileiros, nem americanos, nem indianos. Somos servos
eternos de Krsna e essa é nossa verdadeira identidade. Porém, se nascemos
no Brasil, dizemos que somos brasileiros, ou, se nascemos na Índia, dizemos
que somos indianos.
Hoje em dia, até mesmo nesta existência, você pode mudar de
identidade e até de gênero, ser homem ou mulher, tudo devido aos avanços
da ciência. Mas sendo você homem ou mulher, quem é você de verdade?
Na verdade, não somos nem homens, nem mulheres! Somos almas!
Somos servos eternos do Senhor Krsna, servos eternos de Deus! E não
somos moradores desse mundo material, mas sim, residentes eternos do
mundo espiritual, Goloka Vrindavana. Contudo, por estarmos nesse corpo,
acabamos nos identificando com ele e com tudo o que vem dele.
O guru, o mestre espiritual, é quem nos concede o mantra, bem
como nossa verdadeira identidade. Ele “corta nossos cabelos e unhas e
nos transforma em verdadeiros cavalheiros”, ou seja, o guru destrói nossa
ignorância (avidya) e conhecimento falso. Ele também destrói tudo de
indesejável que está presente em nossos corações, tal como a luxúria, a raiva
10 e a inveja.
Além disso, o guru nos inspira a seguir adequadamente os quatro

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princípios e nos estabelece na adoração e serviço ao Senhor Supremo (Radha-
Krsna). Os quatro princípios reguladores são: não comer carnes, peixes nem
ovos; não praticar sexo ilícito; não apostar em jogos de azar e não se intoxicar
(beber, fumar etc).
Pela misericórdia do guru, o discípulo poderá, finalmente, alcançar
a realização (sentimento, experiência direta) da sua forma transcendental
constitucional (alma).
As almas condicionadas vagam no ciclo de repetidos nascimentos e
mortes, porém as almas mais afortunadas têm a oportunidade de se abrigar
aos pés de lótus de um mestre espiritual fidedigno e receber dele os Santos
Nomes de Deus e o mantra para, assim, compreenderem quem elas são
realmente.
Na verdade, o Senhor Supremo (chamado também de Bhagavan
na língua indiana) é o seu verdadeiro Pai e sua verdadeira Mãe e Ele está
esperando por você. Direcione seu rosto a Ele, olhe para Deus, e cante os
Seus Santos Nomes (os sagrados nomes de Deus).

2
A RELAÇÃO ENTRE ADORAÇÃO E ACEITAÇÃO
– A lógica da meia galinha –
Um homem muito rico, que tinha dois filhos, faleceu. No momento
da divisão da herança entre os filhos, deveria ficar 50% para cada herdeiro.
Um dos bens do homem era uma galinha e os irmãos teriam que
decidir com quem ficaria o animal.
Por decisão do chefe da vila, eles “dividiriam” a galinha em duas
partes, mas, para não matar o animal, decidiram que um a alimentaria, ou
seja, ficaria com a parte dianteira do animal, e o outro ficaria com os ovos,
ou seja, com a parte traseira da galinha. Porém, nem sobre isso houve um
consenso. Os dois filhos queriam ficar com a parte traseira do animal, pois
queriam apenas receber os ovos sem ter que alimentar a galinha; nenhum
dos dois queria apenas alimentar o animal sem receber os “frutos” disso.
Essa é, pois, a “filosofia da meia galinha”: querer apenas os ovos da
galinha, sem ter que cuidar do animal. Tal conduta é imperfeita, posto que
para se obter o “fruto”, há que se cuidar da galinha. 11

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Moral da história
Este exemplo é perfeito para demonstrar o equívoco de se adorar
alguém sem aceitar a sua filosofia. Por exemplo, se adoramos Sri Vyasadeva,
devemos aceitar a sua filosofia. No entanto, há algumas pessoas que dizem
aceitar Vyasadeva, mas, de fato, não aceitam sua filosofia. Não é correto e
apropriado aceitar apenas o guru sem aceitar, realmente, as instruções
do guru. Portanto, se aceitamos um guru, devemos aceitar, também, suas
instruções.
Ao aceitarmos uma tarefa, devemos fazê-la por completo, caso
contrário, o melhor seria não fazer nada. Como no caso da galinha, seria
impossível dividi-la ao meio, ou fica-se com tudo ou abandona-se tudo.
Portanto, como na filosofia de Sri Vyasadeva, ou seguimos todas
as suas instruções, ou não realizaremos nada. Citando lógicas como a do
macaco, do gatinho e da meia galinha, Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada
explicou isso muito bem e recorrentemente. A escritura Sri Caitanya
12
Caritamrta também possui diversas passagens a esse respeito. Não deixe de
pesquisar acerca desse tema.

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3
SOBRE A VERDADE ABSOLUTA:
GOLOKA VRINDAVANA
– O avião, o camelo e a verdade –

Há alguns anos, não havia avião e, naquela época, se falássemos sobre


a possibilidade de um pássaro de ferro capaz de voar no céu, as pessoas não
acreditariam.
Certa vez, um homem de um vilarejo viajou para outro país. Quando
retornou à sua vila, sua família lhe indagou:
— Como foi sua viagem? O que viu de novo nesse lugar que visitou?
Ao que ele respondeu:
— Olha, dentre tudo o que vi, duas coisas foram muito especiais. A
primeira delas foi o avião.
As pessoas perguntaram-lhe:
— Avião?! O que é isso? Nunca ouvi falar!
Até hoje, em certos locais no interior, há pessoas que não sabem o que
é um avião. Quando passa um avião no céu, todos ficam olhando abismados.
O homem, então, explicou:
— “Avião” é como um pássaro feito de ferro que voa no céu, carregando
pessoas dentro. Eu não apenas vi esse pássaro de ferro, mas também entrei
nele e, sentado, voei pelo céu!
As pessoas do vilarejo disseram:
— Como assim?! Desde quando existem pássaros de ferro? E que
voam, ainda por cima! Se nem mesmo os pássaros de brinquedo, feitos de 13
plástico, podem voar, como um pássaro feito de ferro poderia?! Além do

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mais, você disse que se sentou dentro desse pássaro de ferro! Como assim?!
Deste modo, as pessoas riram dele e passaram a considerá-lo um
mentiroso.
Então alguém se lembrou:
— Ah, e o que mais você disse que também achou interessante nessa
viagem?
O homem replicou:
— Foi um camelo.
— Mas aqui também temos esse animal. O que o camelo que você viu
tem de tão especial? — perguntou um dos moradores da vila.
— É que o camelo que eu vi possuía duas corcovas em suas costas! —
completou o homem.
O vilarejo inteiro ficou muito bravo com o homem. Exclamaram:
— Mas você é mesmo um mentiroso! Primeiro, o pássaro de ferro que
voa com pessoas dentro e agora esse camelo com duas corcovas em vez de
uma! Você é um farsante! Precisa é apanhar para aprender a falar a verdade!
Ainda quiseram bater no homem, que teve que fugir!
Contudo, os anos se passaram e, após dez anos, algumas daquelas
pessoas do vilarejo estudaram, foram para outras cidades, foram viver e
trabalhar em outros lugares. Nessas viagens, confirmaram que realmente
havia aviões — possibilitando as viagens de uma forma muito mais ágil — e
que, sim, existem camelos com duas corcovas...

Moral da história
Essa história traz uma excelente metáfora sobre as diferenças deste
mundo para o mundo espiritual, o qual se chama Goloka Vrindavana.
O mundo espiritual é muito belo e quando vocês chegarem lá,
perceberão a sua beleza. Isso é descrito em diversas escrituras, como o
Sri Brahma-Samhita. Às vezes as pessoas mundanas não entendem as
descrições, narrações e ensinamentos que as pessoas autorrealizadas contam.
No entanto, quando tais pessoas alcançarem elas mesmas a autorrealização,
então, automaticamente, compreenderam por si sós como as palavras dos
santos eram verdade.
14
No mundo material, as construções são feitas com tijolos, areia, vigas
etc. Já em Goloka Vrindavana, no mundo espiritual, por sua vez, as casas

