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ACORDAO
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N o 800-69.
201 6.6.06.0041 - CLASSE 6— IRAUUBA - CEARA
cLJ
AgR-Al n o 800-69.2016.6.06.0041/CE
RELATORIO
E o relatOrio.
VOTO
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AgR-AI n o 800-69.2016.6.06.0041/CE
OLI
AgR-AI n o 800-69.2016.6 .06.0041/CE 7
[ ... 1
No presente caso, os testemunhos de ouvir dizer -
"hearsay" -, como se extrai do próprio entendimento
doutrinário, mostraram-se incapazes de infirmar a
conclusão da Magistrada a quo.
Em suma, além de existir ressentimentos entre as
testemunhas da acusacão e a parte recorrida, o que jâ
afasta, por certo, a credibilidade das inquiriçoes, ha a
possibilidade de manipulacâo desse meio de prova, de
modo que resta diminuta a sua valoracäo para fins de
comprovar a captacão ilicita de sufrâgio.
Alias, vale destacar, ainda, que, caso a prova testemunhal
alcançasse a força necessária para comprovação do fato,
ainda assim nao se pode concluir que houve a entrega de
valores em troca de votos.
Nesse contexto, a testemunha Maria Celia de Albuquerque
afirmou, no que se refere ao primeiro fato alegado, que a
entrega do importe se deu em virtude da saida de Salete do
cornitê de campanha da coligacao adversária e nào para a
troca de seu voto no pleito de 2016, de acordo corn o seu
depoimento em juizo.
De toda sorte, entendo que se a Recorrente tivesse provas
firmes e incontestes, tendentes a comprovar a conduta
praticada pela recorrida Ana Cléia Barroso Caetano,
arrolaria como testemunhas as prOprias Salete e Sandra
Marques, o que nao ocorreu no presente contexto.
E certo que a possIvel ausência de informaçöes sobre a
residência para indicá-las corno testemunhas não seria
obstáculo para tanto. Corn efeito, as demais testernunhas
arroladas e efetivamente inquiridas em juizo declararam
residirern práxirnas a Salete e Sandra Marques. Nesse
contexto, a rigor, nâo haveria dificuldades para contatá-las
ou informar seus domicilios ao JuIzo a quo. Se não o fez, é
porque ha düvida da própria parte recorrente quanto a
credibilidade dos fatos delineados na peticao iniciaL
Dessa feita, em que pese as condutas ventiladas na peticão
inicial configurarem, em tese, atos que se subsurnem ao tipo
legal previsto no artigo 41-A (captacão ilicita de sufrágio), da
Lei n° 9.504/1997, constam nos autos apenas provas
testemunhais, as quais, a propósito, são frágeis e inaptas
a comprovarem as condutas ilicitas atribuidas a recorrida.
(FIs. 145-151 —grifei)
Portanto, diante do contexto fãtico-probatório descrito no voto
condutor do acórdão regional, não ha como ser atendida a
pretensão recursal, sob pena do revolvimento de fatos e provas,
o que e inadmissIvel em sede de recurso especial (SUmula n°
24ITSE).
AgR-Al n o 800-69.2016.6.06.0041/CE
(V
AgR-Al n o 800-69.2016.6.06.0041/CE 10
[.
1. Corn base na corn preensao da reserva legal
proporcional, a cassacäo de diploma de detentor de
mandato eletivo exige a comprovacâo, mediante provas
robustas admitidas em direito, de abuso de poder grave o
suficiente a ensejar essa severa sancão, sob pena de a
Justiça Eleitoral substituir-se a vontade do eleitor.
Compreensão juridica que, corn a ediçâo da LC n°
135/2010, merece maior atenção e reflexâo por todos os
órgãos da Justiça Eleitoral, pois o reconhecimento do
abuso de poder, alérn de ensejar a grave sancâo de
cassaçâo de diploma, afasta o politico das disputas
eleitorais pelo longo prazo de oito anos (art. 1, inciso I,
alInea d, da LC n° 64/1990), o que pode representar sua
exclusão das disputas eleitorais. [...]
7. Recurso ordinário desprovido.
(RO n o 191942/AC, Rel. Mm. Gilmar Mendes, DJe de
8.10.2014 - grifei)
Portanto, no caso vertente, a agravante nao se desincumbiu de
cornprovar o fato caracterizador do ilIcito eleitoral, referente ao
suposto pagamento de valores para eleitores em troca de votos
A agravada, nas eleicôes 2016. [ ... ] (FIs. 243-250 - grifei)
E como voto.
W)
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EXTRATO DA ATA
SESSAO DE 18.12.2018.