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Anotações sobre o primeiro capítulo de Ciência Política, de

Paulo Bonavides

A obra Ciência Política de Paulo Bonavides é um clássico, com justa razão,


sobre o tema. A leitura do primeiro capítulo da obra, contudo, pode
intimidar, dada a quantidade de informação apresentada pelo generoso e
erudito autor.

Sendo assim, para fins de meu próprio estudo, dividi o primeiro capítulo
em três partes, para maior acesso ao denso conteúdo que ali se encontra.
Chamei a primeira parte, preguiçosamente, de “desbravamento do
conceito de ciência”. Como é, afinal, meu estudo, fiz comentários e estendi
considerações – ainda que breves – sobre pensadores e aspectos não
citados pelo autor. Em resumo, o autor traça uma linha de Aristóteles a
Kant, com o último pensador finalmente vindo a definir com clareza
ímpar o conceito de ciência. O arcabouço de ferramentas que o
pensamento de Kant traz para o desenvolvimento da ciência, dessarte,
acaba por emancipar a mesma, enquanto ideia, e permitir que as
próximas gerações de pensadores preocupem-se em descrever sua
autonomia e dinâmicas próprias. Esta seria a segunda parte do capítulo,
que chamei pouco apropriadamente de “narrativa interna do conceito de
ciência”, mas que pelo perfil do blog não poderá ser publicada em
conjunto com a primeira. Será próprio desta segunda parte o embate
entre a escola positivista e os neo-kantistas acerca da orientação
metodológica para o cientista, e do lugar epistemológico que as já muitas
ciências devem ocupar. Finalmente, temos uma terceira parte, que será a
síntese efetuada por Rickert, na esteira mais generosa de Dilthey e dos
neo-kantistas, e que ao que parece coincide com a posição defendida pelo
autor.

1ª parte – “Desbravamento do conceito de ciência”:

No primeiro capítulo de seu livro Ciência Política, Paulo Bonavides,


partindo da premissa de que a ciência política é, no mínimo, uma espécie
de ciência (ele entrará no mérito da nomenclatura – problemática em si
mesma – posteriormente no livro), realiza uma espécie de recapitulação
epistemológica do conceito geral de ciência até o berço da categoria – os
filósofos gregos da Antiguidade -, tecendo em rápidas, porém densas
pinceladas um panorama de seu desenvolvimento. Duas visíveis
preocupações norteiam o pensamento do autor: primeiro, o delinear da
relação entre filosofia e ciência, nem sempre distinta em seus pontos
tangenciais no decorrer dos séculos; segundo, a não simplificação das
teorias e correntes que buscaram, especialmente no século XIX,
justamente distinguir e emancipar o conceito de ciência ao de filosofia.
Obrigatoriamente, o ponto de partida formal será Aristóteles, que
declarou ser objeto da ciência os princípios e as causas. No entanto, como
dissemos acima, a noção de ciência nasce dentro do seio da filosofia na
Antiga Grécia, tendo sido mesmo inicialmente indistintas. Tamanha
intimidade foi observada ao longo dos séculos, e como afirma Bonavides,
“de Aristóteles a Kant não se fez atenta discriminação entre os conceitos
de ciência e filosofia.” Ademais, na realidade até meados do século XVIII,
pelo menos, “filósofo” e “cientista da natureza” eram corriqueiramente
sinônimos. Mas não se extrai daí que não ocorreram contribuições, de
Aristóteles a Kant, para o conceito ou desenvolvimento de métodos de
pesquisa “científicos”. São Tomás de Aquino é o primeiro nome a ser
citado por Bonavides após o Estagirita, pela sua definição própria: para o
Santo, ciência seria “a assimilação da mente dirigida ao conhecimento da
coisa”. Esta definição é importante porque, ao contrário da definição
aristotélica, São Tomás de Aquino estabelece claramente um objeto
externo (o conhecimento da coisa) e um sujeito (o ser pensante); ao
mesmo tempo abre uma perspectiva espiritual ao ato de conhecer – pois a
mente que assimila o conhecimento da coisa, íntima da coisa se torna;
assimilação deriva do latim similatio, que significa assemelhar-se, tornar-
se parecido a algo ou alguém. Logicamente, no contexto escolástico,
estamos falando de uma especulação sobre o Divino. Assim, temos que da
mesma forma como o objeto se dá a conhecer, o sujeito deve assimilá-lo;
portanto, o conhecimento seria não só possível, como uma necessidade
para pensador, ainda que a ideia escolástica de conhecimento se limitasse
à especulação do objeto (em geral, Deus ou o Espírito), sem menção
empírica.