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também são feitas com “tijolos”, contudo, eles são na verdade cintamani, uma
pedra transcendental, que realiza todos os desejos.
Além disso, em Goloka Vrindavana, as árvores são kalpa-vrksa,
também satisfazem todos os desejos que tenhamos no coração. E, como se
não bastasse, até mesmo as vacas de lá, todas elas são kamadhenu, ou seja,
também satisfazem todos os desejos. Lá, não há morte, velhice, ou cabelos
brancos; todos são eternamente jovens e muito felizes, possuindo uma
belíssima forma jovial.
No plano transcendental, a mente está sempre calma, tranquila, cheia
de paz, pureza e júbilo; as águas são doces como o néctar.
Tudo em Vrindavana é transcendental, constituído de sac-cit-ananda:
eternidade, conhecimento e bem-aventurança transcendentais.
Em contrapartida, aqui neste mundo, nosso corpo é material,
portanto, feito dos cinco elementos: terra, água, fogo, ar e éter. Daí porque,
com este corpo material, não podemos ir ao mundo espiritual — para ir lá, é
necessário ter um corpo transcendental.
O corpo espiritual (cit-sarira) é um corpo transcendental apropriado
para se ingressar no mundo espiritual. Ele é a própria alma. Na verdade, já
temos esse corpo transcendental, ele já está aqui conosco; porém, está em
estado latente como uma semente.
Não somos o corpo material, somos alma. E este corpo material
funciona apenas devido à presença da alma dentro dele.
Quando falamos expressões como “meu corpo”, “minha casa”,
podemos constatar isso. Veja que não dissemos “eu corpo” ou “eu casa”. Isso
porque sabemos que não somos a casa, o corpo, mas sim que a casa e o corpo
pertencem a nós. Tente entender isso.
Vá a um lugar calmo à sós, feche seus olhos e medite: “Quem sou eu?
Qual a verdadeira relação que tenho com essas pessoas que chamo de mãe,
pai, família?” Automaticamente, uma resposta virá do âmago do seu coração.
Esse é o processo de autorrealização. Rapidamente entendemos que não
somos este corpo.
Se fôssemos o corpo, ele não mudaria tanto... Por dia, quantas pessoas
morrem, quantas almas abandonam os corpos?
Surge então uma próxima pergunta: “Será que eu sou a mente?” E a
resposta também virá: “Não, eu também não sou essa mente”. “Se eu fosse a 15
mente, não ficaria vagando para diferentes lugares, ora feliz, ora perturbada

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e aflita.”
Se um amigo lhe pergunta: “Oi, como vai você?” Pode ser que você
diga: “Olha, minha saúde, meu corpo está bem, mas a minha mente está
muito perturbada e eu nem sei a causa disso...”
Nossa mente viaja pelo mundo inteiro e não precisa de passagem,
passaporte ou visto; depois ela retorna. Mesmo sentados aqui, a mente pode
viajar para outros países, outros lugares, em um curto intervalo de tempo.
São naturais essas “viagens” que a mente faz, pois a natureza da mente
é ser muito volúvel.
No Srimad Bhagavad-Gita, Arjuna pergunta para Sri Krsna: “Minha
mente é inquieta, como posso controlá-la?” Essa pergunta é importante, pois,
sem controlarmos nossa mente, não conseguimos controlar mais ninguém.
As escrituras védicas explicam que, primeiramente, devemos
controlar nossa própria mente e, depois, as demais pessoas. A ausência do
controle da sua própria mente torna muito difícil que as pessoas acreditem
em você ou tenham fé nas suas palavras.
E como Sri Krsna nos ensina a controlar a mente? No Srimad
Bhagavad-Gita, Ele responde que a mente sempre busca os objetos que
satisfazem os sentidos, portanto, temos que treinar tal controle.
Além disso, temos que ter um pouco de renúncia (vairagya); “castigar”
um pouco a mente, perguntando-lhe:
“Ó mente, por que você quer a todo
o tempo desfrutar dos objetos dos
sentidos?”
O mais eficaz também é
simplesmente cantarmos os Santos
Nomes de Deus, o que faz com
que nossa mente fique controlada
automaticamente, trazendo muita paz
ao nosso coração.

16

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4
O MUNDO DE CABEÇA PARA BAIXO
– A princesa e o colar –

Uma princesa, usando um colar muito valioso, foi tomar banho no rio
com suas amigas. Enquanto brincava nas águas, pensou: “temo perder esse
colar na água, portanto, melhor tirá-lo”. E, assim, ela retirou-o e colocou-o
em cima de uma pedra na beira do rio, voltando a nadar com suas amigas.
De repente, um pássaro muito grande sobrevoou o local, apanhou o
colar e levou-o consigo. Ao se dar conta do ocorrido, a princesa começou a
chorar pela perda do colar.
Ao retornar ao palácio, disse ao seu pai que ele deveria ajudá-la a
encontrar o colar, pois, seu desespero era tamanho que ela seria capaz de
se matar! O rei, então, para acalmar a filha respondeu que o melhor era dar
outro colar à princesa, já que seria impossível saber para onde o pássaro teria
levado o valioso colar. 17
A princesa então respondeu:

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— Não! Eu quero aquele colar e não outro! Do contrário, cometerei
suicídio!
Diante da teimosia da filha, o rei anunciou em todo o reino que daria
metade de seu reino a quem encontrasse o colar da filha.
A partir daí, todos os moradores e súditos do reino se perguntavam:
“Quem será que encontrará o colar da princesa?”
Foi então que, um dia, um rapaz muito pobre foi à floresta coletar
lenha e parou para descansar próximo a um lago muito sujo e poluído, cujas
águas até borbulhavam, pois estavam repletas de matéria orgânica (fezes etc).
Ao olhar mais atentamente o lago, o rapaz notou que o tal colar
tão desejado pela princesa estava ali dentro! Ele, então, colocou a mão na
água para pegar o colar, contudo, por conta de algum poder místico, ele não
conseguia alcançá-lo. Assim sendo, o rapaz mergulhou na água suja por
diversas vezes para tentar pegar o colar, mas não conseguia sequer tocar nele.
Diante da pesada contaminação da água, o jovem começou a sentir
uma coceira por todo o seu corpo, que ficou tomado de alergia. Mas, mesmo
assim, ele continuou mergulhando para tentar pegar o colar.
Após um tempo, outra pessoa passou por ali e, sabendo do colar,
decidiu também mergulhar naquele lago para tentar pegar o prêmio.
Igualmente, não conseguiu apanhar o colar. E, desse modo, muitas e muitas
pessoas vieram e tentaram. Até mesmo o rei! Mas ninguém conseguiu.
Por entrarem nas águas extremamente poluídas, todos ficaram com
alergia, muito mau cheiro, com coceira e dor na pele devido aos machucados
provocados pela contaminação. Mas, mesmo assim, as pessoas não paravam
de entrar no lago para tentar pegar o colar e receber a metade do reino.
Após alguns dias, passou por ali um homem santo. Ao ver a situação,
o santo indagou:
— Acaso a água desse lago é sagrada? Vejo tantas pessoas mergulhando
aqui!
O rei desabafou:
— Não, não é uma água sagrada, mas creio que haja algum poder
místico em suas águas. Todos nós aqui estamos tentando pegar o colar da
minha filha, a princesa, o qual está logo ali, veja, mas é impossível!
O santo então analisou o caso e viu que, na verdade, o colar não
18 estava dentro do lago. Todos discordaram dele, afirmando que sim, que o
colar estava dentro da água e que somente ele dizia o contrário.

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Esse comportamento acontece até os dias de hoje. Por exemplo, em
uma votação, se a maioria das pessoas estiverem aprovando uma grande
mentira, tal mentira será tida como verdade. Mesmo que a minoria prove o
contrário, a falácia prevalece. A verdade será rejeitada por ser defendida por
um grupo menor.
Voltando à história, o rei perguntou ao santo:
— Se você diz que o colar não está dentro d’água, onde ele está afinal?
O santo elucidou:
— O colar está, na verdade, pendurado naquele galho da árvore que
está localizado em cima do lago. Veja! O que vemos nas águas é apenas o
reflexo do colar!
Todas aquelas pessoas, vendo o reflexo do colar na água, achavam que
o colar estava ali dentro. Uma pessoa (o santo), no entanto, pôde perceber
que o colar estava era pendurado na árvore.

