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TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

ACORDAO
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N o 800-69.
201 6.6.06.0041 - CLASSE 6— IRAUUBA - CEARA

Relator: Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto


Agravante: Coligacao Renovando a Esperanca
Advogados: José Vanderlei Marques Veras - OAB: 22795/CE e outro
Agravada: Ana Cléla Barroso Caetano
Advogado: Anderson Queiroz Costa - OAB: 32535/CE

ELEIcOEs 2016. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO.


NEGATIVA DE SEGUIMENTO. FUNDAMENTOS.
DECISAO RECORRIDA. NAO IMPuGNAcA0. SLJMULA
No 26rrSE. DEFICIENCIA RECURSAL. SUMULA No
271TSE. AIJE. CANDIDATO A VEREADOR. ABUSO DE
PODER ECONOMICO. CAPTAçAO ILICITA DE
SUFRAGIO. IMPROCEDENCIA. PROVA ROBUSTA.
AUSENCIA. REEXAME FATICO-PROBATORIO.
IMPOSSIBILIDADE. SCJMULA No 24ITSE.
DESPROVIMENTO.
1. A mera repeticao dos argumentos aduzidos nos
recursos inadmitidos, sem a demonstracao especIfica do
desacerto da decisão agravada, implica deficiência de
fundamentacao, o que atrai o Obice previsto no Enunciado
Sumular n° 26/TSE, segundo o qual "é inadmissIvel o
recurso que deixa de impugnar especificamente
fundamento da decisão recorrida que é, por si SO,
suficiente para a manutencao desta". Precedentes.
2. Nos termos da decisão ora impugnada, "as razöes do
inconformismo da agravante somente se infirmam sobre a
revaloracao do conjunto fático-probatOrio, deixando de
apresentar argumentos que afastem a deficiência da
fundamentaçao do recurso obstado. Assim, é clara a
deficiência recursal a atrair a Sümula n° 27/TSE".
3. A incidência do art. 41-A da Lei n° 9.504/97 exige
prova inconteste da ilicitude consistente na promessa de
bern ou vantagem pessoal capaz de interferir na liberdade
de voto do cidadão - bern jurIdico tutelado pela norma.
Precedentes.

cLJ
AgR-Al n o 800-69.2016.6.06.0041/CE

4. Para o reconhecimento do abuso de poder econOmico,


tipificado no art. 22, XVI, da LC n° 64/90, é obrigatoria a
robustez do conjunto probatOrio que comprove ofensa a
normalidade e a legitimidade do pleito. Precedentes.
5. Na espécie, o TRE/CE manteve a sentenca de
improcedOncia da AIJE proposta contra a agravada por
captacao ilIcita de sufrágio e abuso de poder econômico,
por serem as alegacoes baseadas apenas em
testemunhos de ouvir dizer, provas incapazes de infirmar
a conclusão do juizo eleitoral.
6. Conforme assentou a d. PGE, para alterar as
conclusOes do Tribunal a quo, vinculadas a análise do
caderno probatôrio dos autos, seria necessário
redimensioná-lo e reincursionar sobre o seu conteUdo,
providéncia inadmissivel nas instâncias extraordinárias,
consoante o disposto na Sümula n° 24/TSE.
7. Agravo regimental desprovido.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por


unanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto
do relator.

Brasilia, 18 dedezembro de 2018.

MINISTRO TACISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO - RELATOR


AgR-Al no 800-69.2016.6.06.0041/CE 3

RELATORIO

0 SENHOR MINISTRO TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO


NETO: Senhora Presidente, trata-se de agravo regimental interposto pela
Coligacao Renovando a Esperanca contra decisão por meio da qual neguei
seguimento ao agravo interposto em face de decisäo em clue se inadmitiu o
recurso especial manejado contra acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do
Ceará (TRE/CE) no qual mantida a sentenca de improcedência da acao de
investigacao judicial eleitoral (AIJE) proposta contra a agravada por abuso de
poder econOmico diante de suposta captacao ilIcita de sufragio. Reproduzo a
ementa do acôrdão regional:

