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EMENTA
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA AUXILIADORA
SOBRAL LEITE – Relatora, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ e
ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA ,Presidente, em proferir a
seguinte decisão:: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO, UNÃNIME,
de acordo com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios,
ante o êxito da parte no recurso.
EMENTA
RELATÓRIO
VOTO
Quanto á arguição de nulidade da sentença em decorrência do uso de
prova emprestada, rejeito-a, tendo em vista que as provas colacionadas pela autora
consistem em documentos, que podem livremente ser carreados aos autos sem a
necessidade de passar pelo crivo do contraditório e da ampla defesa, requisitos estes
elencados pela doutrina para a aceitação da prova emprestada produzida noutro processo
.Ademais, resta assentado no âmbito jurisprudencial que a juntada de ata de audiência,
bem como cópia de sentenças de outros processos não podem ser caracterizadas como
prova emprestada. Nesse sentido:
Ademais, foram produzidas provas diversas nos autos, dentre elas a prova
testemunhal, o que denota que o valor probante das atas de audiência juntadas aos
autos, de per si não se revestira de força suficiente, para a formação do convencimento
do magistrado.
No caso em tela, verifica-se que a Requerida não trouxe aos autos qualquer
documento capaz de contrariar as alegações do autor, bem como não juntou aos autos
qualquer prova que pudesse afastar a sua responsabilidade pelo vício do serviço, razão
pela qual haver restado provadas, porque incontroversas, as alegações do autor.
In casu, a recorrente confessa que não tinha autorização do MEC para ofertar o
curso de graduação de Licenciatura em Pedagogia fora da sua sede estando o curso
ofertado à parte autora irregular. É o que se deduz da afirmação da acionada ao arguir
que “o funcionamento fora da sede, não é uma ilegalidade, mas no máximo uma
mera irregularidade, que poderia gerar por parte do MEC uma fiscalização, um ato
correcional ou uma multa”.
Portanto, ante o conjunto probatório carreado aos autos, verifico que decidiu
acertadamente o juízo de primeiro grau no sentido de que “os documentos acostados
revelam materiais intitulados de “Pedagogia”. Também constou a intitulação no material de
divulgação da Facite o termo “Faculdade”. Tais provas levam-me a concluir que a parte ré
praticou publicidade enganosa, com fundamento no art. 6º, IV, c/c art. 37, § 1º, do Código de
Defesa do Consumidor. A parte autora figura na presente relação jurídica como consumidora
qualificada como hipossuficiente técnica, razão pela qual se tornou imperiosa a inversão do
ônus da prova aludida no art. 6º, VIII, do mesmo Diploma Legal”.
Assim, para que uma Instituição de ensino possa ofertar curso de Graduação faz-
se imprescindível que o mesmo esteja totalmente regular junto ao Ministério da Educação
sob pena de estar praticando ato ilícito na ótica do direito do consumidor, passível de
reparação por danos materiais e morais.
O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano moral que
muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação que por certo lhe
trouxe intranquilidade e sofrimento, configurando o dano moral, em razão exclusivamente
da conduta do recorrente.
Nesse contexto deve-se observar no tocante ao dano moral, ou melhor, quando
se reclama uma indenização dessa ordem, o ofendido não esta pedindo um preço da dor
sentida, mas apenas que se lhe outorgue um meio de atenuar, em parte, as
consequências do prejuízo, melhorando seu futuro, superando o déficit acarretado pelo
dano, abrandando a dor ao propiciar alguma sensação de bem estar, pois, injusto e imoral
seria deixar impune o ofensor ante o grave resultado de sua falta. (vide Indenização Por
Dano Moral, Revista Consulex nº 03).
Ao tratar da fixação do dano moral merece ser destacado que esta, ao ser
determinada pelo juiz, tem por escopo atingir duas finalidades distintas, quais sejam: a)
ressarcitório, para que haja satisfação à vítima, pelo dano sofrido por ela; b) punitivo, para
desestimular o ofensor à prática de novos danos, aqui cumpre ao julgador observar os
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade para que o valor da reparação seja o
efetivamente justo.
Assim, quanto ao valor arbitrado, tenho que o mesmo se mostra exagerado e fora
dos parâmetros arbitrados por este Sodalício em casos similares, merecendo uma
alteração na fixação daquele quantum.