Moral da história
O mundo material em que estamos agora é um reflexo pervertido do
mundo transcendental, como se fosse tudo de cabeça para baixo. Buscamos
a felicidade aqui neste mundo, mas a felicidade está, na verdade, no mundo
transcendental.
Como estamos totalmente iludidos pela potência ilusória do Senhor,
chamada maya, não sabemos onde estamos de fato. Sabemos muito pouco
sobre a nossa verdadeira identidade e qual é a natureza da alma. Pensamos
que somos o corpo e nos identificamos com ele. Não obstante, devemos
entender que não somos o corpo, somos alma, parte integrante do Senhor
Supremo, Deus, Sri Krsna.
É somente pela presença da alma no corpo que ele funciona. As
escrituras esclarecem que devemos descobrir quem somos verdadeiramente;
elas nos revelam que somos alma. Mas, qual é a natureza da alma? O que a
satisfaz? Essas perguntas fazem parte de um princípio científico, pois tudo o
que existe, qualquer substância, tem sempre sua natureza inerente.
Por exemplo, a fórmula da água é H2O. Duas partes de hidrogênio
(H) combinadas com uma parte de oxigênio (O) formam uma molécula
de água. Mas qual a natureza da água? Algumas das propriedades da água 19
são a liquidez; ela sempre escorre. A água, em sua condição natural, tende

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a se mover para baixo; não evapora, nem sobe. Ela é sujeita à gravidade,
descendo. No entanto, quando exposta a uma temperatura abaixo de zero, a
água se solidifica, transformando-se em gelo.
Uma criança, não sabendo que a água se transforma em gelo, pode
perguntar: “Mãe, coloquei a água no congelador ontem, mas hoje ela
desapareceu!” E a mãe explicará que: “não, o que aconteceu é que agora a
água se solidificou, virando gelo”. As propriedades da água se modificam
quando ela passa do estado líquido para o sólido. O que antes era chamado
de “água”, agora é chamado de “gelo”. E, como gelo, a água não escorre e pode
ser retirada com a mão.
Da mesma forma, todos nós somos servos eternos de Krsna. Nossa
natureza não se transforma, no entanto, como estamos neste mundo material,
não sabemos quem somos de verdade. Não temos qualquer informação sobre
nossa alma e desconhecemos nossa relação eterna com Deus.
A nossa verdadeira identidade é que somos alma espiritual! A alma
é uma serva eterna de Krsna, de Deus. Deus é um só, mas podemos chamá-
lO de “Deus”, de “Alá”, de “Bhagavan (Deus em sânscrito)”... Seja como for,
estamos nos referindo a mesma Pessoa Suprema, ao Senhor Deus Todo-
Poderoso.
A palavra para Deus em inglês é God, que pode ser entendido como
uma sigla para dizer: com a letra “G”, que Deus é o Gerador Supremo; com
a letra “o”, que Ele é o Operador Supremo e com a letra “d”, que Ele é o
Destruidor Supremo.
Se pudermos servir ao Senhor e cantar os Seus Santos Nomes,
seremos felizes, pois Deus nos dá tudo. Quem nos dá a água? Quem nos dá
o oxigênio? E como “retribuir” a Ele por tudo o que Ele nos dá? Sri Krsna,
Deus, explica que simplesmente por cantarmos os Seus Santos Nomes, Ele
já fica muito satisfeito e feliz. Ele diz que assim podemos nos absorver nEle.
Portanto, cantem o Seu Nome! Deus ficará muito feliz com você, não precisa
de mais nada.
Os pais apenas desejam que seus filhos lhes deem amor, nada mais.
Da mesma maneira, Deus, O Pai Supremo já possui toda a opulência, apenas
deseja que Seus filhos cantem o Seu Nome.
Quando os pais tem um filho bebê, eles ficam ávidos por ouvi-
20 lo dizer “mamãe”, “papai”. Com Deus é a mesma coisa, Ele Se derreterá
de amor e sentirá muita felicidade se ouvir você falar “Hare Krsna!”.

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5
O CAMINHO DA PERFEIÇÃO E A BOA ASSOCIAÇÃO
– O caçador e o santo –

Certa vez, um sadhu (santo) muito elevado, chamado Narada Rsi,


caminhava por uma floresta. De repente, percebeu que, dos dois lados da
trilha, havia vários animais caídos no chão, feridos e agonizando. Eles estavam
com membros amputados, com espasmos, contorcendo-se, moribundos. A
trilha e seus arredores estavam repletos de sangue.
Narada Rsi ficou surpreso com a cena e se perguntou: “Quem será
que fez isso com esses animais?” Mais adiante, ele avistou um caçador prestes
a flechar um veado. Ao aproximar-se, Narada acabou afugentando o animal,
o que fez com que o caçador ficasse muito bravo.
O caçador, chamado Mrgari, gritou:
— Sadhu! O que veio fazer aqui!? Se queria um couro de veado para
sentar durante a sua meditação, poderia ter me falado que eu mandaria
entregar na sua casa. Por você ter chegado aqui agora, minha presa escapou 21
com vida! — E passou a insultar Narada com palavras rudes.

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O caçador chegou, até mesmo, a tentar acertar Narada Rsi com uma
flecha. O poderoso Narada Rsi, contudo, abençoou-o, ergendo suas mãos na
direção de Mrgari, acalmando-o.
Entenda que um sadhu (santo) é capaz de mudar tudo. Ele é muito
tolerante e misericordiosos com todos. “Tolerante como uma árvore e mais
humilde que uma folha de grama.”
Neste mundo material, há pessoas completamente absortas na
ignorância e por isso discutem sem motivo, causando problemas para os
demais e para a sociedade como um todo. As Escrituras afirmam que tais
pessoas vieram do inferno, eram escorpiões. E que, mesmo agora dotados de
um corpo humano, não abandonam seus hábitos anteriores. É muito difícil
abandonar nossos hábitos passados, mesmo que sejam maus hábitos.
Não obstante, a consciência de Krsna nos ensina que o processo de se
associar com o sadhu (ouvir dele e seguir suas instruções) e executar bhajana
e sadhana (práticas espirituais lideradas pelo cantar dos nomes de Deus)
elimina, pouco a pouco, nossos maus hábitos. Somente o sadhu, a pessoa
santa, pode mudar a sua vida e a forma como você a conduz.
Voltando à história, o caçador, depois de ter sido acalmado pelo
santo, perguntou-lhe envergonhado:
— O que afinal o senhor veio fazer aqui nesta floresta tão densa?
O sadhu disse que responderia a essa pergunta depois, mas pediu
que, antes, o caçador dissesse se sabia por que aqueles animais no caminho
estavam tão feridos e quem era responsável por ter feito aquilo com eles.
Mrgari respondeu orgulhoso:
—Ah! Aquilo lá? Fui eu mesmo que fiz! Aprendi com o meu pai!
Quanto mais feridos os animais estão, quanto mais dor eles sentem, quanto
mais agonizam, mais feliz eu fico!
Neste mundo material, há pessoas que são exatamente assim. Quanto
mais problemas criam para a sociedade, para as famílias etc.; mais felizes
ficam...
Ao ouvir a declaração do caçador, Narada Rsi explicou-lhe a
conclusão das Escrituras. Ele lhe disse que, por agir dessa maneira, após a
morte, Mrgari iria para o inferno, e, depois, os mesmos animais que ele havia
maltratado, em vida, assassinariam-no, um a um, por sucessivas vidas. O
22 caçador não acreditou, no entanto, nas afirmações do santo.
Muitas pessoas também reagem assim e não acreditam na

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reencarnação ou no karma. O karma é o conceito que explica a lei natural da
ação e reação.
Há, ainda, quem creia que, após essa vida, haja somente duas opções:
ficar eternamente no céu, ou no inferno. Para outros, Deus nem ao menos
existe, ou a alma! O máximo que tais pessoas concebem é a existência de uma
“energia”, uma potência presente nesse corpo, a qual desaparece depois da
morte.
Os ateístas pensam que Deus não existe. Sua filosofia de vida resume-
se em “ter prazer a qualquer custo”. Assim, vivem para ter dinheiro e, para
isso, podem até roubar, matar, invadir a casa dos outros etc. Eles nem sequer
pensam que tais comportamentos podem ser crimes; apenas agem.
Não vamos discutir se você é, ou não, ateísta. Estamos falando acerca
da existência do karma (atividades fruitivas). Segundo a lei do karma,
colheremos impreterivelmente as reações às nossas ações, boas ou más, na
forma de, respectivamente, desfrute ou sofrimento.
Por isso, Narada Rsi disse ao caçador:
— Após a sua morte, esses animais virão como seres humanos e o
matarão da mesma forma que você os matou. Só então você entenderá o que
estou lhe dizendo... — Mas o caçador Mrgari não acreditava nele.
Nossas Escrituras explicam que, por fazer bom karma ou boas ações,
você receberá um bom resultado. Mas, por outro lado, fazendo ações ruins
ou mau karma, você receberá frutos ruins e sofrerá. Isso é, inclusive, uma lei
física: a Lei de Newton diz que, “para toda ação, existe uma reação de igual
intensidade e em sentido oposto”.