RECURSO ELEITORAL. ELEIcOEs 2016. AcA0 DE


lNvEsTlGAçAo JUDICIAL ELEITORAL. PRELIMINAR.
RECURSO. INTERPOSIçAO. PRIMEIRO DIA UTIL
SUBSEQUENTE. RECESSO FORENSE. TEMPESTIVIDADE
RECONHECIDA. PETIcA0 INICIAL. INEPCIA. NAO
CONFIGURAçAO. MERITO. OFERECIMENTO DE DINHEIRO, EM
TROCA DE VOTOS. PERIODO ELEITORAL. PROVAS
TESTEMUNHAIS FRAGEIS. CONJUNTO PROBATORIO FIRME E
INCONTESTE. AUSENCIA. CONDENAçAO. CAPTAçAO ILICITA
DE SUFRAGIO. ABUSO DE PODER ECONOMICO. NAO
RECONHECIMENTO. SENTENA MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO.
1 - A Açäo de lnvestigaçào Judicial Eleitoral tern como objeto a
apuracao e a consequente puniçâo por abuso do poder econOmico
ou politico, corn vistas a proteger a normalidade e a legitirnidade das
eleiçöes. lnteligencia do art. 22, da LC n° 64/90.
2 - Preliminar. Sendo publicada a sentenca no dia 15 de dezembro
de 2017 (fl. 89) - sexta-feira -, o dies a quo para interpor o
cornpetente recurso foi o dia 18/12 (segunda-feira) - primeiro dia
Util apOs a publicacão - e o dies ad quem, o dia 20/12/2017
(recesso forense).
3 - No caso, de acordo corn a art. 220, do CPCl2015, no perlodo
cornpreendido entre 20 de dezernbro de urn ano a 20 de janeiro do
seguinte, suspende-se o curso do prazo processual, motivo pelo qual
o terrno que se vence nesse intersticio fica prorrogado ate o primeiro
dia ütil subsequente, que na espécie foi 22/01/2018. Reconhecida a
ternpestividade do recurso ora interposto.
4 - lnépcia da petição inicial. A petiçäo inicial nâo apresenta
rienhum defeito elencado pelo art. 330, § 10, do CPC/2015. E que,
ernbora os fatos narrados não tenham sido discriminados de modo
detalhado, isso nâo 6 motivo, por Si So, a irnpedir que esta Justiça

AgR-AI n o 800-69.2016.6.06.0041/CE 4

Eleitoral passe a investigar as circunstâncias do caso concreto e, por


conseguinte, aplique a sancao correspondente. Preliminares
afastadas.
5 - Mérito. Na especie, a Coligacão Recorrente alegou que a
Recorrida distribuiu pecünia em troca de votos na localidade de
Coité, municIpio de lrauçuba, durante o periodo eleitoral em 2016.
Por essa razão, requereu a aplicação das sançães previstas na lei,
visto que presentes atos que configuraram captaçâo ilIcita de votos.
6 - No presente caso, os testemunhos de ouvir dizer - hearsay -,
como se extrai de entendimento doutrinário, mostraram-se incapazes
de infirmar a conclusão da Magistrada a quo. Logo, além de existir
ressentimentos entre as testemunhas da acusaçäo e a parte
recorrida, o que ja afasta, por certo, a credibilidade das inquiricoes,
ha a possibilidade de manipulação do meio de prova, de modo que
resta diminuida a sua valoração para fins de comprovar qualquer ato
ilIcito.
7 - As provas produzidas nos autos foram apenas testemunhais. No
entanto, são frágeis e insuficientes para demonstrarem a ilicitude dos
atos perpetrados pela recorrida.
8 - Para fins de condenacão por abuso de poder econômico e
politico, é imprescindivel que as provas carreadas ao feito sejam
firmes e incontestes. Vale dizer, a pretensão não pode estar fundada
em meras ilaçöes ou suposicöes para que haja condenaçâo, que
possui sançoes de natureza grave.
9 - "Nos termos do escOlio do Professor Ministro LUIZ FUX, a
retirada de determinado candidato invest/do em mandato, de forma
legItima, pelo batismo popular, somente deve ocorrer em bases
excepcionalIssimas, notadamente em casos gravosos de abuso do
poder econômico e captacao ilIcita de sufragio man ifestamente
comprovados nos autos. (Novos Paradigmas do Dire ito Eleitoral.
Belo Horizonte: FOrum, 2016, P. 115-116)" (TSE, REspe n o 90190,
Rel. Min. NAPOLEAO NUNES MAIA FILHO, DJE - Diário de justica
eletrônico. Tomo 50/2017, Data 14/03/2017).
10— Sentenca mantida. Recurso não provido. (FIs. 136-137)

Embargos de declaracao rejeitados (fls. 185-192).

