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Uma reflexão natalina magistral da filósofa judia que se

converteu a Cristo, morreu mártir em Auschwitz e foi


canonizada pela Igreja

No recolhimento da abadia beneditina de Beuron, em 1932, três anos


antes de entrar no carmelo, Edith Stein escreveu uma riquíssima
meditação teológica sobre o Natal. O texto, pronunciado numa
conferência da Associação de Acadêmicos Católicos de Ludwigshafen,
na Renânia-Palatinado, Alemanha, foi publicado pela primeira vez em
1950, em Colônia.
Filósofa, judia, ateia, convertida, religiosa e mártir, essa
mulher especial, a quem a Igreja canonizaria com o seu nome religioso
de Santa Teresa Benedita da Cruz, começa a meditação não com
uma citação erudita, como quem se esforçasse por captar as atenções, e
sim com uma reflexão que surpreende pela simplicidade;
pela simplicidade de quem tem o olhar inclusivo da fenomenologia.
Edith Stein destaca que o fascínio do Natal atinge a todos, mesmo os
que pertencem a outras religiões e os não crentes, para quem a antiga
história do Menino de Belém não diz nada.

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Nas semanas anteriores ao dia de Natal, “uma cálida corrente de amor
inunda toda a terra“, porque “todos preparam a festa e tentam
irradiar um raio de alegria“. É sempre apreciável o gesto de procurar
e dar alegria, de preparar e de preparar-se para uma festa: são gestos
estruturalmente humanos. Para o cristão, porém, especialmente para
os cristãos católicos, a estrela que leva até a manjedoura é diferente. O
coração de quem vive com a Igreja, desde o repicar do Rorate Coeli até
os cantos do Advento, começa a bater em uníssono com a sagrada
liturgia que emoldura um momento único: o tempo de uma espera que
é também ardente nostalgia. Uma espera-nostalgia que cresce
durante o Advento e encontra satisfação somente quando os sinos da
Missa do Galo anunciam que “o Verbo se fez carne“. Com este anúncio,
vemo-nos sempre diante do fascínio do Menino na manjedoura, que
estende as mãos e parece já dizer, sorrindo, o que mais tarde os seus
lábios de Mestre repetirão até o último suspiro na cruz: “Segue-Me“.
Atenção: a Luz da estrela e o encanto do Menino na manjedoura duram
um piscar de olhos. “À luz descida do céu, opõe-se, ainda mais escura,
a noite do pecado“. Diante do Menino, ao mesmo tempo, os espíritos
se dividem em “contra” e “a favor”. Diante do “Segue-Me“, quem não
é por Ele é contra Ele. Não por acaso, no dia depois do Natal,
enquanto ainda ecoam os sons festivos dos sinos da noite e das festivas
liturgias natalinas, a Igreja se desveste do branco de festa e se reveste
do vermelho do sangue, e, no quarto dia, já usa o roxo do luto para
recordar o primeiro mártir, Estêvão, e as crianças inocentes que foram
mortas por Herodes. O que isto significa? Onde foi parar o encanto do
Menino na manjedoura? Onde está o bem-aventurado silêncio da noite
santa?
O mistério da noite de Natal, escreve Edith Stein, carrega uma verdade
grave e séria que o encanto da manjedoura não deve encobrir aos
nossos olhos: “O mistério da encarnação e o mistério do mal
estão intimamente unidos“.
A alegria do Menino e das figuras luminosas que se ajoelham em torno
da manjedoura, das crianças inocentes, dos pastores esperançosos, dos
reis humildes, dos mártires, dos discípulos, dos homens de boa vontade
que seguem o chamado do Senhor, essa alegria, enfim, caminha de
mãos dadas com a constatação de que nem todos os homens são de boa
vontade; de que a paz não alcança “os filhos das trevas“; de que, para