23

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Receberemos os frutos correspondentes às nossas atividades
automaticamente, tanto nessa vida, quanto na próxima. Esse é o sistema
através do qual sofremos e sentimos prazer.
Se, nessa vida, fizermos caridade e atividades piedosas, se executarmos
nossa prática espiritual (bhajana e sadhana) e se cantarmos os Santos Nomes;
obteremos bons frutos na próxima vida, como riqueza e saúde. Mas, se
fizermos atividades ruins, sofreremos.
Como dizíamos, o caçador não acreditava em Narada Rsi. Então,
Narada Rsi pegou um pouco de água em suas mãos e, jogando-a em Mrgari,
provocou-lhe uma visão inesquecível. Nessa visão, o caçador via que cada
um dos animais mortos por ele, em todos os anos de sua vida, vinham agora
para matá-lo, todos de uma só vez.
Mrgari ficou apavorado e, desesperado, perguntou para o santo o que
poderia ser feito para evitar tal terrível destino. Como resposta, o santo Narada
Rsi ensinou-lhe a fazer bhajana e sadhana para o Senhor Supremo.
— Se você adorar a Deus e cantar os Seus Santos Nomes — instruiu
o santo —, todos os frutos ou reações do seu karma serão destruídos. Assim,
você nunca mais renascerá neste mundo material. Cante os Santos Nomes:
Hare Krsna!
— Certo! Como faço isso? O que faço agora? — indagou prontamente
Mrgari.
— Quebre, imediatamente, o seu arco e flecha — ordenou o santo.
O caçador resistiu:
— Mas meu sustento depende da caça de animais! Como sustentarei
a mim e a minha família sem esta arma?
— Ouça o meu conselho e quebre o seu arco e as flechas! — reiterou
Narada Rsi.
Discípulo é quem segue as instruções do guru sem discutir. Para
ilustrar isso vou contar uma outra história breve:
Certa vez, Krsna estava caminhando com Arjuna quando lhe
perguntou:
— O que você está vendo?
— Vejo um elefante se aproximando — relatou Arjuna.
— Não, isso não é um elefante. É uma pequena formiga — contestou
24 Krsna.
Arjuna, então, concordou:

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— Sim, é verdade! Estou vendo uma pequena formiga.
Logo depois, Krsna declarou:
— Não... Na verdade, é mesmo um elefante que se aproxima!
— Sim, Você está certo. É mesmo um elefante — concordou Arjuna
pela segunda vez.
Ao ouvir isso, Krsna questionou:
— Arjuna, por que você concorda com tudo o que Eu digo?
— Krsna — retrucou Arjuna —, o que quer que Deus, Bhagavan, diga
é a Verdade Absoluta. Já o que eu digo, não. E Você é Deus!”
Outro ponto importante dessa história é que Deus pode fazer
qualquer coisa. Por exemplo, Ele pode fazer um elefante virar uma formiga
ou vice-versa. Ele também faz essas coisas com a gente: às vezes estamos
ricos; às vezes, pobres.
Voltando à história do caçador, após a ordem de Narada Rsi, Mrgari
finalmente partiu o seu arco e as flechas ao meio.
Qual o significado de se quebrar tal arma? Esse ato representa a
quebra do nosso falso ego. Somos cheios de egoísmo e, por conta disso,
discutimos uns com os outros. Dizemos: “Faça o que eu digo, senão você vai
ver só!” Porém, devemos admitir nosso falso ego e trabalhar para corrigi-lo;
dessa forma, viveremos com tranquilidade e calma.
Após a quebra do arco, Narada Rsi iniciou-o no mantra:

OM NAMO BHAGAVATE VASUDEVAYA

Narada Rsi orientou ao, agora, ex-caçador que permanecesse, naquele


local, entoando o mantra e adorando a planta sagrada Tulasi. Ademais,
Narada Rsi assegurou a Mrgari que, se ele assim o fizesse, as pessoas dos
arredores lhe trariam doações do que quer que ele precisasse: alimentos,
água, vestes etc.
Dessa forma, o ex-caçador ficou ali cantando os Santos Nomes e
adorando a planta sagrada Tulasi. As pessoas, então, passaram a vê-lo como
um grande devoto do Senhor e começaram a ter o hábito de deixar doações
para ele como de água e alimentos.
Conforme também fora instruído pelo santo, Mrgari apenas aceitava
tanto quanto precisasse. Havendo sobra do que recebia das doações, 25
distribuía o excedente para os demais da região.

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Assim, passaram-se dez anos. Após esse período, um dia, o santo
Narada Rsi comentou com seu amigo, o sábio Parvata Rsi:
— Faz tempo que não vejo um discípulo meu... Vamos lá ver como
ele está se saindo.
Narada Rsi e Parvata Rsi foram até onde Mrgari vivia. Ao vê-los se
aproximando à distância, o ex-caçador reconheceu seu guru e pensou:
— Quero prestar reverências prostradas para meu querido mestre,
porém como vou fazer isso se o chão está cheio de pequenas formigas? Se eu
me deitar no chão, elas podem se ferir! — ponderou Mrgari.
Tomado um pano em suas mãos, Mrgari, gentilmente e com todo
cuidado, afastou todas as formigas do chão para que, então, pudesse prestar
as reverências prostradas.
Essa atitude de Mrgari comprova o quanto ele havia mudado. Agora,
ele compreendia que havia uma alma dentro dele e, também, dentro do corpo
de cada formiga. Seu coração estava, portanto, repleto de compaixão.
Ao observar o comportamento de Mrgari, Narada Rsi contou para
seu amigo sobre o passado daquele homem. Aquele mesmo homem que,
antes, era um caçador cruel e implacável, agora, havia se tornado um sadhu,
um verdadeiro santo compassivo. Hoje, Mrgari, o ex-caçador, sentia muito
amor e afeição por todos os seres vivos.

Moral da história
Somente um devoto puro de Deus (um sadhu) pode mudar a nossa
vida; não há outra forma. Por isso, todas as Escrituras Sagradas relatam as
glórias de nos associarmos com santos, nem que seja por um único instante:

SADHU-SANGA SADHU-SANGA SARVA-SASTRE KAYA   


LAVA-MATRA SADHU-SANGE SARVA-SIDDHI HAYA

As Escrituras explicam que devemos sempre nos relacionar com os


santos (sadhu-sanga), ouvir seus discursos sobre Deus (hari-katha) e fazer
nossa prática espiritual, em especial, o canto dos nomes de Deus (sadhana e
bhajana). Agindo assim, atingiremos a Perfeição Suprema.
26

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6
CAMINHO DO AMOR
– O amor é como uma cobra que
anda em zigue-zague –

Era uma vez um rei que, aos 25 anos, casou-se com uma bela princesa.
No dia da festa de casamento, ele deu à sua noiva um belíssimo colar de
presente. No colar, estavam gravadas a data do casamento e sua assinatura.
Ao presentear sua futura esposa, o rei lhe disse:
— Dou-lhe este colar, muito valioso, como um símbolo do nosso
amor e afeição. Portanto, guarde-o sempre com você, com muito zelo.
A princesa, por sua vez, assegurou-o:
— Guardarei este presente com muito cuidado e em um lugar seguro,
assim como farei com o nosso amor!
Neste mundo, as relações amorosas são assim: “eu só vou te amar se
você me amar de volta”. Só se ama alguém se for recíproco. Essa é a natureza
deste mundo material. Porém, existe uma outra forma de amor na qual se
ama independentemente de retorno. Isso se dá com os pais. Você pode gostar
ou não dos seus pais, mas eles nunca deixarão de gostar de você.
Continuando, a futura rainha afirmou que guardaria o valiosíssimo
colar como um símbolo do amor do casal. E houve o casamento.
Após quinze anos, a vida conjugal dos dois continuava muito bem,
sempre com trocas amorosas etc. Até que um dia...
Um dia, o rei recebeu em sua corte, no salão real, uma fantástica
dançarina. Sua apresentação foi tão bonita que deixou o rei extremamente
comovido. Terminada sua performance, portanto, o rei ofertou uma generosa
doação para a moça.
A moça, então, considerou: “Como ele me deu um presente, eu
também devo dar-lhe algo...” Sendo assim, em troca, a dançarina ofereceu ao
rei um colar.
Quando o rei pegou o presente que a dançarina lhe dera, reparou
e viu que era um colar. Atentando-se, o rei achou que já havia visto aquele
colar antes. Quando olhou por baixo do colar, viu uma coisa gravada. Era a 27
sua própria assinatura! E a data do seu casamento!

