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Advogada e doutoranda em Direito Constitucional pela PUC-Rio. Professora da PUC-Rio
(helenacolodetti@gmail.com).
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Nesse sentido, ver o preâmbulo do Ato Institucional nº 01: “A revolução se distingue de outros
movimentos armados pelo fato de que nela se traduz, não o interesse e a vontade de um grupo, mas
o interesse e a vontade da Nação. A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder
Constituinte. Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais
expressiva e mais radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder
Constituinte, se legitima por si mesma. Ela destitui o governo anterior e tem a capacidade de
constituir o novo governo. Nela se contém a força normativa, inerente ao Poder Constituinte. Ela
edita normas jurídicas sem que nisto seja limitada pela normatividade anterior à sua vitória.”
naquele momento reinaugurar3. Neste ambiente de constitucionalização do debate
público, o papel republicano do Supremo Tribunal Federal (STF) deixou o restrito
círculo das cátedras de direito constitucional, e despertou o interesse da Ciência
Política, forçando o jurista e o cientista político a uma profícua interlocução. Se
parcela substancial da vida republicana estava sendo animada pelas disputas sobre
hermenêutica constitucional, cabia ao jurista compreender suas repercussões para
além dos modelos descritivos de controle difuso e concentrado de
constitucionalidade, bem como, por outro lado, ao cientista político analisar as
implicações dos jogos de poder embutida na interpretação constitucional sem
olvidar das restrições ou dissimulações impostas pela norma.
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Evidentemente que a capacidade redentora de uma constituição possui limites, e que a tarefa da
efetivação dos valores constitucionais é árdua. Estamos no campo das lutas políticas, no qual as
forças não são distribuídas de maneira equânime. Porém, sem qualquer ingenuidade, ainda assim é
possível afirmar o esforço da sociedade brasileira em empoderar seu cidadão com direitos que o
façam ocupar o espaço público com suas reivindicações, sejam elas materiais, processuais ou
simbólicas.
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modelo representativo de democracia, que tem como lócus principal de soberania o
Parlamento.
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“ADI” diz respeito à “ação direta de inconstitucionalidade”. “ADPF” é a sigla que nomeia a “ação de
descumprimento de preceito fundamental”, e, por fim, “ADC” significa “ação direta de
constitucionalidade”.
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sobre a manutenção do resultado da pesquisa, caso seja abandonado seus rígidos
parâmetros iniciais. Para além da relação entre o Congresso Nacional e o Supremo
Federal, e, mais especificamente, ultrapassando o delimitado conjunto das ADIs,
ADPFs e ADCs, e incluindo ferramentas processuais mais astutas de declaração de
inconstitucionalidade (MS, RCL, Súmulas Vinculantes, etc), qual seria então a
postura do STF em relação aos legislativos (federal, estadual e municipal) e ao
executivo das diversas esferas federativas?
Não cabe a esta resenha discorrer sobre cada um dos diagnósticos parciais
obtidos pela pesquisa, senão convidar o leitor à sua análise detalhada, que muito
têm a contribuir à literatura especializada, com destaque para aquelas que
discorrem sobre os efeitos que uma decisão de inconstitucionalidade tem sobre a
agenda do Congresso Nacional. No entanto, parece-nos que todos eles parecem
compartilhar de uma premissa oculta acerca do “ativismo judicial”5. Sem fornecer um
conceito expresso, a obra associa “ativismo” a altos índices de controle de
constitucionalidade das leis, dando a entender que uma Corte Constitucional pode
ser considerada ativa e pouco deferente às instâncias majoritárias quando
sistematicamente revisa os atos legislativos. A situação oposta, isto é, o baixo índice
de procedência (ainda que parcial) das ações constitucionais autorizaria a
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Tampouco distinguindo “ativismo judicial” de “judicialização da política”, considerados sinônimos.
Sobre a diferença entre “ativismo judicial” e “judicialização da política”, ver MACHADO, Joana de
Souza; CITTADINO, Gisele Guimarães. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE
JANEIRO. Departamento de Direito. Ativismo judicial no Supremo Tribunal Federal. 2008. 120 f.
Dissertação (Mestrado em Direito).
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conclusão acerca da inexistência de ativismo, ou, pelo menos, que este não se dá
em subtração da arena parlamentar. E foi precisamente este o cenário delineado
pela pesquisa, que aponta que das 12.749 normas promulgadas pelo Congresso
Nacional no período analisado, apenas 0,02%, ou seja, 46 estatutos foram
considerados inconstitucionais em 21 anos de vida republicana pós-1988 (p.109-
110).
E é por este mesmo motivo que não se pode reunir sob a mesma rubrica de
“indeferidas” as ações constitucionais julgadas improcedentes sem o julgamento do
mérito e aquelas com o julgamento do mérito (vide Gráfico 1.4). No caso de vício
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processual, embora haja extinção do feito, não há formação de coisa julgada
material, o que permite seja a mesma norma objeto de novo questionamento futuro,
uma vez sanada a irregularidade que deu causa à extinção por vício formal. Para
esses casos de indeferimento sem o julgamento de mérito, a posição do STF é
também neutra. Não se pronunciou ele nem a favor nem contra a
constitucionalidade da lei ou emenda impugnada, mas tão somente sobre a falta de
condições para o desenvolvimento regular do processo. Situação diversa é quando
a demanda é julgada improcedente no mérito. Aqui é a substância do pleito, e não a
inadequação processual, que é considerada insuficiente pela Corte Constitucional.
Quando se desagrega os dados, a exemplo da Tabela 1.6, é possível concluir que,
quando apreciado o mérito da ação, aproximadamente metade dos pleitos alcança
algum tipo de sucesso (procedente ou procedente em parte), muito diferente dos
elevados e distorcidos índices de fracasso apresentados pela Tabela 1.7 e Gráfico
1.4.
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Aqui o exemplo típico é o americano, no qual a Suprema Corte seleciona os casos que aceitará
julgar, sempre que entender que alguma questão constitucional tratada nas instâncias inferiores
mereça nova interpretação ou mesmo confirmação de entendimento pelo órgão defensor máximo da
Carta Constitucional.
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Apenas a título de comparação, a Suprema Corte Americana, cuja atuação marcante na vida
pública americana suscita acalorados debates dentro e fora do direito sobre seu caráter ativista,
entre os anos de 1952 e 2010, declarou inconstitucional apenas 82 normas do Congresso americano,
apesar de ter recebido 8.330 pedidos de revisão constitucional. Disponível em
http://scdb.wustl.edu/analysisOverview.php?sid=1103-BLUEJAY-8976. Último acesso em
22/06/2011.
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para as análises qualitativas, que poderiam ampliar o conceito de ativismo para
além dos índices de sucesso dos pleitos de inconstitucionalidade. Com efeito, o
fenômeno do ativismo judicial escapa aos julgamentos das ADIs, ADPFs e ADCs, e
não pode ser reduzido ao momento judicante. Trata-se de fenômeno ainda
impreciso, carecedor de um trato mais sistemático pela literatura nacional, como
bem aponta a autora, mas que extrapola o processo judicial, e reside na capacidade
de estabelecer e ditar o ritmo da agenda política nacional, justamente por se
considerar o principal intérprete do compromisso constitucional.
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POGREBINSCHI, Thamy. Pragmatismo. Teoria Social e Política. Rio de Janeiro: Relume Dumará,
2005.
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mas da sua capacidade de atender às demandas vindas dos jurisdicionados, e, ao
fazê-lo, representá-los pela via da práxis da tutela constitucional. A vocalização dos
anseios da soberania viria, assim, diretamente pela atuação conjunta das Cortes e
seus postulantes.