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Os fusos horários e
sua importância no mundo atual
Autores
aula
10
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
1. Cartografia – História. 2. Cartografia – Conceito. 3. Cartografia – Utilização. 4. Dados estatísticos. 5. Simbolismo cartográfico. I
Araújo, Paulo César de. II. Título.
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UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
A
Cartografia é uma área do conhecimento que, desde as suas origens e no seu
longo processo de sistematização, vem incorporando saberes de outras áreas
científicas, com o propósito de representar o espaço. Uma das áreas relacionadas é
a Astronomia que, entre outros ensinamentos, nos auxilia na compreensão da situação do
planeta Terra no contexto do Sistema Solar, seus movimentos e as conseqüências destes
na nossa vida cotidiana.
O conhecimento da noção de fusos horários nos dias atuais tem uma importância
fundamental para a compreensão das múltiplas relações entre os diferentes e distantes
lugares de um mundo cada vez menor. O professor de Geografia, talvez mais que qualquer
outro profissional, tem a obrigação de conhecer essa realidade e auxiliar os seus alunos
a compreenderem essa relação espaço/tempo e, assim, entenderem melhor o mundo em
vivemos.
Esta aula é um convite para conhecer uma genial e útil invenção dos homens: os
fusos horários.
Objetivos
Compreender o movimento de rotação da Terra e a passagem das
1 horas.
I
maginemos uma região onde todas as cidades, povoados, distritos e os espaços entre
eles tenham horas diferentes. Certamente, nessa região, o funcionamento das atividades
comerciais, os horários dos trens, dos ônibus e dos aviões, a hora de almoço, o início e
o término de um dia, assim como o horário das aulas de professores que ensinem em duas
cidades diferentes e tudo o que se refere à passagem das horas seria simplesmente um caos.
Uma situação como essa só não aconteceu no passado, antes de se estabelecer uma
ordem para a determinação geográfica das horas de um dia, porque a população do mundo
era muito pequena e também porque as atividades econômicas não eram dinâmicas e a
mobilidade da população entre os lugares, precária. Esse assunto, mais relacionado com a
Astronomia, foi absorvido pela Geografia, em função da influência que exerce sobre a vida
das pessoas, especialmente, após o surgimento da ferrovia, do telégrafo e da aviação.
A
ntes de querermos responder à indagação acima, vamos historiar um pouco sobre
a origem do sistema de fusos horários. Desde os egípcios, a preocupação com a
contagem das horas é parte do nosso cotidiano. Até meados do século XIX, não havia
um referencial único para a determinação das horas. Cada lugar estabelecia uma hora a ser
respeitada pelos seus habitantes e certamente pelos seus visitantes, o que provavelmente
causava embaraço e desconforto. A hora de uma localidade era acertada ao meio-dia,
momento em que o sol estivesse a pino, ou seja, iluminando perpendicularmente o meridiano
que passava naquela localidade.
O descompasso provocado era grande, mas, com o advento da ferrovia essa situação
ficou ainda pior. Como meio de transporte, o trem não era tão rápido, mas tinha a possibilidade
de percorrer grandes distâncias e a locomoção das pessoas entre lugares com horas bem
diferentes tornou-se comum. Nos Estados Unidos, onde as ferrovias atravessavam longos
Por isso, foi criada uma nova escala horária e a 1 de janeiro de 1972 foi oficializada
uma nova hora universal: Universal Time Coordinated (UTC), ou seja, o Tempo
Universal Coordenado (http://aa.usno.navy.mil/faq/docs/UT.html). Por vezes,
ainda se ouve falar em hora GMT. Este é um termo desatualizado e por isso
incorreto. Dever-se-á, em vez disso, usar o termo UT (abreviado), esse, sim, é
o termo oficial e correto.
Fonte: História... (2002).