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O rei ficou perplexo. De repente, seu
semblante se transformou completamente.
Ele ficou muito sério, grave — “é o mesmo
colar que dei à minha esposa!” —, estava em
choque.
A dançarina, em silêncio, tremia ao
ver que o rei a olhava fixamente.
— Onde você arrumou este
colar?— inquiriu o rei escrutinando-a. —
Diga-me honestamente! Você o roubou?
A moça disse honestamente, em tom
de súplica:
— Não! Foi o seu ministro que me deu
de presente esse colar...
O rei prontamente ordenou:
— Vá embora agora e não diga para ninguém sobre isso que
aconteceu!
A jovem, assustada, saiu às pressas. O rei, por sua vez, na primeira
oportunidade, mandou chamar o ministro.
O ministro, ao saber que o rei o convocara, ficou muito feliz. Enquanto
se dirigia para o local onde o rei estava, orgulhoso, pensava: “Como sou
importante! O rei deve estar quererendo algum conselho meu para poder
decidir sobre algo do reino”.
Com sua roupa pomposa, o ministro aproximou-se do rei, sentando-
se ao seu lado. Sem rodeios, o rei lhe dirigiu a palavra:
— Onde você arranjou esse colar que deu à dançarina? — diretamente
vociferou o rei com o colar nas mãos. — Diga-me honestamente!
— Hm... — o ministro hesitou, mas acabou confessando — Vossa
Majestade, foi a sua rainha que me deu esse colar... Um dia, ela foi até o meu
palácio e me deu esse colar dizendo que me amava! Só que meu amor é todo
da dançarina, por isso, dei-lhe o colar...
— Saia já daqui e não conte a ninguém sobre isso! — exclamou o rei,
irado.
O ministro saiu correndo.
28 Por fim, o rei mandou chamar sua esposa, a rainha. Ela ficou toda feliz,
passou um lindo batom vermelho, vestiu-se elegantemente, estava belíssima.

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Ela estava imaginando que seu
marido quisesse namorá-la. Mas
não foi bem assim...
Logo ao chegar no salão, o rei
lhe disse:
— Há 15 anos nos casamos,
lembra? Naquela ocasião, como o
símbolo do nosso amor e carinho,
presenteei-a com um lindo colar.
— Sim, claro... — consentiu
nervosa — aquele colar é muito
lindo e valioso... Por isso, guardo-o
sempre a sete chaves!
— Pois é — retrucou o rei
—, mas hoje eu quero ver aquele
colar...
— Precisa ser hoje? Estou tão
ocupada! Mostro-lhe outro dia, certo? — a rainha se esquivou com evasivas
enquanto já ia saindo da sala.
O rei, no entanto, exigiu com veemência:
— Não! Quero vê-lo agora!
A rainha era muito boa na arte de enganar, uma verdadeira atriz.
Tentou dissuadir o rei, disse-lhe que no dia seguinte, sem falta, mostraria
o colar. O rei, contudo, manteve-se firme em suas palavras. Obstinado,
determinou que, naquele exato momento, queria ver o colar.
Começando a fazer o seu teatro, a rainha falou que não sabia onde
estava a chave do cofre e deu também outras várias desculpas. Ao ouvir isso,
o marido interrompeu-a dizendo:
— O problema é a chave?! Aqui, ó, tenho uma cópia da chave comigo.
Vá lá e abra o cofre!
O rei seguiu a rainha enquanto ela se dirigia para o cofre. Ao abrir o
cofre, a rainha, fingindo que procurava o colar, fez uma verdadeira cena:
— Ó, meu colar! Roubaram meu colar! O símbolo do nosso amor!
Nesse momento, o rei, já com o colar em mãos, interpelou:
— Por acaso é este o colar que você está procurando? 29
A esposa, entre lágrimas agora de desespero, reagiu:

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— Ó! Que bom! Meu colar! — exclamou exaltada. — Mas... como
você o encontrou?
O rei, sério, redarguiu:
— Rainha, pare de fingir e seja honesta! Diga-me a verdade: você deu
este colar para o ministro? Você ama o ministro? Responda! Pois saiba que
ele ama uma dançarina. Ele deu o colar à moça, que, por sua vez, entregou-o
a mim. Foi assim que o “símbolo do nosso amor” veio parar nas minhas
mãos...
Mas a rainha não conseguiu dizer uma palavra sequer, apenas
chorava, e chorava.

Moral da história
Essa é a qualidade do amor neste mundo material! O rei amava a
rainha, que amava o ministro, que amava a dançarina... Contudo, se você
amar a Deus, você amará a todas as pessoas.
Nossas Escrituras ensinam que devemos amar a Deus, pois Ele é o
princípio do amor puro.
Krsna, Deus, mora no coração de todos. Se você não amar a Deus,
mas ficar dizendo “eu te amo, eu te amo” para as pessoas; isso será apenas
uma enganação, um amor de mentira. Tente entender, ame a Deus e então
você amará a todos.
Você pode se perguntar: “Mas como eu conseguirei amar a Krsna se
nem O conheço, nunca O vi?...” A resposta para essa pergunta está também
nas Escrituras.
As Escrituras explicam que o processo de cantar os Santos Nomes de
Deus, faz com que também, automaticamente, comecemos a amá-lO. Isso
se deve ao fato de não haver diferença entre os Nomes de Deus e o Próprio
Deus. Caso amemos a Deus, amaremos também a todos os seres e, assim,
alcançaremos a paz e seremos felizes. Portanto, cantem:

HARE KRSNA HARE KRSNA


KRSNA KRSNA HARE HARE
HARE RAMA HARE RAMA
30
RAMA RAMA HARE HARE

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7
SADHU-SANGA: A ASSOCIAÇÃO COM UM SANTO
– Os benefícios de se ouvir discursos sobre Deus –

Uma vez, um sadhu (santo) estava pedindo doações de casa em casa.


Quando chegou à casa de uma certa família, o dono da casa, por não gostar
de santos, ficou tão irado com a presença do monge, que o apedrejou. Por
sorte, o santo não se feriu.
Para o bem daquele ofensor, o santo, mesmo assim, recolheu a pedra
do chão e levou-a ao templo. No templo, ele empregou a pedra na cozinha,
para amassar gengibre. Os alimentos preparados eram depois servidos à
forma adorável do Senhor Supremo (Deidade).
Dez anos depois disso ter acontecido, o mesmo homem faleceu. Após
a morte, sua alma foi levada até o senhor Yamaraja, a deidade que preside
a Morte. Yamaraja quis saber quais atividades piedosas e pecaminosas
o homem havia feito durante sua vida, ao que Citragupta, o assistente de
Yamaraja, respondeu:
— Esse homem levou toda sua vida de maneira pecaminosa, no
modo da ignorância. Um dia, ele tentou matar um santo à pedradas. O
santo, contudo, aceitou a pedra como doação e usou-a por anos a serviço da
Deidade. Alguma coisa é melhor do que nada, não é mesmo? Portanto, esse
homem fez uma “doação” a um santo e, por essa atividade, ele recebeu sukrti
(mérito espiritual decorrente de atividades piedosas). Foi isso.
Yamaraja, então, explicou ao homem:
— Veja, graças àquele santo que aceitou sua pedra como uma doação
a Deus, você terá direito a 24 minutos no céu (planeta celestial). Mas, por
causa de todos os seus pecados, você terá que ficar por muito tempo, milhares
e milhares de anos, no inferno (planetas infernais). Você prefere ir direto
para o inferno e, depois, passar os 24 minutos no ceú? Ou você quer primeiro
os seus 24 minutos no céu?
— Primeiro quero meus 24 minutos no céu! — declarou prontamente
o homem, que era muito esperto.
Conforme o desejo do homem, Yamaraja ordenou aos Yamadutas, 31
seus mensageiros da morte:

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— Tá bem... Levem-no até o céu e, após 24 minutos, tragam-no de
volta.
Ao chegar ao planeta celestial, o homem admirou-se com a beleza
do lugar. Os minutos passaram voando... Em seu minuto final, contudo, o
homem encontrou um templo muito bonito. Dentro do templo, viu que ali
havia um sadhu (santo) recitando o Srimad-Bhagavatam, um dos livros mais
importante das Escriturasa Védicas.
Mas o homem viu que, além do santo, não havia mais ningúem no
local! Afinal, todos nos planetas celestiais estão desfrutando ao máximo,
divertindo-se. Quem estaria ali para ouvir sobre Deus? Porém, o homem
decidiu se sentar na frente do santo. Bem nesse momento, ouviu-o recitar
um verso que dizia: “os Yamadutas não conseguem adentrar um local onde
as pessoas estejam ouvindo bhagavata-katha, discursos sobre Deus”.
O homem, de imediato, raciocinou: “Mesmo sem eu ter qualquer
gosto por ouvir sobre Deus, não há melhor lugar para mim agora! Ficarei
sentado aqui, e os Yamadutas não poderão me pegar!” Assim sendo, ele ficou
sentado ali por horas. Mesmo que estivesse ora ouvindo, ora dormindo, de
um modo ou de outro, ele ouviu bhagavata-katha (discursos sobre Deus).
Após seis horas, o santo recitou outro verso, dentre tantos, mas
este, em particular, chamou a atenção do homem. Este verso falava sobre a
raridade de se obter nascimento em corpo humano. E salientava que, mais
raro até do que obter o corpo humano, é se ter a oportunidade de sadhu-
sanga, em palavras simples, ouvir tópicos sobre Deus (bhagavata-katha)
falados por um devoto puro do Senhor Supremo.
Na verdade, sadhu-sanga mesmo significa quando a pessoa não
apenas ouve os discursos sobre Deus falados por um devoto puro (guru),
mas também segue as instruções espirituais que ele dá e serve-o. Assim, a
pessoa passa a experimentar o mesmo tipo de amor por Deus e humores que
o devoto puro em questão possui.
Por isso, as Escrituras explicam que devemos buscar a sadhu-sanga
de um devoto mais elevado do que nós, o qual deverá ter o coração livre das
contaminações materiais. O devoto também deve ser afetuoso conosco e ter
o mesmo humor de adoração a Deus que buscamos alcançar.
Continuando a história, o homem, já cansado, saiu do templo e
32 deixou o planeta celestial, sendo levado novamente a Yamaraja.
Ao encontrar Yamaraja, este, abismado, perguntou-lhe:

