“Diante da idéia de Claude Bernard de fazer da medicina uma ciência resta-nos,
então, entender como o autor a viabiliza. Na Introdução, precisamente no parágrafo VIII
do livro segundo, encontramos o entendimento procurado: ‘as maquinas vivas são, por conseguinte, criadas e construídas de tal maneira que ao aperfeiçoarem-se tornam-se cada vez mais livres do meio cósmico geral. Mas nem por isso deixa de existir o mais absoluto determinismo no meio interno que, em conseqüência deste mesmo aperfeiçoamento orgânico, se isola cada vez mais do meio cósmico exterior’ (122-123)” (MARQUES, Rita de Cássia e SANTOS, Ana Lúcia Rissoni. “Quando não estamos doentes? A aplicação da ciência moderna na medicina” in Anais do VII Seminário Nacional de História da Ciência. São Paulo: Edusp, PP. 269-72).
“A citação desse parágrafo leva as autoras a interpretar que: “como os
fenômenos dos corpos vivos são dependentes, segundo a concepção determinista, das condições físico-químicas do meio interno desse organismo, isso significa que essa concepção é reducionista já que restringe os fenômenos vitais a um único tipo de realidade: àquela estudada pela física, nesse caso, mais precisamente, pela mecânica” (MARQUES e SANTOS, 2000). Em seguida, concluem: “A análise do exposto até o momento permite-nos desvelar a questão implícita ao determinismo de Claude Bernard − e esta corresponderia, aproximadamente, ao que foi expresso por Dagognet no seu prefácio à Introdução − qual seja, a concepção de que, através do meio interno, Claude Bernard partiu em guerra contra o vitalismo que subtrai o vivo, ou mais precisamente, o princípio ou força vital, da absoluta e necessária regularidade físico-química.” (MARQUES e SANTOS, 2000).
MARQUES, Rita de Cássia e SANTOS, Ana Lúcia Rissoni. “Quando não
estamos doentes? A aplicação da ciência moderna na medicina” In: J. L. Goldfarb & M. H. M. Ferraz (org.), Anais do VII Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia. São Paulo: Edusp/Edunesp/Imprensa Oficial/SBHC, 2001, pp. 269-272).