Somente em 1878, o canadense Sir Sanford Fleming (1827-1915), engenheiro chefe das
ferrovias do Canadá, após estudar o movimento de rotação da Terra, sugeriu que tal sistema
de zonas de tempo fosse adotado no mundo inteiro a partir do meridiano que passava pelo
Observatório de Greenwich e propôs a divisão do planeta em 24 faixas ou fusos, cada uma
correspondendo a uma hora.
O Primeiro Meridiano é uma linha imaginária que liga o Pólo Norte ao Pólo Sul.
Greenwich é uma cidade inglesa localizada nas margens do Rio Tâmisa, onde se localiza o
n o dia universal seria um Dia Solar Médio e começaria à meia-noite em Greenwich
contado no formato de 0 a 24 horas;
n o primeiro Fuso Horário abrangeria uma faixa que vai de 07º 30’ E (de East) a 07º 30’ W
(de West), portanto, 15º de longitude.
1 20 º 1 2 0º
-8 +8
105º -7 1 05 º
+7
OESTE
LESTE
90 º -6 PN +6 9 0º
-5 +5
75 º 75º
SO L
-4 +4
RO
60º 6 0º
DO
TA
-3 +3
TE
ÇÃ
EN
O
45º -2 +2 45 º
DA
AR
-1
AP
R -0 +1
TE
RA 3 0º +0
30 º T
O
EN
1 5º 0º 15 º IM
OV
M
Meridiano de
Greenwich
Considerando a Terra vista dos pólos, representada pela circunferência (Figura 4),
dividem-se os 360º pelas 24 horas do dia e cada fuso horário compreende uma faixa de 15º
de longitude, na qual, teoricamente, se tem a mesma hora. Quando dizemos que teoricamente
temos a mesma hora dentro de uma faixa de 15º, é porque na prática não é bem assim. Em
cada lugar do planeta, os governos locais têm a liberdade de definir as configurações dos
fusos horários de seus países, de acordo com as suas conveniências.
A
pesar de quase imperceptíveis por causa da correria do nosso dia-a-dia, a Terra executa
movimentos, alguns dos quais de forte influência sobre nós. Um desses movimentos
interfere de forma muito marcante em nossas vidas, sua influência é diária e suas
conseqüências são percebidas a cada hora, às vezes, a cada minuto: é o movimento de rotação.
Como podemos ver na figura anterior, é um movimento realizado no sentido Oeste-Leste e,
através dele, a Terra dá um giro em torno do seu próprio eixo em um período de 24 horas.
Por esse motivo, temos a impressão de que o Sol nasce no horizonte a Leste e que,
com o passar das horas, descreve uma trajetória sobre nossas cabeças no sentido Leste-
Oeste, até o poente. Como sabemos, esse movimento é apenas aparente. A verdade é que,
pela manhã, quando o Sol parece subir no horizonte, é a Terra que está girando na direção
contrária (Oeste-Leste).
Assim pensando, podemos entender que cada lugar ou ponto do planeta, situado mais
a oeste de outro, terá sempre um tempo atrasado, seja uma hora, um minuto, um segundo
ou um milésimo de segundo. Em lugares muito próximos isso não é percebido. Mas, quando
um lugar está distante de outro apenas 1º de longitude (no sentido Leste-Oeste ou vice-
versa), isso significa que esse lugar está adiantado ou atrasado em 1/15 (um quinze avos)
de uma hora, ou seja, está adiantado ou atrasado em 4 minutos.
“Aposto vinte mil libras, seja contra quem for, que darei a volta à Terra em oitenta
dias ou menos. ... Sendo hoje quarta-feira, 2 de outubro, tenho de estar de volta
a Londres, a este mesmo salão do Reform-Club, em 21 de dezembro, sábado, às
oito e quarenta e cinco da noite.” ... Houve, porém, demoras forçadas, e quando
o gentleman desembarcou, enfim, no seu destino, todos os relógios de Londres
marcavam dez minutos para as nove da noite. Concluída a volta ao mundo,
Phileas Fogg chegava com cinco minutos de atraso! Em resumo: perdera a
aposta! ... “O Sr. enganou-se num dia! Nós chegamos 24 horas adiantados;
mas só temos 10 minutos”. “Sem dar por isso”, Phileas Fogg ganhara um dia
no seu itinerário, unicamente porque dera a volta ao mundo caminhando para
leste, dia que, pelo contrário, perderia se fosse em sentido inverso, quer dizer,
marchando para oeste. (VERNE, 1982).