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— Você tinha somente 24 minutos no céu, mas acabou ficando seis
horas! O que houve? Como você conseguiu isso? Onde estava?
— Olha — disse o homem —, sabe o que eu fiquei fazendo? Eu fiquei
sentado na frente de um santo, ouvindo-o falar sobre Deus. Mas... Teve
uma coisa que eu não entendi no discurso que ouvi. Qual é o fruto ou o
benefício que alguém obtém por ouvir sobre o nome, as atividades, a forma
e as qualidades de Deus e de Seus devotos (bhagavata-katha)?
— Bem... — hesitou Yamaraja, o senhor da Morte — Não sei lhe dizer.
É melhor perguntarmos pessoalmente para o senhor Brahma de quatro faces,
o criador do mundo material, que vive em Satya-loka. Afinal, foi para ele que
o Senhor explicou pela primeira vez e, ainda, diretamente, Seu bhagavata-
katha.
Dessa forma, todos foram para Satya-loka com o intuito de fazer a tal
pergunta. Chegando lá, questionaram o senhor Brahma, que respondeu:
— Infelizmente, eu também não sei dizer. Vamos até Shiva-loka! O
senhor Shiva deve saber a resposta a essa pergunta, uma vez que foi ele o
primeiro a manifestar o bhagavata-katha.
Já havia se formado uma comitiva de personalidades interessadas
em saber a resposta àquela pergunta. Dirigiram-se para Shiva-loka, o senhor
Yamaraja, o senhor Brahma, o homem que havia ouvido os discursos sobre
Deus (bhagavata-katha), e vários outros semideuses e semideusas.
Ao ser indagado, o senhor Shiva replicou:
— Hm... Também não poderei lhe responder isso... Vamos todos
até Vaikuntha-loka, a morada do Próprio Senhor Supremo. Já que Ele é a
personificação do Srimad-Bhagavatam, o texto sagrado que estava sendo
proferido na ocasião, Ele responderá à questão.
Nesse ponto, o homem, muito esperto, já cansado de caminhar o dia
inteiro, exclamou:
— Não consigo mais andar! Vim de Yama-loka para Brahma-loka,
depois para Shiva-loka, e agora vocês querem ir para Vaikuntha-loka. Não
consigo mais ficar caminhando!
— Mas precisamos de você para que possamos ter a resposta perfeita!
— contestaram os semideuses. — Se você não consegue caminhar, não tem
problema! Deite-se em um palanquim, que o carregaremos sobre os nossos
ombros! 33
No meio do caminho para Vaikuntha-loka, o homem reclamou:

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— Estou com muito calor!
Então, os semideuses, além de carregarem o homem, passaram
também a abaná-lo.
A multidão atrás dele aumentava cada vez mais. A procissão, de mais
ou menos quatro quilômetros de extensão, era liderada por personalidades
muito exaltadas tais como o senhor Brahma, o senhor Shiva, Indra e Narada.
Como a comitiva já estava bem perto do portal de Vaikuntha-loka, a
morada do Senhor Supremo, Lakshmi Devi, a esposa do Senhor Narayana1,
vendo a todos, disse:
— Ó Senhor Meu Marido, quem será essa grande personalidade que
se aproxima? Ele vem deitado, carregado em um palanquim pelos próprios
semideuses, os quais também o abanam! Atrás dele, há uma enorme procissão,
a qual inclui personalidades como Brahma e Shiva. Quem será essa grande
alma?
— Ó Lakshmi — explicou o Senhor—, ele é um grande devoto Meu.
Pegue uma guirlanda de flores usada por Mim, para eu poder colocar nele!
Assim, após a calorosa recepção do homem em Vaikuntha-loka, os
semideuses explicaram o porquê de terem vindo todos até ali. Perguntaram
ao Senhor:
— Todos nós queremos saber: qual o fruto que uma pessoa obtém
quando ela ouve um devoto puro do Senhor falar sobre as Suas glórias?
O Senhor Narayana, então, declarou:
— Brahma, Shiva, e todos os outros, ouçam! O fruto obtido por aquele
que se senta na frente de Meu devoto puro e ouve sobre Mim e Meus devotos
é exatamente este que vocês estão presenciando agora! Vejam: este homem
está agora sentado em um palanquim macio, sendo carregado e abanado por
semideuses e personalidades exaltadas, que lhe trouxeram em uma grande
procissão até a Minha morada, Vaikuntha Dhama! Aqui, Eu pessoalmente o
recebi e lhe dei as boas-vindas oferecendo-lhe a Minha própria guirlanda.
Dessa forma, todos compreenderam que, por se sentar na frente de
um santo e ouvir as glórias de Deus, a alma se liberta e vai com honras para
a morada do Senhor.

34
1 Outro nome de Deus, que significa que Ele é o abrigo para todos os seres huma-
nos.

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Moral da história
Desse conto, aprendemos que, mesmo que tenhamos o coração
endurecido, como no caso do homem que apedrejou o santo, o fato de
simplesmente nos aproximarmos de um santo faz com que nossa vida mude.
Vimos que, se nos sentamos na frente de um sadhu, de um devoto
puro de Deus, e ouvimos seu hari-katha, sua narração das atividades e glórias
de Deus, ficamos protegidos de qualquer perturbação. Nem mesmo o próprio
senhor Yamaraja (o senhor da Morte) ou seus Yamadutas (mensageiros da
morte) podem adentrar o local onde acontece hari-katha.
Outro aprendizado foi sobre a raridade do nascimento na forma
humana de vida. Conseguimos a chance de nascer em um corpo humano
somente após o nascimento em outras 8.400.000 espécies de vida. E, é apenas
depois do acúmulo de atividades piedosas espirituais por milhões e milhões
de nascimentos, que obtemos associação com um sadhu.
Na Escritura Srimad-Bhagavatam, há evidência de que, caso alguém
simplesmente deseje ouvir bhagavata-katha, esse mero desejo de ouvir sobre
Deus faz com que o próprio Senhor Supremo venha e Se estabeleça dentro
do coração dessa pessoa. Contudo, devemos ficar muito atentos e vigilantes,
para que não cometamos ofensas aos vaisnavas (devotos do Senhor). Nunca
critiquem nenhum vaisnava, sadhu (santo) e não briguem entre si.
Sempre ouçam sobre as glórias, qualidades e atividades de Deus (hari-
katha). Contudo, mesmo que uma pessoa ouça hari-katha, se ela continuar
criticando, tudo será inútil e, mesmo assim, ela poderá ir para os planetas
infernais. Portanto, abandonem a má associação e o envolvimento com más
companhias e com coisas contrárias ao avanço espiritual.
No Srimad-Bhagavatam, explica-se que as almas condicionadas estão
vagando no oceano da existência material e, quando a alma obtém associação
com um devoto puro de Deus (sadhu-sanga), significa que ela está prestes a
se libertar do ciclo de repetidos nascimentos e mortes. Portanto, todos vocês
são muito afortunados. Conforme vimos, o resultado de se associar com o
sadhu e ouvir sobre o nome, as atividades, a forma e as qualidades de Deus
e de Seus devotos (bhagavata-katha) é ir direto para Goloka Vrindavana,
a morada do Senhor Supremo. Desse modo, ouçam hari-katha (discursos
36
sobre Deus) e cantem os Seus Santos Nomes.