No recurso especial, a coligacao recorrente alegou violacao ao


art. 14, § 10, da Constituiçao Federal e ao art. 41-A, caput e § 1 0, da Lei n°
9.504/97, posto que nao é necessário clue o aliciador peca expressamente
votos aos eleitores em troca de valores.
Asseverou que, pelos fatos descritos no acôrdão, havia provas
contundentes para a configuracao do abuso de poder econômico praticado
pela ora agravada. Afirmou, nesse ponto, nao se tratar de revolvimento do
acervo probatório, mas de requalificaçao juridica dos fatos.

AgR-AI n° 800-69.2016.6.06.0041/CE 5

0 apelo nobre foi inadmitido pela presidente do TRUCE, por


incidência da SUmula n° 24/TSE e por deficiOncia de fundamentacao que
impossibilite a compreensao da controvérsia (SUmula n° 27/TSE) (fls. 212-
2 15).

No agravo nos próprios autos, a Coligacao Renovando a


Esperanca apenas reiterou os argumentos já expostos no recurso especial.

Em contrarrazôes (fls. 227-231v), a agravada ratificou que os


elementos probatórios eram insuficientes para sua condenacao.

A Procuradoria-Geral Eleitoral opinou pelo não conhecimento


do agravo e, se conhecido, pelo desprovimento do recurso especial (fls. 236-
238).

No presente regimental, a coligacao assegura que, ante as


premissas fáticas anotadas no acOrdão regional, é possIvel a revaloracao
jurIdica dos fatos. No mais, reitera os argumentos dos recursos anteriores.

Em contrarrazOes (fls. 264-277), a agravada reafirma o acerto


da decisäo ora agravada.

E o relatOrio.

VOTO

0 SENHOR MINISTRO TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO


NETO (relator): Senhora Presidente, eis o teor da decisão agravada:

0 agravo não reüne condiçoes de êxito.


A presidente do Tribunal a quo, ao inadmitir o tránsito do
recurso especial na origem, expressamente, adotou dois
fundamentos autônomos, a saber: a) nao foi explicitado como
os arestos prolatados violaram os dispositivos constitucional e
infraconstitucionais (S(imula n° 27ITSE); e b) vedado reexame
do acervo probatório nos autos (S(jmula n° 24ITSE).
Ocorre que a Coligacâo, ao se insurgir pela via do agravo contra
esse decisum, deixou de impugnar os referidos fundamentos,

^d
AgR-AI n o 800-69.2016.6.06.0041/CE

os quais são suficientes para a manutencao da negativa de


processamento do apelo nobre.
Incide, portanto, o Enunciado Sumular n° 26ITSE, segundo o
qual "é inadmissIvel o recurso que deixa de impugnar
especificamente fundamento da decisão recorrida que é, por Si
so, suficiente para a manutencao desta".