ser de alta conveniência o estabelecimento da hora legal, visto que ao lado da hora
do Rio, usada nas estações telegraphicas da União, encontram-se horas locaes as
mais variadas e arbitrarias, o que, evidentemente, prejudica as relações commerciaes,
já difficultando o estabelecimento seguro do trafego mutuo nas estradas de ferro, já
impedindo a comparação das datas e horas dos despachos telegraphicos e a solução
das transacções mercantis, dependentes de contractos que envolvem questões de
tempo (OBSERVATÓRIO..., 2008).
1º Fuso – é o fuso de –2h (menos duas horas) em relação à hora de Greenwich. Fazem
parte deste fuso as ilhas oceânicas de Fernando de Noronha, Martin Vaz e Trindade, o Atol
das Rocas, os Penedos de São Pedro e São Paulo.
2º Fuso – é o fuso de –3h (menos três horas). É o fuso de Brasília e representa a hora
oficial do país. Todos os estados das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, mais os estados de
Goiás no Centro-Oeste e Tocantins e parte do Pará, na região Norte.
O
princípio fundamental deste horário é que, como no verão o Sol nasce mais cedo, ao
adiantar os relógios em uma hora é possível aproveitar mais a luz do dia, uma vez
que a realização das atividades humanas nesse período (à luz do Sol) ocasiona um
menor consumo de energia elétrica. O horário de verão foi adotado no Brasil pela primeira
vez em 1931 e, em geral, adiantavam-se as horas em todo o país. Após a constatação de
que em alguns estados os seus efeitos eram insignificantes, nos últimos anos, a adoção
do horário de verão no Brasil é seletiva, atingindo apenas as regiões onde, de fato, se pode
economizar energia elétrica (Figura 9).
a) Manaus;
b) Brasília;
1.
sua resposta
2.
3.
S
abemos que a hora legal, que é determinada pelas autoridades de cada país através de
uma legislação específica, é a referência prática para a distribuição das horas em todo
o planeta. No entanto, essa hora legal nem sempre atende às nossas necessidades de
informação, pois às vezes estamos envolvidos em atividades específicas que dependem, por
exemplo, da ausência ou presença da luz solar. Então, é preciso determinar a hora real ou
solar do lugar. Como fazer isso?
Instruções
Quando pretendemos saber a hora real ou solar em um determinado lugar no mundo,
precisamos de alguns referenciais para isso. Esses referenciais são: a hora real do outro
lugar e as longitudes dos dois lugares.
Oeste Leste
A. - .B
Oeste Leste
A. + .B
b) se o lugar do qual se quer saber a hora está a Oeste, subtrai-se da hora conhecida a
diferença horária encontrada.
1. Qual a hora de uma cidade A localizada a 123º 18’ 26” E, quando são 12h 32m 16s
numa cidade B situada a 01º 15’ 27” E?
Como se faz? Converte 1 dos minutos em 60” e soma aos 26” existentes = 86”.
123o 18
− 26
− E
Isso é igual a −→ 123o 17 87 E
−1o 15 27 E
122o 02 59
Passo 2 – Diferença de horas: divide-se a diferença de longitudes 122º 02’ 59” por 15
(quantidade de graus de 1 fuso horário) como você verá a seguir.
2. Qual a hora de uma cidade européia situada a 35º 45’ 26”E, quando são 16h 44m numa
cidade situada no sul do Brasil a 51º 22’ 27” W?
Passo 2 – Diferença de horas: divide-se a diferença de longitudes 87º 07’ 53” por 15
(quantidade de graus de 1 fuso horário).