esses, o Príncipe da Paz “traz a espada“; de que, para esses, Ele é a
“pedra de tropeço” que os derruba. Aquele Menino divide e
separa, porque, enquanto o contemplamos, Ele nos impõe uma
escolha: “Segue-Me“. Ele a impõe a nós também, hoje, e nos coloca
diante da decisão entre a luz e a escuridão. As mãos do Menino “dão e
exigem ao mesmo tempo“.
Se colocarmos as nossas mãos nas do Menino Deus e respondermos
sim ao seu “Segue-Me“, o que recebemos?
“Oh, maravilhoso intercâmbio! O Criador da humanidade nos dá,
assumindo um corpo, a sua divindade!“. Aqui reside a grandeza do
mistério da Encarnação: quem escolhe a luz, quem fica do lado do
Menino, “abre caminho para que a sua vida divina se derrame sobre
nós” e traz “de forma invisível o Reino de Deus dentro de si“. O Natal é
o começo da aventura de deixar a graça “permear de vida divina toda
a vida humana“. Por que Deus se fez homem? Deus se tornou um
filho do homem para que os homens se tornem filhos de Deus. Escreve
Edith Stein: “Um de nós tinha rasgado o vínculo da filiação divina;
um de nós tinha que reatá-lo e pagar pelo pecado. Mas nenhum
descendente da antiga progênie, doente e bastarda, tinha condições
de fazê-lo. Era preciso enxertar-lhe um ramo novo, saudável e nobre“.
Estas palavras de Edith Stein evocam, por analogia óbvia, uma
passagem do “Cur Deus Homo” (CDH), de Santo Anselmo, que contém
a mesma lógica da redenção: “A restauração da natureza humana não
teria acontecido se o homem não tivesse pagado a Deus o que lhe
devia pelo pecado. Mas a dívida era tão grande que a satisfação, de
obrigação apenas do homem, mas possível somente a Deus, precisava
ser dada por um homem-Deus” (CDH 2,6).
Edith Stein tinha aprendido, na escola dos professores do carmelo,
Teresa de Ávila e João da Cruz em particular, que a graça se
desenvolve em nós como uma semente que nos transforma, deixando-
nos participar da própria vida de Deus. Por esta razão, a meditação
seguinte insiste nos sinais fundamentais de uma vida humana unida a
Deus.
O primeiro sinal da filiação divina é “ser um só com Deus“. O
Menino desceu ao mundo para ser um “corpo misterioso” conosco:
“Ele é a nossa cabeça, nós os Seus membros“. Não existimos mais “um
ao lado do outro, como pessoas isoladas, autônomas, e sim, todos
juntos, como uma só coisa com Cristo“. O segundo sinal da filiação
divina é “ser um só em Deus“: “Se, no corpo místico, Cristo é o corpo e
nós os membros, então somos membros uns dos outros e, todos juntos,
somos um só em Deus“. A medida do nosso amor a Deus é o nosso
amor para com o próximo, “seja parente ou não, seja-nos simpático ou
não, seja moralmente digno da nossa ajuda ou não; quem ama com o
amor de Cristo, ama a humanidade por Deus e não por si“. O terceiro
sinal da filiação divina é a disponibilidade para aceitar qualquer coisa
da mão de Deus: o “faça-se a Tua vontade!“, em toda a sua extensão,
deve ser o critério da vida cristã. Ele deve permear a jornada da manhã
até a noite, o curso do ano e de toda a vida. “Deve ser a única
preocupação do cristão. Todas as outras o Senhor as toma para Si“.
À luz e ao calor da Noite Santa, quando mal começamos a nos confiar
ao Menino, apertamos confiantes a Sua mão e vemos com clareza o que
devemos fazer ou não fazer. Mas a situação não ficará assim para
sempre. Quem vê o encanto do Menino na Noite Santa não pode fingir
que não percebe que o caminho que parte de Belém conduz ao
Gólgota, vai da manjedoura até a cruz. “Quem pertence a Cristo deve
viver toda a vida d’Ele“. A noite de Natal e a noite da cruz são