Ademais, as razöes do inconformismo da agravante somente se


infirmam sobre a revaloraçâo do conjunto fático-probatório,
deixando de apresentar argumentos que afastem a deficiência
da fundamentacão do recurso obstado. Assim, é clara a
deficiência recursal a atrair a SUmula n° 27ITSE.
Ainda que assim nao fosse, na espécie, a Corte Regional
assentou, por unanimidade, ser insuficiente o conjunto
probatório dos autos para a condenacâo da agravada por abuso
de poder econômico ou por capitacão ilicita de sufragio.
Transcrevo excerto do voto condutor:
Na especie, a petição inicial, as fls. 02/08, narrou que a
promovida praticou atos alusivos a captaçäo ilIcita de sufrágio.
Nesse contexto, destacou que foram praticadas vãrias
condutas tIpicas, especificando, porém, no presente caso,
apenas dois. 0 primeiro consistiu na distribuição de R$
150,00 (cento e cinquenta reais) a Sra. Salete, moradora do
distrito de Coité, municIpio de lraucuba, em troca de seu
voto. 0 segundo refere-se ao pagamento de parcelas, em
atraso, de mensalidade do sindicato da Sra. Sandra
Marques, também, em troca de seu voto.
Ocorre que a Magistrada a quo entendeu que a acusacâo é
frãgil. Isso porque, além de a parte promovente não arrolar
como testemunhas tais possiveis beneficiárias, aquelas
q ue prestaram depoimento são suspeitas por inimizade ou
outra forma de relaçao interpessoal adversa corn a parte
promovida. Corn efeito, razão assiste a Juiza Eleitoral de
primeiro grau.
o conjunto probatório dos autos envolve unicamente
prova testemunhal obtida em Juizo. As testemunhas
arroladas pela Recorrente nao demonstraram qualguer ato
violador que comprometesse a reqularidade das eleicôes.
Em outros termos, a ünica prova produzida, nao logrou
demonstrar que foram consumados atos que
configurassem captação ilicita de sufrágio e abuso de
poder econômico.
[...
Da análise da prova testemunhal produzida, nota-se que em
nenhum dos depoimentos houve a constatacão direta dos
atos perpetrados. Isso porgue as testemunhas ouviram
dizer clue Salete e Sandra Marques receberam importância
em pecünia. Ademais, nao e possivel inferir que a entrega
do importe sequer ocorreu e, ainda, que tenha sido
realmente para a compra de votos.

OLI

AgR-AI n o 800-69.2016.6 .06.0041/CE 7

[ ... 1
No presente caso, os testemunhos de ouvir dizer -
"hearsay" -, como se extrai do próprio entendimento
doutrinário, mostraram-se incapazes de infirmar a
conclusão da Magistrada a quo.
Em suma, além de existir ressentimentos entre as
testemunhas da acusacão e a parte recorrida, o que jâ
afasta, por certo, a credibilidade das inquiriçoes, ha a
possibilidade de manipulacâo desse meio de prova, de
modo que resta diminuta a sua valoracäo para fins de
comprovar a captacão ilicita de sufrâgio.
Alias, vale destacar, ainda, que, caso a prova testemunhal
alcançasse a força necessária para comprovação do fato,
ainda assim nao se pode concluir que houve a entrega de
valores em troca de votos.
Nesse contexto, a testemunha Maria Celia de Albuquerque
afirmou, no que se refere ao primeiro fato alegado, que a
entrega do importe se deu em virtude da saida de Salete do
cornitê de campanha da coligacao adversária e nào para a
troca de seu voto no pleito de 2016, de acordo corn o seu
depoimento em juizo.
De toda sorte, entendo que se a Recorrente tivesse provas
firmes e incontestes, tendentes a comprovar a conduta
praticada pela recorrida Ana Cléia Barroso Caetano,
arrolaria como testemunhas as prOprias Salete e Sandra
Marques, o que nao ocorreu no presente contexto.
E certo que a possIvel ausência de informaçöes sobre a
residência para indicá-las corno testemunhas não seria
obstáculo para tanto. Corn efeito, as demais testernunhas
arroladas e efetivamente inquiridas em juizo declararam
residirern práxirnas a Salete e Sandra Marques. Nesse
contexto, a rigor, nâo haveria dificuldades para contatá-las
ou informar seus domicilios ao JuIzo a quo. Se não o fez, é
porque ha düvida da própria parte recorrente quanto a
credibilidade dos fatos delineados na peticao iniciaL
Dessa feita, em que pese as condutas ventiladas na peticão
inicial configurarem, em tese, atos que se subsurnem ao tipo
legal previsto no artigo 41-A (captacão ilicita de sufrágio), da
Lei n° 9.504/1997, constam nos autos apenas provas
testemunhais, as quais, a propósito, são frágeis e inaptas
a comprovarem as condutas ilicitas atribuidas a recorrida.
(FIs. 145-151 —grifei)
Portanto, diante do contexto fãtico-probatório descrito no voto
condutor do acórdão regional, não ha como ser atendida a
pretensão recursal, sob pena do revolvimento de fatos e provas,
o que e inadmissIvel em sede de recurso especial (SUmula n°
24ITSE).
AgR-Al n o 800-69.2016.6.06.0041/CE

Nessa Iinha e o parecer do douto Procurador-Geral Eleitoral.


