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Descartes considera que, para gerar algum prazer, nesta relação o objeto deve
se apresentar aos sentidos de uma maneira que não seja muito confusa, a fim de que os
sentidos não necessitem de muito esforço para os conhecer e os distinguir
(DESCARTES, 1824a, p. 446-447). Isso se torna mais fácil quando os elementos deste
objeto são menos diferentes entre si, isto é, quando apresentam certa regularidade e
simetria (DESCARTES, 1824a, p. 447). Quanto menos diferença entre si, mais
proporção há entre as partes (DESCARTES, 1824a, p. 447), proporção esta que,
segundo Descartes, deverá ser aritmética e não geométrica, já que o que importa é que
haja menos coisas a considerar a fim de que mais facilmente possam os sentidos delas
se aperceber com distinção, sendo melhor, portanto, que as diferenças permaneçam
iguais (DESCARTES, 1824a, p. 447).
Há que se notar, contudo, que para Descartes o que pode ser considerado
agradável à alma se encontra numa justa medida, segundo a qual o objeto não é nem
muito facilmente, nem muito dificultosamente percebido. Tal medida é aquela pela qual
o objeto não é, primeiramente, tão fácil de ser conhecido pelos sentidos a ponto de
deixar a desejar à paixão que os sentidos estão acostumados a portar diante de seus
objetos, e muito menos tão difícil, a ponto de fazer se afligirem os sentidos no trabalho
de lhe conhecer (DESCARTES, 1824a, p. 448). É preciso, portanto, que o objeto a ser
apreciado pelos sentidos deva representar certo desafio, isto é, deva ser minimamente
convidativo aos sentidos, com a condição de nunca resvalar em grandes dificuldades,
com o que se exige dos sentidos algo além de seu alcance. É apenas segundo uma
medida adequada que a “variedade é muito agradável em todas as coisas”
(DESCARTES, 1824a, p. 448).
Quando Descartes fala dos acordes, por exemplo, e dos seus diferentes efeitos e
do poder que eles possuem para estimular diversas paixões na alma, ele afirma,
resumidamente, que os ... 469-470.
A poesia, “como nossa música, foi inventada para recriar o espírito e estimular
na alma várias paixões” (DESCARTES, 1824a, p. 500).