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8
ALCANÇANDO A MORADA DO SENHOR SUPREMO
– O abelhão e o besouro –

Uma vez, um zangão (abelhão negro),


após colher o néctar da flor de lótus,
sobrevoou o topo de uma pilha fedida
de esterco de vaca.
Enquanto sobrevoava o local, o
abelhão notou que ali vivia um besouro
rola-bosta (escaravelho). O besouro,
reparando também no abelhão, quis
saber:
— Quem é você?
— Sou o zangão.
— De onde você vem? Você tem um
cheiro tão bom! E você canta uma canção
tão doce... — perguntou o besouro rola-
bosta curioso.
— Eu vim de um lago muito belo,
chamado Manasarovara. Sarovara
significa lago; e mana, mente — explicou o abelhão.
— Onde fica esse lugar?
O abelhão começou a descrever o seu lar:
— O Manasarovara é um lago lindo que fica próximo dos Himalaias.
Suas águas são tão lindas, azuladas e cristalinas que, se você jogar uma moeda
dentro dele, dá para ver a moeda no fundo! Há flores desabrochando na
superfície e exalando uma doce fragrância por todo o local. O pólen dessas
flores colore o lago... Ademais, lá sempre se ouve o canto dos pássaros!
Agora, eu vou contar para vocês um pouco das glórias de Vrindavana,
a morada espiritual suprema de Deus. Lá, há uma pedra preciosa que se
chama cintamani e essa pedra transcendental realiza todos os desejos. Todas
as casas de Vrindavana são construídas com essa pedra. Toda a poeira de lá é 37
proveniente dessa mesma pedra. Lá, as árvores e as vacas satisfazem todos os

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desejos de todos. Se eu começar a contar sobre Vrindavana, todos vocês vão
querer saber mais e mais, para poderem se mudar para lá!
E o mesmo aconteceu com o besouro rola-bosta da história: depois
de ouvir sobre o lago, ele desejou ir para lá também!
Como o lugar era longe e o besouro rola-bosta não tinha asas
apropriadas, o abelhão explicou que o besouro deveria subir em suas costas,
pois ele o levaria até o Manasarovara. Feliz da vida, o besouro montou nas
costas do abelhão e os dois começaram a viagem!
Após muito tempo de voo, finalmente chegaram ao local. E o besouro
rola-bosta pôde ver, com seus próprios olhos, a beleza indescritível do
Manasarovara. Era exatamente como ele havia ouvido do zangão! Águas
cristalinas e azuis, flores desabrochando, várias abelhas polinizando aqui e
ali, muitos pássaros, inclusive o pássaro cuco!
O abelhão, então, pousou em uma flor de lótus muito linda e deixou o
besouro rola-bosta ali. Antes, o inseto morava em uma montanha de esterco
e, agora, o mesmo besouro estava tomado pelo perfume da mais fina flor!
A natureza da flor de lótus é a seguinte: as pétalas desabrocham no
nascer do sol e se fecham quando o sol se põe. Contudo, o besouro estava tão
inebriado com o néctar da flor, que não percebeu que o sol se punha, e que
as pétalas se fechavam. Tanto é que, por fim, o besouro rola-bosta acabou
ficando preso dentro da flor de lótus.
Acontece que, bem naquele dia, era o dia do aparecimento do senhor
Shiva. E, posto que a flor de lótus é muito utilizada na adoração ao senhor
Shiva, muitas pessoas estavam coletando flores de lótus para lhe oferecer.
Uma dessas pessoas era um princesa que, em homenagem a esse dia,
comprometeu-se assim: “Hoje adorarei o senhor Shiva oferecendo-lhe cento
e oito flores de lótus!”
A princesa, portanto, coletou cento e sete flores em vários locais
diferentes e, para completar a 108ª flor, ela escolheu, por acaso, aquela mesma
flor na qual o besouro ficara preso.
Já com todas as 108 flores colhidas, a princesa retornou ao seu templo
e ficou a noite inteira cantando este mantra bem doce em adoração ao Senhor
Shiva:

38 OM NAMAH SHIVAYA

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Esse mantra significa “Ofereço
minhas reverências ao Senhor
Shiva”.
À medida que cantava o
mantra, a princesa também ia
oferecendo cada flor de lótus, uma
a uma. Assim, cento e sete flores
foram ofertadas, e a última, a de
número 108, que era a maior flor
de todas, a princesa colocou sobre
a cabeça do senhor Shiva.
Vejam só onde aquele besouro
rola-bosta foi parar! O inseto que
vivia no esterco, agora, achava-se
sobre a cabeça do senhor Shiva, o
maior devoto do Senhor Supremo!
Depois de passar a noite inteira
em orações, no dia seguinte, pela manhã, a princesa jogou todas aquelas
flores oferecidas no sagrado Rio Ganges.
Como dito anteriormente, ao nascer do sol, a flor de lótus desabrocha.
De fato, quando isso ocorreu, o besouro rola-bosta pôde sair de dentro da
flor e ainda beber a água do Rio Ganges! Bem neste momento, o besouro
rola-bosta abandonou seu corpo material e, manifestando a belíssima forma
transcendental de uma jovem moça, rumou para a morada transcendental
de Deus, Goloka Vrindavana!

Moral da história
Essa história demonstra a importância de se ter sadhu-sanga, a
associação com um devoto puro de Deus.
O besouro rola-bosta simboliza a alma condicionada ao mundo
material. A alma condicionada à matéria se absorve no prazer limitado e
temporário trazido pelos sentidos materiais. O abelhão representa o sadhu, a
pessoa santa, e o Senhor Shiva retrata o guru perfeito.
Por ter se relacionado com o abelhão, que seria o sadhu, o besouro 39
rola-bosta obteve contato com o guru, que, no caso, era o senhor Shiva. Isso

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porque o dever de uma pessoa santa é nos trazer até o guru, o qual é, por sua
vez, uma pessoa auto-relizada.
Devemos nos abrigar no guru, dessa forma, ele nos concederá
a devoção pura por Deus. Portanto, devido à associação do guru, a alma
alcança a devoção pura por Deus (suddha-bhakti), aqui simbolizada pelo
fato do besouro ter bebibo as águas do sagrado Rio Ganges. E, depois de
todo esse processo, o besouro rola-bosta, ou seja, a alma, chegou à morada
do Senhor Supremo.
Relacionar-se positivamente com um santo, ouvir suas instruções
e segui-las completamente (sadhu-sanga) é algo muitíssimo poderoso.
Mediante a convivência com um devoto puro de Deus, um verdadeiro santo,
alcançaremos a morada do Senhor Supremo. Portanto, cantem os Santos
Nomes e sejam felizes!

9
Quem pode ver Deus?
– O rei, o ministro e seu filho –
Uma vez, um rei perguntou ao seu ministro:
— Você sabe me dizer quem já viu Deus e o que Ele está fazendo
agora?
— Vossa Majestade, preciso de sete dias para poder dar uma resposta
— considerou o ministro.
No dia seguinte, o filho desse ministro, vendo o pai angustiado,
indagou-lhe sobre o que havia acontecido. O pai, então, contou-lhe sobre as
perguntas que o rei fizera e sobre o prazo para a resposta.
Ao ouvir o motivo do nervosimo do pai, o menino disse:
— Pai, não se preocupe! Eu tenho a solução para o seu problema!
Diga a Sua Majestade que as respostas que ele busca são tão simples que até
uma criança sabe responder.
Foi assim que, cumprindo o prazo, passados sete dias, o ministro
dirigiu-se ao rei:
— Vossa Majestade, as respostas daquelas perguntas que o senhor me
40 fez são tão simples, que quem lhe responderá será o meu filho!
O rei ficou surpreso, mas concordou. O filho do ministro apresentou-

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se ao rei e começou a discursar:
— Vossa Majestade, sua primeira pergunta foi “quem já viu Deus?”. A
resposta é muito fácil: somente quem possui fé em Deus, poderá vê-lO. Para
explicar melhor, há uma analogia bem simples. Antes, por favor, peça para
trazerem uns dez litros de leite.
O rei consentiu e seus servos trouxeram, quase que na hora, bastante
leite de vaca em uma bacia. Ao que o filho do ministro prossegiu:
— A manteiga clarificada (ghi) está presente no leite? Sim, pois o
ghi é um produto que vem do leite. Mas você consegue perceber o ghi, a
manteiga clarificada, ao olhar para o leite? Não! Por quê? Porque para se
obter a manteiga clarificada é necessário submeter o leite a um processo!
Primeiro, transforma-se o leite em iogurte, depois, bate-se o iogurte até
que ele se transforme em manteiga simples. Para obter o ghi, deve-se ferver
lentamente a manteiga até que ela seja purificada pelo calor do fogo. Sendo
assim, da mesma forma, para que possamos ver Deus, é necessário que nos
submetamos também a um processo, mas a um processo espiritual!
O rei, extasiado e satisfeito com a resposta, quis saber mais: 41
— E qual a resposta para a outra pergunta: “o que Deus está fazendo?”