Transcrevo excerto de sua manifestaçâo, a qual também adoto
como razöes de decidir:
O Tribunal Regional assentou expressamente que o conjunto
probatório dos autos nào possui o condão de demonstrar a
prática de captação ilicita de sufrágio.
No entanto, a Coligacão assevera que ao Ion go do acórdäo
recorrido, o prOprio relator regional aponta fatos que, embora
nao haja pedido expresso de votos, ha indiscutIvel propOsito
eleitoreiro, e dizer, intencâo de comprar votos. (fl. 222)
o argumento, porém, nao encontra respaldo na leitura das
decisôes proferidas nas instâncias de origem. Depreende-
se do seguinte trecho do acórdão combatido (fl. 199):
Da análise da prova testemunhal produzida, nota-se que
em nenhum dos depoimentos houve a constatação direta
dos atos perpetrados. Isso porque as testemunhas
ouviram dizer que Salete e Sandra Marques receberam
importância em pecUnia. Ademais, nào é possivel inferir
que a entrega do importe sequer ocorreu e, ainda, que
tenha sido realmente para a compra de votos.
o testemunho de ouvir dizer é forma de producão de
prova em que uma pessoa não presenciou o acontecido
e muito menos tomou contato direto corn a situaçäo. Mas
ao contrário, conhece dos fatos por intermédio de
terceiros, ou seja, toma ciência de modo indireto.
Para afastar tal conclusão e aventar eventual transgressao
A lei, seria necessãrio adentrar o acervo fático-probatório e
substituir o assentado, o que é vedado na estreita via do
especial (TSE, Sürnula n° 24). (Fl. 237-v - grifei)
Como se ye, o TRE/CE manteve a sentença de improcedência,
pols os depoimentos testemunhais "por ouvir dizer" nao foram
suficientes para ensejar a condenacâo da agravante [sic] por
suposta captação ilicita de sufrãgio.
Pela descricäo fãtica, nâo e possivel extrair que houve,
efetivamente, a distribuição de valores em troca de votos no
MunicIpio de lrauçubalCE durante o perlodo eleitoral. Para
comprovar tal alegacao, a recorrente trouxe aos autos apenas
testemunhas hearsay, não tendo sequer sido arroladas como
testemunhas as supostas beneficiárias.
Corn efeito, o acôrdão regional está em harmonia corn a
jurisprudência deste Tribunal Superior quanto a necessidade de
provas robustas e incontestes para a caracterizacäo do abuso
de poder e da captacâo ilicita de sufrágio, conforme se observa
dos precedentes a seguir transcritos:
ELEIcOEs 2012. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO
ESPECIAL. AçAo DE INVESTIGAçAO JUDICIAL ELEITORAL
(AIJE). PREFEITO E VICE-PREFEITO. CAPTAçAO ILICITA
DE SUFRAGIO. ABUSO DOS PODERES POLITICO E
ECONOMICO. CONJUNTO PROBATORIO INSUFICIENTE.
AgR-AI n o 800-69.2016.6 .06,0041/CE

GRAVIDADE. AUSENCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS.


IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO.
1. In casu, a Corte Regional, instância exauriente na análise de
fatos e provas, reformou sentença de procedência da AIJE, por
entender insuficiente o conjunto probatório dos autos para
condenar os recorridos, ora agravados, pela prática de
captação ilIcita de sufrágio e abuso do poder econômico.
2. A despeito de o recorrente alegar que pretende apenas o
reenquadramento jurIdico dos fatos, nào ha como adotar
conclusão diversa e reconhecer a prática de tais ilIcitos, diante
da moldura delineada no acOrdâo recorrido, sob pena de
revolvimento de fatos e provas, o que é inadmissivel na via
estreita do recurso especial (Sümulas nos 24ITSE e 7/STJ).
3. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a
condenação pela prãtica de captacão ilIcita de sufrágio ou
de abuso do poder econômico requer provas robustas e
incontestes, nao podendo se fundar em meras
presuncöes.
4. No tocante a construção de cacimbas, em perlodo vedado
pela Iegislacão eleitoral e sem a prévia existência de projeto
social, o Tribunal de origem conclulu que a aludida conduta,
embora ilIcita, nâo possuia gravidade suficiente para ensejar a
cassação dos diplomas, tampouco a inelegibilidade dos
recorridos.
5. Na esteira da jurisprudência deste Tribunal Superior, a
reforma do acórdâo recorrido, no ponto em que se afastou a
gravidade da conduta, demandaria o reexame de fatos e
provas, procedimento vedado pelas Sümulas nos 24ITSE e
7/STJ.
6.Agravo regimental desprovido.
(AgR-REspe n° 751-51/TO, Rel. Min. Luciana Lóssio, We de
27.4.2017)
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL.
ELEIcOES 2012. PREFEITO. VEREADOR. AçAO DE
INVESTIGAçAO JUDICIAL ELEITORAL. CAPTAçAO ILICITA
DE SUFRAGIO E ABUSO DO PODER ECONOMICO.
DESPROVIMENTO.
[...
4. A condenacão pela prática de captaçâo ilIcita de
sufrágio ou de abuso do poder econômico requer provas
robustas e incontestes, nao podendo se fundar em meras
presuncOes. [ ... ]
(AgR-REspe n° 92440/RN, Rel. Min. Joâo Otávio de Noronha,
We de 21.10.2014 - grifei)

ELEIcOES 2010. RECURSO ORDINARIO. AçAO DE


INVESTIGAçAO JUDICIAL ELEITORAL. [...] ABUSO DO
PODER POLITICO, ECONOMICO.

(V

AgR-Al n o 800-69.2016.6.06.0041/CE 10

[.
1. Corn base na corn preensao da reserva legal
proporcional, a cassacäo de diploma de detentor de
mandato eletivo exige a comprovacâo, mediante provas
robustas admitidas em direito, de abuso de poder grave o
suficiente a ensejar essa severa sancão, sob pena de a
Justiça Eleitoral substituir-se a vontade do eleitor.
Compreensão juridica que, corn a ediçâo da LC n°
135/2010, merece maior atenção e reflexâo por todos os
órgãos da Justiça Eleitoral, pois o reconhecimento do
abuso de poder, alérn de ensejar a grave sancâo de
cassaçâo de diploma, afasta o politico das disputas
eleitorais pelo longo prazo de oito anos (art. 1, inciso I,
alInea d, da LC n° 64/1990), o que pode representar sua
exclusão das disputas eleitorais. [...]
7. Recurso ordinário desprovido.
(RO n o 191942/AC, Rel. Mm. Gilmar Mendes, DJe de
8.10.2014 - grifei)
Portanto, no caso vertente, a agravante nao se desincumbiu de
cornprovar o fato caracterizador do ilIcito eleitoral, referente ao
suposto pagamento de valores para eleitores em troca de votos
A agravada, nas eleicôes 2016. [ ... ] (FIs. 243-250 - grifei)

Nas razöes do regimental, a coligacao nao apresenta nenhum


argumento que se sobreponha aos fundamentos lancados na decisão
impugnada, na qual foram enfrentados exaustivamente Os temas por ela
suscitados, mas de forma contrária aos interesses da agravante, o que impOe
o desprovimento do recurso.

Da leitura das razOes do presente regimental, verifica-se que,


assim como ocorrera no agravo nos proprios autos, a agravante limitou-se a
repisar as teses já ventiladas no recurso inadmitido, sem trazer argumentos
suficientes para reverter a decisão recorrida.