uma única noite. Chegará o tempo do sofrimento e da morte para
cada homem. Quando ele vier, a confiança em Deus permanecerá
firme? Estaremos dispostos a aceitar qualquer coisa da Sua mão?
Seremos ainda capazes de dizer “faça-se a Tua vontade“, mesmo
na “noite escura“, quando a luz divina já não brilhar e a voz do Senhor
silenciar?
Os mistérios do cristianismo são um todo indivisível. Quem se
aprofunda em um, acaba por tocar os outros todos, escreve Edith Stein.
Sobre o luminoso esplendor da manjedoura paira a sombra da cruz. A
luz da Noite Santa se apaga na escuridão da Sexta-Feira Santa, mas
volta a brilhar mais forte na manhã da Ressurreição. O Filho
encarnado de Deus, através da cruz e da paixão, chega até a glória da
ressurreição. É assim que cada homem deve sofrer e morrer. Se for um
membro vivo do Corpo de Cristo, porém, o seu sofrimento e a sua
morte se tornarão, graças à divindade da Cabeça do corpo, redentores:
“Cada um de nós, toda a humanidade, chegará, com o Filho do
homem, através do sofrimento e da morte, até a mesma glória“. E o
Salvador, sabendo que somos homens em luta diária com as nossas
fraquezas, vem em nosso auxílio com aqueles que Edith Stein chamava
de “meios de salvação“: “estar todos os dias em relação com Deus”
através da escuta da Palavra, da oração litúrgica e interior, da vida
sacramental. Mas é principalmente para o “Salvador eucarístico” que
precisamos abrir espaço, para podermos transformar a nossa vida na
d’Ele. Assim como o corpo terreno precisa do pão de cada dia, assim
também a vida divina aspira em nós a ser alimentada continuamente:
“Em quem realmente faz d’Ele o seu pão de cada dia, cumpre-se
diariamente o mistério do Natal, a encarnação do Verbo“. E esta é,
sem dúvida, a maneira mais segura de manter ininterrupta a união com
Deus e de enraizar-se todos os dias e cada vez mais firmemente no
corpo místico de Cristo.
Edith Stein escreveu vinte páginas de meditação sobre o Natal,
densíssimas, para lembrar que os mistérios do cristianismo são um
todo indivisível, porque todos são mistérios portadores de
salvação. Encarnação, cruz e ressurreição são inseparáveis. Só
porque verdadeiramente o Filho, que é Deus, “se fez carne” é que Ele
poderia morrer e ressuscitar, arrebatando-nos da morte e nos abrindo
um futuro em que esta “carne”, a nossa existência terrena, entrará na
eternidade do Reino de Deus. Celebramos o Natal como um convite a
nos deixar transformar por Aquele que entrou em nossa carne, que se
uniu a nós e nos uniu a Si, para permear de vida divina toda a vida
humana.
Que o mistério da noite de Natal nos lembre que algo extraordinário
acontece mediante a encarnação: a carne se torna o instrumento
da salvação.
“Verbum caro factum est“: o Verbo Se fez carne, escreve João
Evangelista, e um autor cristão do século III, Tertuliano, afirma: “Caro
salutis est cardo“, a carne é o eixo da salvação.
“Se a alma se torna totalmente de Deus, é a carne que o torna possível! A
carne é batizada para que a alma seja purificada; a carne é ungida para
que a alma seja consagrada; a carne é marcada pela cruz para que a
alma fique incólume; a carne é coberta pela imposição das mãos para
que a alma seja iluminada pelo Espírito; a carne se nutre do Corpo e do
Sangue de Cristo para que a alma se sacie de Deus. Elas não serão, pois,
separadas no dia da recompensa, porque estiveram unidas durante as
obras” (De carnis resurrectione, 8,3: PL 2,806).
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Texto original em italiano por Claudia Mancini em Libertà e
Persona

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