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— Essa sua pergunta é realmente muito doce. Mas — continuou a
criança —, antes de respondê-la, peço que o senhor observe nossa situação.
Agora, eu estou fazendo o papel de professor e o senhor, Vossa Majestade,
o papel de aluno; contudo, eu estou sentado no chão, e o senhor está no
trono. Quem ensina senta-se em uma plataforma mais elevada; portanto,
deveríamos trocar de lugar. Como seu papel agora é de aluno, sente-se no
chão, que eu subo no trono, certo?
O rei assentiu e se sentou no chão.
— Certo. Então, diga-me: o que Deus está fazendo?
— Deus está fazendo isso — falou o menino.
— Isso o quê?! — indagou o rei confuso.
A criança esclareceu:
— Deus faz isso: ora você é rei, ora você é um plebeu. É como se
fôssemos ascensoristas. O trabalho do ascensorista é, conduzindo o elevador,
ficar subindo e descendo os andares de um prédio. Da mesma forma, neste
mundo, a alma condicionada vai dos planetas superiores para os inferiores
e vice-versa, conforme o seu próprio karma, ou seja, conforme suas ações
passadas. Contudo, é Deus que concede às almas os resultados de suas
atividades.

Moral da história
O processo espiritual necessário para que possamos ver Deus se
inicia quando nos abrigamos em um mestre espiritual verdadeiro e seguimos
os quatro princípios.
Os quatro princípios são: não comer carnes, peixes nem ovos; não
praticar sexo ilícito; não apostar em jogos de azar e não se intoxicar (beber,
fumar etc.).
O processo espiritual também se fundamenta na prática espiritual
(sadhana-bhajana). Uma das principais atividades da prática espiritual é o
cantar dos Santos Nomes de Deus.
Em resumo, só vê a Deus quem pratica o serviço devocional — como
ouvir, cantar e meditar na forma, qualidades e passatempos de Sri Krsna
(Deus). Aquele que assim proceder, verá Deus!
42 Em todas as vidas, nossas condições de vida mudam. Por exemplo,
alternamos entre sermos ricos ou pobres. O ciclo de repetidos nascimentos

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e mortes (samsara) é como uma roda gigante, ora estamos em cima; ora,
embaixo.
Sem a busca do conhecimento espiritual, nossa vida é inútil. A única
coisa que levamos conosco após a morte é o fruto das ações que praticamos
em vida. Colheremos as reações de nossas ações piedosas e pecaminosas.
Como fruto das boas atividades, alcançamos os Planetas Celestiais, os quais
são planetas superiores, e, como fruto das atividades pecaminosas, caímos
nos Planetas Infernais, os quais são inferiores.
Mas, o cantar dos Santos Nomes faz com que alcançemos a morada
de Sri Krsna, o Reino de Deus, e, dessa forma, nunca mais voltaremos a este
mundo material.

10
NÃO LEVAREMOS NADA APÓS A MORTE
– O santo e o recado para o rei –
Um dia, um santo aproximou-se de um rei e pediu-lhe uma audiência
com ele, mas o rei era muito ocupado com seus deveres e negou o pedido do
santo (sadhu).
Pessoas muito importantes nunca têm tempo para falar com ninguém.
Por exemplo, para conseguirmos falar com o presidente de um país ou com
um ministro, precisamos agendar o encontro com dois ou três meses de
antecedência.
Voltando à história, como não conseguiu falar com o rei, o santo
aproximou-se da rainha e disse-lhe:
— Vossa Majestade, ouça meu conselho: para obtermos frutos
espirituais devemos cantar os Santos Nomes de Deus. Sem prejuízo, como
seu marido não tem tempo para falar comigo, trago-lhe uma mensagem e
peço que repasse-a para Sua Majestade.
A rainha consentiu e o santo prossegiu:
— Sua Majestade, o rei, morrerá em exatos sete dias. Depois da morte,
contudo, devido às muitas atividades piedosas que realizou, o rei irá para os
Planetas Celestiais. Lá, ele ficará em um belíssimo aposento. Contudo, lá há
também muitos mosquitos e, embora em seu lindo quarto haja uma cama 43
com mosquiteiro, este possui vários rasgos, que o tornam inútil. Por conta

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disso, avise o rei para que, após a sua morte, leve consigo linha e agulha
para poder costurar a tela rasgada do mosquiteiro, pois em todo o Planeta
Celestial não há tais objetos!
A rainha, com muito cuidado, passou, para o
rei, todo o recado do santo. Ao ouvir o recado, o rei,
atônito, perguntava-se: “Mas como farei para levar
linha e agulha para lá?!”. A fim de obter respostas,
imediatamente encontrou tempo e mandou chamar o
santo (sadhu).
Então, o santo explicou ao rei:
— Se, após a morte, você sabe que não
levará consigo nem mesmo objetos tão simples,
por que perde tempo na sua vida trabalhando tão
arduamente? Aproveite o tempo que lhe resta e cante os
Santos Nomes!

Moral da história
A fim de obter frutos espirituais eternos, todos devem cantar os
Santos Nomes, pois da vida nada se leva...nem mesmo um pequeno fio de
linha e uma agulha. Da vida, não levaremos nada material, tudo ficará aqui.
Por isso, não perca mais tempo e cante os Santos Nomes de Deus:

HARE KRSNA HARE KRSNA


KRSNA KRSNA HARE HARE
HARE RAMA HARE RAMA
RAMA RAMA HARE HARE!

44

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– REFERÊNCIAS –
Palestras que foram transcritas para a
confeccção deste livro, por capítulos:
1. Aula de 06/01/2016 – Noite – Guarujá/SP;
2. Aula de 07/02/2016 – Manhã – Rio de Janeiro/RJ;
3 e 4. Aula de 04/02/2016 – Manhã – Santos/SP;
5. Aula de 13/02/2016 – Noite – Belo Horizonte/MG – <goo.gl/
E4USVM>;
6. Aula de 22/02/2016 – Noite – Ilhabela/SP – <goo.gl/Axw2vN>;
7. Aula de 24/01/2016 – Noite – Jaraguá do Sul/SC – <goo.gl/
b8EYoQ>;
8. Aula 17/02/2016 – Noite – Araras/SP e
9 e 10. Aula de 18/02/2016 – Noite – Araras/SP – <goo.gl/cbcg4b>.

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Todas as glórias são de Srila Gurudeva.

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Breve Biografia do Autor
Sua Divina Graça om visnupada
paramahamsa parivrajakacarya astottara-
sata Sri Srimad Bhaktivedanta Vana
Gosvami Maharaja é um monge renunciado
(sannyasi). Ele é um representante
fidedigno da filosofia Gaudiya Vaishnava,
sendo, atualmente, um dos seus principais
expoentes.
Também chamado por
seus discípulos pelo título “Srila
Gurudeva”, ele apareceu nesse mundo em Midnapur, na
Bengala Ocidental, Índia, em 02 de janeiro de 1959. Esse local
fica próximo ao pada-tirtha de Sri Caitanya Mahaprabhu
denominado Pichalda. Desde sua infância, Srila Gurudeva sempre
foi muito apegado a Sri Caitanya Mahaprabhu (Deus).
Em 1981, após receber o diploma de bacharelado
em Ciências Econômicas pela Universidade de Calcutá,
ele decidiu dedicar a sua vida integralmente à missão de
seus mestres espirituais. Nitya-lila-pravista om visnupada astottara-
sata Srila Narayana Gosvami Maharaja é seu harinama e sannyasa
guru e nitya-lila-pravista om visnupada astottara-sata Srila
Bhaktivedanta Vamana Gosvami Maharaja é seu diksa-guru.
Ajudando as pessoas em toda parte, sua vida é pregar a
missão de seus mestres espirituais e de todo o Sri Guru Parampara
(sucessão discipular de mestres). Demonstrando tudo através do seu
próprio exemplo, ele ensina a filosofia vaishnava de forma simples e
perfeita.
Sem ter residência fixa, Srila Gurudeva viaja incessantemente
ao redor do mundo. Durante o ano inteiro, dá aulas online e presenciais
onde quer que esteja. Com websites em diversas línguas, difícil um
local onde Srila Gurudev não tenha ido e espalhado seu doce hari-
katha, as suas palestras repletas de amor puro por Sri Sri Radha-
Krsna, e o cantar dos Santos Nomes — o Mahamantra Hare Krsna.
O Brasil é agraciado duas vezes por ano pela sua
misericordiosa visita: nos meses de dezembro-janeiro e julho.
Portanto, não perca a oportunidade de conhecê-lo. Para maiores
informações sobre suas aulas e agenda, acesse jaygurudevbr.org ou
escreva para sitegurudevbr@gmail.com.

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Hare Krsna Hare Krsna
Krsna Krsna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare

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