Corn efeito, a mera repetiçao dos argumentos aduzidos no


recurso inadmitido, sem a demonstraçao especIfica do desacerto da decisão
agravada, implica deficiência de fundamentação, o que atrai o Obice previsto
no Enunciado Sumular n° 26/TSE, segundo o qual "0 inadmissIvel o recurso
que deixa de impugnar especificamente fundamento da decisão recorrida que
é, por si sO, suficiente para a manutencão desta".

Ademais, conforme consta da decisão ora recorrida, "as razOes


do inconformismo da agravante somente so infirmam sobre a revaloracao do
AgR-AI n° 800-69.2016.6.06.0041/CE 11

conjunto fático-probatOrio, deixando de apresentar argumentos que afastem a


deficiência da fundamentação do recurso obstado. Assim, é clara a deficiOncia
recursal a atrair a SUmula n° 27/TSE" (fl. 244).

No caso vertente, o Tribunal de origem assentou que näo ha


provas cabais sobre a captação ilicita de sufrágio ou abuso de poder
econOmico, porquanto "os testemunhos de ouvir dizer - "hearsay" -, como se
extrai do pro prio entendimento doutrinário, mostraram-se Inca pazes de infirmar
a conclusão da Magistrada a quo" (fl. 150).

Dessa forma, o acórdão regional está em consonância corn a


jurisprudência deste Tribunal Superior no sentido de que, para a caracterização
do abuso de poder, é imprescindIvel a existência de prova robusta e "a
comprovação da gravidade das circunstâncias do caso concreto que
caracterizam a prática abusiva, de modo a macular a lisura da disputa eleitoral'
(AgR-REspe n° 349-15/TO, Rel. Min. Dias Toffoli, We de 27.3.2014 - grifei), o
que, no caso dos autos, nao ficou evidenciado.
Nessa linha, ainda, o seguinte precedente:

ELEIcOEs 2012. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


AçAo DE INVESTIGAçAO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE).
PREFEITO E VICE-PREFEITO. CAPTAçAO ILICITA DE
SUFRAGIO. ABUSO DOS PODERES POLiTICO E ECONOMICO.
CONJUNTO PROBATORIO INSUFICIENTE. GRAVIDADE.
AUSENCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE.
DESPROVIMENTO.
[ ... 1
3. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a
condenação pela prática de captacão ilIcita de sufrágio ou de
abuso do poder econômico requer provas robustas e
incontestes, nao podendo se fundar em meras presuncöes.
[. .
6. Agravo regimental desprovido.
(AgR-REspe n° 751-51/TO, Rel. Min. Luciana Lóssio, We de
27.4.2017)

Assim, ficou evidenciado - segundo Os fundamentos


declinados no acórdão regional, calcados no exame soberano de fatos e
provas — que näo ha elementos nos autos aptos a comprovar o abuso de poder
econOmico e a captacao ilIcita de sufrágio.

AgR-Al n° 800-69.2016.6.06.0041/CE 12

Conforme assentado pela d. PGE, para alterar as conclusOes


do Tribunal a quo, vinculadas a análise do amplo caderno probatório, seria
necessário redimensioná-lo e reincursionar sobre o seu conteüdo, providência
inadmissivel nas instâncias extraordinárias, consoante o disposto na Sümula n°
24/TSE.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.

E como voto.
W)

AgR-Al n o 800-69.2016.6 .06.0041/CE 13

EXTRATO DA ATA

AgR-Al n° 800-69.2016.6.06.0041/CE. Relator: Ministro


Tarcisio Vieira de Carvaiho Neto. Agravante: Coligacao Renovando a
Esperanca (Advogados: José Vanderlei Marques Veras - OAB: 22795/CE e
outro). Agravada: Ana Cléia Barroso Caetano (Advogado: Anderson Queiroz
Costa - OAB: 32535/CE).

Decisão: 0 Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao


agravo regimental, nos termos do voto do relator.

Composiçao: Ministra Rosa Weber (presidente), Ministros Luis


Roberto Barroso, Edson Fachin, Jorge Mussi, Og Fernandes, Admar Gonzaga
e Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.

Vice-Procurador-Geral Eleitoral: Humberto Jacques de


Med e i ros.

SESSAO DE 18.12.2018.

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