Esta posição claramente metafísica em relação ao conhecimento já havia


percebido vozes dissonantes antes de Tomás de Aquino, na figura de um
Sexto Empírico, por exemplo, ou mesmo na obscuridade heraclitiana, mas
Paulo Bonavides prefere manter uma linearidade cronológica, citando
brevemente Francis Bacon como o próximo pico relevante do
desenvolvimento da ideia de ciência, mencionando o mesmo ter
identificado nela “a imagem da essência”. Mais contundentemente, é
impossível não rememorar o clássico aforismo do filósofo inglês:
“knowledge is power”. Bacon insurge-se contra a atitude metafísica na
filosofia prevalecente desde Aristóteles, e o faz de tal forma que chega a
redigir uma obra intitulada “Novum Organum” – uma referência direta ao
“Organum” aristotélico. A ideia recorrente no pensamento de Bacon é a de
que o conhecimento, se verdadeiro, daria vazões para sua aplicação
prática. Esta imputação acerca do saber permitiu o redescobrimento do
que veio a se chamar de filosofia naturalista, através da recém-nascida
escola empírica (tendo por patrono o próprio Francis Bacon); incluso na
própria estava já a noção de método científico, descoberta por Roger
Bacon no século XII. Ironicamente, a nenhum dos dois ingleses de mesmo
sobrenome competiu a história derramar sua coroa de louros
metodológicos. O maior responsável pela popularização do método
científico – por ele denominado apenas “método” – foi Descartes, com
sua famosa obra “Discurso Sobre o Método”. Ainda assim, Bacon (o
Francis) continuou a ser figura intelectual fundamental para o
pensamento científico, especialmente nos século XVIII e XIX – basta
lembrar a admiração que Giambattista Vico e Nietzsche lhe conferiam,
sem mais delongas.

Bonavides, contudo, não se demora nesse aspecto, apresentando já a


figura paradigmática do pensamento filosófico ocidental, ao menos desde
Aristóteles: Immanuel Kant. O autor faz duas anotações importantes
sobre o filósofo de Konigsberg. Primeiro, cita o dizer de Kant de que tudo
o que possa ser objeto de certeza apodítica será, forçosamente, ciência
(por apodítica, entenda-se evidente). E a essa noção aduz que, para Kant,
por ciência se há de tomar toda série de conhecimentos sistematizados ou
coordenados mediante princípios. Com isso, temos a primeira
conceituação abrangente do que deve ser um campo científico na história
das ideias: uma série necessária de conhecimentos sistematizados,
interrelacionados, embora não necessariamente retroativos, capazes
contudo de serem coordenados mediante princípios, ou leis gerais e
uniformes de aplicação referente. Chegou Kant, assim, ao conceito de
ciência, separando em definitivo ambas as áreas, com a primeira
ocupando-se sobretudo dos meandros problemáticos da Moral e da
Metafísica, e a segunda, das esferas da Natureza – incluindo aí os
aspectos não abordáveis pela filosofia do ser humano.

Se as gerações seguintes concordaram com o conceito de ciência de Kant,


discordaram, contudo, acerca de seu lugar epistemológico e seu objeto, e
ato contínuo, da conceituação específica mediante seu objeto. Terá início,
portanto, a narrativa interna do conceito de ciência, que tomará quase
que exclusivamente o século XIX europeu. Paulo Bonavides trará nomes
como os de Comte e Dilthey para o debate.

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