−→ .720 + 07 =
........727
.... − 720
............7 × 60 =
−→ 420 + 53 =
........473
........465
............8 (resto)
Passo 3 – Diferença de horas: como a hora que se quer conhecer está a Leste, soma-se a
diferença de horas à hora conhecida.
Hora conhecida ...................... 16h 44m 00s
....... Diferença de horas ................. 5h 48m 31s
....... Hora que se quer conhecer .... 21h − 31s (corrigido para)
− 92m
.........................................................22h 32m 31s
Resposta: Na cidade européia são 22h 32m 31s.
10’ passam a ser 9’, pois 1’ = 60”, que serão somados aos 37”, que passam a
ser 97”. Da mesma forma os 15º passam a ser 14º. 1º é convertido em 60’ que
somados aos 9’ = 69’
Passo 3 – Diferença de horas: como a hora que se quer conhecer está mais a Oeste,
subtraem-se a diferença de horas da hora conhecida.
Passo 2 – Diferença de horas: divide-se a diferença de longitudes, 194º 49’ 54” por 15
(quantidade de graus de 1 fuso horário).
−→ 840 + 49 =
........889
.... − 885
..........4 × 60 =
−→ 240 + 54 =
........294
−→ .285
...........9 (resto)
Passo 3 – Diferença de horas: como a hora que se quer conhecer está mais a Leste, somam-
se a diferença de horas à hora conhecida.
5. Numa cidade européia localizada a 54º 16’ 26” E são 8h 15m 26s. Que horas são numa
cidade americana situada a 85º 46’ 38” W?
Passo 2 – Diferença de horas: divide-se a diferença de longitudes, 140º 03’ 04” por 15
(quantidade de graus de 1 fuso horário).
−→ 300 + 3
........303
.... − 300
..........3 × 60 =
−→ 180 + 04 =
........184
−→ .180
...........04 (resto)
Resposta: Na cidade americana são 22h 55m 14s do dia anterior.
A diferença de horas é maior que a hora conhecida. Para que essa diferença
fique maior é necessário somar 24h 00m 00s à diferença de horas.
a) quando são 13h 15m 17s numa cidade localizada a 18º 25’ 32” E, que
horas teremos em outra cidade localizada a 156º 15’ 17” W?
b) quando estivermos às 21h 37m 28s numa cidade situada a 67º 38’ 47” em
Natal, que horas são em Greenwich?
c) que horas são em um ponto localizado a 124º 16’ 37” W, quando são 18h
37m 24s num ponto localizado a 123º 16’ 37” W?
Resumo
Esta aula tratou especificamente de fusos horários, assunto da mais alta
importância nos dias atuais devido a sua real aplicação prática em diversas
atividades e eventos de abrangência mundial. Discutimos os conceitos de hora
solar ou real e hora legal ou hora oficial e aprendemos sobre o movimento
de rotação da Terra e sua relação com a passagem das horas. Descobrimos
que, apesar da uniformização das horas através dos fusos horários, a hora real
ou solar é que determina a luminosidade dos lugares; e que a cada grau de
longitude, a Leste ou a Oeste, haverá maior ou menor luminosidade, portanto,
horas adiantadas ou atrasadas em relação às horas de um determinado lugar.
Referências
HISTÓRIA com ciência: afinal foram apenas 79 dias! Ciênciaj, n. 27, maio/jun. 2002.
Disponível em: <http://www.ajc.pt/cienciaj/n27/hciencia.php>. Acesso em: 10 fev. 2008.
VERNE, Júlio. A volta ao mundo em 80 dias. Rio de Janeiro: Otto Pierre Editores, 1982.
Ementa
História, conceituação e utilização da cartografia nos estudos geográficos. O espaço e os problemas da escala e da forma.
Orientação, localização, projeções e fusos horários. Os dados estatísticos; tratamento e representação. O simbolismo
cartográfico e a linguagem dos mapas.
Autores
n Edilson Alves de Carvalho
Aulas
05 Escalas