Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
VOTO- E M E N T A
1. Trata-se de recurso inominado interposto por BANCO ITAÚ UNIBANCO S.A, contra
sentença que julgou procedente em parte a ação, nestes termos: “Assim sendo, JULGO
PROCEDENTE EM PARTE os pedidos formulados na exordial para: 1) determinar que a
acionada cancele a cobrança indevida, no prazo de 05 dias, sob pena de lhe ser imputada multa
diária no valor de R$ 50,00; 2) condenar o acionado a restituir à autora o valor de R$ 114,58
(cento e quatorze reais e cinquenta e oito centavos), já com a dobra legal, referente aos valores
descontados a título de seguro cartão não contratado pela acionante, corrigidos monetariamente
pelo INPC e acrescido de juros de 1% ao mês a contar da citação;3) condenar a acionada ao
pagamento de indenização pelos danos morais causados, que, com base em critérios de
razoabilidade e proporcionalidade, fixo no montante de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais),
corrigido monetariamente pelo INPC e acrescido dos juros moratórios de 1% ao mês a partir
desta condenação”.
2. Alegou a parte autora que é titular de cartão de crédito , e que vem sendo
cobrada em relação a serviços intitulados “BOLSA PROTEGIDA” e “SEGURO
DESEMPREGO NOVO”,”, que não fora por ela expressamente contratado;.
Requereu a restituição em dobro do quanto cobrado indevidamente bem como
indenização pelos danos morais.
3. A recorrente insurge-se no tocante ao quantum condenatório
arbitrado a título de danos morais, por entendê-lo insuficiente para recompor o
dano causado.
4. A despeito das alegações da acionada acerca da regularidade da
contratação dos serviços que vinham sendo cobrado na fatura do cartão de crédito,
a mesma não faz prova da regular contratação, como lhe incumbia fazer, nos
termos do art.373 do NPC, diante da alegação da parte autora de que desconhecia
a origemde tal cobrança. Com efeito, não houve por parte da empresa demandada
a juntada do instrumento contratual que contivesse a assinatura da parte autora,
sendo tal providência essencial para a prova da regularidade da constituição da
relação jurídica.
5. A parte autora, por sua vez, colaciona aos autos no evento 01 do projudi as
faturas do seu cartão de crédito, em que demonstrada a cobrança indevida,
provando assim o fato constitutivo do seu direito.
6. Presentes, ademais, os requisitos caracterizadores da responsabilidade
objetiva, diante da constatação da falha na prestação dos serviços. O art. 14 do
CDC, dispondo sobre a responsabilização do fornecedor pelo fato do produto ou
serviço, preleciona que: “Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.” Patente, também, a falha no
dever o de informação quando da contratação, encargo este que é imposto ao fornecedor.
7. O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano moral
que muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação que por
certo lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento, máxime diante do lapso de tempo que
perdurou a falha na prestação dos serviços consistentes dos descontos, ante a
incúria da empresa demandada em resolver o problema, e do volume do valor
alcançado.
8. . O valor da reparação do dano moral deve ser fixado de acordo com os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, os quais, em síntese apertada
querem significar, aquilo que é justo e na medida certa.
10. Levando em conta tais premissas, teno que o quantum fixado pelo juiz
sentenciante, a título de danos morais, guarda compatibilidade com o
comportamento do recorrente e com a repercussão do fato na esfera pessoal da
vítima e, ainda, está em harmonia com os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, devendo ser mantida
11. Dito isto, entendo que o valor arbitrado na sentença a quo não se encontra á
apto aos fins de tal indenização, sendo necessário a majoração do quantum, para
que haja a adequação às peculiaridades do caso concreto, máxime levando em
conta a gravidade da conduta perpetrada pelo réu, bem como diante da
necessidade do cumprimento da função punitiva e pedagógica da indenização
imposta.
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA
AUXILIADORA SOBRAL LEITE –Presidente e Relatora , ISABELA SANTOS LAGO e
ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão : RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento. Custas
processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que arbitro em 20% sobre o valor
da condenação.
Salvador, Sala das Sessões, 10 de Novembro de 2016.